Buscar

A Carta Internacional dos Direitos Humanos pdf2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 45 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Karen Rodrigues
	A Carta Internacional dos Direitos Humanos
	A Organização das Nações Unidas
	A era nuclear.
	Sistemas de Proteção Internacional
	O sistema interamericano de Proteção de Direitos Humanos
	Declarações e Convenções sobre Direitos Humanos
	O Direito Internacional dos Refugiados
 A Organização das Nações Unidas (ONU) nasceu após a II Guerra Mundial, em 1945, com o objetivo de promover a paz e a cooperação internacionais.
 Nas últimas décadas também se empenhou na implementação de projetos de desenvolvimento em países necessitados.
 A expressão «Nações Unidas» surgiu ainda durante a II Guerra Mundial para identificar os países aliados que lutavam contra as potências do Eixo.
 Após o conflito, seria adotada para designar o novo organismo que tem como principal objetivo manter a paz e a cooperação entre as nações.
 O estabelecimento de um sistema internacional de proteção aos direitos humanos sempre constituiu um dos objetivos das Nações Unidas, conforme o propósito de “promover e estimular o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais de todos, sem distinção por motivos de raça, sexo, idioma ou religião”, consagrado no Artigo 1º, parágrafo 3º, da Carta de São Francisco.
 Foi, também, e tem sido ainda, uma de suas tarefas mais difíceis, dada a necessidade de conciliar tal propósito com o princípio da não-ingerência em assuntos internos dos Estados, estipulado no Artigo 2º, parágrafo 7º.
 O sistema de proteção das Nações Unidas aos direitos humanos compõe-se, como qualquer outro, de instrumentos normativos e de mecanismos de implementação.
 Em função da diversidade de culturas, ideologias e formas de organização socioeconômica representadas no seio da Organização, assim como dos embates políticos da comunidade internacional, e, sobretudo, das alianças e antagonismos estratégicos do período da Guerra Fria, a construção de cada um de seus elementos realizou-se sempre em meio a grandes dificuldades, a exigirem flexibilidade e acomodações.
 Tende por isso a decepcionar os maximalistas, que geralmente desconhecem as complexidades das relações internacionais, ainda caracterizadas por interações de interesse e poder.
 Conta ele hoje, ainda assim, com um instrumental respeitável, que, muitas vezes serviu de modelo ou inspiração para sistemas mais homogêneos, nacionais e regionais.
	O	marco	normativo	fundamental	é	a	Declaração
Universal dos Direitos Humanos, de 1948.
 Em seus 30 artigos, a Declaração fixou, pela primeira vez em nível internacional, os direitos humanos até então constantes de declarações e outros instrumentos existentes apenas nas esferas nacionais.
 Desde a proclamação da Declaração Universal, em 1948, até o presente, as Nações Unidas adotaram mais de 60 declarações ou convenções sobre direitos humanos, algumas sobre novos direitos, como a Declaração do Direito ao Desenvolvimento, de 1986, outras relativas a determinados tipos de violações, outras ainda para tratar dos direitos de grupos vulneráveis, de minorias e da mulher.
 Não dispondo a ONU de poder de coerção - salvo para os casos previstos no Capítulo VII de sua Carta, atinentes a ameaças à paz e à segurança internacionais, de competência do Conselho de Segurança - suas decisões na esfera dos direitos humanos têm relevância pelo conteúdo ético.
 O sistema de proteção das Nações Unidas aos direitos humanos nos moldes existentes saiu fortalecido da Conferência de Viena de 1993, de diversas formas.
 A Conferência de Viena não estabeleceu uma jurisdição supranacional para os direitos humanos, nem formulou recomendações intervencionistas.
 Conseguiu, sim, um trunfo conceitual, com repercussões normativas, extraordinário, que independe da Assembleia Geral da ONU: a reafirmação da universalidade dos direitos humanos acima de quaisquer particularismos.
 Quanto aos órgãos da ONU e sua relação com a proteção aos Direitos Humanos, é possível citar a atuação do Conselho de Segurança, cujo poder consiste em resolver questão mediante a aprovação do uso da força não-violenta contra alguma Estado, quando necessário, além de possíveis medidas preventivas.
 É composto por 15 membros (são permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – só estes têm o poder de veto; os outros 10 permanentes são eleitos periodicamente e permanecem em tal posto por 2 anos) e é necessário o mínimo de 9 votos.
