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Civil IV - Aula 8 - Aquisição da Propriedade Móvel

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DIREITO REAIS
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Aula 8
Objetivos
Ao final da sessão o aluno deverá ser capaz de:
- Estudar as formas de aquisição da propriedade móvel;
- Analisar a usucapião de bens móveis.
CONTEÚDO DA AULA
3.5. Modos de aquisição da propriedade mobiliária
3.5.1 Espécies
3.5.2 Distinção entre descoberta e ocupação
Propriedade móvel
Aquisição da Propriedade Móvel
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Usucapião de Coisa Móvel
• Modo originário de aquisição de bem móvel
•
• Dá juridicidade a situações fáticas que se alongam
no tempo.
•Ordinária
•Extraordinária
a) Posse contínua e pacífica
b) Animus domini
c) Justo título e boa-fé.
d) Prazo de 3 anos
DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
Da usucapião
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé,
adquirir-lhe-á a propriedade.
Usucapião Ordinária de Bem Móvel
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• Posse ininterrupta
• Posse pacífica
• Prazo de 5 anos
• Sem justo título e boa-fé.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por
cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de
título ou boa-fé.
Usucapião Extraordinária de Bem Móvel.
Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos
arts. 1.243 e 1.244.
Aplicabilidade dos arts. 1.243 e 1.244 CC à usucapião de
móveis.
• Possuidor de bem móvel pode unir sua posse à de 
seu antecessor, para reconhecimento da usucapião, 
desde que ambas sejam contínuas e pacíficas. 
• Aplicáveis as causas impeditivas, suspensivas ou 
interruptivas da prescrição (arts. 197 a 204 CC).
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Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo
exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a
dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam
contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título
e de boa-fé.
Usucapião e união de posses.
• Possuidor pode, para contagem do tempo para usucapião,
acrescentar à sua posse a do seu antecessor (CC, art. 1.207),
•Ambas as posses devem ser uniformes quanto ao objeto, que não
tenham sido interrompidas natural ou civilmente, que sejam
pacíficas e, que nem a posse do transmitente nem a do adquirente
sejam viciosas (violentas, clandestinas ou precárias)
• Nos casos do art. 1.242 do CC, que haja justo título e boa-fé.
Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao
devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou
interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à
usucapião.
Causas impeditivas da usucapião.
• São causas que obstam que seu curso inicie
• Arroladas no Código Civil, arts. 197, I a III, 198, I, e 199, I e II.
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Art. 197 - Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a
tutela ou curatela.
Art. 198 - Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o artigo 3º;
Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
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• Paralisam temporariamente o seu curso.
• Cessado o motivo da suspensão da usucapião, o prazo
continua a correr, computando-se o tempo decorrido
antes dele.
• Causas que suspendem a usucapião são mencionadas
no arts. 198, II e III, e 199, III CC.
Art. 198 - Também não corre a prescrição:
(...)
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de
guerra.
Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição:
(...)
III - pendendo ação de evicção.
Causas suspensivas da usucapião.
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• São as que inutilizam o tempo já corrido
• Seu prazo recomeça a correr da data do ato que a interromper.
• Tais causas são as do art. 202, I a VI CC.
Art. 202 - A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,
dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em
concurso de credores;
Causas interruptivas da usucapião
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Posição da jurisprudência - STJ:
Recurso Especial. Usucapião ordinário de bem móvel. Aquisição 
originária. Automóvel furtado. (STJ, 3ªTu. REsp 247345 / MG. Rel. Min. Nancy 
Andrighi. Publicação em DJ 25/03/2002)
- Não se adquire por usucapião ordinário veículo furtado.
- Recurso Especial não conhecido.
• STJ julgou que havia afronta a dispositivo de lei federal. 
•
• Jurisprudência de alguns Estados vem entendendo que há 
possibilidade do adquirente de boa-fé usucapir o bem, desde que não 
una sua posse a da pessoa que praticou o crime.
