Buscar

160_052912_OAB_2F_PROC_CIVIL_MATERIAL_EXECUCAO

Prévia do material em texto

OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
1 
EXECUÇÃO 
 
1) Noções gerais 
A execução, em suas diversas 
modalidades, objetiva satisfazer a obrigação 
definida em título executivo. Este título executivo, 
por sua vez, pode ter sido formado tanto em 
Juízo, por meio de uma sentença ou decisão 
interlocutória, ou fora dele, em razão da eficácia 
executiva de que são dotados alguns títulos de 
crédito ou contratos, como o de locação, por 
exemplo. 
A execução inicia-se e desenvolve-se 
sempre em benefício do credor da obrigação, por 
meio de atos de coerção, com a possibilidade de 
se impor multa ao devedor pelo não cumprimento 
da obrigação no prazo, ou ainda com a 
apropriação e eventual disposição dos bens do 
devedor, entre outras medidas. 
Porém, não são todas as obrigações 
que necessitam de um processo executivo 
autônomo para serem satisfeitas. 
Isto porque, a partir da modificação 
do CPC promovida pela Lei 8.953/94, o 
cumprimento das obrigações de fazer ou não 
fazer e de entregar coisa, definidas em títulos 
executivos judiciais (sentenças ou decisões 
interlocutórias, ainda que liminares), dá-se por 
meio do procedimento previsto nos artigos 461 e 
461-A do CPC. Ou seja, depois de prolatada a 
decisão que fixou a obrigação, desnecessária 
será a formação de nova relação processual 
porque a efetivação da obrigação ocorrerá no 
mesmo processo e de forma diversa da execução 
tradicional, pois poderá ser iniciada até mesmo 
de ofício pelo juiz. 
Esse tipo de provimento judicial, 
seguindo a classificação quinária proposta por 
Pontes de Miranda, tem eficácia executiva, pois 
confere autorização para que a decisão seja 
executada nos mesmos autos, sem a instauração 
de procedimento autônomo. 
Diverge, portanto, das sentenças 
condenatórias, que declaram a existência da 
obrigação, condenando o devedor ao seu 
cumprimento, e devem submeter-se ao 
procedimento executivo para serem satisfeitas, 
caso não cumpridas voluntariamente pelo 
devedor, e também das sentenças 
mandamentais, que emitem uma ordem de 
cumprimento à parte, sob pena de imposição de 
alguma medida coercitiva como multa ou prisão 
civil, e até mesmo de configuração de crime de 
desobediência. De acordo com a classificação 
referida, as sentenças podem ainda ser 
declaratórias ou constitutivas. 
Não se tratando, portanto, de 
obrigações de fazer ou não fazer e entregar coisa 
previstas em título judicial, a execução das 
demais obrigações previstas em títulos 
executivos pode se dar tanto em processo 
executivo específico, como em fase do processo 
de conhecimento. 
O sistema executivo originalmente 
previsto no Código de Processo Civil estabelecia 
um procedimento único de execução para os 
títulos executivos extrajudiciais e para as 
sentenças. Em ambos era necessário o 
ajuizamento de ação autônoma, o que causava 
uma demora excessiva, em flagrante prejuízo ao 
exequente. 
Foi a alteração promovida no CPC 
pela Lei 11.232/05 que trouxe a separação dos 
procedimentos ao estabelecer que as obrigações 
de pagar quantia definidas em título executivo 
judicial agora não mais são executadas em 
relação processual executiva autônoma, mas sim 
por meio de atos executivos a serem realizados 
em fase do mesmo processo, denominada de 
fase de “cumprimento da sentença”. Diante desta 
modificação, passou-se também a denominar de 
“sincrético” este processo que unificou o 
processo de conhecimento e o de execução, 
permitindo que a efetivação forçada do julgado 
seja feita como fase do mesmo processo. 
Porém, os títulos executivos que não 
foram formados em juízo, denominados de 
extrajudiciais (ainda que estipulem obrigação de 
fazer e não fazer ou entregar coisa), assim como 
alguns títulos judiciais (como a sentença penal 
condenatória, a sentença arbitral, a sentença 
estrangeira – art. 475-N do CPC – e a sentença 
condenatória proferida contra a Fazenda Pública 
– art. 730 e 731 do CPC), continuam a ser 
executadas por meio de processo executivo 
autônomo. 
Por fim, convém observar que a partir 
da Lei nº. 11.232/2005, o devedor não mais pode 
promover a denominada execução invertida, com 
o objetivo de citar o credor para vir receber seu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
2 
crédito. Assim, o devedor que desejar cumprir a 
obrigação prevista em título executivo 
extrajudicial deverá ajuizar a competente ação de 
consignação em pagamento. 
 
2) Princípios da ação executiva 
Além dos princípios gerais do direito 
processual, notadamente aqueles de previsão 
constitucional como o do devido processo legal, 
do contraditório e ampla defesa, entre outros, o 
procedimento executivo, por sua especificidade 
em relação aos demais procedimentos, ostenta 
princípios próprios, a saber: princípio da 
patrimonialidade, princípio da efetividade ou 
utilidade, princípio da disponibilidade e princípio 
da menor onerosidade. 
 
2.1) Princípio da patrimonialidade: 
De acordo com o art. 591 do CPC, o 
devedor responde, para o cumprimento de suas 
obrigações, com todos os seus bens, presentes e 
futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. 
Portanto, o devedor não poderá, salvo 
na hipótese de inadimplemento voluntário e 
inescusável de prestação alimentícia, como se 
verá adiante, sofrer qualquer restrição à sua 
liberdade em razão de descumprimento de suas 
obrigações, pois para a satisfação delas será 
atingido apenas o seu patrimônio. 
A responsabilidade patrimonial pelo 
cumprimento das obrigações será originária, 
quando for o patrimônio do próprio devedor que 
responderá pela dívida. 
Será, porém, secundária, quando o 
patrimônio de terceiros for atingido para 
satisfazer a obrigação do devedor. No entanto, 
por se tratar de medida excepcional, somente 
será atingido o patrimônio de terceiros nas 
hipóteses taxativamente previstas no art. 592 do 
CPC. Neste caso, mesmo não sendo devedores 
e não fazendo parte da relação executiva, os 
terceiros ali relacionados poderão ter seus bens 
atingidos. 
 Como ressalva o art. 591 do CPC, a 
hipótese de responsabilidade patrimonial 
secundária configura exceção ao princípio da 
patrimonialidade, a qual, como todas as 
restrições de direitos, deve estar expressamente 
previstas em lei e ser interpretada restritivamente. 
Como exceção ao princípio da 
patrimonialidade, temos a possibilidade de haver 
prisão civil por dívida nas hipóteses previstas no 
art. 5º, inciso LXVII, da Constituição Federal, 
relativas ao responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia 
e a do depositário infiel. Porém, é necessário 
observar que a Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa 
Rica), integrada em nosso ordenamento pelo 
Dec. nº 678, de 06 de novembro de 1992, e que, 
segundo o parágrafo 3º do art. 5º da CF, tem 
natureza equivalente a emenda constitucional, 
apenas permite a prisão civil por dívida do 
devedor de obrigação alimentícia. A respeito, o 
STF editou a súmula vinculante nº 25, 
pacificando a questão: “É ilícita a prisão civil de 
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade 
do depósito”. 
Há ainda algumas categorias de bens 
que não podem ser objeto de expropriação em 
execução. Com efeito, o art. 649 do CPC e a Lei 
8.009/90 relacionam diversos bens considerados 
impenhoráveis. 
Do mesmo modo, os bens públicos 
são também considerados impenhoráveis, 
devendo a execução contra a Fazenda Pública 
seguir o regime de precatórios, a ser estudado 
oportunamente. 
Não havendo bens do devedor ou de 
terceiros responsáveis para responder pela 
obrigação, deverá a execução ser suspensa, nos 
termos do art. 791, inciso III, do CPC. 
 
2.2) Princípio da efetividade e utilidade da 
execuçãoConforme já dito, a execução inicia-se 
e desenvolve-se sempre em benefício do credor 
da obrigação definida em título executivo. Desse 
modo, no curso da execução, deverão ser 
penhorados tantos bens quantos bastem para o 
pagamento do principal atualizado, juros, custas 
e honorários advocatícios (CPC, art. 659). 
Porém, com o intuito de não tornar 
inútil o procedimento e apenas trazer prejuízo ao 
devedor, ressalva o § 2º do art. 659 que não se 
levará a efeito a penhora, quando for evidente 
que o produto da execução dos bens 
encontrados será totalmente absorvido pelo 
pagamento das custas da execução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
3 
A fim de se trazer efetividade ao 
procedimento executivo, autoriza-se que o credor 
também execute provisoriamente os títulos 
executivos judiciais ainda não transitados em 
julgado, bem como a solicite a aplicação de multa 
diária na hipótese de não cumprimento da 
obrigação de fazer e não fazer e entregar coisa 
previstas em título executivo extrajudicial, dentre 
outras medidas. 
 
2.3) Princípio da disponibilidade 
Considerando que a execução é 
instaurada a pedido e em benefício do credor, 
inevitável que dela possa dispor, quando for de 
seu interesse. Poderá também dispor apenas de 
algumas medidas executivas, como a penhora de 
determinado bem, por exemplo, sem que tal ato 
acarrete a extinção do feito. Tal permissão, 
ademais, consta expressamente do art. 569 do 
CPC, que prevê: o credor tem a faculdade de 
desistir de toda a execução ou de apenas 
algumas medidas executivas. 
 
2.4) Princípio da menor onerosidade 
Tal princípio está inserto no art. 620 
do CPC e determina que se houver vários meios 
de o credor promover a execução, o juiz mandará 
que se faça pelo modo menos gravoso para o 
devedor, mas desde que a execução não se 
torne mais gravosa para o credor. 
 
