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Resumo Simmel - Questões Fundamentais da Sociologia, Cap 2

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Georg Simmel
Capítulo 2
O nível social e o nível individual
(exemplo de sociologia geral)
(Sociologia geral – relação entre indivíduo e sociedade.)
Nas últimas décadas, quando a socialização (a vida de grupos entendidos como unidades) tornou-se 
propriamente o objeto de questionamento sociológico, fez-se necessária a pergunta: “Qual é a diferença
entre as características essenciais desse sujeito da sociedade e da vida individual enquanto tal?”
 Olhando por uma perspectiva externa essas diferenças são óbvias: por exemplo, a imortalidade do 
grupo se contrapõe à transitoriedade do indivíduo.
Essas questões, sempre que vinham à tona eram tratadas por uma perspectiva psicológicas
É preciso esclarecer as determinações da vida do grupo e do indivíduo.
As determinações do grupo e as hesitações do indivíduo
Apresentou-se aqui a afirmação de que as ações das sociedades teriam um propósito e uma objetividade
muito mais definidos que os individuais. O indivíduo é pressionado por todos os lados por sentimentos,
impulsos e pensamentos contraditórios. O grupos sociais, em contrapartida, mesmo que mudem com 
frequência suas orientações de ação, estariam convencidos de uma determinada orientação, 
progredindo assim continuamente. 
Os indivíduos se mostram “livres” enquanto os grupos sociais são regidos por “leis naturais”.
Há um problema com essa formulação: ela parte da ideia de que os objetivos da coletividade 
correspondem àqueles que os indivíduos devem apresentar para si mesmo como o mais 
fundamentalmente simples e primitivo. 
Para essa pressão que o indivíduo segue e para essa liberdade que ele enfrenta ao se orientar na vida, o 
direito se mostra como uma das primeiras e mais essenciais condições de vida de grupos grandes. O 
direito basta escassamente para a existência do todo, são o mínimo para o indivíduo, a condição pela 
qual ela pode existir enquanto ser social 
O indivíduo e seu pertencimento grupal
Com isso se insinua uma diferença de nível entre a “massa” (coletividade) e o indivíduo 
Essa diferença só pode existir desde que as qualidades que o indivíduo tem e o comportamento que ele 
assume enquanto parte da “massa”, sejam separadas das demais qualidades e comportamentos desse 
indivíduo (essas demais qualidades e comportamento são propriedade privada do indivíduo e permitem 
que o indivíduo se separe do contexto partilhado com os demais indivíduos.) A essencia do indivíduo é 
portanto composta por essas duas partes.
A primeira parte da essencia do indivíduo só pode ser formada a partir de elementos mais primitivos e 
inferiores, porque são eles que estão disponíveis com segurança a todos os indivíduos.
Todas as normas e valores, as inclinações afetivas etc., que são passadas entre as gerações através da 
palavra e o conhecimento penetram o indivíduo como tradição conscientes ou inconscientes. Quanto 
mais antigas forem as tradições mais consolidadas elas estão na sociedade. (pode se relacionar com a 
dominação tradicional em Weber)
Eles elementos são menos complexos e portanto mais acessiveis a todos. Quanto mais esses elementos 
da coletividade vão se sofisticando, menor é a possibilidade de que sejam propriedade de todos. Eles se
tornam mais ou menos individuais e são partilhados com os outros indivíduos de maneira acidental. 
(acredito que a religião seja um bom exemplo. Os elementos mais simples e rudimentares da religião 
são muito mais acessiveis e compartilhados de maneira muito mais ampla pela sociedade. Como é por 
exemplo com a grande valorização da de fé (crença nas coisas que não se vê). Quando mais o 
pensamento religioso vai se tornando mais complexo, ele vai se tornando mais restrito (A ideia de uma 
religião mais racionalizada e sem ser pautada na revelação não é compartilhada de maneira ampla e não
tem raizes na sociedade) 
Apreço pelo antigo e apreço pelo novo
Com base nessa relação fundamental podemos explicar um fenômeno característico de toda a história 
da cultura: Tanto o antigo quanto o novo, o excecional tem apreço dentro das sociedades.
