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AÇÕES CONSTITUCIONAIS

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ
TRABALHO: AÇÕES CONSTITUCIONAIS
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
TURMA NOITE
Juiz de Fora
2017.1
SUMÁRIO
TÍTULO I- MANDADO DE SEGURANÇA
CAPÍTULO I- MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL
1- CONCEITO---------------------------------------------------------------------------p. 04
2- REQUISITOS DO MANDADO DE SEGURANÇA --------------------------p. 04
3- DIREITO LIQUÍDO E CERTO ---------------------------------------------------p. 05
Relação entre Direito e a Produção de Prova ----------------------------------p. 05
4- LEGITIMIDADE ATIVA ------------------------------------------------------------p. 06
5- LEGITIMIDADE PASSIVA --------------------------------------------------------p. 06
5.1- Abrangências de Autoridade Coatora ---------------------------------------p. 06
5.2- Cabimento --------------------------------------------------------------------------p. 07
5.2.1-Tipo de ato praticado -----------------------------------------------------------p. 07
5.2.2- Atos contra os quais não é cabível ----------------------------------------p. 07
6- COMPETÊNCIAS NO MANDADO DE SEGURANÇA --------------------p. 07
7- DECISÕES, EFEITOS E RECURSOS POSSÍVEIS – O REEXAME NECESSÁRIO ---------------------------------------------------------------------------p. 08
8-PRAZOS DO MANDADO DE SEGURANÇA ---------------------------------p. 09
CAPÍTULO II
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
1- CONCEITO ----------------------------------------------------------------------------p. 09
2- FINALIDADES ------------------------------------------------------------------------p. 10
3- LEGITIMIDADE DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO --------p. 10
Caso concreto semana 13-------------------------------------------------------p.11 e 12
TÍTULO II
HABEAS DATA
1- CONCEITO ---------------------------------------------------------------------------p. 12
2- CABIMENTO, OBJETO E ESPÉCIES -----------------------------------------p. 13
3- LEGITIMIDADE ATIVA ------------------------------------------------------------p. 14
Substituição processual e legitimação extraordinária.-------- p. 14
Ministério Publico pode impetrar? ---------------------------------p. 15
Cabível o HD coletivo? -------------------------------------------------p. 15
Legitimação ordinária Superveniente.------------------------------p. 16
4- LEGITIMIDADE PASSIVA --------------------------------------------------------p. 16
Exemplos de legitimados passivos na jurisprudência. ---------p. 16
5- INTERESSE DE AGIR ------------------------------------------------------------p. 17 
Demonstração do interesse de agir--------------------------------p. 17
É necessário esgotamento da via administrativa?--------------p. 18
6- COMPETÊNCIA --------------------------------------------------------------------p. 19
7- DECISÃO ----------------------------------------------------------------------------p. 20
Caso concreto da semana 14------------------------------------------------------p. 21
TÍTULO III
AÇÃO POPULAR
1-Conceito ----------------------------------------------------------------------------p. 22
2-Requisitos da Ação Popular---------------------------------------------------p. 22
Lesividade Efetiva e Presumida ------------------------------------------------p. 22
3-Legitimidade Ativa ---------------------------------------------------------------p. 23
a) cidadão e Cidadania -----------------------------------------------------------p. 23
b)Capacidade Postulatória ------------------------------------------------------p. 24
c) Eleitores entre 16 e 18 anos ------------------------------------------------p. 24
d)Estrangeiros ---------------------------------------------------------------------p. 24
e) Pessoas Jurídicas ------------------------------------------------------------p. 24
f) Ministério Público - Atuação ------------------------------------------------p. 25
4-Legitimidade Passiva ---------------------------------------------------------p. 25
5-Objetivo ---------------------------------------------------------------------------p. 26
6-Objeto -----------------------------------------------------------------------------p. 26
Se cabível contra:
Ato administrativo; ---------------------------------------------p. 26
Ato Legislativo; ----------------------------------------------------p. 26
Ato judiciário; -----------------------------------------------------p. 27
Ato de particulares. ----------------------------------------------p. 27
7-Procedimento ----------------------------------------------------------------------p. 27
8-Competência -----------------------------------------------------------------------p. 28
a) Foro por prerrogativa de função? --------------------------------------------p. 28
b) Casos submetidos ao STF -----------------------------------------------------p. 28
9-Decisão na Ação Popular -------------------------------------------------------p. 29
Caso concreto semana 15--------------------------------------------------p. 29 e 30
BIBLIOGRAFIA -----------------------------------------------------------------------p. 31
TÍTULO I
MANDADO DE SEGURANÇA
CAPÍTULO I
MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL
1. CONCEITO
O mandado de segurança, criação brasileira, é uma ação constitucional de natureza civil, qualquer que seja a do ato impugnado, seja ele administrativo, seja ele jurisdicional, criminal, eleitoral, trabalhista, etc. (Direito Constitucional esquematizado, Pedro Lenza,pág.1148,2014,Saraiva)
2. REQUISITOS DO MANDADO DE SEGURANÇA
Elenca o artigo 5º, inciso LXIX, CF: ’Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. ’Diante do texto Constitucional citado, conclui-se que os requisitos do mandado de segurança são: ter direito líquido e certo violado pela autoridade pública, excluindo-se aqueles que caibam habeas corpus ou habeas data, seja eles à liberdade de locomoção ou acesso ou retificação de informações, respectivamente.
É através do mandado de segurança que se buscaa invalidação de atos de autoridade ou a supressão de efeitos da omissão administrativa, que por sua vez gerem lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.
