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Vejamos alguns desses princípios! Princípio da Cidadania: previsto no artigo 1º, I, este princípio aparece como fundamento do Estado brasileiro, que deve assegurar a toda população o status de cidadão (direitos e deveres). Todos os Movimentos Sociais encontram fundamento nos direitos de cidadania. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: previsto no artigo 1º, II, trata-se de um princípio extremamente valioso. Tem sido muito utilizado por movimentos sociais na defesa de direitos violados ou negados e sua aplicação é integrativa a outros princípios. Didaticamente pode ser dividido em três dimensões: direito à integridade física, à integridade psíquica e ao patrimônio mínimo. Direito à Integridade Física: corresponde ao direito do indivíduo de não sofrer violência sobre o seu corpo. Podemos citar como exemplo os Movimentos Sociais em Defesa dos Direitos Humanos contra a tortura e a violência policial em presídios e comunidades pobres. Direito à Integridade Psíquica: corresponde ao direito do indivíduo de não sofrer violência moral ou psíquica. Ex.: o Movimento Social Contra o Racismo. Direito ao Patrimônio Mínimo ou Mínimo Existencial: reconhece a necessidade de condições materiais mínimas para que a pessoa humana tenha uma existência digna. Ex.: Movimento dos Sem-Teto reivindicando o direito à moradia. Outros fundamentos constitucionais deste princípio relacionados aos Movimentos Sociais dos Direitos Humanos: Art. 5º, o III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; o XLIX – “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;” o XLII – “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”; o XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. Princípio Democrático: o Parágrafo único do art. 1º da CRFB/88 afirma: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente (...)”. Trata-se de um valor fundamental, que consagra a democracia como razão de ser do Estado brasileiro. Podemos citar como exemplo, o Movimento Fora Collor, que exigiu o impeachment do presidente de Fernando Collor de Mello em 1992. Assim, de acordo com este princípio, o mesmo povo que elege tem o poder de destituir seus representantes. Esta possibilidade é chamada pelo filósofo iluminista John Locke de direito de resistência do povo contra o abuso de poder do governante (tirania). Vale lembrar que o direito de resistência também legitima muitos movimentos sociais contra as diversas formas de opressão praticadas por ação ou omissão do Estado. Ex.: ditaduras militares ou negativas de aplicação de direitos de cidadania. A democracia pode assim ser compreendida em dois aspectos fundamentais: a democracia representativa e a democracia participativa. Democracia Representativa ou Indireta: corresponde ao modelo liberal-burguês de democracia, em que o povo escolhe representantes para exercer o poder político. Ex.: eleições diretas. Democracia Participativa ou Direta: possui uma essência social, pois afirma que o próprio povo deve exercer o poder político diretamente. Ex.: Movimentos Sociais Contra a Globalização Neoliberal reivindicando Plebiscitos ou para elaboração de Projetos de Lei por Iniciativa Popular (art. 14, I e III e da CRFB/88). Outro fundamento constitucional importante é o Art. 14., que declara: “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular;” Princípio da Isonomia: o artigo 5º, caput, afirma que “Todos são iguais perante a lei (...)”. O seu inciso I confirma que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações (...)”. Trata-se de consagrar o direito à igualdade. Esta, por sua vez, pode ser considerada em duas dimensões: formal e substancial. Igualdade Formal: é aquela formalmente reconhecida pela lei, mas que muitas vezes não é assegurada na realidade concreta das relações sociais. Por exemplo, o Movimento Social Contra Homofobia alega que a igualdade geral prevista no ordenamento jurídico não é reconhecida aos homoafetivos como no caso da união civil. Igualdade Substancial ou Material: é aquela garantida nas situações fáticas da vida, em que se reconhece a desigualdade para compensá-la. Neste aspecto, o princípio da isonomia constitucional consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais a fim de se atingir a verdadeira igualdade. Como exemplos, podemos citar as demandas dos Movimentos Negro, Feminista e outros por políticas afirmativas ou por leis específicas para certas categorias sociais, como a Lei Maria da Penha, os Estatutos do Idoso e da Criança e do Adolescente, etc. Outros fundamentos constitucionais relacionados: Os Direitos Sociais previstos no Art. 6º. “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. A Assistência Social prevista no Art. 203. “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê- la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” Princípio da Liberdade Religiosa: trata-se de mais um exemplo de um Direito Constitucional Fundamental, previsto expressamente no artigo 5º, VI e VII: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e (...) a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;” e que “ ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa (...); Ex.: Movimentos em Defesa da Liberdade Religiosa. Princípio da Função Social da Propriedade: este princípio dialoga diretamente com o princípio liberal da propriedade privada, previsto no art. 5º, XXII: “é garantido o direito de propriedade”. Contudo, o inciso seguinte (XXIII), do mesmo art. 5º, consagra um valor socialista ao estabelecer uma condição ao exercício do direito de propriedade: “a propriedade atenderá a sua função social”. Assim, o sistema constitucional busca a harmonia entre o interesse privado e o interesse público, relativizando o primeiro em favor do segundo. O melhor exemplo de Movimento Social neste caso é o Movimento dos Sem-Terra em defesa da Reforma Agrária. Princípio do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado: trata-se de um valor contemporâneo, que se integra ao princípio do desenvolvimento sustentável em contraposição à tese de máximo desenvolvimento econômico. A questão ambiental transcende a clássica dicotomia da luta de classes e encontra fundamento no interesse difuso e transgeracional, que iremosestudar posteriormente. Ex.: os Movimentos Ambientalistas são a melhor expressão dos Novos Movimentos Sociais. O principal fundamento constitucional deste princípio é o Art. 225 da CRFB/88, “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
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