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DIREITO COMERCIAL E FUNDAMENTOS INTRODUTÓRIOS

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DIREITO COMERCIAL NO MUNDO 
 
Inicialmente a atividade de comércio caracterizava-se pela troca de bens que sobravam da produção 
de subsistência de cada seio familiar. Esta foi a era da troca ou escambo. Logo após houve uma 
evolução dessas operações em virtude das próprias necessidades sociais. Surgiram os elementos de 
valor representativo e de fácil transporte, ampliando e facilitando as atividades comerciais, como 
alguns animais, metais e pedras preciosas. Isso já foi a idéia embrionária de moeda. Hoje o conceito 
de comércio está um tanto evoluído e caracteriza-se pela circulação de riquezas, nelas incluídas 
mercadorias e serviços, que engloba desde pessoas físicas e sociedades de fato até as mais 
evoluídas organizações econômicas, com o intuito de lucro. 
 
O Direito Comercial contemporâneo abarca não só as atividades relativas à mercancia, mas também 
muitas outras instituições. O Direito Econômico é o ordenamento jurídico inerente à produção, a 
circulação e ao consumo de riquezas. Sendo que o comércio é um dos elos do panorama da atividade 
econômica. Poderíamos dizer que o Direito Econômico é o gênero e o Direito Comercial, assim como 
o Direito rural e Direito do Trabalho, é a espécie. 
 
Embora haja certa confusão entre conceitos e delimitações entre essas duas vertentes do Direito, 
ressaltamos que ambos são ramos autônomos do Direito, já que têm seus próprios princípios e 
exigências distintas na grade curricular dos cursos de graduação de forma independente, embora 
inter-relacionada. 
 
O Direito Comercial surgiu basicamente na Idade Média, que foi quando começaram a emergir as 
primeiras formas de comércio. Devido a essa nova fase social seria natural que houvesse a 
necessidade de normas que regulamentassem essas atividades. Inicialmente essas regras jurídicas 
faziam parte de códigos mais genéricos, como o Código de Manu e Hamurabi. Posteriormente 
surgiram as leis de regulamentação marítima com um teor mais específico, como as regras de 
regulamentação marítima que os romanos acolheram dos fenícios. No entanto ainda não era um corpo 
de legislação sistematizado que justificasse a autonomia de um direito comercial propriamente dito. 
 
Só com a fase de desenvolvimento alcançada pela Europa na Idade Média, com o surgimento das 
corporações de mercadores e crescimento das cidades medievais e autonomia de alguns centros 
comercias como Veneza, Florença, Gênova, dentre outros, é que começam a surgir os primeiros 
passos do direito comercial propriamente dito. A organização dos comerciantes em ligas e 
corporações trouxe-lhes poder econômico, político e militar capaz de tornar as cidades mercantis 
autônomas com seus estatutos comerciais próprios, ainda mais porque o direito comum já se tornara 
precário diante das necessidades comercias da época. 
 
Com o vislumbre de novos horizontes o conceito de direito comercial fica obsoleto e isolado, surgindo 
juntamente com o avanço do capitalismo e suas linhas de produção em massa as sociedades 
empresariais. Nessa nova ótica e enfatizando a importância dos capitais para a exploração das forças 
produtivas da natureza aliadas à figura do empresário. O conceito de empresa comercial evoluiu na 
cadeia de atos de comércio para organização dos fatores de produção, gerando e distribuindo bens e 
serviços em larga escala. Logo o Direito Comercial passou a ser tratado como o direito disciplinador 
das empresas comerciais. 
E foi nessa linha que o Brasil, influenciado pela Itália, elaborou seu código civil em 2002 abrangendo 
diversos temas que antes eram tratados no código comercial de 1850. 
 
 
EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 
 
O direito comercial brasileiro tem origem em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil 
e a abertura dos portos às nações amigas. Da sua origem até o surgimento do Código Comercial 
brasileiro, disciplinavam as atividades comerciais no país as leis portuguesas e os Códigos Comerciais 
da Espanha e da França, já que entre as leis portuguesas existia uma lei (Lei da Boa Razão) prevendo 
que no caso de lacuna da lei portuguesa deveriam ser aplicadas para dirimir os conflitos de natureza 
comercial as leis das nações cristãs, iluminadas e polidas. Por essa razão, nessa primeira fase do 
direito comercial brasileiro a disciplina legal das atividades comerciais mostrava-se bastante confusa. 
Em 1834, uma comissão de comerciantes apresentou ao Congresso Nacional um projeto de Código 
Comercial, que após uma tramitação de mais de 15 anos originou o primeiro código brasileiro, o 
Código Comercial (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), que foi baseado nos Códigos de Comércio de 
Portugal, da França e da Espanha. O Código Comercial brasileiro adota a teoria francesa dos atos de 
comércio, podendo-se, entretanto, identificar traços do período subjetivo na lei de 1850, em razão do 
art. 4° prever que somente os comerciantes matriculados em alguns dos Tribunais de Comércio do 
Império poderão gozar dos privilégios previstos no Código Comercial. 
Cumpre ressaltar que embora o Código Comercial brasileiro seja baseado na teoria dos atos de 
comércio, em nenhum dos seus artigos ele apresenta a enumeração dos atos de comércio, como faz o 
Código Comercial francês de 1807 nos artigos 632 e 633. Essa ausência da enumeração dos atos de 
comércio no Código Comercial foi proposital, justificando-se pelos problemas que a enumeração 
causava na Europa, onde eram conhecidas grandes divergências doutrinárias e jurisprudenciais 
referentes à caracterização da natureza comercial ou civil de determinadas atividades econômicas em 
razão da enumeração legal dos atos de comércio. 
Temendo que essas divergências e disputas judiciais se repetissem no país, o legislador brasileiro 
preferiu, após grandes discussões na fase de elaboração do Código Comercial, não inserir a 
enumeração dos atos de comércio na Lei n° 556, de 1850. Entretanto, não foi possível ao legislador 
brasileiro escusar-se de apresentar uma enumeração legal dos atos de comércio no país, que foi 
realizada no Regulamento n° 737 de 1850, especificamente nos artigos 19 e 20. O Regulamento n° 
737 tratava do processo comercial e a enumeração dos atos de comércio baseou-se no Código de 
Comércio francês. 
Até 1875, a enumeração dos atos de comércio constante no Regulamento n° 737 era utilizada para 
delimitar o conteúdo da matéria comercial para o fim jurisdicional e para qualificar a pessoa como 
comerciante no país. Em 1875 os Tribunais de Comércio foram extintos e com a unificação do 
processo deixou de ser necessário para o fim jurisdicional diferenciar a atividade comercial da 
atividade civil. Assim, sob o aspecto processual, a teoria dos atos de comércio perdeu a sua 
importância no Brasil, mas continuou a ser necessária para diferenciar o comerciante do não 
comerciante, já que a lei prevê um tratamento diferenciado para aquele que desenvolve uma atividade 
econômica de natureza comercial, sendo o principal exemplo dessa diferenciação a Lei de Falência 
(Dec.-Lei n° 7.661, de 21 de junho de 1945), pela qual somente podem se beneficiar da concordata e 
submeter-se à falência quem exerce atividade econômica de natureza comercial. 
O Regulamento n° 737 de 1850 foi revogado em 1939 pelo Código de Processo Civil e desde então 
deixou de existir no país um diploma legal que apresente a enumeração dos atos de comércio, 
dificultando a definição da comercialidade das relações jurídicas no Brasil a ponto de não existir até o 
surgimento do novo Código Civil um critério seguro para se definir o conteúdo da matéria comercial. 
Essa dificuldade justifica-se por vários motivos. A teoria dos atos de comércio, por sua própria 
natureza, não permite a criação de um critério científico para se definir a natureza comercial de um 
ato, surgindo um grande problema quando determinado ato não se encontra enumeradona relação da 
lei. 
No Brasil, esse problema intensifica-se porque desde 1939 não existe nem mesmo na legislação 
vigente a enumeração dos atos de comércio. Se não bastasse, nas últimas décadas, várias leis 
brasileiras de natureza comercial passaram a apresentar fortes traços da teoria da empresa e a 
doutrina nacional passou a se dedicar ao estudo dessa teoria italiana, prestigiando-a em detrimento à 
teoria francesa, o que acabou refletindo em várias decisões dos Tribunais brasileiros. 
Todo esse contexto fez com que a definição da comercialidade das relações jurídicas no país se 
transformasse em um grande problema. Nessa difícil tarefa em delimitar o conteúdo da matéria 
comercial utilizou-se como referência os atos de comércio enumerados no revogado Regulamento n° 
737 de 1850, o disposto em lei como sendo matéria comercial (sociedades anônimas, empresas de 
construção civil) e a jurisprudência, já que várias decisões envolvendo complexos casos passaram a 
definir a natureza comercial de certas atividades econômicas. 
Na delimitação do conteúdo da matéria comercial pode-se identificar em várias ocasiões a adoção da 
teoria da empresa para definir como comercial a natureza de determinada atividade econômica, 
evidenciando a influência e o prestígio da teoria italiana no direito brasileiro. Nesse sentido, destacam-
se decisões considerando de natureza comercial clínicas de serviços médicos, salões de cabeleireiros, 
empresas de publicidade e também a atividade pecuária. Essas atividades, pela teoria dos atos de 
comércio estariam, em regra, afastadas do regime comercial e, consequentemente, não estariam 
submetidas à falência e não poderiam obter concordata. 
As dificuldades encontradas na definição da comercialidade das relações jurídicas e a adoção da 
teoria da empresa para caracterizar determinadas atividades econômicas como comerciais 
caracterizam o período de transição do direito comercial brasileiro nos últimos 30 anos. Esse período 
transitório entre a teoria dos atos de comércio, presente no Código Comercial e na Lei de Falência, e a 
teoria da empresa, prestigiada pela doutrina e pela jurisprudência e presente em importantes leis 
comerciais (p. ex.: Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976 - Lei das Sociedades Anônimas; Lei n° 
8.934, de 18 de novembro de 1994 - Lei de Registro Público de Empresas; Lei n° 8.884, de 20 de julho 
de 1994 - Lei de Defesa da Livre Concorrência; Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996 - Lei da 
Propriedade Industrial; Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999 - Novo Estatuto da Microempresa e da 
Empresa de Pequeno Porte), é finalmente superado com o surgimento do novo Código Civil brasileiro. 
 