3. DIREITO LÍQUIDO E CERTO
Como elenca PedroLenza: ‘’Direito Líquido e certo, é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação probatória. Trata-se de direito manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração’’. É importante ressaltar, como destaca o renomado autor, que a expressão ‘direito líquido e certo’ é fortemente atacada pela doutrina, pois o direito será sempre líquido e certo, o que pode ser impreciso ou incerto são os fatos que gerarão esse direito, pois estes sim exigirão comprovação e esclarecimentos para propiciar à aplicação do direito, ou seja, para os fatos que ensejem o direito é que precisará de provas para demonstrar o direito ensejado pelo postulante.
Relação entre Direito e a Produção de prova
A produção de prova no mandado de segurança ocorre antes do devido processo, e não nele, ou seja, na inicial devem estar presentes todas as provas que dispõe. O direito líquido e certo não está associado em si, mas aos fatos que se pretende provar. No mandado de segurança então, as provas não são produzidas no processo (senão aquelas da própria instrução), elas são produzidas antes do processo, porque ainda não exercido o direito subjetivo de ação.
Conclui-se então, que o direito deva estar pronto quando do ajuizamento da ação, e por isso deve-se fazer as provas antes, para justificar a concessão da ordem.
4. LEGITIMIDADE ATIVA
A legitimidade ativa no mandado de segurança individual é o sujeito que possui o ‘direitolíquido e certo’, e que não seja amparado por habeas corpus ou habeas data. Diante disso, incluem-se no rol de possuidores do referido direito: pessoas físicas (todo o tipo, seja brasileiro ou não, residente ou não, domiciliada ou não), jurídicas, órgãos públicos despersonalizados, porém com capacidade processual (Chefias dos Executivos, mesas do Legislativo); universalidades de bens e direitos (espólio, massafalida, condomínio), agentes políticos (governadores, parlamentares), e o Ministério Público, entre outros.
5. LEGITIMIDADE PASSIVA
A legitimação passiva ou sujeito passivo é a autoridade coatora, ao qual é responsável pela ilegalidade ou abuso de poder, é aquela autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
5.1-Abrangência da autoridade coatora
A lei 12.016/09, em seu artigo 6º,§3º, considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática, bem como diz no artigo 1º,§1º da referida lei que equiparam-se às autoridades os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou a pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
5.2-Cabimento
O mandado de segurança é cabível sempre que for constatada a ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício do poder público.
5.2.1-Tipo de ato praticado
Como pondera Michel Temer: ’O mandado de segurança é conferido aos indivíduos para que eles se defendam de atos ilegais ou praticados com abuso de poder. Portanto, tanto os atos vinculados quanto os atos discricionários são atacáveis por mandado de segurança, porque a Constituição Federal e a lei ordinária, ao aludirem a ilegalidade, estão se referindo ao ato vinculado,e ao se referirem a abuso de poder estão se reportando ao ato discricionário’.
É possível concluir com a posição do renomado autor que é cabível mandado de segurança para atos vinculados, diga-se ilegais, quanto para atos discricionários, diga-se com abuso de poder.
5.2.2-Atos contra os quais não é cabível
A lei 12.016/09, em seu artigo 1º,§2º deixa bem claro que não será cabível mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.
6-COMPETÊNCIA
O mandado de segurança é uma Ação Constitucional emanada contra a autoridade que cometeu a ilegalidade ou abuso de poder, e por isso a competência para processar e julgar o mandado de segurança dependerá de qual autoridade cometeu o fato, ou seja, dependerá da categoria da autoridade coatora e sua sede funcional que são definidas nas leis infraconstitucionais, assim como na própria Constituição Federal.
É de grande relevância citar os mandados de segurança contra atos e omissões de Tribunais, como cita Alexandre de Morais: ’O Supremo Tribunal Federal carece de competência constitucional originária para processar e julgar mandado de segurança impetrado contra qualquer ato ou omissão de Tribunal Judiciário, tendo sido o artigo 21, VI da Lei Orgânica da Magistratura Nacional, inteiramente recepcionado. Por essa razão,a jurisprudência do Supremo Tribunal Federalé pacífica em reafirmar a competência dos próprios Tribunais para processarem e julgarem os mandados de segurança impetrados contra seus atos e omissões’.
O mesmo se aplica ao STJ (Súmula 41) e ao STF (Súmula 624)
7-DECISÃO EFEITOS E RECURSOS POSSÍVEIS - O REEXAME NECESSÁRIO
Os efeitos do mandado de segurança individual podem ser sob doisaspectos: Repressivo, quando a ilegalidade ou abuso de poder já tiverem sido praticados e assim a decisão se favorável ao impetrante,ordenará que suspenda o ato que foi dotado de ilegalidade ou abuso de poder, ou Preventivo, aonde o ato ilegal ou abusivo ainda não ocorreu, mas está na iminência da ameaça de violação de direito líquido e certo.
O juiz, para decidir a questão, deverá verificar se existe o fundamentorelevante para o ato e se o ato impugnado pode resultar a ineficácia da medida, podendo exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica, como elenca o artigo 7º, III da Lei 12.016/09.
No mandado de segurança, sempre que houver concessão do writ, deverá haver a aplicação do reexame necessário, pois estará a sentença sujeita, obrigatoriamente, ao duplo grau de jurisdição. Assim elenca o artigo 14, §1º da lei 12.016/09. Porém, cabe ressaltar que se a ordem for concedida por tribunal, não haverá este reexame, haja vista estar a questão em segunda instância, neste sentido, o recurso cabível será dos tribunais superiores (Especial ou extraordinário), se estiverem preenchidos os requisitos de admissibilidade.
