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A conta contábil é utilizada para o registro das transações de aumento e diminuição de cada elemento patrimonial que ela representa. É como se, num caderno específico para isso, se abrisse uma folha para controlar cada elemento patrimonial, e nela fossem transcritas todas as alterações do elemento patrimonial.
Normalmente os contadores atribuem os nomes mais comuns utilizados nos negócios para as contas contábeis, procurando generalizar para que todas as empresas utilizem o máximo possível os mesmos nomes e seja entendido por todos. Vejamos como seria representado por contas contábeis o patrimônio da Empresa X.
Definição de conta contábil 
Podemos definir conta contábil como a representação contábil de elementos patrimoniais iguais ou semelhantes.
Assim, para representar todos os carros e caminhões de propriedade de uma empresa, cria-se a conta contábil VEÍCULOS. Nessa conta contábil serão registradas todas as compras e alienações de veículos de propriedade da empresa.
Para representar todos os gastos com consumo de energia elétrica de uma empresa, cria-se a conta DESPESAS DE ENERGIA ELÉTRICA, em que serão registrados todos os valores gastos com as contas de energia elétrica da empresa, e assim sucessivamente.
Assim, uma conta contábil pode representar apenas um elemento patrimonial, por exemplo, a conta contábil capital social. Mas também a conta contábil pode agrupar elementos patrimoniais semelhantes, por exemplo, a conta de estoque de mercadorias, que pode absorver registros de aquisições e baixas de todas as mercadorias transacionadas pela empresa.
A definição de que a conta contábil absorva apenas um ou vários elementos patrimoniais semelhantes é da empresa e do profissional contábil, e deve ter como referência a sua utilidade gerencial para o processo decisório. Nunca é recomendável juntar numa conta contábil elementos patrimoniais distintos e que tenham relevância para o entendimento das operações da empresa. Por outro lado, criar um conjunto extremamente detalhado e excessivamente numeroso de contas contábeis também pode fazer perder a noção de conjunto.
Conta contábil: função e classificações
A conta contábil é criada para absorver os registros contábeis de forma a permitir uma visão individualizada e acumulada dos efeitos das transações dos eventos econômicos, ensejando automaticamente uma visão gerencial sobre o elemento ou elementos patrimoniais que a conta representa.
As duas classificações mais importantes para o entendimento do objetivo das contas contábeis são em relação a sua natureza patrimonial e ao processo lançamento contábil e matemático de acumulação.
Contas patrimoniais, de resultado e de apuração
Em relação a sua natureza patrimonial, as contas contábeis são classificadas em:
a)Contas patrimoniais ou permanentes, que representam os elementos dos ativos e passivos e que sempre terão um saldo enquanto existirem os ativos e passivos que representam;
b)Contas de resultados ou temporárias, que representam os elementos de despesas e receitas de determinado período utilizado, e que são zeradas no final deste período para possibilitar um novo processo acumulativo para o período seguinte;
c)Contas de apuração, também temporárias, para permitir a obtenção do valor resultante de elementos de despesas e receitas com objetivo de apurar o resultado, lucro ou prejuízo, do período, ou de outro conjunto de despesas e receitas. Basicamente, a conta de apuração mais importante é a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados, para onde são canalizadas todas as receitas e despesas do período, para apuração do valor resultante, que será lucro ou prejuízo. Outro exemplo de conta de apuração é a conta de despesas financeiras líquidas, já que é comum ter uma conta para apurar o valor resultante da soma das despesas financeiras menos as receitas financeiras.
Contas analíticas e sintéticas
Em relação ao processo de registro e acumulação, as contas contábeis são classificadas em:
a)Contas analíticas, que representam o maior detalhamento dos elementos patrimoniais que representam e que recebem os registros ou lançamentos contábeis de forma individualizada, e o valor do seu saldo é obtido pela resultante dos débitos e créditos dos lançamentos nelas efetuadas;
b)Contas sintéticas, que representam sumarizações de um conjunto de contas analíticas homogêneas entre si, até a totalização em ativos, passivos, despesas e receitas, e o valor do seu saldo é obtido pelo somatório do saldo de contas analíticas.
Em resumo, os lançamentos contábeis são efetuados nas contas analíticas, nunca nas contas sintéticas. O saldo das contas sintéticas é obtido pela soma de um conjunto de contas analíticas.
fique ligado!
O valor final da conta contábil é seu saldo. O saldo em valor de uma conta contábil é o valor acumulado resultante dos valores que aumentam e diminuem o saldo da conta.
TEORIAS SOBRE AS CONTAS
A escola europeia, notadamente a escola italiana, caracterizada hoje como essencialmente teórica, é que dava ênfase para a teoria das contas como um dos principais fundamentos da contabilidade. Em linhas gerais, a partir de 1920, a escola norte-americana tem prevalecido em âmbito mundial; ela é mais objetiva, alicerçada em práticas contábeis (regras) que deram origem aos princípios de contabilidade geralmente aceitos8.
As principais teorias sobre contas da escola italiana são9:
a)Personalista: supõe que as contas representam responsabilidade de pessoas dentro da entidade, que devem prestar contas das contas responsáveis para a administração da entidade. Essa teoria busca explicar os conceitos de saldo devedor e credor das contas. O responsável pela conta de clientes deve para entidade; o responsável pela conta de empréstimos é credor junto à entidade.
b)Neocontismo: as contas devem refletir valores que reflitam a riqueza da empresa. É a base da contabilidade moderna e do conceito de controle econômico empresa.
c)Controlismo: decorre da escola neocontista, evoluindo definitivamente para o conceito de contabilidade gerencial e inserindo o conceito de planejamento orçamentário. Define a contabilidade como a ciência do controle econômico; avança ao deixar claro que o controle deve ser feito nos três momentos temporais: controle antecedente (antes); controle concomitante (durante); controle subsequente (depois).
d)Teoria Patrimonialista: é a teoria usualmente adotada no Brasil. Segundo ela, criada por Vincenzo Masi, o objeto de estudo da ciência contábil é o patrimônio de uma entidade. A contabilidade tem como finalidade controlar esse patrimônio e apurar o resultado das empresas.
Estas contas se classificam da seguinte forma:
a)Contas Patrimoniais: são as contas representativas dos bens e dos direitos (Ativo), das obrigações (Passivo) e do Patrimônio Líquido (PL) da entidade.
b)Contas de Resultado: são as contas que representam as receitas e as despesas da entidade.
2.5 ESTRUTURA E SISTEMA DAS CONTAS: PLANO DE CONTAS
A necessidade de um sistema ordenado de contas contábeis que representem adequadamente o patrimônio da entidade e suas variações é que deu origem ao plano de contas.
O plano de contas é o conjunto de contas contábeis, necessário para atender o registro, acumulação e classificação dos lançamentos contábeis e todas as necessidades futuras de informações por meio das demonstrações e relatórios contábeis, fiscais, societários e gerenciais, de forma a permitir o controle econômico da entidade.
Definição de plano de contas
Podemos definir plano de contas como o conjunto de contas contábeis, estruturado de forma ordenada e classificada, criado e necessário para permitir a captura e registro dos lançamentos contábeis das transações dos eventos econômicos e obter os saldos e movimentos das contas contábeis, de modo a ensejar a elaboração das demonstrações contábeis societárias, fiscais e gerenciais, traduzindo-se na espinha dorsal do sistema de informação contábil.
Por meio do plano de contas é que se faz o controle econômico da entidade, uma vez que o valor do movimento dos períodose do saldo das contas contábeis, apresentados dentro de relatórios previamente estruturados, dá as mensagens para os gestores atuarem em todo o processo decisório da organização.
Assim, a base para a elaboração e estruturação das demonstrações contábeis são os saldos e movimentos dos valores das contas contábeis, que sumarizam os lançamentos contábeis. A contabilidade desenvolveu os relatórios contábeis denominados básicos – balanço patrimonial, demonstração do resultado do período, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração dos lucros acumulados –, mas um bom plano de contas contábeis, em conjunto com informações de outros sistemas de informação contábil – sistema de custos, de orçamento etc. – permite a elaboração e estruturação de um sem-número de outras demonstrações contábeis e financeiras, fazendo que a contabilidade cumpra seu papel maior de controle econômico e auxílio ao processo de tomada de decisão.
2.5.2Referências para estruturar um plano de contas
A elaboração do plano de contas deve ter como referência básica três aspectos gerenciais:
1.Capturar a visão da organização, sua estrutura física, organizacional e hierárquica;
2.Capturar a visão dos negócios da organização, suas áreas de negócios, produtos e serviços;
3.Identificar as necessidades de informações de todos os usuários nos seus três níveis hierárquicos, nesta ordem: presidência e diretoria, gerência média e chefia.
Depois de identificadas todas as necessidades gerenciais obtidas nesses três aspectos apresentados, o contador deverá incorporar as necessidades legais (societárias e fiscais), e por último suas necessidades operacionais.
Um plano de contas deve ser estruturado primariamente a partir das necessidades gerenciais, só depois incorporando as necessidades legais e operacionais. Um plano de contas estruturado dentro de uma abordagem gerencial seguramente atenderá todas as necessidades societárias e fiscais.
