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inflamação reparo tec 04

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Curso de 
 Inflamação 
e Reparo Tecidual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 MÓDULO IV 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
1. INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
1.1. Conceito e características da inflamação crônica 
A inflamação crônica pode ser conceituada como a soma das reações 
do organismo em conseqüência da persistência do agente agressor, que não 
é eliminado pelos mecanismos da inflamação aguda. É a reação tecidual 
caracterizada pelo aumento dos graus de celularidade e de outros elementos 
teciduais, diante da permanência do agente agressor. 
Injúria 
tecidual
RESOLUÇÃO
FORMAÇÃO 
DE ABSCESSO
PROCESSO DE 
REPARO
Regeneração
Cicatrização
Agente irritativo 
persistente
Mediadores 
químicos
INFLAMAÇÃO 
CRÔNICA
INFLAMAÇÃO 
AGUDA
 
A inflamação aguda pode ter quatro tipos de evolução: 
Resolução: quando a lesão é pequena; ao se eliminar o agressor, tudo 
volta à normalidade. 
103 
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Cicatrização: quando há destruição tecidual o dano será reparado, 
sendo a área lesada substituída por uma cicatriz; como exemplo, uma 
queimadura na pele. 
Formação de abscesso: acontece quando agentes piogênicos se 
instalam na profundidade dos tecidos. 
Progressão para inflamação crônica: isto ocorre quando o agente 
inflamatório não é eliminado pelo processo inflamatório agudo. 
Quando o agente causador da agressão é inerte ou pouco agressivo, 
ou ainda quando ele persiste a despeito da inflamação aguda, a reação 
inflamatória assume características diferentes. Em vez de um exsudato rico 
em: líquidos, fibrinas e neutrófilos, encontram-se um aumento na proporção de 
linfócitos, macrófagos, proliferação de vasos e de fibroblastos, com deposição 
de colágeno. Por isso, na inflamação crônica, observa-se uma predominância 
dos processos produtivos e reparativos. 
 
FENÔMENOS PRODUTIVOS
Modificações de 
células exsudadas
linfócitos 
macrófagos
Inflamações 
crônicas
 
104 
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reparar os tecidos 
danificados
Neoformação 
conjuntivo-vascular 
macrófagos 
fibroblastos
fatores de 
crescimento
FENÔMENOS REPARATIVOS
 
 
 
As inflamações crônicas diferem das agudas pela sua longa duração, e 
pela ausência, ou pouca evidência, dos quatro sinais cardinais da inflamação. 
Do ponto de vista histológico, suas características dependerão do agente. 
Assim, por exemplo, uma inflamação crônica causada por agressores 
antigênicos, poderá ser principalmente constituída por linfócitos e macrófagos; 
quando acompanhada de morte celular haverá também proliferação de vasos, 
fibroblastos e deposição de colágeno. 
As características mais marcantes da inflamação crônica são o 
predomínio de células mononucleares (linfócitos, macrófagos, plasmócitos) e 
a proliferação de fibroblastos e de vasos. 
Além disso, neste tipo de processo inflamatório, podem estar 
presentes as células epitelióides e células gigantes multinucleadas, que são 
modificações morfofuncionais sofridas pelos macrófagos através da ação de 
mediadores químicos específicos. 
 
105 
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Fig. 1. Infiltrado mononuclear, na lâmina própria em lesão de mucosa bucal. 
Fonte: http://patoral.umayor.cl/atlaspatoral2/atlas_patoral2.html 
 
 
 
Fig. 2. Miocardite granulomatosa idiopática: presença de células gigantes multinucleadas, rodeadas 
por um infiltrado inflamatório mononuclear, com predomínio de linfócitos. 
Fonte: http://www.conganat.org/9congreso/trabajo.asp?id_trabajo=804&tipo=2&tema=18 
106 
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As alterações vasculares da inflamação aguda caracterizam-se pelo 
aumento da permeabilidade. Nas crônicas, o papel dos vasos é menos 
evidente, apesar de ainda muito importante. As inflamações crônicas são 
caracterizadas por proliferação endotelial, ou seja, por neoformação vascular. 
 