Possibilidade de usucapião de bens furtados ou 
roubados pelo adquirente de boa-fé
Possibilidade de usucapião de bens furtados ou 
roubados pelo adquirente de boa-fé
... Preliminares de Ilegitimidade Passiva ad causam e de Impossibilidade Jurídica 
do Pedido. Rejeitadas. USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL. PRESSUPOSTOS DE 
DIREITO MATERIAL. VEÍCULO FURTADO. AQUISIÇÃO DA 
PROPRIEDADE POR TERCEIRO DE BOA-FÉ. POSSIBILIDADE.
1. Compreendido que o Instituto da legitimidade para a causa relaciona-se à 
identificação daquele que pode pretender ser o titular do bem da vida discutido em 
juízo, seja como autor, seja como réu, afigura-se clara a legitimidade passiva ad 
causam da parte demandada que, tanto em contestação, quanto em sede de 
apelação, faz requerimento para que o autor da ação de usucapião entregue-lhe o 
bem litigioso. ademais, no caso concreto, a ré é proprietária originária do veículo 
objeto da presente ação, de modo que, acaso julgado procedente o pedido, ela é que 
suportará os efeitos do decisum.
2. a pretensão autoral a que seja declarada a sua titularidade do veículo, em razão de 
usucapião, encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio, notadamente nos 
artigos 618 e 619 CC/1916, não havendo que se falar em impossibilidade jurídica 
do pedido.
Possibilidade de usucapião de bens furtados ou 
roubados pelo adquirente de boa-fé
3. O art. 618, caput e § Ú CC/1916 - correspondente ao art. 1.260 CC/2002 -
disciplina a cognominada usucapião ordinária, cujos pressupostos de direito 
material que viabilizam a aquisição da titularidade da coisa correspondem 
aos seguintes: posse mansa e pacífica, ininterruptamente e sem oposição, 
durante 03 anos, exercida com animus domini, justo título e boa-fé. 
4. A partir da análise da cadeia dominial do veículo objeto destes autos, infere-se 
que, ainda que se pudesse cogitar de eventual má-fé porventura existente na 
transação realizada entre a Sociedade Empresária Sarita Autos LTDA. e o Sr. 
Romualdo Paes de Barros - dada a inexistência de informação no CRV deste 
último acerca de emplacamento anterior -, a mesma compreensão não se aplica 
àqueles que adquiriram o automóvel posteriormente. estes, ao que tudo indica, 
compraram o veículo desconhecendo a restrição de furto que pendia sobre o bem; 
os negócios jurídicos de compra e venda do automóvel foram celebrados de boa-
fé; ademais, o próprio Poder Público, por meio do competente órgão de trânsito, 
confirmou as transferências relativas ao bem, emitindo o apropriado Certificado 
de Registro de Veículo.
Possibilidade de usucapião de bens furtados ou 
roubados pelo adquirente de boa-fé
5. As posses exercidas pelo autor e seus antecessores - até, ao menos, o Sr. 
Cirilindo Vieira de Sá -, unidas por força da accessio possessionis, nos termos 
do Art. 619, § Ú, C/C Art. 552, ambos doCC/1916, preenchem os 
pressupostos de direito material viabilizadores da usucapião ordinária. 
6. Nada obsta que o terceiro de boa-fé que adquire automóvel proveniente de 
furto adquira a titularidade deste por meio da usucapião.
7. Recurso de Apelação A que se nega provimento.
(TJDF, 1ª Turma Cível. Processo nº 2008 01 1 033256-0 ? APC. Rel. Des. 
Flavio Rostirola. Publicação no DJe em 31/08/2009).
Possibilidade de usucapião de bens furtados ou 
roubados pelo adquirente de boa-fé
Usucapião de bens furtados – Problemas:
1- Possibilidade jurídica - fator que pode ser superado considerando que é 
possível a interversão da posse;
2- Qual a modalidade? (se ordinária ou extraordinária). 
 Ainda que o adquirente esteja de boa-fé, o título que ensejou a posse 
não é apto a transferir a propriedade, eis que passado por aquele que não 
é proprietário. 
 Situação não se enquadra no conceito de justo título, motivo pelo qual 
alguns autores preferem posicionar-se no sentido de que a usucapião será 
extraordinária.
• Posicionamento do STJ mais recente é o mostrado acima.
• Jurisprudência não consolidada.
