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A Constituição de 1824 Esta Constituição consagrou o absolutismo monárquico, a religião católica como oficial e a subordinação da Igreja ao Estado, o voto censitário (pela renda) e não secreto (aberto). A centralização política em D. Pedro I ficou clara com a instituição de um quarto poder chamado de Moderador. Assim, além de exercer o Poder Executivo, o monarca podia “moderar” as atuações dos outros Poderes Legislativo e Judiciário. Diversos movimentos sociais contrários à Carta Constitucional outorgada e ao absolutismo de D. Pedro marcaram aquele período. Um deles foi a Confederação do Equador, que em julho de 1824 foi proclamada em Pernambuco e reuniu também as províncias do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O movimento revolucionário chegou a instituir uma República e intencionava abolir a escravidão. Contudo, foi violentamente reprimido e derrotado em pouco tempo pelas forças do governo imperial. Constituição de 1891 Com a proclamação da República em 1889, fez-se necessário uma reestruturação do Estado brasileiro. Em 1891 foi convocada uma Assembleia Constituinte que promulgou a nova Constituição. Foram adotadas as formas republicana, federativa e presidencialista, com eleição indireta pela Assembleia e extinção do Poder Moderador. O Estado tornou-se Laico, mas o voto continuou aberto, com a exclusão de analfabetos, religiosos monásticos, mulheres e mendigos. Assim, o coronelismo e a política dos governadores encontraram condições ideais até o fim da República Velha em 1930. Constituição de 1934 Em 1930, um processo revolucionário liderado por Getúlio Vargas colocou fim à República Velha e sua política do Café com Leite. A centralização no poder de Vargas provocou levantes sociais em São Paulo como o Movimento Constitucionalista de 1932. Apesar de derrotada, a revolução paulista serviu para pressionar o presidente que em 1933 convocou uma Assembleia Constituinte. Finalmente, no dia 16 de julho de 1934 foi promulgado o terceiro texto constitucional brasileiro. À luz da Constituição alemã de Weimar, ele consagrava o liberalismo político, o presidencialismo, a separação dos poderes, uma única eleição indireta para presidente e depois eleições diretas, a nacionalização de algumas empresas estrangeiras, o voto secreto e feminino e a incorporação de leis trabalhistas. Constituição de 1946 Em 1945, isolado no poder e pressionado pelas forças oposicionistas, Vargas é forçado a renunciar. Em 1946, foi promulgada a quinta Constituição brasileira, com princípios liberais controlados por valores tradicionais (modernização conservadora). Ela manteve o sistema presidencialista e o latifúndio rural. Restaurou o federalismo, o voto direto e secreto, bem como a divisão e a independência dos três Poderes. Obs.: por força do descontentamento dos militares na sucessão de Jânio Quadros por João Goulart, uma emenda constitucional instituiu o parlamentarismo como sistema de governo em 1961. Contudo, em 1962, através de plebiscito, os brasileiros optaram pela volta do presidencialismo. Constituição de 1967 e a Emenda de 1969 Após o golpe militar de 1964, uma Carta Constitucional foi outorgada em 1967. Ela foi formalmente aprovada pelo Congresso, mas este estava de fato mutilado pela Ditadura. O objetivo era atribuir legalidade ao regime, em que predominava a autocracia política. Este texto foi amplamente alterado por emenda em 1969, sendo esta considerada por alguns como uma verdadeira nova Carta Constitucional. Conforme já estudamos, durante a ditadura diversos movimentos sociais eclodiram e foram violentamente reprimidos pelas forças militares. Constituição de 1988 Ela retrata diversas acepções políticas e ideológicas em seu texto, buscando conciliar o interesse público e privado sob um aspecto humanístico. Ela representa o processo de redemocratização, que os movimentos sociais buscaram ao longo da história do Brasil. Entre outras medidas, a Constituição Cidadã: Promoveu uma Reforma Eleitoral, que afirmou o sufrágio universal (voto inclusive para analfabetos e para brasileiros a partir dos 16 anos de idade); consagrou o princípio da função social da propriedade, que serve de fundamento para luta por Reforma Agrária; instituiu o racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão; garantiu aos índios a posse de suas terras; assegurou novos direitos trabalhistas, como a redução da jornada semanal, seguro-desemprego, férias remuneradas acrescidas de 1/3 do salário, a extensão desses direitos trabalhistas a todos os trabalhadores urbanos e rurais, e a maioria deles aos trabalhadores domésticos. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB) A Constituição de 1988 se destaca como a mais ampla na promoção da cidadania, por isso ficou conhecida como a Constituição Cidadã. Ela espelha muito bem as tensões políticas do passado e do presente em uma ordem constitucional moderna e democrática, que instrumentaliza antigas e novas demandas sociais. A Função Social da Propriedade, os Projetos de Lei Por Iniciativa Popular e a Seguridade Social apresentam-se como fundamentos jurídicos constitucionais legítimos dos movimentos sociais contemporâneos. Assim, a partir da exaltação de valores e princípios modernos, a nossa atual Constituição da República expressa as principais conquistas históricas brasileiras e projeta o caminho luminoso de uma sociedade democrática, justa e fraterna. Preâmbulo: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.” Após intensos embates travados entre grupos de interesses e ideologias diferentes, a Assembleia Nacional Constituinte de 1988 conciliou princípios liberais e sociais. Ela exaltou a supremacia do interesse público, sem aniquilar o interesse privado. O resultado foi uma Constituição essencialmente moderna, mas que ainda carece de efetiva concretização. Nesse sentido, os princípios e valores constitucionais explícitos ou implícitos contidos nela servem como fundamento de diversas demandas. Vários movimentos sociais contemporâneos encontram legitimidade para suas lutas na Constituição. Por exemplo, os movimentos: negro, feminista, indígena, dos trabalhadores sem terra, pela liberdade religiosa, ambiental etc. Estes movimentos serão estudados na aula 9, mas vejamos agora alguns dos seus fundamentos constitucionais.
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