 
Fig. 3. Angiogênese. 
Fonte: http://www.medsciences.bham.ac.uk/departments/Watson%20Group/ 
CCVS/Roy%20Bicknell%20Research.htm 
 
 
A neoformação vascular é dependente da presença, no foco 
inflamatório, de fatores de crescimento. Nos últimos anos, polipeptídios 
capazes de estimular a proliferação de vários tipos de células têm sido 
estudados, inclusive aqueles capazes de estimular a proliferação do endotélio 
vascular. Entre eles, destacam-se: 
a) Fator de crescimento epidérmico: capaz de estimular a proliferação de 
células epiteliais e fibroblastos; 
b) Fator de crescimento derivado de plaquetas: estimula a proliferação de 
células endoteliais, células musculares lisas e vários tipos de células tumorais. 
São armazenados nos grânulos das plaquetas e liberados quando as 
plaquetas são ativadas. Além de estimular a proliferação de endotélio, eles 
também estimulam a migração e proliferação de fibroblastos, células 
107 
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musculares lisas e macrófagos; 
c) Fator de crescimento de fibroblastos: estimula a proliferação de 
fibroblastos e induz todos os passos necessários à neoformação dos vasos. 
Todos estes fatores estimuladores e inibidores de crescimento se 
formam e interagem nos focos inflamatórios e são responsáveis pela neo-
formação vascular e fibrose, que acompanham as inflamações crônicas. Do 
seu balanço dependerá a extensão, progressão ou término da reação. 
 
 
Fig. 4. Processo de angiogênese. 
Fonte: http://www.gene.com/gene/research/focusareas/tgr/ 
 
 
O processo de angiogênese (neoformação vascular) segue as 
seguintes etapas: degradação da membrana basal do vaso de origem, 
migração das células endoteliais, sua proliferação com a formação de um tubo 
sólido, constituído por células endoteliais jovens e, finalmente, escavação do 
tubo originando a luz, que se comunica com a luz do vaso de origem. 
Tanto nas inflamações agudas, quanto nas crônicas, os estímulos à 
proliferação de vasos e fibroblastos originam o tecido de granulação. Este 
108 
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109 
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tecido se caracteriza pela proliferação de vasos que se dirigem à área lesada, 
acompanhados de outras células (neutrófilos, macrófagos, linfócitos, 
plasmócitos) e de fibroblastos. À medida que os fagócitos lisam os tecidos 
necróticos ou a fibrina, os vasos proliferam em direção à lesão, trazendo com 
eles o sangue de que se originam os leucócitos exsudados. São 
acompanhados pelosfibroblastos que sintetizam colágeno. Progressivamente, 
a área lesada vai sendo substituída por uma cicatriz fibrosa. 
Quando o agente persiste, ocorre o equilíbrio entre a progressão da 
lesão causada pelo agente e o tecido de granulação, que tenderá a formar 
uma barreira de tecido fibroso para isolar o agente dos tecidos do hospedeiro. 
Os capilares neoformados do tecido de granulação permitem a saída 
de plasma, o que explica seu aspecto clínico. Por sua vez, quando a lesão é 
na pele ou em uma mucosa, forma-se crosta de fibrina na sua superfície, a 
"casca" das feridas, que nada mais é do que fibrina dessecada recobrindo o 
fundo da úlcera. 
 
1.2. Classificação das inflamações crônicas 
A proporção relativa dos componentes das inflamações crônicas varia 
muito com o agente e com a resposta do hospedeiro, o que permite classificar 
as inflamações crônicas em: inflamações crônicas específicas e inflamações 
crônicas inespecíficas. 
I. Inflamações crônicas específicas: ocorrem quando os elementos da 
reação se dispõem formando acúmulos nodulares de limites mais ou menos 
precisos e chamados de granulomas. As células predominantes são 
macrófagos e o processo é pouco vascularizado. 
 