Já o inverso não é verdadeiro: um plano de contas estruturado dentro de uma abordagem unicamente legal dificilmente terá condições de atender as necessidades gerenciais, impedindo com isso o objetivo da contabilidade de auxílio ao processo decisório.
Dessa maneira, as condições a serem observadas para estruturação de um adequado plano de contas são:
a)Deve atender primeiramente as necessidades gerenciais específicas de cada entidade e atender às necessidades de informações de todos os usuários da organização;
b)Em segundo lugar, deve atender as necessidades legais, societárias e fiscais;
c)A classificação deve partir do geral para o particular;
d)O plano de contas deve ser codificado para facilitar o processo de trabalho e integração computacional com os demais sistemas de informações da organização;
e)Os agrupamentos de contas devem ser elaborados a partir das necessidades de geração das demonstrações contábeis, financeiras e relatórios futuros;
f)Os títulos das contas contábeis devem refletir imediatamente e com precisão semântica os eventos econômicos que formaram os saldos das contas;
g)Deve ter flexibilidade para incorporação das necessidades de informação futuras.
Codificação do plano de contas
A codificação do plano de contas depende de cada profissional contábil. Normalmente a codificação é numérica, feita de forma descendente em desdobramento ou detalhamento, partindo do código inicial da conta sintética, que sumariza um grupo de contas, até o código mais expandido da conta analítica, em que os saldos são obtidos por meio dos lançamentos contábeis.
Os atuais sistemas de informação contábil integrados com Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, também conhecidos pela sigla em inglês ERP – Enterprise Resource Planning10, ensejam uma enorme flexibilidade de plano de contas. Alguns sistemas contábeis permitem que as contas contábeis fiquem num grande banco de dados, não estruturadas em código, e, a partir daí, extraem-se diversos planos de contas contábeis, sejam eles gerenciais ou legais. Outros sistemas, além da codificação numérica, permitem também a codificação com as letras do alfabeto, bem como uma mistura de codificação alfanumérica.
As duas estruturas de codificação mais utilizadas lançam mão de números, e o desdobramento até a conta analítica é denominada graduação do plano de contas.
Uma estrutura básica muito utilizada dá os seguintes números iniciais aos grandes agrupamentos de conta:
Número 1 para o Ativo
Número 2 para o Passivo
Número 3 para as Despesas
Número 4 para as Receitas
É comum outra estrutura alterando os códigos iniciais das despesas e receitas, ficando assim:
Número 1 para o Ativo
Número 2 para o Passivo
Número 3 para as Receitas
Número 4 para as Despesas
Com relação ao conceito de graduação do plano de contas, dá-se o nome de grau a cada nível de desdobramento do grupo maior de contas, inserindo as palavras segundo grau, terceiro, quarto ou quinto grau para os desdobramentos sequenciais. Um plano de contas pode ter quantos desdobramentos ou graus forem necessários. Podemos exemplificar a estruturação codificada de um plano de contas tomando como referência o ativo do balanço patrimonial. A tabela 2.1mostra um exemplo de estruturação em graus e codificação numérica de um plano de contas, que pode ser adaptado para todos grupos de contas.
O MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS: DÉBITOS E CRÉDITOS
O procedimento mais importante para o registro contábil, além da mensuração em valor, é o método de registro, denominado método das partidas dobradas. A contabilidade moderna é assim caracterizada a partir do momento em que introduzir esse método, em substituição ao método das partidas simples11.
O método das partidas dobradas é consequência imediata da descoberta da figura do patrimônio líquido. O método das partidas dobradas é o avanço científico do método da partida simples. Até a descoberta da figura do patrimônio líquido, os registros contábeis eram simplesmente uma listagem – um inventário – dos bens e direitos das pessoas e das instituições. Em outras palavras, listava-se o valor do que se entendia como riqueza. Não havia a consciência clara das obrigações como reclamos ou redução da riqueza, e, portanto, não havia o conceito claro de patrimônio líquido.
No método das partidas simples, não há a preocupação em identificar a causa da variação patrimonial. Limita-se ao inventário dos bens e direitos, por meio de contagens, registrando os efeitos sem indagar as causas.
2.6.1Método das partidas dobradas como relação de causa e efeito
O método das partidas dobradas obriga o registro de uma transação em pelo menos duas contas, de tal forma que seja mantido o equilíbrio patrimonial (em valor) da equação contábil Ativo = Passivo.
Dessa maneira, por exemplo, ao registrar uma compra de mercadorias à vista de $ 500, a contabilidade tem de registrar o valor de $ 500 numa conta e o mesmo valor de $ 500 em outra conta, de tal forma que a igualdade Ativo = Passivo seja mantida.
Assim, diz-se que cada partida (um registro) deve ter a sua contrapartida (outro registro). Um registro (uma partida) pode ser a débito ou a crédito de cada conta. Dessa maneira, a máxima que representa o método das partidas dobradas é “a cada débito corresponde crédito(s) de igual valor” e vice-versa.
O método das partidas dobradas exige que cada variação patrimonial, seja de ativos ou passivos, tenha uma explicação, uma causa. Assim, o evento econômico deve ser registrado em dois elementos patrimoniais, sejam estes ativos, passivos, despesas ou receitas.
2.6.2O porquê das nomenclaturas débito e crédito, devedor e credor
As palavras débito e crédito vêm dos costumes seculares dos negócios, em que débito procura representar despesas, acréscimos de investimento e valores a dever, e crédito procura representar receitas, aumentos de obrigações e valores a receber.
Séculos anteriores, houve por meio denominar o saldo das contas do ativo de saldo devedor. Como o passivo é, aritmeticamente, contrário ao ativo, em função da equação de equilíbrio patrimonial, convencionou-se denominar o saldo dascontas do passivo de saldo credor.
TODAS AS CONTAS DE ATIVO TÊM SALDO DENOMINADO DEVEDOR.
TODAS AS CONTAS DE PASSIVO TÊM SALDO DENOMINADO CREDOR.
Provavelmente a nomenclatura de saldo devedor para o ativo deu-se em oposição à nomenclatura de saldo credor do passivo. Como o passivo registra as obrigações ou dívidas da empresa, os detentores das dívidas em relação a empresa têm um crédito junto a ela, ou seja, são credores em relação à empresa. Dentro da abordagem personalista das contas contábeis, os sócios ou acionistas, representados pelas contas do patrimônio líquido, também seriam credores junto à empresa, uma vez que esta é uma entidade distinta dos seus proprietários.
Por que as despesas são débitos e as receitas créditos?
Já vimos que a riqueza da empresa (seu patrimônio líquido) é essencialmente aumentada por ganhos se diminuído por perdas.
tome nota!
Os ganhos são denominados genericamente receitas e as perdas denominadas genericamente despesas.
É de fundamental importância para os gestores ter conhecimento e noção precisa dos eventos que provocam despesas e receitas para buscar o maior lucro empresarial. Portanto, o controle das despesas e receitas é parte integrante do conceito de controle contábil.
Partindo da convenção de que o patrimônio líquido, por estar no passivo, é uma conta de saldo credor, a lógica do método contábil é que:
A RECEITA AUMENTA O PATRIMÔNIO LÍQUIDO; PORTANTO, TEM SALDO CREDOR.
A DESPESA DIMINUI O PATRIMÔNIO LÍQUIDO; PORTANTO, TEM SALDO DEVEDOR.
Reforçando: como os elementos de despesas e receitas provocam alterações nos patrimoniais e devem, temporariamente, ser registrados em contas independentes, o saldo da conta de despesa é um saldo devedor, uma vez que a despesa diminui o valor patrimônio líquido, que é um saldo credor. Por conseguinte, o saldo da conta de receita é um saldo credor, pois aumenta o valor do patrimônio líquido.
2.6.4Como surge a conta do resultado do período
No Capítulo 1 trabalhamos exclusivamente com o balanço patrimonial, registrando os bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido.
Verificamos também que as receitas aumentam o patrimônio líquido e as despesas diminuem o patrimônio líquido.
Vamos supor alguns fatos contábeis modificativos, aqueles que aumentam ou diminuem o patrimônio líquido, para deixar mais claro o que são despesas e receitas, e como a contabilidade estruturou seu sistema de informação para dar mais visibilidade à geração do lucro empresarial.
Partiremos de um balanço patrimonial inicial como mostrado na tabela 2.2:
Nesse balanço patrimonial o valor do patrimônio líquido foi formado pelo capital social, ou seja, o valor é decorrente de dinheiro que o proprietário ou proprietários colocaram no negócio. Vamos imaginar também que é uma empresa de prestação de serviços.
O primeiro fato a ser registrado é uma receita financeira de $ 100,00, aumentando o saldo da aplicação, sem, contudo, haver o resgate. Como a receita aumenta o patrimônio líquido, este receberá o impacto do mesmo valor, conforme mostra a tabela 2.3.
Para não misturar o resultado das operações que alteram algum elemento patrimonial e o patrimônio líquido na conta de capital social, é conveniente, para melhor identificação, criar uma nova conta no patrimônio líquido para absorver o impacto das receitas e despesas. No nosso exemplo, denominamos a conta Resultado do período.
O segundo fato é o aumento do valor dos empréstimos bancários pela passagem do tempo, no final de um mês, com despesas financeiras de juros, ainda não pagos, de $ 600,00. Novamente, o patrimônio líquido recebe o impacto deste fato modificativo, conforme mostra a tabela 2.4.