BENS 
Entende-se por bens tudo o que pode proporcionar utilidade aos homens. Não deve o termo ser 
confundido com coisas, embora a doutrina longe está de ser uníssona. Bem, em nossa concepção, 
é tudo que corresponde a nossos desejos, nosso afeto em uma visão não jurídica. No campo 
jurídico, bem deve ser considerado aquilo que tem valor, abstraindo-se daí a noção pecuniária do 
termo. Para o direito, bem é uma utilidade econômica ou não econômica. 
O termo bens, que serve de título ao Livro II da Parte Geral do Código Civil de 1916 e do presente 
Código, tem significação extensa, englobando coisas e direitos, sob diversos aspectos. Na Parte 
Especial, ao tratar do Direito das Coisas, a lei dedica-se unicamente à propriedade e a seus 
respectivos direitos derivados. 
No Livro II, o Código trata "das diferentes classes de bens". Primeiramente, "dos bens considerados 
em si mesmos": 
"I - dos bens imóveis; 
II - dos bens móveis; 
III - dos bens fungíveis e consumíveis; 
IV - dos bens divisíveis e indivisíveis; 
V - dos bens singulares e coletivos." 
 
 
 BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS 
 
 
Já vimos que os romanos faziam distinção entre bens corpóreos e incorpóreos. 
Bens corpóreos são aqueles que nossos sentidos podem perceber: um automóvel, um animal, um 
livro. Os bens incorpóreos não têm existência tangível. São direitos das pessoas sobre as coisas, 
sobre o produto de seu intelecto, ou em relação à outra pessoa, com valor econômico: direitos 
autorais, créditos, invenções. 
As coisas corpóreas podem ser objeto de compra e venda, enquanto as incorpóreas prestam-se à 
cessão. As coisas incorpóreas não podem ser objeto de usucapião nem de transferência pela 
tradição, que requer a entrega material da coisa. 
Em que pese ao silêncio da legislação, essa distinção que vem desde o Direito Romano é de 
importância relativa. 
Os bens incorpóreos são entendidos como abstração do Direito; não têm existência material, mas 
existência jurídica. As relações jurídicas podem ter como objeto tanto os bens materiais quanto os 
imateriais. 
 
 
BENS IMÓVEIS E MÓVEIS 
 
Imóveis são aqueles bens que não podem ser transportados sem perda ou deterioração, enquanto 
móveis são os que podem ser removidos, sem perda ou diminuição de sua substância, por força 
própria ou estranha. Semoventes são os animais. São essas noções que encontramos no art. 82: "São 
móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da 
substância ou da destinação econômico-social 
BENS FUNGIVEIS E INFUNGÍVEIS 
 
Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e 
quantidade, tais como cereais, peças de máquinas, gado etc. 
Bens infungíveis são aqueles corpos certos, que não admitem substituição por outros do mesmo 
gênero, quantidade e qualidade, como um quadro de Portinari, uma escultura ou qualquer outra 
obra de arte. 
 
BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS 
 
 
De acordo com o art. 86, "são consumíveis os bens móveis, cujo uso importa destruição imediata 
da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação" (antigo, art. 51). 
A característica da consuntibilidade pode ser de fato, como os alimentos, ou de direito, como o 
dinheiro. 
São inconsumíveis os bens que admitem uso reiterado, sem destruição de sua substância. Tal 
qualidade deve ser entendida no sentido econômico e não no sentido vulgar, pois tudo que existe 
na face da terra inexoravelmente será consumido, ou ao menos deixará de ser o que é, para ser 
transformado. 
 
 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVÍSIVEIS 
 
 
De acordo com o art. 87 do atual diploma, "bens divisíveis são os que se podem fracionar sem 
alteração, na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam". Complementa a noção o artigo seguinte, ao dizer que "os bens naturalmente divisíveis 
podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes". Embora a 
compreensão seja a mesma, as novas dicções atualizam os conceitos dos arts. 52 e 53 do velho 
Código. 
Conforme o art. 52 do Código de 1916, "coisas divisíveis são as que se podem partir em porções 
reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito", enquanto estipulava o art. 53: 
"São indivisíveis: 
I - os bens que se não podem partir sem alteração na sua substância; 
II - os que, embora naturalmente divisíveis, se consideram indivisíveis por lei, ou vontade das 
partes. " 
Nos bens divisíveis, cada segmento repartido mantém as mesmas qualidades do todo. O bem 
indivisível não admite fracionamento. 
 
Negócios Jurídicos 
O negócio jurídico é todo ato decorrente de uma vontade auto regulada, onde uma ou mais pessoas 
se obrigam a efetuar determinada prestação jurídica colimando a consecução de determinado objetivo. 
Como em todo ato jurídico, os efeitos do negócio jurídico são previamente instituídos pelas normas de 
direito, porém, os meios para a realização destes efeitos estão sujeitos à livre negociação das partes 
interessadas, que estabelecem as cláusulas negociais de acordo com suas conveniências, claro que 
sem ultrajar Os limites legais. 
O negócio jurídico mais comum é o contrato, apesarde existirem outros tipos de atos negociais, como 
o testamento, por exemplo. 
A classificação mais comum dos negócios jurídicos é a seguinte: 
Negócios receptícios e não receptícios 
 o negócio jurídico receptício é aquele em que a manifestação da vontade de uma parte deve estar em 
consonância com a outra parte para que o negócio se constitua e produza efeitos. Há a necessidade 
de duas vontades dirigidas em sentidos opostos, ou seja, à vontade de uma parte deve ser 
direcionada à outra parte, que, por sua vez, deve recebê-la e manifestar suas intenções ao outro 
interessado, produzindo então o acordo de vontades. 
Já os negócios não receptícios são aqueles que se realizam com uma simples manifestação unilateral 
de vontade, não havendo a necessidade de seu direcionamento a uma pessoa especifica para que se 
plenifique e produza efeitos. 
Negócios “inter vivos” e “mortis causa”: Os negócios“inter vivos” são aqueles que se realizam e se 
aperfeiçoam enquanto as partes estão vivas. 
“Mortis causa” são aqueles cujos efeitos só são produzidos com o advento da morte de uma das 
partes. E o caso dos testamentos ou dos contratos de seguro de vida. 
Negócios onerosos e gratuitos: Negócio jurídico oneroso é aquele em que as partes acordam uma 
prestação e uma contra prestação pecuniária, produzindo, para ambas, vantagens e encargos. 
O negócio gratuito ou gracioso caracteriza-se pela presença de vantagens para somente uma das 
partes, enquanto que para a outra há somente encargos. 
Negócios solenes e não solenes: Solenes são aqueles que, por sua própria natureza ou por 
disposição legal, exigem o cumprimento de determinadas formalidades para que se configurem 
perfeitos. 
Não solenes são aqueles que não exigem tais formalidades para se constituírem, apesar de, 
geralmente, apresentarem forma apenas a título de prova de sua existência. 
 
