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DIR PEN - P. GERAL - CONCURSO DE CRIMES - 2 SEM 14

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – DIREITO PENAL
2° SEMESTRE DE 2014
CONCURSO DE CRIMES
1. CONCURSO DE CRIMES. 1.1. Conceito de concurso de crimes. 1.2. Espécies de concurso de crimes 1.3. Concurso Material ou Real. 1.4. Concurso Material Homogêneo e Heterogêneo. 1.5. Requisitos do Concurso Material. 1.6. Consequência do Concurso Material (aplicação da pena). 1.7. Observações sobre o Concurso Material. 1.8. concurso formal ou ideal. 1.9. Requisitos do Concurso Formal. 1.10. Consequências do Concurso Formal (aplicação da pena). 1.11. Concurso Formal Homogêneo e Heterogêneo. 1.12. Concurso Formal Próprio (Perfeito) e Impróprio (Imperfeito). 1.13. Consequência do Concurso Formal (aplicação da pena). 1.14. Concurso Formal Benéfico. 1.15. Crime Continuado. 1.16. Natureza Jurídica do Crime Continuado. 1.17. Requisitos do Crime Continuado. 1.18. Consequências do Crime Continuado (aplicação da pena). 1.19. Crimes de Mesma Espécie.
CONCURSO DE CRIMES:
 	Na matéria Concurso de Pessoas estudamos que o que o configura são pessoas unidas pela mesma identidade de propósito, reunidas para o cometimento de determinada infração penal.
 	Porém, pode ocorrer de uma só pessoa praticar uma pluralidade de delitos mediante uma única ou várias ações, surgindo o fenômeno do Concurso de Crimes.
 	Nada impede também que, da mesma forma várias pessoas, unidas pelo mesmo vínculo psicológico, pratiquem uma pluralidade de crimes, ocorrendo, pois, tanto o concurso de pessoas como o concurso de crimes.
 	A problemática quanto à pluralidade de delitos praticados em concurso se refere a determinar que pena será aplicada à pessoa ou às pessoas que incorreram nestes vários delitos.
1.1. Conceito de Concurso de Crimes:
 	“Concurso de crimes é a expressão utilizada para designar as hipóteses em que o agente, mediante uma ou mais condutas (ações ou omissões) pratica dois ou mais delitos.
 	OBSERVAÇÃO: 1) Não se confunde com o Princípio da Consunção, no qual o agente, apesar de praticar condutas que se amoldam em mais de um tipo penal, só responde por um delito, ficando os demais absorvidos, por se tratarem de crime-meio, ou ainda de pós-factum impunível;
 			2) Também não há Concurso de crimes quando houverem dois delitos em uma mesma ação penal, porém cada um deles sendo atribuído a réu diverso, sendo a expressão utilizada quando os crimes forem cometidos pela mesma ou pelas mesmas pessoas, mediante uma ou mais condutas.
1.2. Espécies de Concurso de Crimes:
 	Nosso código penal regulou o tema relativo ao concurso de crime através de três formas distintas, previstas nos artigos 69 (Concurso Material ou real), art. 70 (Concurso Formal ou ideal) e art. 71 (Crime Continuado).
CONCURSO MATERIAL OU REAL (art. 69);
CONCURSO FORMAL OU IDEAL (art. 70) e;
CRIME CONTINUADO (art. 71).
1.3. CONCURSO MATERIAL OU REAL (ART. 69):
 	CÓDIGO PENAL, ART. 69 – “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela”.
 	Dá-se quando o agente, mediante duas ou mais condutas, dolosas ou culposas, pratica dois ou mais crimes, idênticos (previstos no mesmo tipo penal) ou não.
 	Se, por exemplo, o sujeito comete o crime de homicídio e, para garantir sua impunidade, oculta o cadáver, dá-se o concurso material entre o homicídio (art. 121 CP) e a ocultação de cadáver (art.211 CP).