3) Legitimidade ad causam para a execução 
3.1) Legitimidade ativa 
É apenas o credor que detém 
legitimidade ordinária para promover a execução 
(CPC, art. 566, inciso I). Tal condição, ademais, 
deve constar expressamente do título executivo 
que se pretende executar. E se o credor for 
menor, deverá estar representado ou assistido. 
O Ministério Público, se não figurar 
como credor no título executivo (hipótese em que 
terá legitimidade ordinária), poderá, quando 
autorizado por lei, promover a execução, 
postulando direito alheio em nome próprio (CPC, 
art. 566, inciso II). Neste caso, sua legitimidade 
será extraordinária. Como exemplo, temos a 
possibilidade de o Ministério Público executar a 
sentença condenatória proferida em ação coletiva 
movida por outro legitimado, quando este não a 
promover no tempo devido. 
Quando a condição de credor for 
transferida a outra pessoa, em razão de “causa 
mortis” ou negócio “inter vivos”, poderá este 
terceiro, na condição de legitimado derivado, 
sucessivo ou superveniente, promover ou 
prosseguir com a execução. Também não 
podemos confundir a legitimação derivada com a 
legitimação extraordinária, uma vez que na 
legitimação derivada não será postulado direito 
alheio em nome próprio, mas sim direito da 
própria pessoa que, embora não figure como 
credor no título executivo, teve para si 
transferidos os direitos do credor primitivo. 
O art. 567 do CPC prevê os seguintes 
legitimados derivados para a promoção ou 
prosseguimento da execução: 
I - o espólio, os herdeiros ou os 
sucessores do credor, sempre que por morte 
deste, lhes for transmitido o direito resultante do 
título executivo; 
Nessa hipótese, cumpre observar 
apenas que a legitimidade do espólio surge com 
a abertura do processo de inventário ou 
arrolamento e finda-se com a partilha, devendo 
sempre ser representado pelo inventariante. 
II - o cessionário, quando o direito 
resultante do título executivo lhe foi transferido 
por ato entre vivos; 
O ato negocial de cessão de crédito 
deverá ser escrito (CC, art. 288), sendo as 
consequências e responsabilidades do cedente e 
cessionário reguladas pela lei civil. 
III - o sub-rogado, nos casos de sub-
rogação legal ou convencional. 
Dá-se sub-rogação quando um 
terceiro paga a dívida e assume a posição do 
primitivo credor, podendo cobrá-la mediante 
execução. As hipóteses de sub-rogação estão 
previstas nos artigos 346 e 347 do Código Civil. 
 
3.2) Legitimidade passiva 
Em regra, terá legitimidade para 
figurar no pólo passivo da ação de execução o 
devedor, assim reconhecido como tal no título 
executivo (CPC, art. 568, inciso I). Sua 
legitimidade, portanto, será ordinária. 
Porém, quando a condição de 
devedor for transferida, em razão de “causa 
mortis” ou negócio “inter vivos”, para um terceiro, 
este, na condição de legitimado derivado, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
4 
sucessivo ou superveniente, poderá ser também 
executado. Os incisos II e III do art. 568 do CPC 
dispõem, a respeito, que o espólio, os herdeiros 
ou os sucessores do devedor, assim como o 
novo devedor, que assumiu, com o 
consentimento do credor, a obrigação resultante 
do título executivo, são legitimados passivos à 
execução. 
Também poderá ser demandado em 
execução o fiador que assumiu em Juízo o 
compromisso de garantir o cumprimento da 
obrigação, ainda que não tenha feito parte do 
título executivo (CPC, art. 568, inciso IV). Nesta 
hipótese, a responsabilidade será extraordinária, 
pois responderá em nome próprio por débito 
alheio. 
Com relação à fiança convencional, o 
fiador somente poderá ser demandado 
diretamente se sua obrigação estiver prevista em 
título executivo extrajudicial; se a garantia estiver 
prevista em qualquer outro documento que não 
se revista da qualidade de título executivo, sua 
responsabilidade deverá ser primeiramente 
apurada em processo de conhecimento. Convém 
observar que este entendimento não afronta o 
disposto na Súmula 268 do STJ, que prevê que 
“o fiador que não integrou a relação processual 
de despejo não responde pela execução do 
julgado”, porque neste caso executa-se a 
sentença, proferida em relação processual da 
qual não fez parte o fiador, motivo pelo qual os 
efeitos da sentença não o alcançam. 
O responsável tributário, assim 
definido em legislação própria, também é 
considerado legitimado passivo extraordinário 
para a ação executiva, nos termos do art. 568, 
inciso V, pois responderá por débito alheio, como 
nos casos do inventariante, relativamente aos 
débitos do espólio (CTN, art. 134, IV). 
 
3.3) Litisconsórcio 
É plenamente admissível na 
execução a formação de litisconsórcio, seja ativo, 
passivo ou misto, assim como originário ou 
superveniente. E embora seja normalmente 
facultativa a formação de litisconsórcio na 
execução, não há qualquer impedimento na 
formação de litisconsórcio necessário, se o tipo 
da obrigação o exigir. 
 
3.4) Intervenção de terceiros na execução 
Considerando que a oposição, a 
nomeação à autoria, a denunciação da lide e o 
chamamento ao processo são hipóteses de 
intervenção de terceiro utilizáveis na formação do 
título executivo judicial, não têm cabimento na 
execução. 
Com relação à assistência, sua 
admissibilidade é polêmica na doutrina pois não 
haverá sentença a beneficiar juridicamente o 
terceiro. Porém, diante da redação do art. 834 do 
Código Civil, há quem admita o ingresso do fiador 
como assistente do credor (CC, art. 834:“Quando 
o credor, sem justa causa, demorar a execução 
iniciada contra o devedor, poderá o fiador 
promover-lhe o andamento”). 
 
4) Pressupostos processuais do processo 
executivo 
Além dos pressupostos processuais 
comuns a todos os procedimentos (classificados 
como pressupostos de existência: a)existência 
de demanda; b) investidura do órgão jurisdicional; 
c) citação válida; ou de pressupostos de validade 
positivos: a) petição inicial apta; b) competência 
do juízo; c) imparcialidade do juiz; d) capacidade 
de ser parte ou capacidade civil; e) capacidade 
de estar em juízo (ou capacidade processual ou 
“legitimatio ad processum”); f) capacidade 
postulatória; ou ainda chamados de pressupostos 
de validade negativos, que devem estar ausentes 
da relação processual: a) litispendência; b) coisa 
julgada; c) perempção), no processo executivo 
temos pressupostos específicos, relativos à 
obrigação que pode ser objeto de execução. 
De acordo com o art. 580 do CPC, 
somente pode ser instaurado procedimento 
executivo quando visar satisfazer obrigação 
certa, líquida, exigível e consubstanciada em 
título executivo. 
Certa é a obrigação que apresenta 
claramente definidos quem são seus sujeitos 
(credor e devedor), a natureza da prestação (que 
pode ser de pagar quantia, de fazer ou não fazer, 
ou de entregar coisa), bem como o objeto desta 
prestação. 
Líquida é a obrigação que tem 
determinado e mensurado o objeto da prestação 
(“quantum debeatur”), por meio da indicação da 
quantidade ou valor, por exemplo. Ademais, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
5 
também será líquida a obrigação cujo objeto 
possa ser apurável por meio de cálculos 
aritméticos (como o saldo devedor de aluguel não 
pago, que é acrescido de multa e juros 
predefinidos no contrato). Ilíquida, por outro lado, 
é a obrigação que depende da prova de fatos 
para sua mensuração. Neste sentido a súmula 
233 do STJ: “o contrato de abertura de crédito, 
ainda que acompanhado de extrato da conta-
corrente, não é título executivo”. 
O título executivo, por sua vez, será 
exigível, com o inadimplemento da obrigação ou 
com a constituição em mora do devedor, quando 
esta for imprescindível (mora “ex persona”). O art. 
581 do CPC ainda autoriza o credor a iniciar a 
execução quando a prestação oferecida não 
corresponder ao direito ou à obrigação, ou seja, 
quando houver cumprimento imperfeito. Porém, 
não será permitida a execução do cumprimento 
de uma obrigação recíproca se a parte que a 
requerer não tiver cumprido sua contraprestação 
(neste sentido o art. 582 do CPC: “em todos os 
casos em que é defeso a um contraente, antes 
de cumprida a sua obrigação, exigir o implemento 
da do outro, não se procederá à execução, se o 
devedor se propõe a satisfazer a prestação, com 
meios considerados idôneos pelo juiz, mediante a 
execução da contraprestação pelo credor, e este, 
sem justo motivo, recusar a oferta”). 
Necessário também que referidos 
pressupostos sejam identificáveis no título 
executivo, motivo pelo qual exige-se a 
apresentação do instrumento respectivo para que 
se inicie a execução. 
Por fim, não estando preenchidos os 
pressupostos para a execução, acima estudados, 
a execução deve ser declarada nula, nos termos 
do art. 618 do CPC, que dispõe: “Art. 618 - É nula 
a execução: I - se o título executivo extrajudicial 
não corresponder a obrigação certa, líquida e 
exigível; II - se o devedor não for regularmente 
citado; III - se instaurada antes de se verificar a 
condição ou de ocorrido o termo, nos casos do 
artigo 572”. 
 
5) Título executivo 
Título executivo não se confunde com 
título de crédito. Título executivo é o documento 
que autoriza que se promova a ação executiva ou 
que se inicie a fase do cumprimento de sentença, 
tendo, portanto, natureza processual. Título de 
crédito, por seu turno, são os documentos 
representativos de uma obrigação de direito 
material e conceituados por Cesare Vivante como 
o documento necessário para o exercício do 
direito, literal e autônomo, nele mencionado. Nem 
todos os títulos executivos, porém, são títulos de 
crédito, da mesma forma que nem todos os 
títulos de créditos podem ser considerados títulos 
executivos. 
Os títulos executivos, por sua origem, 
são classificados como títulos judiciais ou 
extrajudiciais. 
 
