Buscar

O bem jurídico protegido

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Estudo de caso
O bem jurídico protegido, no caso em questão, é a fauna que está em período de defeso, ou seja, período em que as atividades de caça, coleta e pesca esportiva e comerciais ficam vetadas ou controladas. Este período é estabelecido de acordo com a época em que os animais se reproduzem na natureza. Em colônias de pecadores, todos os associados recebem anualmente auxílio do Ministério da agricultura de um salário para sobrevivência básica durante o período estipulado.
A Lei nº 9605/98, Lei dos Crimes Ambientais nos diz:
Art. 34 Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:
Pena – detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Caracterizou-se aqui a tipicidade formal, um dos requisitos para que se contemple o Crime. O segundo requisito seria a tipicidade material, porém, baseando-se no Princípio da Insignificância, não devem ser consideradas criminosas as condutas que, mesmo previstas em um tipo penal, não causem um gravame significativo aos bem jurídicos tutelados pela norma penal (lesividade inexistente ou mínima ofensividade ( BECHARA, Erika, 2018, p. 1029).Sendo assim, Romildo e seus amigos, quando abordados pelos órgãos ambientais com 2 (dois) peixes preencheram a tipicidade formal mas não preencheram a tipicidade material, tornando a conduta Atípica. O STF tem aceitado a aplicação deste Princípio aos crimes em geral, levando-se em conta quatro aspectos de natureza objetiva:
a) A mínima ofensividade da conduta do agente;
b) Ausência de periculosidade social da ação;
c) O reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
d) A inexpressividade da lesão jurídica causada.
Utilizando-se deste mesmo entendimento, o STJ tem aplicado o princípio da insignificância quando verificada a baixa lesividade da conduta, absolvendo ou trancando ações penais ajuizadas contra infratores flagrados, por exemplo, com apenas alguns exemplares de animas silvestres caçados ilegalmente ou pequena quantidade de pescado capturado no período de defeso ( BECHARA, Erika, p. 1029).
STJ - HC: 178208 SP 2010/0122806-4, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 20/06/2013, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/07/2013)
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA DE PEQUENA QUANTIDADE DE PEIXES. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA E AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 1. O trancamento de ação penal, na via estreita do habeas corpus, em face do exame da prova, somente pode ocorrer em casos excepcionais, quando a falta de justa causa - "conjunto de elementos probatórios razoáveis sobre a existência do crime e da autoria" - se mostra visível e induvidosa, em face da prova pré-constituída, hipótese presente no presente writ. 2. Conquanto seja tarefa do legislador selecionar e tipificar penalmente as condutas criminosas, a avaliação da tipicidade pelo juiz não se resume ao plano meramente formal, em face do modelo adotado pela lei, mas também no plano substancial, no sentido de verificar se a conduta do agente, na persecução penal, ofende, de maneira significativa, o bem jurídico tutelado. Negativa a resposta, deixa de existir o crime; ou, pelo menos, o interesse de agir, como uma das condições da ação penal. 3. A pesca de pequena quantidade de pescado (1,5 kg de tucunaré e 1,5 kg de tilápia), com inexpressiva lesão ao bem jurídico tutelado - o meio ambiente equilibrado, na vertente da proteção da fauna -, não justifica a abertura de processo penal, por absoluta falta de adequação social. Incidência do princípio da insignificância, causa supralegal de exclusão de tipicidade. 4. Concessão da ordem de habeas corpus. Trancamento da ação penal.
(TRF-1 - HC: 64363 MG 0064363-45.2011.4.01.0000, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO MENEZES, Data de Julgamento: 19/02/2013, QUARTA TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.291 de 11/03/2013)
Jurisprudência:
 PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA DE PEQUENA QUANTIDADE DE PEIXES NO PERÍODO DE DEFESO. FALTA DE ADEQUAÇÃO SOCIAL NA CONDENAÇÃO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. APELAÇÃO DESPROVIDA. 1. O apelante foi denunciado, nos termos do art. 34 da Lei 9.605/98, por ter sido flagrado pescando em período proibido, tendo consigo cinco quilos de pescados diversos, além de alguns petrechos de pesca, conduta que, a despeito da tipificação penal formal, foi considerada pela sentença, de forma correta ( e razoável ), como praticada em estado de necessidade (art.37 , I – idem). 2. Não fora isso, a pesca de pequena quantidade de pescado, com inexpressiva lesão ao bem jurídico tutelado, expresso ao meio ambiente em geral, e em especial, na fauna ictiológica, não justifica a condenação do apelante, por absoluta falta de adequação social, o que aconselharia a aplicação, em caráter excepcional, do princípio da insignificância, causa supralegal de exclusão de tipicidade. 3. Extinção da punibilidade do crime do art. 29 da Lei 9.605/98. Desprovimento da apelação em razão de absolvição pelo crime do art. 34 – idem.
(TRF- 1 – ACR: 00006799120074013200, Relator: JUIZ FEDERAL ALDERICO ROCHA SANTOS (CONV.), Data de Julgamento: 27/01/2015, QUARTA TURMA, Data de Publicação: 06/02/2015)
No entanto, conforme o entendimento Jurisprudencial, neste estudo de caso é aplicado o principio da insignificância, ou seja, a pesca praticada por Romildo não configura crime ambiental, pois atende aos requisitos deste principio, sendo: 1. A mínima ofensividade da conduta do agente; 2. Nenhuma periculosidade social da ação; 3. O reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e; 4. a inexpressividade da lesão jurídica provocada. Desta forma, a conduta de Romildo e seus amigos não é, caracterizada como crime ambiental, uma vez que o fato de ter pescado dois peixes é irrelevante e não causa danos ao meio ambiente.

Outros materiais