Já quando a ordem for denegatória do juiz de primeiro grau, não caberá a aplicação do reexame necessário, sendo preciso a utilização dos outros recursos cabíveis conforme os casos concretos.
Em relação ao rito do reexame necessário, não existe diferença em relação ao rito ordinário elencado no CPC, porém existe divergência acerca das exceções trazidas no artigo 496, §2º e §3º do Código de Processo Civil, pois há quem entenda aplicar o CPC, por ser lei posterior, e quem entenda aplicar a lei 12.016/09, por ser lei especial. Mas diante deste aspecto o STJ entendeu que se deve aplicar a Lei do Mandado de segurança (Lei 12.016/09), e somente aplicar o CPC quando a referida lei dor omissa, pois a lei especial afastará a geral.
8-PRAZO DO MANDADO DE SEGURANÇA
O prazo para impetração do mandado de segurança individual é de 120 dias a partir da ciência do ato que será impugnado. Vale ressaltar que o STF, em caso específico, como explica Pedro Lenza, entendeu que ‘o impetrante pode desistir do mandado de segurança a qualquer tempo, mesmo que proferida decisão de mérito a ele favorável, sem anuência da parte contrária’, mas desde que não tenha havido o trânsito em julgado da decisão.
CAPÍTULO II
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
1.CONCEITO
O mandado de segurança coletivo está previsto no artigo 5º, inciso LXX CF/88. Ele pode ser impetrado por: "partido político com representação no Congresso Nacional; e organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados." Ele é direcionado á defesa dos interesses coletivos em sentido estrito. Ou seja, ele permite que as pessoas jurídicas defendam o interesse de seus membros ou da sociedade, evitando que se multipliquem as demandas idênticas e evitando também a demora na prestação jurisdicional.
Ele não pode ser utilizado por partido político com representação no congresso nacional na defesa de interesses difusos, ou seja, interesses espalhados pela sociedade que atinge sujeitos indeterminados.
A sentença abrange apenas os membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante. E quando houver omissão no mandado de segurança coletivo deve ser interpretado subsidiariamente nas regras do mandado de segurança individual.
2. FINALIDADES
O mandado de segurança coletivo é uma ação de rito especial com a finalidade da ajuização de defesa não ser de um indivíduo isolado, e sim de um grupo de pessoas. Ele defende o direito líquido e certo, e não precisa de autorização expressa dos membros associados para que a pessoa jurídica possa impetrá-lo.
Ele admite apenas a prova documental, em regra pré-constituída, para que seja demonstrada a violação do direito daquele que a postula. Caso haja á necessidade de outros tipos de prova o pedido deve ser denegado, ressalvando a possibilidade de análise do pedido em outra sede.
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3. LEGITIMIDADE DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO
A legitimidade no mandado de segurança coletivo é restrita. Não basta apenas demonstrar o interesse, ou que o pedidoseja juridicamente possível, é necessário que o interessado possua legitimidade.
De acordo com o artigo 5º, inciso LXX CF/88, e artigo 23 da Lei nº 12.016, estão autorizados a impetrar mandado de segurança coletivo:
- partido político com representação no Congresso Nacional;
(exige-se que tenha no mínimo um parlamentar em qualquer das Casas Legislativas)
- organização sindical;
- entidade de classe;
- associação.
Há um questionamento se o Ministério Publico também é legitimado para impetrar o mandado de segurança coletivo. O STJ entende que, se o Ministério Público pode manejar as ações coletivas, ele também pode impetrar o mandado de segurança coletivo.
Caso concreto (semana 13)
A Constituição de determinado estado da federação, promulgada em 1989, ao dispor sobre a administração pública estadual, estabelece que a investidura em cargo ou emprego público é assegurada aos cidadãos naturais daquele estado e depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Em 2009 foi promulgada pela Assembléia Legislativa daquele estado (após a derrubada de veto do Governador), uma lei que permite o ingresso em determinada carreira por meio de livre nomeação, assegurada a estabilidade do servidor nomeado após 3 (três) anos de efetivo exercício. Considerando-se que a Constituição estadual arrola o Governador como um dos legitimados para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade em âmbito estadual (art. 125, §2° da CRFB), e considerando-se que o Governador pretende obter a declaração de inconstitucionalidade da referida lei estadual, responda: I. o que ocorreria se logo após o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade de âmbito estadual, ajuizada pelo Governador do Estado junto ao Tribunal de Justiça (nos termos do art. 125, §2° da CRFB) e antes do julgamento, fosse ajuizada pelo Conselho Federal da OAB uma ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF, tendo por objeto esta mesma lei? Explique. II. Poderia o Presidente da República ajuizar ação direta de inconstitucionalidade junto ao STF contra o dispositivo da Constituição estadual? Explique.
RESPOSTA
I : No caso concreto conforme observado no enunciado do exercicío, há uma propositura simultânea de ação direta de inconstitucionalidade contra lei estadual perante o STF e o Tribunal de Justiça, desta forma, quando ocorre tal fato, ocasionará a suspensão do processo no âmbito da Justiça estadual, até a deliberação definitiva desta Corte. 
II : Sim, pois o Presidente é legitimado universal para o ajuizamento de ADI e os dispositivos de constituições estaduais são objeto passíveis de impugnação por ADI em caso de conflito com a Constituição Federal, conforme ART 103, I da CRFB/88.
TÍTULO II
HABEAS DATA
1-CONCEITO
A ação constitucional do habeas data vem consagrada no artigo 5º, LXXII da Constituição Federal e destina-se a assegurar o direito de acesso a informações constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, para conhecimento ou retificação (qualquer tipo de informação), todas referentes a dados pessoais, concernentes à pessoa do impetrante.
