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1 Semiologia respiratória Ricardo Noal Semiologia respiratória � Queixas relacionadas as vias aéreas inferiores � 15% de todas as consultas ambulatoriais de adultos � Associadas a importantes morbidades � Instrumento � Diagnóstico � Acompanhamento � Barato � Não invasivo � Mais humano Anamnese � Tosse � Expectoração � Hemoptise � Vômica � Dispnéia � Dor torácica � Sibilância � Tiragem � Cianose Tosse � Fisiologia � Inspiração rápida de profunda � Fechamento da glote � Contração dos músculos expiratórios (diafragma) � Expiração forçada � Abertura súbita da glote Tosse � Estímulo � Inflamatório � hiperemia, secreção, edema, ulceração � Mecânico � poeira, corpo estranho, compressão, alteração pressão pleural � Químico � gases irritativos � Térmico � frio ou calor Tosse � A tosse é aguda ou crônica? � Existe infecção respiratória associada? � A tosse é sazonal ou associada com sibilância? � Existe gota pós-nasal? � Está associada com febre ou expectoração? � O paciente apresenta alguma comorbidade ou fatores de risco para alguma doença? � O paciente esta em uso de I-ECA 2 Tosse - fisiopatologia � Fisiologia � Zonas tussígenas ���� vias aferentes (n.vago) ���� bulbo � Bulbo ���� vias eferentes (n. laríngeo inferior recorrente e n.frênico) ���� msc. � Características � Freqüência � Ritmo � Intensidade � Tonalidade � Presença ou não de secreção � Período do dia Tosse � Tosse de início recente/aguda � < 3 semanas � resfriado comum � sinusite bacteriana aguda � coqueluche � pneumonia � embolia pulmonar � ICC � Tosse crônica � > 3 semanas � tabagistas: DPOC, neoplasias � não-tabagista: uso crônico I-ECA, gota pós-nasal, asma, DRGE Expectoração � Condições normais � 75 a 100 ml muco pelas céls caliciformes e glândulas mucíparas � Avaliar semiologicamente � Volume � Coloração � Transparência � Consistência Expectoração � Aparência do escarro e relação causal � Mucóide ou mucopurulento � Asma, tumores, tuberculose, DPOC e pneumonia � Purulento � Bronquectasias, bronquite crônica � Ferruginoso � Pneumonia pneumocócica � Seroso ou róseo � Edema pulmonar � Sanguinolento � TEP, bronquectasias, abscesso pulmonar, TBC, estenose mitral, discrasia sanguínea Hemoptise � Eliminação pela tosse de sangue � Proveniente da traquéia, brônquios ou dos pulmões � Sensação de calor ou “borbulhamento” no hemitórax acometido � Suprimento sanguíneo dos pulmões � Sistêmico: sistema aórtico ���� alta pressão ���� artérias brônquicas � Hemoptise volumosa – ameaçadoras à vida � Bronquectasias, cavidade tuberculosa, estenose mitral e fístulas AV � Pulmonar: ramos da artéria pulmonar ���� baixa pressão � Hemoptise pequeno volume – não ameaçadora a vida � Neoplasia pulmonar, abscesso, pneumonia e infarto pulmonar Hemoptise � Principais causas � Tuberculose � Bola fúngica � Carcinoma broncogênico � Bronquectasias � Bronquite crônica exacerbada � Tromboembolismo pulmonar 3 Hemoptise Náusea ou vômitosDispnéiaSintomas associados Acompanha restos alimentares Misturado com escarroManifestação Vermelho escuro, borra de café Vermelho vivoColoração Não espumosoAerado e ou espumosoAparência Doença gastrintestinalDoença cardiopulmonarHistória pregressa Náuseas e vômitosTossePródromos HematêmeseHemoptiseCaracterística Vômica � Eliminação brusca através da glote de grande quantidade de pus ou líquido de aspecto seroso ou mucóide � Causas � Abscesso pulmonar � Empiema � Mediastinite supurada � Abscesso subfrênico � Tuberculose pulmonar Dispnéia Definição American Thoracic Society (ATS): sensação subjetiva de desconforto respiratório que consiste de sensações qualitativamente distintas, as quais variam em intensidade. Esta