É importante notar que agora o resultado do período é negativo, uma vez que o valor das despesas de juros dos empréstimos bancários é superior à receita de juros das aplicações financeiras, gerando, momentaneamente, um prejuízo.tome nota!
LUCRO CONTÁBIL: QUANDO AS RECEITAS DO PERÍODO SÃO MAIORES QUE AS DESPESAS DO MESMO PERÍODO.
PREJUÍZO CONTÁBIL: QUANDO AS DESPESAS DO PERÍODO SÃO MAIORES QUE AS RECEITAS DO MESMO PERÍODO.
fique ligado!
REGIME DE COMPETÊNCIA x REGIME DE CAIXA. A contabilização desses dois fatos no balanço patrimonial, a receita financeira e a despesa de juros, deixa claro o regime de competência. A receita está creditada e registrada, mesmo que não tenha sido resgatada; a despesa está aumentando o saldo dos empréstimos, mesmo que não tenha ainda sido paga.
Vamos para um terceiro fato. Vamos supor que a empresa pagou $ 3.000,00 entre salários e encargos para um funcionário, com dinheiro do saldo bancário. A tabela 2.5 mostra o impacto no resultado do período pela contabilização dessa despesa.
O resultado do período ficou ainda mais negativo, pois os gastos com pessoal são despesas, já que não podem ser classificados como bem ou direito (pois não o são).
O quarto fato é o recebimento de $ 5.700,00, com crédito bancário, pela receita de prestação de serviço a um cliente. A tabela 2.6 mostra as variações no balanço patrimonial.
O resultado do período agora voltou a ser positivo, apresentando um lucro contábil decorrente dos quatro fatos contábeis contabilizados.
Fica a dica!
Criando a conta contábil de Resultado do período no patrimônio líquido, a empresa tem condições de saber a todo instante se está tendo lucro ou prejuízo.
2.6.5Como surgem as contas de despesas e receitas
Fica claro que o balanço patrimonial é a demonstração contábil-chave para a gestão empresarial. A todo instante sabemos o valor e as modificações dos elementos patrimoniais, bem como se a empresa está gerando ou não lucro.
Assim, em relação à informação fundamental necessária para a empresa, se ela está ganhando ou perdendo dinheiro com a operação, temos a seguinte afirmativa, extraída do balanço patrimonial:
A conta resultado do período mostra o quanto ganhou ou perdeu no período.
Porém, os empresários precisam de informações adicionais, que devem responder a seguinte questão:
Como foi que aconteceu o lucro ou prejuízo?
Em outras palavras:
Tão importante quanto ganhou é importante saber como ganhou!
Para responder essa questão fundamental, a contabilidade criou o conceito de contas de despesas e receitas.
O sistema contábil para responder essa pergunta fundamental é muito simples: em vez de aglutinar numa única conta “Resultado do período” a resultante de todas as despesas e receitas, a contabilidade criou contas analíticas para as despesas e receitas, para controle e evidenciação, durante o período em que a empresa quer ou precisa apurar o resultado de lucro ou prejuízo.
A lógica utilizada no sistema contábil foi destacar, separadamente, abaixo das contas do ativo e passivo, as contas de despesas e receitas, que ficarão com seu saldo em evolução e aberto, até o final do período desejado. A tabela 2.7 mostra como ficam essas contas, considerando primeiramente o primeiro fato deste exemplo.
A sistemática elaborada pela contabilidade foi de separar as contas de despesas e receitas em grupos, no conjunto denominado contas de resultado. Assim, enquanto o período contábil desejado estiver em curso, em vez de contabilizar diretamente no patrimônio líquido as despesas e receitas na conta de Resultado do período, esses eventos são contabilizados em grupos distintos.
A qualquer momento pode-se saber o resultado do período: basta confrontar o total das receitas com o total das despesas.
tome nota!
A técnica utilizada pela contabilidade para demonstrar as despesas e receitas que ocorrem no período, enquanto este estiver em curso, é manter a conta “Resultado do período” do patrimônio líquido com saldo zero, e as movimentações e despesas e receitas demonstradas em agrupamentos distintos.
fique ligado!
O período contábil a ser adotado pode ser gerencial ou legal. É imprescindível, gerencialmente, saber as despesas e receitas de cada mês; para as companhias abertas, obrigadas de apresentar as demonstrações contábeis trimestralmente na Bovespa, os períodos são trimestrais e anuais; paraas demais empresas, a obrigação é o período anual, denominado exercício social.
A tabela 2.8 mostra o segundo fato dentro da nova sistemática de evidenciação das contas contábeis, separando as despesas e receitas.
A conta Resultado do período, do patrimônio líquido, continua com saldo zero, e as despesas e receitas estão apresentadas em contas distintas. Confrontando as despesas de $ 600,00 com as receitas de $ 100,00, obtém-se o resultado do período até agora, de $ 500,00 de prejuízo, conforme está mostrado na tabela 2.4apresentada anteriormente.
Em continuidade com nosso exemplo, a tabela 2.9 mostra a demonstração contábil com o terceiro fato de pagamento de gastos com funcionários.
Novamente, confrontando o total das despesas de $ 3.600,00 menos o total das receitas de $ 100,00, temos o resultado do período até agora de $ 3.500,00 de prejuízo, igual ao evidenciado na tabela 2.5 feita pela sistemática anterior.
A tabela 2.10 mostra o último fato do nosso exemplo dentro da nova sistemática, que é a receita de prestação de serviços de $ 5.700,00 creditada no saldo bancário.
Regras gerais da escrituração pelo método das partidas dobradas
Com a introdução da estrutura de contas de despesas e receitas, em conjunto com as contas de ativo e passivo, temos as condições para estudar a metodologia contábil de registro dos fatos nas contas contábeis.
Retomemos a equação de equilíbrio patrimonial, base para todo o processo de registro por meio das partidas dobradas, que é:
ATIVO = PASSIVO
✓O ativo representa os investimentos (bens e direitos) e o passivo representa as fontes de financiamento (obrigações e patrimônio líquido).
✓O patrimônio líquido representa a RIQUEZA dos proprietários. A riqueza dos proprietários é aumentada por ganhos (receitas) e diminuída por perdas (despesas).
✓Convencionou-se, ao longo dos séculos, que o nome do saldo das contas do ativo é DEVEDOR, e o nome dos saldos das contas do passivo é CREDOR.
Exceto nas alterações do Capital Social, o Patrimônio Líquido é aumentado pelas Receitas e diminuído pelas Despesas, elementos esses que permitem a apuração do resultado (lucro ou prejuízo, superávit ou déficit) da entidade.
Como as Despesas são negativas ao Patrimônio Líquido, elas têm sinal inverso ao próprio grupo. Assim, a equação de equilíbrio patrimonial foi transformada, para fins de lançamentos contábeis, numa equação de trabalho, transferindo os elementos de Despesas para o conjunto do Ativo e mantendo os elementos de Receitas junto ao grupo do Passivo, ficando essa equação assim representada:
No encerramento das contas de um período contábil, as contas de despesas e receitas serão utilizadas para apurar o resultado do período, e as contas de ativo e passivo serão utilizadas para elaborar o balanço patrimonial no final do período.
O registro dos eventos econômicos em contas contábeis dá-se, então, por débitos e créditos. Os registros a débitos aumentam um saldo devedor e diminuem um saldo credor. Os registros a crédito aumentam um saldo credor e diminuem um saldo devedor. O registro nas contas contábeis é denominado lançamento contábil.
tome nota!
Resumidamente, temos:
•SALDO DEVEDOR É INVERSO MATEMATICAMENTE A SALDO CREDOR;
•UM LANÇAMENTO A DÉBITO AUMENTA UM SALDO DEVEDOR;
•UM LANÇAMENTO A DÉBITO DIMINUI UM SALDO UM SALDO CREDOR;
•UM LANÇAMENTO A CRÉDITO AUMENTA UM SALDO CREDOR;
•UM LANÇAMENTO A CRÉDITO DIMINUI UM SALDO DEVEDOR; e
•UM DÉBITO É INVERSO A UM CRÉDITO.
O mais importante é saber se o valor do evento aumenta ou diminui o saldo da conta contábil, uma vez que devedor, credor, crédito e débito são convenções semânticas.
No mínimo duas contas são alteradas pelo fato contábil. Dessa maneira, desenvolveu-se o hábito de chamar de partida o registro contábil na primeira conta alterada e de contrapartida o registro contábil na segunda conta alterada pelo fato. Assim um débito numa conta pode ser chamado de partida e o crédito na outra conta, de contrapartida. O inverso também é válido: o crédito numa conta pode ser chamado de partida e o débito na outra conta de contrapartida.
tome nota!
SALDO DAS CONTAS
ATIVO = SALDO DEVEDOR
PASSIVO = SALDO CREDOR
DESPESA = SALDO DEVEDOR
RECEITA = SALDO CREDOR
Obs.: O mais importante é saber se o valor do saldo da conta aumenta ou diminui em decorrência no novo fato contábil.
2.7FORMA DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: O LANÇAMENTO CONTÁBIL
O registro contábil por meio da metodologia do método das partidas dobradas nos livros contábeis é denominado escrituração contábil. Cada registro contábil escriturado é chamado também lançamento contábil.
A prática contábil desenvolveu a escrituração contábil em dois livros básicos: o livro diário e o livro razão. No livro diário, os lançamentos são escriturados em ordem cronológica diária rígida, à medida que as transações vão acontecendo. No livro razão, os lançamentos contábeis são por conta contábil, e, dentro de cada conta contábil, também em ordem de data.
2.7.1Introdução ao lançamento contábil
O lançamento contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas. Deve conter uma estrutura mínima, que contemple:
a)data;
b)conta(s) debitada(s);
c)conta(s) creditada(s);
d)histórico; e
e)valor.
O objetivo da data no lançamento contábil é claro, pois em qualquer pesquisa posterior é elemento-chave de identificação. Além disso, a data é necessária para manter a sequência dos eventos econômicos registrados, de tal forma que mostre a evolução da ocorrência das transações.