5.1) Títulos Executivos Judiciais 
Os títulos executivos judiciais 
emanam de pronunciamento judicial que impõe 
uma obrigação ao devedor que, não sendo 
cumprida, enseja execução. 
O art. 475-N do CPC relaciona os 
títulos executivos judiciais: 
Inciso I - a sentença proferida no 
processo civil que reconheça a existência de 
obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou 
pagar quantia; 
Todas as sentenças que tenham 
eficácia condenatória podem ser objeto de 
execução, independentemente da natureza da 
obrigação (obrigação de fazer, não fazer, 
entregar coisa ou pagar quantia). Não podemos 
olvidar que as sentenças declaratórias e 
constitutivas também podem ser objeto de 
execução, na parte relativa à condenação ao 
pagamento das verbas de sucumbência. 
Quanto às obrigações de pagar 
quantia definidas em título executivo judicial, sua 
execução ocorre no bojo do próprio processo de 
conhecimento numa fase chamada de 
“cumprimento de sentença”. Tratando-se de 
obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, a 
execução se dará conforme o procedimento 
previsto nos artigos 461 e 461-A do CPC, por 
meio da concessão da tutela específica ou 
mediante providências que assegurem o 
resultado prático equivalente ao do 
adimplemento. 
II - a sentença penal condenatória 
transitada em julgado; 
A sentença penal, ainda que não faça 
expressa menção à condenação do acusado à 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
6 
reparação dos danos causados à vítima, é 
considerada título executivo em benefício desta. 
No entanto, normalmente será necessário que se 
faça prévia liquidação para apuração do 
montante devido (“quantum debeatur”), por meio 
do processo de liquidação, antes de se iniciar o 
processo executivo. Incabível, porém, será a 
rediscussão da culpa do acusado (“an debeatur”). 
Ademais, a sentença penal 
condenatória será liquidada e executada não no 
bojo do procedimento criminal em que proferida, 
mas perante o juízo cível competente (CPC, art. 
575, inciso IV). 
Convém também observar que as 
instâncias cível e criminal são independentes, 
embora se intercomuniquem. Ou seja, 
reconhecida a responsabilidade do acusado, 
incabível a rediscussão do assunto na esfera 
cível, motivo pelo qual se já houver ação cível de 
ressarcimento dos danos em andamento, passar-
se-á diretamente à fase de liquidação. Porém, se 
a ação de reparação de danos já tiver sido 
julgada improcedente e sobrevier sentença 
condenatória na esfera criminal, caberá à vítima 
apenas ajuizar ação rescisória da sentença cível, 
diante da coisa julgada formada. Tal 
posicionamento, porém, não é pacífico na 
doutrina, havendo também aqueles que reputam 
prevalecer a sentença criminal, já que o CPC a 
considera título executivo judicial 
independentemente da apreciação da questão no 
juízo cível. 
III - a sentença homologatória de 
conciliação ou de transação, ainda que inclua 
matéria não posta em juízo; 
Havendo acordo entre as partes 
durante a tramitação de um processo (ainda que 
tenha a natureza de conciliação, transação, 
reconhecimento jurídico do pedido ou renúncia 
ao direito postulado e mesmo que verse sobre 
matéria diversa daquela que se discute nos 
autos), e sendo o pacto homologado, a sentença 
respectiva será considerada título executivo 
judicial e poderá ser executada nos mesmos 
autos em que proferida, se houver 
descumprimento por qualquer das partes. 
IV - a sentença arbitral; 
A sentença arbitral, quando 
condenatória, é considerada título executivo 
judicial, ainda que não homologada por juiz, nos 
termos do art. 18 e 31 da Lei 9.307/96. 
Sua execução, porém, somentepoderá ser feita pelo Poder Judiciário, no juízo 
competente (CPC, art. 575, inciso IV). 
V - o acordo extrajudicial, de qualquer 
natureza, homologado judicialmente; 
Os acordos extrajudiciais de qualquer 
natureza podem também ser levados à juízo para 
homologação, se nenhum vício de forma ou 
validade o macular, valendo a sentença como 
título executivo judicial. Tal autorização repete 
aquela prevista no art. 57 da Lei 9.099/95. 
VI - a sentença estrangeira, 
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 
A necessidade de homologação da 
sentença estrangeira, assim como a competência 
do Superior Tribunal de Justiça para tal 
apreciação, está prevista na Constituição 
Federal, art. 105, inciso I, alínea “i”, da mesma 
forma que a competência da Justiça Federal para 
sua execução, depois de homologada (CF, art. 
109, inciso X). 
Com relação aos títulos executivos 
extrajudiciais oriundos de país estrangeiro, de 
acordo com o § 2º do art. 585 do CPC não é 
exigível qualquer homologação para que tenham 
eficácia executiva, bastando que satisfaçam aos 
requisitos de formação exigidos pela lei do lugar 
de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar 
de cumprimento da obrigação. 
VII - o formal e a certidão de partilha, 
exclusivamente em relação ao inventariante, aos 
herdeiros e aos sucessores a título singular ou 
universal. 
Tendo em vista que o formal de 
partilha somente tem força executiva em relação 
às pessoas nele mencionadas, se algum bem 
adjudicado estiver na posse de terceiro, será 
necessária ação de conhecimento para propiciar 
a transferência da posse. 
 
5.2) Títulos Executivos Extrajudiciais 
De acordo com o art. 585 do CPC, 
são títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota 
promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; 
Os títulos de crédito referidos são 
considerados títulos executivos extrajudiciais e, 
desde que satisfeitos os requisitos específicos de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
7 
prazo e forma previstos na legislação própria, 
poderão embasar ação executiva. Relativamente 
ao cheque e a nota promissória, regulados 
respectivamente pela Lei 7.357/85 e pela Lei 
Uniforme – Dec. nº 57.663/66, não há 
necessidade de prévio protesto para serem 
executados, a menos que se pretenda cobrá-los 
de endossadores ou avalistas. Quanto à 
duplicata, regulada pela Lei 5.474/68, necessita 
da aceitação do sacado para que tenha força 
executiva. Do contrário, deverá estar protestada 
e acompanhada do comprovante de entrega da 
mercadoria ou da prestação do serviço, desde 
que não tenha havido recusa. Também a letra de 
câmbio deve ser aceita pelo sacado para que, 
contra ele, seja movida a ação executiva; não 
havendo aceite, a cobrança contra o sacador e 
endossadores dependerá de prévio protesto, nos 
termos previstos na Lei Uniforme. 
II - a escritura pública ou outro 
documento público assinado pelo devedor; o 
documento particular assinado pelo devedor e 
por duas testemunhas; o instrumento de 
transação referendado pelo Ministério Público, 
pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos 
transatores; 
Tratando-se de escritura pública, 
bastará a assinatura do devedor, assumindo o 
dever de cumprir a prestação (seja de pagar 
quantia, entregar coisa fungível ou infungível, ou 
de fazer e não fazer), para que seja considerado 
título executivo. Tratando-se de documento 
particular, exige-se também a assinatura de duas 
testemunhas. Quando a transação extrajudicial 
for referendada pelo Ministério Público, pela 
Defensoria Pública ou pelos advogados das 
partes, desnecessária será a assinatura de 
testemunhas. 
III - os contratos garantidos por 
hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como 
os de seguro de vida; 
Com relação a este dispositivo, 
necessário ponderar que os contratos de seguro 
de vida com cobertura de acidentes pessoais que 
resulte incapacidade não podem ser executados 
porque necessária será a análise do grau de 
incapacidade do segurado para aferição do 
montante da indenização, motivo pelo qual não 
são considerados líquidos. Somente os seguros 
de vida que visam à cobrança da indenização por 
morte podem ser executados. 
IV - o crédito decorrente de foro e 
laudêmio; 
A obrigação do enfiteuta de pagar o 
foro anual, assim como o laudêmio que deve ser 
recolhido toda vez que o domínio útil do imóvel 
objeto da enfiteuse for transferido, também 
constituem-se créditos que podem ser exigidos 
por meio de ação executiva. 
V - o crédito, documentalmente 
comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, 
bem como de encargos acessórios, tais como 
taxas e despesas de condomínio; 
Desde que seja escrito, o contrato de 
locação pode ser executado, ainda que não 
tenha sido também subscrito por duas 
testemunhas. E considerando a expressão 
“documentalmente comprovado”, empregada no 
inciso, admite-se também a execução de crédito 
decorrente de locação reconhecido 
documentalmente, ainda que a contratação tenha 
sido verbal. Quanto aos acessórios, é lícita a 
cobrança, por meio de ação executiva, das taxas 
de luz, água e despesas de condomínio. Não 
poderão ser cobradas, porém, as despesas 
relativas à reforma do imóvel feita quando da 
desocupação, posto que tal quantia não se 
mostra líquida. 
VI - o crédito de serventuário de 
justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, 
quando as custas, emolumentos ou honorários 
forem aprovados por decisão judicial; 
As verbas fixadas incidentalmente 
nos feitos em que os auxiliares da justiça prestam 
serviço são consideradas título executivo 
extrajudicial e passíveis de execução em 
processo autônomo. Ainda que fixados pelo juiz, 
não são considerados pela lei como créditos 
decorrente de título executivo judicial, embora 
haja na doutrina, a exemplo de Cândido Rangel 
Dinamarco, quem defenda terem natureza de 
título executivo judicial porque fixadas no bojo do 
processo. 
VII - a certidão de dívida ativa da 
Fazenda Pública da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, 
correspondente aos créditos inscritos na forma 
da lei; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
8 
O crédito referido neste inciso será 
cobrado em execução fiscal, regulada pela Lei 
6.830/80. 
VIII - todos os demais títulos a que, 
por disposição expressa, a lei atribuir força 
executiva. 
Como exemplos de títulos executivos 
previstos em legislação especial, temos o 
contrato de alienação fiduciária em garantia e o 
contrato escrito de honorários advocatícios (Lei 
8.906/94, art. 24). 
 
