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Paisagem do cotidiano e narrativas de espaço e lugar no coletivo de Vitória

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
ESTUDOS DE PAISAGENS URBANAS
SOCIOLOGIA VI
Paulo Sergio Brandão 
Paisagem em trânsito: a rede tecida ao cruzar as linhas de vidas no cotidiano de passageiros da Grande Vitória – ES. 
VITÓRIA,
28/12/2017
Introdução
Por que estudamos, nos relacionamos com aquilo que está a nossa frente, aquilo que parece obvio demais, que faz parte do nosso cotidiano, por que é disso que participo e convivo todos os dias e é isso que nos move a uma busca de nos mesmos ao tentar compreender o que está diante de nosso nariz, diante de nossos olhos. Este algo é a vida, experimentada, presente e vivenciada nas idas e vindas do cotidiano do transporte coletivo da cidade de Vitoria, imerso numa rede de poder de uma sociedade complexa e plural. Ela é tecida, fio a fio, compondo e formando os muitos encontros que delineiam a rede que é feita e desfeita a todo instante. É algo que está no coração da cidade, que move, que circula, que nos transporta e que coletivamente monta a vida social e atende a interesses de grupos dominantes que tem interesse em manter tudo como está. 
O que você vai ler é um relato de alguém, familiarizadas com as relações que acontecem neste lugar, o Coletivo, por ser um local de uso cotidiano. Alguém que está dentro, todos os dias, literalmente, onde a vida se manifesta. Contudo, como não consigo estudar tudo que um antropólogo quer, pois há coisas demais para serem vistas e ideias demais para serem aprofundadas, como disse Goldman (2011), não há tempo e nem condições. Portanto, apresento um esboço de compreensão limitado da imersão e vivencia e da participação de todos que usam e tecem com a gente esta rede de fios que formam, a partir do ônibus, o Coletivo em movimento na cidade de Vitoria. 
O ônibus como espaço de possibilidades, lugar de passagem, de uma transitoriedade que se coloca no limiar entre diversas fronteiras de vidas que se entrecruzam da margem para o centro, da confiança para o medo, da impessoalidade para as trocas de contato, de histórias de vida, como lugar de estranhamento, desconfiança, sono, transe, do barulho, dos ruídos; mas também pode se tornar lugar de caricias, de afeição, principalmente para casais e estudantes. No trânsito o Coletivo é o local em que o fio da rede das linhas da vida “tornar-se o fio de Ariadne destas histórias diversas e confusas”. “Confusão que criam a mistura e tecem o mundo” (Latour, 1994). É também o lugar das diversas vozes, ruídos, barulhos que se encontram numa conformidade e, portanto, um lugar polifônico, “marginal”, em que o sujeito-pedestre feito passageiro se coloca com seu corpo, por inteiro e assume seu lugar, na maioria do tempo equilibrando em pé com o apoio das mãos ou ocupando os poucos assentos em disputa, no já lotado Coletivo circulante em meio à cidade que pulsa a todo instante. [1: Este conceito é diferente do adotado pela CETURB-GV, empresa responsável por gerir o Sistema Transcol. Adota-se coletivo para diferenciar de seletivo. Coletivo seria o ônibus para a geral, entendendo que quem pode pagar uma passagem mais cara vai de seletivo e quem não pode usa o coletivo, que é para todos. O conceito aqui ganha um sentido mais robusto, que envolve esta parte econômica, mas também a idéia que há uma circularidade negativa e imposta que obriga este sujeito, aqui denominado de andario, que é o pedestre que se torna passageiro e que por não ter opção tem que usar o coletivo e nesta condição está sujeito a viver uma série de possibilidades neste coletivo, que também não é só um lugar físico, mas uma condição de vivências, experiências, trocas.]
Neste Coletivo em trânsito, que se desloca, se movimenta numa movência de performances, quase teatrais, fonética, discursiva, sonora, corporal e até poética, por meio dos trejeitos e posturas corporais diversas, em que seus passageiros, por meio de seus corpos cansados compreendem e vivem com o outro, logo, sentem seus “dramas” e necessidades. No Coletivo e a partir dele que se pretende pensar e sentir como é vivenciado o cotidiano capixaba que se revela nas suas diversas nuances, enfim, como é produzida esta teia de relações do estar junto, em que sujeitos individualizados, numa atmosfera de universalidade, troca suas impressões neste espaço circulante em meio a cidade que se descortina a frente. [2: Entendendo aqui como a dimensão dinâmica do mundo que Paul Zumthor (2005) nomeia com sendo movência. É uma forma de comunicação oral que surge com a aceleração do capitalismo e que se dá por meio da técnica. Esta ação de movência provoca um redimensionamento dos espaços da voz e da narrativa na vida cotidiana. Seria como um processo de criação continua. ][3: https://www.facebook.com/coletivopoesiadebusao. A poesia é uma iniciativa do Coletivo Poesia de Busão que no decorrer das idas e vindas pude vivência com certa frequência. ]
Nesta temporalidade que se esvai, às vezes instantânea, dependendo da onde se quer chegar, com sujeitos, passageiros-pedestres que tem compromissos, horários marcados, são engajados numa vida de necessidades e relações e que se coloca neste que é o único meio de transporte público acessível entre a margem e o centro, que liga e religa esperanças e expectativas de uma vida melhor por meio do estudo, do trabalho e da cura da dor num hospital da Capital. 
Neste lugar tudo parece está de passagem, a vida se apresenta como uma cena de um filme que se move e seus personagens vivem performances rodeadas de nuances plurais, se esforçando para se manter em pé literalmente, às vezes. Esta aparente confusão urbana da vida se revela, “pula”, se emoldura, depende do trajeto, se longo ou curto, turbulento ou não. Estar aqui neste universo é vivenciar as tensões de estar lado a lado, ombro a ombro, indo, sendo levado. Este sentimento pode se mostrar em forma de alivio, descanso ou mesmo em forma de medo e pânico, por isso, por ser tão plural e instantâneo. Este encontro não pode ser pensado e percebido de forma isolada, tem que ser analisado neste misto de confluências, neste universo plural e diverso em que esses sujeitos, pedestres-passageiros-pedestres se encontram, neste ônibus, que em movimento se torna Coletivo e coletiviza a individual impessoalidade das relações, ao ir parando e partindo, deixando e pegando novos passageiros a cada ponto da cidade. 
