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Apostila Proc. Civil Recursos

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV 
RECURSOS
Processo Civil - Recursos
Aula 01 – 08/08/2016
Teoria Geral Dos Recursos Cíveis
Aspectos Introdutórios 
Durante mais ou menos, 11 séculos as pessoas não recorriam de decisões desfavoráveis. Elas não tinham a possibilidade de recorrer. 
 A origem do bem do jurídico, do direito brasileiro é vinculado ao direito romano. Somente no final império romano é que o recurso surgiu. Vários outros institutos do direito, como a ideia de propriedade, contratos etc., já existiam; mas a figura do recurso não. Não se tinha nem processo. O processo é algo razoavelmente recente (Séc. XIX), mas já existiam meios e métodos de resolução de conflitos.
Processo como é estudado hoje em dia também não existia.
Ao longo desse direito, houve 3 sistemas (meios ou métodos) de resolução de conflitos, de uma determinada lide entre duas pessoas. Não existia processo coletivo, era sempre um processo mesmo, uma questão individual. 
Não existia processo, mas meios de solução de um determinado litigio.
Legis Actiones
O primeiro desses sistemas foi no início de Roma (+ ou – Séc. 7 a.C. até o Séc. 3 a.C.). Esse sistema chamava-se LEGIS ACTIONES ou AÇÕES DAS LEIS. Basicamente, até o surgimento das leis das ações, quando se tinha um determinado problema com alguém, esse problema seria resolvido de 2 formas muito simples: ou alguém renunciaria (deixaria de exercer o seu direito), ou resolveria mediante a força física (violência) e quem saísse vencedor seria titular daquele direito. 
Mas, com o surgimento do império romano, tem-se um primeiro sistema de arbitragem. A arbitragem se dissocia, tanto da autotutela, como da autocomposição, pela figura do terceiro. A arbitragem é exatamente os envolvidos no conflito terem a figura de um terceiro, que irá, efetivamente, decidir. 
O primeiro sistema de arbitragem foi o das ações das leis, que era um sistema extremamente restrito, que previa que o cidadão romano poderia eventualmente acionar outro cidadão romano em 5 hipóteses específicas. Somente 5 hipóteses.
Em Roma, tinha que se ter o cuidado de verificar se aquele determinado negócio se encaixava em uma dessas 5 ações, pois se não se encaixasse em determinada situação, o negócio não fosse cumprido, restaria violência (autotutela). Além de ser resolvido na autotutela, só existir 5 ações, havia uma outra restrição muito grande.
Somente o cidadão romano é titular de direito a ser exercido no sistema das ações das leis, aquele que efetivamente tivesse nascido em solo romano, filho de pais romanos e que era o chamado “Pater Familiae”.
No direito romano quem exerce o direito é o “Pater Familiae”. Os outros não exerciam direito. É um sistema extremamente restrito, tanto subjetivamente (somente poderia ser exercido por quem era “Pater Familiae”), e, somado a isso, com outras possibilidades de uso na pratica.
Há uma obrigação, mas não há o cumprimento voluntário da mesma. A parte que se entende prejudicada poderia procurar o “PRETOR” para solucionar a questão, ou levar a parte que prejudicou ao “PRETOR”, por bem ou por mal (era lícito).
O “PRETOR” não era um juiz, mas uma espécie de funcionário do império, que exercia uma série de atividades. Ele era juiz, mas era um pouco de prefeito, legislador etc. ao mesmo tempo. Procurava-se o pretor, narrava a situação fática. A função do pretor era analisar nas leis as tais situações e analisar se o caso se encaixava em alguma das 5 ações. Se o caso não se encaixasse, nada se fazia; mas, se o caso se encaixasse em alguma das ações, ele dizia qual que julgaria o caso deles. As partes tinham que procurar um árbitro privado para julgar.
O pretor não exercia a função de julgamento, mas apenas fazia uma análise formal se o caso era ou não regulado por uma dessas ações das leis, dizia qual se aplicava e estes tinham que procurar um árbitro privado. 
O primeiro sistema de arbitragem era privado. Procurava-se o “JURISCONSULTO”, que era alguém com grande formação jurídica, que tinha um grande conhecimento naquela determinada área. Tinha que pagar a essa pessoa para exercer essa função, e escolhia o jurisconsulto pela confiança que se depositava naquela pessoa. A base da escolha era a “FIDES” (confiança). Para o romano, fides era quase que a coisa mais importante.
FIDES = CONFIANÇA.
Juris Consul é alguém com uma formação jurídica, conhecimento na área.
Nesse primeiro sistema de julgamento das ações das leis, que vai do início do império romano (Séc. 7 a.C. até + ou – metade do Séc. 3 a.C.), não havia chance de se recorrer por 2 motivos: 
Recorrer para quem?
Não era um órgão de Estado que julgava, quem julgava era um arbitro privado.
Por causa da FIDES.
Se a confiança era depositada naquele escolhido para julgar, porque se pensar em recurso?
As ações das leis não foram extintas, mas foi aos poucos superados por ser tão restrito.
Per Formulas
Também chamado de “formulas”. Antes, somente quem podia exercer o direito eram somente aqueles que possuíam o “Pater Familiae”. Porém, quem exercia o comércio, via de regra, eram os estrangeiros. Ou seja, eles detinham o poder econômico. O comércio era, para os romanos, algo de “segunda linha”, por isso era difícil que eles praticassem a LEIS ACTIONES.
Como os estrangeiros não possuíam “Pater Familiae”, eles não podiam propor uma ação. Foi necessário a criação de um segundo sistema, chamado de “IUS GENTIUM”, para regular as relações jurídicas dos estrangeiros.
Ius Gentium (Direito das Gentes) era o direito aplicado àquele que não era cidadão romano.
Ius Civile era o direito dos romanos.
É, então, um sistema mais amplo que o primeiro. Pode-se utilizar aquele cidadão capaz romano. Romano com romano; estrangeiro com romano; estrangeiro com estrangeiro.
O PRETOR passa a analisar se existe uma formula, uma espécie de roteiro para resolver o conflito, ou seja, um meio procedimental para resolver determinado conflito.
A cada ano, o EDITO era “reformulado”, ou seja, a cada ano era possível reformular/criar novas formulas.
Edito era onde as formulas estavam previstas.
Ao perceber que existia uma formula que pudesse julgar o caso, ele encaminhava para um arbitro privado, ou seja, fazia apenas a análise formal, não julgava.
Essa parte era idêntica à fase da LEGIS ACTIONES. Também não era possível recorrer.
IMPORTANTE!!!
Legis Actiones e Per Formulas são também chamados de “ORDO INDICIORUM PRIVARUM” (Ordem Jurisdicional Privada).
OU seja, há um sistema dividido em duas fases, a primeira fase perante o Pretor (In Iure) e a segunda fase perante um arbitro particular (Apud Iudicem).
Não é possível recorrer pelo mesmo motivo da “Per Formulas”.
Cognitio Extraordinem (Cognição Extraordinária)
É a partir dela que se começa a pensar no ato recursal.
É chamada de cognição extraordinária porque os dois sistemas anteriores ordinários.
Nesse período + ou - 270 d.C. sobe ao poder Diocleciano, que pega o império romano em decadência. Ao reunir ministros, ele procurou medidas para resolver os problemas do império para evitar a queda.
O império romano criava suas próprias normas, ainda que o poder legislativo que conhecemos hoje não seja daquela época, a sua “ideia” já existia. O Pretor exercia uma função executiva/administrativa, de ordem público, cobrança de tributos.
Em 281 d.C., Diocleciano, através de uma lei, proibiu a arbitragem privada, excluindo assim, os dois últimos sistemas. A partir daquele momento, se houvesse algum conflito de direito a ser analisado, esse alguém deverá procurar o Pretor que irá julgar o caso, ou seja, o Pretor agora não faz só a analise formal, cabe a ele julgar também, chamado isso de IURIS DICTIO (Jurisdição). Logo, cabe ao Estado, através de um órgão público, solucionar eventuais casos conflituosos submetidos à sua análise. Compete ao Pretor dizer o direito, no caso concreto.
Ele tornou o que era uma arbitragem particular em pública. O Pretor passa a analisar os aspectos formais e a julgar. Muito provavelmente Diocleciano absolveu esses árbitros privados para dentro do Estado.Ao trazer a jurisdição, Diocleciano traz um “problema” enorme aos romanos, já que não mais se pode escolher o arbitro, quem julga é o Pretor e por ser público há uma exclusão da “FIDES”, foi que o Pretor é escolhido pelo Estado. Isso gerou uma série de questionamentos.
Foi, então, que o Diocleciano dividiu os Pretores e Juris Consul em dois grupos criando uma espécie de conselho de revisão com esses Juris Consus. Tem-se então um juiz de 1ª instância com os “Pretores” e caso alguém discorde da decisão, como ele não escolhe mais, pode solicitar que esse órgão de 2º grau reveja a decisão.
O meio através do qual era possível acessar esse segundo órgão foi chamado de “APPELLATIO”.
Através da APPELLATIO alguém poderia apelar ao órgão 2º grau.
Além da “APPELLATIO” criou também a “SUPPLICATIO”, dentro do processo civil ela não faz sentido e nem no Brasil, porém em alguns países que adotam a pena de morte, ela ainda existe. A Supplicatio é uma suplica, na Roma era dirigida ao imperador. Era uma forma de pedir que a pena de morte não fosse executada. Nos países que adotam a pena de morte ela é dirigida ao Governador do Estado.
Motivação da Previsão Recursal
Existem quatro motivos para a previsão recursal. Dois deles são jurídicos, os dois primeiros motivos não estão ligados/direcionados os direitos e sim da natureza humana.