Estrutura dos Negócios Jurídicos 
Consentimento 
Sabemos que a presença da vontade é característica básica na formação de qualquer ato jurídico. 
Porém, mister se faz a manifestação livre e consciente desta vontade, para que esta possa funcionar 
de maneira a expressar a verdadeira intenção do agente a respeito do negócio que está realizando. 
Caso isto não ocorra, caracterizam-se os chamados vícios do consentimento, situações que 
apreciaremos adiante. 
Capacidade das partes 
Se a vontade é pressuposto essencial para a existência dos atos jurídicos, conseqüentemente, a 
possibilidade jurídica ou capacidade para manifestá-la também o será. 
Dessa maneira, à vontade declarada por incapaz torna o negócio jurídico, a depender do grau da 
incapacidade (absoluta ou relativa), nulo ou anulável. Sendo assim, o Código Civil assim determina em 
seu art. 145: É nulo o ato jurídico: I. “quando praticado por pessoa absolutamente incapaz;...”. E na 
mesma linha de raciocínio, o art. 147 assim reza: “É anulável o ato jurídico: I. por incapacidade relativa 
do agente;...”. 
Isso não significa que os incapazes não podem figurar como sujeitos de uma relação jurídica negocial. 
Participam indiretamente de tais relações através de seus representantes legais, no caso dos 
absolutamente incapazes, ou de um assistente, quando se trata dos relativamente incapazes. Dessa 
forma, a representação é a forma de suprimento da incapacidade absoluta, sendo a assistência a 
maneira adotada pelo direito para a proteção dos relativamente incapazes. 
Há casos, entretanto, em que a capacidade ordinária ou geral a qual se referem os arts. 5º e 6º do 
Código Civil não é suficiente para conferir a possibilidade jurídica para uma pessoa manifestar 
validamente seu consentimento. Nestas situações, estamos na seara da chamada capacidade 
especial, que é exigida ao indivíduo devido à sua posição em relação ao objeto do ato negocial, ou 
devido a determinadas circunstâncias relativas à própria situação da pessoa. 
Liceidade do objeto 
Para que o negócio jurídico possa realizar-se de forma perfeita e eficaz, o direito, além de exigir a 
presença do consentimento e a capacidade das partes, pressupõe que a relação jurídica gire entorno 
de um objeto lícito, ou seja, tolerado pelo ordenamento jurídico e pelos bons costumes. De maneira 
que a presença de objeto ilícito é causa incontestável de anulação do negócio, conforme dita o art. 
145, II, do Código Civil. 
Idoneidade do objeto 
Ainda nas considerações sobre o objeto da relação negocial, temos que, além de lícito, deve ser ele 
idôneo, ou seja, passível de figurar como centro de uma relação jurídica. Assim, o objeto cuja 
prestação for impossível de ser realizada tanto pelo devedor quanto por qualquer outra pessoa normal 
gera a nulidade do ato ao qual pertence. 
Forma 
À vontade, para que possa dar eficácia ao negócio jurídico colimado pelas partes, deve ser 
manifestada através de um meio determinado pela norma jurídica ou pelos próprios interessados. São 
solenidades ou ritos que devem ser seguidos para que a vontade deixe o âmbito subjetivo e passe a 
existir no mundo exterior ao individuo, gerando então efeitos jurídicos. 
O nosso direito adota o princípio da forma livre para a validade das emissões volitivas na seara 
negocial, conforme podemos apreender do art. 129 do Código Civil. Porém, esse mesmo artigo põe a 
salvo os negócios cuja forma é previamente determinada pela lei, não se admitindo para a validade 
destes atos qualquer outro tipo de meio para a exteriorização da vontade senão aquele imposta pela 
norma legal. Dessa maneira, a regra é que os negócios jurídicos reputam-se válidos mediante 
qualquer instrumento de manifestação volitiva, e a exceção que determinado ato só serão 
considerados existentes caso observem a forma especial a eles determinada pela norma jurídica. 
Como já pudemos observar, a forma nos negócios jurídicos pode ser determinada pela lei ou pelos 
próprios interessados de maneira autônoma. No primeiro caso, estamos no campo dos negócios 
solenes, ou seja, aqueles que exigem o cumprimento de determinadas solenidades para sua 
configuração jurídica. 
 
Planos do negócio jurídico 
 
O exame do negócio jurídico deve ser feito em três planos: plano da existência, plano da validade e 
plano da eficácia. 
Existência 
Elemento do negócio jurídico é tudo aquilo que compõe sua existência no campo do direito. 
A classificação tradicional divide-os em essenciais, naturais e acidentais Critica-se, porém, tal 
classificação, própria da escolástica medieval, pela circunstância de que, como os romanos 
conheceram apenas os atos típicos, não poderiam estar se referindo aos negócios jurídicos quando 
falavam em elementos essenciais, naturais ou acidentais Essa classificação não tem, assim, foros de 
generalidade, mas pode aceitar-se por sua simplicidade didática. 
Elementos essenciais 
 
Elementos essenciais (essentialia negotii) são aqueles indispensáveis à existência do ato: vontade, 
objeto, forma e, para certa corrente doutrinária, a causa. 
Elementos naturais 
 
Elementos naturais (naturalia negotii) na verdade não são elementos, mas efeitos decorrentes da 
própria natureza do negócio, fixados em normas jurídicas supletivas e que, por isso, podem ser 
excluídos em cláusula contrária. Não exigem especial referência pois derivam da própria natureza do 
ato, por exemplo, na compra e venda, a responsabilidade do vendedor por vício redibitório, ou pela 
evicção, ou, nos efeitos das obrigações, o lugar do pagamento, quando não-convencionado. 
Naturais são elementos que, embora não façam parte da essência do ato, decorrem naturalmente 
dele. Assim é a entrega do produto na compra e venda.Perceba-se que, mesmo sem a entrega ao 
tradição da coisa, existirá compra e venda. Acontece que, uma vez celebrada, é decorrência natural 
que o vendedor entregue o produto ao comprador. 
Elementos acidentais 
 
Os elementos acidentais (accidentalianegotii) são os que podem figurar ou não no negócio. 
Desnecessários à formação do ato, as partes deles se utilizam para modificar a eficácia do ato, 
adaptando-a a circunstâncias futuras. Estabelecidos em cláusulas acessórias, são a condição, o termo 
e o encargo ou modo. Não é a lei, mas sim as partes que os estabelecem, no exercício da autonomia 
privada. 
 Condição: cláusula que subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e incerto (ex.: 
Se eu ganhar na loteria, compro um Ferrari). 
 Termo: pode ser a data inicial (termo inicial ou dies a quo) ou data final (dies ad quem) dos 
efeitos do negócio jurídico. O lapso temporal entre a manifestação de vontade e o advento do 
termo é o prazo do negócio jurídico. 
Não há de se confundir termo com prazo. Termo é o momento inicial ou final de um ato jurídico. Prazo 
é o lapso entre o termo inicial e o termo final. 
 Encargo: é o ônus oriundo de um negócio jurídico gratuito (ex.: um milionário exige a uma 
fundação que o dinheiro doado seja investido na construção de uma escola). 
Validade 
A validade é a qualidade que o negócio jurídico deve ter ao entrar no mundo jurídico, consistente em 
estar de acordo com as regras jurídicas. Para que seja válido, o negócio jurídico deve cumprir 
determinados requisitos. Os negócios jurídicos que não cumpram esses requisitos são considerados 
inválidos, podendo ser nulos ou anuláveis[1]. 
São requisitos de validade: 
 Agente capaz. 
 Objeto licito, possível, determinado ou determinável. 
 Forma adequada (prescrita ou não defesa em lei). 
Nulidade 
 
São considerados nulos os negócios que, por vício grave, não possam produzir os efeitos almejados. 
No direito brasileiro são nulos os negócios jurídicos se: 
 a manifestação de vontade for manifestada por agente absolutamente incapaz; 
 o objeto for ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável; 
 o motivo determinante,comum a ambas as partes for ilícito; 
 tiverem como objetivo fraudar a lei; 
 a lei declará-los nulos expressamente; 
 houver simulação ou coação absoluta. 
Nestes casos, o negócio jurídico não gera efeitos no mundo jurídico, ou seja, não gera nem 
obrigações, nem tampouco direitos entre as partes. 
Anulabilidade 
São considerados anuláveis os negócios: 
 praticados por relativamente incapazes; 
 que possuam vícios do consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão); 
 fraude contra credores; 
A legitimidade para demandar sua anulação, diferentemente do negócio nulo, está restrita aos 
interessados. Os negócios anuláveis permitem ratificação dos mesmos. 
Eficácia 
O plano da eficácia examina a eficácia jurídica (eficácia própria ou típica), ou seja, a eficácia referente 
aos efeitos manifestados como queridos. 
 
Defeitos do Negócio Jurídico 
 
Invalidade é o defeito de um ou mais requisitos do negócio jurídico Um negócio jurídico inválido pode 
ser: nulo ou anulável[1] 
Quando o ato é anulável, ele se divide em duas modalidades de vício: a) vício de consentimento – são 
aqueles que provocam uma manifestação de vontade não correspondente com o íntimo e o verdadeiro 
querer do agente (o erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo e lesão); b) vício social – são 
atos contrários à lei ou à boa-fé, que é exteriorizado com o objetivo de prejudicar terceiro (fraude 
contra credores). 
 
Erro 
O agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias, age de um modo que não 
seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação. 
Erro de fato 
Erro de fato é o que recai sobre a realidade fática, ou seja, sobre as circunstância do fato. O erro pode 
ser: 
 Substancial (ou essencial): refere-se à natureza do próprio ato. Incide sobre as circunstâncias e 
os aspectos principais do negócio jurídico. O erro essencial propicia a anulação do negócio. 
Caso o erro fosse conhecido o negócio o negócio não seria celebrado. No erro o agente 
engana-se sozinho 
 Acidental: é o erro sobre qualidade secundária da pessoa ou objeto. Não incide sobre a 
declaração de vontade. Não vicia o ato jurídico. Produz efeitos, pois não incide sobre a 
declaração de vontade. 
 
