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ESTUDO DO HOMEM: SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA SOCIOLOGIA: CIÊNCIA SOCIAL 1. NOÇÕES DE CIÊNCIA: SENSO COMUM E CONHECIMENTO CIENTIFICO a) senso comum = conhecimento não cientifico = experiência comum Senso comum é a memória e o conhecimento inerente ao homem independentemente de bagagem cientifica e cultural (alfabetização) - é difuso, desorganizado, vindo de fontes desordenadas e simultâneas - parte de constatações vindas do dia a dia do homem b) conhecimento cientifico – otimização do senso comum - regula e sistematiza o conhecimento do homem - cientista cria proposições, enunciados e regras que permitam a DESCOBERTA E A PROVA do conhecimento. - busca ser coerente, coeso, organizado, sistemático, ordenado e orientado a partir de fontes especificas e muitas vezes pré-constituídas - parte de CONSTATAÇOES para EXPLICAR o que existiu, existe e existirá - CONSTATA RELAÇOES DE CAUSA E EFEITO COM VISTAS A APONTAR SITUACOES FUTURAS - SE A + B = c, TODA A VEZ QUE HOUVER A + B HAVERÁ C (ex.: Lei da Gravidade) LEIS CIENTÍFICAS = DADOS COMPROVADOS PLENAMENTE HIPÓTESES = ENUNCIADOS AINDA NÃO COMPROVADOS PLENAMENTE, porque inexiste conhecimento acumulado suficiente para torna-los LEI CIENCIA POSTULA: - método de investigação apropriado ao seu campo e objeto de investigação, sendo que ambos variam de acordo com o campo de atuação. SUJEITO E OBJETO são ligados pelo METODO CIENTIFICO ADOTADO com vistas a ordenar a execução dos trabalhos e a obtenção do resultado OBJETO DAS CIENCIAS= investigar os diversos aspectos da ORDEM UNIVERSAL O Direito tem por objeto a realização da ordem na vida social - PLANIOL 2) CLASSIFICAÇAO DAS CIÊNCIAS a) Para Augusto Comte (1798 a 1857) 1. Matemática 2. Astronomia 3. Física 4. Química 5. Biologia 6. Sociologia - Matemática = a mais geral, pois de aplica a tudo e a Sociologia = a mais complexa, pois engloba as demais - Reduz as ciências ao plano físico-matemático, a serem estudadas com o rigor dos métodos matemáticos - O Direito se enquadraria dentro da Sociologia ou da Física Social - PONTES DE MIRANDA: “o fato jurídico é da mesma natureza que os fenômenos físico naturais” b) Para DILTHEY (1833 a 1911) 1. Ciências da Natureza – mundo físico – explicação 2. Ciências do Espírito (ciências humanas e/ou culturais) – dizem respeito ao mundo do pensamento, da compreensão das coisas e da cultura (natureza transformada pelo homem) -a) ciências do espírito subjetivo (psicológicas) – que consideram o espírito humano no próprio sujeito -b) ciências do espírito objetivo – ciências culturais propriamente ditas, históricas, morais e sociais, como o direito. - Para ele, o humano não pode ser captado na categoria dos fenômenos físico- naturais, porque o fato social não pode ser explicado por uma causalidade física, nem pode ser reduzido a uma expressão quantitativa. Ele tem sentido e significação própria. c) Para ARISTOTELES: 1. Ciência teórica ou especulativa – objetiva o próprio conhecimento em si – conhece por conhecer. Ciências Puras: física, Anatomia, Geometria 2. Ciência prática ou normativa – objetiva ação – conhecer para dirigir a ação. Ex.: Medicina, Engenharia, Direito - baseia-se na FINALIDADE OU FUNÇAO de cada ciência Tanto as ciências naturais quanto as ciências humanas visam explicar e ligar fatos de forma a estabelecer LEIS. - nas Ciências Humanas, como seu objeto é o homem e suas ações, os resultados são imprevisíveis. - Junto com o ato de explicar, vem implícito, o ato de compreender e valorar. Isto gera COMPLEXIDADE TAMANHA, que chega a colocar em dúvida a cientificidade das Ciências Humanas, POIS NÃO SE PODE TER CERTEZA ABSOLUTA DAS RELAÇOES DE CAUSA E EFEITO. Nem sempre as causas conhecidas geram os mesmos efeitos. Daí o LIMITE E A IMPORTÂNCIA DA COMPREENSÃO dos fenômenos para as Ciências Humanas. O CIENTISTA, que também é humano, agirá sempre com NEUTRALIDADE diante do OBJETO de sua investigação? Até que ponto seus sentimentos e valores interferem no resultado da pesquisa? Há os que entendem que a própria escolha do objeto viria realizada com base em informações pré-concebidas dentro do cientista, porque, nas ciências humanas, o cientista é ao mesmo PESQUISADOR E PESQUISADO. Suas buscas pessoais refletem no próprio PROCESSO DE FORMAÇAO DO COMPORTAMENTO que investiga. Conclui-se, portanto, que CIENCIA É O RESULTADO DO ENGAJAMENTO dos cientistas no momento histórico das sociedades em que vivem e pesquisam. SOCIOLOGIA: CIENCIA SOCIAL - animais se agrupam – formas de comportamento para ordenar a vida em