Falibilidade Humana
Qualquer pessoa no desempenho de uma atividade pode errar, faz sentido ao imaginar que o juiz ao julgar erra, e por isso é necessário em sistema de correção desse erro.
O julgador pode cometer algum erro, e, é por isso, que o sistema recursal, para permitir que as partes possam pedir a correção desse erro.
A questão não é jurídica, é da falibilidade humana em qualquer atividade.
Inconformismo
Na maioria das vezes, as pessoas buscam uma resposta para o “não”, pois não recebe em conformidade um não.
Quando se tem uma decisão contraria se está recebendo um não.
Não é uma situação jurídica.
Uniformização da Aplicação das Normas
É uma situação jurídica.
O Brasil é um pais cujo sistema permite uma quantidade razoável de interpretações completamente conflitantes e distintos de uma mesma situação jurídica.
A utilização reiterada de recursos de recursos tem por finalidade gerar a uniformização da aplicação do direito.
Utilidade Preventiva (?)
Para alguns autores, há utilidade preventiva. É como se o juiz ao julgar o caso concreto pensasse “devo executar minha atividade com capacidade e da melhor forma possível, pois se eu errar a parte irá recorrer e seria punido com a anulação ou reforma da minha decisão”. Seria uma espécie de pressão psicológica.
Para o professor:
Isso não faz sentido algum, pois o recurso não pune ninguém. Quem pune o juiz é o Conselho, por um ato administrativo. O recurso é contra a decisão e não ao juiz.
É claro que se o juiz quer ser desembargador, não jugara ao contrario o entendimento dominante do tribunal em que ele faz parte.
Origem do Vocábulo e Conceituação
Latim Recursus: Caminho para Trás / Volta
Recurso vem do latim “RECURSUS”. Em termos etimológicos significar percorrer outro caminho.
Percorrer novamente um Caminho (Procedimento)
Recurso seria uma revisão desse caminho.
Definição Técnica: Meio de Impugnação de Decisões Judiciais / Voluntário (Ônus Processual) / Inserido dentro do mesmo “Processo” (?) / Dilação Temporal / Anulação, Reforma, Integração e Esclarecimento
Existam 5 elementos e é através deles que se distingue o que é um recurso.
Meio de Impugnação de Decisões Judicias: Todo e qualquer recurso temo objetivo questionar, impugnar uma decisão judicial.
Somente atos decisórios são objetivos de recursos.
Voluntário: O ato de recorrer é um ônus processual, ele não é obrigatório. A pode não tem o dever de recorrer. É um ônus, pois a partir do momento que é dado a parte o direito de recorrer e ela não recorre, assume as consequências.
Inserido dentro do mesmo “PROCESSO”: Todo o processo se inicia coma Petição Inicial.
Dilação Temporal: Todo e qualquer recurso gera dilação temporal, ou seja, o tempo seja prolongado. Não é objetivo do recurso.
Anulação, Reforma, Integração e Esclarecimento: A maioria dos recursos tem por objetivo anular e reformar. Porém, é possível integração e esclarecimento no caso dos Embargos de Declaração, que não tem por objetivo nem anular, nem reformar.
Continuação
Aula 2 do dia 11/08/2016 
1.3) Fundamentação Normativa
É aquilo que dá base normativa para que a parte recorra. 
Ordem Constitucional (art.5º, inc. LV, CF/88)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Pode-se afirmar sem nenhum problema que as pessoas têm um direito fundamental ao recurso. 
Recursos a ela inerentes = Inerente à ampla defesa
O que é ampla defesa?
A ampla defesa é a otimização (maximização) da produção pelas partes de argumentos, de provas e de meios de impugnação de decisões desfavoráveis. 
Para que autor e réu tenham ampla defesa dos seus direitos discutidos em juízo eles terão que poder: argumentar, provar e impugnar. 
O principal meio de impugnação de uma decisão desfavorável é o RECURSO.
Então decorre da ideia de ampla defesa esse direito fundamental que é o recurso.
Mas atenção, dizer que é um direito fundamental não significa que ele é absoluto. 
Nenhum princípio, garantia constitucional ou direito fundamental se sobrepõe ao outro. Ao longo do semestre veremos que em alguns casos não será possível recorrer de uma decisão (essa será uma exceção).
Ordem Infraconstitucional (Arts. 994 e ss. do CPC)
Art. 994, CPC:  São cabíveis os seguintes recursos:
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
III - agravo interno;
IV - embargos de declaração;
V - recurso ordinário;
VI - recurso especial;
VII - recurso extraordinário;
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX - embargos de divergência.
Veremos mais adiante que nós temos um PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE, e ele vai dizer que só é recurso aquilo que é tratado como tal por prévia legislação FEDERAL. 
Ou seja, é preciso uma legislação federal dizendo que é um recurso.
Parte não cria recurso, mesmo que de comum acordo com a outra parte. 
1.4) Atos Sujeitos à Impugnação Via Recursos
Devemos ter a capacidade de identificar a decisão que será objeto do recurso.
Exemplo: Imagine que um Juiz escreva lá nos autos: “Intimem-se as partes para especificarem as provas que irão produzir.”. Não tem como recorrer de tal decisão. 
Tenho que identificar se esse ato decisório: É ou não uma decisão judicial? E de qual tipo de decisão judicial que é essa?
Só é passível de impugnação via recurso atos decisórios, ou seja, praticados por um Órgão jurisdicional no exercício da função jurisdicional, que tenham a capacidade de impor um gravame (prejuízo).
Atos praticados pela administração pública não são atos jurisdicionais, não serão então passíveis desses recursos expressos no art. 994, CPC. 
Não necessariamente todo ato de um Órgão Jurisdicional é exercício de função jurisdicional. 
Exemplo: Marcela fez concurso, e ela agora é oficial de apoio do TJMG. Foi instaurado um procedimento disciplinar contra ela para apurar algumas de suas condutas. E ao final, Marcela sofreu uma punição de suspensão. Marcela não concorda com essa decisão. Ela poderá apelar? NÃO. O Órgão jurisdicional não proferiu essa decisão no exercício da função jurisdicional. 
Só existem 4 tipos de atos decisórios:
Sentenças
Decisões interlocutórias
Acórdãos
Decisões monocráticas
Antes de recorrer, o primeiro passo é ANALISAR QUAL É O ATO DECISÓRIO? Para saber qual recurso é cabível.
Exemplo: Apelação: quando é cabível? Art. 1.009, CPC:  Da sentença cabe apelação.
Sentenças e decisões interlocutórias são os atos de um juiz de primeira instância. 
Decisões interlocutórias: é a decisão proferida pelo juízo de primeira instância que resolve qualquer questão que incide no curso da demanda, podendo ou não analisar parte do méritoda demanda. 
Acórdãos: é uma decisão colegiada. É um somatório dos vários votos dos membros (desembargadores) que participaram daquele julgamento. 
Decisões monocráticas: Várias coisas dentro de um tribunal, e inclusive, recursos podem ser decididos por uma pessoa sozinha (por um desembargador ou por um ministro). Não é o mesmo que decisão interlocutória, pois esta pode julgar parte do mérito, mas não por completo a lide. Por outro lado, a decisão monocrática tem a capacidade de julgar toda a lide. 
Questão Controvertida dos Despachos (Art. 1001)
Art. 1.001, CPC:  Dos despachos não cabe recurso.
Por quê?
Art. 203, CPC:  Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o.
§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.
Os despachos é o ato praticado pelo juiz ou pelo escrivão, mediante delegação do juiz, que dá mera tramitação ao procedimento, não decide nada. 
Exemplo: O juiz profere despacho: Dou vistas as partes para produzirem provas. 
Isso não tem conteúdo decisório e nem impôs gravame as partes.
1. 5) Objeto Imediato dos Recursos
Recursos “Ordinários” (tutela imediata do interesse das partes envolvidas)
Recurso ordinário é aquele que está previsto em lei, com o objetivo imediato (direto) de permitir aos interessados a tutela de seus próprios direitos e interesses debatidos em juízo.
Nesses recursos é possível discutir a matéria de fato e a matéria de direito. 
A maioria dos recursos são ordinários. 
Exemplo: Apelação, agravos, embargos de declaração.
Recursos “Extraordinários” (interpretação, aplicação e vigência das normas)
Recurso extraordinário é um grupo de espécies recursais cujo objetivo não é de forma imediata a tutela do interesse das partes envolvidas, daqueles interesses específicos debatidos no caso concreto. 
São três espécies recursais que são extraordinárias:
Recurso Especial no STJ
Recurso Extraordinário no STF
Embargos de divergência no STF e no STJ
Esses recursos têm como objetivo imediato a análise em torno da interpretação, da aplicação e da vigência das normas (Uniformização da aplicação das normas). 
Esses recursos permitem ao sistema jurídico a verificação, a análise da interpretação, da aplicação e da vigência de normas. Não se discute matéria de fato nesses recursos. A argumentação nesses recursos é diferenciada, ou seja, se discute a interpretação, a aplicação ou a vigência das normas.
1.6) Sistema Recursal Cível 
CPC - Parte Especial - Livro III
Aplicação Subsidiária do Sistema Recursal Cível
Exemplo: ECA não tem um sistema recursal próprio, portanto, aplica-se o CPC.
ATENÇÃO!!! Juizado Especial tem sistema recursal próprio. 
Aplica-se o sistema recursal do CPC aos procedimentos do CPC e fora do CPC, SALVO expressa previsão em sentido contrário, que é o caso do juizado especial. 