6) Competência 
A competência para o processamento 
da ação executiva deve ser estudada 
separadamente para os títulos executivos 
judiciais e extrajudiciais, podendo ora ser 
absoluta, ora relativa. 
 
6.1) Competência para execução de título 
judicial 
O art. 475-P e o art. 575, ambos do 
CPC, em seus incisos I e II, determinam que o 
cumprimento da sentença deve ocorrer no 
tribunal ou juízo que processou a causa, 
tratando-se, no primeiro caso, de competência 
originária do tribunal, e no segundo, de causa 
iniciada no primeiro grau de jurisdição. Funcional, 
portanto, deve ser considerado este critério de 
fixação de competência. 
Porém, tratando-se de sentença penal 
condenatória, sentença arbitral ou sentença 
estrangeira, a competência será relativa, e 
deverá observar o critério territorial previsto para 
o processo de conhecimento (CPC, art. 475-P e 
art. 575, inciso IV), observando-se que a 
execução da sentença estrangeira tramitará 
perante a Justiça Federal (CF, art. 109, inciso X). 
Isto porque não há processo civil de 
conhecimento prévio nestes casos, a gerar a 
prevenção dojuízo. Também é certo que, nestas 
hipóteses, necessária será a formação de 
processo autônomo de liquidação, se o caso, e 
de execução. 
Relevante exceção está prevista no 
parágrafo único do art. 457-P, que admite a 
opção do credor pelo processamento da 
execução no juízo onde se encontram os bens 
sujeitos à expropriação ou no juízo do atual 
domicílio do executado, casos em que a remessa 
dos autos do processo será solicitada ao juízo de 
origem. Como se vê, a lei facultou apenas ao 
credor, nos casos por ela especificados, a 
possibilidade de ajuizar a execução em foro 
diverso do juízo onde se processou a ação de 
conhecimento em primeiro grau. Nessa hipótese, 
reconhecendo-se competente, o juízo da 
execução solicitará a remessa dos autos da ação 
de conhecimento ao juízo de origem. 
 
6.2) Execução de título extrajudicial 
A competência para o ajuizamento da 
ação de execução de título extrajudicial é relativa 
e observa os mesmos critérios utilizados para a 
fixação da competência no processo de 
conhecimento, dentre os quais estabelecemos a 
seguinte ordem: primeiramente o foro de eleição 
indicado pelas partes contratualmente (CPC, art. 
111); em segundo lugar o foro do local indicado 
como de pagamento (CPC, art. 100, inciso IV, 
alínea “d”); e por último o foro de domicílio do réu 
(CPC, art. 94). 
 
6.3) Execução fiscal 
A execução fiscal, de acordo com o 
art. 578 do CPC, será proposta no foro do 
domicílio do devedor ou, se não o tiver, no foro 
de sua residência ou no local onde for 
encontrado, ressalvando o parágrafo único que, 
havendo mais de um devedor, a Fazenda Pública 
poderá escolher o foro do domicílio de qualquer 
deles. Também poderá a ação ser proposta no 
foro do lugar em que se praticou o ato ou ocorreu 
o fato que deu origem à dívida, embora nele não 
mais resida o devedor, ou, ainda, no foro da 
situação dos bens, quando a dívida deles se 
originar. 
 
7) Responsabilidade patrimonial 
Nos termos do art. 591 do CPC, é o 
patrimônio do devedor que responderá pelo 
cumprimento de suas obrigações, não se 
olvidando que há certos bens que não podem ser 
penhorados, a exemplo daqueles relacionados no 
art. 649 do CPC. Neste caso, classifica-se a 
responsabilidade patrimonial do devedor de 
originária. 
Será, porém, secundária a 
responsabilidade patrimonial quando o patrimônio 
de terceiros vem a ser atingido para satisfazer a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
9 
obrigação do devedor. As hipóteses de 
responsabilidade patrimonial secundária estão 
relacionadas no art. 592 do CPC. Vejamos: 
Inciso I: ficam sujeitos à execução os 
bens do sucessor a título singular, tratando-se de 
execução fundada em direito real ou obrigação 
reipersecutória (inciso I do art. 592). 
Nesse caso, o devedor aliena bem 
cuja propriedade se discute em processo de 
conhecimento. Ficando vencido nesta demanda, 
o bem alienado a terceiro poderá ser objeto da 
execução a ser promovida posteriormente, 
mesmo que já esteja na posse do terceiro 
adquirente. A respeito da segunda hipótese (de 
execução fundada em obrigação reipersecutória), 
e também a título de exemplo, ficará sujeito à 
execução e passível de apreensão o bem 
alienado a terceiro no curso de processo que visa 
rescindir o contrato primitivo de compra e venda 
que transferiu a propriedade do bem ao vendedor 
que está sendo executado; isto porque, sendo 
acolhida a pretensão daquele que vendeu 
primitivamente o bem, ineficaz será a segunda 
venda feita a terceiro, posto que realizada no 
curso do processo que objetivava a rescisão do 
contrato originário. Não podemos deixar de 
observar que referidas hipóteses se equiparam 
àquelas de fraude à execução, previstas no 
inciso V, deste mesmo artigo. 
II - do sócio, nos termos da lei; 
Dependendo do tipo de sociedade 
formada, os sócios podem ser solidariamente 
responsáveis pelas dívidas da pessoa jurídica, 
como nos casos de sociedades de fato, 
sociedade em nome coletivo, entre outras. 
Também poderá haver a desconsideração da 
personalidade jurídica da sociedade, a fim de se 
estender aos sócios a responsabilidade pelo 
pagamento das dívidas sociais, ainda que 
tenham sua responsabilidade limitada 
contratualmente. Esta última hipótese ocorre nos 
casos em que houver abuso da personalidade 
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, 
ou pela confusão patrimonial, nos termos do art. 
50 do Código Civil. 
III - do devedor, quando em poder de 
terceiros; 
Nos termos do art. 591 do CPC, o 
devedor responderá com a totalidade de seus 
bens pelas dívidas que contrair, ainda que 
estejam na posse de terceiros. Desnecessária a 
ressalva feita neste artigo pois, mesmo na posse 
de terceiro, o bem continua sendo do devedor. 
IV - do cônjuge, nos casos em que os 
seus bens próprios, reservados ou de sua 
meação respondem pela dívida; 
Ficam sujeitos à execução não 
somente os bens particulares do devedor e os 
comuns que não ultrapassem sua meação, mas 
também os próprios do cônjuge e os que 
superarem a meação do devedor, desde que a 
dívida executada tenha beneficiado a família. E 
por ser presumível que a dívida contraída pelo 
cônjuge verte-se em benefício da família ou do 
casal, cabe ao cônjuge do devedor provar que 
não se beneficiou. 
Havendo penhora de bens cujo 
montante ultrapasse a meação do devedor, 
caberá ao cônjuge opor embargos de terceiro 
visando à desconstituição da constrição. Caso 
admita, ainda que implicitamente, que a dívida 
beneficiou a ambos, e tenha interesse em discuti-
la, também poderá opor embargos do devedor. 
Por fim, sendo feita a penhora sobre 
bem indivisível, a meação do cônjuge alheio à 
execução recairá sobre o produto da alienação 
do bem, nos termos do art. 655-B do CPC. 
V - alienados ou gravados com ônus 
real em fraude de execução. 
Também ficam sujeitos à penhora os 
bens que foram vendidos pelo devedor em fraude 
à execução, frustrando, portanto, o pagamento 
da dívida, ainda que estes bens estejam na 
posse de terceiros. 
Considera-se em fraude à execução a 
alienação ou oneração de bens que ocorrerem 
nas hipóteses do art. 593 do CPC, ou seja: 
quando sobre os bens pender ação fundada em 
direito real (inciso I); quando, ao tempo da 
alienação ou oneração, corria contra o devedor 
demanda capaz de reduzi-lo à insolvência (inciso 
II); e nos demais casos previstos em lei (inciso 
III). 
Embora o instituto seja denominado 
“fraude à execução”, não se exige que a 
alienação ou oneração ocorra na pendência de 
ação de execução, bastando que esteja pendente 
ação de conhecimento e que o devedor já tenha 
sito citado nesta ação, conforme entendimento 
majoritário no STJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
10 
Havendo alienação fraudulenta do 
bem que é objeto de ação fundada em direito 
real, e no curso desta ação, não se dá o ingresso 
do terceiro adquirente nos autos, tendo o feito 
prosseguimento contra o alienante, sendo certo 
ainda que a sentença a ser proferida também 
entre as partes originárias estenderá seus efeitos 
ao adquirente, nos termos do art. 42 do CPC. 
Na hipótese de alienação que reduza 
o devedor à insolvência, o reconhecimento da 
fraude à execução não permite a alteração da 
titularidade das partes, mas apenas a penhora do 
bem alienado fraudulentamente. Convém frisar 
que não se declara a nulidade da venda do bem, 
mas apenas a ineficácia, perante o credor, desta 
negociação fraudulenta. 
Não se deve confundir também a 
fraude à execução com a fraude contra credores 
(prevista nos artigos 158 e seguintes do Código 
Civil), a qual deve ser reconhecida em ação 
própria (chamada ação pauliana), a ser movida 
pelo credortanto contra o devedor alienante 
como contra o terceiro adquirente, e que exige a 
comprovação não só do fato de a alienação ter 
reduzido o devedor à insolvência (“eventus 
damni”), quando da ciência do adquirente desta 
intenção do devedor de prejudicar o credor 
(“consilium fraudis”). 
E embora o art. 593 do CPC não exija 
a comprovação do “consilium fraudis” para o 
reconhecimento da fraude à execução, mas 
apenas o “eventus damni”, o STJ, por meio de 
sua súmula nº 375, firmou o entendimento de que 
é imprescindível a ciência do adquirente, ainda 
que presumida, do ajuizamento de ação fundada 
em direito real ou capaz de reduzir o devedor à 
insolvência. Isto porque, de acordo com a súmula 
375 do STJ: “O reconhecimento da fraude de 
execução depende do registro da penhora do 
bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro 
adquirente”. 
Relativamente ao conhecimento da 
ação por parte de terceiros, o art. 615-A trouxe 
importante inovação ao permitir que o exequente, 
no ato da distribuição, obtenha certidão do 
ajuizamento da execução para fins de averbação 
no registro de imóveis, de veículos ou de outros 
bens, que fará presumir em fraude à execução a 
alienação ou oneração de bens efetuada após a 
averbação, nos termos de seu parágrafo terceiro. 
8) Espécies de execução 
A execução é classificada como 
definitiva ou provisória, conforme veremos 
separadamente. 
 