Esta atividade acadêmica se apresenta em forma de trabalho de fim de período tem a pretensão de elaborar, a partir de alguns referenciais teóricos, uma “descrição densa”, (Geertz, 1994) dentro dos limitados wagnerianos, no Coletivo 591 e a partir do Coletivo que circula e se encontra nas avenidas da Capital Capixaba. Pretende-se compreender as diversas sensações vivenciadas e as trocas das experiências sensoriais e como elas marcam a relação das pessoas umas com as outras, com o lugar, como redesenham as relações sociais, de conflito e de poder. Enfim, busca identificar as vivencias e as experiências cotidianas dos sujeitos em meio ao cotidiano e seus encontros transitórios, de passagem, que acontecem no e a partir do Coletivo e fazer uma crítica ao que está estabelecido nas divisões politicas. E que segundo Caldeira (1988) “faz parte do novo papel do antropólogo/autor a busca de estilo que melhor se adapte a seus objetivos e a responsabilidade pelas suas escolhas.”
O cotidiano na movência a partir da condição de embarcados e condenados num Coletivo lotado. 
Ônibus é um veículo grande usado para o transporte coletivo, seja ele urbano, interurbano, intermunicipal, interestadual de passageiros, com rota prefixada e pontos de parada e horários de saída e chegada. De acordo com a demanda dos usuários de determinada localidade ou região e um cálculo de viabilidade lucrativa uma empresa traça uma rota e fixa um itinerário, ou seja, a fixação de pontos em um trajeto a ser percorrido que passa a indicar as parada dos ônibus, do início ao fim em determinada linha. 
O ônibus urbano, que transita numa regiãometropolitana, atende a horários e cumpre um itinerário fixo como outra linha qualquer, contudo, existem particularidades que são especificas da cidade, sejam elas arquitetônicas, paisagísticas, estética, urbanísticas, sonoras etc, que mesmo sendo apenas um veiculo de transporte de passageiros, o fato de transitar neste ambiente urbano, que compõem esta paisagem que tem uma ocupação do território de forma não planejada, com avenidas estreitas e curvas acentuadas, iluminação precária em muitos lugares, com a ocorrência de engarrafamentos constantes, grande fluxo de pedestres em determinadas horas do dia, sem ciclovias e ciclofaixas e com barulhos e ruídos terríveis etc, faz deste ônibus um lugar Coletivo com características que merecem a nossa atenção. Estas características, muito próprias da cidade e que vivenciadas por quem se torna um passageiro deste veiculo chamado de coletivo é nosso objeto de atenção que vai nos orientar de forma atenta, a partir da vivência no cotidiano dos espaços dos ônibus, colher alguns sussurros leves, lampejos que vão auxiliar num esboço de uma proposta de análise da paisagem na movência. 
A proposta é analisar a paisagem, sua formação e a manifestação no cotidiano das indas e vindas do Transcol, na Região Metropolitana da Grande Vitória, a partir das formas como se dão as diversas nuances deste “estar-junto” (Maffesoli, 2004) dentro do ônibus, por meio de performances variadas de indivíduos que se apresentam ora como pedestres, ora como passageiros, voltando a serem pedestres de novo na próxima parada, com suas rotineiras viagens necessárias, do transporte público, denominado Transcol, com foco na linha 591, que sai do terminal de Campo Grande, sentido cidade de Serra – ES. 
Existe um fator que considero determinante para ajudar a perceber e sentir a formação desta paisagem que se trata da constatação de que os veículos, ônibus, que integram o Sistema TRANSCOL (Transporte Coletivo) são a única forma de transporte público coletivo na Grande Vitória. Portanto, não se trata de só um meio de transporte. Este é o único que existe em atuação e, portanto, diante desta falta de opção os usuários do transporte público estão como que condenados a andar de ônibus e pior, neste tipo de ônibus, com veículos considerados de “segunda mão” e que apresentam sinais claros de deterioração, com muito barulho no uso dos freios, vidros soltos, com batidas constantes, o ronco alto do motor, os impactos das batidas nos buracos nos asfalto, os trancos e solavancos repetidamente nas paradas e saídas dos pontos de passageiros. Esta realidade, diria de passageiros embarcados em coletivos superlotados, é para a pesquisa o ponto focal, pois o fato de ser o único meio de transporte público obriga a todos que necessitam de se deslocar de um ponto a outro, a tomarem o ônibus que vier a sua frente e nas condições que ele estiver naquele momento. Este ônibus, geralmente anda sempre lotado, o que produz vários impactos para a vida do passageiro, como dores no corpo, incômodos, abusos e a sensação de aprisionamento, condenação, por não ter alternativa de transporte público que possa usar para seus necessários deslocamentos diários. 
A paisagem em trânsito e no trânsito: o “estar-junto” nos deslocamentos cotidianos. 
A pesquisa vai analisar o cotidiano de passageiros em seu deslocamento necessário com suas performances variadas, portanto, o que está em análise é uma paisagem em trânsito e no trânsito, que se manifesta na movência e se dá nos deslocamentos cotidianos, revelando assim uma paisagem de passagem, em movimento, instantânea, “liquida”, em transe, sonora, misturada, confusa, partilhada, vivenciada, portanto, coletivizada, polifônica, que se dá no limiar entre a margem e o centro, a segurança e o medo, tranquilidade e a perturbação, gentileza e a ignorância, o dormir e o acordar, o estranho e o conhecido, a pressa e o atraso, o pessoal e o impessoal, das diversas vozes, sons, barulhos e ruídos, dos testemunhos, das estórias de vida. 
 
Na contramão do que defende Augé (2004) em relação ao conceito de lugar e não-lugar, aqui a proposta é elaborar um esboço que leva em consideração que o ônibus é um lugar de trocas, vivências, do medo, sono, do testemunho, rotina, da confiança e desconfiança, da margem, portanto um lugar de práticas e vivências, ou como dizia Certeau (1994) um lugar praticado e vivenciado a partir de uma relação em que o falar, o ver, o sentir, o ouvir, a presença corporal e as relações impessoais se estreitam e, portanto, podem se revelar enquanto lugar, sobre diversas maneiras e formas. Por ser difícil a sua interpretação e classificação, é preciso então “estar lá”, junto, atento e presente nas viagens para descrever o descritível e o indiscritivel, audível e o silencio, o visual e as não trocas e isso só se dá pela condição de pedestre-passageiro-pedestre sendo, portanto, como um expectador da vida real, um escrevinhador de vidas, um coletor de estórias e um testemunho dos acontecimentos. 
Por ser a única forma de transporte público na Grande Vitória, os ônibus, geralmente andam lotados, com todos os assentos preenchidos, muitos passageiros em pé, o que cria uma proximidade forçada. Esta relação de contato e de proximidade torna o ônibus um lugar diferente, por que mesmo sem se conhecerem ou ao menos sem terem se visto um dia na vida, as pessoas são obrigadas a sentarem-se lado a lado e isso pressupõe um “estar-junto” (Maffesoli, 2004), e às vezes um estar-junto muito próximo, colado. Isso se dá porque o ônibus em alguns horários anda cheio demais. Daí não tem como não ficar meio grudado em pé ou quando sentado, até porque os assentos dos ônibus são estreitos, dificultando a vida dos passageiros altos, de pernas longas ou com um peso acima da média, o que os faz sentirem-se excluídos. 