• Possibilidade do STJ rever posicionamento para admitir possibilidade 
de usucapião de bens furtados, com evolução da jurisprudência. 
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OCUPAÇÃO
• Modo de aquisição do domínio
• Apropriação de coisa sem dono, com intenção de
adquirir.
• Não pode ser ocupação indevida ou injusta.
• Ocupação => apropriação da coisa sem dono e
suscetível de apropriação, para efeito de ser
adquirida.
• Pode ser coisa sem dono (res nullius) ou coisa
abandonada (res derelictae).
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Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe
adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
Formas de aquisição da propriedade móvel.
• Quando alguém adquire um direito de propriedade, em
regra, de outro lado, alguém perde a titularidade desse
direito.
• Modos aquisitivos da propriedade móvel podem ser:
a) Originários
• Não há ato de transmissibilidade. Ex: ocupação e usucapião.
b) Derivados
• Ocorre ato de vontade. Ex: especificação, confusão,
comistão, adjunção, tradição e sucessão hereditária.
• Quando alguém encontra coisa perdida por outrem. 
• Recompensa de no mínimo:
5% do valor do bem + despesas com conservação e transporte. 
• Recompensa (achádego) fixada conforme esforço do descobridor para 
encontrar dono, possibilidades que dono teria de encontrar e situação 
econômica de ambos.
• Descobridor responde se danificar bem dolosamente.
• Só é forma de aquisição da propriedade se a coisa encontrada for:
> de valor exíguo
> abandono pelo Município em favor do descobridor. 
• Nas demais hipóteses, a coisa será alienada em hasta pública.
Descoberta
Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao 
dono ou legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, 
se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo 
antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento 
do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a 
conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, 
considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o 
dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar 
a coisa e a situação econômica de ambos.
Descoberta
Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou 
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo.
Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da 
imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor 
os comportar.
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do 
edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta 
vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa 
do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se 
deparou o objeto perdido.
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa 
em favor de quem a achou.
Descoberta
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Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que
achar o tesouro casualmente.
• Depósito antigo de coisa preciosa, oculta, cujo dono não haja memória
• Não será tesouro se possível provar ou justificar a propriedade de
alguém sobre o valioso depósito
Ex: A prova que o achado valioso encontrado por um marceneiro em fundo
falso do móvel lhe pertence porque o havia ocultado.
Tesouro encontrado casualmente em prédio alheio. 
• Se alguém encontrar casualmente tesouro em terreno alheio, será dividido 
em partes iguais entre o dono do prédio e o descobridor. 
• Se um deles vier a se apossar de todo o tesouro, será furto quanto à metade 
que não lhe pertence => Prejudicado pode exigir judicialmente que lhe seja 
entregue a parte que lhe cabe por lei
Tesouro
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Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do
prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por
terceiro não autorizado.
Propriedade exclusiva do dono do prédio sobre o tesouro.
a) tesouro encontrado por ele em seu próprio imóvel; 
b) tesouro achado por empregado, incumbido de procurar 
c) tesouro achado por pessoa que intencionalmente invadiu 
sua terra, sem licença, em busca de riqueza.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será
dividido por igual entre o descobridor e o enfiteuta, ou será
deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.
Propriedade do tesouro encontrado em terreno aforado
• Partilhado entre quem encontrou e o enfiteuta.
• Senhorio direto não tem direito sobre depósito achado.
• Entrega de bem móvel ao adquirente, com intenção de transferir o
domínio, em razão de título translativo de propriedade, tendo em
vista que o negócio jurídico antes da tradição apenas gera direito
pessoal.
• Somente com a tradição é que a declaração translatícia de vontade
se transforma em direito real.
Tradição
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios
jurídicos antes da tradição.
Tradição
 Real,
 Simbólica,
 Ficta.
Tradição
Art. 1.267. ...
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente
contínua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em
poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa,
por ocasião do negócio jurídico.
Tradição e constituto possessório.
TRADIÇÃO REAL
=>Entrega material da coisa
TRADIÇÃO SIMBÓLICA
=> Ato representativo da transferência, em que não há entrega
real do objeto mas de coisa a ele equivalente (),
TRADIÇÃO FICTA
=> Constituto possessório > transmitente continua na posse da
coisa alienada, não mais em seu nome, mas em nome do
adquirente
Constituto possessório. 