9.1) Definitiva 
Definitiva é a execução cujo título 
executivo não corre risco de se tornar inexigível 
por força de reforma de decisão anterior que 
autorizou o início da execução. 
Portanto, a execução dos títulos 
executivos extrajudiciais será definitiva (CPC, art. 
587, 1ª parte), assim como a execução das 
sentenças já transitadas em julgado (CPC, art. 
475-I, § 1º, primeira parte). 
 
9.2) Provisória 
No entanto, provisória será a 
execução de título executivo judicial ainda não 
transitado em julgado, ou seja, cuja sentença foi 
impugnada por recurso ao qual não foi atribuído 
efeito suspensivo (CPC, art. 475-I, § 1º, segunda 
parte). 
Também será provisória a execução 
de título executivo extrajudicial quando interposta 
apelação contra a sentença de improcedência 
dos embargos que foram recebidos com efeito 
suspensivo (CPC, art. 587, 2ª parte). Neste caso, 
a execução do título executivo extrajudicial 
iniciou-se de forma definitiva; porém, com a 
oposição de embargos, recebidos com efeito 
suspensivo (CPC, art. 739-A, § 1º), a execução 
teve sobrestado seu andamento, que somente 
voltará a tramitar quando os embargos forem 
julgados improcedentes; sendo, porém, a 
sentença de improcedência dos embargos 
atacada por recurso de apelação (que sempre 
será recebida no efeito devolutivo, nos termos do 
art. 520, V, do CPC), a execução poderá 
novamente prosseguir, mas de forma provisória e 
não definitiva, como originalmente iniciou-se. 
Cumpre ainda observar que a redação deste art. 
587, alterada pela Lei nº 11.382/2006, revogou 
parcialmente a súmula 317 do STJ que definia 
como definitiva a execução de título extrajudicial, 
ainda que pendente apelação contra sentença 
que julgasse improcedentes os embargos. 
Igualmente provisória será a 
execução das decisões interlocutórias, como a de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
11 
antecipação de tutela, visto que poderão ser 
cassadas quando do julgamento definitivo. 
E diante da possibilidade de reforma 
da decisão que autoriza a execução provisória, 
esta somente se iniciará por requerimento do 
credor, e correrá por sua conta e risco, visto que 
deverá ressarcir o executado dos danos que este 
sofrer, se a sentença for reformada (CPC, art. 
475-O, inciso I). Mesmo que seja provisória a 
execução, não se encontra vedado o 
levantamento de depósito em dinheiro ou a 
prática de atos que importem alienação de 
propriedade ou dos quais possa resultar grave 
dano ao executado, mas a prática de tais atos 
dependem de prestação de caução suficiente e 
idônea nos próprios autos, arbitrada de plano 
pelo juiz (CPC, art. 475-O, inciso II), que somente 
poderá ser dispensada nas hipóteses do 
parágrafo segundo do mesmo artigo: I - quando, 
nos casos de crédito de natureza alimentar ou 
decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta 
vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente 
demonstrar situação de necessidade; II - nos 
casos de execução provisória em que penda 
agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal 
Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (artigo 
544), salvo quando da dispensa possa 
manifestamente resultar risco de grave dano, de 
difícil ou incerta reparação. 
 A execução definitiva, por fim, 
tramitará nos autos principais (seja no mesmo 
processo em que formado o título, ou em 
processo autônomo de execução), enquanto a 
provisória em autos apartados, por meio da 
chamada carta de sentença (CPC, art. 475-O, § 
3º), já que os autos principais serão remetidos à 
instância superior para julgamento do recurso 
pendente. Exceção se faz à execução provisória 
de título extrajudicial, que não necessita de carta 
de sentença, posto que os embargos julgados 
improcedentes e que foram impugnados por 
recurso, correm em autos apartados (CPC, art. 
736, parágrafo único). 
 
10) Cumulação de execuções 
De acordo com o art. 573 do CPC: “É 
lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, 
cumular várias execuções, ainda que fundadas 
em títulos diferentes, desde que para todas elas 
seja competente o juiz e idêntica a forma do 
processo”. Portanto, para que haja cumulação de 
execuções, o credor e o devedor devem ser os 
mesmos, o juízo competente para o 
processamento de todas, assim como idêntico o 
procedimento executivo. Desse modo, é possível 
o mesmo credor executar, contra o mesmo 
devedor, dois títulos executivos extrajudiciais que 
contenham previsão de pagar quantia. Se um dos 
títulos, porém, contiver obrigação de entregar 
coisa, por exemplo, incabível será a cumulação. 
Também não se admite cumulação de 
execuções quando se tratar de título executivo 
judicial, diante da competência funcional que 
apresentam. 
 
11) Espécies de execução 
É a natureza da obrigação prevista no 
título executivo que determina a espécie de 
execução a ser utilizada, dentre as diversas que 
são previstas e reguladas pelo CPC. Se a 
obrigação não cumprida for de dar coisa certa ou 
incerta, o procedimento a ser adotado será 
aquele da execução para entrega de coisa (CPC, 
arts. 621/631); se a obrigação, por sua vez, for de 
fazer ou não fazer, empregado será o 
procedimento da execução das obrigações de 
fazer e não fazer (CPC, arts. 632/645). Por fim, 
tratando-se de obrigação de pagar quantia, 
diversas são as espécies de execução 
existentes, vejamos: execução por quantia certa 
contra devedor solvente (CPC, arts. 646/724), 
execução por quantia certa contra devedor 
insolvente (CPC, arts. 748/786-A), execução 
contra a Fazenda Pública (CPC, arts. 730/731), 
execução de prestação alimentícia (CPC, arts. 
732/735) e execução fiscal (regulada pela Lei 
6.830/80). 
 
12) Atos atentatórios à dignidade da justiça 
O art. 600 do CPC prevê diversas 
hipóteses de atos que são considerados 
atentatórios à dignidade da justiça que podem ser 
praticados pelos executados durante a execução, 
motivo pelo qual devemos observá-los. Referido 
artigo prevê as seguintes hipóteses de atos do 
executado que são considerados atentatórios à 
dignidade da justiça: I - frauda a execução; II - se 
opõe maliciosamente à execução, empregando 
ardis e meios artificiosos; III - resiste 
injustificadamente às ordens judiciais; IV - 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
12 
intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, 
quaissão e onde se encontram os bens sujeitos 
à penhora e seus respectivos valores. 
E, de acordo com o art. 601 do CPC, 
“Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor 
incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante 
não superior a vinte por cento do valor 
atualizado do débito em execução, sem 
prejuízo de outras sanções de natureza 
processual ou material, multa essa que 
reverterá em proveito do credor, exigível na 
própria execução”. 
Ressalva, porém, o parágrafo único 
do art. 601, que o juiz poderá relevar a pena se o 
devedor se comprometer a não mais praticar 
qualquer dos atos definidos no art. 600 e der 
fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida 
principal, juros, despesas e honorários 
advocatícios. 
 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
 