	É válido ressaltar que os Estados que não são membro podem participar
das audiências e reuniões, mas não cabe a eles votar.
 Outro órgão de suma importância é a Corte Internacional de Justiça, a mais alta das cortes internacionais, que compreende o ramo judicial da ONU, instituído em 1945 pela Carta das Nações Unidas, cuja sede encontra-se em Haia, Holanda.
 A jurisdição se estende aos conflitos internacionais, exceto os conflitos políticos, a todos os Estados membros da ONU e tem por objetivo emitir pareceres sobre temas concretos, julgar casos e clarificar normas legais internacionais.
 A Carta Internacional dos Direitos Humanos é constituída por 3 documentos, quais sejam:
A Declaração Universal dos Direitos do Homem,
O	Pacto	Internacional	sobre	os	Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e,
O	Pacto	Internacional	sobre	os	Direitos	Civis	e Políticos e seu Protocolo Facultativo.
 A Declaração Univeral dos Direitos Humanos, de 1948, é uma recomendação que a Assembléia Geral das Nações Unidas faz aos seus membros e trouxe três princípios fundamentais, são eles: liberdade, igualdade e fraternidade.
 O princípio da liberdade é inerente à condição humana e diz respeito ao tratamento e consideração dignas de uma pessoa em relação à outra, a uma classe social ou a um povo, por exemplo, sob o fundamento de qualquer que seja diferença, esta não justifica um tratamento diferenciado, uma inferiorização do próximo; o princípio em questão está presente no artigo 2º da referida declaração.
 Quanto ao princípio da igualdade, este trata do âmbito político tanto quanto do individual, que são complementares e independentes, ou seja, para a sua plenitude, é necessário a coexistência dos mesmos.
 Já sobre a fraternidade, esta busca proteger os grupos sociais mais fracos ou necessitados através do asseguramento de direitos como a seguridade social, questões referentes ao trabalho (proteção ao desemprego, contrato, remuneração por igual, salário mínimo), a educação (ensino elementar obrigatório e gratuito, igualdade de acesso ao ensino superior).
 Em 1966 foi adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, reconhecendo através do mesmo direitos como: à vida; a não ser submetido à tortura; a não ser submetido à escravidão; o direito à liberdade; a garantias processuais; à liberdade de movimento; à liberdade de pensamento; à liberdade de religião; à liberdade de associação; à igualdade política e à igualdade perante a lei.
 No mesmo ano, outro tão importante quanto, cujos direitos nele apresentados são complementares ao pacto anterior no que tange à garantia da dignidade humana, foi adotado,
o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, com o qual direitos como o trabalho, a liberdade de associação sindical, a previdência social, a alimentação, à moradia, saúde física e mental, à educação, a participação na vida cultural e no progresso científico, foram consolidados.
 Os direitos elencados no primeiro pacto são tradicionalmente ligados à liberdade, enquanto o segundo, à igualdade.
 Contudo, essa dicotomia perdeu o valor quando reconheceu-se que um depende do outro para existir, ou seja, num contexto autoritário, privado de liberdade, não é possível lutar pela igualdade referenteà questão da fome, sem que haja a liberdade política esperada.
	A	ONU	e	a	era	nuclear	nasceram	quase
simultaneamente.
 O horror da Segunda Guerra Mundial, que culminou com as explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki, trouxe à tona a necessidade de abordar a questão nuclear.
 Através de sua primeira resolução, a Assembleia Geral estabeleceu a Comissão de Energia Atômica das Nações Unidas para lidar com os problemas que surgiram pela descoberta da energia atômica.
 E um discurso histórico feito pelo Presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower em 1953, chamado “Átomos para a Paz”, levou ao estabelecimento, em 1957, da Agência Internacional de Energia Atômica .
	Hoje,	439	reatores	de	energia	nuclear	produzem,
aproximadamente, 16% da eletricidade mundial.
 Em nove países, mais de 40% da energia provem da energia nuclear.
 A AIEA, uma organização internacional da família da ONU, promove o uso seguro e pacífico da energia atômica e ajuda a assegurar o uso da tecnologia nuclear para o desenvolvimento sustentável.
