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Concepções Abertas Ed.Física

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AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA CONCEPÇÃO ABERTA: UMA 
EXPERIÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
ALMEIDA, Camila Marta – UTP-PR 
camilaalmeiday@hotmail.com 
 
CAGNATO, Euza Virginia – UTP-PR 
euza_cagnato@hotmail.com 
 
DAL-LIN, Alessandra – UTP-PR 
profeale1@gmail.com 
 
 
Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
A Educação Física escolar conta atualmente com diferentes abordagens pedagógicas. Saber 
qual seguir não é uma tarefa fácil. Desta maneira para educar com qualidade é necessário 
escolher qual se encaixa em cada realidade. Destarte, o presente estudo teve como objetivo 
verificar a percepção dos alunos em relação ao ensino da disciplina Educação Física numa 
Concepção de Aulas Abertas. A proposta de Concepção de Aulas Abertas foi desenvolvida 
por Hildebrandt e Laging (1986), esta abordagem caracteriza-se pela participação dos alunos 
nas decisões referentes aos objetivos, seleção dos conteúdos, metodologia e avaliação 
(GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO, 1991). Este estudo se caracterizou como uma 
pesquisa de métodos mistos, em que foram utilizados instrumentos quantitativos e 
investigações acerca da percepção dos alunos. A amostra foi composta por 15 alunos de 
ambos os sexos com idade entre 13 a 17 anos, estudantes da 8° série de uma Escola Estadual 
do município de Campo Magro – PR no ano de 2009. Para averiguar a percepção dos alunos 
frente à referida concepção, foi elaborado um questionário especialmente para esse estudo, 
contendo oito perguntas afirmativas utilizando a escala tipo Likert, (GIL, 1999). O 
questionário foi aplicado após a realização das aulas na Concepção de Aulas Abertas, este 
processo teve duração de dezesseis aulas de 50 minutos cada (1hora/aula) no período de um 
mês e meio. Os resultados obtidos mostraram que os alunos são favoráveis à aulas de 
Educação Física na Concepção de Aulas Abertas, visto que o grau concordância predominou 
nos resultados a todos os questionamentos. Porém, compete a cada professor testar, 
experimentar, cada abordagem pedagógica no âmbito escolar. Para este estudo verificou-se 
que as aulas de Educação Física na Concepção de Aulas Abertas, teve efeito positivo para a 
amostra estudada. 
 
 
Palavras-chave: Educação Física. Concepção de Aulas Abertas. Aluno. 
 
5219 
 
Introdução 
 
A partir da década de 80 surgem os chamados Movimentos Renovadores da Educação 
ou Progressistas, no âmbito da Educação Física Brasileira, buscando dar um novo significado 
a essa disciplina na escola, em oposição à vertente mais tecnicista (BRACHT, 1999; 
DARIDO, 1999). Desta maneira surgem várias abordagens, cada uma com suas 
especificidades, mas convergindo para um mesmo ponto, abandonar a visão tecnicista 
substituindo-a pela formação integral. 
Gid et al. (2009, p. 3124) nos alertam que as “abordagens pedagógicas atuais revelam 
que o esporte rendimento deve estar longe do muro das escolas e o professor precisa inovar 
suas ações metodológicas para recontextualizá-lo no âmbito escolar”. Assim professores 
buscam novas alternativas para suas práticas, visando esta nova perspectiva. 
Segundo Oliveira (1997) a Educação Física atualmente conta com quatro propostas de 
destaque dentro dos aspectos metodológicos sendo: metodologia do ensino aberto; 
metodologia crítico-superadora; metodologia construtivista e metodologia crítico-
emancipadora. 
O ato de escolher determinada abordagem ou metodologia não é uma tarefa fácil, 
afinal as escolas estão inseridas em ambientes culturais diferentes, cada turma e aluno têm 
suas peculiaridades, uma possível saída é o professor experimentar as abordagens para saber 
com qual terá sucesso. 
Desta forma, as autoras deste trabalho, atuando como professoras e percebendo a 
necessidade de modificar buscando sempre um ensino de qualidade, decidem ingressar nesse 
estudo com o intuito de verificar a percepção dos alunos em relação a aulas de Educação 
Física na Concepção de Aulas Abertas. 
Os fatores determinantes para a escolha da concepção de aulas abertas foi o fato desta 
abordagem talvez contribuir, para a motivação dos alunos tão almejada pelos professores e 
pelo desenvolvimento da autonomia, sendo esta é um dos propósitos da Educação Física, pois 
não esperamos que os alunos apenas reproduzam movimentos fielmente conforme um 
modelo, sem refletir, questionar, indagar. Ao contrário, é necessário que compreendamos o 
valor da autonomia para a construção de uma sociedade mais justa. 
 
