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DIREITO CIVIL IV PROPRIEDADE EM GERAL Aula 5 Objetivos Ao final da sessão o aluno deverá ser capaz de: • Estudar a formação histórica da propriedade e seus elementos estruturais • Identificar as restrições ao direito de propriedade CONTEÚDO DA AULA Unidade 3 – PROPRIEDADE 3.1. Propriedade em geral 3.2. Evolução histórica, conceito e características 3.3. Restrições legais de interesse particular e público Art. 1.225. São direitos reais: I — a propriedade; II — a superfície; III — as servidões; IV — o usufruto; V — o uso; VI — a habitação; VII — o direito do promitente comprador do imóvel; VIII — o penhor; IX — a hipoteca; X — a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso XII – a laje 5 Conceito É o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicar de quem injustamente o detenha. 6 Elementos Constitutivos direito de usar, gozar, dispor e reivindicar. Ius Utendi O direito de usar da coisa é o de tirar dela todos os serviços que pode prestar, dentro das restrições legais, sem que haja modificação em sua substância. Ius Fruendi O direito de gozar da coisa exterioriza-se na percepção dos seus frutos e na utilização de seus produtos. É, portanto, o direito de explorá-la economicamente. 7 Elementos Constitutivos direito de usar, gozar, dispor e reivindicar. Ius Abutendi ou Disponendi O direito de dispor da coisa é o poder de aliená-la a título oneroso ou gratuito, abrangendo o poder de consumi-la e o de gravá-la de ônus reais ou de submetê-la ao serviço de outrem. Rei vindicatio O direito de reivindicar a coisa é o poder que tem o proprietário de mover ação para obter o bem de quem injusta ou ilegitimamente o possua ou o detenha, em razão do seu direito de seqüela. 8 Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. § 1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. § 2º. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. Art. 1.228 .... 10 10 • Limitação ao direito de propriedade para coibir abusos • Impede exercício em prejuízo ao bem-estar social. • Possibilita função econômico-social conforme CF/88. • Cria condições de utilidade e produtividade, para desenvolvimento econômico e justiça social. • Deve atender interesses do proprietário, da sociedade e do Estado. • Afasta individualismo e uso abusivo do domínio. • Preservação da flora, fauna, belezas naturais, equilíbrio ecológico, patrimônio histórico e artístico e evitar quaisquer tipos de poluição (observando normas especiais) CF/1988, arts. 5º, XXII, XXIII XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; FUNÇÃO ECONÔMICO-SOCIAL DA PROPRIEDADE • Proprietário não pode praticar dolosamente, no exercício do direito de propriedade, ato com intenção de causar dano a outrem e não de satisfazer necessidade sua ou interesse seu. Ex: construir numa casa uma chaminé falsa para retirar luz do vizinho. Dos Atos Ilícitos Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Abuso do Direito Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons Vedação de atos emulativos (ou ad emulationem) 12 § 3º. O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. Art 1228... Desapropriação. • Modalidade especial de perda da propriedade imobiliária. • Procedimento administrativo através do qual o Poder Público, compulsoriamente, despoja alguém de uma propriedade e a adquire para si, mediante indenização, fundada em um interesse público. (C. A. Bandeira de Mello) • Procedimento através do qual o Poder Público, compulsoriamente, por ato unilateral, despoja alguém de certo bem, fundado em necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, adquirindo-o mediante indenização prévia e justa, pagável em dinheiro ou, se o sujeito passivo concordar, em títulos de dívida pública com cláusula de exata correção monetária, ressalvado à União o direito de desapropriar imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social quando objetivar a realização da justiça social através da reforma agrária” (CF/88, arts. 5º, XXIV, 182, § 3º e 4º, III, 184, § 1º a 5º, e 185, I e II). Desapropriação Requisição. Ato do Estado, no interesse público, que constitui alguém, de modo unilateral e auto-executório, na obrigação de prestar serviço ou ceder transitoriamente o uso de uma coisa, obrigando-se a indenizar prejuízos que a medida efetivamente acarretar ao obrigado. (C.A. Bandeira de Mello) Casos de Requisição e Indenização. • Autoridade pode usar propriedade particular até onde exigir o interesse público, em caso de perigo iminente (guerra ou comoção intestina), garantindo o direito à indenização posterior, se houver dano. • Nos demais casos, proprietário será previamente indenizado, e, na recusa da indenização, será consignado judicialmente o valor. Comoção intestina = Perturbação, abalo. Revolta, motim 15 15 • Proteção especial à posse-trabalho, com base na função social da propriedade. • É a posse por mais de 5 anos de extensa área, por trabalho criador de um número considerável de pessoas, concretizado em construção de moradia ou investimentos de caráter produtivo ou cultural. • Proprietário vencedor da demanda não recebe de volta o bem, mas o justo preço, sem computar valor das benfeitorias, por terem sido produto de trabalho alheio, se considerado pelo juiz de interesse socio-econômico relevante. • Sentença judicial vale como título para registro da propriedade imobiliária em nome dos possuidores. Posse “pro labore”. 