1.7) Direito Intertemporal 
Não há Aplicação Retroativa
A norma processual civil NÃO RETROAGE NO TEMPO. 
Análise Vinculada ao Ato Procedimental
Publicação da Decisão a ser recorrida (art. 494)
→ PET n. 2.761/MG - STF
→ RESP n. 1.205.159/ES – STJ
As pessoas têm direito ao recurso. A lei nova não permite mais os embargos infringentes. 
Exemplo: Dia 10/03/2016, um juiz proferiu uma sentença. Pelo CPC/73 essa sentença é apelável no prazo de 15 dias. No dia 18/03/2016, entrou em vigor o novo CPC. E nesse código diz que a sentença não é mais apelável. E agora?
No curso de um procedimento em trâmite pode surgir uma lei processual nova. O que fazer nesse caso? 
A lei processual nova é aplicável aos procedimentos em trâmite, ou seja, aos processos abertos antes da vigência do código novo aplicará a nova lei nos atos que ainda irão ser praticados. 
A atividade recursal se vincula à publicação do ato decisório. Se quando o ato decisório foi publicado eu tinha o direito a recorrer, eu continuo tendo o direito a recorrer, mesmo que a nova lei diga que não. 
Exemplo Real: O CPC 2015 acabou com o recurso chamado embargos infringentes. 
Quando se fala aqui em publicação não se fala em publicação no diário oficial. A publicação é tornar a decisão pública. 
No processo terá a data da juntada da decisão aos autos que é diferente da data da publicação no diário oficial. A regra é contar o prazo da data da juntada, por que a partir desse momento a decisão se tornou pública. 
O direito se constituiu no momento em que a decisão foi juntada aos autos. Devendo-se observar qual lei estava vigente naquela data. 
Nesse caso temos o direito adquirido ao recurso, contudo não significa dizer que temos direito adquirido a forma (regra) de julgamento do recurso. 
Exemplo: No código velho era possível fazer a sustentação oral na apelação. No código novo não é mais possível (Só exemplo, é mentira).
A forma de julgamento pode ser diferente. O direito adquirido é ao recurso. 
Continuação
Aula 3 do dia 18/08/2016
2) Efeitos Recursais
Consequências jurídicas decorrentes da recorribilidade / interposição
Os efeitos recursais são as possíveis consequências pratica jurídicas, seja da mera previsão legal de que o recurso existe ou da sua efetiva utilização. 
Seja pelo ordenamento prevê o recurso, seja pela utilização efetiva daquela espécie recursal, isso se chama efeitos.
Há doutrinadores que defendem que há dois efeitos, suspensivo e devolutivo. Mas há autores que enumeram 14 efeitos, só que parte desses efeitos não tem grau de generalidade.
O que é, em maior consenso, por parte da doutrina são sete efeitos.
2.1) Obstativo
Impedimento à formação da coisa julgada
Obstar = Impedir
Todo e qualquer recurso, tem efeito obstativo.
Todo e qualquer recurso tem a capacidade de impedir a formação da coisa julgada. Todas as espécies recursais têm essa capacidade.
O ato de recorrer gera uma dilação temporal do procedimento, mantendo um espaço aberto para que as partes continuem discutam aquele determinado caso.
O efeito obstativo decorre da mera previsão normativa de que existe um recurso aplicável. Ainda que não utilize, o efeito ocorre.
Todo recurso impede o transito em julgado. Toda ação rescisória pressupõe a existência da coisa julgada. É um marco temporal.
Possibilidade de recurso parcial (art. 1.002)
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença.
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao:
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;
II - relator, se já distribuída a apelação.
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Um cuidado que se deve ter com o efeito obstativo, é no Embargo osrecursos podem ser parciais.
Às vezes, num primeiro momento, imagina-se que o ato recursal se dá sempre pela integralidade da decisão, e não necessariamente. Ainda, às vezes, tem-se uma concepção errada ou inadequada de que o ato de recorrer abrange por completo a decisão, não necessariamente.
Lembrar-se da contestação em que o réu pode impugnar todos os pontos trazidos pelo autor, ou não. Aquilo que não se impugna de forma especificada se torna incontroverso.
No recurso, aquilo que o recorrente não impugna, transita.
2.2) Suspensivo
Ineficácia da decisão (art. 995)
Impedimento ao cumprimento / execução
Art. 995.  Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único.  A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
Alguns recursos (ainda que a exceção) são dotados de efeito suspensivo com força de lei. Não significa dizer que a decisão se torna, ainda que temporariamente, ineficaz, que ela não é passível de cumprimento, de execução.
Quando um recurso é dotado de efeito suspensivo, a mera previsão normativa da espécie recursal já impede que a parte contrária favorecida, leve-a para cumprimento.
Basicamente, quando um recurso vem acompanhado desse efeito, aquele que saiu vencido e recorre, tem a capacidade (12m10seg), no curso do julgamento do recurso. E quando tende (12m15seg).
O grande problema do efeito suspensivo é pensar que só é de um tipo e que é a regra. Em um primeiro momento, pensa muito na apelação, e esta é dotada de efeito suspensivo, mas no sistema atual é praticamente A EXCEÇÃO. A regra atual é os recursos não serem dotados de efeito suspensivo.
No art. 995 diz que como regra, a interposição de recurso não impede o cumprimento da decisão.
O ato de recorrer, como regra, não é (13m55seg). Tem-se que dividir o efeito suspensivo em dois tipos: “Ope Legis” e “Ope Judicis”.
Ope Legis
Por FORÇA de LEI.
É aquilo que de forma genérica (14m20seg).
No art. 1.012 diz que a apelação é recebida no efeito suspensivo.
Ope Judicis (fumus boni iuris e periculum in mora)
Esse efeito suspensivo está no parágrafo único do art. 995. O parágrafo único diz que, todavia, pode o desembargador ou ministro responsável conceder, no caso concreto, efeito suspensivo todas as vezes que o recorrente demonstrar que aquela decisão, caso cumprida de imediato, possa gerar uma lesão grave de difícil ou impossível reparação, e que ele recorrente tem bons argumento.
É bem provável/plausível que aquilo que ele alega seja aceito.
A ideia do efeito suspensivo “Ope Judicis” é trabalhar exatamente com os recursos que não tem efeito suspensivo por lei, mas no caso concreto o recorrente pode solicitar a concessão. Claro, desde que convença o Órgão Jurisdicional, demonstrando o “Periculum In Mora” e o “Fumus Boni Iuris”.
Por exemplo, o Agravo de Instrumento não tem efeito suspensivo por lei, por exemplo. Então, o fato da parte agravar da decisão, não impede a parte contrária executar o cumprimento da decisão. No momento em que alguém agrava pode abrir um tópico dentro do recurso “da necessidade de efeito suspensivo Ope Judicis” por força de uma decisão judicial, nesse caso.
Na redação originaria do CPC/15 a ideia foi acabar completamente com o efeito suspensivo “Ope Legis”, e manter apenas o efeito suspensivo “Ope Judicis”. A redação originaria acabava com o efeito suspensivo por foça de lei, e mantinha só efeito suspensivo por força judicial. Mas durante o seu processo de aprovação, voltaram o efeito suspensivo para a Apelação.
Hoje, no CPC/15, o efeito suspensivo por força de lei a Apelação e uma hipótese específica do recurso ordinário. O restante não tem.
Suspensivo é a exceção.
Se o suspensivo for “Ope Legis”, a mera previsão legal do recurso, mesmo que ainda não tenha se utilizado, já gera a suspensão.
2.3) Devolutivo
Tantum Devolutum Quantum Appellatum
Todos os recursos terão efeito devolutivo.
Esse efeito só é aplicado se recorrer, utilizar o recurso.
O obstativo e o suspensivo são verificados pela mera previsão legal do recurso, o resto é só se usar o recurso (pela interposição) que o efeito é verificado.
O efeito devolutivo é o responsável pela reapreciação da matéria impugnada no recurso. E para esse nome devolução ficar “menos errado”, a doutrina diz “Devolução ao Judiciário”.
O efeito devolutivo já é definido desde Roma que dirá “é devolvido o que é apelado”. Significa dizer que o ato recursal transfere para o Órgão Competente do julgamento do recurso a matéria objeto de impugnação.
Desde de Roma as pessoas já reconheciam a possibilidade de o recurso ser parcial. Significa dizer que só é devolvido para fins de reanalise ao Poder Judiciário, o que foi objeto de impugnação específica. É como se trabalhasse com a ideia de inercia judicial. O recorrente é que delimita quais serão os tópicos que quer que sejam analisados naquele recurso.
Por isso “Tantum Devolutum Quantum Appellatum”. Leia-se: é devolvido o quanto é apelado. É claro que isso será aplicado a todas as espécies recursais.
Um cuidado que se deve ter é que o efeito devolutivo se tem o que chama de dimensão horizontal e dimensão vertical. E efetivamente devolutivo é a dimensão horizontal.
Essa regra chamada efeito devolutivo, sofre uma exceção, que é o chamado “Efeito Translativo”.
Dimensão horizontal: extensão
No âmbito horizontal, só pode analisar o tribunal aquilo que foi impugnado. Mas dentro daquilo que foi impugnado, o tribunal tem amplo conhecimento.
Não significa dizer que, naquilo que o tribunal foi provocado, tem liberdade de análise. O tribunal não pode adentrar naquilo no que ele não foi provocado.
O tribunal está vinculado ao que foi impugnado, mas o argumento que é utilizado pode utilizar outros.
Dimensão vertical: profundidade
Na dimensão vertical, ou na profundidade, o tribunal tem liberdade para conhecer também as demais impugnações. São os temas tratados, os argumentos que usa para determinada questão. 