Para que o erro implique na invalidade do negócio jurídico, ele tem de: 
 Ser causa determinante do ato negocial. 
 Alcançar a declaração de vontade na sua substância (o que se chama de erro essencial ou 
substanticial). 
Se assim o for, o negócio jurídico será anulável. 
Erro de direito 
Erro de direito é o que se dá quando o agente emite a declaração de vontade sob o pressuposto falso 
de que procede segundo a lei[1]. O erro de direito causa a anulabilidade do negócio jurídico quando 
determinou a declaração de vontade e não implique recusa à aplicação da lei. 
Dolo 
Artifício empregado para enganar alguém. Ocorre dolo quando alguém é induzido a erro por outra 
pessoa. O dolo pode ser classificado em: a) Dolo principal, essencial ou substancial – causa 
determinante do ato, sem ele o negócio não seria concluído. Possibilita a anulabilidade do negócio 
jurídico. b) Dolo acidental – não é razão determinante do negócio jurídico, neste caso, mesmo com ele 
o negócio seria realizado sem vícios. Aqui o negócio jurídico é valido. Também existe a classificação 
em dolus bônus (artifício sem intenção de prejudicar) e o dolus malus ( busca prejudicar alguém, 
causa a anulabilidade do negócio jurídico).Existem também outros tipos de dolo como: dolo 
positivo,dolo negativo, dolo de terceiros, dolo do representante e dolo reciproco. 
Coação 
Constrangimento de determinada pessoa, por meio de ameaça, para que ela pratique um negócio 
jurídico. A ameaça pode ser física (vis absoluta) ou moral (vis compulsiva). São requisitos da coação: 
a) causa determinante do ato; b) grave; c) injusta; d) atual ou iminente(o mal não precisa ser atual); e) 
justo receio de grave prejuízo; f) o dano deve referir-se à pessoa do paciente, à sua família, ou a seus 
bens. A coação pode ser incidente, quando não preenche os requisitos, neste caso, não gera a 
anulação do ato, gera apenas perdas e danos. Excluem a coação: a) ameaça do exercício regular de 
um direito; b) simples temor reverencial. 
Estado de perigo 
Quando alguém, premido de necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano 
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. O juiz pode decidir que 
ocorreu estado de perigo com relação a pessoa não pertencente à família do declarante. No estado de 
perigo o declarante não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas, pelas circunstâncias do caso 
concreto, foi obrigada a celebrar um negócio extremamente desfavorável. É necessário que a pessoa 
que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora da outra pessoa. A anulação deve ocorrer 
no prazo de quatro anos. 
Lesão 
Ocorre quando determinada pessoa, sob premente necessidade ou por inexperiência, se obriga a 
prestação manifestadamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Caracteriza-se por um 
abuso praticado em situação de desigualdade. Aproveitamento indevido na celebração de um negócio 
jurídico. Aprecia-se a desproporção segundo critérios vigentes à época da celebração do negócio. 
Também deve ser alegada dentro de quatro anos. São requisitos da lesão: a) objetivo – manifesta 
desproporção entre as prestações recíprocas; b) subjetivo – vontade de prejudicar o contratante ou 
terceiros. 
Fraude contra credores 
Negócio realizado para prejudicar o credor, tornando o devedor insolvente ou por já ter sido praticado 
em estado de necessidade. Requisitos: a) objetivo (eventus damni) – ato para prejudicar o credor; b) 
subjetivo (consilium fraudis) – intenção de prejudicar. 
Simulação 
Para alguns civilistas, com o advento do Novo Código Civil, os negócios praticados por simulação 
passarãoa ser nulos e não anuláveis como os demais defeitos dos negócios jurídicos. Segundo Clóvis 
Beviláqua, é a declaração enganosa da vontade, visando obtenção de resultado diverso do que 
aparece, com a finalidade de criar uma aparência de direito, para iludir terceiros ou burlar a lei. Duas 
pessoas combinam para enganar terceiro, há um descompasso entre a vontade declarada e a vontade 
interna ou não manifestada. Pode ser absoluta ou relativa. 
 
Conceito e importância do negócio jurídico 
 
Os negócios jurídicos são atos jurídicos constituídos por uma ou mais declarações de vontade, 
dirigidas à realização de certos efeitos práticos, com intenção de os alcançar sob tutela do direito, 
determinado o ordenamento jurídico produção dos efeitos jurídicos conformes à intenção manifestada 
pelo declarante ou declarantes. 
 
A importância do negócio jurídico manifesta-se na circunstância de esta figura ser um meio de auto 
ordenação das relações jurídicas de cada sujeito de direito. Está-se perante o instrumento principal de 
realização do princípio da autonomia da vontade ou autonomia privada. 
 
O negócio jurídico enquadra-se nos atos intencionais e caracteriza-se sempre pela liberdade de 
estipulação. No que toca à sua estrutura, o negócio jurídico autonomiza-se como ato voluntário 
intencional e por isso ato finalista. 
No negócio, tem de haver de ação, sem esta, o negócio é inexistente. O autor do ato tem de querer 
certo comportamento exterior por atos escritos ou por palavras. Tem de ser de livre vontade, de outra 
maneira será inexistente (ex. coação física), tem de haver uma declaração (exteriorização da vontade 
do agente), constitui um elemento de natureza subjetiva. 
O comportamento não basta ser desejado em si mesmo, é necessário que ele seja utilizado pelo 
declarante como meio apto a transmitir certo conteúdo de comportamento. 
 
 
 
 
 A concepção de negócio jurídico 
 
A concepção de negócio jurídico como ato voluntário intencional fixa-se na vontade dos sujeitos. Um 
dos aspectos mais relevantes é o papel da vontade na elaboração do negócio jurídico, sendo certo 
que a norma jurídica desempenha o papel principal. 
 
Assim, tem-se a norma jurídica como verdadeira fonte criadora de efeitos jurídicos, fazendo, no 
entanto o Direito depender a produção desses efeitos de uma vontade. 
 
Na concepção clássica, concebia-se a vontade como fonte de efeitos de Direito. No campo jurídico, à 
vontade, por si mesma, não tem eficácia alguma; a eficácia é tão só e apenas a susceptibilidade de 
produzir efeitos atribuídos à vontade pela lei. Nesta esteira, como dado assente e definitivo, só a 
norma jurídica tem poderes criadores dos efeitos jurídicos, ainda que esses efeitos dependem de uma 
vontade. A norma jurídica, ao criar efeitos jurídicos confere à vontade um campo lacto, onde este se 
pode e deve manifestar com bastante relevância na produção desses efeitos. 
A eficácia da vontade jurídica não é uma eficácia causativa como a da vontade psicológica, mas uma 
eficácia normativa. No ato jurídico tem de haver uma determinada vontade de ação. Não havendo, o 
ato poderá ser considerado inexistente enquanto negócio (ex. art. 246º CC). 
 
Quer isto dizer que, o autor do ato tem de querer livremente a produção de certos efeitos; um 
comportamento exterior que se manifesta através de palavras, de gestos, sendo que estes elementos 
exteriores correspondem à predeterminação da vontade. Esse comportamento exterior, não basta ser 
querido, tem também de ser manifestado. 
 
O Direito no entanto, é bastante exigente quanto ao problema da vontade nos negócios jurídicos, 
porquanto ela se deve orientar com vista à obtenção de certo resultado, resultado este que deveria ser 
querido, e é em função desse resultado que há efeitos de direito. 
 
No negócio jurídico, a voluntariedade do ato é tomada pela lei, na sua máxima expressão. Portanto, 
podemos dizer que tem de haver vontade de ação, sob pena de o negócio ser inexistente. Neste 
sentido se fala também em vontade funcional, dirigida à produção de certos efeitos jurídicos. 
Situações há em que se pode verificar a existência de vontade de ação e de vontade de declaração e, 
no entanto faltar a vontade funcional (ex. art. 245º CC). No negócio jurídico, a vontade tem de se 
manifestar sempre nos três planos referidos. 
 
 
 
CONTRATOS 
 
 
 Princípios Gerais dos Contratos 
 
A validade do contrato exige acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou 
determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. Incidem sobre os contratos três princípios 
básicos: 
a) Autonomia da vontade: significa a liberdade das partes de contratar, de escolher o tipo e o objeto do 
contrato e de dispor o conteúdo contratual de acordo com os interesses a serem auto-regulados. 
 
b) Supremacia da ordem pública: significa que a autonomia da vontade é relativa, sujeita à lei e aos 
princípios da moral e da ordem pública. 
 
c) Obrigatoriedade do contrato: significa que o contrato faz lei entre as partes. Dever da veracidade, 
pacta sunt servanda. Os contratos devem ser cumpridos. 
 
“Ninguém é obrigado a tratar, mas se o faz, é obrigado a cumprir”. “Pode calar-se ou falar. Mas se fala, 
e falando promete, a lei o constrange a cumprir tal promessa”. 
 
