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O paisagismo moderno

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THP 
TEORIA E HISTÓRIA DO PAISAGISMO 
PROF. ARQ. LEONARDO MARQUES HORTENCIO 
 
 
AE-10_O paisagismo moderno 
 
2016-01 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
Thomas Church, Donnel Garden, 1948. 
Sofisticação no plano e tratamento formal – 
espaços adquirem complexidade quando 
vistos em perspectiva. Conexão estética 
dinâmica entre o projeto e o entorno. 
Paisagismo moderno- 
América do Norte 
Garret Eckbo, “ a paisagem é para se 
viver” – 1950 – 
A paisagem é algo que vemos ou 
sentimos ao nosso redor, condicionada 
pela cultura e desejos e expectativas; 
- paisagismo moderno transmutado em 
filosofia e arte, incorpora as ciências 
ecológicas e os processos naturais – 
relações humanas no meio bio-físico. 
Paisagem e ambiente são sinônimos; 
Desenho é produto e processo; 
Elementos de ordenação: espaço, tempo, 
luz, formas de terra, elementos 
construídos, vegetação. 
Paisagismo moderno 
Lawrence Halprin, déc. 1960 – 
envolvido com a natureza e seus 
processos como elementos de 
identidade própria dos lugares e 
suas comunidades; 
 
 
O desenho da paisagem requer 
envolvimento participativo – 
processo tão importante quanto o 
projeto (resultado) obtido; 
Conceitos de natureza e ecossistema 
estão implícitos no processo, que é 
sempre dinâmico, assim como a 
paisagem. 
Paisagismo moderno 
Lawrence Halprin, 68. 
Sistema de Espaços Livres de Portland. 
O século XX, no pós Primeira Guerra, marca o início do rompimento ocidental 
com velhas ordens sociais e formais e nos anos 1930 (talvez de um modo um 
tanto tardio), os rompimentos surgem no Brasil, se consolidando na ordem 
cultural-nacional – na música, escultura, pintura, arquitetura e na arquitetura 
paisagística. 
 
Arquitetura Paisagística Moderna – pauta-se basicamente pelo atendimento 
de novas formas de uso e, portanto, de organização morfológica do espaço 
livre urbano, no qual é introduzida uma nova figura – o automóvel, que exige 
uma reordenação dos tecidos urbanos existentes e a criação de outros 
especialmente tratados para a convivência veículo-pedestre. Ao espaço livre 
para a circulação de pedestre – calçadas e passeios e para lazer, são 
atribuídas novas configurações, agora de acordo com os padrões urbanístico-
sociais em voga. 
A arquitetura paisagística se torna, então, funcionalista, com a determinação 
de áreas equipadas especialmente para o lazer, recreativo ou esportivo, 
nacionalista com o abandono do uso de vegetação, anódina e com ênfase na 
tropicalidade do país: simples, com a “proibição” do uso de elementos 
decorativos do passado – pitorescos e temáticos – sendo execradas as 
cenarizações, as topiárias e qualquer lembrança do Ecletismo recente: 
geométrica – com o uso e abuso das formas geométricas livres, inspiradas 
nas temáticas da pintura da época, no qual Burle Marx foi o mestre inspirador 
nacional – e colorida – com a introdução do uso intenso de pisos multicores. 
As três etapas do paisagismo moderno brasileiro 
S. Soares de Macedo 
 O período correspondente ao modernismo no paisagismo brasileiro se estende, segundo Soares, 
desde a construção do prédio do Ministério da Educação, em 1937, projeto paisagístico de Burle-
Marx, até a construção da Praça Itália, dentro do Parque Marinha, em Porto Alegre, em 1990 – 
projeto de Carlos Fayett. Para o autor, esse período pode ser definido em três etapas: 
 
1937-1950: Tem início na construção do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro, obra de 
Roberto Burle-Marx. É dele também o projeto do bairro Pampulha, em BH, considerado pelo autor 
o principal projeto do período. O tratamento paisagístico é funcional e, na maioria das vezes, 
tropicalista. Na arquitetura residencial, o jardim é adjacência, devendo transparecer e dar 
visibilidade à casa. 
 
1950-1960: Período em que se consolida o processo de urbanização do Brasil. A verticalização 
toma conta das grandes cidades e, por consequência, a produção paisagística começa a se voltar 
cada vez mais para a fachada desses grandes edifícios. É o período em que Roberto Coelho 
Cardozo inicia sua cátedra na faculdade de São Paulo, e forma a primeira turma de arquitetos cujo 
trabalho na área adquire relevância nacional: Rosa Kliass, Miranda Magnoli e outros. A influência é 
nitidamente californiana (Eckbo e Halprin) no traçado de pisos e canteiros, e de Burle-Marx quanto 
ao plantio de espécies tropicais. Também é desse período a construção do Parque do Ibirapuera, 
cujo projeto é de Otávio Teixeira Mendes. 
 