1.4. Concurso Material Homogêneo e Heterogêneo:
 	Pela expressão “Idênticos ou não”, contida no caput do artigo 69 do Código Penal, podemos concluir pela existência de dois tipos de concurso material, Homogêneo e Heterogêneo.
CONCURSO MATERIAL HOMOGÊNEO – O agente comete dois crimes idênticos (previstos no mesmo tipo penal), não importando se a modalidade praticada é simples, privilegiada ou qualificada. Assim, o furto simples é idêntico ao furto qualificado, pois ambos estão previstos no artigo 155 do Código Penal;
CONCURSO MATERIAL HETEROGÊNEO – O agente pratica duas ou mais infrações penais diversas (previstas em tipos penais diferentes);
1.5. Requisitos do Concurso Material:
 	O artigo 69 do Código Penal apresenta os requisitos para a configuração do concurso material:
Mais de uma ação ou omissão;
Prática de dois ou mais crimes.
1.6. Consequência do Concurso Material (aplicação da pena):
 	Aplicação cumulativa das penas privativas de liberdade em que haja incorrido o agente (sistema do cúmulo material).
1.7. Observações sobre o Concurso Material:
 	O artigo 75 estabelece o limite de 30 anos como prazo máximo para o cumprimento de pena privativa de liberdade no Brasil.
 	CÓDIGO PENAL, ART. 75 – “O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.”.
 	Não podem ser somadas, na sentença, penas privativas de liberdade de diferentes espécies. Assim, se o agente cometeu dois crimes em concurso material, sendo um deles punido com dez anos de reclusão e outro com um ano de detenção, o agente cumprirá primeiro a pena de reclusão, e depois a de detenção, conforme determina o artigo 76 do Código Penal.
 	CÓDIGO PENAL, ART. 76 – “No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave”.
 	É possível a aplicação de pena privativa de liberdade cumulada com pena restritiva de direitos desde que, com relação à primeira, tenha sido concedida suspensão condicional da pena (sursis).
 	Se as penas privativas de liberdade comportarem substituição por penas restritivas de direitos, as compatíveis entre si serão cumpridas simultaneamente e as que não forem compatíveis serão cumpridas sucessivamente.
1.8. CONCURSO FORMAL OU IDEAL (ART. 70):
 	CÓDIGO PENAL, ART. 70 – “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior”.
 	Em determinadas situações o agente pode, mediante uma só ação ou omissão, produzir dois ou mais resultados incriminados pela lei penal. Ex.: indivíduo que, dirigindo de forma imprudente em razão de excessiva velocidade, capota seu veículo causando a morte de três passageiros que com ele se encontravam (houve três homicídios culposos).
	Fundada em razões de política criminal, a regra do concurso formal foi criada a fim de que fosse aplicada em benefício dos agentes que, com a prática de uma única conduta, viessem a produzir dois ou mais resultados também previstos como crime
1.9. Requisitos do Concurso Formal:
 	O artigo 69 do Código Penal apresenta os requisitos para a configuração do concurso material:
Uma só ação ou omissão;
Prática de dois ou mais crimes.
1.10. Consequências do Concurso Formal (aplicação da pena):
 	Cumpridos os requisitos, surgem as seguintes conseqüências:
PENAS DIFERENTES - Aplicação da mais grave das penas, aumentada de um sexto até a metade (sistema da exasperação);
PENAS IGUAIS - Aplicação de somente uma das penas, se iguais, aumentada de um sexto até a metade (sistema da exasperação);
DOLO E DESÍGNIOS AUTÔNOMOS - Aplicação cumulativa das penas, se a ação ou omissão é dolosa, e os crimes resultam de desígnios autônomos (sistema do cúmulo material).
