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Karollyna Braz de Carvalho Ferreira SEMANA 3 AO JUIZO FEDERAL DA__ VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE MARIA SOUZA, professora, estado civil ..., brasileira, portadora da carteira de identidade de nº ..., inscrita no cadastro de pessoas físicas sob o n°..., endereço eletrônico..., residente e domiciliada na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado..., por seu advogado, inscrito na OAB sob o número, com endereço profissional na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado..., com fundamento no artigo 5°, LXIX da CRBF/88, artigo 51, III, e artigo 126, § 4°, da Constituição do Estado de São Paulo, vem impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR em face de ato ilegal proferido pelo REITOR, com endereço na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado..., integrante da Pessoa Jurídica de Direito Público a AUTARQUIA FEDERAL, com endereço na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado...,, pelos fatos e fundamentos de direito a seguir expostos: DOS FATOS A impetrante é servidora pública, exercendo cargo de professora na AUTARQUIA FEDERAL que integra a presente demanda. Ocorre que diante da insatisfação com a nota que lhe foi atribuída pela ora impetrante, o aluno Marcos Silva abordou a professora com um canivete em punho e em meio a ameaças, exigiu que ela modificasse a sua nota. Em reação a ofensiva a impetrante, com intuito de repelir a agressão, conseguiu desarmar e derrubar o aluno, que na queda quebrou o braço. Diante do ocorrido, foi instaurado processo administrativo disciplinar para apurar eventual responsabilidade da professora. Ao mesmo tempo a impetrante fora denunciada pelo crime de lesão corporal. Na esfera criminal, a autora foi absolvida por restar provado ter agido em legitima defesa em decisão que transitou em julgado. O processo administrativo instaurado prosseguiu sem a devida citação da servidora e desprezando a absolvição na esfera penal. Ao final do processo a Comissão apresentou relatório pugnando pela condenação da servidora a pena de demissão. Encaminhado o referido processo ao reitor da faculdade da Universidade para decisão final, que sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela comissão, aplicou a pena de demissão a servidora, desprezando a absolvição na esfera criminal, afirmando que a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal. DOS FUNDAMENTOS Diante dos fatos aduzidos, verifica-se o cabimento da presente medida, encontrando a impetrante amparo no artigo 5°, LXIX da CF/88 e na Lei n° 12.016/09, que prevê a concessão de mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus, sendo claro o ato ilegal praticado pela autoridade coatora, o magnifico reitor da universidade federal. Conforme a narrativa acima, restou evidenciado o direito líquido e certo da impetrante, tendo em vista que ocorrera uma clara violação do devido processo legal. Todo procedimento assim como qualquer ato administrativo deve ser conduzido com estrita observância dos princípios constitucionais, sob pena de nulidade. A partir do momento que fora instaurado o processo administrativo de repercussão direta a impetrante, a autoridade coatora deveria de imediato garantir o direito ao contraditório e à ampla defesa à impetrante, como dispõe a inteligência da lei n° 8.112/90. “Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos admitidos em direito.” A impetrante não teve a oportunidade de se manifestar nos autos do processo tendo em vista a ausência de citação, esse fato comprova de maneira clara a quebra do direito constitucional à ampla defesa. A doutrina, no mesmo sentido segue este entendimento. “É sabido que a ampla defesa e o contraditório não alcançam apenas o processo pena, mas também o administrativo, no termo do artigo 5°, inciso LV da Constituição Federal. É que a Constituição estende essas garantias a todos os processos, punitivos ou não, bastando haver litígios”. (Harrison Leite, Manual de Direito Financeiro, Editora jus podivum, 3° edição, 2014, p.349) Cumpre destacar ainda que a conduta praticada incide ao mesmo tempo na esferapenal e administrativa. Nesse caso os processos devem tramitar de maneira autônoma em todas as esferas, tendo em vista o respeito pelo ordenamento jurídico a independência e autonomia entre as instancias. No entanto, no caso enfrentado deverá ser aplicado a mitigação da independência entre as instancias conforme inteligência do artigo 126 da lei 8.112/90. “Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria”. A percebida absolvição na esfera penal em função da excludente de ilicitude verificada vincula as instancias afastando a responsabilidade administrativa da impetrante. Dessa forma, o ato de demissão editado pelo REITOR da UNIVERSIDADE com base no relatório da Comissão carece de validade sendo nulo de pleno direito. Ainda é possível destacar o ensinamento de Hely Lopes Meirelles, “a punição administrativa ou disciplina não depende de processo civil ou criminal a que sujeite também o servidor pela mesma, falta, nem obriga a Administração a aguardar o desfecho dos demais processos, nem mesmo em face da presunção constitucional de não culpabilidade, no entanto ressalta-se a responsabilidade administrativa do servidor será afastada quando a absolvição negar a existência do fato ou sua autoria”. Portanto, tem-se nitidamente a quebra do contraditório e da ampla defesa no processo administrativo instaurado em face da impetrante tendo em vista a ausência de qualquer notificação para apresentação de defesa. No caso de restar superado o argumento, é possível destacar ainda que o pleito deve ser deferido tendo em vista a mitigação da independência das instancias com o afastamento da responsabilidade administrativa em função da absolvição na esfera criminal diante da excludente de ilicitude conforme artigo 65 do CPP. DA CONCESSAO DA MEDIDA LIMINAR Encontram-se presentes os requisitos ensejadores da concessão de medida liminar na forma do artigo 7°, III e parágrafos, da Lei n° 12.016/09 quais sejam, o fumus boni iuris e periculum in mora. O primeiro requisito reside no fato de a impetrante não ter sequer sido notificada sobre eventual instauração de processo administrativo, não exercendo o legitimo direito de defesa. O segundo requisito é justificado pelo fato de que a demissão injusta verificada compromete a subsistência da impetrante tendo em vista a perda do único meio de sobrevivência. Diante o exposto resta clara a necessidade urgência na prestação jurisdicional no sentido de se acolher a liminar pleiteada destinada a suspender os efeitos do ato administrativo ora impugnado até que a questão seja definitivamente decidida nestes autos, considerando, ainda, que o afastamento da servidora até o julgamento final, prejudica de maneira clara a subsistência da impetrante. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: A) A concessão da medida liminar para determinar a suspensão dos efeitos do ato impugnado até o julgamento definitivo da pretensão deduzida nesta ação; B) A notificação da autoridade coatora, para que, querendo, no prazo legal, preste as informações que entender pertinentes, conforme o artigo 7°, I, da Lei n° 12.016/09; C) Que seja dada ciência do feito a Pessoa Jurídica de Direito Públicopara que preste suas informações ou a ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, para que, querendo, ingresse no feito; D) A intimação do ilustre Membro do Ministério Público, na forma do artigo 12, da Lei n° 12.016/09; E) Que o pedido seja ao final julgado procedente para conceder a segurança declarando a nulidade do processo administrativo que culminou com ato de demissão editado pelo REITOR da UNIVERSIDADE FEDERAL torando efetiva a liminar concedida; e F) Que, se restar superado o pleito de cerceamento de defesa apontado, seja a responsabilidade administrativa da servidora afastada em função da absolvição reconhecida em sentença transitada em julgado na esfera penal. DAS PROVAS Requer a análise das provas anexadas à presente ação. DO VALOR DA CAUSA Dá-se valor a causa de R$ 1.000,00 (mil reais), para fins do artigo 291, do CPC. Nestes termos, pede deferimento Local, data Advogado OAB/UF n°
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