Esta proximidade não desejada faz o usuário do Transcol participar das escolhas do outro mesmo sem querer. Daí não tem como não saber o que a outra pessoa está ouvindo no fone, no celular, pois geralmente o volume é alto. O cheiro de ambos é sentido facilmente, a fala no telefone é transmitida mais diretamente para quem está ao lado. E em alguns casos esta proximidade pode ser positiva para ambos ou para algum dos passageiros. Pode gerar uma conversa sobre determinado assunto, desde uma orientação sobre um endereço ou até mesmo sobre uma conversa sobre o que esta acontecendo no momento, como o engarrafamento da avenida etc. Este contato pode resultar numa futura amizade ou até em uma paquera, que pode virar noivado ou até mesmo casamento, ou ainda num momento de intimidade de casais ou entre amigos que encontra um ombro para colocar a cabeça na hora do cochilo. Mas também pode ser negativo, devido ao ruído do som num volume mais alto, em alguns casos sem fone ou até mesmo com o uso do fone, o falar com voz alta ao celular, um cheiro não muito agradável, a ponto de se tornar impossível ficar ao lado. 
Este espaço vivido no coletivo pode gerar uma estranha “intimidade horizontalizada e passageira” como diz Da Matta (2012), que se dá pelo encontro de uma intimidade física, num ônibus lotado, ao percorrer em velocidade as avenidas fazendo curvas acentuadas, jogando os corpos uns sobre os outros. Toda vez que isso acontece causa incômodo, gera abusos de “espertinhos” e pode resultar em tentativa de prática sexual dos que aproveitam do momento em que vivem com terceiros, dentro de um espaço de necessidade, para usar a “mão boba” e tocar partes do corpo que estão ao alcance da mão. Estas práticas surgem, geralmente, de quedas planejadas e contato exagerado e íntimo sobre o corpo de mulheres resultando nas encoxadas, como tem sido noticiado nos jornais de várias partes do Brasil e motivo de queixas constantes por parte do público feminino.
Esta postura de aproveitador das situações geradas a partir do esta-junto no ônibus é condenada pelos passageiros que não aceitam estas e outras ações de “espertinhos”, o que não condiz com uma vida de respeito às normas sociais coletivizadas.Assim também quando os assentos reservados para idosos, gestantes, pessoas com deficiência, é ocupado por outros passageiros que não estão nesta lista dos que teriam este direito, o conjunto dos passageiros geralmente condena esta atitude, mas poucos são os que reagem e cobram a liberação do lugar. Outras atitudes, como um esbarrão, um pisão no pé, uma cotovelada, que acontece sem querer, geralmente são perdoadas se o outro pedir desculpas, o que acontece com frequência nas idas e vindas das viagens. 
O silêncio dos cansados: que ruídos são esses? 
O barulho dos roncos dos motores dos diversos carros que trafegam as avenidas entrecortadas pela velocidade cotidiana, as sirenes, as buzinas e principalmente o motor do ônibus (que pode ficar na frente ou atrás), as falas diversas, um anuncio do vendedor ou pregador, uma música, que de vez em quando surge dos muitos e diversos tipos de celulares disponíveis nas mãos dos passageiros. Estes barulhos compõem uma paisagem sonora no Coletivo e que faz se torna parte da vida na cidade e é vivenciada todos os dias pelos profissionais rodoviários, cobradores e passageiros. A partir de Tuan (1980) podemos nos perguntar que barulhos são esses? Em sua obra Topofilia vai dizer que a maioria destes barulhos não são humanos, mas surgiu em decorrência de uma sociedade industrial e tecnológica e que incorporou na sua paisagem cotidiana os diversos tipos de ruídos, sons e barulhos como algo que faz parte do seu cotidiano, compondo assim a paisagem sonora das cidades modernas, o que neste caso se repete na Capital do ES. 
O uso do fone de ouvido, de tipos e cores variadas, se torna uma forma de isolar-se num mundo mais impessoal e também revela uma forma livre de escolher que som é possível ouvir neste turbilhão de ruídos e barulhos que são lançados sobre os aparelhos auditivos de passageiros de forma impositiva. É como se ao escolher viver na cidade a gente não pode se livrar do barulho e do ruído, a não ser escolhendo outras formas de ruído, neste caso o som. Para não ouvir o que todos ouvem, o barulho confuso da cidade, coloco na minha orelha outro barulho que quero escutar e no volume de minha escolha. Contudo, a mesma escolha não pode ter o cobrador e o motorista, que são obrigados a ficarem atentos a cada movimento e som que eclode nas avenidas tumultuadas e movimentadas, sendo, portanto reféns deste turbilhão que ecoa em seus aparelhos auditivos todos os dias. 
Esta paisagem que se dá com muitas vozes, palavrório, ruídos e barulhos, acontece dentro de num coletivo, portanto, se torna coletivizada, aberta a todos, impõe um convite a todos, você participa até sem querer. Ao falar no celular, que geralmente é num tom mais elevado devido aos diversos outros sons dentro do mesmo coletivo, e por mais baixo que seja as conversas se tornam audíveis e acessíveis, da mesma forma o bate-papo com o colega da cadeira ao lado se torna comunitarizado, a ponto dos mais próximos saberem de toda conversa e se verem nela pro grau de proximidade. Não dá simplesmente para sair de perto e ir mais longe um pouco, a não ser se tiver lugar vago e o ônibus for aquele mais longo, tipo biarticulado. Logo, estando no ônibus, a única forma de não participar desta paisagem sonora coletivizada é recorrendo ao fone de ouvido. 
O ouvir música ou participar de outra forma de distração, por meio do fone de ouvido, pode levar a um cochilo ou até mesmo a um sono mais profundo. Mas mesmo sem o aparelho nos ouvidos e com as batidas constantes nos muitos buracos das nossas avenidas sem manutenção, os solavancos que acontecem a cada instante, os ruídos diversos e os barulhos constantes internos e externos, muitos passageiros cochilam, dormem mesmo e até babam em seus assentos nos ônibus. Em determinado horário, bem cedo, depois do almoço ou a noite, na volta do trabalho ou ainda mais tarde, na volta da faculdade, é possível ver e até mesmo ouvir os roncos dos cochilos. Esta constatação cotidiana em que o cochilo, o sono, o ronco, o babado e o dormir nos assentos do ônibus demonstram que uma imensa maioria de passageiros estão cansados, com seus corpos e mentes pesadas e transformam o estar junto num lugar de descanso e relaxamento. Veem, como embarcados nos seus translados, uma oportunidade de relaxar e, portanto deixam-se embalar, como num berço, pela mão do motorista que conduz a todos nas avenidas da vida. Esta condição posta revela uma paisagem em transe, que surge num lugar do limite entre o descanso, o sono, o despertar e o estar atento. Esta paisagem se revela a partir da vida de passageiros em um silêncio necessário, impositivo, transfigurado pelo uso do fone de ouvido ou pelo cansaço ou cochilo, que sente, observa, toca e deixa se tocar pelos movimentos constantes de outros sujeitos do Coletivo seguindo seu curso e cingindo a cidade que se mostra para cada um a partir do seu ser no mundo. 