Não pode ser objeto de contrato herança de pessoa viva. O distrato faz-se pela mesma forma que o 
contrato. 
 
Função Social do Contrato 
 
Da mesma forma que constitucionalmente previsto para a propriedade, a "liberdade de contratar será 
exercida em razão e nos limites da função social do contrato" (art. 421, CC-02). 
 
Trata-se, sem sombra de dúvida, do princípio básico que deve reger todo o ordenamento normativo no 
que diz respeito à matéria contratual. 
O contrato, embora aprioristicamente se refira somente às partes pactuantes (relatividade subjetiva), 
também gera repercussões e - por que não dizer? – deveres jurídicos para terceiros, além da própria 
sociedade, de forma difusa. 
 
É importante ressaltar, na esteira do insuperável Orlando Gomes quando comentava a função social 
da propriedade, a autonomia do princípio da função social (lá da propriedade, aqui do contrato); pois 
não se constitui em simples limitação normativa, mas sim da própria razão de ser de todas as outras 
regras contratuais, que devem gravitar em torno de si, o que justifica a utilização das expressões 
"razão" e "limite" do já mencionado dispositivo legal. 
 
Boa-Fé Objetiva 
 
O Código Civil brasileiro também consagrou como princípio básico regente da matéria contratual, a 
boa-fé objetiva. 
É o que se extrai do novel artigo 422, que preceitua: "Os contratantes são obrigados a guardar, assim 
na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé." 
A boa-fé que se procura preservar, prestigiando-se no texto legal, é a objetiva, entendida essa como a 
exigível do homem mediano, numa aplicação específica do critério do "reazonable man", do sistema 
norte-americano. 
 
Não se trata, portanto, da boa-fé subjetiva, tão cara aos Direitos Reais, na 
forma do artigo 1.201 do CC-02. 
Destaque-se que, nesse aspecto, o Código Civil pode ser considerado mais explícito, no prestígio à 
boa-fé, que o próprio Código de Defesa do Consumidor, UMA DAS LEIS MAIS AVANÇADAS DO 
PAÍS, que consagra, indubitavelmente, o instituto, mas não dessa forma tão expressa e genérica. 
 
 
Classificação dos Contratos 
 
Os contratos se classificam em função de sua formação, das obrigações que originam, das vantagens 
que podem trazer para as partes, da realidade da contraprestação, dos requisitos exigidos para a sua 
formação, do papel que tomam na relação jurídica, do modo de execução, do interesse que tem a 
pessoa com quem se contrata, e da sua regulamentação legal ou não. 
Em face desses elementos teremos então: a) contratos consensuais e reais; b) contratos unilaterais e 
bilaterais;c) contratos gratuitos e onerosos; d) contratos comutativos e aleatórios; e) de execução 
imediata, diferida e sucessiva; f) contratos solenes e não solenes; g) contratos escritos ou verbais; h) 
contratos paritários e de adesão; i) contratos principais e acessórios; j) contratos típicos e nominados; 
e l) contratos atípicos e inominados. 
 
a) Contratos consensuais são aqueles que se tornam perfeitos pelo simples consentimento das partes. 
Consideram-se formados pela simples proposta e aceitação, por exemplo: 
compra e venda, locação, mandato, comissão, etc. 
Contratos reais são aqueles que só se completam se, além do consentimento houver a entrega da 
coisa que lhe serve de objeto, por exemplo: depósito, doação, mútuo, penhor. 
 
b) Contratos unilaterais são aqueles em que somente uma das partes assume a obrigação, por 
exemplo: comodato, mútuo, doação. 
Contratos bilaterais ou sinalagmáticos são aqueles em que ambas as partes assumem obrigações, por 
exemplo: compra e venda, troca, locação, etc. 
 
c) Contratos gratuitos são aqueles onde somente uma das partes é beneficiada, por exemplo: doação 
pura e simples. 
Contratos onerosos são aqueles onde ambas as partes visam às vantagens correspondentes às 
respectivas prestações por exemplo: locação, compra e venda, etc. 
 
d) Contratos comutativos são contratos onerosos em que as prestações de ambas as partes são 
certas. Cada uma das partes recebe, ou entende que recebe, uma contraprestação mais ou menos 
equivalente, por exemplo: compra e venda, locação, etc. 
Contratos aleatórios são contratos onerosos nos quais a prestação de uma ou de ambas as partes fica 
na dependência de um caso fortuito, de um risco. As partes se arriscam a uma contraprestação 
inexistente ou desproporcional, por exemplo: seguro, jogo, aposta. 
 
e) De execução imediata e diferida são aqueles de prazo único. De execução sucessiva são aqueles 
cumpridos em etapas periódicas. 
f) Contratos solenes são aqueles para os quais se exigem formalidades especiais e que dão ao ato um 
caráter solene, por exemplo: escrituras de compra e venda de imóvel. 
Contratos não solenes são aqueles aos quais a lei não prescreve, para a sua celebração, forma 
especial, por exemplo: agência e distribuição. 
 
g) Contratos escritos são aqueles que só podem ser contraídos mediante escritura pública ou 
particular, por exemplo: sociedade. 
Contratos verbais são aqueles que podem ser celebrados por simples acordo verbal, por exemplo: 
sociedade em conta de participação, corretagem, comissão. 
 
h) Contratos paritários são aqueles em que as partes estão em pé de igualdade, escolhendo o 
contratante e debatendo livremente as cláusulas, por exemplo: compra e venda, comissão, 
distribuição. 
Contratos de adesão são aqueles em que um dos contratantes é obrigado a tratar nas condições que 
lhe são oferecidas e impostas pela outra parte, sem direito de discutir ou modificar cláusulas, por 
exemplo: contratos bancários, seguro. 
 
i) Contratos principais são aqueles que existem por si só, sem dependência de outro. Subsistem de 
forma independente, por exemplo: locação, mútuo. 
Contratos acessórios são aqueles que acompanham o contrato principal e cuja finalidade é a 
segurança e a garantia da obrigação principal, por exemplo: fiança, penhor. 
 
j) Contratos típicos e nominados são aqueles tipificados na lei, que tem uma denominação específica 
em direito e regulamentação própria, por exemplo: compra e venda, troca, doação. 
 
l) Contratos atípicos e inominados são aqueles resultantes de variadas combinações entre as partes, 
não tem denominação e nem regulamentação própria, por exemplo: todo e qualquer contrato desde 
que seja lícito. 
 
Formação e Lugar dos Contratos 
 
Os contratos consensuais formam-se com a proposta e a aceitação, os reais com a entrega da coisa e 
os formais com a realização da solenidade. 
O proponente ou policitante propõe e o aceitante ou oblato aceita, de modo expresso ou tácito. 
Diz-se expressa quando a manifestação da vontade se revela através de propósito deliberado de uma 
das partes, de externar o seu pensamento em determinado sentido. Pode se revelar através da 
palavra escrita ou verbal, por meio de gestos, etc. 
Diz-se tácita quando o consentimento provém de ato do agente, incompatíveis com a decisão 
contrária. Correspondem a manifestações indiretas da vontade. Contrato entre presentes é aquele em 
que a proposta ou oferta é feita e a aceitação é imediata. 
 
Considera-se também entre presentes o contrato celebrado por meio telefônico, e os contratos 
celebrados em salas de Chat, na Internet. Contratos entre ausentes é aquele em que a parte a quem é 
dirigida a proposta não manifesta imediatamente a sua vontade, declarando se aceita ou se a recusa. 
 
Na hipótese de formação de contratos entre ausentes, reputa-se constituído o contrato no momento 
em que o oblato (isto é, a parte que recebeu a proposta) manifesta através da expedição de 
correspondência, aceitando o contrato proposto sem condição nem reservas. 
 
O aceitante poderá, após o envio da aceitação, retratar-se, desde que a retratação chegue ao 
proponente antes ou conjuntamente com a aceitação. 
Os contratos celebrados por meio de fax, e-mail ou outro meio similar, são contratos celebrados entre 
ausentes. 
 
Consenso significa dizer, um acordo entre as partes. Dissenso significa dizer, divergências ou não 
ajuste perfeito entre as partes. Contraproposta significa dizer, que o aceitante introduz alterações na 
proposta, fazendo adições ou restrições; neste caso o aceitante passa a ser proponente e vice versa. 
 
Retratação será uma declaração lícita do policitante para obstar os efeitos da proposta. Somente se 
torna eficaz chegando ao conhecimento do aceitante antes ou juntamente com a proposta. 
Ou, será uma declaração lícita do aceitante, para obstar os efeitos da aceitação. Somente se torna 
eficaz chegando ao conhecimento do proponente antes ou juntamente com a aceitação. 
 
A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato. A 
proposta pode não ser dirigida a uma pessoa determinada, mas sim a toda 
uma coletividade, no sentido de contratar. 
 
Seria a hipótese de anúncios pagos na televisão, em jornais, em revistas, nos sites da Internet, onde o 
proponente fornece número de telefone para que o pedido seja feito ou fornece cupom no próprio 
anúncio ou oferta na tela do computador. 
 