 
 
 
 
 
 
Injúria tecidual 
persistente
Linfócitos T ativados
Fatores quimiotáticos
Fatores de 
crescimento
Proliferação dos 
macrófagos nos 
tecidos
Recrutamento dos 
monócitos circulantes
Aumento na 
quantidade de 
macrófagos
Mitógenos
teciduais
Fatores 
quimiotáticos
bacterianos e 
teciduais para 
monócitos
 
O termo "específica" origina-se do conceito de que a morfologia e a 
disposição dos diferentes componentes do granuloma são suficientes para 
sugerir a etiologia da lesão. Na verdade, embora a disposição dos elementos 
do granuloma seja sugestiva de sua etiologia, o diagnóstico etiológico só pode 
ser estabelecido pelo conhecimento do agente na lesão. 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA ESPECÍFICA
Formação de granulomas
Predomínio de macrófagos 
Pouca vascularização
GRANULOMA
 
110 
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II. Inflamações crônicas inespecíficas: ocorrem quando a disposição 
dos diferentes elementos das reações não sugere a sua etiologia. A reação é 
feita por exsudato inflamatório, rico em células mononucleares, proliferação 
dos vasos neoformados e de tecido conjuntivo fibroso. Estes componentes 
são os elementos constituintes da maioria das inflamações crônicas, não 
permitindo suspeita da etiologia do processo. 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA
Organização celular difusa
Proliferação de fibroblastos 
Deposição de colágeno
Neoformação vascular
GENGIVITE CRÔNICA
INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA
Organização celular difusa
Proliferação de fibroblastos 
Deposição de colágeno
Neoformação vascular
GENGIVITE CRÔNICA
 
 
 
1.3. Agentes Etiológicos 
De forma resumida, as inflamações crônicas podem ser causadas por: 
Infecções persistentes: tuberculose, sífilis, alguns fungos. Estes agentes 
suscitam em hipersensibilidade tardia (possuem baixa toxicidade). 
Exposição prolongada a agentes tóxicos endógenos ou exógenos: por 
exemplo, a sílica, material não-degradável. 
Auto-imunidade: reações imunes atacam o próprio tecido sadio. Resulta 
em várias doenças inflamatórias crônicas, como por exemplo, a artrite reumatóide e 
o lúpus eritematoso. 
Além disso, muitos fatores contribuem para a cronicidade do processo 
111 
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inflamatório, como a resposta inadequada do hospedeiro, a drenagem inadequada 
da lesão, a mobilidade do tecido, a presença de tecido necrótico e a irritação 
mecânica local. 
 Os motivos pelos quais os agentes agressores persistem na área 
inflamada são variados. Às vezes eles persistem por serem inertes, insolúveis 
e, portanto, capazes de permanecer nos tecidos. Em outras circunstâncias, 
um agente pouco agressivo permanece por haver dificuldades anatômicas 
para a sua eliminação. É o que acontece com alguns processos supurativos 
localizados na profundidade dos tecidos ou no interior das vísceras 
(abscessos crônicos). 
O agente agressor pode também invadir as células do hospedeiro, 
nelas se instalar e se reproduzir. É o que acontece em várias doenças 
infecciosas como a hanseníase, a tuberculose, a doença de Chagas e viroses. 
 
Mycobacterium
tuberculosis
Treponema 
pallidum
Mycobacterium
tuberculosis
Treponema 
pallidum
 