 Sob o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, de 1968, a AIEA conduz inspeções nos locais para garantir que os materiais nucleares sejam utilizados apenas para fins pacíficos.
 Antes da guerra no Iraque, em 2003, seus inspetores desempenhavam um papel fundamental para detectar e eliminar os programas e capacidades de armas proibidas do Iraque.
 Em 2005, a Agência e seu Diretor Geral, Mohamed ElBaradei, receberam o Prêmio Nobel da Paz “por seus esforços para prevenir o uso para fins militares da energia nuclear e para assegurar que o uso desta energia para fins pacíficos seja feito da forma mais segura possível”.
 A Conferência da ONU sobre o Desarmamento, único fórum multilateral de negociações sobre o assunto, produziu o Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares, adotado em 1996.
	O	Escritório	para	Assuntos	de	Desarmamento	promove	o
desarmamento e a não-proliferação nuclear.
 O Comitê para o Uso Pacífico do Espaço Sideral produziu, em 1992, os Princípios Relativos ao Uso de Fontes de Energia Nuclear no Espaço Sideral.
	O	Comitê	Científico	das	Nações	Unidas	sobre	os
Efeitos da Radiação Atômica produz relatórios sobre os níveis e os efeitos da exposição às radiações ionizantes, fornecendo base científica aos padrões de proteção e segurança mundiais.
 Enfrentando o perigo do terrorismo nuclear, a ONU também produziu a Convenção sobre a Proteção Física de Materiais Nucleares (Viena, 1980), e a Convenção Internacional para a Supressão de Atos de Terrorismo Nuclear (2005).
 Desde a aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, foram desenvolvidos sistemas de proteção a tais direitos, especialmente internacionais.
 Por isso, já em 2010, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais contava com 160 Estados-artes; o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos contava com 165 Estados- partes; a Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial, com 173 Estados-partes; a Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, com 186; e a Convenção sobre os Direitos da Criança, com 193.
 “Formou-se, então, um sistema global de proteção dos direitos humanos, no âmbito das Nações Unidas. Esse sistema normativo, por sua vez, é integrado por instrumentos de alcance geral (como os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966) e por instrumentos de alcance específico, como as Convenções Internacionais que buscam responder a determinadas violações de direitos humanos, como a tortura, a discriminação racial, a discriminação contra as mulheres, a violação dos direitos das crianças, dentre outras formas de violação” (Flávia Piovesan, Temas de Direitos Humanos, pp. 48/49).
 Portanto, o sistema global ora é geral (com abstração e generalidade, isto é, para todos sem distinção), ora é especial (relacionado ao sujeito do direito e especificidade e concreticidade, como criança, mulheres etc.), ambos complementares entre si, para integração, sempre na perspectiva de maior proteção possível dos direitos humanos.
 Veja, então, que os sistemas mundiais de proteção aos direitos humanos são: global (considerando a universalidade territorial); regional (para determinadas regiões, em especial Europa, América e África); geral (considerando que atinge todos os seres humanos, indistintamente); especial (destinados para determinadas categorias de pessoas, normalmente minoritárias, como deficientes, mulheres, crianças).
 Como lembra Piovesan, o Brasil começou a ser relacionar efetivamente com tais sistemas após o início da redemocratização, em 1985.
 O marco inicial deste processo de relacionamento se deu com a ratificação, em 1989, da Convenção contra Tortura e outros Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, iniciando inúmeros instrumentos internacionais.
	Instrumentos internacionais dos quais o Brasil é signatário:
 a) Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 20.07.1989 (aprovada pelo CN via Decreto Legislativo 05, de 31.05.1989 e promulgado pelo Presidente pelo Decreto 98.386, de 09.12.1989);
	b)	Convenção	contra	a	Tortura	e	Outros	Tratamentos	Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 24.09.1989;
	c) Convenção sobre os Direitos da Criança, de 24.09.1990;
	d) pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 24.01.1992;
	e)	pacto	Internacional	dos	Direitos	Econômicos,	Sociais	e
Culturais, de 24.01.1992;
	f) Convenção Americana de Direitos Humanos, em 25.09.1992;
	g) Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher, em 27.11.1995;
	h) Protocolo à Convenção Americana referente à Abolição da Pena de Mote, em
13.08.1996;
	i) Protocolo à Convenção Americana referente aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Protocolo de San Salvador), em 21 de agosto de 1996;
	j) Convenção Interamericana para Eliminação de todas as formas de Discriminação
contra Pessoas Portadoras de Deficiência, em 15.08.2001;
	k) Estatuto de Roma (TPI), de 20.06.2002;
	l)	Protocolo	Facultativo	à	Convenção	sobre	eliminação	de	todas	as	formas	de
Discriminação contra a Mulher, em 29.06.2002;
	m)	Protocolo	Facultativo	à	Convenção	sobre	os	Direitos	da	Criança	sobre	o Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, de 27.01.2004;
	n) Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura, de 11.01.2007;
	p) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, de 01.08.2008;
	q) Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e segundo
Protocolo visando Abolição da penal de Morte, em 25.09.2009.