Esse “pedido” tem a natureza jurídica de aceitação à proposta feita por meio do anúncio e como tal 
deve ser tratada. 
Assim, se forem preenchidos os requisitos essenciais ao contrato, isto é, caso alguém manifeste sua 
vontade no sentido de contratar antes da proposta feita ao público ser retirada, o proponente ficará 
vinculado juridicamente aos termos da sua proposta. 
 
Portanto, se o contrato for consensual, ele estará perfeito no momento em que ocorrer a remessa da 
aceitação. Uma vez formulada a oferta ao público, o anunciante fica vinculado à sua proposta. 
Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar onde foi proposto. 
 
Defeitos na Formação do Contrato 
 
Nos contratos, o consentimento deve ser voluntário, isto é, desprovido de qualquer ato que se venha 
interpretar de forma negativa como ameaça, medo, violência, fraude, dolo, etc. 
 
Na formação dos contratos podem surgir vícios que o tornem nulo ou anulável. 
Nulo é o contrato que atenta contra norma de ordem pública ou que não tenha os pressupostos e 
requisitos de validade do negócio jurídico, A nulidade pode limitar se apenas a uma cláusula se não 
contaminar as demais. 
Anulável é o contrato celebrado por pessoa relativamente incapaz, ou viciado por erro, dolo, coação, 
estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 
O ato nulo (nulidade absoluta) não pode ser convalidado nem ratificado, podendo a nulidade ser 
argüida a qualquer tempo, por qualquer pessoa. 
O ato anulável(nulidade relativa), ao contrário, pode ser ratificado pelas partes. Só os interessados 
diretos podem alegar a nulidade relativa, enquanto não ocorrer a decadência. 
Os vícios que invalidam o consentimento são: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude 
contra credores. 
Erro é a falsa noção ou falsa idéia. Provém do não conhecimento da verdadeira natureza do objeto; a 
vontade se desvia ou não é real. 
Dolo, dolus (latim) astúcia, engano, ardil, esperteza, manha. Assenta-se na má fé e na indução ao 
erro. 
 
Ações dolosas objetivam o não cumprimento da promessa. O agente quer o resultado ilícito, contrário 
ao direito. O objetivo da conduta é conduzir em erro a parte contrária. 
Coação, coactio, cogere (latim) constranger, forçar, impor, obrigar, violentar,restringir a liberdade do 
querer. 
Qualquer emprego de forma física ou simples ameaça de mal físico, material ou moral para que 
alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa. 
Para anular o ato é necessário que a coação seja injusta. Viciado o consentimento pela coação, nulo é 
o contrato. 
Estado de perigo é quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, 
de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
Lesão ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a 
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
Fraude contra credores, fraudare (latim), falsear ou ocultar a verdade com intenção de prejudicar ou 
enganar. 
É o artifício, a manobra com objetivo de fraudar terceiros. Fraude à lei o chamado “jeitinho brasileiro” 
com o intuito de fugir à incidência da lei e seus efeitos. 
Fraude contra credores é o artifício malicioso empregado para prejudicar terceiros despidos de 
quaisquer garantias reais. 
Para caracterizar a fraude basta que o devedor tenha consciência de que seu ato irá prejudicar ou 
trazer prejuízos a terceiros. 
Os atos viciados por fraude são anuláveis por meio da Ação Pauliana, onde os bens transferidos 
fraudulentamente retornam ao patrimônio do credor. 
 
Extinção dos Contratos 
 
O contrato extingue-se normalmente pela sua execução com o cumprimento. Assim como eles 
nascem, também se extinguem. 
Há várias formas pelas quais os contratos se extinguem. A forma normal de extinção do contrato é 
pelo cumprimento das obrigações por eles geradas. 
O credor atestará o pagamento por meio de quitação regular. A quitação vale qualquer que seja a 
forma do contrato. Se determinado ato foi através de escritura pública, vale a quitação por instrumento 
particular. 
 
O distrato é feito pelo mútuo acordo e deve ter a mesma forma do contrato celebrado. 
É o acordo entre as partes, a fim de extinguir vínculo contratual anteriormente estabelecido. É um 
novo contrato com a finalidade de dissolver o anterior. O distrato somente produz efeitos para o futuro, 
não retroage aos efeitos anteriores, isto é, o distrato equivale a uma revenda, uma transferência da 
propriedade. Seu efeito é ex nunc , somente para frente. 
 
A denúncia unilateral ocorre nos contratos por tempo indeterminado, pois não se admite contratos 
perpétuos. 
Nos contratos indeterminados as partes não estipulam sua duração. A extinção pode se dar a 
qualquer tempo, por iniciativa de uma das partes. 
Em alguns contratos por tempo indeterminado, a extinção pela vontade de uma das partes deve ser 
precedida de notificação, chamada “aviso prévio”, dada com certa antecedência. 
Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para 
a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com 
a natureza e o vulto dos investimentos. 
 
No inadimplemento o prejudicado pode pleitear a resolução do contrato em juízo. Nos contratos 
bilaterais está sempre implícita uma cláusula resolutiva em caso de inadimplemento. 
A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão do contrato com perdas e danos se não 
preferir exigir-lhe o cumprimento. 
Ocorre a inexecução involuntária quando o descumprimento do contrato é advindo de dificuldade fora 
do comum, como caso fortuito ou força maior. O inadimplente responderá também por perdas e 
danos. 
A exceção do contrato não cumprido é aquela onde nenhum dos contratantes, antes de cumprida a 
sua obrigação, poderá exigir o implemento do outro. 
 
Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu 
patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra 
recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia 
bastante de satisfazê-la. 
Resolução por onerosidade excessiva ocorre quando a prestação de uma das partes se tornar 
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos 
extraordinários e imprevisíveis, podendo o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da 
sentença que a decretar retroagirão à data da citação. 
A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar 
eqüitativamente as condições do contrato. 
Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua 
prestação seja reduzida, ou que seja alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade 
excessiva. 
 
Contrato Preliminar 
 
O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a 
ser celebrado. 
Concluído o contrato preliminar, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer 
das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o 
efetive. 
O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. 
Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, 
conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e 
pedir perdas e danos. 
 
Arras 
 
Arras ou sinal são garantia do contrato preliminar, gerando presunção de acordo final e tornando 
obrigatório o contrato. 
 
Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro 
bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação 
devida, se do mesmo gênero da principal. 
 
Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se 
a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e 
exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. 
 
A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como 
taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, 
valendo as arras como o mínimo da indenização. 
 
Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal 
terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra 
parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a 
indenização suplementar. 
 
 
Vícios Redibitórios 
 
 
A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, 
que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 
O adquirente pode no lugar de rejeitar a coisa, redibindo o contrato reclamar abatimento no preço. 
Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o 
não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido,mais as despesas do contrato. 
 
A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer 
por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. 
O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a 
coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva. Se já estava na posse, o prazo 
conta-se da alienação, reduzido à metade. 
 
Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do 
momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de 
bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
 
Evicção 
 
 
A evicção é a perda total, ou parcial, da coisa pelo adquirente, por força de decisão judicial baseada 
em causa preexistente a contrato. 
A jurisprudência tem reconhecido a evicção mesmo quando a perda da coisa não foi ocasionada por 
decisão judicial, mas por outro motivo, como apreensão judicial, alfandegária ou administrativa. 
 
Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a 
aquisição se tenha realizado em hasta pública. 
Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 
 
Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a 
receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, 
não o assumiu. 
 
Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das 
quantias que pagou: a) à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; b) à indenização 
pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; c) às custas 
judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
 