grupo – hábitos de vida, convivência e sociabilidade para a preservação da espécie: reprodução e sobrevivência - Teoria de Darwin – sistemas de acasalamento, alojamento, migração, defesa e alimentação. - homem também desenvolveu processos de convivência, reprodução, acasalamento e defesa. Instinto – ações e reações espontâneas que independem de aprendizado. - medo, prazer, relações de amizade e de parentesco. Há também os comportamentos e habilidades que dependem de aprendizado: criança e adulto. - diferentemente dos animais, para se tornar humano o homem tem de aprender com seus semelhantes comportamentos que não saberia se vivesse no isolamento. (O Enigma de Kaspar Hauser) - símbolos – linguagem – capacidade de comunicação: experiência transformada em discurso e transmitida aos descendentes – sentimentos e reflexão - pensamento – distinção entre passado, presente e futuro por meio de imagens – projeção no tempo – esforço em preparar o futuro: desenvolvimento da ciência. - em grupo: relação de significado e sentido – conhecimento do mundo – organizado, comunicado e compartilhado – interpretado e transmitido à descendência = cultura humana = recriação da realidade - multiplicidade de interpretações da realidade – padrões de vida, de crenças e de pensamento diversificados – não resultam apenas da genética da espécie, mas do compartilhamento das experiências humanas. - CULTURA: resultado da capacidade criadora do homem e adaptações de uma vida comum no tempo e no espaço, de um incessante recriar, compartilhar e transmitir. - Conhecimento: resultado da capacidade de pensar o mundo, dar significado e transmitir informações e sentidos. - obstáculos havidos desde os primórdios ajudaram o homem nessa empreitada, obrigando-o a recriar o modelo existente. - A cultura é dinâmica e em permanente ajuste, conforme as circunstâncias ao redor. SURGIMENTO DAS CIENCIAS SOCIAIS - Autores atribuem seu surgimento a 1830 – sec. XIX, porém há quatro grandes acontecimentos históricos, ocorridos a partir do século XV, que a influenciaram: O Renascimento, a Revolução Científica, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. - Origem intelectual na Grécia Antiga – homem abandona o misticismo e a explicação dos fenômenos como produto da intervenção divina ou de forças sobrenaturais e passa a raciocinar sobre si e a natureza – expansão comercial, escravidão, moeda, escrita – pensamento racional cada vez mais exigido e capaz de realizar ações e dar explicações científicas para a vida humana. - Idade Média - Queda do Império Romano – Europa volta a ser agrária e teocrática – razão como mero instrumento auxiliar da fé. - séc. XIV e XV – Renascimento – redescoberta prazer de investigar o mundo - valorização da razão, do individualismo e da natureza humana. - é adotado o pensamento antropocêntrico, onde o homem está no centro de tudo. - ocorre uma mudança no modo das pessoas verem o mundo e a sociedade, contribuindo para osurgimento de diversas ciências, inclusive a Sociologia. - sec. XVI - Revolução Científica - separação entre ciência e filosofia. Agora a ciência se tornava um conhecimento mais estruturado e prático. Surge o método científico de Francis Bacon, baseado na observação direta dos fenômenos, na experimentação e demonstração. Se a Ciência obtinha sucesso na explicação da natureza, poderia também explicar a sociedade? - sec. XVII e XVIII - Aliança dos governos absolutistas com os nobres e a burguesia comercial emergente – empecilhos às exigências de liberdade e expansão – livre iniciativa, liberdade de comercio e a concorrência entre salários, preços e produtos. - Revolução Industrial – surgida com a mecanização na Inglaterra – separação entre capital e trabalho – organizações trabalhistas. Atualmente em sua fase tecnológica. - Burguesia com ideias de República com base na legitimidade popular – livre concorrência ao invés de decretos reais. - Corrente da Ilustração – despertar do pensamento científico sobre a sociedade – sociedade regida por leis naturais semelhantes às que regem a natureza e as espécies – livre ação – racionalidade natural – Descartes e Diderot – por meio da liberdade o homem exerceria sua soberania em todas as áreas. - Jean Jacques Rousseau – Contrato Social – desigualdades sociais – John Locke e Adam Smith. - sec. XVIII – Revolução Francesa – França país agrário e Inglaterra em fase de industrialização - insatisfação da burguesia sem poder político e contrária às práticas ao absolutismo e aos direitos concedidos ao clero – crise econômica. - burguesia X monarquia absoluta – origem da democracia