 
5220 
 
Concepção de Aulas Abertas 
 
A proposta da Concepção de Aulas Abertas foi concebida por Hildebrandt e Laging 
(1986), sendo adaptada para realidade brasileira pelo Grupo de Trabalho Pedagógico das 
Universidades Federais de Pernambuco e Santa Maria (1991) que segundo este, a referida 
proposta caracteriza-se pela participação dos alunos nas decisões referentes aos objetivos, 
seleção dos conteúdos, metodologia e avaliação. 
Oliveira (1997, p.22) ressalta que esta abordagem é caracterizada como progressista 
crítica, sendo seu objetivo “trabalhar o mundo do movimento em sua amplitude e 
complexidade com a intenção de proporcionar aos participantes, autonomia para a capacidade 
de ação”, sendo os conteúdos básicos o “mundo do movimento e suas relações com os outros” 
e o processo avaliativo se “privilegia a avaliação do processo ensino-aprendizagem”. 
O grupo de trabalho pedagógico (apud OLIVEIRA, 2007, p.23) defende que as aulas 
de Educação Física devem: 
procurar uma ligação do aprender escolar com a vida de movimento dos alunos. Não 
olhar para o esporte só como rendimento. Considerar as necessidades e interesses, 
medos e aflições dos alunos, e que não os reduz a condições prévias de 
aprendizagem motora. Manter o caráter de brincadeira no movimento e na forma 
natural dos alunos, isto é, que faça com que isso se desenvolva na discussão social. 
Considerar a relação entre movimento, percepção e realização. Possibilitar aos 
alunos a participação em todas as etapas do processo ensino-aprendizagem. 
As Concepções de Ensino Aberto: 
são abertas quando os alunos participam das decisões em relação aos objetivos, 
conteúdos e âmbitos de transmissão ou dentro deste complexo de decisão. O grau de 
abertura depende do grau de decisão possibilidades de co-decisão. As possibilidades 
de decisão dos alunos são determinadas cada vez mais pela decisão previa do 
professor (HILDEBRANDT; LAGING, 1986, p. 15). 
As aulas nesta abordagem podem ser realizadas de diferentes maneiras, dependendo da 
possibilidade do aluno decidir juntamente com o professor, tendo três possibilidades de co- 
decisões: alto, médio e baixo grau de possibilidade de co-decisão, sendo diferenciada da 
Concepção de Ensino Fechado onde o aluno não tem a possibilidade de participar da decisões 
(HILDEBRANDT; LAGING, 1986). 
5221 
 
Hildebrandt-Straman, (2005, p.141-142) difere a aula fechada da aula aberta 
ressaltando que “sob a Concepção de Aulas Fechadas podemos resumir as concepções de 
aulas orientadas: no professor, no produto; nas metas definidas e na intenção racionalista”. E 
em relação as aulas abertas noz diz que “podemos resumir as concepções de aulas orientadas: 
no aluno, no processo na problematização e na comunicação. [...] Em que o professor admite 
que os educandos são pessoas que sabem atuar juntas”. 
 Uma das principais preocupações no ensino da Educação Física baseado na 
Concepção de Aulas Abertas, é defender um ensino centrado no aluno, considerando seu 
interesse, e possibilitar o seu papel ativo na relação com os conteúdos. Nessa concepção não é 
exigido meras cópias de movimentos estereotipados, como ocorre em movimentos esportivos 
padronizados, e sim permite ao aluno a elaboração da subjetividade na sua relação com os 
movimentos (LIRA NETO, 2008). 
 É relevantelevantar a seguinte questão, as aulas na Concepção de Aulas Abertas não 
são as chamadas popularmente entre os alunos de “aula livre”, como nos alerta Lira Neto 
(2008, p. 65) pois a aula nessa concepção “não nega a necessidade do planejamento, da 
escolha dos conteúdos e das intervenções do professor. Há diferentes graus sob os quais 
ocorre uma aula aberta, mas em nenhum deles os alunos são abandonados exclusivamente à 
sua livre iniciativa”. 
 
