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2 - Crime de lesão corporal

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Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7° No caso de lesão culposa, aumenta-se a pena de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses do art. 121, § 4°.
§ 7º - Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
1. Comentários
1.1 Objetividade jurídica
Após o Código Penal tutelar o bem por excelência da pessoa humana, qual seja, a vida (arts. 121 a 128), o foco agora passa a ser a sua saúde.
Na seara constitucional, a saúde é, concomitantemente, direito fundamental da pessoa humana e dever do Estado, consoante apregoa o art. 196 da Carta Magna.�
O bem jurídico tutelado é a incolumidade pessoal do indivíduo, que abarca a integridade corporal e a saúde, que se divide em física e mental. 
A integridade corporal, também chamada de física, abrange a inteireza dos tecidos interno e externo do corpo humano. É atingida, exempli gratia, nos casos de equimoses, escoriações, hematomas ou mutilações.
A saúde física diz respeito ao funcionamento regular dos órgãos do corpo humano. Quando alguém, por exemplo, fica paraplégico em razão do rompimento da medula há ofensa à saúde física. 
Já a saúde mental está relacionada ao funcionamento normal do cérebro. É afrontada nos casos de doenças mentais, convulsões etc.
A Exposição de Motivos do CP, exemplo de interpretação doutrinária, no item 42, define o crime de lesão corporal como a “(...) ofensa à integridade corporal ou saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental (...).”
O bem ora tutelado é relativamente disponível. Somente no caso de lesão corporal leve que não ofenda os bons costumes o consentimento da vítima é causa supralegal de exclusão da ilicitude, desde que dada por agente capaz e antes ou durante a consumação do crime.
A justificativa para a disponibilidade relativa do bem jurídico em estudo é natureza jurídica da ação penal do crime de lesão corporal leve. Com efeito, este crime está sujeito à ação penal pública condicionada à representação da vítima, nos termos do art. 89 da Lei nº 9.099/95.
Como a vítima tem o poder de decisão da instauração, ou não da persecução penal, no caso de lesão corporal leve, o bem jurídico torna-se manifestamente disponível. 
Nesse sentido, ensina Cesar Roberto Bitencourt que “no ordenamento jurídico brasileiro, a integridade física apresenta-se como relativamente disponível, desde que não afronte interesses maiores e não ofenda os bons costumes, de tal sorte que as pequenas lesões podem ser livremente consentidas, como ocorre, por exemplo, com as perfurações do corpo para a colocação de adereços, antigamente limitados aos brincos de orelhas.”�
Por fim, o objeto material do crime de lesão corporal é a pessoa humana. No caso de pessoa já morta fica excluído o crime de lesão corporal em razão do crime impossível por impropriedade absoluta do objeto material (art. 17 do CP). No entanto, é possível a punição por crime de vilipêndio ao cadáver (art. 212 do CP).
1.2 Sujeitos
O crime de lesão corporal pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto pela vítima. Trata-se, portanto, de crime comum, já que o tipo penal não exige qualquer condição ou circunstância especial do sujeito ativo.
A autolesão, considerada individualmente, não é crime, com espeque no princípio da alteridade, no entanto, quando estiver associada à violação de outro bem jurídico, pode configurar os crimes de auto-aborto (art. 124, in limine, do CP); estelionato para recebimento de indenização ou valor de seguro (art. 171, § 2º, V); inabilitação para o serviço militar (art. 184 do Código Penal Militar) etc.
O agente que induz um inimputável a praticar autolesão é autor mediato do crime de lesão corporal. 
O concurso de pessoas, por meio da participação e da coautoria, é perfeitamente admitido, logo, o crime é monossubjetivo, unissubjetivo ou de concurso eventual.
Por outro lado, qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do crime de lesão corporal.
Assim como ocorre com o crime de homicídio, a pena é aumentada na terceira fase da dosimetria da pena, no percentual de 1/3, quando se tratar de lesão corporal dolosa contra vítima menor de 14 ou maior de 60 anos, de acordo com o art. 129, § 7º, do CP.
A vítima menor de 14 anos é a pessoa humana que existe desde o nascimento até os 13 anos, 11 meses e 29 dias. Diante disso, se a vítima é lesionada no dia em que completa 14 anos a majorante não tem incidência. 