moderna - pessoas que antes eram servos passam a cidadãos - as profundas e rápidas mudanças ocorridas fizeram com que os pensadores e políticos de época refletissem sobre a sociedade em que viviam. - Ilustração lança as bases do pensamento capitalista, constitucional e democrático desenvolvido no sec. XIX. - Ideia de Estado como representante da sociedade em avanço à monarquia absolutista – gerenciamento e administração de leis, riquezas e poder. - Locke e Montesquieu – Tripartição dos Poderes – base na Constituição Americana de 1787. Ideia de que a autoridade não se encontra na tradição, na herança ou na concessão divina, mas sim, em contrato resultante da livre manifestação de vontades individuais. - EUA – primeira República liberal-democrática burguesa. - sec. XIX – Surgimento da sociologia - desenvolvimento da ciência – capacidade de controlar as forças da natureza (para-raios e vacinas). Progresso, racionalismo e cientificismo. A Corrente da Ilustração, então, poderia explicar a sociedade também. - Anticlericalismo – racionalidade das ciências naturais substitui a religião. Duas linhas de pensamento distintas: a) Positivismo - haveria leis naturais que existiriam independentemente de credo e da opinião humana que explicariam as relações sociais – Augusto Comte b) darwinismo social – sociedades se modificam e se desenvolvem de forma semelhante, segundo um modelo evolutivo de um estagio inferior para um superior, cada vez mais adaptado e complexo – indivíduos mais fortes e evoluídos. – estágio industrial europeu era o mais avançado - necessidade de se reorganizar as colônias europeias ao pensamento capitalista. - movimento dinâmico levando a evolução da sociedade e outro estático, adotado por Comte, no qual se acreditava que o progresso deveria aperfeiçoar os elementos da ordem, e não ameaça-los – permissão para intervenção na sociedade sempre que fosse necessário manter a ordem ou promover o progresso. Essas duas linhas de pensamento são influentes ainda nos dias de hoje. - Organicismo – princípios da biologia abrangem todo o ser vivo, daí a proposta de uma ciência da sociedade – buscam identidade entre leis biológicas e sociais, ignorando a especificidade histórica e cultural do homem. - Augusto Comte – Positivismo (certo, seguro, definitivo) – quem primeiro sistematizou o pensamento sociológico e lhe deu espaço próprio, chamando-o, a princípio, de “Física Social”. Comte queria uma ciência objetiva, que criasse teorias sociais com base empíricas. E que tivesse o mesmo método científico das Ciências Naturais, de modo a permitir previsões, intervenções e controle, nos mesmos moldes físicos e mecânicos - ação politica conservadora para justificar desigualdades, porém, a primeira linha de pensamento que atingiu uma análise cientifica da sociedade. - Ciência Social: entender o homem como individuo inserido em um grupo, analisá-lo em seu ambiente, pesquisar seus comportamentos e suas crenças no meio social e classificar os aspectos predominantes naquele grupo social. PRINCIPAIS CORRENTES DA SOCIOLOGIA CORRENTE POSITIVISTA – FRANÇA – DURKHEIM – Definir com rigor a Sociologia como ciência – As Regras do Método Sociológico – 1895. – Fato Social como Objeto – realidade independente e preexistente: a) Coerção social – força que os fatos exercem sobre os indivíduos levando-os ao conformismo com as regras. Ex: idioma, formação familiar, código legal ou moral; – sanções legais: impostas pela sociedade por meio de leis – penalidades correspondentes – sanções espontâneas: resposta social – Ex: olhares de reprovação devido a roupa inadequada. A reprovação social pode ser mais coercitiva do que a lei b) Exterioridades: atuam independentemente da vontade ou escolha do individuo – ao nascermos já encontramos regras sociais, leis e costumes; c) Generalidade: fato que se repete em todos os indivíduos e em sociedades distintas em um determinado momento ou ao longo do tempo. Ex: formas de habitação, sistemas de comunicação, moral existente – Objetividade do Fato Social como Método: cientista deve manter distância e neutralidade dos fatos – conceitos e ideias preexistentes devem ser deixadas de lado – não envolvimento afetivo ou de qualquer espécie entre o cientista e seu objeto, aí incluídas as opiniões dos envolvidos. a) Observação, descrição, comparação e o cálculo estatístico. Racionalidade por meio da dúvida metódica, sempre inquirindo sobre a veracidade e objetividade dos fatos estudados. b) Para identificar os fatos sociais buscar os mais gerais. Ex: crimes (ocorrem em todas as sociedades, tem penalidades e