1) Introdução 
Somente a obrigação líquida pode ser 
objeto de ação executiva. Líquida é a obrigação 
que tem determinado e mensurado o objeto da 
prestação, ou seja, quando já se encontra 
definido o “quantum debeatur” (valor da dívida), 
nas obrigações de pagar quantia, ou o fato a ser 
prestado, nas obrigações de fazer, ou ainda o 
objeto a ser entregue, nas obrigações de 
entregar coisa. 
É necessário ressaltar que o 
procedimento de liquidação destina-se 
exclusivamente aos títulos executivos judiciais, 
motivo pelo qual conclui-se que a iliquidez dos 
títulos executivos extrajudiciais impede, por 
completo, sua execução, pois deixará de ser 
considerado título executivo. 
Na liquidação também é vedado 
rediscutir a lide ou modificar a sentença que a 
julgou (CPC, art. 475-G). 
Com relação aos títulos executivos 
judiciais (como a sentença cível, por exemplo), 
devem, em regra, ser líquidos, já que somente 
admite-se a prolação de sentença ilíquida quando 
for genérico o pedido formulado na petição inicial. 
Por sua vez, “Quando o autor tiver formulado 
pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença 
ilíquida” (CPC, art. 459, parágrafo único). 
O pedido genérico, ademais, somente 
pode ser formulado nas hipóteses previstas no 
art. 286 do CPC, que são: “I - nas ações 
universais, se não puder o autor individuar na 
petição os bens demandados; II - quando não for 
possível determinar, de modo definitivo, as 
conseqüências do ato ou do fato ilícito; III - 
quando a determinação do valor da condenação 
depender de ato que deva ser praticado pelo 
réu”. 
O § 3º do art. 475-A do CPC também 
proíbe a prolação de sentença ilíquida nas 
hipóteses previstas no art. 275, inciso II, alíneas 
“d” e “e” do CPC. Vejamos estas hipóteses: “d) de 
ressarcimento por danos causados em acidente 
de veículo de via terrestre; e) de cobrança de 
seguro, relativamente aos danos causados em 
acidente de veículo, ressalvados os casos de 
processo de execução”. E ainda que não haja 
parâmetros ou provas acerca do valor dos danos 
a serem indenizados nestes dois últimos casos 
citados, o art. 475-A do CPC determina que o juiz 
deverá fixá-lo a seu prudente critério, mas nunca 
deixar a apuração para a fase de liquidação. 
A jurisprudência também tem se 
orientado no sentido de que a necessidade de se 
calcular juros e correção monetária não torna 
ilíquido o crédito, uma vez que a obrigação cujo 
montante possa se apurar por meio de cálculos 
aritméticos é considerada líquida. 
Porém, havendo necessidade de se 
produzir provas para mensurar o saldo devedor, 
ilíquido é considerado tal crédito, como é o caso 
do contrato de abertura de crédito, que não pode 
ser executado porque depende da comprovação 
do saldo negativo existente no momento, o qual 
não é apurável por simples cálculo aritmético 
(neste sentido a súmula 233 do STJ: “O contrato 
de abertura de crédito, ainda que acompanhado 
de extrato da conta-corrente, não é título 
executivo”). 
Com relação ao procedimento da 
liquidação, temos que antes da Lei 11.232/2005 
que alterou o CPC, a liquidação se fazia por 
meio de um processo autônomo de 
conhecimento, a ser encerrado por sentença 
que também poderia ser impugnada por meio 
de recurso de apelação. 
Atualmente, a liquidação é 
considerada, pelo art. 475-A do CPC, como uma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
13 
fase do processo original, a ser instaurada 
depois da prolação da sentença da fase de 
conhecimento, com vistas a complementá-la, 
declarando o “quantum debeatur” ou o objeto a 
ser entregue. A liquidação, ademais, será 
encerrada por decisão contra a qual caberá 
agravo de instrumento, e não mais apelação. 
Porém, a despeito de a liquidação 
não mais ter a natureza jurídica de processo 
autônomo, e sim de fase ou incidente 
processual, há diversos doutrinadores, como 
Cândido Rangel Dinamarco e Luiz Rodrigues 
Wambier, que classificam como sentença a 
decisão que encerra a fase liquidatória, embora 
desafiada por agravo de instrumento. Isto 
porque a decisão da liquidação resolveria nova 
questão de mérito controvertida, relativa ao 
valor da dívida ou a definição do objeto a ser 
entregue, e não mera questão incidente. 
 
2) Fase de liquidação 
Tratando-se de fase do mesmo 
processo, a liquidação, em regra, deve ser 
requerida no mesmo juízo em que proferida a 
sentença ilíquida. Porém, com relação à 
sentença penal condenatória, sentença arbitral e 
sentença estrangeira, a competência será 
relativa, e deverá observar o critério territorial 
previsto para o processo de conhecimento, uma 
vez que não há processo cível de conhecimento 
prévio. A liquidação individual da sentença 
coletiva, pela vítima ou seu sucessor, também 
não ocorrerá no mesmo juízo do processo 
coletivo, mas deverá ser distribuída livremente e 
conforme as regras de competência próprias. 
Eventualmente poderá a liquidação 
ser processada em autos apartados do 
processo de conhecimento, quando requerida 
na pendência da tramitação de recurso 
interposto conta a sentença, e tramitará no juízo 
de origem e não perante o Tribunal (CPC, art. 
475-A, § 2º), caso em que será denominada de 
liquidação provisória. Admite-se também que se 
inicie a fase de liquidação ainda que a sentença 
ilíquida tenha sido objeto de recurso recebido no 
efeito suspensivo. Porém, a execução provisória 
somente é admitida quando a sentença tiver 
sido impugnada por recurso recebido no efeito 
devolutivo. 
Sendo a sentença apenas 
parcialmente ilíquida, o credor poderá 
simultaneamente promover a execução da parte 
líquida, em autos apartados, e dar início à fase 
de liquidação, nos mesmos autos (CPC, art. 
475-I, § 2º). 
 
3) Espécies de liquidação 
Atualmente, temos duas espécies de 
liquidação previstas no CPC: por arbitramento e 
por artigos. 
Não mais temos a chamada 
liquidação por cálculo de contador. Com efeito, 
se a determinação do valor da condenação 
depender apenas de cálculo aritmético, não 
haverá liquidação, e o credor desde já poderá 
requerer o cumprimento da sentença, instruindo o 
pedido com a memória discriminada e atualizada 
do cálculo (CPC, art. 475-B). E, se algum dado 
faltar ao credor para elaboração do cálculo, 
poderá requerer ao juiz que o requisite do 
devedor ou terceiro, os quais terão prazo de até 
trinta dias para cumprir a diligência. Se, 
injustificadamente, o devedor não apresentar os 
dados requisitados, reputar-se-ão corretos os 
cálculos apresentados pelo credor; se for o 
terceiro quem descumpriu a ordem, o juiz 
expedirá mandado de apreensão, requisitando, 
se necessário, força policial, tudo sem prejuízo 
da responsabilidade por crime de desobediência 
(CPC, arts. 475-B, parágrafos 1º e 2º, e art. 362). 
O contador apenas será chamado 
para auxiliar o juízo se a memória de cálculo 
apresentada pelo credor aparentemente exceder 
os limites da decisão exequenda, ou nos casos 
de assistência judiciária, a fim de auxiliar o 
hipossuficiente na conduçãodo processo. O 
credor, porém, poderá discordar dos cálculos 
apresentados pelo contador, ocasião em que a 
execução prosseguirá pelo valor que o credor 
indicar, mas a penhora, no entanto, ficará restrita 
ao valor apurado pelo contador (CPC, art. 475-B, 
parágrafos 3º e 4º). 
Há quem classifique a liquidação 
individual da sentença coletiva genérica, prevista 
no CDC, como sendo outra espécie de 
liquidação. Porém, ainda que movida por pessoa 
diversa daquela que ajuizou a ação coletiva – 
uma vez que a liquidação individual será 
requerida pela vítima – a liquidação se 
processará por uma das modalidades acima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
14 
indicadas (por arbitramento ou por artigos, 
normalmente por esta última). 
 
3.1) Liquidação por arbitramento (arts. 475-
C/475-D) 
A liquidação por arbitramento será 
necessária quando, para apuração do “quantum 
debeatur”, for exigida a produção de prova 
pericial. 
Será feita a liquidação por 
arbitramento nas seguintes hipóteses: a) 
quando houver determinação neste sentido na 
sentença; b) quando as partes assim 
convencionarem; c) ou quando a questão 
discutida exigir a produção deste tipo de prova, 
em face da natureza do objeto da liquidação 
(CPC, art. 475-C). 
 
3.2) Por artigos (arts. 475-E/475-F) 
O procedimento da liquidação por 
artigos deverá ser adotado quando houver 
necessidade de alegar e provar fato novo (CPC, 
art. 475-E). 
Fato novo é aquele ocorrido 
posteriormente à sentença e fundamental para a 
apuração do valor e extensão da obrigação. 
Também é considerado fato novo aquele que, 
embora ocorrido antes da sentença, não foi 
objeto de alegação e de prova no processo e 
que se mostra fundamental para a determinação 
do “quantum” devido. 
A título de exemplo, é considerado 
fato novo a prova do montante dos danos 
materiais e o grau de incapacidade da vítima de 
acidente de trânsito que ainda se encontrava 
hospitalizada quando do início do processo de 
conhecimento visando a indenização dos danos 
sofridos. Sendo acolhido o pedido indenizatório, 
o montante dos danos materiais sofridos 
durante o processo, ou mesmo posteriores à 
sentença, desde que relativos ao mesmo 
acidente (remédios e despesas com internação, 
por exemplo), poderão ser apurados em 
liquidação e cobrados nos mesmos autos. 
 
4) Procedimento 
A fase de liquidação por 
arbitramento inicia-se com o requerimento da 
parte, por simples petição, que não necessita ter 
os requisitos de uma petição inicial. Em 
seguida, será a parte contrária intimada, na 
pessoa de seu advogado (CPC, art. 475-B, § 
1º). Tendo o processo de conhecimento 
tramitado à revelia do condenado, 
desnecessária será a intimação. 
Não tendo havido prévio processo 
cível de conhecimento (nos casos de sentença 
penal condenatória, por exemplo), a liquidação 
será iniciada por petição inicial e o réu será 
citado para responder, sob pena de revelia 
(CPC, art. 475-N, parágrafo único). 
O rito procedimental a ser adotado 
será o mesmo que foi observado no processo 
de conhecimento (ordinário ou sumário – art. 
475-F do CPC). Tratando-se de processo de 
liquidação autônomo, o rito dependerá do valor 
atribuído à causa. 
Em relação à liquidação por 
arbitramento, a prova pericial a ser produzida 
observará as mesmas regras previstas para o 
processo de conhecimento, previstas nos 
artigos 420 e seguintes do CPC. Deverá o juiz, 
portanto, nomear o perito e fixar prazo para a 
entrega do laudo; depois de apresentado o 
laudo, as partes poderão manifestar-se no prazo 
de dez dias e, se necessário, poderá também 
ser designada audiência, antes da decisão. 
Quanto à liquidação por artigos, 
deverá a parte alegar e provar os fatos novos 
relacionados diretamente ao “quantum 
debeatur” e, para tanto, poderá produzir 
qualquer tipo de prova (documental, 
testemunhal, inclusive a pericial). Relativamente 
aos efeitos da revelia neste tipo de liquidação, a 
presunção de veracidade incidirá sobre os fatos 
novos que foram alegados no requerimento 
inicial. 
Ao final da liquidação, é possível 
que a parte interessada não tenha conseguido 
provar os fatos novos alegados ou mesmo que, 
após exaustiva produção probatória, tenha se 
concluído não haver qualquer saldo devedor. 
Neste último caso, não há dúvida de ter ocorrido 
a chamada “liquidação zero”, e de que será 
julgada improcedente a liquidação. Porém, 
divide-se a doutrina quanto à primeira hipótese, 
havendo quem entenda que a liquidação deve 
ser extinta, sem julgamento do mérito, com a 
declaração de que os fatos não foram provados, 
autorizando, inclusive, a repropositura da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
15 
liquidação; e, outros que adotam a orientação, a 
que nos filiamos, de que a falta de provas 
enseja a improcedência da liquidação e impede 
a repropositura da liquidação. Esta última 
orientação visa garantir maior segurança 
jurídica ao sistema e impedir que o réu seja 
excessivamente onerado com a desídia do autor 
da liquidação. 
Por fim, a decisão que julga a 
liquidação poderá ser impugnada por agravo de 
instrumento (CPC, art. 475-H), sendo certo 
ainda que não há qualquer previsão na lei 
acerca da possibilidade de condenar o 
sucumbente no pagamento de honorários 
advocatícios. No entanto, embora não seja 
uniforme a jurisprudência, a tendência é que 
seja reconhecida como devida a condenação 
em honorários advocatícios na fase de 
liquidação, utilizando-se dos parâmetros 
previstos no § 4º do art. 20 do CPC. 
 