• Ocorre quando possuidor de um bem que o possui em nome
próprio passa a possuí-lo em nome alheio.
• 2 atos jurídicos simultâneos:
1. Transferência da posse de um antigo para um novo possuidor
2. Conservação da posse pelo antigo possuidor em nome do
novo adquirente.
Ex: A vende a B a casa em que reside e de que é proprietário, ficando
convencionado que A permanecerá no imóvel, não mais como dono, mas como
locatário; logo, o possuidor antigo, que tinha posse plena e unificada, passa a
ser possuidor direto, ao passo que o novo proprietário se investirá na posse
indireta.Tradição da coisa feita por quem não é seu dono
• Se transmitente não é proprietário do bem móvel, a tradição não
transfere o domínio,
• Constitui crime de estelionato (CP, art. 171, § 22), salvo se bem,
oferecido ao público, em leilão ou estabelecimento mercantil, for
transferido em circunstância tal que ao adquirente de boa-fé
pareceu ser a coisa alienada pertencente ao alienante.
Tradição baseada em ato negocial nulo.
• Se tradição teve por título um ato nulo, não opera transferência
da propriedade da coisa móvel.
Tradição a non domino
• Não transfere propriedade.
• Exceção: teoria da aparência (coisa ofertada ao público, adquirida
de boa-fé); => Parte da doutrina entende que propriamente não se
trata de tradição.
Pós-eficacização da tradição (art. 1.268 §1º)
Se adquirente de boa-fé e alienante vier a adquirir, posteriormente, a
propriedade da coisa, será revalidada a transferência e operado o
efeito da tradição, desde o momento da celebração da alienação.
Tradição a non domino
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não
aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em
leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em
circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer
pessoa, o alienante se afigurar dono.
§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois
a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o
momento em que ocorreu a tradição.
§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por
título um negócio jurídico nulo.
Tradição a non domino
• Modo de aquisição da propriedade.
• Transformação de coisa móvel em espécie nova, em virtude do
trabalho ou indústria do especificador, desde que impossível
retornar à forma primitiva
Ex: Escultura em relação à pedra; Pintura em relação à tela etc.
• Variáveis consideradas:
a) Irredutibilidade da especificação
b) Boa/Má-fé do especificador.
• Se valor agregado for desproporcionalmente superior ao da
matéria-prima, o especificador será proprietário da obra final,
independente da intenção (boa/má-fé).
Especificação
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à
forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a
espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-
prima.
§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da
escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à
matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor
exceder consideravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte
alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se
puder restituir à forma anterior.
Especificação
Efeito – A coisa nova será do:
a) Especificador de boa-fé > se não puder voltar à forma anterior;
b) Dono da matéria-prima > se especificador de má-fé + impossível voltar
forma anterior
c) Dono da matéria-prima > se puder voltar à forma antiga;
d) Especificador (boa-fé ou má-fé) > podendo ou não ser reduzida à forma
precedente se valor da mão-de-obra for consideravelmente maior do
que o da matéria-prima.
Obra de arte ou literária decorrente de especificação.
• Coisa nova será do especificador se valor exceder consideravelmente o
da matéria-prima alheia
Ex: pintura em relação à tela
escultura relativamente à matéria-prima,
escritura / trabalho gráfico em relação à matéria-prima que os recebe.
Coisa nova feita com matéria-prima alheia. 
• Lesado com especificação feita com matéria-prima alheia tem direito a
indenização
• Não há ressarcimento em favor do especificador de má-fé que utilizar
material de outrem.
• Dono do material adquire a coisa nova, isento de indenizar o
especificador se a especificação foi feita de má-fé.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 
1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem, menos ao especificador 
de má-fé, no caso do § 1º do artigo antecedente, quando 
irredutível a especificação.
Especificação de má-fé e perda da indenização
Confusão
Mistura de coisas líquidas, de diferentes donos, sendo impossível
separá-las.