O histórico é peça-chave para entender o que se está registrando e por quê.
O valor, como já vimos, é a base do controle dos elementos patrimoniais e por meio dele é que se obtém o saldo das contas contábeis.
ançamento contábil por débito e crédito
A metodologia de lançamento contábil por balanços sucessivos, apesar de ser clara e facilmente inteligível, não é prática, uma vez que as empresas fazem milhares de lançamentos por dia ou mês. Também esse tipo de metodologia não permite contemplar um elemento fundamental de um lançamento, que é o histórico da transação.
Além disso, muitos tipos de lançamentos são repetitivos, modificando apenas algumas características e mantendo sua essência, como os lançamentos de compras e vendas. Assim, essas todas essas movimentações devem ser escrituradas nas contas contábeis por meio da metodologia do débito e crédito.
tome nota!
Para identificar se é débito ou crédito em cada conta, o procedimento deve ser o seguinte:
a)identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação;
b)identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta contábil que representa os elementos patrimoniais alterados;
c)identificar a natureza intrínseca do saldo da conta, se é de saldo devedor ou saldo credor;
d)se a conta é de saldo devedor, esta será debitada se a transação aumentar o seu saldo, e será creditada se a transação diminuir seu saldo;
e)se a conta é de saldo credor, esta será creditada se a transação aumentar o seu saldo, e será debitada se a transação diminuir seu saldo.
Vamos exemplificar com lançamento n. 2.
	Abertura de conta bancária com depósito, em dinheiro
	48.000
I – Identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação
São dois:
✓Caixa
✓Saldo bancário
II – Identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta
Caixa > tem seu saldo diminuído;
Saldo Bancário > tem seu saldo aumentado.
III – Identificar que tipo de saldo é de cada conta
Caixa > é um bem > é um ativo > todo ativo tem saldo devedor;
Saldo Bancário > é um direito > é um ativo > todo ativo tem saldo devedor.
IV – Débito e crédito
Caixa > saldo devedor > a transação diminui o saldo > lançamento a crédito;
Saldo Bancário > saldo devedor > a transação aumenta o saldo > lançamento a débito.
Vamos fazer mais um exemplo com o lançamento n. 10
Lançamento n. 10
	Pagamento de parte da NF do fornecedor, em cheque
	2.740
I – Identificar os elementos patrimoniais alterados pela transação
São dois:
✓Saldo bancário
✓FornecedoresII – Identificar se a transação aumenta ou diminui o saldo de cada conta
Saldo bancário > tem seu saldo diminuído;
Fornecedores > tem seu saldo diminuído.
III – Identificar que tipo de saldo é de cada conta
Saldo Bancário > é um direito > é um ativo > todo ativo tem saldo devedor;
Fornecedores > é uma obrigação > é um passivo > todo passivo tem saldo credor.
IV – Débito e crédito
Saldo Bancário > saldo devedor > a transação diminui o saldo > lançamento a crédito;
Fornecedores > saldo credor > a transação diminui o saldo > lançamento a débito.
A diferença entre ativos (investimentos) e despesas
A diferença fundamental entre ativos (investimentos) e despesas é definida pelo benefício futuro possível do gasto feito.
Benefício futuro é a possibilidade de que o item objeto do gasto possa vir dar renda no futuro ou possa ser vendido e se transformar novamente em dinheiro.
fique ligado!
ATIVOS REPRESENTAM INVESTIMENTOS; DESPESAS REPRESENTAM CONSUMO.
Outra forma de ver a diferença entre ativo e despesa é:
a)A despesa representa um consumo imediato;
b)O ativo representa um possível consumo futuro.
exemplo 1
Uma empresa gasta $ 10.000,00 para fazer propaganda comercial de seus produtos e serviços. É uma despesa ou investimento?
É uma despesa, porque não há possibilidade de o gasto com propaganda “ser revendido”. Não há dúvida de que poderá trazer benefícios indiretos para a empresa, porém isso não é garantido.
exemplo 2
Uma empresa gasta $ 100.000,00 para comprar uma marca famosa de refrigerante de outra empresa. A marca agora não poderá ser mais usada pela empresa que a vendeu, e será somente usada pela empresa adquirente. É um ativo ou uma despesa?
É um ativo intangível. Isso porque a marca provoca vendas futuras e, provavelmente, também lucros (benefícios) futuros.
exemplo 3
Uma prateleira adquirida, com expectativa de uso por vários anos, para deixar os produtos expostos para venda é uma despesa ou um ativo?
É um ativo, porque, além de não ter um consumo imediato, eventualmente a prateleira poderá ser revendida, sendo transformada novamente em dinheiro, mesmo que por valor diferente do valor de aquisição.
exemplo 4
Uma ferramenta de corte de metal adquirida por uma indústria mecânica para ser utilizada em seus equipamentos, com expectativa de uso nos próximos nove meses, é uma despesa ou ativo?
É uma despesa porque seu consumo será em menos de um ano. Como a legislação exige apenas um balanço anual, todos os itens que têm consumo em tempo menor do que um ano são considerados despesas, mesmo que seu consumo não seja absolutamente imediato, mas gradativo, como uma ferramenta.
exemplo 5
Uma empresa compra vários grampeadores de papel de pequeno porte para uso nos vários departamentos de sua administração. São ativos ou despesas?
São despesas. Nesse momento entra o chamado “bom-senso contábil”, que tem como fundamento a convenção (princípio) contábil da “materialidade”. Sabemos que os grampeadores poderão durar vários anos. Contudo, se classificarmos como ativo, haverá a necessidade de controle patrimonial. Assim, por outro fundamento da ciência contábil, a relação custo-benefício da informação, a irrelevância do valor de cada um, a enorme dificuldade de controle não recomenda seu ativamento, e, sim, o tratamento como despesa.
Na decisão de classificar como ativo ou despesa, duas convenções contábeis ajudam nas “zonas cinzentas” de interpretação: a convenção da materialidade(valor significativo ou não) e a relação custo-benefício da informação de controlar itens de valor irrelevante, com dificuldade de controle físico.
	As convenções de materialidade e custo-benefício da informação são aceitas normalmente pela legislação tributária do imposto de renda.
OS LIVROS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS
Os livros contábeis obrigatórios são:
a)Livro diário;
b)Livro razão.
O objetivo da escrituração no livro diário é apresentar os lançamentos contábeis em ordem cronológica. Nesse livro todos os fatos contábeis (as transações dos eventos econômicos que afetam o patrimônio empresarial) são escriturados rigidamente em ordem de data.
O segundo objetivo, além da própria escrituração, é assegurar a confiabilidade dos lançamentos contábeis dentro da ordem em que estão acontecendo, para impedir possibilidades de manipulação da ordem dos eventos, com a inserção de lançamentos a posteriori com datas retroativas.
2.8.1O porquê do livro razão
A escrituração em ordem de data no livro diário caracteriza-se por ser uma listagem dos lançamentos. Contudo, pelo fato de ser apenas uma listagem, não é possível fazer o controle dos valores de cada conta, com os eventos específicos de cada uma delas.
Dessa maneira, houve a necessidade de um livro que sistematizasse todos os lançamentos específicos de cada conta, o que deu origem ao livro razão. A palavra razão vem do latim rationum, que, por sua vez, vem de ratio, que significa conta ou cálculo. Assim, para se ter o livro razão de cada conta, há de fazer cálculos ou contas com os valores dos lançamentos. Em termos práticos, é o livro contábil por excelência, o mais importante. É por intermédio dele é que se apura o saldo de cada conta após cada lançamento, bem como o saldo final de qualquer período que se queira analisar e que seja objeto de elaboração dos relatórios contábeis.
Em resumo temos:
a)O livro diário recebe os lançamentos por ordem de data, sem nenhuma sistematização;
b)O livro razão é separado em contas (no passado, cada folha do livro era para uma conta), em que cada conta representa um elemento patrimonial, e que recebe unicamente os lançamentos (as partidas) específicos de cada conta.
No passado, com a escrituração manual, havia dois momentos de escrituração. Primeiramente fazia-se a escrituração no livro diário; em seguida, transcrevia-se cada lançamento para o livro razão. Hoje os livros razão e diário são processados eletronicamente e não há mais necessidade de transcrição manual. O livro razão evoluiu de um livro propriamente dito para fichas, em que cada ficha do livro razão representa uma conta contábil. Hoje as fichas são disponibilizadas em telas de computador.
2.8.2Escrituração do livro diário
Para o processo de escrituração contábil é necessário identificar as contas alteradas a cada fato e partidas de débitos e créditos. Vamos tomar como referência dez transações que podem representar a abertura de uma nova empresa e seus eventos mais significativos para exemplificar o processo de escrituração contábil. As transações a serem escrituradas são as seguintes:
	Número
	Transações
	$
	1
	Entrada de capital social em dinheiro
	50.000
	2
	Abertura de conta bancária com depósito, em dinheiro
	48.000
	3
	Aquisição de um imóvel para as operações, em cheque
	30.000
	4
	Aquisição de móveis para as operações, em cheque
	15.000
	5
	Pagamento de despesas de cartório, em dinheiro
	1.000
	6
	Compra de materiais de expediente, a prazo, para estoque
	5.000
	7
	Receita de prestação de serviços, a prazo, emitindo NF
	6.000
	8
	Consumo de materiais de expediente
	2.200
	9
	Recebimento de parte da NF emitida, crédito bancário
	3.500
	10
	Pagamento de parte da NF do fornecedor, em cheque
	2.740
Primeiramente, vamos identificar as contas contábeis, sua classificação nos elementos patrimoniais e os débitos e créditos em cada conta identificada.
	TABELA 2.14 – IDENTIFICAÇÃO DAS CONTAS CONTÁBEIS E DAS PARTIDAS DE DÉBITO E CRÉDITO
	 