Já a vítima maior de 60 anos é a pessoa que conta com 60 anos e 1 dia. Portanto, se a vítima é lesionada no dia em que completa 60 anos de idade a causa de aumento de pena não pode ser aplicada.
De se ver que a gestante figura como sujeito passivo qualificado na lesão corporal grave em razão da aceleração do parto (art. 129, § 1º, IV, do CP) e na lesão corporal gravíssima pelo aborto (art. 129, § 2º, V, do CP).
Na hipótese em que a vítima for o Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal ouPresidente do STF, a conduta do agente amolda-se ao art. 27 da Lei nº 7.170/83 - Lei de Segurança Nacional, por força do princípio da especialidade. Em qualquer caso, contudo, é indispensável a motivação política, sob pena do agente incorrer no crime de lesão corporal descrito no CP.
1.3 Análise da conduta descrita no tipo penal 
A conduta incriminada é ofender, que significa violar, atingir ou romper, a integridade corporal ou a saúde de outrem.
O agente pratica o crime causando uma enfermidade ou agravando uma já existente.
A conduta, em regra, é composta por vários atos executivos, fazendo com que o crime seja plurissubsistente.
Como o tipo penal indica um fazer por parte do agente, o crime é comissivo e, excepcionalmente, comissivo por omissão ou omissivo impróprio quando o agente tem o dever jurídico de impedir o resultado e não o faz, nos termos da norma de extensão do art. 13, § 2º, do CP.
A dor, por si só, não integra o conceito de lesão corporal por ser meramente subjetiva.
A ofensa à integridade corporal ou saúde de outrem pode ser praticada por quaisquer meios de execução, sejam físicos, mecânicos, químicos, biológicos ou psicológicos. Por essa razão o crime é de forma livre.
1.4 Elemento subjetivo 
O crime de lesão corporal admite a forma dolosa ou culposa. A fortiori, o elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual ou a culpa.
A expressão latina da forma dolosa corresponde ao animus laedendi ou vulnerandi.
Não se pode confundir lesão corporal com vias de fato, vez que na contravenção não existe (e sequer é a intenção do agente) dano à incolumidade da vítima. Como exemplos, empurrão, puxão de orelha ou de cabelo.�
1.5 Consumação e tentativa 
A consumação do crime de lesão corporal ocorre com a efetiva ofensa a integridade corporal ou a saúde. Trata-se, portanto, de crime material, já a ocorrência do resultado naturalístico é indispensável para a consumação. 
Trata-se, em regra, de crime instantâneo, já que a consumação ocorre num momento determinado.
A pluralidade de ferimentos no mesmo contexto fático não desnatura a unidade do crime. O magistrado considerará tal pluralidade na fixação da pena-base.
Como a infração penal deixa vestígios, o exame de corpo de delito direto ou indireto é indispensável para a comprovação da materialidade delitiva, nos termos do art. 168 do CPP. O crime, assim, é denominado de não transeunte.
Como a conduta é composta por vários atos, a tentativa, em regra, é admitida. No entanto, na lesão corporal culposa e nas lesões corporais qualificadas preterdolosas do perigo de vida e do aborto, a conatus não é possível.
1.6 Classificação 
O crime de lesão corporal é comum; monossubjetivo ou de concurso eventual; comissivo, e, excepcionalmente, comissivo por omissão ou omissivo impróprio; material; instantâneo; não transeunte; doloso ou culposo; plurissubsistente; de forma livre; de dano. 
1.7 Estrutura da lesão corporal no Código Penal
A lesão corporal, quanto ao aspecto subjetivo, classifica-se em dolosa e culposa. 
A lesão corporal dolosa, por sua vez, subdivide-se em simples, privilegiada e qualificada. 
A lesão corporal simples é denominada de leve. A lesão corporal qualificada é subdividida em grave, gravíssima, com resultado morte e com violência doméstica. 
1.7.1 Lesão corporal leve 
A lesão corporal leve está descrita no art. 129, caput, do CP. É o tipo penal básico, essencial ou fundamental do crime. É composta pelas elementares “ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”.
A sua caracterização é obtida por meio do critério de exclusão, ou seja, caso não haja nenhuma forma qualificada ou privilegiada do crime o agente responde pelo art. 129, caput, do CP. 
Nos termos do art. 88 da Lei nº 9.099/95 a lesão corporal leve submete-se a ação penal pública condicionada à representação da vítima.