Motivação 
 
 Costa e Boruchovitch (2006, p. 88) ressaltam que “motivação em seu sentido 
etimológico, pode ser entendida dentro de uma concepção semelhante a motivo”. E motivo é 
“um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa” (SANTOS, 
2001, p.21) 
 A motivação pode ser desencadeada de duas maneiras, Witter e Lomônaco (1984, p. 
45) nos dão um exemplo de como elas ocorrem na aprendizagem: 
motivação intrínseca é aquela em que a atividade surge como decorrência da própria 
aprendizagem, o material aprendido fornece o próprio reforço, a tarefa é feita porque 
é agradável, sendo realizada por ela própria. A motivação extrínseca ocorre quando 
a aprendizagem é concretizada para atender a outro propósito, por exemplo, apenas 
passar no exame, galgar um posto, ser agradável para outra pessoa (pai, patrão, 
namorada), para ‘subir’ socialmente. Aprendizagem baseada apenas em motivação 
5222 
 
extrínseca tende a deteriorar-se, tão logo seja satisfeita a necessidade ou alvo 
extrínseco. Na motivação intrínseca, ela tende a se manter constante. 
 Bzuneck (2001) enfatiza que níveis baixos de motivação na aprendizagem influenciam 
no desempenho escolar, fato que preocupa, pois, a falta de interesse para aprender pode 
acarretar baixo rendimento nas tarefas, avaliações, e até reprovações. 
 Segundo Gouveia (2007, p. 32) em relação à motivação nas aulas de Educação Física 
“sem a presença da motivação, os alunos em aulas de Educação Física não exercerão as 
atividades ou então, farão mal o que for proposto. A motivação em questão é a responsável”. 
Diante do exposto, de que maneira o professor pode motivar o aluno sem ser apenas 
por meio da punição ou da coerção, de receber boas notas nas avaliações, e ter bom 
rendimento escolar sem se caracterizar como motivação extrínseca? Talvez um dos possíveis 
caminhos a seguir, é testar abordagens, como no caso deste estudo, fazendo com que o aluno 
participe das decisões e desta maneira perceber-se como co-autor do processo ensino 
aprendizagem, não mero coadjuvante, assim como os conteúdos das aulas tenham relação 
com o seu mundo. 
 
Autonomia 
 
 Autonomia segundo Houaiss (2001, p. 351) é a “capacidade apresentada pela vontade 
humana de se autodeterminar, segundo uma legislação moral ou por ela mesma estabelecida, 
livre de qualquer fator estranho ou exógeno [...]” ou seja ser governado por si próprio. 
 Já heteronomia é o contrário de autonomia, pois o indivíduo ao invés de decidir por si 
próprio é governado por outrem (KAMII, 1993). A heteronomia é a mais desenvolvida na 
educação da atualidade, onde na maioria das vezes o aluno sofre de passividade cognitiva nas 
aulas, repetindo fielmente conforme o modelo proposto pelo professor. 
Deve-se tomar cuidado como se é tratada a autonomia. Esta, não é uma liberdade total, 
como afirma Kamii (1993) ser um sujeito autônomo não é apenas realizar decisões por si 
mesmo, mas sim agir para o bem comum. 
O ensino numa Concepção de Aulas Abertas estimula o desenvolvimento da 
autonomia e o professor precisa estar preparado para desenvolvê-la, visto que o “[...] agir 
autônomo, o trabalho em pequenos grupos, o agir criativo sejam aceitos pelo professor, pois 
5223 
 