 Em 2009, como visto, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi aprovada, inclusive na forma do art. 5º, §3º, da CF (aprovado pelo Congresso pelo Decreto Legislativo 186, de 09.07.2008 e promulgado pelo Presidente pelo Decreto 6.949, de 25.08.2009).
	A mesma Piovesan elenca inúmeros direitos que, embora não previstos
no âmbito nacional, encontram-se enunciados em tratados internacionais:
 a) direito de toda pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e sua família, inclusive à alimentação, vestimenta e moradia, nos termos do art. 11 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;
 b) proibição de qualquer propaganda em favor da guerra e proibição de qualquer apologia ao ódio nacional, racial ou religioso, que constitua incitamento à discriminação, á hostilidade ou á violência, em conformidade com o art. 20 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e art. 13 da Convenção Americana;
 c) direito das minorias étnicas, religiosas ou linguísticas de ter sua própria vida cultural, professar e praticarsua própria religião e usar sua própria língua, nos termos do art. 27 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e art. 30 da Convenção sobre os Direitos da Criança;
	d) proibição do restabelecimento da pena de morte nos Estados que a
hajam abolido, de acordo com o art. 4º a Convenção Americana;
 e) Possibilidade de adoção pelos Estados de medidas, no âmbito social, econômico e cultural, que assegurem a adequada proteção de certos grupos raciais, no sentido de que a eles seja garantido o pleno exercício dos direitos humanos e liberdades fundamentais, em conformidade com o art. 1º da Convenção sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial;
 f) possibilidade de adoção pelos Estados de medias temporárias e especiais que objetivem acelerar a igualdade de fato entre homens e mulheres, nos termos do art. 4º da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a mulher;
	g) vedação da utilização de meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de
ideias e opiniões, nos termos do art. 13 da Convenção Americana;
	h) direito ao duplo grau de jurisdição como garantia judicial mínima, nos termo dos arts.
8, h, e 25, §1º, da Convenção Americana;
	i) direito de o acusado ser ouvido, nos temo do art. 8º, §1º, da Convenção Americana;
 j) direito de toda pessoa detida ou retida de ser julgada em prazo razoável ou ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo, nos termos do art. 7 da Convenção Americana;
 k) proibição da extradição ou expulsão de pessoa a outro Estado quando houver fundadas razoes que poderá ser submetida à tortura ou a outro tratamento cruel, desumano ou degradante, nos termos do art. 3º da Convenção contra a Tortura e do art. 22, VIII, da Convenção Americana.
	Outro aspecto destacado pela autora citada, diz respeito ao preenchimento de lacunas
internas pelos tratados internacionais, cuja transcrição segue:
 “O Direito Internacional dos Direitos Humanos ainda permite, em determinadas hipóteses, o preenchimento de lacunas apresentadas pelo Direito brasileiro. A título de exemplo, merece destaque decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal acerca da existência jurídica do crime de tortura contra criança e adolescente, no HC 70.389-5 (São Paulo, Tribunal Pleno, 23-6-1994, rel. Min. Disney Sanches, relator para o acórdão Min. Celso de Mello),. Neste caso, o Supremo Tribunal Federal enfocou a norma constante do Estatuto da Criança e do Adolescente que estabelece como crime a prática de tortura contra criança e adolescente (art. 233 do Estatuto). A polêmica se instaurou dado o fato de essa norma consagra um ‘tipo penal aberto’, passível de complementação no que se refere à definição dos diversos meios de execução do delito de tortura. Nesse sentido, entendeu o Supremo Tribunal Federal que os instrumentos internacionais de direitos humanos – em particular, a Convenção de Nova York sobre os Direitos da Criança (1990), a Convenção contra a Tortura adotada pela Assembleia Geral da ONU (1984), a Convenção Interamericana contra a Tortura, concluída em Cartagena (1985), e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), formada no âmbito do OEA (1969) – permitem a integração da norma penal em aberto, a partir do reforço do universo conceitual relativo ao termo ‘tortura’. Note-se que apenas em 07 de abril de 1997 foi editada a Lei 9.455, que define o crime de tortura.