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA 
DEVEDOR SOLVENTE FUNDADA EM TÍTULO 
EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL 
 
1) Introdução 
O procedimento destinado à 
execução por quantia certa contra devedor 
solvente, fundada em títulos executivos 
extrajudiciais, está prevista nos artigos 646 a 724 
do CPC e tem aplicação subsidiária a todas as 
demais espécies de execução, naquilo que não 
tiverem de específico, motivo pelo qual será 
analisado em primeiro lugar. 
 Referido procedimento, ademais, é 
destinado à execução dos títulos executivos 
extrajudiciais, em que se forma processo 
autônomo de execução, diversamente da 
execução dos títulos judiciais, cuja execução se 
processa em fase do mesmo processo em que 
formado o título, denominada de fase de 
cumprimento de sentença. 
Ambas as espécies, porém, são 
destinadas à satisfação das obrigações de 
entregar dinheiro. 
Inicialmente também é importante 
conceituar “devedor solvente”, que é considerado 
aquele devedor cujo patrimônio tem valor 
superior ao de suas dívidas, enquanto o 
insolvente é aquele devedor cujo valor de suas 
dívidas supera o valor de seu patrimônio. 
 
2) Fase postulatória. Requisitos. 
Considerando que a execução de 
título extrajudicial tramitará autonomamente, 
deverá ter início por meio de petição inicial, a 
qual deverá observar os requisitos do art. 282 do 
CPC, já que o art. 598 do CPC determina que as 
disposições do processo de conhecimento 
aplicam-se subsidiariamente à execução. 
Desses requisitos genéricos, 
conveniente apenas relembrar o que já foi 
estudado quanto à causa de pedir, que 
relativamente à execução, deve fazer menção ao 
inadimplemento da obrigação prevista no título 
executivo. O pedido, porém, não deve ser 
condenatório, mas apenas de citação do devedor 
para cumprimento da obrigação e eventual 
deferimento das medidas expropriatórias dos 
bens do devedor, visando a satisfação da dívida. 
Quanto às provas, desnecessário qualquer 
requerimento de produção delas, visto que não 
haverá, na execução, qualquer apuração acerca 
da existência ou exigibilidade do crédito, ou 
mesmo prolação de sentença que solucionará a 
lide. Eventualdiscussão sobre a exigibilidade do 
título poderá, no entanto, ser feita em embargos 
a serem opostos pelo devedor, no momento 
oportuno. 
Além disso, necessário o 
cumprimento dos requisitos do art. 614 do CPC, 
ou seja, deverá o exequente instruir a inicial com 
o título executivo extrajudicial, o demonstrativo do 
débito atualizado até a data da propositura da 
ação, assim como com a prova de que se 
verificou a condição, ou ocorreu o termo, se o 
caso. 
O título executivo, portanto, é 
documento indispensável à propositura da ação, 
devendo ser apresentado juntamente com a 
petição inicial, sob pena de indeferimento. 
Tratando-se de título de crédito, sua 
apresentação ainda serve para impedir sua 
circulação. Desse modo, apenas 
excepcionalmente é que será dispensada sua 
apresentação, como nos casos em que o título 
executivo encontra-se juntado em autos de outro 
processo judicial, por exemplo, ocasião em que 
se admite o início da execução apenas com a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
16 
apresentação de cópia autenticada do título. 
É ainda facultado ao credor que 
indique na petição inicial bens do devedor à 
penhora (CPC, art. 652, § 2º). 
Na falta de comprovação de qualquer 
dos requisitos referidos, o juiz determinará a 
emenda da petição inicial, no prazo de dez dias 
(CPC, art. 616), sob pena de indeferimento. O 
indeferimento da inicial poderá ser ainda 
motivado pela ausência de qualquer dos 
pressupostos do art. 580 do CPC, relativos à 
certeza, liquidez e exigibilidade do título 
executivo, que devem estar comprovados na 
petição inicial. Estando satisfeitos os 
pressupostos processuais, tanto genéricos 
quanto específicos, assim como as condições da 
ação, o juiz determinará a citação do devedor. 
 
3) Honorários advocatícios 
No mesmo despacho inicial que 
determinar a citação, o juiz fixará os honorários 
advocatícios a serem pagos pelo devedor, de 
acordo com os parâmetros do art. 20, § 4º do 
CPC (CPC, art. 652-A). 
Havendo pagamento integral da 
dívida no prazo de 03 (três) dias concedido ao 
executado para a satisfação da obrigação, e sem 
que tenham sido opostos embargos, a verba 
honorária será reduzida pela metade. 
Porém, havendo oposição de 
embargos, novos honorários deverão ser fixados 
na sentença que os decidir. 
 
4) Averbação do ajuizamento da execução em 
registros públicos 
Nos termos do art. 615-A do CPC, o 
exequente poderá, logo no ato da distribuição da 
execução, antes mesmo, portanto, de qualquer 
apreciação da petição inicial pelo magistrado, 
obter certidão comprobatória do ajuizamento da 
execução para averbação em registros públicos. 
Esta certidão conterá a identificação 
das partes e o valor da causa e poderá ser 
averbada, por exemplo, na matrícula dos imóveis 
de propriedade do devedor, assim como no 
cadastro de propriedade de veículo. Feita a 
averbação, a existência da ação executiva será 
conhecida por todos aqueles que efetuarem 
pesquisa junto a tais registros públicos, o que 
normalmente ocorre quando da venda de bens, 
motivo pelo qual a própria lei considera em 
fraude à execução a alienação ou oneração de 
bens depois de feita a averbação (CPC, art. 615-
A, § 3º). 
O exequente deverá comunicar as 
averbações feitas no prazo de 10 (dez) dias de 
sua concretização (CPC, art. 615-A, § 1º). 
Se durante a tramitação da execução 
forem penhorados bens suficientes para garantir 
o pagamento da dívida, será determinado o 
cancelamento das averbações dos bens que não 
foram penhorados, a fim de não prejudicar o 
devedor (CPC, art. 615-A, § 2º). 
Considerando que referida averbação 
não depende de autorização judicial, é possível 
que o exequente promova averbações indevidas. 
Assim, caso isso ocorra, poderá ser condenado a 
indenizar o executado pelos danos que tenha 
sofrido, em quantia não superior a 20% sobre o 
valor da causa, ou a ser liquidada por 
arbitramento, em autos apartados. A título de 
exemplo, será considerada indevida a averbação 
feita em diversos bens cuja soma supere 
injustificadamente o valor da dívida ou ainda 
aquela feita em relação a bem de valor muito 
superior ao da dívida, em detrimento de outros de 
valor mais baixo, uma vez que, pelo princípio da 
menor onerosidade, a execução deve se fazer 
pelo modo menos gravoso para o devedor. 
 
5) Citação 
Em regra, a citação do executado 
será feita por oficial de justiça, consoante se 
extrai da redação do art. 652, § 2º do CPC, que 
faz referência apenas a esta modalidade de 
citação. 
A citação por correio é vedada, nos 
termos do art. 222, alínea “d”, do CPC. Apenas 
na execução fiscal é que se admite a citação pelo 
correio, conforme autoriza o art. 8º, inciso I, da 
Lei 6.830/80. 
A citação por edital é admitida pelo 
art. 654 do CPC, com a observação de que 
somente será feita quando houver prévio arresto 
de bens, uma vez que deverá ser requerida pelo 
exequente no prazo de 10 (dez) dias da 
intimação desta medida cautelar. Nesta 
modalidade de citação, o prazo de três dias para 
pagamento voluntário da dívida, previsto no art. 
652 do CPC, terá início somente depois de findo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
17 
o prazo do edital, ocasião em que, não havendo 
pagamento, o arresto será convertido em 
penhora, prosseguindo-se o feito com a 
alienação dos bens. 
Quanto à citação por hora certa, 
realizada quando o oficial de justiça, embora não 
tenha encontrado o devedor, tiver suspeita de 
que ele se oculta para não ser citado (CPC, art. 
227), tem sido admitida pela jurisprudência, 
conforme entendimento consolidado na súmula 
196 do STJ. 
No mais, nos termos do art. 652 do 
CPC, o devedor será citado para pagar a dívida 
no prazo de 03 (três) dias, que é contado da data 
da juntada aos autos da primeira via do mandado 
de citação. Somente depois de transcorrido 
referido prazo é que o oficial de justiça retornará 
à residência do devedor, com a segunda via do 
mandado, para realizar a penhora de bens, 
avaliá-los, e intimar o executado da penhora 
(CPC, art. 652, § 1º). 
Sendo feito o pagamento da dívida no 
prazo de 03 (três) dias, os honorários 
advocatícios fixados quando do despacho inicial 
serão reduzidos pela metade (CPC, art. 652-A, 
parágrafo único). 
Poderá também o devedor opor 
embargos, no prazo de 15 (quinze) dias contados 
da juntada aos autos do mandado de citação, se 
quiser discutir a dívida. 
No entanto, no prazo para oposição 
dos embargos, o devedor poderá, ao invés de 
apresentá-los, reconhecer o crédito, ocasião em 
que ser-lhe-á facultado efetuar o depósito de 
30% do valor da dívida (incluindo custas e 
honorários advocatícios) e solicitar que o 
pagamento do restante seja feito em até 06 (seis) 
parcelas mensais, acrescidas de correção 
monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês 
(CPC, art. 745-A). Deferido o pagamento 
parcelado, suspensos estarão os atos executivos 
e autorizado estará o exequente a efetuar o 
levantamento da quantia depositada; sendo 
indeferido o pedido, a execução prosseguirá, 
mantido o depósito. 
Caso o devedor não efetue o 
pagamento de qualquer das prestações a que se 
obrigou, as demais parcelas vencerão 
antecipadamente e o remanescente será 
acrescido de multa de 10%, hipótese em que, o 
feito também terá prosseguimento, sendo vedada 
a oposição de embargos. 
 