A pena cominada ao delito é detenção de 3 meses a 1 anos. É portanto, uma infração penal de pequeno potencial ofensivo, ex vi do art. 61 da Lei nº 9.099/95, sujeitando-se ao procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais.
1.7.2 Lesão corporal privilegiada 
A lesão corporal privilegiada prevista no art. 129, § 4º, do CP, apresenta o mesmo tratamento jurídico do homicídio privilegiado descrito no art. 121, § 1º, do CP.
O privilégio tem natureza jurídica de causa de diminuição de pena no percentual variável de 1/6 a 1/3. Incide, pois, na terceira fase do critério trifásico de aplicação da pena.
A privilegiadora se aplica no artigo 129, caput, §§ 1º, 2º e 3º. O privilégio pode coexistir com qualquer uma das formas de lesão corporal. 
As causas da lesão corporal privilegiada do motivo de relevante valor moral ou social confundem-se com as circunstâncias atenuantes do art. 65 do CP. Por essa razão, o juiz na dosimetria da pena deve evitar o bis in idem. Para tanto, deverá aplicar somente a causa de diminuição da pena.
Ainda, a lesão corporal privilegiada é compatível com o erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, do CP) e erro na execução (art. 73 do CP). Em ambos os casos, leva-se em consideração as qualidades da vítima que o agente pretendia ofender, e não de quem realmente ofendeu.
São causas da lesão corporal privilegiada:
I) Motivo� de relevante valor moral
O relevante valor moral é o interesse particular do agente, de natureza nobre, que prepondera sobre o interesse coletivo. Como exemplo, o pai que lesiona o estuprador da filha.
II) Motivo de relevante valor social
O interesse coletivo ou social predomina sobre o interesse particular do agente. Exempli gratia, o agente que lesiona o traidor da pátria ou o estuprador de um bairro.
III) Domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima
Apesar da emoção e a paixão não excluírem a imputabilidade penal, nos termos do art. 28, I, do CP, o domínio da violenta emoção provoca a diminuição da pena se presentes os seguintes requisitos:
a) Provocação injusta da vítima
É qualquer conduta que contraria a lei, a moral e os costumes, não precisando ser necessariamente criminosa. O exemplo típico é o marido que lesiona a esposa ao flagrá-la em conjunção carnal com o amante.
b) Domínio de violenta emoção. 
A mera influência da emoção faz incidir apenas a circunstância atenuante descrita no art. 65, inciso III, alínea c, do CP.
c) Reação logo após a provocação
A reação deve ocorrer imediatamente ou no calor dos acontecimentos. Ausente este requisito, é possível, contudo, a incidência da circunstância atenuante do art. 65, inciso III, alínea c, do CP.
O art. 129, § 5º, do com dispõe acerca da substituição da pena: “não sendo graves as lesões, pode ainda o juiz substituir a pena de detenção pela de multa, se ocorre qualquer das hipóteses de lesão corporal privilegiada ou se as lesões são recíprocas.”
O § 5º em comento somente se aplica ao artigo 129, caput, do CP, mesmo assim, apenas em duas hipóteses: No caso da lesão corporal privilegiada (art. 129, § 9º) ou no caso de lesões recíprocas. Não se aplica, portanto, se a lesão é grave, gravíssima ou seguida de morte. 
	
1.7.3 Lesão corporal grave 
A lesão corporal grave descrita no art. 129, § 1º, do CP, é uma forma qualificada do crime de lesão corporal. É um tipo penal derivado com pena própria de reclusão de 1 a 5 anos de reclusão.
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, admitindo apenas uma medida despenalizadora, qual seja, suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da Lei nº 9.099/95.
Os casos de lesão corporal grave vêm descritos nos incisos I a IV do § 1º do art. 129 do CP. São eles:
Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (inciso I):
A ocupação habitual é qualquer atividade rotineira da pessoa voltada ou não ao labor. 
A atividade deve ser lícita, ainda que imoral, Portanto, atividades criminosas da vítima afastam a qualificadora em questão.
Uma criança ou um bebê também possuem atividades corporais rotineiras.Assim, por exemplo, se o bebê não puder mamar por mais de 30 dias em razão da lesão estará configurada a lesão corporal de natureza grave.
A relutância, por vergonha, de praticar as ocupações habituais não qualifica o crime.