 Com esta decisão claramente demonstra, os instrumentos internacionais de direitos humanos podem integrar e complementar dispositivos normativos do Direito brasileiro, permitindo o reforço de direitos nacionalmente previstos – no caso, o direito de não ser submetido à tortura. “
 Compreender este sistema regional é importante para compreensão do próprio ordenamento jurídico internacional, neste tema, e das possibilidades reais de proteção dos direitos humanos.
 A existência deste sistema regional parte do reconhecimento de que há uma desigualdade social de consolidação da própria democracia nos Estados da região, em especial pelas várias ditaduras que se instalaram na América do Sul nas décadas de 70 e 80 nestes países, com execuções, desaparecimentos, perseguições, prisões sem fundamento e torturas.
 Neste contexto, a Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969 (Pacto de São José da Costa Rica), trouxe grandes conquistas para a região, na defesa dos direitos humanos, entrando em vigor em 1978, após alcançar o mínimo de 11 ratificações.
 Como se verá á frente, assegura direitos civis e políticos, mesmo priorizando os chamados direitos fundamentais de 1ª geração (vida, não escravidão, personalidade etc.), tanto é verdade que somente em 1988 houve aprovação do protocolo adicional, de San Salvador, para incluir os direitos sociais, culturais e econômicos, omitidos originariamente.
 Além de prever os direitos humanos, a Convenção Americana estabeleceu um aparado de monitoramento, como é o caso da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que fiscaliza seus signatários, composta por 07 membros, eleitos pela Assembleia Geral depois de encaminhamento de listas pelos Estados, para mandatos de 04 anos, com apenas uma reeleição, mas precisam ser nacionais de qualquer Estado da OEA e ainda possuírem alta idoneidade moral e reconhecido saber em matéria de direitos humanos (cada Estado pode propor até 03 nomes, e se assim o fizer, deve constar na lista pelo menos um nome que não seja seu nacional).
 A principal missão é fazer recomendações aos governos, a respeito da proteção de direitos humanos, mas também divulga estudos e relatórios, busca informações aos Estados mediante solicitação e submete, anualmente, um relatório à Assembleia Geral da OEA, já que deve estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América.
 Importante atribuição da Comissão está no recebimento de denúncias encaminhadas por indivíduos, grupos de indivíduos ou organizações não governamentais, mas a Comissão exige que, antes da denúncia ser conhecida, tenha se esgotado no âmbito interno todas as possibilidades de recurso ou, pelo menos, que haja uma infundada demora no andamento do processo, sem esquecer que a denúncia não terá andamento se houver uma litispendência internacional (isto é, quando o mesmo caso esteja sendo analisado por alguma instância internacional de proteção dos direitos humanos).
 A Comissão tem autoridade na medida em que os Estados, ao assinarem a Convenção, reconhecem as competências da Comissão e se compromete em auxiliá-la.
	Importante	regulação	da	Convenção	se	dá	no	âmbito	da	Corte
Interamericana.
	É que, se o caso não for resolvido no âmbito administrativo, depois da
atuação da Comissão, haverá uma litigiosidade naquela Corte.
 Não havendo possibilidade de acordo entre o requerente e o Estado, no âmbito da Comissão, esta dará o prazo de 03 meses para solução do caso, de modo que, diferentemente das Cortes Europeias de Direitos Humanos, o indivíduo não tem o direito de acessar diretamente a Corte Interamericana, porque necessariamente deve passar pela Comissão, que tem a missão de iniciar o processo (início do processo na Corte pela Comissão ou pelo Estado-parte envolvido).
 A Corte, então, é o órgão jurisdicional do sistema regional, composta por 7 (sete) juízes eleitos pelos Estados partes da Convenção, pelo período de 6 (seis) anos, com uma única reeleição, nacionais de países membros da OEA19, com quórum sempre constituído no mínimo por 5 (cinco) juízes e participação da Comissão em todos os casos.