características exteriores ao cientista – sem considerações morais – manifestações coletivas) – Durkheim estudou o suicídio: presença universal, características exteriores e mensuráveis, independentemente das razões de cada suicida. Ex: maior incidência em sociedades que prometem felicidade após a morte. – buscava não só explicar a sociedade mas também encontrar soluções para a vida social – generalidade = unanimidade = garantia de consenso social. Consciência Coletiva – Para Durkheim os fatos sociais tem existência própria – são formas padronizadas de conduta e pensamentos e que constituem a consciência coletiva – Da Divisão do Trabalho Social. Tipo psíquico da sociedade – não só o produto das consciências individuais mas algo que perdura por gerações. Forma moral vigente na sociedade que delimita a atuação individual. Comparação de Sociedades – Ponto de Partida: sociedades primitivas iguais comparadas a átomos, permitindo depois várias combinações. Solidariedade Mecânica: sociedades pré-capitalistas – identificação pela família, religião, tradições e costumes – consciência coletiva com todo o poder de coerção. Sociedade Orgânica: capitalista – acelerada divisão do trabalho social – interdependência garantindo a coesão social, no lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Consciência coletiva afrouxada, dependência, especialização nas atividades e maior autonomia pessoal. Estágios Sociais (superior einferior) – o que é normal para o selvagem não o é para o civilizado – não há o normal senão em relação ao desenvolvimento. - Durkheim criou um todo organizado e sistematizado – postura rigorosamente empírica – observação, mensuração e interpretação – técnicas de pesquisa (ciências naturais) - apesar de buscar o geral, isolou também particularidades e seus estudos são objeto de interesse na Sociologia contemporânea. CORRENTE ALEMÃ – MAX WEBER França e Inglaterra – séc. XVII e XVIII – desenvolvimento industrial e urbano – sedes do pensamento burguês – influencia das ciências físicas e biológicas. Alemanha – séc. XIX – influência da História e da Antropologia – época de capitalismo concorrencial e de imperialismo europeu submetendo outras culturas. Alemanha buscava o estudo das diferenças em conjunto com as escrituras sagradas – idealismo. Para Weber, a pesquisa histórica é fundamental para a compreensão das sociedades, para compreender sua gênese e formação, e não estágios de evolução como Durkheim. Combina duas perspectivas: a histórica, que respeita as peculiaridades de cada sociedade, e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais. a) Método – propunha o método compreensivo – esforço interpretativo do passado e sua repercussão nas sociedades contemporâneas. Abriu espaço para particularidades históricas e para a descoberta do papel da subjetividade na ação e na pesquisa social, de forma independente das ciências exatas e naturais. Compreendeu a especificidade das Ciências Humanas, sujeita a leis e comportamentos próprios. Indeterminismo histórico: sem leis preexistentes. b) Objeto – cada sociedade com importância própria. Homem como individuo com significado e especificidade, por conectar o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos. - No positivismo a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Para Wber não existe oposição entre individuo e sociedade porque as normas sociais só se concretizam quando se manifestam em cada individuo sob a forma de motivação, que lhe dá sentido, que é social na medida em que cada um age levando em conta a resposta dos demais indivíduos. c) Sentido: expressão da motivação individual, que se torna social em razão da interdependência. E as reações nem sempre são previsíveis. Cabe ao cientista prevê-las. Ex: carta. - Parcialidade na análise sociológica – não há a distância do objeto pregada por Durkheim. - Explicação será sempre parcial da realidade – Método da Reflexão. d) Tipo Ideal – cientista constrói um modelo com as características essenciais para comparar. e) A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo – filhos criados para o ensino especializado e o trabalho fabril, visando lucro, estudo técnico prevalecendo sobre o estudo humanístico. Relação entre sociedade e religião. Ethos – conjunto de costumes e hábitos fundamentais. No protestantismo esse conjunto era voltado ao capitalismo, em oposição à atitude contemplativa do catolicismo, voltado à oração, sacrifício e renúncia. Estudou ainda as relações entre o meio urbano e agrário e o acumulo de capital nas cidades.
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