O lapso de mais de 30 dias exigido pelo tipo penal faz com que o crime se torne à prazo, ou seja, demanda um certo tempo para a sua consumação.
Ressalte-se que serão necessários dois laudos. Na data do fato haverá um laudo de exame de corpo de delito. Se, nesse momento, o perito suspeitar de que a pessoa poderá ficar incapacitada de exercer suas atividades rotineiras por mais de 30 dias, ele irá determinar, logo após o 30º dia a realização de um laudo complementar, o qual irá atestar se a vítima sofreu ou não lesão de natureza grave.
É imprescindível, assim, exame pericial complementar, nos moldes do art. 168, § 2º, do CPP�, para a aferição da incapacidade para as ocupações habituais, entretanto, a prova testemunhal poderá supri-lo�.
Perigo de vida (inciso II)
O perigo de vida ou, na verdade, perigo de morte, é a probabilidade séria, concreta e imediata de êxito letal da vítima. É indispensável a prova pericial para a sua comprovação.
A região da lesão não justifica, por si só, a presunção do perigo. O perigo de vida precisa ser devidamente comprovado por perícia.
É crime necessariamente preterdoloso, já que o agente age com dolo de lesionar e, por culpa, provoca o perigo de morte da vítima.
No caso do agente assumir o risco da ocorrência do perigo de vida da vítima o crime existente é de homicídio tentado (art. 121 c/c art. 14, II, do CP).
Debilidade permanente de membro, sentido ou função (inciso III)
A debilidade permanente é o enfraquecimento, frouxidão, diminuição ou redução da capacidade funcional da vítima por prazo indeterminado.
Os membros são os apêndices do corpo humano, dividindo-se em superiores (braços, antebraços e mãos) e inferiores (pernas, coxas e pés). 
O sentido é a faculdade de percepção do mundo exterior por meio do olfato, paladar, tato, audição e visão.
Já a função consiste na atividade específica de cada órgão do corpo humano. 
Não se trata de perda da capacidade total de exercer aquela função, mas ela ficou diminuída ou enfraquecida. A pessoa não perde a função, tampouco fica incapaz de exercê-la.
Não importa que o enfraquecimento possa se atenuar ou se reduzir com aparelhos de prótese. A qualificadora persiste. 	 
Aceleração do parto (inciso IV)
A aceleração do parto ou parto prematuro ocorre quando o feto é expulso prematuramente do ventre materno, vindo, contudo, a sobreviver. 
É indispensável para a incidência dessa qualificadora que o agente saiba ou pudesse saber que a vítima estava grávida, a fim de se evitar responsabilidade penal objetiva. 
Caso o feto não sobreviva o agente responde por lesão corporal gravíssima qualificada pelo aborto (art. 129, § 2º, IV, do CP).
1.7.4 Lesão corporal gravíssima 
A lesão corporal gravíssima vem descrita no art. 129, § 2º, do CP. É também uma forma qualificada do crime de lesão corporal, com pena em abstrato de reclusão de 2 a 8 anos de reclusão.
Trata-se de crime de maior potencial ofensivo que não admite suspensão condicional do processo.
De acordo com o CP há duas espécies de lesão grave, aquela prevista no § 1º e aquela do § 2º. Para a doutrina, porém, o § 2º merecer melhor etiquetação, de modo que deve ser considerado caso de lesão corporal gravíssima (tendo em vista que a pena cominada a tal dispositivo é mais grave do que aquela prevista para o §1º).
O art. 1º, § 3º, da Lei nº 9.455/97 – Lei de Tortura, contudo, já faz a diferenciação entre os casos de lesão corporal grave e gravíssima.
Assim, os casos de lesão corporal gravíssima estão descritos nos incisos I a V do § 2º do art. 129 do CP: 
a) Incapacidade permanente para o trabalho (inciso I)
A incapacidade permanente para o trabalho é a incapacidade total, genérica ou absoluta para qualquer trabalho e por prazo indeterminado, e não para o trabalho anteriormente executado pela vítima.
O termo trabalho abrange o exercício de qualquer atividade lucrativa. 
b) Enfermidade Incurável (inciso II)
A enfermidade incurável é a doença que ainda não possui cura perante o estágio atual da medicina. 