	 
	ELEMENTO
	NATUREZA
	ALTERAÇÃO
	 
	 
	Número
	Conta Contábil
	Patrimonial
	do saldo
	no saldo
	Lançamento
	Valor – $
	1
	Caixa
	Ativo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	50.000,00
	 
	Capital Social
	Passivo
	Credor
	Aumento
	Crédito
	50.000,00
	2
	Saldo Bancário (1)
	Ativo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	48.000,00
	 
	Caixa
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	48.000,00
	3
	Imóveis
	Ativo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	30.000,00
	 
	Saldo Bancário
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	30.000,00
	4
	MóveisAtivo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	15.000,00
	 
	Saldo Bancário
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	15.000,00
	5
	Despesas de cartório
	Despesa
	Devedor
	Aumento
	Débito
	1.000,00
	 
	Caixa
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	1.000,00
	6
	Estoque de Materiais. Expediente
	Ativo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	5.000,00
	 
	Fornecedores
	Passivo
	Credor
	Aumento
	Crédito
	5.000,00
	7
	Clientes
	Ativo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	6.000,00
	 
	Receita de Prest. De Serviços
	Receita
	Credor
	Aumento
	Crédito
	6.000,00
	8
	Consumo de materiais exped.
	Despesa
	Devedor
	Aumento
	Débito
	2.200,00
	 
	Estoque de Materiais Expediente
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	2.200,00
	9
	Saldo Bancário
	Ativo
	Devedor
	Aumento
	Débito
	3.500,00
	 
	Clientes
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	3.500,00
	10
	Fornecedores
	Passivo
	Credor
	Diminuição
	Débito
	2.740,00
	 
	Saldo Bancário
	Ativo
	Devedor
	Diminuição
	Crédito
	2.740,00
	(1) Também denominada Bancos conta Movimento (deve ser aberto uma conta analítica para cada conta bancária, como o nome do banco)
Havia o costume de se colocar a palavra “a” antes da conta que recebia a contrapartida, normalmente um crédito, na escrituração do livro diário, prática esta não incorporada nos livros contábeis eletrônicos. O valor, no final da última conta, era válido para as duas contas. O lançamento a seguir representa esse tipo antigo de escrituração.
	TABELA 2.15 – EXEMPLO DE LANÇAMENTO NO LIVRO DIÁRIO MANUAL
	Data
	Conceição do Oeste, 01 de janeiro de 20X1
Contas Contábeis e Histórico do Lançamento
	Valor
	01.01.X1
	Caixa
a Capital Social
	 
	 
	Integralização de xxx cotas do capital social da Sociedade Contábil, pelos sócios João da Silva e José de Souza em partes iguais
	50.000,00
	01.01.X1
	.....
	 
Atualmente não se utiliza mais a palavra “a” na escrituração do livro diário. Um modelo muito utilizado está apresentado a seguir, com os dez lançamentos do nosso exemplo.
	TABELA 2.16 – LANÇAMENTOS NO LIVRO DIÁRIO
	 
	Conceição do Oeste, 01 de janeiro de 20X1
	 
	 
	 
	Contas Contábeis e Histórico do Lançamento
	 
	Valor – $
	Data
	Código
	Nome
	Débito
	Crédito
	01.01.X1
	111 01
	Caixa
	50.000,00
	 
	 
	231 01
	Capital Social
	 
	50.000,00
	 
	 
	Integralização de xxx cotas do capital social da
Sociedade Contábil, pelos sócios João da Silva e
José de Souza, em partes iguais
	 
	 
	02.01.X1
	112 01
	Banco Nacional
	48.000,00
	 
	 
	111 01
	Caixa
	 
	48.000,00
	 
	 
	Abertura de conta bancária, depósito em dinheiro
	 
	 
	03.01.X1
	161 01
	Imóveis
	30.000,00
	 
	 
	112 01
	Banco Nacional
	 
	30.000,00
	 
	 
	Compra do imóvel na Rua xxx, conforme escritura de compra e venda, de João Senhor etc...
	 