Como destaca Pedro Lenza, não se deve confundir o direito ao habeas data com o direito ao mandado de segurança, por exemplo, quando existe direito de obter certidões (artigo 5º, XXXIV,b,CF ou informações de interesse particular, coletivo ou geral(artigo 5º,XXXIII,CF) e sendo recusado estes documentos, o remédio será o mandado de segurança, já que trata-se de direito líquido e certo.Mas se o pedido for para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, aí sim será o habeas data.
2-CABIMENTO, OBJETO E ESPÉCIES
O Habeas data pode ser dividido sob 2 aspectos:
- O aspecto processual(ação cível); 
- O aspecto constitucional(Remédio Constitucional).
Como destaca Guilherme peña de Moraes (curso de direito constitucional), o habeas data, sob o aspecto constitucional pode ser considerado como remédio constitucional para a tutela do direito de acesso aos dados pessoais constantes nos assentamentos de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Já sob o aspecto processual, o habeas data pode ser considerado como uma ação cível, onde a pretensão, seja ela individual ou coletiva, pode ser requisitada em juízo ou tribunal, submetida a procedimento especial de jurisdição contenciosa.
Cabe ressaltar o habeas data de consumo, aonde o consumidor deverá ter acesso às informações existentes em cadastros, registros e dados pessoais arquivados sobre ele e as fontes das mesmas, segundo o artigo 43 da Lei 8.078/90.
OBJETO
O objeto do habeas data pode ser destacado como os motivos que levam a propositura da referida ação, sejam eles: conhecimento, retificação e complementação de dados pessoais constantes nos assentamentos de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.Faz-se breve exposição destes motivos:
- Conhecimento, retificação e complementação são a ciência, modificação e acréscimo, respectivamente de dados pessoais. 
- A pretensão pode ser dirigida à anotação nos assentamentos de registros do interessado, de contestação ou explicação sobre dados verdadeiros, mas justificáveis e que estejam sobpendência judicial ou amigável, sem embargo de conhecimento e retificação de informações.
- Dados pessoais são elementos de informação, em formato apropriado para armazenamento, processamento ou transmissão por meios automáticos que digam respeito à pessoa do ‘interessado’.
- Bancos de dados são sistemas, de informação e registro de dados pessoais que pretendam ser conhecidos, retificados ou complementados.
- Entidades governamentais são tidas como as pessoas jurídicas de direito público, integrante da Administração Pública seja direta ou indireta. Já as entidades de caráter público são tidas como as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço público ou de interesse público.
3-LEGITIMIDADE ATIVA
A Legitimidade ativa no habeas data é direito de qualquer pessoa,seja natural ou jurídica, nacional ou estrangeira, basta ser titular de dados pessoais. A substituição e sucessão não são admissíveis no processo de habeas data, exceto a ‘legitimidade dos herdeiros legítimos e cônjuge supérstite para a impetração, quando tratar-se de causas relativas à transmissão de direitos mortis causa’(legitimidade ordinária superveniente).
Como já explicitado, o habeas data é um direito de ação personalíssima, cabendo apenas a pessoa do impetrante, ou aos casos excepcionais (herdeiros e sucessores em casos aonde a imagem do ‘de cujus’ seja defendida) e por isso não pode ser impetrado pelo Ministério Público, haja vista não existir legitimidade extraordinária no Habeas Data.
Também não será cabível o habeas data coletivo,pois tratando de direito coletivo, o remédio constitucional correto será o mandado de segurança,pois este existe para consagrar o direito líquido e certo dos cidadãos.
A substituição processual e legitimação extraordinária.
A legitimidade extraordinária é também denominada substituição, já que ocorre em casos excepcionais, que decorrem de lei expressa ou do sistema jurídico, em que admite-se que alguém vá a juízo, em nome próprio, para defender interesses alheios. Assim, substituto processual é aquele que atua como parte, postulando e defendendo direito de outrem.
Ministério Público pode impetrar?
O habeas data é tido como uma ação personalíssima, o que quer dizer que o pedido não poderá ser requerido por terceiros ou até mesmo por herdeiros. 
Ao tratar da legitimação ativa para a impetração do habeas data, afirma que possui legitimação tanto a pessoa física ou natural quanto à pessoa jurídica, com a ressalva de que os dados, objeto da ação sejam referentes à própria pessoa. Assim,o entendimento é que Ministério Público também não poderia agir em nome próprio para a defesa de interesses alheios.
Cabível o HD coletivo?
Sim, há impetração de habeas data em sentido coletivo, em favor, por exemplo, de sindicalizados, filiados em partidos políticos, membros de associações e outros.
Ressalva-se, entretanto, que esse habeas data, em sentido coletivo, somente é possível quando a associação, sindicato, partido político agir por representação processual, mas nunca por meio de substituição processual.
Nada impede que o sindicato, partido político, associação obtenha de seus filiados ou associados procuração para que impetre habeas data em favor de seus membros.
Isso é representação processual, devendo ser notado que cada uma das pessoas físicas que conceder a procuração específica para a associação ingressar com habeas data abre mão de seu sigilo e da sua intimidade, permitindo que o representante (associação, sindicato, etc) tome ciência de seu sigilo e da sua intimidade, permitindo que outras pessoas tomem conhecimento de seus dados.
Legitimação ordinária surpeveniente.
Somente é admitida no caso de herdeiros e sucessores do titular, em hipóteses excepcionais, com o intuito de preservar sua imagem, evitando o uso ilegítimo e indevido dos dados do de cujus.