O tribunal não se prende ao argumento apresentado pela parte. Ele pode usar um outro argumento que está presente nos autos e não foi utilizado pela parte.
 Não é vinculado ao dispositivo normativo, argumentação jurídica, necessariamente que a parte indica, apresenta. Se entender que os autos têm outras questões, pode adentrar; mas não pode falar que vai julgar.
2.4) Translativo
Análise ex officio / questões de ordem pública
O efeito translativo diz que o tribunal pode conhecer de oficio qualquer matéria de ordem pública, ainda que ela não tenha sido objeto de debate ou discussão pelas partes.
E no momento em que o tribunal, porventura, aplique o efeito translativo, pode acabar entrando em tópico que discutiram as partes. 
Mesmo que não questionada, quando matéria de ordem pública, tem que ser analisado.
O efeito translativo funciona como uma exceção ao devolutivo. Independentemente de ter ou não impugnado de forma específica sobre um determinado ponto, no momento em que um recurso chega em um tribunal, se existirem matérias de ordem pública, tem que ser feita a análise.
O translativo só ocorre se recorrer. Se não houve recurso, não chegará ao tribunal e a matéria não será conhecida.
2.5) Regressivo
Possibilidade de juízo de retratação
É uma exceção.
Maior parte dos recursos não é dotado de efeito regressivo. 
A maioria esmagadora das espécies de recursos são entregues para quem proferiu a decisão. Se pensar na ideia do efeito devolutivo, está se devolvendo o recurso, mas quem julgará é um órgão distinto.
O efeito regressivo é a possibilidade daquele que proferiu a decisão se retratar.
Tem-se um juízo chamado “Ad Quo” e outro chamado “Ad Quem”. O juízo “Ad Quo” é aquele quem proferiu a decisão. O juízo “Ad Quem” é aquele que julga o recurso. São juízos distintos, com normas diferentes etc. Os recursos são direcionados ao “AdQuem”, ainda que às vezes, fisicamente, tenha que passar nas mãos do “Ad Quo”, quando se apela é para o Tribunal resolver o problema.
Mas, algumas espécies recursais abrem àquele que proferiu a decisão, a possibilidade de se retratar.
Por exemplo, o Agravo. Quando se apresenta este recurso, pode chegar para o juiz que proferiu a decisão e dar a possibilidade de se retratar. Tem que informar ao juiz de 1ª instância. É condição formal do recurso. Quando se vê o efeito regressivo na prática, e se o juiz exerce a retratação, muito provavelmente o agravo recebera uma resposta “o recurso perdeu o objeto”.
Quando se fala que o recurso perdeu o objeto, significa que a decisão que gerou o recurso não existe mais.
O juízo de retratação é possibilidade de solicitar a retratação do juiz. É claro que por força de lei, o juiz já poderia se retratar, mas este não irá se retratar se não for provocado.
A espécie recursal falará quando pode se retratar.
Por exemplo, a Apelação. A regra da Apelação é que o juiz não pode se retratar.
Excepcionalmente, há 4 hipóteses em que a lei permite a retratação.
Por exemplo, a Sentença Terminativa. Quando o juiz profere uma sentença terminativa, sem a análise do mérito, pode pedir para que este se retrate. Mas, sentença de mérito, não dá para ficar pedindo a retratação.
2.6) Expansivo
Possibilidade de ampliação
É um efeito decorrente do uso.
O efeito expansivo, é mais ou menos uma espécie de acidente recursal. Em princípio, o recurso atinge aquele que recorreu (parte contrária) e alcança a decisão discutida.
Mas, acidentalmente, o ato recursal pode ultrapassar tanto subjetivamente, quanto objetivamente, os limites do recurso. Ou seja, (43m40seg) pode atingir alguém que não recorreu, sendo favorecido esse alguém, bem como pode também alcançar uma decisão que não é (43m50seg) no recuso. Isso não é a regra, é a exceção.
O efeito expansivo só acontecerá se utilizar o recurso. Não é mera previsão normativa.
Subjetivo X Objetivo
Efeito Expansivo Subjetivo: É o direito civil que fala se a causa é comum ou não aos devedores solidários. Se a causa é comum as partes, ainda que somente um deles recorra, atinge todos. Mas, se a causa não é comum a todos, não tem a expansão. Depende muito mais da matéria que está sendo discutida. O fato de alguém que não recorre, não é recorrente, ser favorecido pelo recurso.
Alguém que não decorre ser atingido pelo recurso. Poderia ser recorrente, mas não recorreu, mas será atingido pelo resultado.
Efeito Expansivo Objetivo: É a possibilidade do recurso em face de uma decisão, acabar atingindo outra decisão (48m20seg). É razoavelmente comum, na relação entre decisão interlocutória das sentenças. É a possibilidade de o julgamento do recurso atingir, não só a decisão que foi impugnada, mas outras posteriores que há algum tipo de relação. 
Um ato decisório que não foi impugnado, pode ser modificado por um recurso, em face de uma outra decisão. Não é a regra, mas acidentalmente pode acontecer.
2.7) Substitutivo
Possibilidade de “troca” de decisões judiciais
Como regra, a decisão proferida no julgamento do recurso, atinge e substitui a decisão anterior, passando valer a decisão que julgou o recurso.
Necessário conhecimento (art. 1.008)
Art. 1.008.  O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso.
A decisão do julgamento do recurso substitui a decisão recorrida.
Ainda que o recurso mantenha a decisão de 1ª instância nos seus termos (recorreu, mas perdeu), mas no momento da execução, se executa o Acordão, não é mais a sentença.
Só não tem é a substituição se o recurso não for ADMITIDO (não conhecer do recurso).
Para ter efeito substitutivo, o mérito tem que ser julgado. Ainda que no mérito, a decisão substituída seja mantida na sua integralidade. Mas se o mérito não é julgado, morre na admissibilidade, não ocorrendo a substituição.
3) Princípios Recursais
Observância dos princípios institutivos do processo
Tem-se os princípios próprios ou específicos recursais.
Os princípios básicos do processo civil são plenamente aplicáveis na fase recursal. Estudaremos os princípios específicos dos recursos.
3.1) Duplo Grau de Jurisdição
Concepção tradicional: apreciação por dois órgãos jurisdicionais distintos, devendo o segundo ser de grau hierárquico superior
É o mais polêmico.
Tem-se uma ideia de que quando recorre, tem o direito de reapreciar a causa. 
No duplo, há duas análises. Tem uma primeira a qual não gostou e recorre. Então haverá uma segunda análise. E grau, imagina-se que a regra é, basicamente, que o recurso será julgado por um órgão distinto e hierarquicamente superior.
A origem da ideia de duplo grau é antiga. Se fosse falar de uma concepção tradicional, ou de uma concepção clássica de duplo grau de jurisdição diria: todas as decisões judiciais que desafiam o (59m10seg), o recurso é obrigatoriamente julgado por um órgão distinto e hierarquicamente superior. Essa é a ideia tradicional de duplo grau de jurisdição.
O problema dessa ideia é que ela funciona (59m25seg). Não se pode dizer toda e qualquer decisão é recorrível, ainda que a maioria dos recursos sejam, mas existem recursos irrecorríveis. Não se pode dizer que todo e qualquer recurso é julgado por um órgão distinto hierarquicamente superior.
Inexistência de previsão constitucional expressa (?)
O duplo grau de jurisdição não é um princípio expresso no texto constitucional. Não tem nenhum artigo, parágrafo, inciso, nem alínea que assegure o duplo grau de jurisdição. 
Pode-se alegar ser um problema porque é um princípio implícito. Primeiro, que a regra é a possibilidade de recorrer; e, segundo, a própria Constituição ao descrever o STF, o STJ etc., demonstram que são tribunais de revisão em grau de hierarquia superior.
A própria Constituição, na própria estrutura identifica a ideia de um grau hierarquicamente superior que trabalhe com decisão de revisão. Mas, não se tem expressamente o duplo grau.
Tem que pegar o conceito tradicional e levar para o nosso sistema. No nosso sistema, em regra, as decisões judiciais cabem recurso. Mas, quando se fala em regra, automaticamente aceita a existência de exceções. 
E cabendo recurso, o órgão recursal preferencialmente será distinto e hierarquicamente superior. É regra, mas admite exceções.
Por exemplo, Turma Recursal, Embargos Infringentes de Alçada.
Tem que entender que se está diante de uma das exceções, em que, o órgão recursal não é distinto, quem dirá hierarquicamente superior. Mas tenha como exceções.
Por exemplo, a Apelação, o Agravo, o órgão é distinto e hierarquicamente superior. 
Tem que pegar a concepção tradicional e adaptar a essa ideia. Essa adaptação vai exigir entender que, excepcionalmente, as decisões podem ser irrecorríveis; e, vai exigir entender também que, excepcionalmente, não se terá um órgão distinto como hierarquicamente superior.
3.2) Taxatividade
Expressa previsão legal 
Só é recurso o que a lei dispõe como tal. 
A definição daquilo que é recurso, incumbe a lei federal. É competência privativa da União. Só é recurso, aquilo que está previsto em um rol, taxativamente, disposto em lei.
Rol taxativo / exaustivo no ordenamento jurídico
Tem recursos que não estão no rol do art. 994 do CPC, mas estarão em algum outro dispositivo de lei federal. 
Para algo ser considerado recurso, esse algo tem que ter prévia e expressa menção em lei federal. Lei estadual e municipal não cria, nem muda recurso. Nem as partes cria recurso. Partes não criam espécies recursais. Tem que haver uma previsão taxativa em lei.