sensação deriva de interações entre múltiplos fatores (fisiológicos, psicológicos, sociais, ambientais) e pode induzir respostas fisiológicas e comportamentais secundárias. Am J Resp Crit Care Vol 159. Pp 321-340, 1999 Dispnéia � Sensação subjetiva da falta de ar, redução do fôlego ou fadiga � Caracterizar � Duração � Condições de aparecimento, melhora e piora � Postura, decúbito, repouso, exercício � Etapa da respiração � Inspiratória ou expiratória � Modo de instalação � Súbito, progressivo ou crônico � Intensidade � Leve, moderada, grave e muito grave Dispnéia � Instalação � Aguda: minutos ou horas � Edema agudo de pulmão � Tromboembolismo pulmonar � Broncoespasmo � Subaguda: dias a semanas � Tuberculose � Asma � Crônica: meses ou anos � DPOC � Neoplasia pulmonar � Asma Dispnéia - termos � Eupnéia - Sinônimo de respiração normal � Dispnéia - Sensação de respiração trabalhosa ou difícil � Taquipnéia - Respiração muito rápida (>24 mpm) � Bradipnéia - Freqüência respiratória inferior à normal (<16 mpm) � Apnéia – ausência de fluxo aéreo por mais de 10 segundos 4 Dispnéia - termos � Hiperpnéia � aumento do VAC e FR com conseqüente aumento do VM � Hipopnéia � redução da profundidade e FR � Hiperventilação � aumento da quantidade de ar que chega aos alvéolos – hipocapnia � Ortopnéia � dispnéia posição supina/decúbito, alivio quando senta (ICC) � Platipnéia � dispnéia em ortostatismo (sentado ou em pé) � pós-pneumonectomia, cirrose com shunt IP, FAV, hipovolemia e doença neurológica � Trepopnéia � dispnéia do decúbito lateral � derrame pleural Dispnéia - escalas � Escala de Borg Muito, muito intensa9 Muito, muito leve0,5 Máxima10 8 Muito intensa7 6 Intensa5 Pouco intensa4 Moderada3 Leve2 Muito leve1 Nenhuma0 Dispnéia - MRC Dor torácica � Local � Parede torácica � Pleura parietal � Pulmões � Coração � Pericádio � Vasos mediastinais � Mediastino � Esôfago � Diafragma � outros Dor torácica � Características � Localização � Irradiação � Caráter ou qualidade � Intensidade � Duração � Evolução � Relação com funções orgânicas � Fatores desencadeantes � Fatores de alívio � Manifestações concomitantes Dor torácica - Pistas diagnósticas � Pulmonar � Pneumonia � Bem localizada � Pleurite diafragmática � Periférica – localizada nos nervos intercostais próximos � Central – ombro � Pneumotórax � aguda como facada � Pneumonite intersticial � difusa, como desconforto, retroesternal, piora com a tosse � Mediastínica � tumores mediastinais – “central dor profunda”, sem local definido, surda, constante 5 Chiado - Sibilância � “chiado, chieira, chiadeira, sibilância...” � Ruído predominantemente expiratório � Timbre elevado, quase musical... “parece miado de gato” � Quase sempre acompanhado de dispnéia � Mecanismo � Redução calibre da árvore brônquica por edema e/ou broncoespasmo Chiado - Sibilância � Localização � Difusa – broncoespasmo p. ex: asma e DPOC � Localizado ou unilateral – obstrução mecânica, neoplasia, corpo estranho � Causas � Asma e DPOC � ICC � Infiltrado eosinofílicos (S. Churg-Strauss, Pneumonite hipersensibilidade, SHE) � Neoplasias benignas e malignas Tiragem � Aumento da retração nos espaços intercostais em conseqüência das variações de pressão entre folhetos pleurais durante as fases da respiração � Causas � oclusões brônquicas por tumores � corpo estranho � broncoespasmo Cianose � Coloração azulada ou púrpura da pele e membranas mucosas � Aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar (>5g/dl) � Exame � Luz natural ou foco luminoso forte � Observar áreas de pele mais fina e rica em capilares Cianose Cianose � Periférica � Extremidades azuladas mas língua e mucosas apresentam coloração rósea � Lentificação ou redução do fluxo sangüíneo local � Frio, S. Raynaud, insuficiência cardíaca e choque � Central � Extremidadese língua azuladas � Redução da saturação arterial de oxigênio (<80%) � Alterações na relação ventilação perfusão (IRpA, Shunt) 6 Sintomas naso-faríngeos � Coriza ou gota anterior � Obstrução nasal, freqüência, cronologia, espirros, prurido � Secreção retro-faríngea ou gota posterior � Aspiração material das VAS – sinusopatias � Obstrução nasal � Edema de mucosa, rinite, fatores desencadeantes, ritmicidade � Epistaxe � Trauma ou infecção, uni/bilateral, anterior ou posterior � Rouquidão � Mudança timbre voz � aguda: auto-limitada � crônica: TBC corda vocal, micoses e neoplasia (local e intra-torácico n.recorrrente) Sintomas naso-faríngeos � Cornagem � Dificuldade inspiratória por redução calibre VAS � Local ���� laringe � Ruído alto � Laringite, difteria, edema de glote � Estridor � Respiração ruidosa parecido com cornagem � Acentuada dificuldade na passagem do ar pelas VAS � Laringite estridulosa no RN Sintomas sistêmicos � Emagrecimento � Variação, tempo e motivo da perda de peso � > 10% é muito significativo � Febre � Infecções agudas e crônicas � Virais, bacterianas, fúngicas, inflamatórias e neoplásicas � Sudorese noturna � Diaforese � Pneumopatias crônicas e Tuberculose � Associada a febrícula vespertina e defervescência noturna Exame físico � Avaliação inicial � Avaliação disfunção respiratória � Taquipnéia � Postura ortopnéica – posição de ancoragem – musculatura acessória � Dissincronia tóraco-abdominal – respiração paradoxal � Cianose – central ou periférica � Batimento da asa do nariz � Tiragem supra-clavicular, supra-esternal e intercostal � Estridor � Cornagem Boca e nasofaringe � Cavidade oral � Estado conservação dos dentes e halitose � Tonsilas � Hipertrofia, placas ou outra alteração � Gota posterior � Características da voz � Mucosa nasal � Secreção, desvio septo, hipertrofia de cornetos Pescoço � Posicionamento e mobilidade da traquéia � Linfonodos � Nódulos ou massas � Pulso e pressão venosa jugular (TVJ) � Tiragem e abaulamentos 7 Mãos � Baqueteamento digital � tumores malignos � doenças supurativas crônicas � hepatopatias � Cianose periférica Tórax - Inspeção � Sentado – 2 metros distância � Estática � Forma, presença de abaulamentos e depressões � Dinâmica � Tipo respiratório � Ritmo respiratório � Freqüência respiratória � Amplitude dos movimentos � Presença ou não de tiragem � Expansibilidade dos pulmões � Kussmaul � Respiração profunda – aumento da amplitude � Acidose metabólica – eliminação de CO2 � Exercício, ansiedade, infarto, hipóxia e hipoglicemia Tórax – Alterações do ritmo respiratório � Cheyne-Stokes � Aumenta e diminui ciclicamente (hiperpnéia e apnéia) � Crianças e idosos � ICC, IRenal, depressão respiratória por medicamento e lesão cerebral diencefálica Tórax – Alterações do ritmo respiratório � Atáxica ou de Biot � Irregularidade imprevisível � Incursões superficiais ou profundas � Períodos irregulares � Depressão respiratória e lesão bulbar Tórax – Alterações do ritmo respiratório � Suspirada � Suspiros durante respiração � Ansiedade � Síndrome de hiperventilação � Dispnéia e vertigem Tórax – Alterações do ritmo respiratório 8 Tórax – Alterações do ritmo respiratório � Obstrutiva � DPOC � Respiração prolongada � Tempo expiratório longo � Hiperinsuflação pulmonar � Em Tonel � Enfisema ou envelhecimento normal � Infundibiliforme – pectus excavatum � Estético � Carinifirme – pectus carinatum � Congênito ou adquirido (raquitismo, asma, infecções respiratórias de repetição) � Plano, achatado ou paralítico � Redução diâmetro AP, indivíduos longilíneos e doenças