1960-1989: Período de consolidação, em que o foco se volta para as áreas recreativas, e a 
vegetação passa a dividir espaço com Playgrounds e, principalmente, com a piscina, que passa a 
ser o referencial do pátio interno. É nesse período, também, que a gestão de espaços públicos 
ganha espaço e se consolida na administração municipal, especialmente nas grandes cidades. 
Destacam-se, aí, os paisagistas Benedito Abbud e José Tabacow. 
 
Roberto Burle Marx (1909 – 1994) – fusão (mimese) das artes plásticas com a 
botânica moderna; 
Inaugura o paisagismo moderno em escala mundial transição da arte abstrata 
para a paisagem; fusão entre as artes e a ciência, técnica e estética para o 
desenho da paisagem – cria o paisagismo moderno, no Brasil, em 1932; 
Referências: Jardins europeus, Auguste Glaziou, Cândido Portinari, a exuberância 
da flora brasileira e a sinuosidade de nossos rios; 
Utiliza vegetação por sua individualidade e por sua textura como conjunto. 
Paisagismo moderno - 
Brasil 
Parque do Flamengo, B. Marx. 
Jardins do MES, guache, 1938 
Roberto Burle Marx – 1905 - 1994 
 
Paisagem definida como exigência estética, 
necessidade absoluta para a vida humana – 
obra reitera a vegetação, como a maior 
riqueza do país, mote de seu trabalho; 
 
Uso de flora autóctone, como elemento de 
identidade, conhecimento e valorização; 
 
Conhecimento da flora brasileira – exercícios 
de desenho nos jardim botânico de Dahlem, 
Alemenha, déc. 1920; 
ENBA – transferência da Arquitetura 
para Artes Plásticas, por sugestão de 
Lúcio Costa; Por este, o projeto para 
os jardins da residência Schwartz, 
1932, co-autoria de G. Warchavchik. 
Residência Odette Monteiro, B. Marx 
Corrêas, RJ. 1948 e 1988. 
Próxima à serra dos Órgãos, RJ, 
valorização das montanhas e uso de 
vegetação autóctone; 
Modelado de terreno com criação de 
morrotes e depressões para conduzir 
o olhar à riqueza da paisagem 
circundante. 
Residência Kronsfoth, B. Marx 
Teresópolis, 1955. 
Exploração de valores como cor, 
textura, luz – uso de uma série de 
elementos vegetais, pouco 
utilizados até então; 
O jardim captura a paisagem 
circundante, como experiência 
sensitiva. 
 
 
 
 
 
“são formas de tocar, sublimar, 
sentir ou estabelecer valores 
culturalmente determinados” 
 Flávio Motta, 1986. 
Hospital Sul-América, Burle Marx. 
RJ, 1955. 
 
 
Intensas relações formais entre o 
gramado e o piso, o muro e o 
banco, entre espelho d’água, 
calçamento de pedra e vegetação 
colorida; 
Sentido de complementaridade 
e precisão absoluta dos 
elementos incorporados; 
Tensão na descentralização. 
Parque do Flamengo 
1932
EXPLANADA DO
MORRO DO CASTELO
ATERRO DERIVADO DO
DESMONTE DO MORRO DO CASTELO 
MORRO DE SANTO ANTÔNIO (DEMOLIDO EM 1952)
ATERRO DO FLAMENGO,
FEITO COM A TERRA DO 
MORRO DE SANTO ANTÔNIO
 
EXPLANADA DO 
MORRO DE SANTO ANTÔNIO
1967
PARQUE DO FLAMENGO- Aero
 
 
 
 
 
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, 1950 
Otavio Augusto Teixeira Mendes (1907 – 
1988) – 
espaços projetados para estimular 
sensações de prazer, paisagem para ser 
vivida. 
Dinamismo e estrutura explícitos, harmonia 
e coesão, composições sofisticadas entre 
vegetação e formas de relevo, valorização 
de perspectivas. 
São Paulo, 1950. 
Proposta de Christiano Stockler das Neves 
para o Parque do Ibirapuera (1951). Fonte: 
Biblioteca da FAUUSP. 
Parque do Ibirapuera, 1952. 
O parque como ambiência e 
espaço de convívio é produto da 
proposta de Teixeira Mendes. 
Parque do Ibirapuera, 1952 – 
sinuosidades para capturar perspectivas 
da cidade a partir do parque; lagos, 
superfícies de grande perímetro e 
larguras diferenciadas; reflexibilidade, 
placidez e horizontalidade. 
Projeto final da equipe de Niemeyer para o 
Parque do Ibirapuera (janeiro de 1953). 
Fonte: Arquivo Municipal Washington 
Luis. 
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