 
Nestes casos, o agente agressor persiste, se reproduz e seus produtos 
são reconhecidos pelo sistema imunitário do hospedeiro. O resultado é que o 
hospedeiro montará uma resposta imunológica dependente da ação 
combinada de macrófagos e linfócitos. Esta resposta é capaz de manter ou 
mesmo exacerbar a reação inflamatória local. 
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113 
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I. Agente inerte 
Vários tipos de substâncias inertes podem ser introduzidos nos 
tecidos, como conseqüência de traumatismos; como exemplo, podemos citar 
corpos estranhos como gravetos, fragmentos de vidro ou de outros materiais 
insolúveis. Até mesmo os fios de sutura, introduzidos através de intervenções 
cirúrgicas pode atuar como um agente inerte. Uma vez nos interstícios, ocorre 
imediatamente uma reação inflamatória aguda, causada pela lesão tecidual 
provocada pela própria penetração do corpo inerte. Esta fase é prontamente 
seguida pela chegada dos macrófagos ao local, os quais se agrupam em volta 
do agressor. O corpo estranho acaba sendo envolvido por uma reação 
conhecida como granuloma de corpo estranho. 
 
II. Agente piogênico 
O agente piogênico é aquele capaz de formar necrose tecidual, ou 
seja, capaz de formar pus. Quando uma inflamação aguda supurativa se 
instala em um órgão sólido como, por exemplo, o ovário ou o fígado, o 
material purulento não pode ser eliminado com facilidade. Acaba se estabele-
cendo um equilíbrio entre o agressor e a reação do hospedeiro, e o processo 
se cronifica. 
Nestes casos, há formação de uma cápsula constituída por vasos 
neoformados e colágeno (tecido de granulação), que envolve o abscesso e o 
transforma em um abscesso crônico. 
Tais abscessos podem permanecer por longo tempo, causando uma 
série de sintomas locais e sistêmicos, sendo que a maioria deles só pode ser 
curada através de drenagem cirúrgica. Por outro lado, abscessos crônicos 
silenciosos podem, com o tempo, se romper para o peritônio ou para a pleura, 
causando as peritonites. Um abscesso cerebral, por exemplo, ao drenar para 
as meninges ou para os ventrículos, poderá ser fatal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5. Abscesso cerebral. 
Fonte: http://www.pathology.com.br/necrose/t_necrosecompl.htm 
 
 
III. Agente antigênico 
A inflamação crônica causada por agentes antigênicos (em geral 
agentes biológicos) pode assumir dois padrões: inflamação crônica específica 
granulomatosa e inflamação crônica inespecífica. A primeira ocorre em resposta 
a agentes difíceis de serem digeridos e a segunda devido a agentes mais 
facilmente eliminados. 
A inflamação crônica inespecífica é caracterizada pelo acúmulo de 
linfócitos sensibilizados,plasmócitos e macrófagos distribuídos de forma 
irregular pelo interstício da área lesada. É este tipo de alteração que se 
observa, por exemplo, na doença de Chagas. O T cruzi invade e se reproduz no 
interior das células do hospedeiro e acaba por destruí-Ias. Seus antígenos 
caem no interstício e, como o hospedeiro está sensibilizado, no local se desen-
cadeia reação caracterizada pelo acúmulo de linfócitos, monócitos e 
macrófagos. Estas células e seus produtos inativam os antígenos do parasita, 
fagocitam os restos das células lesadas e, eventualmente, estimulam a 
proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno, que se deposita, 
espessando o interstício. 
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Alterações semelhantes caracterizadas por acúmulo intersticial de 
células mononucleares são encontradas em viroses, em que células T 
citotóxicas destroem as células do hospedeiro que expressam proteínas virais 
em sua membrana, como também na rejeição de transplante e em situações 
em que o organismo desenvolve resposta imune contra seus próprios tecidos 
(reações auto-imunes). Tais reações são chamadas de inflamações crônicas 
inespecíficas. 
Da mesma forma, é possível encontrar inflamações crônicas 
inespecíficas, caracterizadas por infiltrados linfoplasmocitários nos interstícios, 
em vários outros tipos de agressão, não necessariamente ligados à resposta 
imune. Drogas capazes de produzir necrose tóxica de células, como por 
exemplo, as células hepáticas, podem desencadear reação muito semelhante à 
observada na agressão dos hepatócitos pelos vírus da hepatite. A úlcera 
crônica do estômago, causada pela secreção cloridropéptica, é outro exemplo 
de inflamação crônica inespecífica não-imune. 
 