Enfim, o fone de ouvido, acompanhado do celular é um acessório indispensável no cotidiano dos passageiros da linha de Transcol, sendo usados todos os dias pela sua imensa maioria. Conectados a aparelhos mais modestos ou até mais sofisticados que vai desde MP3, celulares a iPods, ficam alheios a ruídos e barulhos externos, enquanto a cidade se movimenta, se revela e se esconde e o trânsito flui, controla o ir e vir. Geralmente, ao embalo das musicas, estes passageiros seguem mergulhados em sua sonorosidade individualizada e conectada. Esta individualização das relações é muito presente em ambientes que aglomeram um número grande de pessoas, como o ônibus. Isso torna a vida de alguns deles, dentro do coletivo, isolada por meio de um mecanismo de som individual. Geralmente com os olhos fechados e ao som da batida da música, alguns passageiros, que conversei, alegam que o fato de sentar ao lado de outra pessoa no mesmo assento “não significa que vai rolar uma conversa”, pois geralmente são pessoas estranhas e o simples contato físico, ao sentar um ao lado do outro não é garantia se vai haver um diálogo. Mas é possível perceber que o passageiro que usa o fone pode até não puxar um assunto, caso não estivesse com o fone, mas o fato dele usar o fone é uma forma de individualização e diz muito para quem está ao seu lado. Ao dispensar uma possibilidade de comunicação e interação com alguém ao seu lado pode perder a oportunidade única de conhecer novas pessoas, trocar informações importantes ou partilhar ideias. Ficar conectado e em comunicação externa com o mundo, seja por meio da música, de informações, aulas de inglês, jogos etc parece uma forma de compensar esta não interação com o outro ao lado ou até mesmo preencher aquele momento que resultaria num silencio ou simplesmente na observação da paisagem externa. 
Uma paisagem da singularidade: “O lugar faz o elo”
O Coletivo, que por sua estrutura impõe uma aproximação entre os passageiros quase obrigatória, cria uma ambiência que possibilita uma coletivização das relações. Seja por que, para acessá-lo, ficamos em uma fila, um atrás do outro, sentamos lado a lado e temos contato físico, que ao acontecer vem acompanhado de um “desculpa”, “desculpa ae”. Quando em pé, têm os contatos por meio de esbarrão, encostos. Também, quando encontramos passageiros gentis, podemos saborear a sensação de gentileza, quando alguém pede para segurar a bolsa, mochila etc. Mesmo com essas possibilidades os passageiros que moram e vivem em coletividade preferem não viver esta coletividade quando tem oportunidade. Este passageiro imerso na coletividade, mas absorto na sua vida individualizada se comunica sempre mais de forma virtual, com uso frequente do celular e das novas tecnologias, como vimos. 
Esta rotina cotidiana se dá na margem de quem não tem outra opção e revela uma regularidade perpassada com uma vida vivida a partir da necessidade de sair e chegar, logo, em constante fluxo e movência. Este lugar do limite e da passagem esconde e revela mais do que aparece aos nossos olhos e ouvidos, por isso, é sempre preciso estar-junto, pois mesmo que você estejaali na condição de um coletor de memórias ou de estórias, não tem como fugir da condição de passageiro em que você se encontra e por isso sente e percebe o lugar a sua volta com mais sensibilidade, pois as manifestações diversas acontecem a sua frente, logo você é “afetado” e afeta os demais. Trata-se de uma paisagem imediata, instantânea, mas também explicita que se forma e se esvai como num vácuo. Contudo, por se tratar de um lugar de encontro, contato, de possibilidades e trocas, torna-se um lugar que promove partilha de vidas por meio do discurso, da oralidade, do testemunho de mudança de vida, posturas e atitudes. E assim um grupo pode se constituir a partir deste lugar, pois como diz Maffesoli (2004) “o lugar faz o elo”. Temos diversos grupos de estudantes, por exemplo, que se encontram todos os dias no mesmo horário marcado, na mesma fila, em grupo, até furando fila, entre abraços, sorrisos e com celular a mão, trocam caricias, beijos e relatos de suas vidas. No ônibus, sentam juntos ou próximos ou em pé e seguem a viagem toda falando, contando estórias da vida real, ouvindo musicas, brincando com jogos no celular ou até cochilando nos ombros da colega ao lado. 
Neste sentido segundo Campelo, 2013, p. 12 (apud Stobbelaar & Pedroli) fala de uma identidade da paisagem como “a singularidade percebida de um lugar”. Segundo ele ainda trata-se de (apud Haartsen et al. 2000; Kruit et al. 2004):
Uma definição que nega a natureza absoluta da paisagem, pois o foco esta na observação e percepção e não nas características físicas do lugar, o que faz da identidade da paisagem uma experiência psicológica partilhada, ponto de partida para uma construção pessoal e social da identidade (Haartsen et al. 2000; Kruit et al. 2004).
Sendo assim, a definição de paisagem a que se propõe neste trabalho não está totalmente coerente com a tradição conceitual conforme Campelo, por que a pesquisa tenta analisar e interpretar a paisagem a partir de um lugar de movência e trânsito e portanto, exige uma “reflexividade” que impõe ao analista uma compreensão mais apurada da realidade que se põe em seu entrono. Este grau de dificuldade é o que nos mobiliza a fazer esta analise e a percepção do cotidiano que se revela em movimento. 
Uma paisagem em transformação. O tornar-se passageiro: do ônibus ao Coletivo. 
O que faz o pedestre entrar no ônibus, pagar uma passagem, sentar, quando consegue, ou ficar em pé e seguir até o seu destino? Necessidade. Mas, caso este passageiro tenha outra opção e possa pagar por outra forma de transporte será que o faria? Ou iria de ônibus, por se tratar de uma forma mais coletiva e econômica de se deslocar? Estas perguntas podem ser respondidas em outra pesquisa que pretendo realizar. Por ora fico com a constatação de que as pessoas de fato precisam de andar de ônibus por não terem escolha, não ter outra opção e portanto, considero que estão “condenadas” a ir de ônibus, caso queiram chegar ao seu local de trabalho e estudo. E o pior é que em muitas localidades só tem uma linha disponível. O entrar no ônibus, pagar a passagem e torcer para ver se consegue sentar em algum lugar. Esta ação do passageiro faz parte de uma rotina e acontece por necessidade de deslocamento de casa para seus compromissos cotidianos e vice-versa, como ir trabalhar, na maioria dos casos, estudar, ir ao médico e outros. Pois quem sai para passear pode se “dá ao luxo” de escolher o horário e o local que quer ir e, portanto, tem mais possibilidade de escolha e não tem o mesmo compromisso de outros passageiros que tem horários marcados. 