consumptivas Tórax – Forma � Áreas dolorosas � Avaliar alterações observadas na inspeção � Verificar expansão respiratória (amplitude e simetria) � Frêmito tóraco-vocal � Sensação tátil do examinador na parede torácica produzida pela voz do paciente quando o mesmo fala lentamente uma palavra de tonalidade grave � Aumenta na consolidação e diminui no derrame pleural e pneumotórax Tórax – Palpação � Comparação do dois lados � Normalidade � Área pulmonar – som claro pulmonar � Cardíaca e hepática – macicez � Esplênica – submacicez � Espaço de Traube - timpanismo Tórax – percussão � Hipersonoridade � Aumento de ar nos alvéolos � enfisema � Submacicez e macicez � Redução ou inexixtência de ar nos alvéolos � Derrame pleural, consolidação, massa e infarto pulmonar � Timpanismo � Aprisionamento de ar no espaço pleural ou intrapulmonar � Pneumotórax ou cavidade tuberculosa Tórax – percussão � Alteração do som � densidade aumentada como em PNM ou neoplasia � Som falado pelo paciente auscultado na área de aumento da densidade � Egofonia � Fala “E” e ausculta “A” � Broncofonia � Frase completamente compreendida, mais bem definida, som mais claro � “noventa e n...” X “noventa e nove” na consolidação � Pectorilóquia afônica � Semelhante à broncofonia � Sons sussurrados e baixos ouvidos com clareza � Noventa e nove X noventa e nove Tórax – Ausculta da voz 9 Tórax – Ausculta Tórax – sons respiratórios normais Zona de projeção das VA centrais e da traquéia Alta / muito altaInsp < ExpTubular (traqueo-brônquico) 1º e 2º espaços intercostais, área interescapular MédiaInsp = ExpBronco-vesicular Periferia dos pulmões SuaveInsp > ExpVesicular LocalizaçãoIntensidadeDuração Som � Crepitantes finos � Aumento pressão via aérea proximal ao local da obstrução até suplantar a força que a mantém fechada, produzindo uma vibração curta devido a abertura dos bronquíolos � Somente na inspiração � Esfregar entre dedos mecha de cabelo ou abertura de velcro � Grasnido inspiratório (squawk) sibilo expiratório curto encontrado na PH, FPI e asbestose Ruídos adventícios � Crepitantes bolhosos � Ar passando pelas secreções na traquéia e brônquios � Auscultados na inspiração e expiração � Protoinspiratórios � Doença das vias aéreas – DPOC e asma � Teleinspiratórios � Doenças do parênquima – fibrose, pneumonia lobar ou intersticial Ruídos adventícios � Sibilos � Ruídos contínuos, agudos, musicais, polifônicos � Fluxo rápido de ar através de brônquios e bronquíolos estreitados � Edema, constrição da musculatura lisa, hipersecreção � Principalmente na expiração � Associados ao aumento do tempo expiratório � Expiração forçada Ruídos adventícios � Roncos � Ruídos ressonantes, monofônicos � Brônquios maiores com secreção � Bronquite aguda e DPOC � Acentuam-se na inspiração e menos proeminentes na expiração Ruídos adventícios 10 � Sopro tubário � Ausculta-se a respiração brônquica em área que deveria apresentar murmúrio vesicular � Consolidação plena com brônquio pérvio Ruídos adventícios � Atrito pleural � Atrito das pleuras inflamadas � Som áspero e dissonante � Bem localizado em área parede torácica � Tanto na inspiração quanto na expiração � Pode desaparecer com a evolução da enfermidade pleural Ruídos adventícios Resumo ausculta pulmonar Sons anormais Adventícios Sopro tubário Atrito Pleural Estertores Contínuos Descontínuos sibilos roncos crepitações Crepitações tele-inspiratórias Sopro tubário Crepitações inspiratórias e expiratórias Murmúrio vesicular Respiração broncovesicular Evolução dos sinais clínicos em consolidações alveolares �ANEXOS – SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA
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