Quando a lei fala “esse recurso existe”, prevê taxativamente. Automaticamente dirá em qual situação esse recurso é utilizado.
Questão polêmica dos negócios processuais (art. 190)
Art. 190.  Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais,antes ou durante o processo.
Parágrafo único.  De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Deve se tomar um cuidado.
Tem se uma cultura processual já de décadas que fala que: o processo é algo da jurisdição, é permeado por normas de ordem pública, foi criado para atingir o exercício da função jurisdicional, ele não é das partes.
Parte não pode mexer na estrutura do procedimento, isso foi criado para o juiz.
Os negócios processuais trabalham com a flexibilização da estrutura do procedimento, permitindo que as partes envolvidas modifiquem, alterem a estrutura em alguns pontos.
Se o juiz entender que essas alterações não violam normas de ordem pública, (1h12m15seg), e a estrutura é aquela que foi decidida no negócio processual.
Por exemplo, não se pode alterar uma norma de competência absoluta.
A maior parte da doutrina diz que através de negócios processuais não se pode criar norma que somente lei federal pode fazer, mas pode alterar a estrutura do recurso, desde que não viole uma norma geral.
Todos os negócios processuais em qualquer etapa, serão apresentados pelas partes em comum acordo e exigem uma espécie de homologação por órgão jurisdicional.
A homologação por órgão jurisdicional não é assim: quero que homologue, quero que não homologue. A obrigação do juiz é ver se norma (1h14m55seg) está sendo violada, porque se sim, o negócio (1h15m).
Ninguém defenderá a ideia de que se pode criar recurso.
Essa norma foi criada em favor das partes.
É um tema que ainda irá gerar muita discussão.
Continuação
Aula 4 do dia 22/08/2016
3.3) Singularidade (Unicidade/Unirrecorribilidade)
Fixação de uma espécie recursal para cada tipo de decisão 
Possíveis exceções (?)
Em termos práticos o princípio da singularidade é o mais relevante para o funcionamento do sistema recursal, uma vez que o torna o sistema menos complexo.
Para cada tipo de decisão existe um tipo de recurso adequado, ou seja, um tipo de recurso cabível. (Cabimento)
Existe uma relação muito clara da singularidade com a ideia de cabimento. 
Existe uma necessidade muito clara de se identificar o tipo da decisão para saber qual será o recurso.
Exemplo: da sentença cabe apelação, ou seja, não vai caber recurso especial, não cabe o recurso extraordinário, agravo interno.
De uma decisão monocrática caberá agravo interno, ou seja, não cabe apelação e agravo de instrumento.
EXCEÇÃO:
1º) Embargos de Declaração
Exemplo: Da sentença cabe apelação. Uma sentença omissa caberá embargos de declaração. O que fazer?
Diante de uma decisão monocrática contraditória cabe agravo interno, mas a contradição é resolvida com os embargos de declaração.
Os embargos de declaração têm um objetivo completamente distinto de todas as outras espécies recursais. 
Os embargos de declaração não têm o objetivo de alterar o mérito. Isso até pode acontecer acidentalmente (veremos mais a frente), mas o objetivo principal é esclarecer o texto. 
Quem vai aumentar ou diminuir a condenação é a apelação, os agravos ou os recursos especial e extraordinário.
É muito comum os embargos de declaração e o recurso principal.
O recurso principal da sentença é a apelação. Os embargos de declaração em tese não terão a capacidade de mudar o sentido daquele determinado julgado.
Primeiro deve ser feito os embargos de declaração e depois o recurso principal. 
Não se preocupe com o prazo do recurso principal, pois a partir do momento em que forem apresentados os embargos de declaração, dentro do prazo legal estabelecido, o prazo do recurso principal é interrompido. Ou seja, o prazo do recurso principal vai fluir na sua integralidade após a decisão dos embargos de declaração. 
Qualquer decisão é embargável!
Tem julgado do STJ que diz que despacho é embargável. 
Atenção: Os embargos não têm o objetivo de mudar o mérito daquele determinado ato decisório.
2º) Situações em que é necessário apresentar RESP para o STJ e o REXT para o STJ ao mesmo tempo. 
RESP para o STJ: Discute a interpretação, aplicação e vigência de leis infraconstitucionais federais, mas não discute normas constitucionais. 
REXT para o STJ: Discute a interpretação, aplicação e vigência de leis Constitucionais (ADCT, emendas), mas não discute normas infraconstitucionais. 
Existe de forma muito clara uma divisão de competência. A competência do STF é diferente da competência do STJ.
A última palavra sobre a interpretação, aplicação e vigência da CF é dada pelo STF. O STJ não se mete nisso. 
Assim como, a última palavra sobre a interpretação, aplicação e vigência das leis infraconstitucionais é dada pelo STJ. O STF não se mete nisso. 
Exemplo: Diante de um acórdão proferido por um tribunal em que em um determinado ponto houve violação de lei infraconstitucional e outro ponto viola lei constitucional. 
Não adianta fazer só um dos recursos. Cada uma dessas espécies vai analisar o ponto específico conforme a sua competência. 
Na prática somos obrigados a fazer os dois recursos ao mesmo tempo. Existe uma jurisprudência no sentido de que se o caso exige os dois recursos, e a parte fizer só um deles, a decisão transita em julgado por causa da outra matéria. 
3.4) Esgotamento das Vias Recursais
Vedação à figura do recurso per saltum
O sistema recursal é construído com uma ordem lógica de etapas a serem seguidas. Essas etapas estão previstas na lei e devem ser obedecidas.
Não pode pular uma etapa. 
A doutrina diz que é vedado no direito processual civil brasileiro o recurso per saltum. 
Não é possível sair da primeira instância e fazer um recurso para o STF ou pro STJ. Não pode pular a etapa da apelação.
Tem que esgotar todas as vias recursais prévias.
Súmula 207 do STJ: Não faz mais sentido na sua literalidade, mas o que está por trás dela continua fazendo todo sentido. 
Ela diz que não cabe recurso especial para o STJ, se antes couber embargos infringentes. Ou seja, não cabe o recurso per saltum.
3.5) Fungibilidade Recursal
Inexistência de previsão expressa (?)
Dúvida objetiva / ausência de erro grosseiro
Fungir = Trocar/Substituir
Autorização para que um tribunal receba um recurso não cabível (não adequado) como se fosse o recurso correto. 
A fungibilidade é a exceção da singularidade que diz que para cada decisão há um recurso cabível. A fungibilidade é uma flexibilização. 
Ela era expressa no CPC de 1939 (O sistema recursal dessa época era muito ruim).
No CPC de 1973 e no de 2015 NÃO EXISTE A FUNGIBILIDADE COMO REGRA EXPRESSA. 
A fungibilidade ocorre quando, diante de uma decisão gera dúvida sobre qual o recurso cabível. SÓ QUE ESSA DÚVIDA, não está só na cabeça das partes, ela está também na doutrina, ou na jurisprudência ou em ambas. 
A dúvida é objetiva quando ela está presente em uma discussão da doutrina e da jurisprudência. É possível demonstrar a dúvida em juízo. O que é diferente da dúvida subjetiva, que não cabe fungibilidade. 
	Pelo princípio da fungibilidade, se há dúvida na doutrina e na jurisprudência que em determinada situação cabe apelação ou agravo, a parte poderá propor apelação, (pode justificando o porquê da escolha de tal recurso), e o tribunal entenda que cabia agravo, ele conhece do recurso de apelação como agravo.
	A regra é: se errar o tipo de recurso cabível bomba, transita em julgado a decisão. 
	Em situações excepcionais pode ocorrer a fungibilidade. 
	Mas, ATENÇÃO: NÃO PODE OCORRER ERRO GROSSEIRO.
Exemplo: a dúvida está em: Apelação ou Agravo?
	A parte escolhe o agravo, mas perde o prazo. (erro grosseiro)
	A parte apresenta um recurso ordinário. (erro grosseiro, por que a dúvida era entre apelação ou agravo)
	A parte mistura os dois tipos recursais. (erro grosseiro) Escolhido um dos recursos segue as características deste por completo. 
	
3.6) Irrecorribilidade em Separado das Decisões InterlocutóriasTentativa de concentração da atividade recursal vinculada à decisão final (art. 1.009, §1º) (?)
Possíveis exceções
Em regra, as decisões interlocutórias não iram permitir recurso de imediato em separado. É preciso aguardar a decisão final da 1º instância, e aí, ao recorrer da sentença, impugnar as decisões interlocutórias desfavoráveis do curso do processo.
O recurso ao final discute a sentença e as decisões interlocutórias proferidas ao longo do procedimento. 
Isso ocorre no processo do trabalho e no Juizado especial. 
Não é possível recorrer das decisões interlocutórias ao longo do procedimento.
O CPC adota em parte como regra esse princípio! 
O CPC 2015 acabou com um recurso chamado agravo retido. 
No CPC 1973, toda e qualquer decisão interlocutória é agravável, bastando que se escolhesse qual o tipo de agravo: retido ou de instrumento. Mas, a regra era que se teve uma decisão interlocutória e eu quero recorrer dela, tinha que ser na hora. Não tinha outro momento a frente para recorrer dela. 
O CPC 2015 trouxe um rol de decisões interlocutórias no art. 1015, em que cabe agravo de instrumento. O legislador selecionou algumas decisões que cabem agravo de instrumento. 
Contudo, no art. 1009, § 1º, CPC diz que das decisões interlocutórias que não admitem o agravo de instrumento, a impugnação será feita no texto das razões de apelação ou nas contrarrazões de apelação. 
Esse parágrafo adota a irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias, mas faz a ressalva de que existe o art. 1015. 