Na condição de pedestre-passageiro-pedestre, um sujeito que está de em movimento, de passagem, saindo de um local da cidade para outro, para cumprir uma agenda de compromissos, se permite viver uma série de possibilidades de trocas que acontecem desde o inicio da sua aventura urbana, quando saí de casa como pedestre, vai para o ponto de parada de ônibus, entra no interior do ônibus, e depois como pedestre novamente quando desce e vai para o seu destino. O passar a roleta é a travessia oficial que torna este individuo um passageiro, alguém condenado, um embarcado andario. No coletivo existem alguns casos de passageiros especiais que são liberados de passar a roleta como os policiais, bombeiros, rodoviários, que trabalham na mesma empresa de transporte coletivo e outras. Estes entram por outras portas e assumem uma posição de destaque dentro do ônibus, pois a sua posição impõe um certo respeito aos demais. Seria um embarcado especial. Existem outros casos de indivíduos que não passam a roleta por que encontram outras formas de entrar no ônibus quando da abertura das portas e garantem a sua passagem no transcol, mas assumem uma posição de alguém transgressor, que impõe um certo medo e expectativa aos demais, em decorrência da duvida do que este individuo, agora passageiro, pode fazer com os demais. Seria um embarcado marginal. Existem ainda os que pulam ou passam por baixo da roleta, quando é ainda é possível, pois elas foram alteradas em seu tamanho justamente por causa deste artificio usado por muitos que não podem pagar para se tornar passageiro. Seria um embarcado andarilho. Outra modalidade de passageiro que não passa na roleta é um grupo mais especial e diverso, que faz do espaço do ônibus um lugar da oralidade, do testemunho, do comercio e também faz do piso do ônibus um púlpito, onde num misto de apelo, testemunho e pregação, vendem seus produtos e serviços, que pode ser uma bala, um bombom, uma caneta, um porta documento, um fone de ouvido, uma poesia, um hino e uma música. Estes seriam embarcados criativos. 
Este ônibus descrito, até então, pode ser visto só como um meio de transporte, e sendo visto desta forma, compõe a paisagem da cidade urbana ao trafegar pra lá é pra cá, com sua visibilidade e os diversos sons e barulhos que emite. Mas só é possível pensar a paisagem a partir do ônibus se levar em conta que ele é um Coletivo, mais do que um meio de transporte público que de forma precária transporta embarcados em seus diversos destinos. Ele atravessa a cidade ponta a ponta, garante e permite o acesso e circulação de pedestres que veem nele a única forma de transporte acessível, portanto, deixa de ser um ônibus e passa a ser um Coletivo, pois traz em seu interior os vários tipos de passageiros, se torna por isso um lugar que carrega o drama da vida real, de possibilidades, de vivências, trocas e experiências múltiplas e diversas. 
O que é um coletivo afinal? Segundo os usuários que ouvimos o coletivo é um lugar móvel, meio de transporte, que anda sempre muito “cheio”, “lotado”, principalmente nos horários de pico (cedo e a tarde/noite) “demora muito a passar” nos pontos de parada, “sem o mínimo de conforto” e “segurança”. É um meio necessário para a vida dos moradores, a maioria trabalhadores e trabalhadoras, estudantes, que precisam ir e vir todos os dias para conseguir se manter financeiramente e cumprir seus compromissos e responsabilidades. Ao conseguir entrar no ônibus, já cansados devido a lida do cotidiano, geralmente vão em pé até sua casa, que costuma demorar horas, devido a tráfego mais intenso e, portanto, lento nestes horários. Apesar de ser lotado, demorado e sem condições de segurança e conforto, neste ambiente nada atraente e favorável, é possível “conversar”, “bater um papo legal com alguém”, “fazer novas amizades” e até “conhecer alguém e ficar noiva”, tamanha a intimidade que pode proporcionar um encontro dentro do Coletivo. 
Este ônibus acontece como Coletivo quando seu espaço é ocupado como lugar de passagem, portanto ocupado com pedestres que estão passando e se movendo para chegar a um outro lugar, e neste momento se encontram como passageiros-pedestres e pedestres-passageiros, pois tem seus compromissos firmados, horários a cumprir, uma casa para chegar e com alguém a espera, uma escola, um local de trabalho, enfim, um grupo social que interage e faz parte da vida, formando uma necessidade de ir e vir, de se colocar a caminho, emtrânsito e no trânsito. Nesta condição o passageiro é percebido, é notado, pois ocupa um lugar demarcado por seu corpo que se coloca com sua postura e atitude no seu lugar demarcado ou como jovem, trabalhador, idoso, mulher etc. Esta condição é visível pelos assentos demarcados que exige renuncia de quem esta sentado, tendo logo que levantar ao ver um idoso, uma mulher gravida, uma pessoa com deficiência etc. Também é visível pela forma de ficar em grupo, ouvir musica com fone nos ouvidos, falar em tom de brincadeira e com muitos risos. 
Este ônibus-coletivo passa a ser alvo constante de assaltos que culminaram em mortes de passageiros, cobradores e até motoristas. Com a cobrança da categoria e as perdas constantes de dinheiro as empresas instalaram câmeras de vídeo monitoramento para filmar em tempo integral todos que entram e circulam no ônibus. Como não tem como ter um policial em todos os ônibus, o olho digital que tudo vê e registra é a garantia de controle e cobrança dos que não cumprem as regras e tentam usar de desvios e subterfúgios para acessar o espaço do coletivo. Neste público mais transgressor das regras existem aqueles que vêm para assaltar e, portanto, entram armados e impõe um clima tenso em todos no coletivo, que se veem em uma situação de vulnerabilidade não podendo sair e correndo risco de serem atingidos por bala perdida. 
A paisagem a partir da janela do coletivo: uma tela de um quadro ou uma cena? 