1.11. Concurso Formal Homogêneo e Heterogêneo:
 	Quando ocorre o concurso formal, as infrações praticadas pelo agente com sua única ação ou omissão podem ou não ter a mesma tipificação penal, podendo o Concurso Formal ser Homogêneo ou Heterogêneo:
CONCURSO FORMAL HOMOGÊNEO – Quando as tipificações dos crimes forem idênticas, o concurso será reconhecido como homogêneo (ex.: indivíduo que,culposamente, atropela e mata duas pessoas – comete dois homicídios culposos);
CONCURSO FORMAL HETEROGÊNEO – Quando as tipificações forem diversas (ex.: indivíduo que, culposamente, atropela duas pessoas, matando uma delas e lesionando outra – comete um homicídio culposo e uma lesão corporal culposa);
1.12. Concurso Formal Próprio (Perfeito) e Impróprio (Imperfeito):
 	A distinção entre concurso formal próprio (perfeito) e impróprio (imperfeito) varia de acordo com a existência do elemento subjetivo do agente ao iniciar sua conduta.
CONCURSO FORMAL PRÓPRIO (Perfeito) – a conduta do agente é culposa na sua origem, sendo todos os resultados também culposos. Outra hipótese verifica-se quando a conduta era dolosa, mas o resultado aberrante lhe é imputado culposamente.
 Exs.: 1) indivíduo que, culposamente, atropela e mata duas pessoas;
 	2) indivíduo que, querendo lesionar seu desafeto, arremessa contra este uma garrafa de cerveja que o acerta, mas também atinge outra pessoa que se encontrava próxima a ele.
CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO – é a situação contida na parte final do caput do art. 70 do Código Penal, em que a lei penal fez prever a possibilidade de o agente atuar com desígnios autônomos, querendo dolosamente a produção de ambos os resultados
 Ex.: indivíduo que, desejando matar duas pessoas, coloca-as enfileiradas e, com um único disparo de fuzil causa a morte de ambas).
 Desígnio autônomo quer dizer, portanto, que a conduta, embora única, foi dirigida finalisticamente, vale frisar, dolosamente, à produção dos resultados.
1.13. Aplicação da pena no concurso formal impróprio ou imperfeito:
No concurso formal próprio ou perfeito:
	Seja ele homogêneo ou heterogêneo, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, devendo o juiz, em qualquer caso, aplicar o percentual de aumento de um sexto até a metade.
 	A variação da aplicação do percentual de aumento dependerá do número de infrações penais cometidas pelo agente, consideradas pelo concurso formal de crimes, ou seja, quanto maior for o número de infrações, maior será o percentual de aumento e vice-versa.
No concurso formal impróprio ou imperfeito:
 	Pelo fato de ter o agente atuado com desígnios autônomos, almejando dolosamente a produção de todos os resultados, a regra será a do cúmulo material, isto é, embora tenha praticado uma conduta única, produtora de dois ou mais resultados, se esses resultados tiverem sido por ele queridos inicialmente, ao invés da aplicação do percentual de aumento de um sexto até a metade, suas penas serão somadas.
1.14. Concurso material Benéfico (ou cúmulo material benéfico):
 	CÓDIGO PENAL, ART. 70, Parágrafo Único – “Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código”
 	As regras do concurso formal foram criadas em benefício dos agentes que, por meio de uma conduta única, produzam dois ou mais resultados incriminados pela lei penal.
 	Em virtude disso, o parágrafo único do art. 70 do CP, ressalvou que a pena não poderá exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 CP. Isso quer dizer que, no caso concreto, deverá o julgador, ao aplicar o aumento de pena correspondente ao concurso de crimes aferir se, efetivamente, a regra do concurso formal está beneficiando o agente ou se, ao contrário, o está prejudicando.
 	Ex: Suponhamos que “A” agindo com vontade de matar, impelido por motivo fútil, atire em direção a “B”, sua vítima, causando-lhe a morte, mas, em virtude da potência de sua arma, o projétil atravesse o corpo da vítima e atinja também a “C”, causando neste último lesões corporais. Nesse caso, o agente deve ser responsabilizado pelo homicídio doloso qualificado, cuja pena mínima é de doze anos. Se aplicássemos a regra do concurso formal heterogêneo, partindo do princípio de que ao agente seria aplicada a pena mínima do delito e que também imporíamos o aumento mínimo de um sexto, a pena final seria de catorze anos. No entanto, se desprezássemos a regra do concurso formal heterogêneo e aplicássemos o cúmulo material, como a pena mínima do delito de lesão corporal culposa é de dois meses de detenção, somada esta à pena mínima do delito de homicídio qualificado, teríamos um total de doze anos e dois meses. Assim, deve o julgador analisar se, efetivamente, a regra do concurso formal beneficia o agente, pois, caso contrário, nos termos do parágrafo único do art. 70 do CP, deverá aplicar a regra do cúmulo material.