 
1.4. Formação dos granulomas 
A inflamação crônica granulomatosa é uma forma de inflamação específica, 
caracterizada pelo acúmulo de macrófagos modificados, células gigantes que se 
organizam em torno de um flogógeno (agente causador) formando os granulomas. 
O estímulo para formação desses granulomas tem origem nos agentes 
etiológicos característicos, como: 
• Mycobacterium tuberculosis, 
• Mycobacterium leprae, 
• Treponema pallidum, 
• Schistossoma mansoni, 
• Criptococcus neoformans, 
• Paracoccidioides brasiliensis, 
• Coccidioides immitis, 
• Metais inorgânicos e poeiras como silício e berílio. 
 
 
 
 
 
 
 
116 
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A formação dos granulomas segue um padrão de defesa inflamatório em 
que se distinguem respostas de hipersensibilidade. Inicialmente, observa-se a 
proliferação de macrófagos, na tentativa de fagocitar o agente; essas células 
maturam e podem adquirir um padrão semelhante à célula epitelial, passando a se 
chamar célula epitelióide. Os macrófagos podem ainda se fusionar, originando as 
células gigantes multinucleadas. 
O processo de formação das células que compõem o granuloma pode ser 
demonstrado da seguinte forma: quando o antígeno atinge o local, ele estimula uma 
resposta imune celular. Ocorre a apresentação do antígeno ao linfócito T helper 
(LTh) que vai, então, secretar citocinas que estimulam mais LTh. Os LTh-1 
secretam interferon gama e os LTh-2 secretam a interleucina 4. Essas interleucinas 
estimulam os monócitos que chegam da circulação a mudar sua estrutura e se 
transformar em células epitelióides. 
Essas citocinas estimulam também o macrófago para formar a célula gigante 
do granuloma. As citocinas apenas potencializam essas transformações e ainda não 
se sabe o mecanismo exato para estimular as mudanças funcionais e estruturais nos 
monócitos e macrófagos para formarem as células do granuloma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 6. Processo de formação das células epitelióides e das células gigantes multinucleadas. 
Fonte: http://www.medicina.ufba.br/imuno/roteiros_imuno/Hipersensibilidadecelular.pdf 
 
 
Os macrófagos modificados ocupam, inicialmente, a porção central do 
granuloma. Na periferia, são observados linfócitos do tipo T, os quais caracterizam 
uma resposta de hipersensibilidade tardia; acredita-se que modulem a resposta dos 
macrófagos. Mais na periferia ainda proliferam fibroblastos e vasos sangüíneos; os 
primeiros para dar suporte à estrutura granulomatosa e os segundos, para nutri-la. 
Com o passar do tempo e o crescimento de granuloma, sua porção central 
pode sofrer necrose caseosa, devido à carência nutricional. Forma-se, então, um 
centro necrótico. Na presença de todos os elementos observa-se: 
• Porção central: necrose; 
• Ao redor da necrose os histiócitos (células epitelióides); 
• Ao redor dos histiócitos uma coroa de linfócitos; 
117 
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• Células gigantes multinucleadas em meio à histiócitos e muito 
próximas à área de necrose. 
Em alguns granulomas ainda poderemos encontrar outros elementos como 
plasmócitos e eosinófilos. 
 
 
Fig. 7. Estrutura morfológica do granuloma. 
Fonte: http://www.biomaterial.com.br/inflama/classinfl.html 
 
 
As células epitelióides têm uma maior função secretora de enzimas em vez 
de fagocitose, e por isso possuem o retículo endoplamático rugoso e complexo de 
Golgi desenvolvidos, e muitas vesículas no seu citoplasma. Possuem esse nome por 
apresentar o aspecto morfológico parecido com as células epiteliais. 
 