	 
	04.01.X1
	163 01
	Móveis e Utensílios
	15.000,00
	 
	 
	112 01
	Banco Nacional
	 
	15.000,00
	 
	 
	Compra de móveis conf. NF ... De ....
	 
	 
	05.01.X1
	411 02
	Despesas de Cartório
	1.000,00
	 
	 
	111 01
	Caixa
	 
	1.000,00
	 
	 
	Pago Cartório de Registro conf. Recibo
	 
	 
	06.01.X1
	131 01
	Estoque de Materiais de Expediente
	5.000,00
	 
	 
	211 01
	Fornecedores
	 
	5.000,00
	 
	 
	Compra conforme NF ...de...
	 
	 
	07.01.X1
	121 01
	Clientes
	6.000,00
	 
	 
	311 01
	Receitas de Prestação de Serviços
	 
	6.000,00
	 
	 
	Venda de Serviços conf. NF ...de...
	 
	 
	08.01.X1
	411 01
	Consumo de Materiais de Expediente
	2.200,00
	 
	 
	131 01
	Estoque de Materiais de Expediente
	 
	2.200,00
	 
	 
	Consumo de materiais no período
	 
	 
	09.01.X1
	112 01
	Banco Nacional
	3.500,00
	 
	 
	121 01
	Clientes
	 
	3.500,00
	 
	 
	Recebimento parcial da NF ...
	 
	 
	10.01.X1
	211 01
	Fornecedores
	2.740,00
	 
	 
	112 01
	Banco Nacional
	 
	2.740,00
	 
	 
	Pagamento da NF ....
	
	
fique ligado!
O livro diário deve receber os lançamentos contábeis por ordem rígida de data.
Escrituração do livro razão
O livro razão se caracteriza pela abertura de um controle para cada conta contábil do plano de contas. Assim, todos os lançamentos do livro diário são transcritos para todas as contas envolvidas nos lançamentos, alocando em cada uma a partida do lançamento específica de cada qual. Com o livro razão apura-se o saldo de cada conta após cada lançamento.
Tendo como referência os dez lançamentos já escriturados no tópico anterior, vamos abrir uma conta contábil para cada elemento patrimonial identificado nesses lançamentos e fazer a transcrição dos lançamentos. O modelo adotado é muito comum nos sistemas contábeis eletrônicos. A letra D ou C ao lado do saldo da conta significa SALDO DEVEDOR ou SALDO CREDOR.
	TABELA 2.17 – ESCRITURAÇÃO NO LIVRO RAZÃO
	Data
	Conta Contábil
	Código
111 01
	Valor – $
	D/C
	
	CAIXA
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	01.01.X1
	Entrada de capital social em dinheiro
	 
	50.000,00
	 
	50.000,00
	D
	02.01.X1
	Depósito em dinheiro no Banco Nacional
	 
	 
	48.000,00
	2.000,00
	D
	05.01.X1
	Pago despesas de cartório cf. recibo
	 
	 
	1.000,00
	1.000,00
	D
	Data
	Conta Contábil
	Código
231 01
	Valor – $
	D/C
	
	CAPITAL SOCIAL
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	01.01.X1
	Integralização de capital social em dinheiro pelos sócios
	 
	 
	50.000,00
	50.000,00
	C
	Data
	Conta Contábil
	Código
111 01
	Valor – $
	D/C
	
	BANCO NACIONAL
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	02.01.X1
	Depósito em dinheiro
	 
	48.000,00
	 
	48.000,00
	D
	03.01.X1
	Aquisição de um imóvel ...
	 
	 
	30.000,00
	18.000,00
	D
	04.01.X1
	Aquisição de móveis ...
	 
	 
	15.000,00
	3.000,00
	D
	09.01.X1
	Recebimento de cliente ...
	 
	3.500,00
	 
	6.500,00
	D
	10.01.X1
	Pagamento a fornecedor ...
	 
	 
	2.740,00
	3.760,00
	D
	
	
	
	
	
	
	
	Data
	Conta Contábil
	Código
161 01
	Valor – $
	D/C
	
	IMÓVEIS
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	03.01.X1
	Aquisição de Imóvel conf. Escritura ...
	 
	30.000,00
	 
	30.000,00
	D
	Data
	Conta Contábil
	Código
163 01
	Valor – $
	D/C
	
	MÓVEIS E UTENSÍLIOS
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	03.01.X1
	Aquisição de móveis conf. NF
	 
	15.000,00
	 
	15.000,00
	D
	Data
	Conta Contábil
	Código
411 02
	Valor – $
	D/C
	
	DESPESAS DE CARTÓRIO
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	05.01.X1
	Pago despesas em dinheiro
	 
	1.000,00
	 
	1.000,00
	D
	Data
	Conta Contábil
	Código
131 01
	Valor – $
	D/C
	
	ESTOQUE DE MAT. EXPEDIENTE
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	06.01.X1
	Compra de materiais para estoque NF...
	 
	5.000,00
	 
	5.000,00
	D
	08.01.X1
	Consumo de materiais expediente no período
	 
	 
	2.200,00
	2.800,00
	D
	Data
	Conta Contábil
	Código
211 01
	Valor – $
	D/C
	
	FORNECEDORES
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	06.01.X1
	Compra de materiais para estoque NF...
	 
	 
	5.000,00
	5.000,00
	C
	08.01.X1
	Pagamento de NF ...
	 
	2.740,00
	 
	2.260,00
	C
	Data
	Conta Contábil
	Código
311 01
	Valor – $
	D/C
	
	RECEITA DE PREST. DE SERVIÇOS
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	07.01.X1
	Prestação de serviços conf. NF...
	 
	 
	6.000,00
	6.000,00
	C
	Data
	Conta Contábil
	Código
122 01
	Valor – $
	D/C
	
	CLIENTES
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	07.01.X1
	NF ... De venda de serviços
	 
	6.000,00
	 
	6.000,00
	D
	09.01.X1
	Recebimento de NF...
	 
	 
	3.500,00
	2.500,00
	D
	Data
	Conta Contábil
	Código
411 01
	Valor – $
	D/C
	
	CONSUMO MAT. DE EXPEDIENTE
	
	Débito
	Crédito
	Saldo
	
	06.01.X1
	Consumo de materiais no período
	 
	2.200,00
	 
	2.200,00
	D
Podemos afirmar que o livro razão é o livro contábil por excelência. O livro diário tem apenasa função de atender a obrigatoriedade legal e dar um formato jurídico aos lançamentos contábeis.
O livro razão é a matéria-prima do contador e dele se extraem as demonstrações contábeis para o processo de controle patrimonial e de tomada de decisão.
2.8.4Razão simplificado: a Conta Tê
Para fins didáticos e para estudo de lançamentos, utiliza-se o razonete ou razão em CONTA TÊ, utilizando a figura da letra T. Nele só constam as colunas de débito e crédito. Sobre a linha horizontal coloca-se o nome da conta. À esquerda ficam os valores de débito e o saldo devedor; à direita ficam os valores de crédito e o saldo credor. Ao lado dos valores colocam-se números para identificar os lançamentos. Vejamos os mesmos lançamentos nesse formato simplificado, não oficial, do razão. Quando há apenas um lançamento, não há necessidade de puxar o saldo.
A tabela 2.18 mostra os lançamentos que já trabalhamos no livro diário e livro razão, agora no sistema de análise e aprendizagem de conta Tê.
	TABELA 2.18 – LANÇAMENTOS EM CONTA TÊ
	 
	Caixa
	 
	1
	50.000,00
	 
	 
	 
	 
	48.000,00
	2
	 
	 
	1.000,00
	5
	 
	1.000,00
	 
	
	Capital Social
	 
	 
	50.000,00
	1
	 
	Banco Nacional
	 
	2
	48.000,00
	 
	 
	 
	 
	30.000,00
	3
	 
	 
	15.000,00
	4
	9
	3.500,00
	 
	 
	 
	 
	2.740,00
	10
	 
	3.760,00
	 
	 
	
	
	
	
	 
	Imóveis
	3
	30.000,00
	 
	
	
	
	 
	Móveis e Utensílios
	4
	15.000,00
	 
	
	
	
	 
	Desp. Cartório
	5
	1.000,00
	 
	
	
	
	 
	Estoque Mat. Expediente
	6
	5.000,00
	 
	 
	 
	2.800,00
	2.200,00
	8
	
	
	
	
	 