Comistão
Consiste na mistura de coisas secas ou sólidas, pertencentes a
diversos donos, de tal forma que não se possam separá-las e sem
que se produza coisa nova.
(Ex: café de duas qualidades)
Adjunção
Justaposição de uma coisa à outra, de modo que não mais torne
possível destacar a acessória da principal, sem deterioração.
Ex: anel de brilhantes
Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas,
misturadas ou adjuntadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-
lhes, sendo possível separá-las sem deterioração.
§ 1º Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio
excessivo, subsiste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão
proporcional ao valor da coisa com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2º Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do
todo, indenizando os outros.
Art. 1.273. Se a confusão, comissão* ou adjunção se operou de má-fé, à
outra parte caberá escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o
que não for seu, abatida a indenização que lhe for devida, ou renunciar ao
que lhe pertencer, caso em que será indenizado.
Da confusão, da comistão* e da adjunção
*Trata-se, na verdade, da comistão, e não comissão.
Confusão.
• Modo de acessão ou aquisição de direitos,
• União de matérias líquidas , homogêneas, da mesma espécie ou
qualidade (água com água; vinho com vinho), ou heterogêneas (água
com vinho; vinho com mel)
• Passam a formar um só todo - partes confundidas não se podem mais
separar - não podem ser distinguidas.
• Impossível separação dos elementos que se compõe.
Pode ocorrer por:
•Vontade dos proprietários
•Vontade de somente um deles
• Acaso.
Vontade dos proprietários
• Ocorre sociedade.
• Sócios mantêm direito sobre o todo, na proporção das partes misturadas.
Vontade de somente um deles
• Em regra, domina o condomínio, desde que a confusão não permita
separação, cabendo a cada um dos donos o quinhão proporcional ao valor
da parte com que contribuiu para a mistura.
Causada pelo acaso
• Quando não gerar especificação usa hipóteses acima
• Se ocorrer especificação pertencerá ao autor, podendo sujeitar à
indenização as partes que se prejudicaram.
Confusão ≠ Comistão e Adjunção.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se
formar espécie nova, à confusão, comissão* ou adjunção
aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273.
*comistão
Formação de espécie nova.
Se da mistura de matérias diferentes advier coisa nova, a confusão passará a
ter, na verdade, natureza de especificação.
Caso Concreto
Adriano, contumaz receptador de veículos furtados, adquiriu um 
veículo Honda em janeiro de 2006, alterando-lhe a placa e o chassi. 
Desde então, Adriano vem utilizando contínua e ininterruptamente 
o veículo. No entanto, em maio de 2016 Adriano foi parado em uma 
blitz que apreendeu o veículo, mesmo tendo este afirmado que 
como já estava na posse do bem há mais de dez anos, tinha lhe 
adquirido a propriedade por usucapião. Pergunta-se: bens furtados 
ou roubados podem ser objeto de usucapião por pessoa que 
conhece sua origem? Justifique sua resposta. 
Questão objetiva 1
Sobre a aquisição e perda da propriedade, analise as afirmações 
abaixo:
I - A usucapião é forma de aquisição de propriedade.
II - A usucapião no direito brasileiro, quanto aos bens imóveis poderá 
ser, entre outras espécies, ordinária, extraordinária, urbana e rural.
III - A aquisição da propriedade por especificação somente é aplicável 
aos bens móveis.Quais são corretas? 
a) Apenas I e II. 
b) Apenas I e III. 
c) Apenas II e III. 
d) Apenas II. 
e) Todas as alternativas.
Questão objetiva 2
Sobre a descoberta e ocupação, é correto afirmar que: 
a. A apropriação de uma coisa sem dono (res nullius) constitui um 
negócio jurídico uma vez que resulta da intenção de assenhorar-se do 
bem. 
b. Para efetivar-se a ocupação é essencial a apreensão da coisa com as 
próprias mãos. 
c. A coisa perdida é suscetível de ocupação. 
d. O tesouro pode ser considerado na legislação brasileira uma forma 
de ocupação uma vez que pode ser caracterizado como res nullius ou 
res derelicta. 
e. O usufrutuário não terá direito à parte do tesouro encontrado por 
outrem, quando o usufruto recair sobre universalidade ou quota-
parte de bens.

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