 	Ex2: Imagine-se um crime de estupro de vulnerável (art. 217-A CP) em concurso formal com o de perigo de contágio de moléstia venérea (art. 130 CP). Ou seja, um sujeito acometido de sífilis que estupra uma jovem de 12 anos de idade. Suponha-se, então, que o juiz fixe a pena mínima para os dois delitos. No artigo 217-A CP o mínimo é de 8 anos, e no artigo 130 CP é de três meses. Se aplicássemos a regra do Concurso Formal, chegaríamos a uma pena de 9 anos e 4 meses (8 anos mais 1/6). Nesse caso, a regra do Concurso Formal, criada para beneficiar o acusado e evitar penas desproporcionais, estaria a prejudica-lo. Por isso, e segundo a regra do artigo 70, Parágrafo Único, sempre que o montante da pena decorrente da aplicação do aumento de 1/6 até metade (referente ao concurso formal) resultar em quantum superior à soma das penas, deverá ser desconsiderado tal índice e aplicada a pena resultante da soma.
1.15. CRIME CONTINUADO (ART. 71):
 	CÓDIGO PENAL, ART. 71 – “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”.
 	Criado também por razões de política criminal, o crime continuado deverá ser aplicado sempre que vier a beneficiar o agente, devendo-se desprezá-lo quando a ele for prejudicial, conforme determina a última parte do parágrafo único do art. 71 do Código Penal.
 	CÓDIGO PENAL, ART. 71, Parágrafo Único – “Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código”.
1.16. Natureza Jurídica do Crime Continuado:
	Há várias teorias que disputam o tratamento sobre a natureza jurídica do crime continuado, dentre as quais, destacam-se:
Teoria Da Unidade Real – entende como crime único as várias condutas que, por si sós, já se constituiriam em infrações penais. Para esta teoria, os vários comportamentos do agente constituem efetivamente um crime único, uma vez que são elos da mesma corrente e traduzem uma unidade de intenção que se reflete na unidade de lesão. Aqui se entende que existe um dolo unitário que faz com que as várias ações configurem manifestação incompleta da mesma unidade real e psicológica.
Teoria da ficção jurídica – (ADOTADA EM NOSSO ORDENAMENTO) entende que várias ações levadas a efeito pelo agente que, analisadas individualmente, já se constituem em infrações penais, são reunidas e consideradas fictamente como um delito único. Ao contrário da teoria da unidade real que considera as várias ações, realmente um crime único, a teoria da ficção jurídica considera o crime continuado uma criação da lei, pois, na realidade existem vários delitos e não um crime único.
Teoria mista – para esta teoria o crime continuado não é uma unidade real, mas também não é mera ficção legal. Segundo essa corrente, a continuidade delitiva constitui uma figura própria e destina-sea fins determinados, constituindo uma realidade jurídica e não uma mera ficção. Não se cogita de unidade ou pluralidade de delitos, mas de um terceiro crime, que é o crime de concurso, cuja unidade delituosa decorre da lei.
1.17. Requisitos do Crime Continuado:
Mais de uma ação ou omissão (não sendo compatível, portanto, com o concurso formal);
Prática de dois ou mais crimes, da mesma espécie (condutas que ofendam bem jurídico previsto no mesmo tipo penal, não havendo distinção se tentado, consumado, simples ou qualificado).
condições de tempo (conexão temporal) –a jurisprudência vem admitindo o reconhecimento de crime continuado dentro de um lapso temporal de 30 dias;
condições de lugar (conexão espacial) – Admite-se a continuidade delitiva quando os crimes forem praticados no mesmo local, em locais próximos, em bairros distintos da mesma cidade e, em alguns casos, até em cidades vizinhas (contíguas);
maneira de execução e outras semelhantes (conexão modal) – diz respeito ao modus operandi do criminoso na prática do delito, afastando, por exemplo, a continuidade de crimes quando dois roubos forem praticados, sendo um mediante violência e outro mediante grave ameaça.
Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro – Aqui procura-se fazer a distinção entre a continuidade delitiva e a reiteração criminosa, havendo sobre a discussão três teorias: (objetiva, subjetiva e objetivo-subjetiva (ou mista)):
f.1. Teoria Objetiva – Basta, para reconhecimento da continuidade delitiva, a presença dos elementos objetivos presentes no artigo 71 CP, não havendo a necessidade de auferir a unidade de desígnio entre as infrações penais;
f.2. Teoria Subjetiva – Independentemente dos requisitos de natureza objetiva, basta a presença da unidade de desígnios é suficiente para caracterizar o crime continuado;
f.3. Teoria Objetivo-Subjetiva – exige tanto os quesitos objetivos, como o subjetivo, para a caracterização da continuidade, não tolerando, assim, a reiteração criminosa, não se confundindo o criminoso de ocasião com o criminoso contumaz;
1.18. Consequências do Crime Continuado (aplicação da pena):
 	Cumpridos os requisitos, surgem as seguintes conseqüências:.
Aplicação da pena de um só dos crimes, se idênticas, aumentada de 1/6 a 2/3;
Aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada de 1/6 a 2/3;
Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da pena de um só dos crimes, se idênticas, ou aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada até o triplo (art.71, Parágrafo Único, CP).
1.19. Crimes de Mesma Espécie:
 	Sobre crimes da mesma espécie,várias posições foram ganhando corpo ao longo dos anos, sendo que duas merecem destaque, posto que principais.
A primeira posição considera como crimes da mesma espécie aqueles que possuem o mesmo bem juridicamente protegido e não necessariamente previstos no mesmo artigo de lei (ex.: furto – art. 155 do CP – e roubo – art. 157 do CP).
A segunda posição aduz que crimes da mesma espécie são aqueles que possuem a mesma tipificação penal, não importando se simples, privilegiados ou qualificados, se tentados ou consumados. Ao contrário, portanto, da posição anterior, para esta não poderia haver crime continuidade entre furto e roubo ou estupro, uma vez que tais infrações penais encontram moldura em figuras típicas (artigos do código) diferentes.
Damásio Evangelista de Jesus - e também a maioria nos Tribunais Superiores - adota a segunda posição, entendendo que crimes da mesma espécie são os que ofendem o mesmo tipo penal, os que possuem as mesmas elementares, não importando que sejam tentados ou consumados, simples, privilegiados ou qualificados. Para o referido autor, o legislador usa a expressão “crimes da mesma espécie” e não “crimes do mesmo gênero”.
 Já Rogério Greco, com uma visão mais garantista, entende correta a primeira posição. Para este, crimes da mesma espécie são aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico. Adotam, também a primeira corrente: Júlio Fabbrini Mirabete, Cezar Roberto Bitencourt e Celso Delmanto.
1.20. Concurso Material Benéfico (ou Cúmulo Material Benéfico) – Art. 71, P. Único CP:
 	É perfeitamente aplicável ao Crime continuado, nas regras do parágrafo único do artigo 70 CP.
1.21. Crime continuado e novatio legis in pejus:
 	Pode acontecer de, durante a cadeia de infrações penais praticadas pelo agente, entrar em vigor um lei nova, mais severa, agravando o tratamento penal da situação anterior. Sobre o assunto, o STF editou a súmula 711: 
STF – Súmula 711 – “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência á anterior à cessação da continuidade delitiva ou da permanência”.
MASSILON DE OLIVEIRA E SILVA NETO	Página � PAGE \* MERGEFORMAT �8�

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