	Fornecedores
	 
	 
	5.000,00
	6
	10
	2.740,00
	 
	 
	 
	 
	2.260,00
	 
	 
	Clientes
	7
	6.000,00
	 
	 
	 
	 
	3.500,00
	9
	 
	2.500,00
	 
	 
	Receita de Serviços
	 
	6.000,00
	 
	7
	
	
	
	 
	Consumo Mat. Expediente
	8
	2.200,00
	
Balancete de verificação
Para uma primeira confirmação dos trabalhos de escrituração, levanta-se um balancete de verificação para listar os saldos e confirmar a igualdade entre os saldos devedores e credores das contas, conforme a seguir.
	TABELA 2.19 – BALANCE DE VERIFICAÇÃO
	Balance de Verificação em...
	Conta Contábil
	Saldo – $
	Código
	Nome
	Devedor
	Credor
	 
	ATIVO
	 
	 
	111 01
	Caixa
	1.000,00
	 
	112 01
	Saldo bancário
	3.760,00
	 
	121 01
	Clientes
	2.500,00
	 
	131 01
	Estoque Mat. Exp.
	2.800,00
	 
	161 01
	Imóveis
	30.000,00
	 
	163 01
	Móveis
	15.000,00
	 
	 
	Subtotal
	55.060,00
	 
	 
	PASSIVO
	 
	 
	211 01
	Fornecedores
	 
	2.260,00
	231 01
	Capital social
	 
	50.000,00
	231.02
	Resultado do período
	 
	5.000,00
	 
	Subtotal
	 
	57.260,00
	 
	RECEITAS
	 
	 
	311 01
	Prestação serviços
	 
	6.000,00
	 
	Subtotal
	 
	6.000,00
	 
	DESPESAS
	 
	 
	411 01
	Com cartório
	1.000,00
	 
	411 02
	Mat. Expediente
	2.200,00
	 
	 
	Subtotal
	3.200,00
	 
	Total geral
	58.260,00
	63.260,00
tome nota!
O balance de verificação é um relatório contábil de trabalho com o objetivo de verificar se o total dos saldos devedores é igual ao total dos saldos credores e dar uma visão imediata dos saldos das contas contábeis diariamente para o controle empresarial.
Livros auxiliares
Algumas contas contábeis apresentam movimentação muito grande. Assim, as empresas optam por fazer livros contábeis específicos para essas contas, denominados livros auxiliares, mas que devem ser considerados livros obrigatórios. Os livros auxiliares mais utilizados são:
a)Livro Caixa;
b)Livro de Contas Correntes para Clientes e Fornecedores;
c)Livro de Controle Patrimonial.
2.8.7A legislação sobre a escrituração contábil
O marco moderno da legislação sobre escrituração contábil é o Decreto-Lei 486, de 03.03.1969. Outras alterações legais posteriores foram redirecionando as exigências, que estão consolidadas no RIR – Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000, de 26.03.1999, no Capítulo II. Os livros comerciais obrigatórios são:
a)Livro Diário;
b)Livro Razão;
c)Livro de Inventário;
d)Livro de Entradas (compras);
e)Livro de Apuração do Lucro Real – Lalur.
2.8.8Guarda e apresentação dos livros contábeis
A partir do ano-base 2008 as empresas estão obrigadas a gerar e transmitir eletronicamente para o governo federal, para o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), os livros contábeis, o Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e a Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
Os livros abrangidos são:
Diário e Razão
✓Balancetes Diários e Balanços
✓Diário com Escrituração Resumida
✓Diário Auxiliar
✓Razão Auxiliar
O Sped contábil é idêntico ao Sped fiscal, ou seja, os arquivos gerados serão transmitidos para o Sped, desobrigando as empresas a guarda em papel. O prazo para guarda será de cinco anos mais o ano corrente. O Sped contábil é denominado de ECD – Escrituração Contábil Digital e o Sped fiscal é denominado de ECF – Escrituração Contábil Fiscal. Fundamentalmente, o ECD envia os livros contábeis e o ECF apresenta os livros fiscais e a declaração do imposto de renda das pessoas jurídicas. As empresas que entregarem os arquivos Sped devem ser desobrigadas das normas da Instrução Normativa 86, naquelas informações que o Sped venha suprir.
RELATÓRIOS CONTÁBEIS BÁSICOS
Os relatórios ou demonstrações contábeis básicas são:
a)balancete de verificação;
b)balanço patrimonial;
c)demonstração do resultado do período.
O balancete de verificação (ver tabela 2.19) é o primeiro relatório contábil extraído do plano de contas contábil e é considerado um relatório de trabalho interno do contador. Ele apenas lista as contas contábeis e seus saldos. Não é uma demonstração contábil acabada e não é preparada para usuários externos. A partir do balancete de verificação é que se elaboram as demonstrações contábeis para usuários externos.
2.9.1A apuração do resultado do período
A apuração do resultado do período (lucro ou prejuízo) será feito com as contas de despesas e receitas constantes do balancete de verificação. No nosso exemplo temos:
	TABELA 2.20 – APURAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO
	Demonstração do resultado do período
	 
	$
	Total das receitas
	6.000,00
	(-) Total das despesas
	-3.200,00
	Resultado do período (lucro)
	2.800,00
Do balancete de verificação ao balanço patrimonial
As contas de ativo e passivo do balancete de verificação farão parte do balanço patrimonial. As contas de despesas e receitas serão utilizadas para apurar o lucro ou prejuízo do período, como vimos no tópico anterior.
Após apurado o lucro do período, o resultado será incorporado novamente no balanço patrimonial, junto com a conta Capital Social, formando o conjunto do patrimônio líquido. Assim, o balanço patrimonial é apresentado, incluindo os saldos na data do encerramento e o resultado do período. Vamos supor que o balanço refere-se ao exercício encerrado em 31.12.x1.
	TABELA 2.21 – LEVANTAMENTO DO BALANÇO PATRIMONIAL
	Balanço Patrimonial em 31.12.X1
	Ativo
	$
	Passivo
	$
	Bens e Direitos
	 
	Obrigações
	 
	Caixa
	1.000,00
	Fornecedores
	2.260,00
	Saldo bancário
	3.760,00
	 
	 
	Clientes
	2.500,00
	Patrimônio Líquido
	 
	Estoque Mat.Exped.
	2.800,00
	Capital Social
	50.000,00
	Imóveis
	30.000,00
	Resultado do período
	2.800,00
	Móveis
	15.000,00
	 
	52.800,00
	Total
	55.060,00
	Total
	52.800,00
Do balancete de verificação à demonstração do resultado do período
A demonstração do resultado do período deve apresentar as receitas e despesas dentro de uma ordenação que permita uma boa visualização do resultado das operações da empresa. No nosso exemplo, houve apenas duas despesas e uma única receita.
	TABELA 2.22 – ESTRUTURAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
	Demonstraçãodo Resultado do Exercício encerrado em 31.12.X1
	Receitas operacionais
	 
	Prestação de serviços
	6.000,00
	 
	 
	(-) Custos e despesas
	 
	Com cartório
	1.000,00
	Com materiais de expediente
	2.200,00
	 
	3.200,00
	Lucro do exercício
	2.800,00
Questão elaborada n. 612:
Considere que uma empresa abriu o capital com $ 200.000,00 integralizado pelos seus sócios em dinheiro. Assim, o balancete de verificação da empresa criada é representado conforme a tabela apresentada a seguir:
	BALANCETE DE VERIFICAÇÃO EM 01.01.X1
	Conta contábil
	Saldo
	