16 16 Art 1228... § 4º. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa- fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. § 5º. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores. Propriedade - Características Absolutismo • Titular pode desfrutar do bem como quiser , sujeito às limitações legais. (art 1.231 CC) Exclusividade • Princípio de que a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas. Perpetuidade • Subsistência do domínio independentemente do seu exercício, enquanto não sobrevier causa extintiva legal ou oriunda da própria vontadedo titular. Elasticidade • Direito de propriedade pode ser distendida ou contraída no seu exercício, conforme lhe adicionem ou subtraiam poderes destacáveis Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário. • Exclusividade e Plenitude, (naquilo que a norma jurídica permitir). Exclusividade Direito de afastar do que é seu a ação de qualquer outra pessoa, Princípio de que uma mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas. • Titular do domínio exerce direito sem concorrência de outrem. • Pode excluir terceiro da utilização do bem, manifestando a oponibilidade erga omnes. • Não desaparece exclusividade no condomínio => cada condômino possui quota ideal do bem 19 19 Plenitude (naquilo que a norma jurídica permitir). • Caráter pleno ou ilimitado da propriedade, desde que todos seus elementos constitutivos estejam reunidos na pessoa do proprietário. Presunção juris tantum da exclusividade e da plenitude. • Presunção de exclusividade e plenitude do domínio até prova em contrário. • Admite comprovação de não ser a propriedade exclusiva, nem plena. • Cabe ao contestante o ônus da prova de não ser a propriedade absoluta ou ilimitada por existir alguma limitação legal em prol daquele que a alega. Propriedade plena -> titular puder usar, gozar e dispor do bem de modo absoluto, exclusivo e perpétuo, bem como reivindicá-lo de quem, injustamente, o detenha. Propriedade limitada. Será limitada quando: a) tiver Ônus Real, b) for Resolúvel, Propriedade Plena x Propriedade Limitada 21 21 Propriedade limitada. Limitada quando: a) tiver Ônus Real, Desmembramento um ou alguns dos poderes em favor de outrem, constituindo direito real sobre coisa alheia. Ex: no usufruto, a propriedade do nu-proprietário é limitada, porque o usufrutuário tem o uso e gozo sobre o bem; b) for Resolúvel, Estabelecimento de condição resolutiva ou termo extintivo no título constitutivo Ex: Fideicomisso (CC, arts. 1.951 e 1.952), Propriedade Fiduciária e na Retrovenda (CC, art. 505). Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. Propriedade Resolúvel 23 23 Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. • A jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, não abrangendo a propriedade deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui. • “As quedas-d’água e outras fontes de energia hidráulica são bens imóveis e tidas como coisas distintas e não integrantes das terras em que se encontrem. Assim, a propriedade superficial não abrange a água, o álveo do curso no trecho em que se acha a queda-d’água, nem a respectiva energia hidráulica, para o efeito de seu aproveitamento industrial” (art. 145 do Código de Águas, Dec. n. 24.643, de 1934). Extensão do Direito de Propriedade 24 24 • Proprietário pode construir o que quiser no seu terreno dentro das limites legais. Ex: arranha céus, antenas de captação etc. • Pode impedir qualquer construção, ou colocação de postes ou passagem de fios telefônicos ou energia elétrica, que causem dano ou perigo. • Não pode impedir sobrevoo de avião sobre seu imóvel nem a realização de trabalhos que se efetuem a certa altura, que não acarretem risco para sua segurança. Propriedade do Espaço Aéreo 25 25 • Proprietário não pode impedir perfuração do subsolo (ex: instalação de metrô), nem impedir obras a determinada profundidade que não cause risco a sua incolumidade, quando feitas em benefício do interesse social. • Nos casos de construção de porões, garagem subterrânea, etc, o dono do solo será também do subsolo (CC, art. 79). Art. 79 - São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Propriedade do subsolo 26 Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. § único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial. 27 27 • Proprietário do solo não é das minas, jazidas e energia hidráulica. • Minas, jazidas e energia hidráulica passam a ter autonomia jurídica, incorporando ao patrimônio da União, para exploração ou aproveitamento (art. 84, DL 227/1967 e art. 176, CF/88) • Garantido participação nos resultados da lavra ao dono do solo e direito de explorar recursos minerais que possam ser utilizados na construção civil, sem sujeitar-se a transformação industrial. Propriedade de Minas, Energia Hidráulica e Monumentos Arqueológicos 28 Notas: 1.Recursos naturais mencionados no artigo podem ser objeto de hipoteca (art. 1473, V). 2. Se há no prédio em que recai o usufruto de florestas ou os recursos minerais mencionados no artigo, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e maneira de exploração (art. 1392). Art. 1.392 - Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos. Parágrafo primeiro - Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição. Parágrafo segundo - Se há no prédio em que recai o usufruto florestas ou os recursos minerais a que se refere o artigo 1.230, devem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira de exploração. Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem. Direito do proprietário sobre os acessórios da coisa. • Princípio da acessoriedade, • Tudo que se incorporar ao bem, desde que não possa ser retirado sem destruição de sua substância, bem como tudo que se empregar visando sua exploração, embelezamento ou comodidade, constitui parte integrante. • Pertencem ao proprietário da coisa principal os frutos civis ou naturais, produtos e benfeitorias, mesmo quando separados, exceto se, por razão jurídica ou norma especial, tiverem de ser entregues a outrem, que, então, passa a ser titular de um direito real sobre coisa alheia (Ex: no usufruto, os frutos da coisa pertencerão ao usufrutuário e não ao nu-proprietário). Caso concreto Jonas, proprietário de terreno adquirido de Lauro por meio de escritura de compra e venda registrada em 2016, propõe ação reivindicatória em face de Geraldo, no mesmo ano, alegando que este ocupa o imóvel injustamente. Geraldo, em contestação, alega que, em 2014, comprou e pagou o preço do imóvel a Estevão, procurador em causa própria constituído por Lauro, obtendo deste um recibo de aquisição do bem, além do que tem conduta consentânea com a função social da propriedade. Pergunta -se: a) Quem é o atual proprietário do bem e sob qualfundamento? b) Está correta a ação proposta por Jonas? Esclareça. c) Na hipótese, poderia Jonas ingressar com ação de reintegração de posse? Justifique. d) O que é função social da propriedade? Há previsão no direito brasileiro? (DPE SE 2012) Com relação ao direito de propriedade, direito real por meio do qual o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de quem injustamente a possua ou detenha, assinale a opção correta. a. A lei admite a intervenção na propriedade, por meio da desapropriação, sempre que o agente público entendê-la conveniente e necessária aos interesses da administração pública, tendo, nesse caso, o proprietário direito a justa indenização.(art.1228, parágrafo 30 CC) b. Presume-se, até que se prove o contrário, que as construções ou plantações existentes na propriedade sejam feitas pelo proprietário e às suas expensas. Entretanto, aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio, ainda que tenha procedido de boa-fé, perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções. (art. 1255 CC) c. Caso o invasor de solo alheio esteja de boa-fé e a área invadida exceda a vigésima parte do solo invadido, o invasor poderá adquirir a propriedade da parte invadida, mas deverá responder por perdas e danos, abrangendo os limites dos danos tanto o valor que a invasão acrescer à construção quanto o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente.(art.1258 CC) d. Uma das formas de aquisição da propriedade de bens móveis ocorre por intermédio da usucapião: segundo o Código Civil brasileiro em vigor, aquele que possuir, de boa-fé, coisa alheia móvel como sua, de forma justa, pacífica, contínua e inconteste, durante cinco anos ininterruptos, adquirir-lhe-á a propriedade. (art. 1260 CC) e. A propriedade do solo abrange também a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, incluindo-se as jazidas, minas e demais recursos minerais, bem como os potenciais de energia hidráulica, mas não os monumentos arqueológicos, os rios e lagos fronteiriços e os que banham mais de uma unidade federativa.(art.1230 CC) Questão objetiva
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