Collot (2012) nos fala da paisagem como enquadramento quando cita uma das características da formação da paisagem que seria o conceito de totalidade, ou seja, ela vista em seu conjunto, como que vista se um só golpe de vista. Neste sentido segundo ele o horizonte delimita um espaço homogêneo e reúne todos os objetos dispersos compondo um todo coerente, esta ação ele chama de enquadramento que lembra a tela e por isso, vai ser possível a partir daí a emissão de um parecer estético acerca do que foi reunido em uma ideia de conjunto. Esta ideia de totalidade e enquadramento estético relacionamos com uma forma de percepção de paisagem possível a partir do coletivo, tendo a posição do passageiro, situado em uma paisagem já polifônica, num lugar em transito e no trânsito. Este passageiro que voltará a ser pedestre, viaja se movendo, e observa as paisagens que se permitem revelar a seus sentidos, que pode ser mais sonora, mais fixa, parada, móvel. As vezes o que se mostra não é o que se vê, pois a gente vê aquilo que nos move a ir além de nossos olhos e este ver pode esta carregado de sentimento e nos ajuda a lembrar de outras coisas e outros lugares, como se estive ali com desejo de outros lugares. Esta forma de perceber a paisagem pela janela do ônibus é um convite a viver as cores, os cheiros, os aromas e as formas como a cidade se mostra e se revela ao passageiro absorto em sua janela. 
Nesta proposta de Collot (2012) vamos apresentar uma narrativa de uma senhora com seu filho numa das viagens do ônibus da linha 519 terminal de Campo Grande sentido cidade de Serra – ES. Veja:
Enfim o coletivo seguia pela segunda ponte:
Maravilhada, lembrou-se da sua querida Bahia.
- Olha lá o mar! E virou o rosto do pequeno.
- Veja meu filho, parece que são cabelos. 
Cabelos encaracolados e negros. Parece cabelos.
-Tá vendo filho como é bonito! 
O menino ficou encantado e saltitante com os olhos brilhando, como que querendo ir lá perto ver, sentir aquela água toda e mexer nos cabelos negros.
- Veja como a natureza de Deus é bonita meu filho! Aquela água toda preta.
Mas não deveria ser azul mamãe?
– Olhe lá mais adiante menino, la sim está mais azul.
Aquela ali parece um pouco poluída...É! Tá preta mesmo!
Nossa! Onde vamos parar deste jeito!
Mais a frente, dando adeus a ponte:
- Estes morros aqui da Capital parecem com as barracaiadas do nosso bairro. Um empinhado em cima do outro. 
Parece que o povo teve que correr as pressas e montuar seus trecos um em cima do outro de qualquer jeito. 
Se bem que ali tem umas que tem tinta. Tem casa bonita lá também. 
É! Parece um pouco diferente. 
Vai ver que aquele ali ganhou um dinheiro há mais e sobrou pra pintar as paredes.
O pobre sofre mesmo!
- Que barulho é este meu filho?
Vixi! Parece que é gente no lugar dos carros. 
Gente parando o trânsito?! Isso não é bom! 
Os carros tomaram o lugar da gente andar; agora as pessoas querem o lugar dos carros. Deve ser isso. 
Esta briga de gente e carro e carro e gente, isso não dá certo. a gente sempre perde. Por que parece que gente que tem carro não é gente.
Meu filho cadê você? Fica quieto aqui menino!
A mãe puxou o braço do menino curioso, que já estava indo pelo corredor afora ver mais de perto da onde vinha o barulho.
Nesta narrativa fica claro que a partir da janela do coletivo a Senhora “Baiana”, vai descrevendo para o menino, mas também para todos os que próximos dela o que consegue ver e perceber da paisagem de parte do trajeto. Quando a gente fala sempre fala a partir de um lugar em que se está, mas também que são as referencias para nossas memórias, que neste caso era a Bahia, sua terra natal. Este espaço, baú de nossas memórias, é o lugar que deixamos nossas marcas e que também fomos marcados. Este lugar conforme Campelo (2013) possibilita leituras, interpretações, divergências e criatividade, trata-se de uma “singularidade percebida de um lugar”. Esta lembrança da sua Bahia fez com que a Senhora Baiana ao ver as paisagens da cidade de Vitória relacionasse com a sua terra de origem, tendo como referencia suas memórias. 
Para Collot (2012)
a paisagem é constitutiva a partir do ponto de vista que ela é examinada. Isso pressupõe como condição de sua existência a atividade de um sujeito. Ela se revela numa experiência em que sujeito e objeto são inseparáveis, não somente porque o objeto espacial é constituído pelo sujeito, mas também porque o sujeito, por sua vez, encontra-se englobado pelo espaço. Ela constitui um excelente exemplo de espaço habitado. É um espaço considerado a partir de mim como ponto ou grau zero da espacialidade. Eu não o vejo segundo seu invólucro exterior, eu o vejo de dentro, sou aí englobado. 
Observando a narrativa da senhora Baiana podemos destacar que ela tem claro um ponto de vista, decorrente da experiência de suas origens na Bahia, e a partir daí ela começa a analisar a paisagem. Ela fica maravilhada e a principio só vê a beleza, mas é interrompida pelo filho, criança que fala a partir de uma vida encantada de rios e mares da cor do céu e por ser criança não tem as mesmas memórias da mãe, de uma Bahia de belezas e com rios limpos. A criança esta imersa numa realidade de fantasia e não consegue perceber ainda a totalidade da paisagem alterada e modificada pelo ser humano. Por fim, quando a senhora viu o mar se viu nele englobado, lembrou da Bahia, fica maravilhada, vê a beleza divina, mas percebe a ação do homem por meio da poluição. Ela ao avistar as casas, sente a dor do pobre, como se estivesse sentindo a mesma dor: “O pobre sofre mesmo!”. 
Segundo Collot (2012) ainda: 
A paisagem é parte enquanto lugar da convivência, na medida a paisagem oferece ao olhar apenas uma parte da região, limitação que leva em conta a posição do espectador, que determina a extensão do seu campo visual e o relevo da região observada. E manifesta-se por meio dos campos visíveis e não-visiveis. Todo objeto percebido no espaço comporta uma face oculta, que, se escapa ao olhar, não deixa de ser levada em conta pela inteligência perceptiva para determinar o sentido próprio do objeto. Porque as falhas no visível são também o que articula o campo visual do sujeito com o de outros sujeitos: o que é invisível para mim em determinado instante é o que um outro, no mesmo momento, pode ver. A estrutura do horizonte da paisagem revela que ela não é uma pura criação de meu espírito, pertence tanto aos outros quanto a mim, é o lugar de uma conivência. Ela lhe dá a espessura do real e o religa ao conjunto do mundo.A fala da Baiana se dá a partir de uma janela de ônibus em movimento e o que deve-se levar em conta também é que existe uma polifonia na movência acontecendo neste coletivo em que se esta inserido o passageiro observador. Ela olhou e viu uma parte da paisagem e enxergou no mar formas de cabelos longos e encaracolados. Mas teve que olhar mais adiante, fora do seu campo inicial de visão, para poder ver a poluição na paisagem, que seu filho, outro expectador observou. 
O “andario” e a historicidade: episódios confusos de sensações privadas de um corpo no mundo. 