A vítima não está obrigada a submeter-se a intervenção cirúrgica arriscada para curar-se, persistindo a qualificadora. 
c) Perda ou inutilização de membro, sentido, ou função (inciso III)
A perda ou ablação significa a amputação (existência de procedimento cirúrgico) ou mutilação (ausência de intervenção cirúrgica). Já a inutilização ocorre quando o membro, sentido ou função fica inapto para o uso, mesmo sem ter havido sua exclusão.
As seguintes regras podem ser delineadas para se diferenciar a lesão corporal grave de debilidade permanente de perda ou inutilização de membro, sentido ou função da lesão corporal gravíssima da perda ou inutilização de membro, sentido ou função:
1ª) Órgãos duplos: a perda de um órgão caracteriza lesão corporal grave, como a perda de um olho, ouvido, rim ou pulmão, pois o outro continua funcionando perfeitamente, o que caracteriza tão somente debilidade permanente da função, e não a perda da função.
2ª) Membros duplos: a perda de um membro caracteriza lesão corporal gravíssima, pois o CP dispõe “perda de membro” no singular e não no plural.
3ª) Perda de dedo: os dedos não são membros do corpo humano, integrando o membro mão ou pé. 
Em princípio, a perda de um dedo configura debilidade permanente, logo, lesão corporal grave. Pode ocorrer, todavia, que a prova pericial conclua pela perda da função, o que caracterizaria lesão corporal gravíssima.
4ª) Perda de dente: a prova pericial determinará se houve debilidade permanente da função mastigatória (lesão corporal grave) ou perda dessa função (lesão corporal gravíssima), ou mesmo nenhuma consequência danosa (lesão corporal leve).
5ª) Mutilação do pênis: configura lesão corporal gravíssima em razão da perda da função reprodutora.
d) Deformidade permanente (inciso IV)
É o dano estético de certa monta, permanente, visível e capaz de provocar impressão vexatória.
Registre-se que a vítima não está obrigada a realizar intervenção cirúrgica, contudo, se o fizer e os efeitos da deformidade desaparecem a qualificadora resta excluída.
e) Aborto (inciso V)
O aborto é a interrupção da gravidez com a conseqüente destruição do seu produto.
A lesão corporal é qualificada pelo aborto quando o agente age com dolo de lesionar e, por culpa, acaba provocando o aborto. Trata-se, pois, de crime preterdoloso.
No caso do agente agir com dolo de provocar o aborto responde pelos crimes de aborto dissentido (art. 125 do CP) e lesão corporal (art. 129 do CP), em concurso formal impróprio (art. 70, 2ª parte, do CP), ou aborto dissentido qualificado pela lesão corporal grave (art. 125 c/c art. 127 do CP), quando a lesão ocorre por culpa.
Visando evitar a responsabilidade penal objetiva é indispensável que o agente tenha conhecimento do estado de gravidez da vítima.
É possível, pois, traçar o seguinte quadro comparativo entre as lesões corporal grave e gravíssima: 
	
	Lesão Corporal Grave (§ 1º)
	Lesão Corporal Gravíssima (§ 2º)
	
	
	
	
	Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
	Incapacidade permanente para o trabalho
	
	Perigo de vida (preterdolo)
	Enfermidade incurável
	
	Debilidade permanente de membro, sentido ou função
	Perda ou inutilização de membro, sentido, ou função
	
	Aceleração do parto
	Aborto (preterdolo)
	
	__________________________
	Deformidade permanente
1.7.5 Lesão corporal seguida de morte 
A lesão corporal seguida de morte está tipificada no art. 129, § 3º, do CP. É também conhecida como homicídio preterdoloso ou preterintencional. 
A pena do crime lesão corporal seguida de morte é elevada para o patamar de 4 a 12 anos de reclusão.Ocorre quando o agente age com dolo de lesionar e, por culpa, acaba provocando o resultado morte. 
O caso fortuito ou a imprevisibilidade do resultado morte elimina a qualificadora, respondendo o agente somente pelas lesões. 
1.7.6. Lesão corporal com violência doméstica 
A Lei nº 10.886/04, ao introduzir os §§ 9º e 10 no art. 129 do CP, criou a figura qualificada da lesão corporal com violência doméstica.
A violência doméstica é caracterizada quando a lesão for praticada contra:
a) cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão;
b) com quem o agente conviva ou tenha convivido�; e
c) prevalecendo-se o agente de relações domésticas, coabitação ou hospitalidade.