Se a decisão interlocutória estiver no rol do art. 1015, eu tenho que apresentar um agravo de instrumento. Se não, somente ao final na apelação. O CPC adotou parcialmente esse princípio. 
Das decisões interlocutórias não cabe recurso de imediato, tendo as partes que aguardar a decisão final para recorrer delas. Salvo, se as decisões interlocutórias estiverem no rol do art. 1015. 
Se a decisão estiver no rol do art. 1015, a parte tem que agravar, por que ao final não caberá a discussão dela na apelação. 
Esse é um sistema misto. O problema é que o rol do art. 1015, do CPC deveria ser um rol taxativo (fechado), contudo, ele está sendo visto como um rol exemplificativo. 
Exemplo: Esse rol não fala nada sobre competência ABSOLUTA. 
Não seria possível recorrer de uma decisão interlocutória de um Órgão que se julga competente. Teria que esperar a sentença para discutir a competência. Imagina se o tribunal chega à conclusão que o Órgão é incompetente, anula todo o procedimento para começar de novo. 
Na prática já tem entendimento que, mesmo a competência absoluta não estar presente no rol dor art. 1015, se for proferida decisão interlocutória nesse sentido caberá agravo de instrumento. 
Art. 1.015.  Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único.  Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
3.7) Proibição da Reformatio In Pejus
Impossibilidade de agravamento da situação do recorrente único
Exceção operada pelo efeito translativo
Alguém recorre para ter a sua situação piorada, agravada? NÃO.
A pessoa que quer recorrer não quer ser mais perdedora, ela quer: não ser perdedora ou pelo menos ser menos perdedora. 
O recurso apresentado pelo recorrente não agrava sua própria situação. Mas, atenção, isso funciona para o RECORRENTE ÚNICO. 
Se ambas as partes recorrem pode haver prejuízo para uma delas, mas não em razão do seu próprio recurso, e sim do recurso da outra parte. 
A exceção é o efeito translativo: É o efeito que permite ao tribunal conhecer de matéria pública, ainda que ninguém questione. 
Exemplo: Fernando ajuizou uma ação para que a Izabella o pague R$ 100.000,00. Ao final, Izabella foi condenada a pagar R$ 10.000,00. Izabella, não tem interesse em recorrer. Fernando, que não concordou com a decisão, recorre. O Tribunal ao analisar o recurso de Fernando observa que já ocorreu a prescrição, e dessa forma por causa do efeito translativo, o Tribunal decide que Izabella não tem que pagar nada a Fernando por que ocorreu a prescrição. 
Nesse caso, apesar de só Fernando ter recorrido, por ser uma questão de ordem pública, o Tribunal pode analisar e com isso piorar sua situação. Se Fernando não tivesse recorrido, a primeira decisão teria transitado em julgado. 
3.8) Consumação (Preclusão Consumativa)
Impossibilidade de substituição, complementação ou correção de recurso já interposto
Questão dos embargos de declaração (art. 1.024, §4°)
A partir do momento que a parte interpõe um recurso ele não pode ser mais substituído, alterado, complementado ou corrigido. 
Ato praticado é ato consumado. O que significa que não é possível substituir, complementar ou corrigir um recurso já interposto. 
Preclusão temporal: exemplo: perco o direito de recorrer por que o prazo passou.
Preclusão Consumativa - Exemplo: No momento que a parte apresenta a apelação, não dá para mudar mais.
Não sobra prazo. 
Exemplo: A pessoa tem quinze dias úteis para apresentar a apelação, e a faz no décimo dia do prazo. QUALQUER PRAZO SE ENCERRA COM A PRÁTICA DO ATO.
Com a prática do ato, o prazo se encerra, seja no primeiro dia ou no último dia do prazo. 
Recorrer não é algo que se pode fazer correndo. Se recorrer mal, não tem o que fazer para consertar. 
 	O princípio da consumação só irá ser afastado em um caso: Por causa dos EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. 
Imagine a seguinte situação:
Fernando propõe uma ação em face da Roberta. Ao final, o pedido do Fernando é julgado parcialmente procedente. Fernando pediu que a Roberta fosse condenada a pagar danos morais e materiais. A sentença vem dizendo: Isto posto, julgo parcialmente procedente os pedidos para condenar Roberta a pagar o dano material no valor de R$ X, mas não a condeno a pagar dano moral. Nesse caso, ambas as partes têm interesse em recorrer, pois cada uma perdeu parcialmente. 
Fernando não vê problema nenhum no texto da sentença, e apela no terceiro dia do prazo. Roberta, um pouco mais cuidadosa, lê a decisão várias vezes e encontra um ponto que seria omisso, obscuro. Dessa forma, Roberta apresenta embargos de declaração. Os embargos de declaração dela são providos, e a sentença foi alterada. 
O problema é que o recurso de Fernando foi feito antes dessa alteração. Ainda que em um pequeno ponto, a sentença sofreu uma alteração. 
Nesse caso, o art. 1024, CPC, vai dizer que se, eventualmente, a parte tiver apresentado recurso e a decisão for modificada em virtude de embargos de declaração posterior, aquele que apresentou o recurso principal, pode alterar pontualmente o texto do seu recurso.
O que isso significa:
No nosso exemplo, Fernando que já apelou pode apresentar uma petição simples, direcionada ao mesmo Órgão recursal, fazendo menção ao ponto que foi alterado pelos embargos de declaração. Não pode substituir a apelação. 
Pode-se nesse caso modificar em parte o recurso, por que a decisão recorrida foi em parte modificada. 
Muitos juízes não aceitam isso, mesmo que esteja na lei. 
Na prática, espera-se o prazo de 05 dias para a parte contrária oferecer ou não os embargos de declaração. Depois disso, é que se recorre. Os embargos de declaração interrompem o prazodo recurso principal. O prazo deste ainda vai fluir na sua integralidade lá na frente. 
3.9) Primazia do Julgamento do Mérito
Irregularidade formal X Interesse no julgamento do mérito
Correção de vícios sanáveis (Arts. 4º e 932, p. único)
Esse princípio decorre da infeliz prática dos tribunais da jurisprudência defensiva. 
O que é jurisprudência defensiva?
Qualquer entendimento de tribunais que é criado com o intuito único e exclusivamente de falar “olha não irei analisar o mérito do seu caso por que você errou na forma.”
Exemplo: Um problema no carimbo do protocolo da petição. 
A pessoa que propõe uma ação quer resolver seu problema e não a forma. 
O que esse princípio vai dizer: Eventuais vícios sanáveis devem ser sanados pra que se chegue naquilo que realmente importa, que é a análise do mérito. 
Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
O que realmente importa é o mérito. Esse princípio quer acabar com essa jurisprudência defensiva. 
O recurso interposto antes da abertura do prazo não será considerado intempestivo. O CPC/2015 trouxe isso expresso. Só intempestivo o recurso interposto após o prazo. 
4) Juízo de Admissibilidade
Juízo a quo: é o juízo prolator da decisão, é aquele que profere a decisão.
Juízo ad quem: é o juízo recursal, é quem tem competência para julgar os recursos. 
A gente vai ver que alguns tribunais fazem a admissibilidade, mas quem julga o mérito é outro. 
Outros conceitos importantes são:
Admissão: é usado pelo juízo singular quando conhece do recurso. Aspecto formal do recurso.
Exemplo: embargos de declaração pro juiz de 1º instância, ele admite ou não o recurso. 
Conhecimento: Manifestação sobre o aspecto formal do recurso. 
Não conhecer do recurso: não analisa o mérito. 
Conhecer do recurso: irão analisar o mérito. 
Provimento: Análise do mérito recursal. 
Continuação
Aula 5 do dia 25/08/2016
4) Juízo de Admissibiliade
Verificação da observância dos requisitos de admissibilidade
→ Análise prévia a respeito da existência do direito de recorrer e da regularidade do seu exercício
Juízo a quo: é o juízo prolator da decisão, é aquele que profere a decisão.
Juízo ad quem: é o juízo recursal, é quem tem competência para julgar os recursos. 
A gente vai ver que alguns tribunais fazem a admissibilidade, mas quem julga o mérito é outro. 
Outros conceitos importantes são:
Admissão: é usado pelo juízo singular quando conhece do recurso. Aspecto formal do recurso.
Exemplo: embargos de declaração pro juiz de 1º instância, ele admite ou não o recurso. 
Conhecimento: Manifestação sobre o aspecto formal do recurso. Não conhecer do recurso: não analisa o mérito. Conhecer do recurso: irão analisar o mérito. 
Admissão e conhecimento estão relacionados ao juízo de admissibilidade, com o foco formal. 
Provimento: Análise do mérito recursal. 
O julgamento de um recurso é dividido em duas etapas:
1º) Análise formal do recurso (Juízo de Admissibilidade)
São 7 requisitos de admissibilidade. O recurso deve preencher os sete.
2º) Análise do Mérito
O QUE É JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE?
O juízo de admissibilidade nada mais é do que a análise feita pelo Órgão responsável (via de regra o Órgão recursal) sobre a EXISTÊNCIA OU NÃO DO DIREITO DE RECORRER no caso concreto, e se existente SE O EXERCÍCIO DESSE DIREITO SE DEU DE FORMA ADEQUADA. 
Esse juízo de admissibilidade pode ser:
Juízo de admissibilidade positivo
→ Análise do mérito recursal / Possível provimento
POSITIVO: em termos práticos no juízo de admissibilidade positivo, o tribunal será muito sucinto. Não vai expor de forma completa a análise de todos os requisitos do recurso. O tribunal vai, simplesmente, dizer que o recurso passou no juízo de admissibilidade. Recurso conhecido, admitido. Não é muito fundamentada (não há problema nisso).