	Devedor
	Credor
	Ativo
	 
	 
	Circulante
	 
	 
	Caixa
	200.000,00
	 
	Soma
	200.000,00
	 
	Passivo
	 
	 
	Patrimônio líquido
	 
	 
	Capital social
	 
	200.000,00
	Soma
	 
	200.000,00
	Total
	200.000,00
	200.000,00
Em seguida, a empresa realizou as seguintes operações que se caracterizam como fatos contábeis ou eventos econômicos:
	OPERAÇÕES
	$
	1. Abertura de conta bancária com depósito em dinheiro
	195.000,00
	2. Aquisição de um imóvel para uso nas operações com pagamento em cheque
	80.000,00
	3. Aquisição de móveis e utensílios para equipar a loja com pagamento em cheque
	20.000,00
	4. Aquisição de equipamentos de informática para uso na loja a prazo em 2 parcelas
	15.000,00
	5. Aplicação financeira em cheque
	70.000,00
	6. Pagamento de despesas de material de escritório em cheque
	2.000,00
	7. Prestação de serviços para o primeiro cliente a prazo em 2 parcelas
	12.000,00
	8. Valor da folha de pagamento do funcionário (salários e encargos) ao final do mês
	3.800,00
	9. Adiantamento de salário pago ao funcionário em dinheiro
	700,00
	10. Pagamento em cheque da primeira parcela de equipamentos de informática
	7.500,00
	11. Recebimento da primeira parcela do cliente com crédito bancário
	6.000,00
	12. Crédito de juros de aplicações financeiras
	300,00
	13. Resgate parcial de aplicações financeiras com crédito bancário
	8.000,00
Pede-se:
identificar, para cada fato contábil, as contas movimentadas, seu aumento ou diminuição, o saldo de cada conta e se o lançamento é a débito ou a crédito de cada conta, considerando os conceitos de ativo, passivo, despesas e receitas.
b) fazer os lançamentos contábeis em conta Tê apurando o saldo de cada conta;
c) levantar o balancete de verificação;
d) apurar e demonstrar o lucro do período;
e) levantar o balanço patrimonial, considerando o lucro no período dentro do patrimônio líquido.
Resolução:
Lançamentos contábeis:
	Fatos contábeis
	Conta alterada
	Alteração no saldo
	Lançamento
	
	Nome
	Tipo
	Saldo
	Aumento/Diminuição
	Tipo
	Valor
	Lançamento contábil 1
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	195.000,00
	 
	Conta alterada
	Caixa
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	195.000,00
	Lançamento contábil 2
	Conta alterada
	Imóveis
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	80.000,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	80.000,00
	Lançamento contábil 3
	Conta alterada
	Móveis e utensílios
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	20.000,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	20.000,00
	Lançamento contábil 4
	Conta alterada
	Equipamentos de informática
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	15.000,00
	 
	Conta alterada
	Fornecedores a pagar
	passivo
	credor
	aumento
	crédito
	15.000,00
	Lançamento contábil 5
	Conta alterada
	Aplicação financeira
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	70.000,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	70.000,00
	Lançamento contábil 6
	Conta alterada
	Mat. Escritório
	despesa
	devedor
	aumento
	débito
	2.000,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	2.000,00
	Lançamento contábil 7
	Conta alterada
	Clientes a receber
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	12.000,00
	 
	Conta alterada
	Receita de serviços
	receita
	credor
	aumento
	crédito
	12.000,00
	Lançamento contábil 8
	Conta alterada
	Salários e encargos
	despesa
	devedor
	aumento
	débito
	3.800,00
	 
	Conta alterada
	Salários e encargos a pagar
	passivo
	credor
	aumento
	crédito
	3.800,00
	Lançamento contábil 9
	Conta alterada
	Salários e encargos a pagar
	passivo
	credor
	diminuição
	débito
	700,00
	 
	Conta alterada
	Caixa
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	700,00
	Lançamento contábil 10
	Conta alterada
	Fornecedores a pagar
	passivo
	credor
	diminuição
	débito
	7.500,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	7.500,00
	Lançamento contábil 11
	Conta alterada
	Clientes a receber
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	6.000,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	6.000,00
	Lançamento contábil 12
	Conta alterada
	Aplicação financeira
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	300,00
	 
	Conta alterada
	Receita de juros
	receita
	credor
	aumento
	crédito
	300,00
	Lançamento contábil 13
	Conta alterada
	Aplicação financeira
	ativo
	devedor
	diminuição
	crédito
	8.000,00
	 
	Conta alterada
	Bancos
	ativo
	devedor
	aumento
	débito
	8.000,00
b) Lançamentos em conta Tê
	 
	Caixa
	 
	SI
	200.000,00
	 
	 
	 
	 
	195.000,00
	1
	 
	 
	700,00
	9
	 
	4.300,00
	 
	
	 
	Bancos
	 
	1
	195.000,00
	 
	 
	 
	 
	80.000,00
	2
	 
	 
	20.000,00
	3
	 
	 
	70.000,00
	5
	 
	 
	2.000,00
	6
	 
	 
	7.500,00
	10
	11
	6.000,00
	 
	
	13
	8.000,00
	 
	
	 
	29.500,00
	 
	
	 
	Aplicação Financeira
	 
	5
	70.000,00
	 
	 
	12
	300,00
	 
	 
	 
	 
	8.000,00
	13
	 
	62.300,00
	 
	
	 
	Clientes a receber
	 
	7
	12.000,00
	 
	 
	 
	 
	6.000,00
	11
	 
	6.000,00
	 
	
	 
	Imóveis
	 
	2
	80.000,00
	 
	 
	 
	Móveis/Utensílios
	 
	3
	20.000,00
	 
	 
	 
	Equip. Informática
	 
	4
	15.000,00
	 
	 
	 
	Fornecedores a pagar
	 
	 
	 
	15.000,00
	4
	10
	7.500,00
	 
	 
	 
	 
	7.500,00
	 
	 
	Sal/Encargos a pagar
	 
	 
	 
	3.800,00
	8
	9
	700,00
	 
	 
	 
	 
	3.100,00
	 
	Capital Social
	 
	 
	200.000,00
	SI
	 
	Mat. Escritório
	6
	200.000,00
	 
	 
	Salários/Encargos
	8
	3.800,00
	 
	Receita de serviços
	 
	 
	12.000,00
	7
	Receita de juros
	 
	 
	300,00
	
fique ligado!
Com os saldos apurados nas contas Tês (razões simplificadas) é possível levantar o balancete de verificação listando todos os saldos nas contas nas suas respectivas colunas de saldo devedor e credor.
c) Balancete de verificação após fato 13
	Conta contábil
	Saldo
	
	Devedor
	Credor
	Ativo
	 
	 
	Circulante
	 
	 
	Caixa
	4.300,00
	 
	Bancos
	29.500,00
	 
	Aplicação financeira
	62.300,00
	 
	Clientes a receber
	6.000,00
	 
	Não circulante
	 
	 
	Imóveis
	80.000,00
	 
	Móveis e utensílios
	20.000,00
	 
	Equipamentos de informática
	15.000,00
	 
	Soma
	217.100,00
	 
	Passivo
	 
	 
	Circulante
	 
	 
	Fornecedores a pagar
	 
	7.500,00
	Salários e encargos a pagar
	 
	3.100,00
	Patrimônio líquido
	 
	 
	Capital Social
	 
	200.000,00
	Soma
	 
	210.600,00
	Despesas
	 
	 
	Material de escritório
	2.000,00
	 
	Salários e encargos
	3.800,00
	 
	Soma
	5.800,00
	 
	Receitas
	 
	 
	Receitas de serviços
	 
	12.000,00
	Receitas de juros
	 
	300,00
	Soma
	 
	12.300,00
	Total
	222.900,00
	222.900,00
fique ligado!
Com os saldos das contas de despesas e receitas do balancete de verificação é possível apurar o resultado (lucro ou prejuízo) do período e fazer a demonstração do resultado do período.
d) Apuração doresultado do período
	Receitas
	12.300,00
	(-) Despesas
	-5.800,00
	= Lucro do período
	6.500,00
	 
	 
	Demonstração do resultado do período
	 
	Receita de serviços
	12.000,00
	(-) Custos e despesas operacionais
	 
	Material de escritório
	-2.000,00
	Despesas com pessoal (salários e encargos)
	-3.800,00
	= Lucro operacional antes dos resultados financeiros
	6.200,00
	(+) Receitas financeiras de juros
	300,00
	= Lucro líquido antes do Imposto de Renda
	6.500,00
fique ligado!
Com os saldos das contas do ativo e passivo e incorporando o resultado do período junto com o capital social no patrimônio líquido, podemos levantar o balanço patrimonial após o fato 13.
e) Balanço patrimonial após o fato 13
	Balanço Patrimonial
	ATIVO Circulante
	$
	PASSIVO Circulante
	$
	Caixa
	4.300,00
	Fornecedores a pagar
	7.500,00
	Bancos
	29.500,00
	Salários e encargos a pagar
	3.100,00
	Aplicação financeira
	62.300,00
	 
	 
	Clientes a receber
	6.000,00
	
	 
	Não circulante
	$
	
	 
	Imóveis
	80.000,00
	Patrimônio líquido
	$
	Móveis e utensílios
	20.000,00
	Capital Social
	200.000,00
	Equipamentos de informática
	15.000,00
	Resultado do período
	6.500,00
	Soma
	217.100,00
	Soma
	217.100,00

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