 Tanto os juízes da Corte quanto os membros da Comissão terão imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos desde o momento da eleição e enquanto durar o mandato, além de possuírem ampla proteção quantoaos votos e opiniões emitidos no exercício de suas funções (não pode haver responsabilidade dos mesmos), e perceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas condições que determinarem os seus estatutos, “levando em conta a importância e a independência de suas funções” (art. 72 da Convenção).
 Corte tem competência consultiva e contenciosa: a consultiva diz respeito à interpretação das disposições da Convenção Americana e contenciosa diz respeito à solução de conflitos acerca da interpretação da Convenção.
 Interessante anotar que qualquer membro da OEA, mesmo não sendo signatário da Convenção Americana, pode pedir à Corte pareceres consultivos em relação à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos e, neste caso, pode emitir opiniões sobre a compatibilidade entre a legislação interna do Estado com os instrumentos internacionais, nos termos do art. 64-2 ( “controle de convencionalidade das leis”).
 No entanto, a função contenciosa da Corte Interamericana não recai sobre países que não fazem parte da Convenção: sua competência contenciosa, então, se limita aos Estados- partes que reconheçam a sua jurisdição.
 A Corte não substitui os tribunais interno dos países, e nem serve de instância recursal: sua missão é conferir conformidade das obrigações internacionais dos Estados signatários, em matéria de direitos humanos, muito embora sua decisão tenha caráter vinculante e de cumprimento imediato por todos eles.
 O Brasil passou a ter atuação efetiva no sistema interamericano de direitos humanos a partir de 10 de dezembro 1998, ano do cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, quando reconheceu a jurisdição obrigatória da Corte Interamericana.
 O termo minoria refere-se aos grupos humanos ou sociais que estejam em inferioridade numérica, ou ainda estejam subordinados política, social, cultural ou economicamente em relação a outro grupo, que é majoritário ou dominante em determinadas sociedades. A minoria, então, pode ser étnica, física ou psíquica, religiosa, linguística, de gênero ou de idade.
 A história da humanidade revela que as minorias foram as principais vítimas de perseguições, desrespeito aos direitos básicos e, portanto, com grande perigo de que os direitos humanos sofram atentados significativos em relação a tais grupos.
 Como se vê dos tratados internacionais, há uma preocupação maior com as mulheres, idosos, deficientes, presos, crianças que, ora são mais vulneráveis, ora são minorias.
 O próprio conceito de Democracia, hoje em dia, está envolvido na proteção das minorias (se antes Democracia significava apenas a preponderância da vontade da maioria, hoje não se pode aceitar que um regime político é democrático se não põe a salvo o direito das minorias, justamente porque a história produziu a preocupação mundial de massacre de minorias pelas maiorias).
 Este o motivo dos tratados internacionais citados, que tentam manter direitos básicos para as minorias dos Estados, de proteção à mulher, à criança, ao deficiente, em especial a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, aprovado pelo Decreto Legislativo 23, de 21.06.1967, e promulgado internamente pelo Decreto 65.810, de 08 de dezembro de 1969.
 Internamente, também os Estados se preocupam com as minorias, e isto é um respeito ao espírito dos direitos humanos. O Brasil, por exemplo, é pródigo na proteção das minorias, especialmente no âmbito normativo.
	Existem inúmeros normativos brasileiros no sentido de tutelar as minorias, dentre eles:
Lei de tutela de portadores de deficiência.
Tutela de Idosos.
Proteção a vítima e testemunha ameaçada.
Estatuto da Igualdade Racial.
 Em época de eclosão de migrações de pessoas vindas de vários lugares do mundo, necessário se faz analisar os Direitos Humanos dos refugiados.
 Refugiado é todo indivíduo que, ameaçado e perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, precisam deixar seu local de origem ou residência habitual para encontrarem abrigo e morada em outros países do Globo.
 Cumpre aqui destacar as diferenças existentes entre os institutos do asilo e do refúgio, pois o asilo remonta ao final do Século XIX, ao passo que o refúgio foi tutelado somente após o final da I Guerra Mundial, ou seja, no Século XX.