Juízo de admissibilidade negativo
→ Impedimento à análise do mérito recursal
→ Explícito / Fundamentado
→ Natureza declaratória: ex tunc X ex nunc (art. 975)
NEGATIVO: A admissibilidade negativa tem que ser, necessariamente, fundamentada, muito clara e indicar qual ou quais os requisitos não foram preenchidos no caso concreto. 
A parte precisa saber em que ponto ela errou, são sete os requisitos de admissibilidade. Ela precisa saber onde está o problema, o erro, por que muito provavelmente, a parte vai recorrer da decisão que negou o recurso. 
EFEITO DESSE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVO E O TRANSITO EM JULGADO:
Art. 975, CPC: conta o prazo da ação rescisória. 
Qual o problema?
Quando um tribunal profere uma decisão dizendo: Não conheço do seu recurso. 
Em tese, essa seria uma decisão, com efeito ex tunc (retroativo). O que traria um problema para contar o prazo da ação rescisória. 
Exemplo: 25/08/2016 (meu último dia do prazo para apelar).
26/08/2016 eu apelei da decisão. 
O tribunal no dia 10/11/2016 profere um juízo de admissibilidade negativo.
Tecnicamente falando eu perdi o prazo no dia 26/08/2016, e nesse caso, a decisão transitaria em julgado no dia 26/08/2016. E não no dia 10/11/2016. 
O problema é que se eu conto que minha ação transitou em julgado no dia 26/08/2016 e eu só fiquei sabendo que meu recurso não foi conhecido em 10/11/2016, eu já teria perdido o prazo de, aproximadamente, 3 meses para propor a ação rescisória. 
	A decisão de admissibilidade é uma decisão DECLARATÓRIA, o que significa dizer que ela tem efeito ex tunc.	
Art. 975.  O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
	O novo CPC seguiu o entendimento do STJ. Excepcionalmente, eu vou dizer que essa é uma decisão DECLARATÓRIA COM EFEITO EX NUNC, ou seja, não vai retroagir. 
	Então, o trânsito em julgado da decisão ocorrerá no dia em que transitar em julgado a decisão proferida no dia 10/11/2016. Teoricamente, a decisão transitou em julgado no dia 26/08/2016. 
	O mesmo ocorre com o transito em julgado parcial. Por exemplo: a ação discutia quatro temas, veio a sentença, e dois desses temas não foram discutidos na apelação, então transitaram em julgado. Desses dois temas discutidos na apelação, um foi feito um recurso especial para o STJ. Nesse caso, temos 2 temas que transitaram em julgado na 1º instância, 1 tema que transitou no tribunal de 2º grau e 1 tema que vai transitar no STJ. Conta-se o prazo da ação rescisória quando ocorrer o trânsito em julgado da última decisão proferida nesse processo. 
QUAIS SÃO OS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE?
Esses requisitos são divididos em dois grupos
Intrínsecos: EXISTÊNCIA. Verificação se existe ou não o direito recursal naquele caso concreto. Condições da ação em grau recursal. 
Requisitos: Cabimento, Legitimidade recursal e Interesse recursal.
Extrínsecos: EXERCÍCIO correto ou não do direito de recorrer. Verifica a forma como esse direito foi exercido. 
Requisitos: Inexistência de fato impeditivo / extintivo, Regularidade formal, Preparo e Tempestividade.
4.1) Requisitos de Admissibilidade (Intrínsecos/Extrínsecos)
Cabimento
Recorribilidade + adequação da via eleita
Previsão legal taxativa (recorribilidade)
Diante de uma decisão judicial a primeira pergunta a ser feita é: Qual o recurso cabível. 
Verificar se aquela decisão é passível de recurso, o que na maioria das vezes será. E qual o recurso cabível. 
Essa é a idéia da adequação, qual o recurso adequado para aquela decisão. 
	
B) Legitimidade recursal (art. 996)
Parte vencida (?) 
Terceiro prejudicado
Ministério Público (Súmula nº 99 - STJ)
Art. 996.  O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
Parágrafo único.  Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízocomo substituto processual.
Tecnicamente falando, o mais correto seria falar somente parte. Quando fala em parte vencida já estarei entrando na discussão do interesse recursal. 
Somente uma única exceção na intervenção de terceiro não vira parte: é o assistente simples. Todas as outras formas de intervenção de terceiros o terceiro vira parte, e recorre nessa qualidade. 
Terceiro prejudicado é alguém que não é parte, mas que sofre, ainda que de forma indireta, os efeitos da decisão. 
Normalmente é terceiro prejudicado aquele que poderia ter ingressado no processo via intervenção de terceiros, mas não ingressou.
	Qual o cuidado com o terceiro prejudicado? O CPC vai dizer que quando o terceiro prejudicado recorrer ele deve se qualificar e dizer qual relação ele tem com as partes e com a decisão.
 Isso por que o Órgão Jurisdicional está acostumado com as partes, o terceiro prejudicado tem o dever de se qualificar e demonstrar sua relação com as partes e com a decisão. 
Ministério Público tem legitimidade AMPLA e AUTÔNOMA. 
O MP recorre na qualidade de parte, bem como de fiscal da lei. 
MP fiscal da lei tem sua LEGITIMIDADE AUTÔNOMA: ele não depende dos outros para recorrer. O MP é fiscal da lei, não é fiscal do menor. Ele está no processo para assegurar a correta aplicação da lei, e não para ser advogado de A, de B ou de C.
Exemplo: As partes são Fernando e Dandara. O MP precisa do nosso consentimento, autorização ou concordância para recorre? NÃO. 
Súmula 99 do STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo que oficiou como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.
C) Interesse recursal
Utilidade / necessidade
Demonstração de prejuízo / gravame (?)
Réu e sentença terminativa (Arts. 4º e 488) (?)
O que leva a parte a recorrer?
Por que a parte sofreu um prejuízo, está numa posição desfavorável diante da decisão. A decisão traz algum gravame para a parte, que com o recurso quer se ver livre desse prejuízo. 
O MP fiscal da lei não recorre por que sofreu prejuízo próprio. A não aplicação correta da lei gera prejuízo para a coletividade.
O problema é que a maioria dos livros vai dizer que quem pode recorrer é a parte vencida, e que o vencedor não pode recorrer. 
Só que não é bem assim. Há casos em que o vencedor pode recorrer. 
Exemplos:
Vamos supor que em um processo entre Fernando contra João, Fernando tenha pedido para que João o pague R$ 100.000,00. O pedido foi julgado procedente. Mas, tem uma parte da sentença que está obscura, omissa. Nesse caso mesmo que Fernando tenha vencido ele poderá fazer embargos de declaração.
Marcela ré numa demanda alegou prescrição da dívida cobrada por Fernando. O juiz ao final julgou improcedente o pedido da autora, mas não se manifestou sobre a prescrição. Ela poderá interpor embargos de declaração para que o juiz acabe com essa omissão, mesmo sendo vencedora. 
O que é melhor para o réu uma sentença terminativa (o réu venci num primeiro momento, pois o autor pode propor novamente a demanda) ou uma sentença definitiva de improcedência do pedido? 
Sentença definitiva de improcedência do pedido (Decisão de mérito, que vai transitar em julgado materialmente)
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Art. 488.  Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485.
Pelo princípio da primazia do mérito, o réu poderá recorrer de sentença terminativa. O réu diante de uma sentença terminativa pode recorrer para dizer que quer que o mérito seja julgado.
Ainda que de forma indireta, o réu sofre um prejuízo com a sentença normativa, pois mesmo ele vencendo, ele poderia ter vencido mais, melhor com uma sentença de mérito.
 D) Inexistência de fato impeditivo / extintivo
Renúncia (expressa ou tácita) (art. 999)
Desistência (expressa ou tácita) (art. 998)
→ Repercussão geral e recursos repetitivos
Esse é um requisito de admissibilidade diferente dos outros, por que esse eu não posso ter para poder recorrer. Os outros requisitos eu tenho que ter. Ou seja, eu não posso ter fato impeditivo ou extintivo. 
FATOS IMPEDITIVOS: RENÚNCIA 
Eu renuncio a um direito não exercido. Não é possível renunciar de algo que eu já fiz, nesse caso eu poderei desistir. 
Eu renuncio do recurso que eu ainda não apresentei. 
EXPRESSA: Exemplo: ao final de um acordo homologado por um juiz, vir expresso que as partes renunciam ao recurso. Ou faz uma petição e atravessa nos autos dizendo que renuncia do recurso, para gerar um transito em julgado automático. 
TÁCITA: Quando a parte não recorre, apenas espera que o prazo para o recurso acabe. 
FATOS EXTINTIVOS: DESISTÊNCIA 
Só há desistência daquilo que já foi feito. Só se pode extinguir algo que já existe. 
A parte já recorreu, já exerceu seu direito de recorrer, e durante esse processo desiste do recurso. 
EXPRESSA: Formalmente apresenta nos autos a desistência. Ex: Desisto do recurso de folhas tais. Tribunal, eu cheguei a um acordo com a outra parte, desisto do recurso que interpus. O motivo é irrelevante. A desistência pode ocorrer até o julgamento do recurso. Só não será possível desistir se o recurso já estiver sido julgado, ou seja, aberta a votação. 
TÁCITA: Decorre de o fato da parte não dar continuidade ao tramite recursal. Diversos recursos exigem que o recorrente pratique atos para dar continuidade ao recurso. A desistência tácita decorre da não continuidade do tramite recursal. 