Fig. 8. À esquerda observa-se um granuloma formado por macrófagos jovens; à direita um granuloma 
formado por células epitelióides. (Modificado de Adams DO. The granulomatous inflammatory 
response. A review. Am J Pathol 1976; 84:164-183). 
Fonte: http://escuela.med.puc.cl/paginas/publicaciones/ PatologiaGeneral/ Patol_064.html 
 
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Na tuberculose, as enzimas liberadas pelas células epitelióides acabam 
digerindo parte do parênquima e essas células ainda criam uma barreia para a 
difusão de glicose e oxigênio, o que acaba causando uma necrose no centro do 
tubérculo. Essa necrose caseosa presente na tuberculose, ajuda a distingui-la das 
outras doenças granulomatosas. 
 
Fig. 9. Processo de formação dos granulomas na tuberculose. 
Fonte: http://www.fz-borstel.de/en/research/ibm/mi/ 
 
 
Uma importante característica dos granulomas é a presença de um tipo 
especial de célula multinucleada, denominada de célula gigante, que se origina dos 
macrófagos e tem grande capacidade de fagocitose e digestão intracelular. O 
macrófago faz a divisão nuclear, várias vezes, sem dividir o citoplasma, e aumenta o 
tamanho da célula. 
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Fig. 10. À esquerda observa-se a célula gigante de Langhans: núcleos dispostos na periferia da 
célula; à direita uma célula gigante de reação de corpo estranho: núcleos vesiculosos, distribuídos de 
forma irregular e nucléolos volumosos. 
Fonte: http://escuela.med.puc.cl/paginas/publicaciones/ PatologiaGeneral/ Patol_064.htmlA patogenia da formação dos granulomas é complexa. Sabe-se que a 
resposta imunoinflamatória se inicia a partir da exposição aos antígenos. Durante os 
primeiros minutos após a exposição ao antígeno, as células inflamatórias residentes 
no local iniciam o recrutamento celular de outras células inflamatórias. 
O fator de necrose tumoral (TNF) estocado pelos mastócitos é liberado, 
estimulando o recrutamento de neutrófilos para a área lesada, que por sua vez 
sinalizam e ativam os monócitos circulantes. O Interferon-γ (IFN- γ) produzido pelas 
células T citotóxicas locais (NK) e linfócitos T, ativa os histiócitos residentes e células 
dendríticas. Estas células liberam mais TNF e inúmeras citocinas, que irão alterar o 
ambiente da microcirculação local e facilitar a saída celular dos vasos para os 
tecidos. 
Dentro de minutos a horas, as células dendríticas ativadas, carregadas de 
antígenos, migram aos linfonodos periféricos através dos vasos linfáticos. Dessa 
forma, inicia-se a produção de linfócitos T antígenos-específicos, propiciando uma 
resposta linfocítica. 
As células dendríticas produzem a interleucina 12 (IL-12) e apresentam o 
antígeno aos linfócitos T CD4+. Sob a ação da IL-12, os linfócitos T CD4+ 
diferenciam-se em linfócitos T helper (Th1). As células T ativadas secretam IL-2, que 
promove a sobrevivência dessas células e sua proliferação, conduzindo à expansão 
da população dos linfócitos Th1, antígenos-específicos. 
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Passadas horas, ou até dias da exposição do antígeno, os linfócitos Th1 
CD4+ ativados, trafegam preferencialmente em direção aos locais onde a 
microcirculação foi alterada pela ação do TNF e pelas citocinas produzidas pelas 
células residentes. 
Uma vez que a fonte do antígeno não é eliminada, a inflamação persiste. A 
interação entre os linfócitos Th1 CD4+ e os macrófagos ativados conduz à produção 
do IFN-γ e do TNF, que resulta na posterior maturação dos macrófagos. Sobre o 
curso de diversos dias a semanas, um granuloma maduro é formado. Outras células, 
incluindo os neutrófilos e os linfócitos B, também são encontradas em várias 
proporções no granuloma maduro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 11. Patogenia da formação do granuloma. Fonte: http://journals.cambridge.org/fulltext_content/ 
ERM/ERM7_08/S146239940500921Xsup007.htm 
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Existem classificações para os granulomas utilizando critérios anatômicos e 
morfológicos, de etiologia (envolvendo a causa do processo) ou de patogenia 
(envolvendo os mecanismos de origem). Podem ser: 
• Difusos e focais, conforme sua distribuição pelos tecidos agredidos; 
• Simples e compostos, quando apresentam apenas macrófagos ou 
macrófagos associados a células gigantes, respectivamente; 
• Complexos (ou tuberculóides), quando se considera um padrão de 
granuloma composto, associado aos fenômenos de defesa imunitária 
do paciente; 
• Imunitários e não-imunitários, em que se mede principalmente o 
padrão de manutenção da estrutura granulomatosa, a partir de 
elementos de defesa imune, como linfócitos; assim, diz-se que são 
imunitários os granulomas em que há diminuição do agente agressor; 
contudo, isso não garante que o granuloma seja resolvido; ao 
contrário, em muitas situações, os mecanismos de defesa imune 
contra o agente, podem provocar maior destruição tecidual, 
aumentando o foco de necrose e contribuindo para a manutenção da 
estrutura inflamatória; 
• Supurativos ou não-supurativos, quando exibem pus, causado 
principalmente por bactérias piogênicas de baixa virulência. 
São consideradas doenças granulomatosas: 
• Tuberculose: é uma típica doença granulomatosa. Nela existe um 
equilíbrio entre os efeitos dos macrófagos ativados no controle da 
infecção e os danos teciduais. Geralmente os malefícios são 
conseqüência da perda de tecido pulmonar devido à fibrose. 
• Doença de Crohn; é uma doença não infecciosa em que os 
granulomas são proeminentes. Ocorre cronicamente no íleo e no 
cólon. As camadas do granuloma causam estreitamento do órgão e 
fístulas que penetram em outros órgãos. O antígeno ou agente 
causador da doença é desconhecido. 
 