TIPOS DE CONTRATOS 
Comissão Mercantil 
 Este contrato interessa mais ao Direito Comercial. Comissão vem do latim committere que significa 
incumbência, atribuir uma tarefa a alguém. Hoje em dia o contrato de comissão é usado por grandes 
empresas que trabalham com exportação de café, soja, açúcar, etc, afinal estas empresas não podem 
estar em todos os mercados. O comitente transfere seus negócios em busca do lucro ao comissário, 
que vai negociar/vender bens a terceiros por conta do comitente. É contrato personalíssimo, pois 
existe mútua confiança entre comitente e comissário. 
Conceito: no art. 693 do CC. Então o comitente contrata o comissário para comprar e vender a 
terceiros certos bens móveis, agindo o comissário em nome próprio (694), mas por ordem do 
comitente (695), que lhe confia o seu comércio e lhe paga uma remuneração (comissão – 701). 
O comissário cuida dos interesses do comitente, devendo prestar contas semelhante a uma 
representação (709). A comissão é espécie de mandato, porém no mandato o mandatário age em 
nome do mandante e não há fins comerciais. Na comissão o comissário age em nome próprio, e o 
comitente pode ser desconhecido do terceiro com quem o comissário negocia. Mas por interesses 
comerciais, o comissário pode revelar quem é o comitente. 
O comissário que se afasta das instruções do comitente responde por perdas e danos (704), pois o 
contrato é feito no interesse do comitente, embora em nome do comissário (696 e pú). A comissão 
não tem fim em si mesmo, é contrato preparatório de outros que o comissário vai celebrar com 
terceiros. 
Cláusula del credere (= da confiança): obrigação do comissário de responder solidariamente com o 
terceiro comprador perante o comitente (ex: o comissário vende café do comitente e dá prazo ao 
terceiro para pagar, porém o terceiro não paga, devendo então o comissário pagar ao comitente e ir 
executar o terceiro). Inserindo-se esta cláusula del credere, fará o comissário jus a uma remuneração 
maior face o risco assumido (698; a regra geral é o comissário contratar em seu nome por conta e 
risco do comitente; 697, 693). Se o terceiro paga a vista e é o comitente que não entrega o bem, o 
terceiro só poderá processar o comissário (694). 
 Agência e distribuição 
 O legislador trata simultaneamente no capítulo XII de dois contratos: o de agência e o de distribuição 
vamos a eles: 
Agência: é também conhecido como contrato de representação comercial, regulado pelo CC e pela lei 
4.886/65, sendo semelhante ao contrato de mandato e de comissão (pú do 710, 721). O contrato de 
agência é útil para o comerciante que quer expandir suas vendas em outras praças, como uma “longa 
mão” da empresa. 
Face à autonomia da vontade, a liberdade das partes é grande em misturar aspectos da compra e 
venda, comissão, do mandato, da agência e da distribuição, sempre com vistas ao lucro e ao 
aquecimento da economia. O que vai diferenciar a Agência da Comissão é porque na Agência a coisa 
vendida tem marca (711). Além disso, na Agência não se aplica a cláusula “del credere” e o agente 
tem sempre que divulgar o nome do proponente, o que pode não ocorrer na Comissão. 
Conceito: contrato pelo qual o agente/representante comercial, sob remuneração, mas sem vínculo 
trabalhista, se obriga em caráter duradouro a negociar em certo lugar por conta do proponente (1a 
parte do art. 710). Ao agente/representante comercial cabe fazer propaganda dos produtos do 
proponente, conhecer o mercado, captar clientela, intermediar os negócios, fiscalizar os concorrentes 
e encaminhar os pedidos, tudo sob orientação do proponente (712). O agente deve ter cuidado para 
não vender além da capacidade de produção do proponente (713, 715). O representante comercial 
precisa ser registrado no conselho da categoria, nos mesmos termos da OAB para os advogados, o 
CREA para os engenheiros e o CRM para os médicos. 
O agente pode também promover a atividade do proponente, como o agente de futebol que revela 
jogadores, inclusive em 15.11.05 inseri uma notícia no site sobre isso, confiram! Também é agente o 
conhecido “promotor de eventos”, dedicado a promover shows, comícios, jogos e feiras. O agente é 
autônomo e tem seus próprios empregados, sem vínculo com o proponente. O agente só pode atuar 
em área específica e com aquela marca, divulgando-a (ex: na mata norte do estado de Pernambuco 
vendendo cerveja Brahma, 711). É contrato bilateral, oneroso, comutativo, personalíssimo, duradouro 
e informal (= verbal). 
Ao representado/comerciante cabe fornecer os produtos vendidos, pagar a comissão do representante 
e respeitar sua exclusividade na área, não podendo naquela região constituir outro representante. 
 Distribuição: quanto o agente tem em suas mãos/a sua disposição, a coisa do proponente, o 
contrato de agência chama-se de distribuição (710, in fine). O agente/distribuidor se obriga a comprar 
do proponente/fornecedor, regularmente, coisas para serem revendidas em determinada região (ex: as 
distribuidoras/revendas de veículos). O agente promove negócios e o distribuidor realiza vendas. 
 
Corretagem 
 Conceito no art. 722. Ex: corretor de imóveis, de automóveis, de seguros, de obras de arte, etc. A 
palavra deriva do latim cursitare = correr de um lado para outro. É profissão antiga e importante, hoje 
divulgada em anúncios, jornais e cartazes em edifícios. O corretor é um mediador/intermediário entre 
pessoas interessadas em fazer negócios. O desenvolvimento do comércio fez surgir intermediários 
para localizar interessados e aproximar as partes. Trata-se de contrato acessório que visa concluir 
outro negócio principal, assemelhando-se aos contratos acima por intervir em negócio alheio, 
circulando riquezas, estimulando vendas, trocas e locações. 
 
Além de acessório, a corretagem é bilateral, onerosa, consensual (pode ser verbal) e aleatória 
(depende de haver conclusão do negócio principal). O corretor deve agir com zelo(ex:corretor de 
quadrosdeve entender de arte, 723) e só terá direito à remuneração/comissão se a corretagem tiver resultado 
útil e o negócio principal for concluído (725). Qual o valor da comissão? Resposta: art. 724. Admite-se 
corretor de 
casamentos para aproximar noivos? Não, pois casamento não é contrato, casamento é a proteção que 
a lei dá à família, e a família é à base da sociedade. Além disso, contrato é feito com fins de lucro e 
interesse patrimonial, já casamento é feito por amor! 
Além do Código Civil, existem leis especiais regulando a corretagem (729), como a de imóveis (lei 
6.530/78), e de seguros (lei 4.594/64). 
Transporte 
 Conceito: contrato pelo qual uma pessoa, geralmente uma empresa, se obriga a transportar pessoas 
ou coisas, de um lugar para outro, mediante pagamento de um preço (730). Os primeiros contratos de 
transporte eram marítimos. Hoje em dia navios, aviões, trens e caminhões transportam coisas, animais 
e pessoas em todo o mundo, incrementando os negócios e o turismo (732). Transporte é serviço 
essencial realizado por particulares, mas fiscalizado pelo Estado. 
Características: é contrato bilateral, consensual (verbal), oneroso e comutativo. Possui duas espécies: 
a) transporte de pessoas: quando o transporte é de pessoas, a bagagem do passageiro é acessório da 
pessoa, não se tratando de transporte de coisa. O transportador deve preservar a integridade do 
passageiro até o fim da viagem, reservando-lhe o espaço e alimento necessário para o deslocamento 
(ex: poltrona, lanche em viagem longa), bem como cumprindo o horário (737). E se ocorre um 
assalto/acidente no ônibus e o passageiro é ferido, pode-se processar a empresa? Talvez sim (735), 
talvez não, afinal segurança é obrigação do Estado e não do particular (734 – sublinhem “força 
maior”). Reflitam! Transporte gratuito não gera responsabilidade (ex: emprestar um ônibus para os 
funcionários irem à praia no Domingo, 736). Por sua vez, o passageiro deve pagar a passagem, sob 
pena de retenção de sua bagagem pelo transportador (742). O passageiro deve também ser educado 
no trajeto (738). 
b) transporte de coisas: ocorre quando uma coisa é expedida por um remetente para um destinatário, 
através da transportadora, mediante pagamento de um frete (ex: motoqueiro transportando 
documentos pela cidade, navio transportando máquinas pelo país). A coisa e o destinatário devem 
estar bem identificados para evitar que a coisa errada chegue à pessoa errada (743). O contrato se 
prova através do “conhecimento”, que é um documento emitido pelo transportador quando recebe a 
mercadoria (744). A empresa deve ter cuidado no transporte e na guarda da coisa, inclusive sendo 
equiparado ao depositário (751). É prudente fazer seguro para cobrir os prejuízos em caso de 
acidente (749 e 750). O destinatário tem dez dias para analisar se a coisa transportada sofreu avarias 
(pú do 754). 
 
 
 
 
OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO 
O novo Código Civil atribui aos empresários às seguintes obrigações de natureza formal: registrar-se 
na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua atividade; manter escrituração regular de 
seus negócios; e, levantar o balanço patrimonial e as demonstrações contábeis. 
Registro na Junta Comercial 
No registro de empresas, a matrícula, o arquivamento e autenticação de documentos encontram-se a 
cargo das Juntas Comerciais e a normatização, disciplina, supervisão e controle do registro a cargo do 
Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC). 
O arquivamento refere-se ao registro dos atos de constituição, alteração, dissolução e extinção de 
sociedades empresárias, da firma individual, dos consórcios e grupos de sociedades, dentre outros; e, 
a autenticação dos instrumentos de escrituração, como livros, balanços etc. Estes documentos 
somente produzem efeitos jurídicos válidos, depois de cumprida a formalidade de arquivamento e/ou 
de autenticação. 
A principal sanção imposta à sociedade empresária, que explora irregularmente a atividade 
econômica, ou seja, funciona sem o registro na Junta Comercial, é a responsabilidade ilimitada dos 
sócios pelas obrigações da sociedade. A sociedade empresária irregular não tem legitimidade ativa 
para propor pedido de falência de outra, não pode impetrar concordata preventiva ou suspensiva, além 
das sanções de natureza fiscal e administrativa. 
Escrituração dos seus negócios 
O exercício regular da atividade empresarial pressupõe a manutenção da escrituração dos negócios 
de que participam, sendo para o empresário uma espécie de garantia; quando surgem contestações, a 
escrituração serve como meio de prova a seu favor. 
A escrituração serve de instrumento à tomada de decisões administrativas, financeiras e comerciais 
pelos empresários e dirigentes; serve de suporte para as informações de interesse de terceiros, como 
sócios, investidores, credores, órgãos públicos etc.; e, por final, serve também para a fiscalização do 
cumprimento de obrigações legais, inclusive às de natureza fiscal. Em suma, serve para o controle 
interno e externo da atividade empresarial. 
Balanço patrimonial e demais demonstrações 
Tratando-se de sociedade limitada, a disciplina legal exige o levantamento do balanço patrimonial, a 
demonstração de resultado do exercício e a demonstração de lucros ou prejuízo acumulado; no caso 
de sociedade anônima, além das citadas, é exigida também a demonstração das origens e aplicações 
de recursos. 
A falta das demonstrações acarreta as seguintes conseqüências: dificuldade para acesso a crédito 
bancário; impedimento à participação de licitações promovidas pelo poder público; impossibilidade de 
impetrar concordata preventiva; os administradores de sociedade anônima responderão por eventual 
prejuízo advindo da inexistência destes documentos; dentre outras. 
SOCIEDADES COMERCIAIS 
 