 Ainda, o asilo, tanto o territorial quanto o diplomático, encontra-se ligado apenas ao fato de existir, em si, perseguição política que enseje o direito de proteção a algum indivíduo e é praticado, sobretudo, em perspectiva regional, no âmbito latino-americano.
 O direito de refúgio, por sua vez, é assegurado universalmente e aplicado, então, em âmbito universal, a partir de cinco motivos geradores do bem fundado temor de perseguição, seu elemento essencial, quais sejam: raça, religião, opinião política, pertencimento a um determinado grupo social e nacionalidade precípua de proteção da pessoa humana em toda e qualquer circunstância, tendo-a, consequentemente, como destinatário final de suas normas processuais e substantivas, são considerados vertentes complementares e convergentes do DIP.
 “DIR - Direito Internacional dos Refugiados é o eixo que detém a finalidade precípua de, no cenário internacional, proteger os indivíduos que por motivos de raça, nacionalidade, opinião política, religião ou pertencimento a determinado grupo social, foram forçados a abandonar seus lares para irem viver em uma região do globo que não a sua de costume ou origem”.
 Na mesma linha do Direito Internacional dos Direitos Humanos, o Direito Internacional dos Refugiados tem como objetivo principal a proteção do ser humano.
 Neste, a proteção ocorre em casos específicos, ou seja, “... o DIR age na proteção do refugiado, desde a saída do seu local de residência, trânsito de um país a outro, concessão do refúgio no país de acolhimento e seu eventual término”.
 Insta referir que o Direito Internacional dos Refugiados é anterior a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do próprio Direito Internacional dos Direitos Humanos, eis que remonta ao de 1921 com a criação do Alto Comissariado para os refugiados Russos, o qual foi seguido de outros organismos e comitês com objetivo de proteção aos refugiados.
 Mas foi no período pós Segunda Guerra Mundial que o mesmo se fortaleceu, juntamente com a Declaração dos Direitos do Homem e da internacionalização dos Direitos Humanos.
 Cabe assinalar que foi em meados do mês de julho de 1951 que foi aprovado, pela Conferência das Nações Unidas, o Estatuto dos Refugiados e Apátridas, ao qual o Brasil aderiu e que entretanto definiu o termo "refugiado" de forma limitada temporal e geograficamente.
 Frente à limitação temporal e geográfica da Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados – CRER, de 1951; em 1967 foi aprovado o Protocolo Relativo ao Estatuto dos Refugiados - PRER o qual suprimiu a limitação antes referida quanto a questão temporal, ficando facultativo a cada Estado-Parte regulamentar as limitações ou não.
 Com o objetivo de regulamentar sua adesão ao Estatuto dos Refugiados, na data de 28 de janeiro de 1961, o Brasil promulgou o Decreto 50.215, por meio do qual foi dado ciência aos brasileiros de todos os termos do Tratado que o Brasil era signatário.
 A adesão do Brasil foi efetuada, mas com reservas geográfica e temporal, além de limitações dos direitos de associação e de labor remunerado.
	Foi em 1972 que, de fato, o Brasil aderiu ao Estatuto dos
Refugiados, quando foi derrubada a reserva temporal.
 Na sequencia, em 1989 e 1990, por meio de Decretos Presidenciais, forma derrubadasas restrições da reserva geográfica e de limitações dos direitos de associação e de labor remunerado.
 Posteriormente foi promulgada a Lei n. 9.474, de 22.7.1997, a qual constitui em verdadeiro Estatuto pessoal do refugiado no Brasil.
 A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados traz em seu bojo os direitos e deveres dos refugiados, sendo que dentre estes o dever em respeitar as leis do país de acolhida.
 Quanto aos direitos, os signatários assumem o compromisso, conforme teor do art. 3º, de aplicar as disposições da Convenção aos refugiados “sem discriminação quanto à raça, à religião ou ao país de origem”.
 Aplica-se ainda o mesmo tratamento dispensado ao estrangeiro, ou ao nacional quanto às regras trabalhistas e previdenciárias.
Conceitue a ONU e explique sua finalidade.
Indique	a	Composição	da	Carta	Internacional de Direitos Humanos.
Discorra sobre a posição brasileira historicamente sobre a questão dos Direitos Humanos.
Indique	a	composição	do	sistema interamericano de Direitos Humanos.
Conceitue refugiado.
Diferencie asilo de refúgio.

Outros materiais

Outros materiais