 
 
 
 
 
 
• Doença da arranhadura do gato: causa uma linfoadenite 
granulomatosa, por bacilos Gram-negativos, com necrose de 
liquefação, presença de leucócitos e neutrófilos no centro da lesão, 
quase formando um pequeno abscesso; 
• Esquistossomose: apresentação de reação granulomatosa típica no 
tecido onde são colocados os ovos do parasita, o que caracteriza as 
manifestações graves da doença. 
 
 
Fig. 12. Corte histológico de ovo do Schistossoma mansoni no centro de granuloma. 
Fonte: http://www.pucrs.br/fabio/parasitologia/Parasitophotos/foto45.jpg 
 
 
• Sarcoidose: doença de etiologia desconhecida, em que há a 
formação de granulomas, com ausência de necrose; no citoplasma da 
célula de Langhans há presença de corpúsculos asteróides (de 
Schaumann). 
• Cirurgias em que ficam pontos terão formação de granulomas na área 
ao redor, chamada reação granulomatosa de corpo estranho. A 
célula gigante de corpo estranho tem núcleos em maior número, com 
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grande heterogeneidade entre eles e distribuição anárquica no 
citoplasma, em relação à célula de Langhans. 
• Paracoccidioidomicose: doença granulomatosa de origem infecciosa, 
causada pela inalação do fungo Paracoccidioides brasiliensis. Sua 
implantação primária ocorre nos pulmões e, posteriormente, pode 
haver a disseminação linfática e hematogênica do fungo. É 
considerada uma infecção fúngica profunda, entretanto devido à sua 
disseminação, pode acometer as mucosas, como por exemplo a 
mucosa bucal. 
 
Fig. 13. Corte histológico do granuloma da paracocciodioidomicose, mostrando a presença do fungo 
no interior da célula gigante multinucleada. 
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Fig. 14. Aspecto clínico da lesão da paracocciodioidomicose na mucosa da língua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-----------------------------------------FIM DO MÓDULO IV--------------------------------------- 
 
 
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