4.LEGITIMIDADE PASSIVA
Já a legitimidade passiva é conferida as entidades governamentais, da administração direta (União,Estados,Distrito federal ou Municípios)ou indireta(Autarquias,empresas públicas ou sociedades de economia mista),assim como as instituições,entidades e pessoas jurídicas privadas que possuem caráter público nas informações ou banco de dados(SPC,Serasa).É relevante destacar o entendimento do Supremo Tribunal Federal em relação ao Banco do Brasil que embora seja uma sociedade de economia mista com participação da União,não possui legitimidade passiva para responder ao habeas data,pois não figura como entidade governamental, e sim como explorador da atividade econômica e nem se enquadra no registro de caráter público que alude o artigo 5º,inciso XXXII,a da CF(STF-Pleno-RE nº165.304/MG-Rel.Min.Octávio,Gallotti.Decisão:19-10-2000.Informativo STFnº208).
a) Exemplos de legitimados passivos na jurisprudência:
- Habeas Data 01/Distrito federal: Impetrado contra ato de ministro de estado e julgado no STJ;
- Habeas Data 18/RJ: Impetrado contra ato do Ministro da Marinha e o SNI, e julgado pelo STJ;
- Habeas Data 84/Distrito federal: Impetrado contra ato do Comandante do Exército e julgado pelo STJ, vale ressaltar nesse julgado que nele foi suscitada a teoria da encampação, até hoje adotada pelo STJ, aonde uma autoridade hierarquicamente superior se diz ilegítima para o pólo da lide, mas em decorrência de sua resposta acaba tornando-se legítima. Exemplo: neste caso a ação foi proposta para o Comandante do Exército, e como ele era hierarquicamente superior ao Comandante do CPOR(Centro de Preparações de oficiais da reserva) e ao diretor de ensino preparatório e assistencial do CMBH(Colégio Militar de Belo Horizonte), e respondeu ao pedido do impetrante, foi considerado legítimo sujeito passivo.
5. INTERESSE DE AGIR
O habeas data possui condição específica da ação, seja ela, a tentativa extrajudicial, aonde deve-se ter uma demonstração da recusa no fornecimento do dado pessoal por parte do órgão governamental ou entidade de caráter público(10 dias na hipótese de conhecimento e 15 dias na hipótese de anotação,explicação ou retificação). Assim para melhor entendimento passo as questões abaixo, conforme pedido no edital:
Demonstração do interesse de agir.
Essa demonstração de recusa por parte do interessado é o que configuraria seu interesse de agir, e possui controvérsia doutrinária e jurisprudencial, possuindo três correntes de pensamento:
A primeira diz que a recusa, expressa ou tácita, implicaria violação do direito subjetivo de acesso aos dados pessoais, e assim o ajuizamento da ação deve ser precedido da mesma, ou seja, o habeas data pressupõe que o pedido das referidas informações seja indeferido administrativamente, e se este ato não existir, não existe interesse processual legitimador da ação.Seus defensores são José Joaquim Calmon de Passos e Carlos Mário da Silva Veloso.
A segunda corrente, defendida por José Eduardo Nobre Matta, José Miguel Garcia Medina, entre outros, diz não ser exigível a tentativa extrajudicial nos casos concretos em que os titulares dos dados pessoais possam inferir, em decorrência de outras manifestações das entidades governamentais ou de caráter público, que as informações serão negadas, ou seja, ‘a alegação de que a informação, ou a retificação, tenha sido negada administrativamente, é suficiente para a impetração do habeas data, dispensada a exigência de comprovação formal’.
A terceira corrente, sustentada por Antônio Carlos Segatto e Vicente Greco Filho defendem a inconstitucionalidade do procedimento da tentativa extrajudicial, posto que a necessidade de exaurimento da via administrativa importaria violação do princípio constitucional geral da inafastabilidade do controle judicial.
Porém, o STF, STJ e TJ/RJ têm decidido que o Habeas Data pressupõe a existência do interesse de agir e que a prova do anterior indeferimento do pedido de informação, ou da omissão em atendê-lo, é requisito indispensável para que se concretize o interesse de agir no habeas data, e sua falta geraria extinção do processo sem resolução de mérito sob falta de requisito de admissibilidade, ou seja, é necessário o esgotamento da via administrativa.
È necessário esgotamento da via administrativa?
Há divergências conforme citado na questão acima, porém não se faz necessário o esgotamento da via administrativa, isto porque de acordo com o artigo 5°, inciso XXXV, da Constituição da República de 1988 "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito". Assim, tem-se positivado no próprio texto constitucional a garantia de acesso irrestrito à justiça para todo aquele que se encontre em lesão ou ameaça de direito, cabendo ao Estado a obrigação da prestação jurisdicional efetiva.
Desta forma, vincular o direito de impetrar um habeas data ao fato de esgotamento ou recusa da via administrativa é senão uma forma deliberada de restringir o acesso à justiça, garantido pelo próprio texto constitucional.
6-COMPETÊNCIA
A competência para processo e julgamento do Habeas Data é condicionada pela hierarquia funcional do agente público a quem é imputado o ato coator, ou seja, não é pela natureza da pretensão, e sim pela característica funcional, destacamos os responsáveis para tais atos:
- O STF é competente processo e julgamento de habeas data contra atos do Presidente da República, Mesas das Câmaras dos Deputados e Senado Federal, Tribunal de Contas da União, Procurador-Geral da República e do próprio STF (artigo 102, I,d da CF).