Com o advento da Lei nº 11.340/06 - Lei Maria da Penha, a pena do art. 129, § 9º, do CP foi aumentada para 3 meses a 3 anos de detenção, caso não ocorra lesão corporal grave (art. 129, § 1º, do CP), gravíssima (art. 129, § 2º, do CP) ou seguida de morte (art. 129, § 3º, do CP). 
Caso exista combinação entre a violência doméstica e estas formas qualificadas, aplica-se a pena cominada no art. 129, §§ 1º, 2º ou 3º, com uma causa de aumento de 1/3.
Por fim, nos termos do art. 129, § 11º, do CP, se a vítima for portadora de deficiência a pena será aumentada de 1/3, somente se resultar lesão corporal leve com violência doméstica (art. 129, § 9º, do CP). 
A justificativa para a não incidência dessa causa de aumento para a lesão corporal grave, gravíssima ou seguida de morte com violência doméstica consiste na restrição existente no parágrafo único do art. 68 do CP, que limita a incidência de mais de uma causa de aumento de pena prevista na Parte Especial do CP. 
Assim, como a pena já é aumentada em 1/3 decorrente da violência doméstica prevista no art. 129, § 10, não é possível a aplicação da majorante do § 11 do art. 129.
1.7.7 Lesão corporal culposa (art. 121, §§ 6º a 8º)
Trata-se de infração de menor potencial ofensivo, admitindo todas as medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099/95 (composição civil como causa extintiva da punibilidade, transação penal e a suspensão condicional do processo). 
O crime culposo ocorre quando o agente dá causa ao resultado involuntário por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18, II, do CP).
É indispensável previsão legal expressa da culpa em razão de sua excepcionalidade (art. 18, parágrafo único, do CP). 
A lesão corporal culposa está prevista art. 129, § 6º, do CP, e no art. 303 do Código de Trânsito Brasileiro. Este é especial em relação à aquele no caso de lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor.
O art. 129, § 7º, do CP, dispõe que se aplica ao crime de lesão corporal culposa as hipóteses do § 4º do art. 121 do CP. Tratam-se das seguintes causas de aumento de pena:
I) Inobservância de regra técnica de arte, ofício e profissão
Referida majorante assemelha-se ao conceito de imperícia, contudo, distinguem-se em relação ao conhecimento ou não da regra técnica.
Na imperícia o agente não tem conhecimento da regra técnica (médico que não sabe como deve proceder ao realizar uma cirurgia cardíaca), enquanto que na causa de aumento de pena em questão o agente tem ciência da regra, mas age com negligência ou imprudência (médico que esquece o bisturi dentro do organismo da vítima).
II) Omissão de socorro
Como a omissão de socorro já constitui majorante da lesão corporal culposa o agente não responde também pelo crime de omissão de socorro (art. 135 do CP), de acordo com o princípio da subsidiariedade tácita. 
A causa de aumento não pode ser aplicada quando terceiro prestar socorro a esta. 
III) Agente não procura diminuir as consequências do seu ato
Ocorre, por exemplo, quando a vítima foi socorrida por terceiro.
IV) Agente foge para evitar prisão em flagrante
O dispositivo demonstra que nada impede prisão em flagrante em crime culposo.
O perdão judicial previsto no art. 129, § 8º, do CP, aplica-se, exclusivamente, ao crime de lesão corporal culposa quando as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
A justificativa é que o agente já foi punido naturalmente pela prática do crime, como, por exemplo, à ofensa à integridade corporal de um ente querido ou o próprio agente ficar paraplégico. Perde o Estado o interesse de impor a sanção penal.
Nada impede que o agente seja beneficiado quando lesionar culposamente o filho e o amigo do filho no mesmo acidente automobilístico, o que faz com que o perdão judicial tenha efeito extensivo.
O CP menciona que o juiz pode aplicar o perdão judicial, contudo, trata-se de um direito público subjetivo do réu. 
A natureza jurídica do perdão judicial é de causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX, do CP), restando intacto a existência do crime.
É cabível a incidência do perdão judicial também no crime de lesão corporal praticada na direção de veículo automotor, aplicando-se a norma geral do art. 129, § 8º, do CP, por força do art. 12 do CP.
Conforme a Súmula 18 do STJ “a sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”, inclusive, para fins de reincidência (art. 120 do CP).