depende principalmente do professor ser o princípio de subjetivação inibido ou promovido” 
(HILDEBRANDT; LAGING, 1986, p. 30). 
O desenvolvimento da autonomia não é uma tarefa fácil, como nos indica Freire e 
Scaglia (2003, p. 116-117): 
não nos iludamos, contudo, acreditando que o desenvolvimento da autonomia em 
determinadas circunstâncias criará laços automáticos com outras [...] os professores 
precisam compreender que a limitação de experiências restringe as possibilidades de 
uma vida autônoma. Melhor que gerar atitudes autônomas na brincadeira de pular 
corda, seria gerá-las em número bastante diversificados de jogos [...] a ponte entre a 
escola e outros ambientes, só pode ser feita por meio da tomada de consciência. 
Freire (2004, p.61) nos aponta que: “saber que devo respeito à autonomia e à identidade 
do educando exige de mim uma prática em tudo coerente com este saber”. 
O professor deve criar diversificadas situações onde o aluno possa desenvolver esta 
autonomia, não apenas em fatos isolados, pois, para o sujeito se tornar autônomo é necessário 
percorrer um longo caminho, de experimentações das mais distintas situações em que a 
tomada de decisão e do compartilhar com os outros estas decisões ocorram, e a Concepção de 
Aulas Abertas pode contribuir para esse desenvolvimento, pois, um dos seus princípios é a 
participação dos alunos nas decisões do processo ensino aprendizagem. 
 
Procedimentos metodológicos 
 
Tipo de pesquisa 
 
Este estudo se caracteriza como uma pesquisa de métodos mistos, que segundo 
Creswell (2010, p.27) “é uma abordagem da investigação que combina ou associa as formas 
qualitativa e quantitativa”. Este tipo de pesquisa pretende mais do que unir dois métodos, 
pretende que a força do estudo seja maior do que os métodos separados. Neste estudo, 
iniciou-se com uma pesquisa exploratória para investigar os interesses e necessidades do 
grupo estudado, e sequencialmente, utilizou-se um instrumento para aferir a percepção do 
grupo sobre o objeto de estudo, de forma quantitativa. 
 
 
5224 
 
Sujeitos 
 
A população deste estudo foi composta por duas turmas de 8º série de uma Escola 
Estadual do município de Campo Magro – PR no ano de 2009. A amostra constitui-se de 15 
alunos de ambos os sexos com idade entre 13 a 17 anos, sendo 7 do sexo feminino e 8 do sexo 
masculino, estudantes de uma turma de 8° série. 
 
Coleta de Dados 
 
Primeiramente foi solicitado a autorização da direção da escola, e em seguida dos 
alunos da turma selecionada. Esta turma foi escolhida intencionalmente, onde uma das 
pesquisadoras atuava como professora de Educação Física. A proposta foi então apresentada 
aos alunos, para o início das atividades. 
Foi sugerido aos alunos escolher os conteúdos a serem desenvolvidos no 4° bimestre 
bem como o processo de avaliação. Após conversa em sala de aula ficou decidido que seriam 
formadas cinco equipes e que cada uma escolheria uma modalidade de cada conteúdo 
estruturante: Jogos e Brincadeiras, Esporte, Dança, Ginástica e Lutas a serem trabalhados na 
teoria (pesquisa realizada no laboratório de informática), apresentação e aula prática 
(apresentando uma proposta de atividade). 
Em relação aos critérios de avaliação ficou definido assim: 3,0 pontos dos relatórios 
dos trabalhos apresentados, considerando a sua experiência com o conteúdo proposto pelos 
colegas (professora); 2,0 pontos de cada parte do processo (teoria, apresentação e prática) e 
cada aluno juntamente com a professora, definiam a nota, então o valor era somado e dividido 
pelo número de “avaliadores”; e ainda 1,0 ponto de participação (cooperação, respeito aos 
colegas e participação nas aulas). 
 As modalidades escolhidas e desenvolvidas nas aulas foram: queimada (jogo), futsal 
(esporte), vanerão (dança), ginástica aeróbica (ginástica) e artes marciais mistas ou mma 
(lutas). 
Este processo teve duração de dezesseis aulas de 50 minutos cada (1hora/aula) no 
período de um mês e meio. Cabe ressaltar que em todas as etapas os alunos foram auxiliados 
pela professora ocorrendo intervenção sempre que preciso, buscando juntamente com os 
5225alunos a solução dos problemas surgidos. Em seguida foram realizados os relatórios, 
avaliações e a aplicação do questionário (instrumento de coleta de dados). 
 
Instrumento 
 
Para verificar a percepção dos alunos em relação às aulas de Educação Física na 
Concepção Aberta, foi elaborado um questionário especialmente para esse estudo, contendo 
oito perguntas afirmativas utilizando a escala tipo Likert, com cinco possíveis respostas: 
concordo totalmente (CT) concordo (C), indiferente (I), discordo (D) e discordo totalmente 
(DT), conforme encontramos em (GIL, 1999). 
 
Análise dos Dados 
 
A análise dos dados ocorreu de forma interpretativa, buscando verificar o grau de 
concordância e discordância em relação a percepção do aluno sobre o ensino da Educação 
Física baseado na Concepção de Aulas Abertas, sendo considerado por serem equivalentes as 
alternativas: concordo totalmente e concordo, como grau de concordância e para as outras 
alternativas: discordo e discordo totalmente, como grau de discordância. 
 
Apresentação e discussão dos resultados 
 
Inicialmente buscou-se verificar a relação do aluno com os conteúdos da Educação 
Física, e nas questões subsequentes a sua percepção das aulas na Concepção de Aulas 
Abertas, participando da escolha de conteúdos, nas atividades efetuadas nas aulas e no 
processo de avaliação. 
 
Tabela 1 – Conteúdos da educação física 
Questionamentos CT C I D DT 
1. Os conteúdos como dança, esporte, lutas, ginásticas e jogos devem 
fazer parte das aulas de Educação Física 
27% 73% 0% 0% 0% 
2. É importante o professor dar autonomia ao aluno na escolha dos 
conteúdos a serem realizadas nas aulas. 
13% 87% 0% 0% 0% 
3. Auxiliar na escolha dos conteúdos pode contribuir para a motivação 
dos alunos nas aulas. 
27% 73% 0% 0% 0% 
Fonte: Dados organizados pelo(s) autor(es), com base nas respostas dos alunos ao questionário 
5226 
 
Pode-se observar (tabela 1) que em relação a afirmativa 1., os conteúdos como dança, 
esporte, lutas, ginástica e jogos devem fazer parte das aulas de Educação Física, prevaleceu a 
concordância visto que 27% dos alunos afirmaram que concordam totalmente e 73% 
concordam. Este resultado é animador, pois podemos perceber que aos poucos, a visão 
esportiva das aulas de Educação Física vêm mudando, tanto na percepção do aluno quanto do 
professor. 
Na afirmativa 2 verifica-se que a concordância prevaleceu pois todos os alunos (13% 
concordam totalmente e 87% concordam) com a afirmativa, e é importante o professor dar 
autonomia ao aluno na escolha dos conteúdos a serem realizadas nas aulas. A autonomia 
precisa ser um dos objetivos da educação se o que se pretende é formar cidadãos críticos e 
reflexivos capazes de se desenvolverem. 
Segundo Hildebrandt e Laging (1986) o ensino baseado em uma Concepção Aberta 
requer que o aluno participe nas decisões, sendo assim o professor deve permitir ao aluno, que 
ele participe das decisões seja na orientação de objetivos, de conteúdos, na organização ou na 
forma de transmissão, dessa maneira contribuindo para que o aluno desenvolva a autonomia. 
Em relação à afirmativa 3, auxiliar na escolha dos conteúdos pode contribuir para a 
motivação dos alunos nas aulas (tabela1), a concordância prevaleceu visto que todos os alunos 
concordam (27% concordo totalmente e 73% concordo) que a escolha dos conteúdos pode 
contribuir para a motivação dos alunos. 
 Nota-se que o simples fato do professor dar espaço para o aluno participar do 
processo de escolha de conteúdos pode contribuir para a sua motivação nas aulas, fato tão 
desejado pelos professores de Educação Física. Um dos fatores que pode explicar é que o 
“motivo é um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa [...] 
é, portanto, um estímulo quer seja interno ou externo, que impele o indivíduo à ação” 
(SANTOS, 2001, p. 21-22). 
 