- O STJ é competente para processo e julgamento de habeas data contra atos dos Ministros de Estado, incluído o Advogado-Geral da União e do próprio STJ (artigo 105, I,b da CF)
- Os Tribunais Regionais Federais são competentes para processo e julgamento de habeas data contra atos dos Juízes Federais, excetuados os Juízes do Trabalho, e dos próprios Tribunais Regionais federais (artigo 108, I,c e artigo 114,IV, ambos da CF)
- Os Tribunais de Justiça são competentes para processo e julgamento de habeas data contra atos do Governador e dos Secretários de Estado, inclusive o Prefeito da Capital e dos Municípios com mais de 200mil eleitores, da Mesa Diretora e do Presidente da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Contas do Estado, do Procurador Geral da Justiça, do Procurador Geral e do Defensor Público Geral do Estado e dos Próprios Tribunais de Justiça (artigo 161, IV,e da CERJ).
- Os juízos federais e juízos de direito são competentes para processo e julgamento de habeas data contra atos de autoridade pública federal, estadual, distrital ou municipal não contemplado nas hipóteses antes mencionadas(artigo 109,VIII,CF,sem prejuízo dos artigos 3º,I,e,artigo 6º,I,a e b,artigo 7º,I,g,artigo 8º,I,h, e artigo 22,II do RITJ/RJ).
Nessa ordem, a competência para processo e julgamento para habeas data contra atos do Serviço Nacional de Informações, cujo titular possui prerrogativa de Ministro de estado, é afetada ao STJ, ao passo que para atos do Diretor Geral da Polícia Federal será Juízes federais e para o Comandante Geral da Polícia Militar será Juízes de Direito.
7-DECISÃO
A decisão do Habeas Data possui divergência doutrinária, destaca:
 Para Carreira Alvim, trata-se de natureza mandamental, aonde ‘a sentença de habeas data deve conter um requisito especial, qual seja, a marcação de dia e hora para que a autoridade coatora cumpra a ordem ou preceito’.
Para Rogério Tucci, trata-se de natureza constitutiva, aonde o habeas data têm caráter de açãoconstitutiva, pois se consubstancia a objetivada prestação jurisdicional numa sentença que, contêm uma declaração de certeza sobre determinada relação jurídica submetida à apreciação de órgão judicial e se vê acrescida de algo mais, ‘um quid, atinente à criação, ou a modificação ou extinção processual’.
Já para Vicente Greco Filho, existe a natureza mandamental, no caso de Habeas Data cognitivo, e natureza constitutivo, no caso de habeas data retificatório ou completivo, aonde no primeiro o pleito é uma ordem do Poder Judiciário, para conhecimento das informações, sob pena de desobediência. Na segunda, o que se postula é a retificação de dados pessoais, ou seja, a modificação do mundo jurídico, daí a natureza constitutiva do provimento judicial.
Plano de Aula 14
Paulo, delegado de polícia, preside o inquérito X, no qual é apurada a prática de crime de estupro, por João, que se encontra preso, contra a menor M, de 13 anos de idade. No curso do inquérito, a menor se retratou da acusação de estupro, mas Paulo não comunicou tal fato ao juiz de direito competente para proceder ao arquivamento do inquérito, razão pela qual foi aberta, a pedido do Ministério Público, ação penal para apurar eventual crime de prevaricação. Tendo o juiz de direito do juizado especial criminal da comarca Y do estado Z determinado a intimação de Paulo para audiência de transação penal, este impetrou habeas corpus com vistas a impedir seu comparecimento à audiência bem como a se livrar do referido inquérito, mas a turma recursal estadual denegou o pedido. Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a medida judicial mais adequada para que Paulo atinja o objetivo pretendido, bem como o órgão do poder judiciário competente para julgá-la.
RESPOSTA:
João deverá impetrar habeas corpus contra a decisão da Turma 
Paulo deverá impetrar Habeas Corpus contra a decisão de uma Turma Recursal, cuja competência para julgamento, nos termos da jurisprudência mais recente do STF, será do Tribunal de Justiça, conforme HC 86.834/SP do STF, vindo assim superar a SÚMULA 690 do STF, havendo dessa forma uma mudança de entendimento. A atual orientação é no sentido de que esta súmula não deve ser mais aplicada, sendo considerada superada.
TÍTULO III
AÇÃO POPULAR
1. CONCEITO
A ação popular vem prevista no artigo 5º, inciso LXXIII CF, onde qualquer cidadão é parte legitima para questionar judicialmente ato ilegal e lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, sendo isento das custas judiciais.
Alguns autores ainda discordam da natureza jurídica da ação popular chegando a duas correntes. Conforme o autor Hely Lopes, defensor da primeira corrente: “ação popular é oinstrumento de defesa da coletividade, por meio do qual não se amparam direitos individuais próprios, mas sim interesses da coletividade, sendo o beneficiário da ação não o autor, mas a coletividade, o povo". Já a segunda corrente ,denominada a majoritária, entende que ação popular é uma ação que pertence ao cidadão onde ele participa ativamente dos seus direitos próprios e da coletividade.
2. REQUISITOS DA AÇÃO POPULAR
A ação popular exige 3 (três) requisitos fundamentais para a sua demanda:
1) Condição de cidadão;
O autor deve ser cidadão brasileiro e deve estar inscrito na justiça eleitoral com seus deveres devidamente regularizados. As pessoas que não possuem a obrigatoriedade do voto tais como: pessoas com idade superior a 70 anos, uma certidão tirada na justiça eleitoral já equivale para ela ser parte legitima na ação popular.
2) Ilegalidade ou ilegitimidade do ato impugnado;
Nesse requisito deve observar se o ato praticado é contrário ao direito, sendo ilegal e lesivo.