O crime de lesão corporal culposa está sujeito à ação penal pública condicionada à representação da vítima (art. 88 da Lei 9.099/95). É infração penal de pequeno potencial ofensivo, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.099/95, e, portanto, está sujeito ao procedimento sumaríssimo.
Mencione-se que a gravidade da lesão (leve, grave, gravíssima) não interfere na caracterização da lesão corporal culposa. 
O juiz, contudo, leva em consideração tal fato na fixação da pena base ao avaliar a circunstância judicial “consequências do crime”, prevista no art. 59 do CP.
1.8. Observações 
1.8.1 Ablação de órgão genital
No caso da ablação de órgão genital não é possível cogitar do consentimento do ofendido como causa supralegal de excludente da ilicitude, haja vista que a lesão corporal não é leve.
Acerca do consentimento da pessoa para a realização da cirurgia de mudança de sexo há duas posições:
A posição majoritária é no sentido de que existe atipicidade material, na medida em que não se pode falar em lesão ao bem jurídico. Isso porque ao fim da cirurgia, a saúde mental do transexual estará muito melhor. 
1.8.2 Princípio da insignificância 
O princípio da insignificância é causa excludente da tipicidade material. Afirma Fernando Capez que “aplica-se o princípio da insignificância ao delito de lesão corporal sempre que a ofensa à integridade física ou à saúde da vítima for considerada mínima, inexpressiva, de modo que se mostre irrelevante para o Direito Penal. (...) Os tribunais superiores têm admitido a incidência do princípio da insignificância no delito de lesão corporal, em especial, quando produzidas equimoses de absoluta inexpressividade em acidente de trânsito.”�
1.8.3 Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340/06
A Lei nº 11.340/06 constitui um microssistema jurídico composto por 46 artigos que tem por finalidade criar mecanismos de defesa contra a violência doméstica e familiar que tem como vítima a mulher.
Por violência doméstica e familiar entende-se qualquer tipo de violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral conta a mulher, independentemente de sua idade, religião, orientação sexual, renda, raça ou cultura (art. 2º da Lei nº 11.340/06).
Ressaltam-se os principais aspectos penais e processuais penais da lei em estudo: 
I) Previsão da instituição dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 14);
II) Impossibilidade de incidência da Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais (art. 41)�;
III) Criação de medidas protetivas que obrigam o agressor - suspensão da posse do porte de armas, afastamento do lar, proibição de se aproximar da ofendida ou contato com a ofendida ou seus familiares, proibição de frequentardeterminados lugares, suspensão de visitas aos dependentes menores, prestação de alimentos provisionais etc (art. 22);
IV) Instituição de medidas protetivas de urgência à ofendida, como o encaminhamento à programa de proteção, determinação de recondução da ofendida ao domicílio e determinação de separação de corpos (art. 23);
V) Criação de circunstância agravante no art. 61, II, f, do CP - crime cometido com violência contra a mulher na forma da lei específica (art. 43);
VI) Impossibilidade de aplicação de penas de cesta básica ou de prestação pecuniária (art. 17) �; 
VII) Instituição de uma nova modalidade de prisão preventiva, consoante art. Art. 313, IV, do CPP - “se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;” (art. 42).
VIII) Aumento da pena da lesão corporal leve com violência doméstica que era de 6 meses a 1 ano para 3 meses a 3 anos, bem como inserção do § 11º ao art. 129 do CP (art. 44);
IX) Inova ao prever a retratação da representação na ação penal pública condicionada até o recebimento da denúncia, enquanto que o art. 102 do CP traz como limite temporal o oferecimento da denúncia (art. 16)�. 
A natureza da ação penal no crime de lesão corporal leve qualificada pela violência doméstica quando a vítima for mulher é pública incondicionada, tendo em vista que o art. 41 da Lei Maria da Penha afirma ser inaplicável a Lei nº 9.099/95, que dispõe em ser art. 88 ser a ação penal condicionada à representação da vítima no caso de lesão corporal leve.
	
1.8.4 Transmissão dolosa do HIV
De acordo com o STJ, havendo dolo de matar, caracteriza Homicídio Tentado (HC 93.78/RS, 6ª Turma).
Não havendo dolo de matar, o STF desclassificou a transmissão do vírus da AIDS para o crime do artigo 131 do CP (perigo de contágio de moléstia grave).