O apreço pelo antigo nem precisa ser mais explorado. O apreço pelo que sempre existiu é presente.
Mas pode haver também um apreço pelo novo, aquilo que é capaz de despertar o dinamismo do 
indivíduo e que para tanto, só pode ser algo que está fora de nós.
O significado sociológico da semelhança e da diferença entre indivíduos
A história da cultura da humanidade é a história da eterna luta (e tentativas de conciliação) entre a 
semelhança e a diferença. Por exemplo, quando se trata dos indivíduos, a diferença é muito mais 
importante do que a semelhança entre eles.
Esse interesse na diferença se estende a todas as relações do indivíduo. Por exemplo, quando o 
indivíduo se une em um grupo, como um partido político, a tendencia é que esse grupo vá se 
diferenciando, vá se cindindo em grupos menores e se apõem agora, ao que no inicio eram parte de seu 
grupo. É como se cada individualidade sentido o seu significado em contraposição com outras. 
A superioridade do indivíduo sobre a massa
o novo se faz valer como o que existe de mais diferenciado. Do outro lado o velho aparece como 
valorativamente inferior. 
Aí chegamos ao o que o autor chama de “trágico da sociologia”: quanto mais o indivíduo aprimora suas
faculdades, aprimora suas qualidades, menos estará em unidade com os demais. Esse indivíduo pode 
até a vir a falar com desprezo da “massa”, do “povo”.
A existência desse desnível entre o sujeito e a sociedade tem consequências. Elas se mostram quando, 
por exemplo: 
-A ação dos indivíduos é diferente quando ele se encontra em grupo, tendendo a agir como avelhas do 
rebanho. Quando reunidos se comportam exatamente como a “massa”.
-Se pessoas de círculos diferentes comem e bebem juntas há a tendencia de que as pessoas mais 
“diferenciadas” (no sentido de que foram se tornando diferentes) se comportem como a “massa”. 
- velhos entre jovens tendem a agir de maneira mais descontraída
De acordo com o autor, essa necessidade de prestar tributo às grandes massas acaba por rebaixar o 
indivíduo, retirando-o de sua posição elevada ocupada por meio da formação. 
A massa não é a soma de cada um, mas a soma de fragmentos de cada um que coincidem com os dois 
demais. Esse fragmentos são os mais primitivos. 
A simplicidade e o radicalismo da massa
Os modos de comportamento das massas são sempre orientados para o caminho mais curto, pela ideia 
mais simples possível.
Qualquer ideia que busca por adeptos deve ser radical (acredito que no sentido de raiz, de mais 
elementar e primário.)
A massa é mais passional. A massa não mente, não dissimula. E falta-lhe também a responsabilidade. 
A emotividade da massa e da atração da massa
O sentimento pode ser visto como algo mais primário e universal. Ao passo que o intelecto seria mais 
sofisticado e mais particular do que social. O sentimento está mais próximo do social do que do 
individual e o intelecto esta mais próximo do individual do que do intelectual. Tanto o é que qualquer 
pessoa (um músico, por exemplo), para atingir as massa, recorre ao sentimento. 
(nisso pode-se fazer uma relação com Durkheim, quando ele assume que a sociedade tem 
caracteristicas que não existem em cada indivíduo, que não se reproduzem de igual maneira nos 
indivíduos.)
A massa está mais suscetivel de avalanches de emocoes, do odio, de amor... Isso se deve à influencia 
mutua. Como esses sentimentos existem em todos mas também em cada um (mesmo que de maneira 
fracionada) eles tendem a se somar (de novo, bem próximo do que Durkheim usa para explicar o 
engendramento da consciencia coletiva.). 
O indivíduo se sente tomado pelo “humor” da massa. Exemplo: todo mundo algum dia já gargalhou por
uma piada estando em grupo, em um teatro, por exemplo, mas que sozinho, dentro do quarto, essa 
piada não seria engraçada. Exemplo do contrário seriam os crimesde massa.

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