3) Lesividade
Deve ser demonstrado que o ato praticado trás lesões ou ofenda a administração pública, os bens artísticos, culturais, históricos e ambientais, seja feita por ação ou omissão.
Lesividade efetiva e presumida
Em alguns casos específicos a lesividade é presumida de forma absoluta e só a configuração do ato já basta para que ele seja considerado lesivo. Um exemplo disso é o dano ao meio ambiente, pois basta o dano e nexo de causalidade entre a conduta e o dano, independe de culpa. Já maioria dos casos, a lesividade é requisito essencial para que a ação popular seja julgada procedente.
Não chegaram a um consenso sobre esse assunto ainda, existem só algumas opiniões favoráveis e outras desfavoráveis sobre a dispensa desse binômio.
Conforme o autor Hely Lopes que defende a lesividade como requisito essencial: “Assim, exigi-se o binômio ilegalidade-lesividade para propositura de ação, dando-se tão somente sentido mais amplo à lesividade, que pode não somente importar prejuízo patrimonial, mas lesão a outros valores, protegido pela Constituição”
3. LEGITIMIDADE ATIVA
a) Ação e cidadania
A legitimidade para propor a ação popular é do cidadão que está no gozo dos seus direitos políticos, estando regularizado com a justiça eleitoral. Deverá apresentar na inicial da ação popular, o último comprovante da sua votação.
A cidadania justifica-se no fato de que o cidadão pode escolher o seu governante. Já que isso é possível, ele tem o direito de fiscalizar sendo ela por via da ação popular. E a prova da cidadania será feita com o título eleitoral, ou com o documento que a ele responda para ingressar em juízo.
b) Capacidade Postulatória
A capacidade postulatória compete exclusivamente aos advogados, ou seja, é obrigatória a representação da parte na presença de um advogado legalmente habilitado. É um pressuposto processual que caso não seja observado gera a nulidade do processo.
Com isso, para a propositura da ação popular é necessária ter um advogado legalmente habilitado. Qualquer cidadão pode ser parte, mas para impetrar a ação popular somente um advogado.
c) Eleitores entre 16 e 18 anos
Existem duas correntes que diz a respeito dos eleitores entre 16 e 18 anos. A primeira corrente defendida pelo doutrinador Alexandre de Morais, entende que o eleitor entre 16 e 18 anos tem plena capacidade de ingressar com uma ação popular, pois ele exerce sozinho o direito de voto, e a ação popular é uma manifestação de cidadania.
A segunda corrente que é a minoritária entende que a capacidade eleitoral distingue-se da capacidade civil e processual, devendo o eleitor menor de 16 anos ser assistido ao propor a ação popular.
d) Estrangeiros
O estrangeiro residente e o não-residente no Brasil, não podem propor ação popular. Visto que por ele não ser eleitor, a jurisprudência exclui a participação do mesmo.
e) Pessoas jurídicas
As pessoas jurídicas, públicas ou privadas da ação popular encontram-se previstas no artigo 6º, parágrafo 3º da lei 4.717/65, onde se entende que limitadamente as pessoas jurídicas poderão figurar no pólo passivo da ação popular. Ou seja, poderá atuar ao lado do autor ou privar-se de contestar o pedido. Desde que seja útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.
A súmula 365 do STF (Supremo Tribunal Federal) deixa bemclaro a vedação da pessoa jurídica para propor ação popular.
f) Ministério Público – Atuação
O Ministério Público irá atuar de forma singular e subsidiária no processo, conforme o artigo 16 da lei 4.717/65. Ou seja, quando houver abandono da ação verificado o interesse público o Ministério Público vai promover o seu prosseguimento. Mas esse prosseguimento é facultado ao Ministério Público, bem como o ato de interpor ou não recurso das decisões proferidas.
4. LEGITIMIDADE PASSIVA
A legitimidade passiva está elencada no artigo 1º da lei 4.717/65. É a pessoa contra quem se propõe a ação, essas pessoas são: pessoas jurídicas de direito público ou privado e das entidades. As autoridades que devem estar no pólo passivo são as responsáveis pelo ato administrativo ilegal ou lesivo. Com isso, para estar no pólo passivo obrigatoriamente terá que ser um ente da Administração Pública ou pessoa jurídica que administre verba pública.
Conforme artigo 6º da lei 4.717/65, a legitimidade passiva atuará contra: “autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.”
5. OBJETIVO
A ação popular tem como objetivo anular ato lesivo e ilegal do patrimônio público ou de entidade que o Estado participe. E condenar os responsáveis por esses atos, bem como a restituição ou indenização por perdas e danos.
6. OBJETO
A ação popular não precisa esperar que os atos ilegais e lesivos ocorram e produzam todos os seus efeitos para que ela seja proposta. Ela visa á declaração de nulidade ou anulação de atos administrativos quando eles lesionam patrimônio público.
Em tese não cabe ação popular contra atos legislativos, pois o ato legislativo é a lei, e a lei é uma expressão da vontade de geral. Mas com muitas lesividades e ilegalidades que vem ocorrendo, na prática, os tribunais tem ignorado a doutrina e admitindo ações populares contra as leis.
O ato judicial é de natureza jurisdicional, diferente da ação popular que o objeto é o ato administrativo, ilegal e abusivo. Ou seja, o ato judicial não pode ser questionado por meio de ação popular.
Por fim, para atos de particulares é cabível ação popular quando há uso de recursos públicos para fins particulares.