Veja-se que os julgados se complementam. Não se tem discordância do STF em relação à decisão do STJ. 
12. EXERCÍCIOS
EXAME OAB/SP/Nº 132
60. Pedro está conduzindo sua bicicleta em via pública. Em um
momento de distração, acaba por abalroar Alexandre, causando-
lhe lesões corporais. Diante do evento transcrito, é correto
afirmar que o crime de lesão corporal, eventualmente praticado
por Pedro, possui caráter 
a) doloso, e para que ele seja processado criminalmente, é
imprescindível o oferecimento de representação por parte
da vítima, Alexandre.
b) culposo, e para que ele seja processado criminalmente,
é imprescindível o oferecimento de representação por
parte da vítima, Alexandre.
c) culposo, e para que ele seja processado criminalmente,
é desnecessário o oferecimento de representação por parte
da vítima, Alexandre.
d) doloso, e para que ele seja processado criminalmente, é
desnecessário o oferecimento de representação por parte
da vítima, Alexandre.
EXAME OAB/SP/Nº 133
59. Ex-marido que, há seis anos não convive mais com sua ex-mulher, agride-a em sua residência quando vai visitar seus filhos, causando a perda da vista de seu olho esquerdo. O crime praticado é de lesão corporal de natureza 
a) gravíssima.
b) grave.
c) grave, com aumento especial de pena pela violência doméstica.
d) gravíssima, com aumento especial de pena pela violência doméstica.
EXAME OAB/SP 
Assinale a opção correta no que se refere aos casos de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
a) É possível a prisão preventiva no crime de ameaça, punido
com detenção, se resulta de violência contra a mulher no
âmbito familiar.
b) Para a concessão de medidas protetivas de urgência, é
necessária a audiência das partes.
c) Permite-se a aplicação, nos casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher, de penas de cesta básica.
d) Nas ações penais públicas condicionadas à representação da
ofendida, não será admitida renúncia à representação.
9. CRIMES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE (ARTS. 130 A 137)
9.1. PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – Art. 130
9.2. PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – Art. 131
9.3. PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – Art. 132
9.4. ABANDONO DE INCAPAZ – Art. 133
	- Mãe que abandona o filho recém-nascido na porta de alguém em virtude das dificuldades econômicas.
9.5. EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO – Art. 134
- Neste crime exige-se o elemento subjetivo do tipo especial, isto é, ocultar desonra própria, como, por exemplo, o filho que foi concebido fora do matrimônio.
9.6. OMISSÃO DE SOCORRO – Art. 135
	- Objeto jurídico: dever genérico de solidariedade humana
- Sujeito passivo: pessoa inválida ou ferida em situação de desamparo ou pessoa em grave e iminente perigo ou criança abandonada ou extraviada
- Crime omissivo próprio, logo, não cabe tentativa
- Crime de perigo concreto
- Princípio da especialidade: art. 304 do CTB	
EXAME OAB/SP 137 – JANEIRO/2009
	
50. Maria, ao encontrar, abandonado, na porta de sua
residência, um recém-nascido desconhecido, deixou de prestar-lhe
assistência, quando podia tê-lo feito sem risco pessoal. Além
da vontade de omitir-se e consciente da situação de perigo em
que a vítima se encontrava, Maria sequer pediu socorro à
autoridade pública.
Na situação hipotética apresentada, a conduta de Maria pode ser
tipificada como
A abandono de incapaz.
B exposição ou abandono de recém-nascido.
C omissão de socorro.
D maus-tratos.
9.7. MAUS-TRATOS – Art. 136
	- diferença com a tortura
� Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
� BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Especial. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 2, p. 192.
� Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não constitui crime. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
�	 O motivo é o antecedente psíquico da ação. É o que faz o agente adotar determinada conduta.
� Art. 168, § 2º, do CPP. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime.
� Art. 168. § 3º, do CPP.  A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
� Guilherme Nucci, contrapondo-se a interpretação literal do dispositivo, afirma que “resta interpretar que haverá a forma qualificada da lesão quando o agente voltar-se contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro com quem conviva ou tenha convivido. Não outras pessoas, mas somente essas enumeradas no tipo.”
� CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, v. 2, p. 198-199.
� Art. 41.  Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a � HYPERLINK "http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm"��Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995�.
� Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
� Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

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