O novo Código Civil, instituído pela Lei n° 10.406/02, entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, tendo 
revogado a Lei n° 3.017/1916 (Código Civil de 1916) e a Parte Primeira da Lei n° 556/1850 (Código 
Comercial de 1850), trazendo diversas inovações que regram a vida e os negócios desenvolvidos por 
pessoas e empresas. 
De acordo com o artigo 981, considera-se contrato de sociedade aquele mediante o qual as pessoas 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, os resultados. 
A sociedade pode ser empresária, se tiver por objeto a atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens e serviços ou simples, nos demais casos. 
O Novo Código Civil introduziu importante alteração no que diz respeito à sociedade entre marido e 
mulher. O art. 977 do Novo Código Civil faculta aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com 
terceiros, desde que não sejam casados no regime da comunhão universal de bens ou no da 
separação obrigatória. Os cônjuges casados pelo regime de comunhão universal de bens não podem 
constituir sociedade porque não existe pluralidade de patrimônio. Em se tratando de cônjuges casados 
pelo regime de separação obrigatória de bens, a vedação à constituição de sociedade decorre do 
efeito patrimonial deste, que é a união de patrimônios destacados, previamente vedados pela lei, no 
caso deste regime de casamento. 
Sob o Novo Código o empresário casado pode, qualquer que seja o regime de bens, sem necessidade 
de obter outorga conjugal, alienar ou gravar de ônus real imóveis que pertençam ao patrimônio da 
empresa (art. 978). 
As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, terão o prazo de 
um ano, a partir de 11.01.2003, para se adaptarem às disposições do Novo Código. Igual prazo é 
concedido aos empresários (art. 2.031 do Novo Código Civil). Salvo o disposto em lei especial, as 
modificações dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, bem como a suatransformação, 
incorporação, cisão ou fusão, regem-se desde logo por este Código (art. 2.033). 
Este trabalho aborda o Novo Código Cível, notadamente aos novos conceitos relativos às sociedades. 
Sociedade Não Personificada 
Embora estabeleça o Novo Código Civil que a personalidade jurídica da sociedade começa com o 
registro de seus atos constitutivos, possui dispositivos que regem o que denomina de sociedade não 
personificada, denominação sob a qual acolheu a sociedade em comum (antiga sociedade de fato) e 
sociedade por conta de participação. 
Portanto, considera-se sociedade não personificada aquela cujo ato constitutivo ainda não foi 
registrado no órgão competente, ou seja, aquela que não possui personalidade jurídica. 
Excetuam-se deste conceito, as sociedades anônimas e as sociedades em comandita por ações, uma 
vez que, de acordo com a legislação de regência, não podem funcionar sem que sejam arquivados e 
publicados os seus atos constitutivos (art. 982). 
As sociedades não personificadas se subdividem em sociedade em comum e sociedade em conta de 
participação. 
Sociedade em Comum 
A sociedade em comum, embora não tenha, ainda, seus atos constitutivos registrados, é uma 
sociedade de fato, cuja existência é comprovada, independente de ter ou não contrato escrito. Os 
sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da 
sociedade em comum, mas os terceiros podem prová-la de qualquer forma (artigos 986 e 990). 
O novo Código Civil, em seus artigos 986 a 990, regula a relação entre os sócios da sociedade em 
comum e entre estes e terceiros, definindo que a responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada. 
Sociedade em Conta de Participação 
A sociedade em conta de participação é outro tipo de sociedade não personificada, diferenciando-se 
da sociedade em comum, uma vez que está dispensada do arquivamento de seus atos constitutivos 
no registro competente. Esta sociedade não possui patrimônio próprio e nem personalidade jurídica, 
sendo formada para realizar negócios de curta duração, extinguindo-se após sua concretização. 
A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode 
provar-se por todos os meios em direito admitidos. O contrato social produz efeitos somente entre os 
sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade 
jurídica à sociedade (artigos 991 a 996). 
SOCIEDADE PERSONIFICADA 
Considera-se sociedade personificada aquela que possui personalidade jurídica, obtida mediante 
registro de seus atos constitutivos no órgão competente. 
As sociedades personificadas se subdividem em sociedade empresária e sociedade simples. 
Sociedade Empresária 
É definida como sociedade empresária àquela que tem por objeto o exercício de atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, ou seja, considera-se sociedade 
empresária a antiga sociedade comercial. 
Antes de iniciar a atividade econômica, o empresário individual ou a sociedade empresária, que a ela 
for se dedicar deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas 
Comerciais (artigos 967, 968 e 1.150 do Código Civil), tendo como elemento essencial o nome 
empresarial. 
 
Tipos Jurídicos 
A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos seguintes tipos jurídicos: 
a) sociedade em nome coletivo; 
b) sociedade em comandita simples; 
c) sociedade limitada; 
d) sociedade anônima; 
e) sociedade em comandita por ações. 
Sociedade em Nome Coletivo 
Exceto pelo fato de poder exercer atividade empresária, este tipo de sociedade é praticamente 
idêntico ao da sociedade simples. Nesta sociedade somente podem participar pessoas físicas, 
respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. 
Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por 
unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um. 
Sociedade em Comandita Simples 
Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias, a saber: 
a) os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; 
e 
b) os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. 
As sociedades por comandita simples são regidas supletivamente pelas normas da sociedade em 
nome coletivo, cabendo aos sócios comanditados os mesmos direitos e obrigações dos sócios em 
nome coletivo. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de fiscalizar 
suas operações, não pode o comanditário praticar nenhum ato de gestão nem ter o nome da firma 
social, sob pena de ficar sujeito a responsabilidade de sócio comanditado. Neste caso, o contrato 
deve discriminar os comanditados e os comanditários. 
Sociedade Limitada 
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos 
respondem solidariamente pela integralização do capital social. 
Este tipo de sociedade passa a ter um regime consolidado em apenas um diploma legal, pois, a 
sociedade ente denominada de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, tinha seu regime 
jurídico determinado pelo Decreto n° 3.708/19, revogado, e subsidiariamente pela Lei das Sociedades 
Anônimas (Lei n° 6.404/76). 
A aplicação subsidiária da lei das sociedades anônimas continua sendo possível, desde que haja 
previsão expressa no contrato social. 
Sociedade Anônima 
Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou 
acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. A sociedade anônima 
rege-se por lei especial (Lei n° 6.404/76 e disposições posteriores), aplicando-se-lhe, nos casos 
omissos, as disposições do Novo Código Civil (artigos 1.088 e 1.089). 
Sociedade em Comandita por Ações 
Esta sociedade tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade 
anônima. Todavia, neste tipo societário, somente o acionista tem qualidade para administrar a 
sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade 
(artigos 1.090 a 1.092). 
Sociedade Simples 
É considerada sociedade simples aquela cujo objeto social seja decorrente de profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com concurso de auxiliares ou colaboradores, ou seja, 
considera-se sociedade simples a antiga sociedade civil. 
A sociedade simples (exceto no caso das cooperativas e de determinadas atividades reguladas por 
leis especiais que imponham a doação de tipo societário específico, poderão ser constituídas de 
conformidade com um dos tipos examinados nos subitens anteriores (exceto como sociedade por 
ações), ou não o fazendo, subordina-se às normas que lhes são próprias (arts. 997 a 1.000). 
Neste tipo de sociedade, os bens particulares dos sócios (inclusive àqueles que ingressem em uma 
sociedade já constituída) poderão ser executados por dívidas da sociedade, mas apenas depois de 
executados os bens sociais, se estes forem insuficientes para saldar as dívidas. Neste caso, os sócios 
responderam com o seu patrimônio social na proporção que participem das perdas sociais, salvo se 
houver no contrato social cláusula estipulando a responsabilidade solidária. As cooperativas são 
consideradas sociedades simples, independentemente de seu objeto de funcionamento. 
Quadro Resumo 
A seguir apresentamos quadro resumo com a classificação das sociedades. 
Sociedade Não Personificada Sociedade em Comum 
 Sociedade em Conta de Participação 
 Sociedade Simples 
 Sociedade em Nome Coletivo 
Sociedade Personificada Sociedade em Comandita Simples 
 Sociedade Sociedade Limitada 
 Empresária

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