Exemplo: O agravo de instrumento exige que sejam copiadas 6 peças de forma a instruir o recurso. Essas seis peças são necessárias. E por algum motivo a parte só anexa 4 dessas peças. O tribunal não poderá não conhecer de imediato o recurso. O tribunal irá intimar a parte para que junte as 02 peças que faltaram no prazo X. O tribunal nesse caso está chamando a parte para dar continuidade ao processo. Se a parte não juntar essas peças no prazo, ocorrerá a desistência tácita. 
Cuidado: Repercussão geral e recursos repetitivos
A parte até desiste do recurso, mas é como se ela não tivesse desistido. 
Recurso especial e recurso extraordinário são julgados de forma coletiva. 
O STF e o STJ analisam 2 a 3 recursos, mas na realidade eles estão julgando uma tese que vai refletir em muitos casos. 
Exemplo: 13 pessoas apresentaram recurso especial discutindo a possibilidade de juros compostos em contrato de financiamento. 
Parao nosso recurso especial ser analisado, o Tribunal de 2º graus, olha para os 13 recursos e manda 2 ou mais para Brasília. 
Vamos imaginar que o Tribunal escolheu o recurso do João e da Paula. 
Os restantes ficam parados esperando o julgamento coletivo feito pelo STJ, pois ele irá refletir nesses 11. 
Vamos dizer que Paula e João desistiram do recurso no STJ. Se eles desistiram será não admissibilidade (o mérito não será julgado). O que acontece com os outros 11? Já que o mérito do modelo não será julgado? 
As partes podem desistir dos recursos feitos ao STF e ao STJ, o que ocorre é que essa desistência não gerará efeitos práticos para as outras pessoas. 
O caso daquele que desistiu não vai ser afetado pelo julgamento, mas o julgamento vai ocorrer por que o restante tem direito.
Art. 998.  O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.
Parágrafo único.  A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
Art. 999.  A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.
A parte não tem que justificar por que está renunciando ou desistindo do recurso. 
E) Regularidade formal
Forma escrita (?) / endereçamento / qualificação (?) / fundamentação / pedido recursal / representação
Quais os aspectos formais da peça recursal?
O problema é que os recursos não têmuma forma única. 
FORMA ESCRITA:
Os recursos são escritos. Não se recorre verbalmente. Salvo uma única exceção, art. 48, da Lei 9099 (Juizados especiais) permite que se apresente embargos de declaração orais, mas é uma faculdade, pois eles podem ser escritos. 
Tirando essa exceção, OS RECURSOS SÃO SEMPRE ESCRITOS. 
ENDEREÇAMENTO: 
Normalmente, é usado uma peça de interposição. 
Tecnicamente falando o recurso é direcionado ao Órgão recursal, tribunal ad quem. 
A maioria esmagadora dos recursos não são entregues diretamente ao Órgão recursal. 
O recurso é entregue ao Órgão que proferiu a decisão, e ele é que manda, remete para o tribunal ad quem. 
Por isso, normalmente, o recurso é dividido em peça de interposição e razões recursais, porém devem ser entregues em conjunto. 
Exemplo: Exmo Juiz de direito da comarca de Belo Horizonte autos nº tal. Vem apresentar recurso de apelação e requer que seja dado o devido processamento legal. E que envie o recurso ao tribunal. (Peça de interposição: fazer com que o recurso chegue aonde tem que chegar). 
QUALIFICAÇÃO: 
Como regra, não é preciso qualificar o recorrente. 
A maioria dos recursos levam consigo os autos. 
Exceção: 
- No agravo de instrumento: sempre qualifica. Por que o agravo de instrumento deve ser entregue direto ao tribunal. Não tem peça de interposição. 
-Terceiro prejudica sempre se qualifica
FUNDAMENTAÇÃO: 
Está dentro das razões recursais. 
Se o recurso é ordinário a fundamentação é fática e jurídica. 
Se o recurso é extraordinário a fundamentação é só jurídica. 
PEDIDO RECURSAL:
Anular, reformar, esclarecer ou integrar a decisão. 
Efeito devolutivo: só analisado aquilo que foi impugnado, pedido. 
O pedido é a impugnação específica de pontos da decisão. Qual pedaço da decisão você quer reformar? Só é analisado o que foi pedido. É impugnado o que é pedido. 
REPRESENTAÇÃO: 
Todos os recursos exigem a representação por um procurador habilitado nos autos. 
Recorrer é ato de advogado, defensor público ou MP.
Não há a possibilidade de a parte recorrer diretamente. Nem no juizado especial é possível recorrer sem advogado.
Continuação
Aula 6 do dia 29/08/2016
F) Preparo
Encargos financeiros (art. 1.007)
→ Possível inclusão do porte de remessa e retorno 
Dispensa (§ 1º)
Deserção e recolhimento em dobro (art. 1.007, §§ 2° e 4º c/c 932, p. único)
E.C.A. (art. 198, I da Lei n. 8.069/90)
Preparo = Custas pelo ato recursal.
São os encargos financeiros do ato recursal.
 	Em algumas situações serão somados ao preparo o valor do porte de envio e retorno. Seria uma espécie de Sedex. 
Em vários casos, o recurso retira os autos de uma determinada comarca e leva para outra. O Estado cobra por essa movimentação dos autos. O valor é calculado pelo número de folhas. Quanto mais volumoso, mais caro será o valor do porte de envio e retorno. 
O CPC vai deixar bem claro que não há cobrança de porte de envio e retorno em autos eletrônicos, afinal de contas não há idas e vindas de autos físicos. 
Até pouco tempo o STF cobrava porte de envio e retorno de recurso extraordinário feito por via eletrônico. 
DISPENSA: 
Determinadas pessoas não pagam custas e como regra não iram pagar o preparo. 
É o caso da Fazenda Pública (União, estados, DF, municípios, autarquias e fundações públicas – as pessoas jurídicas de direito público), Ministério Público, Defensoria Pública e aquele que é beneficiário de assistência judiciária gratuita. 
É importante fazer uma distinção entre a defensoria pública como instituição e a pessoa defendida pela defensoria pública. Por exemplo: a instituição defensoria pública não recolhe preparo na sua atuação institucional, e a pessoa beneficiária da assistência gratuita não recolhe preparo, seja seu procurador um defensor público ou privado. 
DESERÇÃO: Não admissibilidade do recurso pelo não pagamento das custas recursais. 
Recurso deserto ou deserção. 
A deserção é a sanção aplicada ao recurso que deveria ter sido preparado e não foi. O resultado da deserção é o não conhecimento do recurso. 
Ao não pagar o preparo do recurso a parte não cumpre com um requisito de admissibilidade. 
Julgou o recurso deserto = Significa que naquele recurso não houve o recolhimento das custas recursais. 
Atenção: 
No CPC/73:
Era feita a distinção ente ausência de preparo e insuficiência de preparo. 
Ausência de preparo: A parte tinha que recolhe o preparo e não recolheu nada. Recebia uma decisão de deserção automática. O tribunal não intimava para que a parte pagasse, verificado o não recolhimento do preparo o recurso não era conhecido. 
Insuficiência de preparo: A parte recolheu o preparo, mas não o valor total. O tribunal intimava a parte para que no prazo de 05 dias recolhesse a parte que faltava, havendo o pagamento prosseguia o recurso, se não, não era conhecido. 
No CPC/2015:
Mudou essa ideia. Pensando no princípio da primazia da análise do mérito. Não há mais deserção automática. O que significa dizer que mesmo na ausência de preparo, o tribunal vai intimar a parte. 
Ausência de preparo: A lei manda intimar o recorrente, e abrir um prazo de 05 dias para que ele recolha o preparo EM DOBRO. Se a parte não recolher nada dentro desse prazo o recurso será deserto.
Insuficiência de preparo: A regra do CPC/73 continua a mesma. O tribunal intima a parte para que no prazo de 05 dias recolha a parte que falta, havendo o pagamento prossegue o recurso, se não, ele não será conhecido.
Vamos supor que a parte até recolheu o preparo, contudo, esqueceu de colocar a guia nos autos. O recurso subiu para o tribunal sem a guia que comprova o pagamento do preparo. Se isso acontecer duas possibilidades: Se a parte esqueceu mesmo ela recolhe de novo para dar o dobro, ou se ela teve um justo motivo pelo problema ela pode pedir pra não ser aplicada a sanção (mas, não conte com isso). 
ATENÇÃO: Todo preparo é recolhido e comprovado com a interposição do recurso. Não é aconselhável deixar para fazer isso no futuro. 
O momento de comprovação do preparo é no ato de interposição do recurso. 
Duas exceções: nos Juizados Especiais o preparo do recurso inominado pode ser recolhido em até 48 horas após a interposição do recurso, e na Justiça Federal tem uma regulamentação que diz que no caso da apelação a parte tem até 05 dias após a interposição do recurso para comprovar o recolhimento do preparo. Na prática não é bom fazer isso. 
ECA:
	São procedimentos isentos. Não há custas recursais. 
G) Tempestividade
Prazo preclusivo (art. 1.003)
Prazo não tem como corrigir. Perdeu o prazo não tem o que fazer. 
Art. 1.003.  O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão.
§ 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação.
§ 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.
§ 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem.
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
§ 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.
Regra: 15 dias / Exceção: embargos de declaração - 5 dias
Tentativa de unificação dos prazos recursais. 
Regra: 15 dias úteis
Exceção: embargos de declaração. 
Isonomia no prazo de respostas (contrarrazões)
Se a parte tem 15 dias para recorrer, a parte contrária tem 15 dias para responder o meu recurso. 
Com exceção dos embargos de declaração. 
Como regra os embargos de declaração não abrem espaço de resposta para a parte contrária.

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