AI: Se cabível contra:
Ato administrativo: sim, é cabível, quando há lesividade do erário público decorrente da própria ilegalidade do ato praticado. Ressalta ainda, a ação popular é cabível para a proteção da moralidade administrativa, ainda que inexistente o dano material ao patrimônio público.
Ato Legislativo: conforme já citado acima, em tese, não deve caber ação popular contra atos legislativos. Se o ato legislativo, e mormente a lei, é expressão da vontade geral, com nenhum fundamento teórico se pode pretender que o Judiciário possa anulá-lo, por ser a seu critério lesivo ao interesse público. Todavia, na prática, os representantes do povo às vezes praticam atos escandalosamente lesivos ao patrimônio público que não podem passar em brancas nuvens. Por isso, os tribunais, em muitos julgados, tem ignorado a doutrina e admitido ações populares contra leis, em tese.
Ato Judiciário: Não cabe. Vale lembrar que a ação popular tem como objeto o ato administrativo, ilegal e abusivo e, o ato judicial é de natureza essencialmente jurisdicional, não podendo ser questionado por meio de ação popular.
Ato de Particulares: a princípio não há cabimento, pois contra atos de particulares há a Ação Civil Pública. Porém, caso o particular receba dinheiro público ou esteja envolvido em algum crime relacionado a administração pública, poderá figurar como réu na ação popular, onde será postulado judicialmente por exemplo, a defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente, do consumidores, bem como de outros interesses coletivos e difusos. 
7. PROCEDIMENTO
O cidadão irá despachar a inicial, na qual deverá preencher os requisitos do art. 282 do CPC, e o juiz ordenará a citação dos réus e a intimação do Ministério Público na pessoa de seu representante (quando houver) e irá requisitar documentos e informações que sejam importantes para a clareza dos fatos. O juiz da um prazo de 30 dias para que seja cumprida essa exigência, e caso não seja cumprida ou não seja justificada legalmente o requisitado terá uma pena por desobediência. Logo após, terá o prazo para alegações finais no prazo de 10 dias e depois os autos irão para conclusão. A sentença deverá ser proferida no prazo de 48 horas ou caso de requerimento de produção probatória será de quinze dias o prazo para a prolatação de sentença.
O procedimento da ação popular segue subsidiariamente ao rito ordinário do CPC (código de processo civil) e a lei 4717/65, mas obtendo algumas divergências quanto a alguns procedimentos e prazos.
8. COMPETÊNCIA
A competência para julgar a ação popular depende da origem do ato impugnado. Ou seja, quando é funcionário, órgão ou entidade ligada à União, será competente o juiz da Seção Judiciária Federal do local onde o ato foi praticado.
Quando é funcionário, órgão ou entidade ligada ao Estado será competente o juízo indicado na lei de organização judiciária estadual.
Se municipal a origem do ato impugnado, será o juiz da comarca onde o ato foi praticado.
a) Foro por prerrogativa de função
O STF entende que o foro por prerrogativa de função não alcança as ações populares ajuizadas contra pessoas que tem esse foro especial. Cabendo a primeira instância julgá-las, mesmo sendo outro o tribunal de julgamento por prerrogativa de função.
b) Casos submetidos ao STF
Há uma exceção quando a decisão possa criar um conflito entre entes federados, conforme artigo 102, inciso I, “f” CF. Nesse caso a competência será originária do STF, para que ele possa resguardar o equilíbrio federativo.
9. DECISÃO NA AÇÃO POPULAR
A decisão/ sentença poderá ser declaratória, constitutiva ou condenatória. Sendo procedente a ação, deverá considerar as seguintes situações: a) a do ato impugnado; b) a dos responsáveis pelo ato; c) a dos beneficiários do ato.
Após a conclusão dos autos o juiz terá 48 horas ou 15 dias para proferir a sentença (dependendo do procedimento), sob pena de ficar impedido de promoção por 2 anos na lista de antiguidade.
Plano de Aula 15
Bruna, desconfia que seu filho Murilo, 24 anos de idade, começou a praticar crimes de furtos, bem como crimes cibernéticos. Preocupada com a situação, inclusive porque Murilo recebe diversas cartas de cobranças de dívidas lícitas, Bruna resolve investigar a situação financeira do filho, mas nenhuma entidade Governamental, bem como nenhuma entidade de caráter público lhe fornecem qualquer informação. Conversando com sua amiga Soraia, estudante de direito, a mesma sugeriu que Bruna impetrasse um habeas data. Neste caso, Soraia fez a sugestão: a) Incorreta porque não cabe habeas data para o conhecimento de informação relativa a terceiro, mas somente relativa ao impetrante. b) correta porque segundo a carta magna conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, bem como de terceiros a ela relacionados constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. c) incorreta porque o habeas data cabe apenas para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. d) correta porque o habeas data cabe exatamente para a retificação de quaisquer dados referentes a qualquer pessoa, em razão da observância do princípio da publicidade. e) Correta porque segundo a carta magna conceder-se-á habeas data exatamente para assegurar o conhecimento de informações relativas a terceiros constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
RESPOSTA:
O habeas data é uma ação personalíssima, somente sendo cabível para o conhecimento de informações relativasao impetrante. 
Resposta letra “A”.
BIBLIOGRAFIA
MASCARENHAS, Paulo - Manual de Direito Constitucional, Ed. 2010.
MEIRELLES, Hely Lopes - Mandado de Segurança e Ações Constitucionais - 36ª Ed. 2014.
X 
MORAES, Alexandre de - Direito Constitucional - 32ªEd. 2014
LENZA, Pedro – Direito Constitucional Esquematizado – Ed. 2014 Saraiva.

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