Merleau-Ponty (2006) em sua Fenomenologia da Percepção nos coloca como ser situado no mundo a partir de nosso corpo, portanto ser de experiência, que experimenta o “gosto do mundo” (BESSE, 2014) e conclui que habitamos o mundo a partir de nossas vivências que se dá na presença corporal, pois se percebo o mundo é com nosso corpo que o fazemos, onde co-existimos com os outros sujeitos e compomos assim uma paisagem ao nos relacionarmos e vivermos com os demais seres que estão no mesmo meio que a minha existência corporal, pois o corpo é o sujeito da minha percepção. Sobre isso ele diz:
A teoria do esquema corporal é implicitamente uma teoria da percepção. Nós reaprendemos a sentir nosso corpo, reencontramos, sob o saber objetivo e distante do corpo, este outro saber que temos dele porque ele está sempre conosco e porque nós somos corpo. Da mesma maneira, será preciso despertar a experiência do mundo tal como ele nos aparece enquanto estamos no mundo por nosso corpo, enquanto percebemos o mundo com nosso corpo. Mas, retomando assim o contato com o corpo e com o mundo, também a nós mesmos que iremos reencontrar, já que, se percebemos com nosso corpo, o corpo é um eu natural e como que o sujeito da percepção. (Merleau-Ponty, p. 278).
O perceber a cidade só é possível a partir de um sujeito que co-existe com a cidade, que compõe uma paisagem situada no mundo deste sujeito que vive e co-existe. Este sujeito esta na paisagem e a partir do momento em que observa, percebe e sente esta paisagem ele se vê nela, se encontra nela e ela meio que engloba ele e é por meio do corpo que é possível percebe-la e vivencia-la, senti-la. É este mundo que nos toca e nos faz esta em contato com ele, ser nele um ser-no-mundo, um projeto existencial e ser de possibilidades.
Este sujeito só percebe a paisagem que o permeia por que está engajado, é um ser histórico e carrega em seu corpo, suas narrativas e suas memórias as marcas desta historicidade, desta vivência, pois “toda percepção supõe um certo passado do sujeito que percebe”, (Merleau-Ponty, 378), ela não nasce de um vazio sem sentido. É na experiência da paisagem que ao ser tocado, ser afetado no meu singular, torna-se a minha percepção de paisagem que trago para mim, mas segundo Merleau-Ponty a universalidade e o mundo se encontram no coração da individualidade e do sujeito, logo para ele é possível a partilha da experiência da paisagem, pois:
É justamente porque a paisagem me toca e me afeta, porque ela me atinge em meu ser mais singular, porque ela é minha visão da paisagem, que tenho a própria paisagem e que a tenho como paisagem para Paulo tanto quanto para mim. A universalidade e o mundo se encontram no coração da individualidade e do sujeito. Nunca o compreendemos enquanto fizermos do mundo um ob-jeto. Logo o compreendemos se o mundo é o campo de nossa experiência. (Merleau-Ponty, p. 544)
Da janela do ônibus “a paisagem desfila diante de nós” (Merleau-Ponty, 376) num “ambiente que se move o tempo todo, se distancia e se aproxima de nós conforme vamos circulando por ai”. Este é o sentimento do cobrador de ônibus que vou chamar de PEDRO, em seu depoimento como profissional que todos os dias percebe a cidade a partir da sua cadeira e no contato direto com os passageiros. Ele relatou que em todo percurso não tem como não lembrar do cheiro que surge dentro do ônibus quando o carro passa na Vila Rubim, tem um cheiro forte de peixe e maresia. Nestes tempos de crise financeira, com buscas constantes de alternativa de renda, o odor da paisagem na cidade é bem presente nos cheiros de fritura e churrasquinhos assando para os clientes que estão saindo do trabalho, mas no inicio da noite, e revela os diversos grupos de trabalhadores informais que às vezes só tem aquela forma de ganhar a vida ou ainda trabalham num segundo turno para aumentar a renda, diz PEDRO. 
Estes grupos encontram formas sutis e engenhosas de ganhar a vida. Para Certeau (1994) a razão tecnológica se colocou como instancia de melhor organização da vida de coisas e pessoas, dando a cada um papeis claros, funções a cumprir e o que consumir em cada tempo e lugar, impondo assim um método racional e inteligível de organização da vida que se tornou aceito como algo que dá conta da realidade aparente. Mas com brilhantismo fenomenal Certeau (1994) nos mostra que o homem ordinário escapa do seu jeito, de forma silenciosa a essa imposição tecnológica. Ele cria formas de viver e inventa o cotidiano, graças as suas habilidades adquiridas nas artes de fazer, nas suas astucias sutis, criando assim táticas de resistências que os possibilita alterar objetos e códigos e assim se reapropria do espaço e do uso a seu jeito. Busca atalhos, voltas, estórias, jogos de palavras e com isso faz do seu cotidiano um lugar de pratica inventiva que dá sustentação a construção de seu próprio caminho, numa liberdade em que cada um procura viver do melhor modo possível a ordem e a imposição normativas das regras. Ele recupera assim as astúcias anônimas nas artes de fazer. 
Como seres engajados neste mundo, com nossa historicidade vivenciamos uma realidade que se nos apresenta sua face mais cruel de crise econômica o que impacta a vida de todos e diante disso cobradores e motoristas estão no ônibus e vêem ele se tornar coletivo, com a entrada de muitos e diversos grupos (vendedores, pedintes, pregadores etc), que apesar de ser proibido por lei estadual, e ter ordem de punição por parte da empresa, os motoristas fingem não ver e abrem as portas do meio, e o ônibus se torna um lugar perfeito para a aplicação destas astúcias da massa anônima, impessoal, manifestadas em diversas performances de sujeitos que estão no limiar da necessidade de manutenção da sua própria existência e de sua família. Temos os vendedores, que se apresentam no palco do ônibus, tem grande necessidade e demonstram isso por meio de apelos diversos e um tanto quanto criativos às vezes. Alguns casos, como de duas jovens vendendo bombons por que precisavam pagar o curso de técnica de enfermagem. Começam a falar de forma tímida e depois de um tempo vão se soltando, mas ainda não desenvolveram a habilidade de convencimento necessária para prender a atenção e convencer a passageiros que estão absortos em suas individualidades com seus fones de ouvido, num cochilo ou num bate-papo ao celular ou com o colega ao lado. Entre os vendedores temos os mais ousados e experientes, que começam saudando a todos e depois iniciam com a expressão “pessoal” em tom de elevação da voz e começam a falar da qualidade do estão vendendo e do produto que estão apresentando, descrevendo em detalhes a sua composição. Geralmente tem uma expressão com semblante firme, boa oralidade, um leve sorriso no rosto, domínio do que estão falando e com isso conseguem vender bem seus produtos, o que revela que a oralidade e presença corporal ajudam a acordar e convencer seus clientes com seus corpos mergulhados nos assentos ou dependurados nas barras do coletivo. Outros ainda começam com testemunho de vida e fazem um apelo mais direto, dizendo que a família esta passando fome e que precisa do apoio de todos os presentes e depois apresentam os produtos que traz a mão. Além de vendedores temos os pregadores evangélicos que são como arautos dos evangelho, da salvação da alma, conversão dos pecados e apontam que Jesus é a solução de todos os problemas do mundo. Temos também os pedintes que percorrem o coletivo e olham para as pessoas,pedem ajuda por que precisam voltar para sua cidade ou por que estão passando fome e geralmente falam de sua família e filhos que o aguardam para poder comer alguma coisa ainda naquele dia. 