6) Arresto executivo ou “pré-penhora” 
Não sendo o executado encontrado 
para ser citado, mas tendo o oficial de justiça 
localizado bens seus que bastem para garantir a 
execução, deverá arrestá-los. Tal modalidade de 
arresto é conhecida como “pré-penhora”. E 
embora seja considerada uma medida cautelar, 
não se exige que estejam presentesos requisitos 
da tutela cautelar, relativos ao “fumus boni iuris” e 
o “periculum in mora”, bastando que o devedor 
não seja encontrado para citação, mas apenas 
seus bens. 
Feito o arresto, o oficial de justiça 
continuará procurando o devedor, nos 10 (dez) 
dias seguintes, e por 03 (três) dias distintos; não 
o encontrando, certificará o ocorrido e devolverá 
o mandado. Em seguida, será o exequente 
intimado do arresto, ocasião em que deverá 
requerer a citação por edital do executado, 
conforme já estudamos. 
 
7) Penhora 
A penhora é o ato executivo 
destinado à apreensão de bens do devedor, 
vinculando-os à execução. Com a penhora, o 
credor também passa a ter preferência em 
relação a outros credores, da mesma categoria, 
que futuramente penhorem o mesmo bem (CPC, 
art. 612). 
Será feita a penhora, em regra, pelo 
oficial de justiça. Citado o devedor citado e não 
tendo ele efetuado o pagamento da dívida no 
prazo de 03 (três) dias a que se refere o art. 652 
do CPC ou mesmo requerido o pagamento 
parcelado da dívida, nos termos do art. 745-A do 
CPC, o oficial de justiça, munido da segunda via 
do mandado, realizará a penhora de bens, 
passará a avaliá-los e ainda intimará o executado 
da penhora (CPC, art. 652, § 1º). 
Primeiramente se procederá à 
penhora dos bens indicados pelo exequente na 
petição inicial (CPC, art. 652, § 2º). Não tendo o 
exequente indicado bens do devedor à penhora, 
o próprio oficial de justiça efetuará a penhora dos 
bens que encontrar ou aqueles que forem 
indicados pelo devedor, e que sejam suficientes 
para a garantia da dívida atualizada, incluindo os 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
18 
juros, as custas e os honorários advocatícios 
(CPC, art. 659). 
Estando os bens do devedor em 
comarca diversa daquela em que se processa a 
execução, expedir-se-á carta precatória 
solicitando sua penhora, avaliação e alienação 
(CPC, art. 658). 
No entanto, tratando-se de bem 
imóvel, dispensável será a expedição de carta 
precatória, uma vez que a penhora desta espécie 
de bens realiza-se mediante auto ou termo de 
penhora, nos termos do art. 659, §§ 4º e 5º, do 
CPC, pelo qual o executado também será 
constituído depositário do bem. Realizada a 
penhora, e dela intimado o executado, 
pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, 
caberá ao exequente apenas providenciar a 
averbação respectiva no cartório de registro de 
imóveis, para gerar presunção absoluta de 
conhecimento do ato por terceiros. Frise-se, por 
oportuno, que a averbação não constitui 
formalidade essencial à penhora e não é 
obrigatória, apenas servindo para ilidir a fraude à 
execução. 
Penhorando-se bem indivisível, a 
meação do cônjuge alheio à execução recairá 
sobre o produto da alienação do bem, nos termos 
do art. 655-B do CPC. 
Mediante requerimento do credor ou 
mesmo de ofício, pelo juiz, poderá o executado 
ser intimado para indicar bens à penhora, se as 
diligências empreendidas neste sentido forem 
infrutíferas. O desatendimento desta 
determinação judicial pelo executado, com a 
indicação da localização e valores dos bens 
sujeitos à penhora, no prazo de 05 (cinco) dias, 
será considerado ato atentatório à dignidade da 
justiça e ensejará a aplicação de multa em 
montante de até 20 % do valor atualizado do 
débito em execução, sem prejuízo de outras 
sanções de natureza processual ou material, 
multa essa que reverterá em proveito do credor, 
exigível na própria execução (CPC, art. 600, 
inciso IV e art. 601). Ressalva, porém, o 
parágrafo único do art. 601, que o juiz poderá 
relevar a pena se o devedor se comprometer a 
não mais praticar qualquer dos atos definidos no 
art. 600 e der fiador idôneo, que responda ao 
credor pela dívida principal, juros, despesas e 
honorários advocatícios. 
Com relação aos bens penhoráveis, 
deverá o exequente, no momento em que indicar 
algum bem do devedor, assim como ao oficial de 
justiça, quando for efetuar a penhora, observar, 
preferencialmente, a ordem prevista no art. 655 
do CPC, a seguir relacionada: I - dinheiro, em 
espécie ou em depósito ou aplicação em 
instituição financeira; II - veículos de via terrestre; 
III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - 
navios e aeronaves; VI - ações e quotas de 
sociedades empresárias; VII - percentual do 
faturamento de empresa devedora; VIII - pedras 
e metais preciosos; IX - títulos da dívida pública 
da União, Estados e Distrito Federal com cotação 
em mercado; X - títulos e valores mobiliários com 
cotação em mercado; e XI - outros direitos. 
Importante observar que o dinheiro é 
colocado em primeiro lugar na ordem de 
preferência da penhora, seguido de veículos e de 
bens móveis e, somente depois, de bens imóveis. 
E para propiciar a penhora de dinheiro em 
depósito ou aplicação financeira, o CPC 
expressamente autorizou fosse feita por meio 
eletrônico, mediante requisição do juiz à 
autoridade supervisora do sistema bancário 
(CPC, art. 655-A). 
Referida modalidade, denominada de 
“penhora online”, é celebrada por meio do 
sistema BACENJUD elaborado e administrado 
pelo Banco Central, o qual repassa 
eletronicamente aos bancos as ordens judiciais 
de penhora feitas eletronicamente por juízes, 
mediante utilização de senha pessoal e 
certificação digital que garantem a identificação 
do solicitante e a segurança da operação. 
Encontrado dinheiro do devedor em depósito ou 
aplicação, a quantia solicitada é reservada e 
transferida para conta judicial indicada pelo juiz 
solicitante. O sistema BACENJUD tem sido 
constantemente aprimorado a fim de que não 
sejam bloqueados numerários de várias contas 
do mesmo devedor, possibilitando até mesmo 
que as empresas já indiquem a conta que deseja 
ser atingida em primeiro lugar pela ordem judicial. 
A penhora “online”, segundo 
reiteradamente tem decidido os Tribunais, não 
ofende o princípio da menor onerosidade por 
atender à ordem de preferência do art. 655 do 
CPC e até mesmo por trazer economia ao 
devedor e ao processo, já que reduz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB PRIMEIRA FASE – VIII EXAME 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
 
19 
significativamente a produção de atos 
expropriatórios custosos como a publicação de 
edital, honorários de perito avaliador. Diante 
dessas facilidades, muitos juízes optam por 
tentar primeiramente se fazer a penhora “online” 
antes de autorizar a penhora por oficial de justiça. 
Por fim, sendo feita penhora “online” de quantia 
considerada impenhorável, nos termos do inciso 
IV do art. 649 do CPC, caberá ao executado 
alegar e comprovar esta condição. 
Admite-se também a penhora de 
direito do devedor objeto de processo judicial 
ainda em tramitação, motivo pelo qual se diz 
tratar-se de penhora de expectativa de direito 
litigioso. O art. 674 prevê que, nestas hipóteses, 
averbar-se-á no rosto dos autos a penhora, a fim 
de se efetivar nos bens que posteriormente forem 
adjudicados ou vierem a caber ao devedor. 
Igualmente passível de penhora é 
parte do faturamento de empresas devedoras, 
conforme autoriza o art. 655-A, § 3º, do CPC. 
Determinada a penhora, será nomeado 
depositário com a atribuição de submeter à 
apreciação judicial a forma de apuração e 
constrição da parte do faturamento. Além da 
penhora de parte do faturamento, o próprio 
estabelecimento do devedor pode ser penhorado, 
nos termos dos artigos 677 e 678 do CPC. 
Embora não esteja regulamentada 
pelo CPC, diversos julgados têm admitido a 
penhora na “boca do caixa”, do numerário 
suficiente para o pagamento da dívida. Não se 
trata, na hipótese, de penhora sobre o 
faturamento da empresa, mas de penhora sobre 
dinheiro, que é excepcionalmente apreendido no 
caixa da empresa devedora. 
O CPC, em seu art. 679, regula a 
forma como

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes