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Apostila de Bioclimatologia para Zootecnia

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fmvz-unesp 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - BOTUCATU 
DEPARTAMENTO DE MELHORAMENTO E NUTRIÇÃO ANIMAL 
18.618-000 - Botucatu - SP- Caixa Postal 560 - Fone (14) 3811-7187 - FAX - (14) 3811-7197 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA 
 
 
 
 
Bioclimatologia 
 
 
 
 
Apostila para consulta dos alunos de Graduação do Curso de 
Zootecnia na disciplina de Bioclimatologia 
 
Professor Doutor José Roberto Sartori 
Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal 
jrsartori@fca.unesp.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOTUCATU – SP 
2010 
ÍNDICE 
 
 
 
 
Aula Título da Aula Página 
 
01 Introdução ao estudo da bioclimatologia. Ecologia, climatologia, 
bioclimatologia, adaptação e evolução dos animais............................................... 
 
01 
 
 
02 Conceitos de meteorologia básica, fatores determinantes do clima e climas e 
classificação climática............................................................................................. 
 
07 
 
 
03 Considerações atuais sobre o clima e sua influência sobre o globo terrestre.......... 27 
 
 
04 Instrumental meteorológico e posto meteorológico................................................ 34 
 
 
05 Termorregulação em animais domésticos (aves e mamíferos)............................... 42 
 
 
06 Zona de termoneutralidade e índices de adaptação e de conforto térmico.............. 58 
 
 
07 Estresse e estressores. Conceitos e fisiologia. Estresse climático........................... 69 
 
 
08 Estresse térmico vs parâmetros fisiológicos dos animais domésticos..................... 75 
 
 
09 Características morfo-funcionais de adaptação dos animais em ambiente 
tropical..................................................................................................................... 
 
84 
 
 
10 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção animal (crescimento)..................... 92 
 
 
11 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção de leite........................................... 100 
 
 
12 Efeitos do ambiente tropical sobre a produção animal (ovinos, suínos e 
aves)......................................................................................................................... 
 
109 
 
 
13 Efeitos do ambiente tropical sobre a reprodução dos animais domésticos............. 120 
 
 
14 Medidas alternativas para controle do estresse térmico.......................................... 128 
 
 
15 Instalações para aves de postura, corte e reprodutores e seu conforto 
térmico..................................................................................................................... 
 
145 
 
 
 
 
 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 1 
Aula 01 - Introdução ao Estudo da Bioclimatologia. Ecologia, Climatologia, Bioclimatologia, Adaptação 
e Evolução dos Animais. 
 
Prof. Dr. José Roberto Sartori 
 
O ambiente físico é composto por quatro domínios que não se superpõem uns aos outros, mas trocam 
energia entre si: atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera. Os três primeiros constituem o ar, a terra e as 
águas, ao passo que o último é o conjunto de seres vivos que habitam o planeta. Entre essas quatro esferas 
existem relações estreitas e interações mútuas (Figura 1) cujo equilíbrio é fundamental para a manutenção da 
vida na Terra (SILVA, 2000). 
 
 a ATMOSFERA b 
 
 c 
HIDROSFERA BIOSFERA 
 
 e 
 d LITOSFERA f 
Figura 1. Relação entre os quatro domínios do ambiente físico e as principais ciências que se ocupam deles: a) 
Meteorologia e Climatologia; b) Ecologia, Bioclimatologia, Biometeorologia; c) Ecologia; d) 
Geografia; e) Climatologia; f) Ecologia (SILVA, 2000). 
 
 
1. Ecologia: Oikos ⇒ casa; Estudo do lugar onde se vive. 
 Logos ⇒ estudo, saber. 
 
 Ecologia é a ciência que trata das inter-relações entre os seres vivos e entre estes e seu ambiente físico 
(ERNEST HAECKEL, 1866). Segundo Ferri (1976) citado por BACCARI Jr. (1980), a Ecologia se divide 
em: 
a. Ecologia animal: estuda as relações entre animais e o ambiente; 
b. Ecologia vegetal: estuda as relações entre vegetais e o ambiente; 
c. Ecologia dos microrganismos: estuda as relações entre microrganismos e o ambiente. 
 
A Ecologia geral cuida das interações dos seres vivos com os ambientes em que vivem, quando se 
estudam os fenômenos gerais, fundamentais a todos os seres vivos (BACCARI Jr., 1980). 
 
 
1.1. Alguns conceitos importantes relacionados à ecologia: 
O ecossistema é formado pelos seres vivos e seu ambiente físico. A Ecologia pode ser descrita como o 
estudo das inter relações dentro de ecossistemas. A biosfera é a porção da Terra na qual os ecossistemas 
podem operar, isto é, o solo, a água e o ar, biologicamente habitados (PHILLIPSON, 1969). O meio ambiente 
é o conjunto de elementos favoráveis ou desfavoráveis que cercam determinado ser vivo, como luz, calor, 
ventos, chuvas, solo e outros seres vivos. 
Um conceito de ambiente mais afeito à Zootecnia foi proposto por Campbell e Lasley (1975) citados 
por BACCARI Jr. (1980), caracterizando-o como a soma total de todas as condições externas que afetam a 
vida e o desempenho dos animais. 
 
 
2. Meteorologia e Climatologia 
 
2.1. Meteorologia: 
 A Meteorologia é o ramo da física que se ocupa dos fenômenos atmosféricos (meteoros). O seu campo 
de atuação abrange o estudo das condições atmosféricas em dado instante (o “tempo”), dos movimentos 
atmosféricos e as forças que os originam (dinâmica da atmosfera), do estudo das condições médias e das 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 2 
flutuações temporais da atmosfera em um local (clima), definindo-se as especialidades básicas: a 
Meteorologia Física, a Meteorologia Dinâmica, e a Climatologia (SENTELHAS et al., 1998). 
 A Meteorologia estuda os movimentos atmosféricos na baixa atmosfera e suas causas e preocupa-se 
com a análise e previsão do tempo (BACCARI Jr., 1980). 
 
2.2. Climatologia: 
 Estuda os climas e suas características num determinado lugar ou região; procede à análise física das 
relações básicas entre os vários fatores atmosféricos, principalmente temperatura, umidade, pressão e vento. 
Entre seus subgrupos podemos citar a bioclimatologia, microclimatologia, paleoclimatologia, etc (BACCARI 
Jr., 1980). 
 A Meteorologia e a Climatologia se superpõem inevitavelmente, não havendo separação definida 
entre elas (BLAIR e FITE, 1964). 
 
2.3. Bioclimatologia (ou Biometeorologia): 
A Bioclimatologia trata das inter-relações entre o clima, solo, plantas e animais (HAFEZ, 1968). 
Bioclimatologia é o ramo da Climatologia e da Ecologia que trata dos efeitos do ambiente físico sobre os 
organismos vivos (BACCARI Jr., 1980). Bioclimatologia é o estudo da influência do clima na vida do animal 
(MÜLLER, 1989). Segundo Tommasi (1977) citado por BACCARI Jr. (1980), a Bioclimatologia é o ramo da 
Ecologia que estuda as inter-relações entre os fatores físicos e químicos do ambiente atmosférico e os seres 
vivos. Estuda, também, as reações e os ajustamentos dos organismos vivos às mudanças atmosféricas. 
Biometeorologia estuda a influência do ambiente atmosférico sobre a fisiologia e a patologia dos 
organismos vivos e seu comportamento (Johnson, 1972 citado por BACCARI Jr., 1980). Biometeorologia se 
ocupa dos efeitos do estresse ambiente que limitam uma produção animal ótima (Dowling, 1974 citado por 
BACCARI Jr., 1980). 
Ambiente para os propósitos da Bioclimatologia, é o conjunto de tudo aquilo que afeta a constituição, 
o comportamentoe a evolução de um organismo e que não envolva diretamente fatores genéticos (SILVA, 
2000). 
Segundo BACCARI Jr. (1980), as áreas de atuação na Bioclimatologia mais enfatizadas, são: a) 
influência do tempo e clima sobre microrganismos e insetos causadores de doenças nas plantas, animais e 
homem; b) influência do tempo e clima sobre os processos fisiológicos no homem e animais sadios e sobre 
suas doenças; c) influência do microclima das casas, instalações rurais e cidades sobre a saúde do homem e 
animais; d) influência de fatores extraterrestres sobre os organismos vivos e, e) influência de condições 
climáticas passadas sobre o desenvolvimento e distribuição de plantas, animais e homem. 
 O maior conhecimento das relações clima-animal-vegetal, que tendem a dar uma maior exatidão da 
influência que o meio ambiente exerce sobre a produção agrícola e pecuária, são devidos, em grande parte, ao 
desenvolvimento da Bioclimatologia, ao estudo das inter-relações diretas ou indiretas entre o ambiente 
geofísico e geoquímico da atmosfera e os seres vivos (MÜLLER, 1989). 
 Nos países de climas quentes, o principal objetivo da bioclimatologia é estudar os efeitos do estresse 
térmico (estresse pelo calor) sobre o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais de interesse zootécnico. 
Os princípios da Bioclimatologia podem ajudar na adoção de instalações e métodos de manejo mais 
adequados às condições tropicais. Sua aplicação prática generalizada e feita com conhecimento de causa, 
poderá trazer grandes benefícios sob a forma de uma resposta mais satisfatória dos animais em termos de 
produção e reprodução (BACCARI Jr., 1988). 
 Assim, em termos de fatores produtivos, a Biometeorologia é a ciência que se ocupa dos efeitos do 
stress climático que limitam uma produção animal ótima e das estratégias de manejo ambiental visando 
minimizar o stress e melhorar a produção (desempenhos produtivos e reprodutivos) e a saúde (BACCARI Jr., 
1998). Em virtude de todo aspecto do clima e tempo ter algum efeito sobre os seres vivos, o escopo da 
Bioclimatologia (ou Biometeorologia) é quase ilimitado e seu conhecimento de amplo espectro (Figura 2). 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 3 
Geografia
Meteorologia
Etologia
Fisiologia
Patologia
Bioclimatologia
 
Figura 2. Bioclimatologia, ramo da Ecologia, é uma ciência multidisciplinar que envolve, principalmente, 
conhecimentos de Geografia, Meteorologia, Fisiologia, Etologia e Patologia (BACCARI Jr., 1998). 
 
3. Princípios de adaptação e evolução animal 
 
Conceito genético: geneticamente a adaptação refere-se às características animais herdáveis que 
favorecem a sobrevivência de uma população num determinado ambiente. Pode ocorrer por seleção natural 
envolvendo modificações evolutivas espontâneas em muitas gerações ou por seleção artificial, através da 
aquisição de propriedades genéticas especificadas pelo homem (SILVA, 1988). 
 
Conceito biológico: biologicamente a adaptação é o resultado da ação conjunta de características 
morfológicas, anatômicas, fisiológicas, bioquímicas e comportamentais, no sentido de promover o bem estar e 
favorecer a sobrevivência de um organismo em um ambiente específico (SILVA, 1988). 
 
3.1. Adaptação: 
Quanto maior o grau de adaptação, maior a tendência do animal sobreviver e reproduzir-se de forma 
que suas características biológicas persistem (BACCARI Jr., 1980). Segundo HAFEZ (1968), a adaptação é 
um fenômeno complexo que não pode ser reduzido a um simples tipo de medida. 
 
3.1.1. Conceitos relacionados a adaptação: 
Adaptabilidade, isto é, a capacidade de se adaptar, pode ser avaliada pela habilidade do animal de se 
ajustar às condições ambientes médias, assim como aos extremos climáticos (HAFEZ, 1968). 
Aclimatação: é um ajustamento fisiológico adaptativo a longo prazo que resulta numa tolerância 
aumentada após exposições contínuas ou repetidas a fatores estressantes do complexo climático (normalmente 
é produzida sobre condições de campo) (BACCARI Jr., 1980). 
Aclimação: é o ajustamento fisiológico adaptativo em resposta a uma única variável climática, por 
exemplo, a temperatura (normalmente é produzida em câmaras climáticas) (BACCARI Jr., 1980). 
Segundo BACCARI Jr. (1980), os animais bem adaptados se caracterizam por: 1) Mínima perda no 
desempenho produtivo (peso corporal, produção de leite) durante a exposição ao estresse; 2) Alta eficiência 
reprodutiva; 3) Alta resistência às doenças e 4) Longevidade e baixa taxa de mortalidade. 
O tipo de animal necessário para os trópicos (Yousef et al., 1977, citados por BACCARI Jr., 1980) se 
caracteriza por apresentar: 1) Alta eficiência na utilização dos alimentos; 2) Habilidade para promover a perda 
de calor corporal eficazmente; 3) Habilidade para conservar a produção corporal de calor permitindo que os 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 4 
processos produtivos ocorram num nível normal, mesmo quando a temperatura do ar é alta; 4) Isolamento 
contra a radiação solar (características da pele e pêlos); 5) Habilidade para suportar um alto grau de 
desidratação e elevação da temperatura corporal e 6) Possuir um alto grau de resistência às doenças e parasitas 
mais comuns. 
 
3.1.2. Importância da aclimatação dos bovinos: 
 A aclimatação é uma forma de adaptação que caracteriza um conjunto de processos de ajustamento 
que um animal deve experimentar quando transladado a um ambiente diferente do original. Os ajustamentos 
fisiológicos tendem a levar a um equilíbrio entre as necessidades ambientais do organismo animal e as 
possibilidades providas pela nova situação. A intervenção do meio se caracteriza por eleger os exemplares 
cujo organismo possui condições que lhes facultam alcançar um equilíbrio com o ambiente. As respostas num 
grupo de animais geralmente não são uniformes, ainda que em animais de mesma raça. Diferentes graus de 
aclimatação têm sido descritos e classificados (Figura 3), podendo a aclimatação ser positiva ou negativa (não-
aclimatação). A aclimatação absoluta é conseguida pelos animais que, transportados para um ambiente 
diferente do original, reagem mantendo intacta a capacidade produtiva. A naturalização ocorre quando os 
animais, transportados para ambiente semelhante ao original, não sofrem alteração no desempenho produtivo. 
A aclimatação degenerativa ocorre quando os animais, transladados para ambientes diferentes do original, 
apresentam diminuição no desempenho produtivo e reprodutivo. Sobrevivem os exemplares menos exigentes 
e com menor capacidade de produção. O fracasso da raça corresponde ao translado de animais de uma 
determinada raça a um meio diferente do original, onde nenhum dos exemplares consegue superar o esforço 
que o clima o novo ambiente impõe (BACCARI Jr., 1986). 
Aclimatação
Positiva
Negativa
Mantém ou
 
aumentam a
capacidade
produtiva
original
Capacidade
fisiológica
alterada.
Desempenho
produtivo
diminuído.
Procedem
de clima
semelhante
Procedem
de clima
diferente
Desenvol-
vem-se median-
te longos perío-
 dos de ade-
guação
Não supe-
ram a agres-
sividade
ambiental
NATURALIZAÇÃO
ABSOLUTA
DEGENERATIVA
FRACASSO
Crescimento, pro-
dução de leite e
reprodução normais
Crescimento retar-
dado, produção de
leite diminuída e
fertilidade comprometida
 
Figura 3. Importância da aclimatação dos bovinos (Adaptado de Helman, 1977 por BACCARI Jr., 1986). 
 
 Animais homeotérmicos como os bovinos, possuem um controle termorregulador para manter a 
temperatura interna num nível constante, dentro de certos limites, sob variadas condições ambientes e de 
atividade. Se a temperatura corporal sofre uma elevação forçada por quaisquer meios, incluindo a atividade e 
alimentação sob altas temperaturas ambientes, a morte ocorre num ponto de temperatura corporalentre 42 e 
45oC (hipertermia). Durante os verões quentes podem ocorrer acentuadas quedas na produção leiteira e mortes 
de vacas especializadas, devidas ao estresse pelo calor, que poderiam ser atenuadas ou evitadas se práticas de 
manejo ambiental adequadas fossem aplicadas. 
 
 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 5 
3.2. Evolução 
Um organismo qualquer é sempre uma conseqüência do ambiente em que vive, um fator de 
modificação desse ambiente e, ao mesmo tempo, é também um fator ambiental para todos os demais 
organismos da mesma e de outras espécies (SILVA, 2000). 
 Charles Darwin e outros depois dele expuseram o conceito de que o mundo vivo que hoje observamos 
foi modelado paulatinamente, ao longo de bilhões de anos de evolução. Os organismos que hoje existem 
evoluíram gradualmente de antepassados. A seleção natural foi o fenômeno responsável por este processo de 
modificações contínuas nos seres vivos e a reprodução é o mecanismo fundamental da seleção natural. 
Somente os indivíduos mais aptos para viver em um determinado conjunto de fatores ambientais teriam 
condições para se reproduzir e deixar descendentes suficientes, de modo a influir nas gerações futuras 
(variabilidade genética da população). Se uma população sobrevive e se reproduz, dizemos que ela adaptou-se 
ao meio ambiente (SILVA, 2000). 
 Segundo Dubzhansky (1970) citado por SILVA (2000), a evolução dos organismos é, na realidade, 
uma constante adaptação das populações às mudanças geológicas, climáticas e biológicas que ocorrem no 
mundo em que vivemos. O caminho natural dessa adaptação é a diversificação genética, pela qual, em uma 
mesma população, coexistem genótipos especializados para ocupação de diferentes nichos ecológicos ou para 
sobreviverem em diferentes condições ambientais. A diversificação genética permite uma utilização mais 
completa das oportunidades ambientais, com relação à que poderia ocorrer se existisse um genótipo único. A 
adaptação através da diversidade genética é o processo mais freqüente seguido pela natureza. 
 
3.2.1. Bovinos: 
 Admiti-se, que os bovinos tenham sido domesticados pelo homem por volta do ano 9000 a.C., no leste 
da Europa (BACCARI JR., 2001), conforme mostrado na Tabela 1. 
 
Tabela 1. Domesticação dos animais domésticos. 
Anos A.C. Espécie Região 
9000 Bovinos Leste da Europa 
10900 Ovinos Iraque 
9500 Caprinos Irã 
9000 Suínos Turquia 
5000 Búfalo d’água Paquistão 
4800 Cavalo Ucrânia 
5000 Dromedário Arábia Saudita 
5000 Lhama Peru 
3500 Alpaca Peru 
10400 Cão Grã-Bretanha e América do Norte 
 
Como a maioria dos animais domésticos, os bovinos criados nos países tropicais foram herdados de 
colonizadores Europeus, sendo produtos de milhares de anos de evolução e constante adaptação a fatores 
ambientais totalmente diversos daqueles que encontraram em seu novo “habitat”. Encontrando ambientes nos 
quais tinham que enfrentar temperaturas elevadas, agentes patogênicos e parasitas, novos e abundantes, 
alimentação diferente e freqüentemente inadequada ou insuficiente, os animais importados somente podiam 
sobreviver e deixar descendentes quando seus organismos eram capazes de funcionar sob tais condições. 
Sendo seletivamente mais desejáveis os indivíduos mais resistentes a certas doenças e parasitas, com tamanho 
corporal mais reduzido (para melhor enfrentar o calor e as deficiências nutricionais), esses indivíduos 
sobreviveram e deixaram descendentes em maior número e assim, foram progressivamente imprimindo suas 
características genéticas na população. Essas modificações morfológicas que ocorreram nestes animais não 
constituíram uma degeneração, mas sim, uma evolução, uma adaptação ao ambiente existente (SILVA, 2000). 
Segundo SILVA (2000), em meados do século XIX (revolução industrial), com o aumento 
urbanização e da demanda por alimentos, passou-se a dar importância à produtividade individual (registros 
genealógicos, controles de produção, cruzamentos, introdução de novas raças e variedades). Estas mudanças 
não tardaram a se refletir no Brasil e iniciou-se a importação de gado mais produtivo, zootecnicamente 
melhorado nos países Europeus. O repetido fracasso nas importações, implicou numa nova ordem de estudos. 
A essa nova ciência deu-se o nome de Climatologia Zootécnica (Villares, 1940) ou Bioclimatologia (Findlay, 
1950). 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 6 
Ultimamente tem havido um certo interesse no melhoramento das chamadas raças nativas, mas tais 
raças nativas estiveram em quase total abandono nos últimos 50 anos (exceção feita à raça Caracu), de modo 
que, são remotas as perspectivas de um aumento significativo a curto e médio prazo na capacidade produtiva 
destas. O Zebu ainda se acha muito longe de poder competir em produtividade com as raças européias 
melhoradas, não por falta de potencialidade, mas devido ao menor período de melhoramento já aplicado. Na 
produção de leite é onde ocorrem os problema mais sérios, pois genótipos para alta produção compatíveis aos 
fatores ambientais tropicais ainda não foram identificados e disseminados suficientemente nas variedades 
nativas (SILVA, 2000). 
Resultados a curto prazo podem ser obtidos pela aplicação dos princípios da Bioclimatologia na 
criação dos animais melhorados de origem européia, pela opção por animais que apresentem características 
altamente desejáveis ao ambiente tropical, relacionadas com estrutura e coloração do pelame, pigmentação 
cutânea e capacidade de sudação (SILVA, 2000). 
 
3.2.2. Ovinos: 
A criação de ovinos tem-se restringido inexplicavelmente ao Rio Grande do Sul, embora o clima dessa 
região não seja dos melhores para a produção de lã de alta qualidade. A raça Merino, adaptado a climas 
tropicais secos, é a que apresenta a melhor lã. A expansão da ovinocultura em outros Estados tem esbarrado 
nas dificuldades de seleção de animais, já que pouco se conhece sobre as reações dos animais às condições da 
região Centro-Sul do Brasil (SILVA, 2000). 
 
3.2.3. Avicultura: 
Problemas graves têm sido identificados na avicultura, que se baseia na importação de genótipos, 
quase sempre impróprios para as condições tropicais. Os esforços para o desenvolvimento de linhagens 
nacionais de aves têm-se concentrado na ESALQ (Piracicaba), UFV (MG) e na EMBRAPA (SC). Frangos de 
corte da linhagem Ross estão sendo selecionados no Brasil pela empresa Agroceres, que através de uma 
“joinventure” com a Ross Breeder, trouxe o material genético (Granjas de elite ou “Pedigree”) para o Brasil. 
 
 
LITERATURA CONSULTADA: 
BACCARI Jr., F. Ecologia, bioclimatologia e adaptação dos bovinos. Gado Holandês, n.92, p.18-19, 1980. 
BACCARI Jr., F. Importância da aclimatação dos bovinos. Folha de São Paulo, São Paulo, 15 de julho de 
1986. Agrofolha, p.2. 
BACCARI Jr., F. Estresse térmico causa queda na produção animal. Folha de São Paulo, São Paulo, 09 de 
agosto de 1988. Agrofolha, p.C-6. 
BACCARI Jr., F. Adaptação de sistemas de manejo na produção de leite em clima quente. In: SIMPÓSIO 
BRASILEIRO DE AMBIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE LEITE, I., Piracicaba, 1998. Anais... Piracicaba: 
FEALQ, 1998. p.24-67. 
BACCARI Jr., F. Manejo ambiental da vaca leiteira em climas quentes. Londrina: UEL, 2001. 142p. 
HAFEZ, E.S.E. Adaptation of domestic animals. Philadelphia: LEA & FEBIGER, 1968. 415p. 
MÜLLER, P.R. Bioclimatologia aplicada aos animais domésticos. 3.ed. Porto Alegre: SULINA, 1989. 
262p. 
SILVA, R.G. Bioclimatologia e melhoramento do gado leiteiro. Gado Holandês, n.148, p.5-12, 1988. 
SILVA, R.G. Introdução à bioclimatologia animal. São Paulo: NOBEL, 2000. 286p. 
 
 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS: 
1) O que é ecologia? 
2) Defina ecossistema. 
3) Qual a diferença entre climatologia e meteorologia? 
4) No seu entendimento do texto proposto, defina a bioclimatologia. 
5) Peloconteúdo do texto proposto, defina qual a diferença entre adaptação e evolução? 
6) O que é aclimatação? Cite quais são os tipos de aclimatação possíveis? 
7) Comente resumidamente sobre a situação dos bovinos, suínos e aves no nosso País. 
 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 7 
Aula 02 – Meteorologia Básica, Fatores Determinantes do Clima e Climas e Classificação Climática. 
 
 
I. CONCEITOS DE METEOROLOGIA BÁSICA 
 
1. ATMOSFERA TERRESTRE 
 Dentre todas as camadas que constituem a Terra, a atmosfera é a mais tênue, sendo sua massa 
1.000.000 de vezes menor que a massa da parte sólida da Terra. Sua densidade, mesmo ao nível do mar, onde 
é mais elevada, é menor que um milésimo da densidade das rochas. A maior parte da massa atmosférica é 
constituída de um reduzido número de elementos, embora exista um grande número de constituintes ocupando 
relativamente um diminuto volume. Existe, na atmosfera, um grupo de gases com concentrações 
aproximadamente constantes (até cerca de 90 km de altitude). São os chamados gases “permanentes” ou “não 
variáveis” (Tabela 1). Os demais, que não apresentam concentração fixa, são denominados “variáveis” 
(Tabela 2). 
 
Tabela 1. Constituintes “não variáveis” do ar atmosférico. 
Constituinte Conteúdo (% por volume) 
Nitrogênio – N2 78,084 
Oxigênio – O2 20,948 
Argônio – Ar 0,934 
Neônio – Ne 1,818 x 10-3 
Hélio – He 5,240 x 10-4 
Metano – CH4 2,000 x 10-4 
Criptônio – Kr 1,140 x 10-4 
Hidrogênio – H2 0,500 x 10-4 
Xenônio – Xe 0,087 x 10-4 
 
Tabela 2. Constituintes “variáveis” do ar atmosférico. 
Constituinte Conteúdo (% por volume) 
Vapor de Água – H2O 0 a 7 
Dióxido de carbono – CO2 0,033 
Ozônio – O3 0 a 0,01 
Dióxido de enxofre – SO2 0 a 0,0001 
Dióxido de nitrogênio – NO2 0 a 0,000002 
 
A atmosfera terrestre possui uma estrutura vertical extremamente variável quanto a inúmeros 
aspectos: composição, temperatura, umidade, pressão, movimentos, etc. Para fins acadêmicos, costuma-se 
dividir a atmosfera em várias camadas e cada camada têm características próprias, embora não seja 
homogênea (Tabela 3). Para fins meteorológicos, porém, é importante saber o que ocorre na Troposfera, que é 
a primeira camada da atmosfera onde ocorre a maioria dos fenômenos meteorológicos. 
 
Tabela 3. Faixas atmosféricas. 
Troposfera Camada mais baixa da atmosfera e esta em contato direto com a superfície da Terra. 
Espessura de cerca de 18 km nas proximidades do Equador, diminuindo para cerca de 8 
km perto dos pólos. É bastante instável e é nela que ocorrem os fenômenos 
meteorológicos mais importantes. 
Estratosfera Estende-se desde os limites superior da Troposfera (tropopausa) até cerca de 45 km de 
altitude, sendo relativamente estável. Apresenta correntes horizontais de ventos fortes, 
que tendem a dispersar extensamente as partículas sólidas e gasosas que invadem a 
área, mas tais partículas ainda aí permanecem por muito tempo. Há poucas nuvens. 
Mesosfera É a camada que se estende entre 45 e 75 km de altitude. 
Ionosfera Entre 75 a 400 km de altitude, representa o limite entre a atmosfera e o espaço exterior. 
Embora nessa grande altitude a concentração de oxigênio seja muito baixa, é nessa 
camada que se forma o ozônio, O3, pela ação da radiação ultravioleta. 
Adaptado de SILVA (2000). 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 8 
 As partículas presentes na atmosfera apresentam raio variando de 10-3 a 102 µm. O termo aerossol é 
usualmente reservado para partículas materiais que não sejam água ou gelo. Os aerossóis são importantes na 
atmosfera como núcleos de condensação e de cristalização, como absorventes e espalhadores da radiação e 
também, como participantes de vários ciclos químicos. 
 
2. FATORES DE ORDEM ASTRONÔMICA 
 A Terra executa em torno do Sol um movimento de translação, percorrendo uma trajetória chamada 
órbita terrestre. Considerando o Sol imóvel no espaço, verifica-se que a órbita terrestre tem a forma de uma 
eclipse (Figura 1). A Terra efetua uma translação completa em aproximadamente 365 dias e 6 horas. Neste 
movimento, ela ora se afasta ora se aproxima do Sol. O ponto em que a Terra encontra-se mais próxima ao Sol 
(1o de Janeiro) denomina-se periélio e o mais afastado (1o de Julho), afélio. 
 
Figura 1. Órbita terrestre e as estações do ano. 
 
 O movimento aparente do Sol na esfera celeste é helicoidal, em conseqüência de o eixo terrestre ser 
inclinado em relação ao Plano da Eclíptica (plano que contém a trajetória da Terra em torno do Sol). 
Atualmente, o ângulo entre o Plano da Eclíptica e o Plano Equatorial Celeste é de, aproximadamente, 23o27’, 
como ilustra a Figura 2, e tal situação astronômica é conhecida como OBLIQÜIDADE DA ECLÍPTICA. 
A combinação da obliqüidade da eclíptica e a translação da Terra causa a impressão que o Sol se 
desloca na direção Norte-Sul ao longo do ano, dando origem às estações do ano, como pode ser facilmente 
visualizado nas Figuras 1 e 2. De forma análoga, a rotação da Terra dá a impressão de que o Sol se desloca de 
leste para oeste ao longo do dia. 
 
Figura 2. O plano do Equador forma um ângulo de 23o27’ com o da Eclíptica. Observa-se o Círculo Polar 
Ártico (a), o Círculo Polar Antártico (d), o Trópico de Câncer (b) e o Trópico de Capricórnio (c). 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 9 
 As estações do ano se iniciam nos instantes denominados SOLSTÍCIOS e EQUINÓCIOS. Os 
solstícios são os instantes em que o Sol se encontra mais afastado do Plano Equatorial Celeste (ou terrestre), e 
equinócios, os instantes em que o Sol passa pelo Plano Equatorial. Como ilustrado na Figura 3, os dias de 
solstício são 22 de junho e 22 de dezembro, e os dias de equinócio, 21 de março e 23 de setembro, podendo 
haver ligeiras variações. No equinócio, o Sol incide perpendicularmente sobre um ponto do equador; no 
solstício, o Sol incide perpendicularmente sobre um ponto situado no trópico, e tangencia pontos situados nos 
círculos polares Ártico e Antártico. Assim, as culminações do Sol no zênite dos trópicos denominadas 
solstícios ocorrem dia 22 de junho e 22 de dezembro, respectivamente, para os trópicos de Câncer e 
Capricórnio. 
 
Figura 3. Movimento anual aparente do Sol na direção Norte-Sul, associado à variação de sua declinação, 
devida à obliqüidade do eixo terrestre em relação ao plano da Eclíptica. 
 
No solstício de inverno verificamos o dia mais curto e a noite mais longa do ano e no solstício de verão, o dia 
mais longo e a noite mais curta do ano. Nos equinócios, o dia e a noite tem duração igual em todo 
o planeta. 
Para o Hemisfério Sul, o verão se inicia em 22 de dezembro (dia de solstício de verão); o outono no 
dia 21 de março (dia de equinócio de outono); o inverno no dia 22 de junho (dia de solstício de inverno); e a 
primavera se inicia no dia 23 de setembro (dia de equinócio de primavera). Nota-se que para o Hemisfério 
Norte, as estações ocorrem em épocas opostas, ou seja, o verão se inicia no dia 22 de junho (dia de solstício de 
verão para o Hemisfério Norte); o outono se inicia no dia 23 de setembro (dia de equinócio de outono para o 
Hemisfério Norte), etc (Tabela 4 ). 
 
Tabela 4. Solstícios de verão e inverno e equinócios de primavera e outono nos Hemisférios Norte e Sul. 
Data Hemisfério Sul Hemisfério Norte 
22 de dezembro Solstício de Verão Dia mais longo 
Noite mais curta 
Solstício de 
Inverno 
Dia mais curto 
Noite mais longa 
21 de março Equinócio de 
Outono 
Duração do dia e 
noite iguais 
Equinócio de 
Primavera 
Duração do dia e 
noite iguais 
22 de junho Solstício de 
inverno 
Dia mais curto 
Noite mais longa 
Solstício de Verão Dia maislongo 
Noite mais curta 
23 de setembro Equinócio de 
Primavera 
Duração do dia e 
noite iguais 
Equinócio de 
Outono 
Duração do dia e 
noite iguais 
 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 10 
3. RADIAÇÃO SOLAR E A ATMOSFERA 
 
 O espectro eletromagnético é o conjunto de radiações eletromagnéticas ordenadas de acordo com as 
suas freqüências, seus comprimentos de ondas, ou, ainda, números de ondas. Os limites aproximados entre as 
diversas faixas do espectro eletromagnético são indicados na Tabela 5. 
 
Tabela 5. Faixas do espectro eletromagnético. 
Radiação Comprimento de Onda (µm) 
Raios γ, Raios x <0,001 
Radiação ultravioleta 0,001 a 0,39 
Luz visível 0,39 a 0,77 
Radiação infravermelha 0,77 a 1000 
Ondas de radar, televisão e rádio >1000 
 
 A região visível do espectro pode ser subdividida, em micrômetros, como segue: 
 
Violeta Azul Verde Amarela Laranja Vermelha 
 
0,39 0,45 0,49 0,58 0,60 0,62 0,77 
 
 O infravermelho, por outro lado, é dividido em infravermelho próximo, compreendendo os 
comprimewntos de ondas de 0,77 a 25 µm, e em infravermelho longínquo, de 25 a 1000 µm. 
 
 Da radiação solar incidente, apenas 31% atinge efetivamente a superfície da Terra (Figura 3), sendo 
isso causado pelos seguintes processos: 
• Reflexão: cerca de 30% da radiação incidente é refletida pelas camadas de nuvens de volta para o 
espaço, e 6% é refletida pela superfície terrestre. 
• Absorção: cerca de 15 % da radiação que atinge a Terra por fora das camadas atmosféricas é 
absorvida na atmosfera, pelo vapor de água, CO2 e partículas (aerossóis). Aproximadamente 3% é 
absorvido na ionosfera, na formação do ozônio. 
• Dispersão: dependendo da composição atmosférica, cerca de 15% da radiação solar incidente é 
dispersada pelas partículas sólidas e gasosas, contribuindo para a luminosidade celeste. 
 
As parcelas da radiação que atingem a superfície da Terra são constituídas basicamente por ondas 
curtas (0,3 a 4,0 µm) (Tabela 6). As ondas longas (4,0 a 100,0 µm) são procedentes da atmosfera e da 
superfície terrestre previamente aquecidas. A energia solar que atinge a superfície terrestre no nível do mar 
raramente excede 1088 a 1120 W/m2, mesmo nos dias mais claros; em média, acha-se ao redor de 900 a 980 
W/m2. 
 
Tabela 6. Distribuição espectral da radiação solar ao nível do mar. 
Faixa de radiação Comprimento de onda (µm) Potência (J/cm2) % de irradiância total 
Ultravioleta 0,4187 0,063 
C 0,200 – 0,280 
B 0,280 – 0,315 
A 0,315 – 0,380 
Visível 3,3496 0,521 
Violeta 0,380 – 0,424 
Azul 0,424 – 0,492 
Verde 0,492 – 0,535 
Amarelo 0,535 – 0,586 
Laranja 0,586 – 0,647 
Vermelho 0,647 – 0,780 
Infravermelho 0,780 – 3,000 2,5122 0,416 
SILVA (2000). 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 11 
A banda UVC (0,20 - 0,28 µm) apresenta um efeito biológico particularmente intenso e perigoso, mas 
é quase toda absorvida pela camada de ozônio e não ultrapassa a estratosfera. A banda UVB (0,28 – 0,315 
µm) é importante para a síntese de vitamina D, mas apresenta riscos de dano celular quando há exposição 
excessiva a ela. Os raios da banda UVA (0,315 – 0,40 µm) são menos penetrantes e estão associados à síntese 
de melanina. 
 Considerando todas as faixas de onda da radiação solar que atingem a superfície terrestre, podem ser 
atribuídos os seguintes efeitos biológicos até agira conhecidos: síntese orgânica (fotossíntese, síntese de 
vitamina D), transformação da matéria (melanogênese, eritemas, efeitos bactericidas) e efeitos diversos 
(fotoperiodismo, fototropismo, fototaxia, movimentos fotonásticos, germinação de sementes, fotomorfose, 
estímulos nervosos e glandulares). 
 
4. OUTROS CONCEITOS RELACIONADOS À BIOCLIMATOLOGIA 
1. Meridiano: linha imaginária que une os pontos de mesma longitude. Os meridianos são semicírculos 
máximos da superfície terrestre ou da esfera celeste, limitados pelos pólos; os semicírculos que os 
completam são chamados antimeridianos. O meridiano de origem é aquele que passa pelo observatório 
britânico de Greenwich, escolhido convencionalmente como a origem das longitudes sobre a superfície 
terrestre, e como base para a contagem dos fusos horários. 
2. Paralelo: cada um dos círculos imaginários que secionam o globo terrestre em planos paralelos ao 
equador, unindo os pontos de mesma latitude. Cada paralelo une os pontos de mesma latitude, variando de 
0o no equador a 90o nos pólos, Norte e Sul; tornam-se menores a medida em que se distanciam do equador 
o maior dos paralelos); os paralelos mais importantes, além do equador, são os trópicos e os círculos 
polares. 
3. Longitude: distância angular entre um ponto qualquer da superfície terrestre e o meridiano inicial ou de 
origem. As longitudes são contadas a partir do meridiano de Greenwich, de 0o a 180o para oeste, e de 0o a 
180o para leste. 
4. Latitude: distância angular entre um ponto qualquer da superfície terrestre e o equador. É contada de 0o a 
90o, do equador em direção aos pólos, norte e sul. 
5. Altitude: elevação vertical de um ponto acima do nível médio do mar. 
6. Clima: conjunto de fenômenos meteorológicos (temperatura, pressão atmosférica, ventos, precipitações) 
que caracterizam, durante um longo período, o estado médio da atmosfera e sua evolução num 
determinado lugar. 
7. Tempo: estado da atmosfera num determinado momento e lugar, no que diz respeito à temperatura, 
umidade, pressão atmosférica, presença de nuvens, ocorrência de ventos. Os diferentes tipos de tempo 
definem-se como o conjunto de condições atmosféricas momentaneamente estáveis, que voltam a ocorrer 
a intervalos relativamente frequentes ou mesmo regulares. 
8. Temperatura do ar: quantidade de calor existente no ar atmosférico. Os raios solares atravessam a 
atmosfera e aquecem diretamente as superfícies continentais e oceânicas. O calor irradiado por essas 
superfícies é que vai aquecer, indiretamente, o ar atmosférico. A temperatura do ar é percebida 
subjetivamente por sensações de calor ou de frio e a medição exata é feita através da utilização de um 
termômetro. 
9. Calor: energia que se transfere de um sistema para outro, sem transporte de massa, e que não corresponde 
à execução de um trabalho mecânico. 
10. Calor sensível: o fornecimento de calor provoca geralmente uma variação da temperatura do sistema que 
o recebe. 
11. Calor latente: calor que deve ser absorvido por uma substância pura para que mude de estado. 
12. Umidade do ar: teor de vapor de água existente na atmosfera. Umidade absoluta é a relação entre a massa 
de vapor de água contida, num dado momento, em um certo volume de ar, e esse volume de ar 
considerado. A umidade absoluta é medida em número de gramas de vapor de água por metro cúbico de 
ar. A umidade relativa é a relação, expressa em porcentagem, entre a quantidade de vapor de água 
presente em um certo volume de ar, em um dado momento, e a quantidade máxima (limite de saturação) 
de vapor de água que esse volume de ar pode conter, à temperatura do momento. 
13. Precipitação: quantidade de água, neve, granizo, que se precipita da atmosfera sobre o solo, em 
determinado período. 
14. Pressão atmosférica: efeito do peso da atmosfera sobre os corpos. A pressão atmosférica média, tomada 
ao nível do mar e a 0oC é de 760 mm de uma coluna de mercúrio, ou 1013 milibares, valor aproximado ao 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 12 
exercido por um corpo de 1 kg de massa sobre uma superfície de 1 cm2 de área. A pressão varia conforme 
o estado da atmosfera e decresce com a altitude (800 milibares a 2000 m e 620 a 4000 m). 
15. Orvalho: tipo de precipitação atmosférica em que o vapor de água se condensa e se deposita durante a 
noite e pela manhã, sob a forma de gotículasmuito finas, sobre a vegetação e certos corpos expostos ao ar 
livre. 
16. Transmissão de calor: coeficiente que caracteriza a transmissão de calor entre um sólido (ou um fluído) 
a uma certa temperatura a um sólido (ou um fluído) a uma outra temperatura. 
17. Termosfera: zona da atmosfera de um planeta situada acima da mesosfera e caracterizada por um forte 
aumento da temperatura com a altitude. A termosfera terrestre está situada entre 85 e 600 km de altitude. 
18. Estresse: conjunto de respostas metabólicas, fisiológicas e comportamentais aos agentes estressores de 
qualquer natureza (emoção, frio, calor, doença, intervenção cirúrgica, choque traumático, etc) que 
agridem um organismo na sua totalidade, podendo ameaçar a sua existência. 
19. Ambiência: aquilo que envolve, que cerca; conjunto formado pelo meio (ar) e pelo recinto (paredes, 
corpos radiantes, etc.). 
20. Equinócio: época do ano em que o Sol, em seu movimento próprio aparente na eclíptica, corta o equador 
celeste, e que corresponde à igualdade de duração dos dias e das noites.Há dois equinócios por ano: em 21 
de março e em 23 de setembro. 
21. Solstício: época do ano em que o Sol, no seu movimento aparente sobre a eclíptica, atinge a maior 
declinação boreau ou austral e que corresponde à duração máxima ou mínima do dia. A passagem do Sol 
nestes pontos, dia 21 ou 22 de junho e dia 21 ou 22 de dezembro, marca respectivamente o início do 
inverno e do verão no hemisfério Sul. A situação é inversa no hemisfério Norte. 
22. Albedo: Fração, expressa em centésimos, da energia de radiação incidente refletida ou difundida por um 
corpo, superfície ou meio. O aparelho utilizado para medir o albedo é o albedômetro. Um corpo negro e 
fosco possui um albedo de 0. A neve, fresca e limpa, possui um albedo próximo de 0,90, considerando os 
comprimentos de onda da luz visível. 
23. Insolação: ação dos raios solares sobre um objeto. Número de horas durante as quais o sol brilhou num 
dia, num mês ou num ano determinado. 
24. Isoterma: numa carta meteorológica, á a linha que une os pontos de temperatura média idêntica para 
determinado período. 
25. Isoieta: numa carta meteorológica, é a linha que une os pontos de uma região onde as precipitações 
médias são as mesmas para um período considerado. 
26. Isóbara: isobárica. Curva que une os pontos da Terra onde a pressão atmosférica, tomada ao nível do 
mar, é a mesma num determinado instante. 
27. Climograma: gráfico que representa, sobre um mesmo sistema de coordenadas, a variação anual das 
temperaturas e a média das chuvas de uma estação do ano. 
28. Zênite: ponto em que a vertical de um lugar encontra a esfera celeste. 
29. Monções: sistema de ventos sazonais alternados, que sopram em latitudes tropicais (principalmente na 
Ásia meridional), do mar para o continente no verão (monção de verão) e do continente para o mar no 
inverno (monção de inverno). A monção, fenômeno da baixa e da média troposfera, está ligada a fatores 
geográficos (interpenetração de massas oceânicas e continentais) e térmicos: o aumento da temperatura no 
verão acarreta a formação de baixas pressões sobre o continente, atraindo o ar oceânico úmido; a 
diminuição da temperatura no inverno, mais rápido sobre o continente, traz uma elevação da pressão 
atmosférica e formação de ventos que se dirigem para o oceano. Os fluxos alternados atravessam o 
equador. 
30. Nó: unidade de velocidade, utilizada em navegação marítima ou aérea, equivalente à velocidade uniforme 
que corresponde a 1 milha marítima por hora, ou seja, 0,5144 metros por segundo. 
31. Brisa: vento periódico que sopra nas regiões litorâneas, alternadamente em direção ao continente ( brisa 
marinha, diurna) ou em direção ao mar (brisa terrestre, noturna); e nos vales de montanha, durante o dia 
em direção aos cumes, e à noite em direção ao vale, em tempo calmo. É provocada pela diferença de 
aquecimento entre a terra e o mar ou entre as vertentes de jusante e de montante. 
32. Fuso horário: cada uma das 24 partes em que é dividida a superfície da Terra onde todos os pontos têm, 
em princípio, a mesma hora legal, e que corresponde ao fuso geométrico limitado por meridianos que 
distam entre si 15o. A hora legal corresponde àquela do meridiano central de cada fuso. 
33. Climatização: conjunto de operações que criam e mantêm, em determinado local, condições controladas 
de temperatura, umidade relativa, velocidade e pureza do ar. 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 13 
II. FATORES DETERMINANTES DO CLIMA 
 
1. DEFINIÇÕES: 
 
Tempo: é o estado atual da atmosfera num determinado local e instante, sendo caracterizado pelas condições 
de temperatura, pressão, concentração de vapor, velocidade e direção do vento, precipitação. 
 
Clima: são muitas as definições de clima e aqui descrevemos apenas três das mais utilizadas. 
 
HANN – é o conjunto dos fenômenos meteorológicos que caracterizam o estado médio da atmosfera em 
dado local. 
 
THORNTHWAITE – é a interação de fatores meteorológicos que conferem a uma região seu caráter e 
sua individualidade. 
 
KÖEPPEN – é o somatório das condições atmosféricas que fazem um lugar da superfície terrestre ser ou 
não habitável para homens, animais e plantas. 
 
Elementos Climáticos/Meteorológicos: são as grandezas (variáveis) que caracterizam o estado da atmosfera, 
ou seja, temperatura, umidade, pressão, velocidade e direção do vento, precipitação. 
 
Fatores Climáticos/Meteorológicos: são agentes causais que condicionam os elementos climáticos. Por 
exemplo, fatores geográficos como latitude, altitude, radiação solar, continentalidade / oceanalidade. 
 
 
2. ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
 
1. TEMPERATURA DO AR 
 
O calor da atmosfera provém do Sol. 
Temperatura é a quantidade de calor existente no ar, que provém do calor emitido pelo Sol. A 
superfície da Terra conserva o calor recebido do sol e irradia-o para a atmosfera, ocasionando o aquecimento 
das camadas de ar. Essa irradiação do calor solar explica por que a superfície da Terra permanece aquecida à 
noite e o fato do horário mais frio do dia ser de madrugada (momentos antes de nascer o Sol). As variações 
temporais e espaciais da temperatura do ar são condicionadas pelo balanço de energia na superfície. Assim, 
todos os fatores que afetam o balanço de energia influenciam também a temperatura do ar. 
 
A temperatura do ar sofre influência de muitos fatores. 
1. HORÁRIO DO DIA: a temperatura varia do dia para noite (T máxima por volta das 1500 às 1700h e T 
mínima momentos antes de nascer o Sol). 
2. ESTAÇÃO DO ANO: o Inverno é a estação mais fria e o Verão a mais quente. 
3. ALTITUDE: quanto maior a altitude, menor a temperatura do ar, pois as camadas de ar estão mais 
distantes da superfície da Terra que irradia calor e o ar mais rarefeito absorve menor quantidade de calor. 
Na troposfera, via de regra, se observa uma diminuição de 1oC a cada 180 ou 200 m de altitude. Nas 
primeiras camadas da estratosfera, reinam temperaturas muito baixas (50 a 60oC abaixo de zero). 
4. LATITUDE: a medida que as latitudes vão se tornando maiores, as temperaturas se tornam mais baixas 
(Tabela 7). Isto pode ser explicado por dois fatores: a) diferenças na inclinações dos raios solares devido a 
redondeza da Terra, e b) diferenças na espessura das camadas da atmosfera. Sobre o Equador, os raios 
solares incidem perpendicularmente e a medida que nos afastamos em direção aos pólos, aumenta a 
inclinação dos raios solares e a espessura das camadas da atmosfera, que os raios solares tem que 
atravessar (↑ massa atmosférica em PA ⇒ ↓ a quantidade de calor em PG). 
5. NEBULOSIDADE: as nuvens impedem que as massas aquecidas se dispersem nas altas camadas. Por isso, 
as noites sem nuvens são sempre mais frias. Durante o dia, as nuvens impedem que a irradiação solar atinjaa superfície da Terra, provocando uma diminuição da temperatura do ar. 
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Tabela 7. Variação da temperatura nas diferentes latitudes. 
LATITUDE Temperatura média 
(em graus) Hemisfério Norte Hemisfério Sul 
0 25,9 25,9 
15 26,3 24,2 
30 20,3 18,5 
45 9,6 8,9 
60 -0,8 0,2 
75 -13,3 -6,8 
 
6. DISTRIBUIÇÃO DAS TERRAS E DAS ÁGUAS: as diferenças na distribuição das terras e águas nos 
hemisférios exercem grande influência na caracterização dos climas, uma vez que se comportam de 
maneira diferente em relação a absorção e perda de calor. As águas demoram mais para aquecer e esfriar 
que as terras, e estas diferenças podem ser explicadas em função de: 
a) o calor específico da terra corresponde a 6/10 da água; (calor específico é a quantidade de calor (calorias) 
necessária para elevar em 1oC a temperatura de 1 grama do material). (CE da água = 1cal/g/oC) 
b) águas sofrem evaporação, que abaixa a temperatura. 
c) calor penetra até 20 m na terra e até 100 a 200 m na água. 
 
 Assim, o Equador térmico não coincide com o Equador terrestre. Passa a 10 e 15 o de latitude Norte, 
devido a diferenças na distribuição das terras e águas nos hemisférios da Terra. 
 
7. Outros fatores que podem modificar a temperatura do ar: 
• VEGETAÇÃO (diminuem a temperatura, pois impedem a irradiação solar e concentra umidade); 
• CORRENTES MARÍTIMAS (quentes ou frias); 
• VENTOS e CHUVAS 
• CIDADES (temperaturas mais elevadas). 
 
 
Medida da temperatura do ar: 
Obtida através de termômetros, que podem diferir quanto ao seu elemento sensível (mercúrio, álcool, 
hidro carbureto) e quanto à escala (Centígrado ou Fahrenheit). Existem, ainda, termômetros registradores, 
termômetros de máxima e de mínima, termômetros de bulbo úmido, etc. 
 Em geral, se usa a graduação centígrada ou escala Celsius, apresentada pelo astrônomo sueco Anders 
Celsius (1742), que vai de 0o (temperatura do gelo fundente) até 100o (temperatura da água em ebulição). Nos 
países anglo-saxônicos, prefere-se a graduação em Fahrenheit, proposta pelo físico alemão Gabriel Daniel 
Fahrenheit, na qual 32o F eqüivalem a 0o C e 212o F correspondem a 100o C. A conversão entre as graduações 
pode ser feita pela fórmula: 
C = 5
9
F - 32)*( , onde C é a temperatura em o C e F a temperatura em o F. 
As leituras de temperatura do ar nos termômetros podem ser obtidas na forma de medidas e registros, 
temperatura máxima e mínima. De posse das leituras podemos calcular as temperaturas médias diárias, 
mensal, do inverno ou verão, anual, etc. A comparação entre a temperatura média do dia ou mês mais quente 
com a do dia ou mês mais frio, é chamada de amplitude térmica mensal ou anual, respectivamente. 
Erros de leitura na temperatura do ar podem ser causados por defeitos nos termômetros, ventos e 
irradiação do calor solar sobre o aparelho. Para leituras corretas, o termômetro deve estar sempre abrigado e a 
uma altura entre 1,5 a 2 m. 
Para se determinar a temperatura de uma região são necessárias um número muito grande de 
observações, por muitos anos (500 anos, segundo HANN). Pode-se traçar as isotermas ou linhas isotérmicas, 
que são linhas imaginárias unindo os pontos da superfície terrestre que apresentam as mesmas temperaturas 
(HUMBOLDT). 
 
Temperaturas máximas observadas: 
• No Saara, 50o C à sombra não é raro; já foi registrado 57o C; 
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• Vale da Morte (54o C), Egito, Eritréia, Mesopotânea, Arábia, noroeste da Índia, Austrália Central, são 
regiões muito quentes. 
 
Temperaturas mínimas observadas: 
• Na Sibéria a temperatura chega a 50o C abaixo de zero; já foi registrado - 69,8o C; 
• noroeste do Canadá, Groenlândia, Antártida, são regiões de frio intenso. 
 
Zonas térmicas da Terra segundo KÖPPEN, em função da duração da temperatura durante o ano. 
1. Zona tropical: pequena variação de temperatura, calor durante o ano, não menos de 20o C; 
2. Zona subtropical: temperatura acima de 20o C (1 a 8 meses), diferença entre a Tmáx e Tmín varia de 7 a 
18o C, de acordo com a altitude e latitude. 
3. Zona temperada: temperatura inferior a 20o C por no mínimo 8 meses do ano; estações bem definidas. 
4. Zona fria: apenas 4 meses com temperatura acima de 10o C; sem verão. 
5. Zona polar: temperatura abaixo de 10o C, o ano todo. 
 
Para se estudar convenientemente a variação anual da temperatura, não bastam as médias anuais, 
torna-se preciso comparar as 12 cartas mensais. 
 Para se ter melhor compreensão das variações da temperatura, torna-se necessário enfatizar os 
movimentos da Terra em relação ao Sol: o de rotação, em torno do seu próprio eixo, com inclinação de 
23o27’, originando o dia e a noite, e o de translação, ao redor do Sol, com seu eixo praticamente paralelo a si 
mesmo, propiciando um aquecimento desigual dos Hemisférios ao longo do ano e, conseqüentemente, 
estações do Hemisfério Norte diferentes das do Sul (BAÊTA, 1998). 
 Em conseqüência da inclinação de 23o27’ do eixo de rotação da Terra, o observador vê o Sol nascer 
no Leste e se pôr no Oeste exatamente nos dias 23 de setembro e 21 de março. O plano dessa trajetória se 
desloca paralelamente para o Norte até dia 22 de junho e, em seguida, retorna para o Sul, até o dia 22 de 
dezembro. Dessa forma, no Brasil, uma parede disposta no sentido Leste-Oeste terá a face voltada para o 
Norte sempre mais ensolarada que a do Sul, com a máxima condição em 22 de junho e mínima em 22 de 
dezembro (BAÊTA, 1998). 
 
 
2. PRESSÃO ATMOSFÉRICA E VENTOS 
 
A pressão atmosférica e sua medida: 
A pressão atmosférica equivale ao peso de uma coluna de mercúrio com 760 mm de altura e 1 cm2 de 
base. Isto significa que o ar atmosférico exerce uma pressão média de 1033 g/cm2 e um indivíduo tem sobre si 
um peso de cerca de 15 toneladas. A medida da pressão atmosférica é feita através de barômetros de dois tipo: 
barômetros de mercúrio (mais exatos) e aneróides (fácil transporte, menos precisos). 
 
Variações da pressão atmosférica e suas causas: 
1. HORA DO DIA: em função da temperatura; 
2. ESTAÇÃO DO ANO: em função da temperatura; 
3. ALTITUDE: em função da densidade das camadas de ar. Com o aumento da altitude ocorre uma 
diminuição na densidade das camadas de ar. Até uns 300 m de altitude, a cada 10 a 11 m de elevação, 
diminui 1 mm de pressão atm. A partir daí, a proporção é variável (Tabela 8). De acordo com a chamada 
Lei de LAPLACE, enquanto a altitude aumenta em PA, a pressão atmosférica diminui em PG; 
 
Tabela 8. Influência da altitude na pressão atmosférica. 
ALTURA (metros) PRESSÃO (milímetros) 
0 760 
1000 674 
5000 405 
10000 198 
11000 170 
20000 41 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 16 
• TEMPERATURA: é a principal causa de variação na pressão atmosférica. Sua influência se faz sentir, 
num mesmo lugar, conforme a as horas do dia, as estações do ano ou a latitude (aumenta a pressão nas 
latitudes médias e nas regiões polares e a diminui no equador), conforme mostrado na Tabela 9. Tais fatos 
explicam-se naturalmente, porque, com o aumento da temperatura, ocorre dilatação do ar atmosférico e, em 
conseqüência, uma diminuição do seu peso e da pressão que exerce (↓ pressão atmosférica), e vice-versa. 
 
Tabela 9. Influência da temperatura em função da latitude. 
LATITUDE (em graus) PRESSÃO (milímetros) 
0 758 
20 759 
40 762 
50 761 
60 756 
80 761 
 
Chama-se de isóbara ou linha isobárica, a linha imaginária que une todos os pontos de igual pressão 
atmosférica, considerados como se estivessem ao nível do mar. 
 A maior pressão registrada foi na Sibéria (780 mmHg) e a mais baixa em Madagascár (628 mmHg). 
 
O mecanismo dos ventos: 
 As diferenças de temperatura do ar atmosférico e a conseqüente formação de diferentes zonasde 
pressão atmosférica, ocasionam a movimentação das massas de ar de uma região de maior pressão para outra 
de menor pressão; assim formam-se os ventos. A intensidade e direção dos ventos são determinados pela 
variação espacial e temporal do balanço de energia na superfície terrestre, que causa variações no campo de 
pressão atmosférica, gerando os ventos de grande circulação e os movimento ciclônicos e anticiclônicos. 
Assim, a troposfera está em constante troca de massas de ar. Nas zonas frias (altas pressões) formam-
se os chamados: anticiclones ou áreas anticiclonais, centros dispersores de vento, nos quais o ar se apresenta 
calmo e seco. Nas zonas quentes (baixa pressão), formam-se os chamados ciclones ou áreas ciclonais, nas 
quais o ar está sempre em movimento, pois para ali convergem os ventos. 
 A velocidade do vento é afetada, também, pela rugosidade da superfície e pela distância vertical em 
que ela é medida. Quanto mais próximo da superfície, maior o efeito de atrito com o terreno, desacelerando o 
movimento e diminuindo a velocidade do deslocamento do ar. A direção dos ventos é afetada pela rotação da 
Terra e pela diferença de temperatura e/ou pressão entre corpos de diferentes características e relevo. 
 
A velocidade do vento, medida através de aparelhos denominados anemômetros, é muito variável e 
depende diretamente das diferenças de pressão entre as áreas ciclonais e anticiclonais. Pode ser classificada 
em: 
• calma atmosférica = menos de 1 m/s; 
• vento fraco = 1 a 4 m/s; 
• vento moderado = 4 a 8 m/s; 
• vento forte = 8 a 16 m/s; 
• vento violento = 16 a 25 m/s; 
• furacão = mais de 25 m/s. 
 
Tipos de ventos, que apresentam um regime especial: 
 
a) Ventos regulares ou constantes: ocorrem na região intertropical e sopram de forma regular e constante 
(alísios e contra-alísios). 
 
a1) Alísios: sopram das regiões temperadas para o Equador, pelas camadas inferiores da atmosfera (até 2000 
m), numa velocidade de 5 a 8 m/s (fraco a moderado). Não são muito regulares em sua força e direção devido 
a formação de ciclones nas regiões tropicais. 
 
a2) Contra-alísios: sopram do Equador para as regiões temperadas, pelas camadas mais altas da atmosfera. 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 17 
b) Ventos periódicos: 
São ventos que sopram em períodos certos, ora numa direção, ora noutra. Seu mecanismo é explicado 
em função da diferença na forma como se aquecem e se esfriam as terras e as águas. 
 
b1) BRISAS: têm um âmbito quase universal e aparecem nas regiões banhadas pelo mar. Durante o dia, 
sopram do mar para a terra (brisa marítima, das 10 h até o entardecer), pois a terras se aquece mais depressa 
que o mar. Durante a noite, sopram do continente para o mar (terral ou brisa terrestre), pois a terra se esfria 
mais depressa do que o mar. 
 Ventos análogos ocorrem em regiões montanhosas. Durante o dia sopra uma brisa de baixo para cima 
( o fundo do vale se acha mais frio que o cume). Durante a noite, a brisa se dirige de cima para baixo (o cume 
se esfria mais rápido que o fundo do vale). 
 
b2) MONÇÕES: têm um âmbito mais restrito. Resultam das diferenças entre as estações do ano. 
• Verão: o continente aquece-se mais depressa que o oceano (monções marítimas ou de verão). Sopram do 
mar para o continente. 
• Inverno: continente mais frio que o oceano (monções continentais ou de inverno). Sopram da terra para o 
mar. 
As monções ocorrem nas regiões banhadas pelo Oceano Índico e Extremo Oriente. Têm muita 
importância no clima destas regiões: 
• monções marítimas ou de verão trazem chuvas torrenciais, muitas vezes catastróficas. 
• monções continentais ou de inverno ocasionam longos períodos de seca. 
• quando ocorrem as mudanças de estações, mudam as direção dos ventos, e registram-se grandes 
perturbações atmosféricas com a formação de ciclones e tufões. 
 
b3) VENTOS ETÉSIOS OU ANUAIS: não passam de uma variedade das monções e possuem idêntico 
mecanismo. Ocorrem na bacia do Mediterrâneo, costa da Guiné, Texas e Austrália. 
 
c) Ventos variáveis e locais: 
 
c1) Variáveis: 
Ocorrem em regiões onde não existem os alísios e monções, especialmente em latitudes acima de 30o. 
Sua direção sofre constantes alterações, pois os centros de alta e baixa pressão se deslocam com facilidade. 
Na Europa ocidental: 
• VENTOS DO OESTE: procedem de NO no verão e do SO no inverno. 
 
c2) Locais: resultantes da formação de áreas ciclonais e anticiclonais , de caráter local, em função de 
condições geográficas particulares de uma região. 
 
Na América: 
• PAMPEIRO: vento frio que sopra das regiões meridionais da Argentina e alcança o RS (Minuano). 
• CHINOOK: sopra das Montanhas Rochosas. Sendo frio no seu movimento ascendente e tépido no seu 
movimento descendente. 
 
Na África: 
• SIMUM: vento quente que levanta cortinas de areia no Saara, prolonga-se pelo Mar Mediterrâneo, e 
alcança a Espanha (Solano) e as costas da Itália e Grécia (Siroco). 
• CANSIM: no Egito (quente). 
• HARMATÃ: no Senegal e na costa da Guiné (quente). 
 
Na Europa: 
• MISTRAL: Sul da França. Sopra do Maciço Central para o baixo Ródamo (frio). 
• BORA: sopra dos planaltos da Bósnia para o Mar Adriático (frio). 
• CRIVETZ: nos Bálcãs, especialmente na Romênia (frio). 
• FOEHN: :na cadeia dos Alpes, sobretudo na Suíça e no Tirol (frio). 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 18 
3. A UMIDADE ATMOSFÉRICA E AS CHUVAS 
 
A evaporação é responsável pela presença vapor de água no ar atmosférico, e depende , sobretudo, de 
três fatores: 
1. Da extensão das superfícies líquidas; 
2. Da força dos raios solares; 
3. Da ação dos ventos. 
 
Umidade absoluta ou relativa: 
Chama-se umidade absoluta, peso do vapor de água contido em uma quantidade de ar. Em 1 m3 de 
ar, a umidade pode variar de uma quantidade mínima até 25 gramas, aproximadamente, dependendo da 
temperatura. 
 Denomina-se umidade relativa do ar, a relação existente entre a quantidade de vapor de água 
realmente contida no ar e a quantidade máxima que ele pode suportar em uma dada temperatura. Sabendo que 
em 1 m3 de ar pode conter, à temperatura de 12oC, um máximo de 10 gramas de vapor de água, e verificando-
se que o ar de um determinado lugar só contém 5 gramas de vapor, dizemos que a umidade relativa é igual a 
50%, e assim por diante. 
Ar atmosférico está saturado quando contém o máximo de vapor de água que pode suportar em uma 
determinada temperatura, ou seja, quando sua UR é igual a 100%. O grau de saturação depende da 
temperatura; quanto mais elevada a temperatura, maior quantidade de vapor de água o ar atmosférico poderá 
conter (Tabela 10). 
 
Tabela 10. Quantidades de vapor d’água necessárias para que 1 m3 de ar fique saturado, em diferentes 
temperaturas. 
TEMPERATURA (o C) VAPOR DE ÁGUA (gramas) 
-1 2,26 
0 4,84 
10 9,33 
20 17,12 
30 30,04 
 
A umidade absoluta varia com o decorrer do dia, das estações do ano e nas diversas regiões do 
planeta. É mínima ao amanhecer e máxima à tarde. Na zona equatorial pode ultrapassar 20 mm, ao passo que, 
nas regiões polares, chega a ser inferior a 1 mm. 
Com a umidade relativa ocorre justamente o oposto, pois é máxima ao amanhecer e mínima à tarde e é 
maior no inverno e nas zonas frias, em conseqüência do papel que representa a temperatura. 
 
A nebulosidade atmosférica: 
Quando o ar atmosférico saturado de vapor de água, sofre uma diminuição de temperatura, ocorre a 
condensação desse vapor, formando pequenas gotas de água que ficam em suspensão na atmosfera (nevoeiro e 
nuvens). São várias as causas deste fenômeno: 
1. mistura de duas massas de ar de temperatura diferentes; 
2. passagem de uma porção de ar quente sobre uma superfície fria; 
3. passagem de um vento frio sobre uma superfície líquida mais quente; 
4. dilatação do ar e conseqüenteformação de correntes ascendentes. 
 
O nevoeiro é a nebulosidade que se forma nas camadas inferiores da atmosfera, ao contato da 
superfície terrestre. As nuvens formam-se nas camadas mais elevadas e podem apresentar-se sob diferentes 
aspectos: cirros (8.000 a 11.000 m), cúmulos (2.000 a 6.000 m), estratos (500 a 1.000 m) e nimbos (baixas e 
escuras). 
 
As precipitações atmosféricas: 
 
Que ocorrem na superfície terrestre: 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 19 
• ORVALHO: forma-se nas noites claras e serenas, quando a superfície da terra fica mais fria que o ar, o 
vapor de água do ar se precipita sob a forma de gotículas que encobrem os objetos e a vegetação. 
• GEADA: o orvalho congela, quando a temperatura da superfície desce a menos de 0o C, formando um fino 
lençol de gelo sobre a vegetação. 
 
Que ocorrem nas altas regiões da troposfera: são resultantes do encontro de uma camada de ar frio com uma 
nuvem saturada de vapor de água: 
• NEVE: precipitação do vapor de água em pequenos cristais hexagonais (flocos de neve), que caem sobre a 
superfície terrestre, desde que não encontrem em seu trajeto camadas de ar quentes. 
• GRANIZO: resulta da precipitação do vapor de água contido nas nuvens. Caem em pequenas gotas, que se 
congelam em contato com uma camada fria da atmosfera, chegando à superfície como pedras de gelo 
(típicos das tempestades de verão). 
• CHUVAS: são as mais importantes das precipitações atmosféricas. Ocorrem quando nuvens saturadas de 
vapor de água, entram em contato com uma camada de ar frio, e precipitam-se sob a forma de gotas de 
água. 
 
A chuva pode de ocorrer de duas maneiras, principalmente: 
 
1) Ascensão vertical das massas de ar quente, as quais tornando-se mais frias em função da altitude, fazendo 
com que o vapor de água se condense sob a forma de nuvens e, em seguida, chuva; 
• chuvas de convecção: se originam do movimento ascendente diurno de massas de ar (regiões equatoriais e 
montanhas); 
• chuvas ciclonais: típicas de áreas ciclonais ou de baixa pressão (massas de ar em constante ascensão). 
 
2) Deslocamento horizontal das nuvens, conduzidas pelo vento para zonas de temperatura mais baixa, o que 
ocasiona a formação de chuva. 
• chuvas de relevo: aparecem nas encostas montanhosas, em virtude do contato das nuvens com o ar mais 
frio das zonas de maior altitude. 
• chuvas litorâneas: oriundas das diferenças de temperatura entre o mar e as terras. 
 
Fatores que influenciam o mecanismo das chuvas: 
• temperatura: representa papel fundamental nos processos de evaporação e condensação; 
• vento: ocasiona o deslocamento das nuvens e favorece a evaporação no mar e continentes; 
• florestas: sua presença promove uma diminuição da temperatura local. 
 
A medida da quantidade de chuva (mm) é dada por um aparelho denominado de pluviômetro. Isoieta é 
a linha imaginária que une os pontos que apresentam a mesma quantidade de chuva. 
 
As regiões que recebem maior quantidade de chuvas (+ de 2000 mm/ano) são: 
• Regiões intertropicais (chuvas de convecção, chuvas ciclonais e chuvas de relevo): Amazônia e Guianas, 
costa da Guiné, bacia do Congo, planície do Ganges, península de Malaca e ilhas Sonda; 
• Regiões restritas: costas ocidentais dos continentes (Alasca, Colúmbia Britânica, Sul do Chile, Irlanda 
Ocidental, Noruega, litoral da Iugoslávia). 
 
Entre as regiões que recebem menores quantidades chuvas (- de 250mm/ano), podemos citar: 
• Zonas circumpolares (Norte do Canadá e da Sibéria); 
• Áreas atravessadas pelos trópicos (Saara, Arábia, Calaari, Austrália Central); 
• Planaltos circundados por altas montanhas (centro-oeste da América do Norte, Ásia Central, planaltos da 
Bolívia e Argentina). 
 
Regimes pluviométricos: 
Não basta, porém, conhecer o total de chuvas caídas no espaço de um ano. Devemos conhecer a 
maneira como se distribuem as chuvas nos 12 meses do ano. Isto é chamado regime pluviométrico. 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 20 
Nas regiões intertropicais, é possível reconhecer três regimes pluviométricos distintos: 
1. regime equatorial: sem estação seca, com duas máximas correspondentes aos equinócios; 
2. regime subequatorial: com duas estações chuvosas (primavera e outono) e duas secas (verão e inverno); 
3. regime tropical: com uma estação chuvosa (verão) e uma seca (inverno). 
 
Nas regiões subtropicais, o regime pluviométrico dominante é o: 
• regime desértico: estação seca predomina na maior parte do ano (- de 250 mm/ano), quando não 
totalmente. Uma verdadeira faixa de desertos acompanha os 2 trópicos. 
 
Nas regiões temperadas, ocorrem grandes variações que podem ser sintetizadas em dois grandes regimes 
pluviométricos: 
1. regime mediterrâneo: chuvas de Inverno e seca no Verão. Característico da bacia do Mediterrâneo e outras 
regiões (Califórnia, Chile, Cabo, Austrália Meridional); 
2. regime das altas latitudes: chuvas bem distribuídas no decorrer do ano, sem uma verdadeira estação seca, e 
com diferenças que se explicam pela posição geográfica, regime dos ventos, proximidade ou não do 
oceano, natureza do relevo. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CLIMAS NO BRASIL 
 
 O clima, conjunto de fenômenos meteorológicos que define a atmosfera de determinado lugar, pode 
ser de diversos tipos, como tropical úmido, tropical seco, subtropical, temperado e outros, que indica as 
características mais notáveis da região, apresentando infinitas variações, os chamados microclimas (BAÊTA, 
1998). 
 
1. Noção de clima, tempo e tipo de tempo. 
• tempo: é uma combinação passageira dos elementos; 
• tipo de tempo: é uma combinação mais durável dos elementos. 
 
Quando as combinações num determinado ponto da superfície terrestre são mais duráveis e se 
sucedem de ano para ano, elas chegam a constituir o tipo de tempo desse ponto, e portanto, o clima. 
 
 
2. Classificação climática de Arthur Strahler e de Wladimir Köppen adaptadas ao Brasil. 
O Brasil é um dos maiores países do Globo, com uma área de aproximadamente 8.512.000 km2. Suas 
terras estendem-se do Hemisfério Norte (≅ 5oN) ao hemisfério Sul (≅ 35oS). Alem de sua dimensão 
continental, o Brasil é um país de grandes contrastes: solos, vegetação, topografia e climas, por exemplo. 
Climaticamente, possui desde os climas equatoriais úmidos aos semi-áridos; dos temperados, com quatro 
estações bem definidas, aos tropicais, com apenas estações seca e chuvosa bem diferenciadas; dos climas 
continentais aos marítimos; dos montanhosos suaves, às depressões contrastantes. 
 
REGIÃO NORTE 
Localizada na faixa equatorial, esta região caracteriza-se por altas temperaturas e elevados índices 
pluviais. Os principais mecanismos que explicam o regime pluvial na região resultam da combinação ou da 
atuação predominante da Zona de Convergência Intertropical, das brisas marítimas, da penetração de 
sistemas frontais oriundos do sul do continente, e da fonte de vapor representada pela Floresta Amazônica 
e pela atuação da Cordilheira dos Andes. As precipitações são predominantemente convectivas. 
 
REGIÃO NORDESTE 
Temperaturas elevadas durante o ano todo, com amplitudes térmicas máximas em torno de 6oC. Mas a 
relativa homogeneidade térmica contrasta-se com a grande variabilidade espacial e temporal das chuvas. No 
litoral, a precipitação anual supera 1.600 mm, enquanto no interior não ultrapassa 400 mm em certas áreas. O 
Nordeste é considerado uma região anômala: anos chuvosos, com inundações calamitosas podem seguir-se de 
estiagens catastróficas. 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 21 
 
REGIÃO CENTRO-OESTE 
Condições bastante contrastantes entre verão e inverno. O verão é essencialmente quente e chuvoso, 
enquanto o inverno é menos quente e seco. 
 
REGIÃO SUDESTE 
Região que possuios maiores contrastes climáticos, em razão da diversidade de fatores que atuam: 
maritimidade/continentalidade, montanhas elevadas (≅ 2700 m), depressões intermontanhosas (≅ 300 m) e 
baixadas litorâneas; áreas semi-áridas (norte de MG) e regiões montanhosas, com elevadas precipitações ao 
longo de todo o ano. Pouca chuva e geadas freqüentes no inverno. Temperaturas elevadas e chuvas abundantes 
no verão. 
 
REGIÃO SUL 
Climaticamente mais regular; as chuvas são bem distribuídas o ano inteiro e as quatro estações do ano 
são nítidas. O calor do verão contrasta-se com as geadas do inverno, passando pelas temperaturas mais amenas 
do outono e primavera. Única região brasileira onde neva, ocasionalmente. 
 
 
2.1. Classificação de Strahler: 
Baseia-se nas áreas da superfície terrestre, controladas ou dominadas pelas massas de ar (deriva do 
estudo das massas de ar). Esta classificação pertence a uma escola da climatologia chamada dinâmica, ou seja, 
estuda a mecânica geral da atmosfera através das massas de ar (Figura 4 e Tabela 11). 
 
Figura 4. Classificação climática segundo o controle de massa de ar. 
 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 22 
Tabela 11. Classificação de Strahler 
Clima Características 
Clima Equatorial Úmido 
(convergência de alísios) 
Abrange a Amazônia, e se caracteriza por um clima equatorial continental, 
quase todo o ano. Em algumas porções litorâneas da Amazônia, há alguma 
influência da massa equatorial atlântica, que algumas vezes (no inverno) 
conduz a frente fria, atingindo o sul e o sudeste da região. Embora as massas 
de ar sejam em geral secas, a mEc é úmida por sua localização estar sobre uma 
área com rios caudalosos e com cobertura da Floresta Amazônica, que possui 
grande umidade pela transpiração dos vegetais. Portanto, é um clima úmido e 
quente. 
As médias anuais térmicas mensais vão de 24ºC a 27ºC, ocorrendo baixa 
amplitude térmica anual, com pequeno resfriamento no inverno. As médias 
pluviométricas são altas e a estação seca é curta. Por ser uma região de 
calmaria, devido ao encontro dos alísios do Hemisfério Norte com os do Sul, a 
maior parte das precipitações que aí ocorrem são chuvas de convecção. 
Clima litorâneo úmido 
Abrange parte do território brasileiro próximo ao litoral. A massa de ar que 
exerce maior influência nesse clima é a tropical atlântica (mTa). Pode ser 
notado em duas principais estações: verão (chuvoso) e inverno (menos 
chuvoso), com médias térmicas e índices pluviométricos elevados; é um clima 
quente e úmido. 
Clima tropical 
alternadamente úmido 
e seco 
Abrange os estados de Minas Gerais e Goiás, parte de São Paulo, Mato Grosso 
do Sul, parte da Bahia, do Maranhão, do Piauí e do Ceará. É um clima tropical 
típico, quente e semi-úmido, com uma estação chuvosa (verão) e outra seca 
(inverno). 
Clima tropical tendendo 
a seco pela irregularidade 
de ação das massas de ar 
ou clima semi-árido 
Abrange o Sertão do Nordeste, sendo um clima tropical próximo ao árido com 
médias anuais de pluviosidade inferior a 1000mm. As chuvas concentram-se 
num período de 3 meses. No Sertão Nordestino, é uma espécie de encontro de 
quatro sistemas atmosféricos oriundos das massas de ar mEc, mTa, mEa, mPa. 
Clima subtropical úmido 
Abrange o Brasil Meridional, porção localizada ao sul do Trópico de 
Capricórnio, com predominância da massa tropical atlântica, que provoca 
chuvas fortes. No inverno, tem freqüência de penetração de frente polar, dando 
origem às chuvas frontais com precipitações devidas ao encontro da massa 
quente com a fria, onde ocorre a condensação do vapor de água atmosférico. O 
índice médio anual de pluviosidade é elevado e as chuvas são bem distribuídas 
durante todo o ano, fazendo com que não exista a estação da seca. 
 
 
 
2.2. Classificação de Köppen - Wladimir Köppen (1846-1940): 
 
Pertence à escola tradicional ou separatista. Estuda separadamente os elementos do clima 
(temperatura, umidade, pressão e ventos) para depois recompô-los no seu todo. Esta classificação foi adaptada 
ao Brasil por Lysia Maria Cavalcante Bernardes (geógrafa de Conselho Nacional de Geografia), e por outros 
geógrafos. Além de aceitar inicialmente a vegetação natural mundial como a melhor expressão do clima, 
baseia-se fundamentalmente na temperatura, na precipitação e na distribuição dos valores de temperatura e 
precipitação durante as estações do ano. O mérito da classificação de Köppen é incontestável, uma vez que 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 23 
tem sido usada há mais de 80 anos. Uma vantagem adicional é o seu caráter didático, permitindo adaptá-la 
para diferentes níveis, sendo, ao mesmo tempo, simples e detalhada (Figura 5 e Tabelas 12 e 13). 
 
 
Os tipos de clima são representados por letras, sendo que: 
• a primeira letra é maiúscula e representa a característica geral do clima de uma zona. 
• a segunda letra é minúscula e representa as particularidades do regime de chuvas de uma dada zona. 
• a terceira letra é minúscula e procura representar a temperatura de uma zona. 
 
1a letra 
A = clima quente e úmido 
B = clima árido ou semi-árido 
C = clima subtropical ou temperado 
 
2a letra 
f = sempre úmido 
m = monçônico (com uma pequena estação seca) 
s = chuvas de inverno 
w = chuvas de verão 
w’ = chuvas de verão e outono 
3a letra 
h = quente 
a = verões quentes 
b = verões brandos 
 
 
Fazendo a combinação dessas letras, obteremos um tipo de 
clima. 
Fazendo a combinação dessas letras, obteremos um tipo de clima. 
 
 
 
 
 
Figura 5. Tipos de clima no Brasil, segundo Köppen. 
 
 
Disciplina de Bioclimatologia – Ano Letivo de 2010 - Zootecnia. 24 
Tabela12. Resumo da classificação climática de Köppen adaptada ao Brasil. 
Climas Símbolos Características Básicas Área de ocorrência 
 
Equatoriais 
Af não possui estação seca Amazônia Oriental e litoral da Bahia e 
trechos do litoral do Sudeste 
 Am com pequena estação seca no 
inverno 
Grande parte da Amazônia 
 Aw Chuvas de verão e seca no 
inverno 
Brasil central, parte de Minas Gerais e Bahia. 
Território de Roraima 
Tropicais Aw’ Chuvas de verão e outono Litoral Setentrional até o Ceará 
 As Chuvas de outono e inverno Litoral Oriental do Nordeste (Rio Grande do 
Norte até a Bahia) 
Semi-árido 
quente 
Bsh Chuvas escassas e irregulares Sertão Nordestino 
 Cwa Chuvas de verão e verões 
quentes 
Domina grande parte do Sudeste e pequena 
porção do sul de Mato 
Tropicais 
de Altitude 
Cwb Chuvas de verão e verões 
brandos 
Grosso 
 Csa Chuvas de outono-inverno Planalto da Borborema do Nordeste 
 
 
Subtropicais 
Cfa Chuvas bem distribuídas 
durante o ano e verões 
quentes 
Sudeste de São Paulo e parte da Região Sul 
 Cfb Chuvas bem distribuídas 
durante o ano e verões 
brandos 
Rio Grande do Sul, litoral e interior da 
Região Sul 
 
Tabela 13. Classificação de Köppen 
Denominação Área de Ocorrência Características 
Am (equatorial) Maior parte da Amazônia 
Temperaturas elevadas: médias entre 25ºC e 
27ºC. 
Pluviosidade elevada: médias de 1.500 a 2.500 
mm/ano. 
Aw (tropical) Brasil Central; parte de Minas Gerais e da Bahia 
Temperatura média entre 19ºC e 28ºC, 
pluviosidade média inferior a 2000 mm/ano. 
Duas estações bem definidas: o verão (chuvoso) 
e o inverno (seco). 
Bsh (semi-árido) Sertão do Nordeste 
Médias anuais térmicas superiores a 25ºC. 
Pluviosidade média anual inferior a 1000 
mm/ano com chuvas irregulares. 
Cwa (tropical de altitude) Partes do Sudeste e sul do Mato Grosso do Sul. 
Médias térmicas entre 19ºC e 27ºC. 
Pluviosidade média de 1500 mm/ano; chuvas de 
verão. 
Cf (subtropical) Sul do País 
Médias térmicas entre 17ºC e 19ºC. 
Pluviosidade média de 1500

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