As astúcias sutis estão presentes no pular a roleta, que pode surgir derrepente de quem se menos espera, tanto do sujeito que pratica o ato de pular a roleta; quanto do cobrador e do motorista que fingem não ver, pois sabem da dura realidade, ou até mesmo por medo de sofrer represálias e ameaça de atentado contra a vida. Todos são passageiros mas eles estão todos os dias em seus itinerários pré-definidos. Uma outra forma é quando o ônibus está muito cheio mais mesmo assim o motorista pára, pois sabe que é tarde e tenta com isso garantir a viagem de quem não pode esperar tanto para chegar em casa. Neste carro lotado a colaboração atendendo ao pedido da cobradora “gente vamos dá um passinho da frente aê”, se torna outra forma de sentimento coletivo que encontra maneiras de garantir a entrada de mais um dentro deste já coletivo lotado. Os estudantes, ao seu modo encontram formas de burlar a fila, pois ao avistar outros amigos, se juntam no inicio da fila e ficam aos risos e abraços, meio que grudados, todos juntos aguardando a chegada do coletivo e quando abre as portas todos eles entram em grupo e geralmente são mais de dez, e sentam nos espaços próximos formando grupos por proximidade e com isso conseguem passar a frente dos demais passageiros e garantir seus assentos sob a tutela coletiva do grupo. 
Como os estudantes, os diversos sujeitos que se colocam em fila para entrar no ônibus, por necessidade, estão como pedestres e como tal estão na condição de quem precisa sair da onde está para chegar mais rápido em casa ou em outro compromisso, por isso, se coloca como um andario, diferente de andarilho, que se desloca de forma errante sem saber onde vai ao certo. O “andario” seria o pedestre que se desloca justamente por que necessita, tem compromisso, tem uma agenda a cumprir, é alguém a caminho, mais preocupado com horário. Ele está junto com outros tantos sujeitos, não está sozinho, está num coletivo, pois juntos buscam o desejo de “um outro lugar”. Mas para se deslocar mais rápido e devido a pressa de ter que ir logo, pois assim o tempo cobra com severidade, pega o primeiro ônibus que vai direção pretendida, pois, mesmo livre está numa condição de condenado a ter que usar esta única forma de transporte público, por ser a que existe com a proposta de ser pública, coletiva e atender parte da Grande Vitória, indo de terminal em terminal, com uma única passagem e preço considerado mais acessível.
Ao entrar no ônibus, o pedestre se torna passageiro, mas não deixa de ser pedestre e passa a acumular mais esta performance, pois nesta condição ele esta sujeito a todos os impactos positivos e negativos que um pedestre pode sofrer, ser afetado e afetar os demais que estão a sua volta no mesmo coletivo e passa então a viver uma experiência única e singular no ônibus-coletivo que, por meio de uma passagem, da sua necessidade de viagem se transvestiu de passageiro. Agora este pedestre-andario é também passageiro-andario, pois está em trânsito, literalmente no trânsito em movimento e tem compromissos necessários a manutenção da sua vida e família. E é este sujeito que vivencia episódios confusos às vezes, desconhecidos e tem sensações privadas dentro do ônibus que se tornou um coletivo. Ao olhar pela janela sente que há ali uma sociedade a conhecer, que passa rápido num trânsito veloz ou às vezes estática num engarrafamento rotineiro. Este sujeito que vivencia e percebe esta paisagem em trânsito e sonora, daquilo que lhe é possível perceber, revela mais do sujeito que percebe do que do lugar a ser percebido, por meio de seu corpo e de sua subjetividade. Assim, com Certeau (1994), não tem como falar de uma paisagem sem levar em conta este sujeito que está nela e se percebe nela com suas astúcias e formas de fazer as coisas acontecerem. 
Conclusão
Aqui parti do principio de que nós somos seres sociais e, portanto interagimos, por uma questão de necessidade com outros seres para construirmos as nossas redes de possibilidades de relações e de trocas. Estas interações diversas se dão a nós como particípes da vida coletiva, estando juntos a outros de nós e em meio a um todo social que se revela multifacetado, diverso e plural. É o “estar lá” que permite o dialogo entre os que vivem os mesmos “dramas” e performances sociais, construindo juntos a interpretação textual do que se pretende apresentar como material cientifico. 
Nestas viagens textuais e reais, coletamos o que se nos apresenta no momento mesmo em que participamos do mundo da vida. O que vivemos, sentimos e percebemos juntos nem sempre conseguimos incluir no corpo do texto. Ele vai ser revisto e refeito até encontrar uma forma que satisfaça a analise do etnógrafo. Nesta condição de estar lá, coletar, fazer o texto, refazer, cria-se a possibilidade de pensar e repensar o mesmo várias vezes e com isso é possível se ver nele junto com os outros, nesta cotidianidade da vida no mesmo meio social. 
Neste cenário em que vivemos de inicio do séc. XXI, com uma comunicação instantânea, fluida e intensa, a experiência do estar-junto em que o relacionamento social é sentido e percebido na sua amplitude e a cotidianidade da vida passa a ser visto como corriqueiro. Este viver em comum que se revela banal pode revelar muito mais do que se espera. Contudo, a analise exige um fazer parte de um dialogo com seus interlocutores que constroem com seus cotidianos. 
Neste diálogo estamos em relação direta com pessoas, gente, povo como a gente, que também usa o ônibus, vive e passam os acontecimentos, trocas, alegrias e sofrimentos como diz Caldeira (1988) o nosso objeto de pesquisa modificou-se do inicio do trabalho de pesquisa antropológico. Hoje estudamos os membros da nossa própria cultura, diferentemente de uma etnográfica clássica estilo Malinowski, desconstruída por James Clifford (1983) por meio da “autoridade etnográfica”, em que era estudado os “outros” povos colonizados, depois os de “Terceiro mundo”. Agora devemos o processo de relação e lugar da nossa própria cultura e o caráter politico das divisões estabelecendo as criticas as relações de domínio e poder. 
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