 
 
 
 
 
 
5227 
 
Tabela 2 – Percepção dos alunos em relação as aulas na Concepção Aberta 
Questionamentos CT C I D DT 
1. É importante o comprometimento tanto do aluno quanto do 
professor na realização das atividades. 
40% 60% 0% 0% 0% 
2. Na realização das atividades todos os alunos ficaram motivados. 6% 67% 0% 27% 0% 
3. Foi notado o respeito entre os alunos durante a prática das 
atividades. 
13% 54% 13% 20% 0% 
4. As atividades realizadas nas aulas podem ser praticadas no momento 
de lazer. 
33% 67% 0% 0% 0% 
Fonte: Dados organizados pelo(s) autor(es), com base nas respostas dos alunos ao questionário 
 
Quando questionado aos alunos se é importante o comprometimento tanto do aluno 
quanto do professor na realização das atividades (tabela 2), 40% dos alunos concordaram 
totalmente e 60% concordaram, vemos que prevaleceu a concordância. Segundo o Dicionário 
Priberam (2010) comprometimento é o “ato de comprometer-se, responsabilidade de pessoa 
comprometida”. 
Hildebrandt e Laging (1986, p. 11) sobre responsabilidade afirmam “como poderá 
adquirir consciência de responsabilidade, se não tiver que arcar com responsabilidade? [...] 
uma Concepção de Ensino Aberto baseia-se na idéia de propiciar aos alunos a oportunidade 
de decidir junto”. 
Afinal como ressalta Oliveira (2007, p.23) as aulas na Concepção de Aulas Abertas 
“estabelece-se dentro de uma ação co-participativa que se amplia conforme o amadurecimento 
e responsabilidade assumida pelos integrantes do grupo”. 
Para que ocorresse o desenvolvimento das aulas, foi imprescindível o 
comprometimento dos alunos em pesquisar seu conteúdo, preparar apresentações e as 
atividades, e da professora dando subsídios aos alunos, seja em auxiliar na pesquisa, na 
preparação das atividades, na solução de problemas. Sem este comprometimento de ambos, 
professor e alunos, seria impossível realizar esta “experiência” de aulas abertas. 
Observando a tabela 2 verifica-se que a afirmativa na realização das atividades 
(queimada, futsal, vanerão, ginástica aeróbica e artes marciais mistas) todos os alunos ficaram 
motivados, predominou a concordância com 73% (6% concordam totalmente e 67% 
concordam) e 27% dos alunos discordam. Esse resultado pode ser explicado por Nista-Picollo 
e Vechi (apud TITO et al., 2009, p.106) citando que entre os pilares da motivação dos alunos 
nas aulas de Educação Física estão os conteúdos ensinados e os métodos adotados. Como 
5228 
 
foram os próprios alunos que escolheram os conteúdos a serem trabalhados no 4° bimestre foi 
um estímulo para aumentar o interesse e a motivação nas aulas. 
De acordo com a afirmativa 3 (tabela 2), 67% dos alunos concordam que ocorreu o 
respeito durante a prática das atividades, 13% permaneceram indiferentes e 20% discordam, 
predominando assim a concordância. O desenvolvimento do respeito se torna importante no 
âmbito educacional, devido ao fato de alguns dos problemas enfrentados pelo ser humano na 
atualidade, destacamos a violência e a relação com a falta de respeito à natureza, ao próximo e 
com a sua própria vida. 
Dessa maneira o professor em suas aulas deve priorizar o respeito nas relações de 
professor-aluno, aluno-aluno. Lembrando que para construir o respeito mutuamente o 
professor precisa mostrar não só com palavras, mas também com suas atitudes. Como afirma 
Oliveira (2007, p. 23) “o engajamento, competência e responsabilidade docente são fatores 
fundamentais para a efetivação e ampliação das ações pedagógicas no Ensino Aberto”. 
Em relação ao questionamento da tabela 2, as atividades realizadas nas aulas podem 
ser praticadas no momento de lazer verificamos que prevaleceu a concordância com 33% dos 
alunos afirmando concordar totalmente e 67% concordam. 
Os conteúdos das aulas de Educação Física precisam fazer um elo com o mundo de 
nossos alunos e contribuir para que os conhecimentos adquiridos sejam levados para sua vida,senão não tem o porquê deste conteúdo fazer parte da aula. 
 
Tabela 3 – A questão da avaliação 
Questionamentos CT C I D DT 
1. O método de avaliação utilizado é a melhor forma de avaliar os 
alunos. 
33% 60% 0% 7% 0% 
Fonte: Dados organizados pelo(s) autor(es), com base nas respostas dos alunos ao questionário 
 
Na afirmativa da tabela 3 buscou-se verificar a percepção do aluno ao método de 
avaliação utilizado. Notamos que predominou a concordância com 93% dos alunos afirmando 
que esse método de avaliação é a melhor forma de avaliar e 7% discordaram. 
A avaliação “[...] deve envolver os alunos como participantes ativos, [...] o 
estabelecimento de alguns critérios e o acompanhamento conjunto das decisões coletivamente 
tomadas, podem ampliar a possibilidade de aproximação entre alunos e professores” 
(CAMACHO; CHAVES, 2008, p. 353). 
5229 
 
Nesse estudo procurou-se fazer com que o aluno fosse sujeito ativo de sua 
aprendizagem, assumindo responsabilidades, realizando decisões, e como pode-se notar os 
alunos aprovaram esse método de avaliação, onde eles participaram ativamente, avaliando 
seus colegas e a si mesmos, o professor deve utilizar a avaliação como subsídio para verificar 
a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos motor, social, moral, 
afetivo e intelectual e não como uma forma de coerção e punição. 
 
Considerações finais 
 
 O conhecimento sobre as abordagens pedagógicas (progressistas) auxilia o professor 
na sua prática pedagógica, como foi dito anteriormente, pois cada uma tem suas 
peculiaridades, mas, todas concordam que a Educação Física na escola precisa mudar, 
substituindo o tecnicismo por uma prática fundamentada na formação integral. Destarte, 
compete ao professor escolher qual delas corresponde à sua realidade escolar. 
 Neste estudo escolhemos a abordagem da Concepção de Aulas Abertas por acreditar 
que uma prática baseada nessa concepção poderia surtir efeitos positivos na nossa realidade 
escolar e por entender que essa abordagem permite que o aluno seja coautor do processo 
ensino aprendizagem, não mero coadjuvante, e ainda contribui para o desenvolvimento da 
autonomia e da coeducação. 
Os resultados obtidos evidenciaram que os alunos estão mudando sua visão em relação 
aos conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física, e são favoráveis a aulas 
de Educação Física na Concepção de Aulas Abertas visto que o grau concordância 
predominou em todos os questionamentos desde a escolha dos conteúdos, prática das 
atividades e critérios de avaliação. Para a população estudada podemos afirmar que esta 
experiência foi significativa, mas não podemos afirmar que em outras realidades terá os 
mesmos resultados. Então pense, reflita e experimente. 
 
REFERÊNCIAS 
BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da Educação Física. Caderno Cedes, v. 
9, n. 48, p. 69-88, 1999. 
 
BZUNECK, J. A. A motivação do aluno: aspectos introdutórios. In: BORUCHOVITCH, E. 
BZUNECK, A (Org.). A motivação do aluno: contribuições contemporâneas. Rio de 
Janeiro: Vozes, 2001, p. 9-36. 
5230 
 
 
CAMACHO, A. L. N.; CHAVES, W. M. O professor de educação física e o processo de 
avaliação escolar. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 7, n. 1, p. 347-354, 2008. 
 
CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Trad. 
Magda Lopes. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. 
 
COSTA, E. R. BORUCHOVITCH, E. “A Auto-eficácia e a Motivação para Aprender: 
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