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Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB 
 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – Decreto-lei nº 4.657, de 1942, 
também conhecida como lex legum, é uma sobrenorma do ordenamento jurídico pátrio. 
Esta norma vem regulamentar as fontes do direito, a aplicação das leis no tempo e no 
espaço, bem como sua interpretação. 
Lex legum- significa conjunto de normas sobre normas. 
 
 
A Lei de Introdução não é parte integrante do Código Civil, constituindo tão somente uma 
lei anexa para tornar possível uma mais fácil aplicação das leis. Estende-se muito além 
do Código Civil, por abranger princípios determinativos da aplicabilidade das normas, 
questões de hermenêutica jurídica relativas ao direito privado e ao direito público e por 
conter normas de direito internacional privado. 
 
A Lei de Introdução é autônoma ou independente, tendo-se em vista que seus artigos 
têm numeração própria. Não é uma lei introdutória ao Código Civil. Se o fosse conteria 
apenas normas de direito privado comum e, além disso, qualquer alteração do Código 
Civil refletiria diretamente sobre ela. Por tal razão, a revogação do Código Civil, de 1916, 
nela não refletiu. A Lei de Introdução continua vigente e eficaz. Na verdade, é uma lei de 
introdução às leis, por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer 
discriminação. 
 
As principais características da LINDB são: 
- é um conjunto de normas sobre normas, pois, é uma lei que disciplina outras 
normas jurídicas, assinalando-lhes a maneira de aplicação e entendimento, sendo 
chamada de lei das leis (lex legum); 
- é aplicável a todos os ramos do direito, não apenas ao Direito Civil; e por 
ultrapassar em muito o âmbito do Direito Civil, podemos afirmar que os dispositivos deste 
diploma legal contém normas de sobredireito. 
- 
LINDB: 
- conjunto de normas sobre normas; 
- disciplina outras normas jurídicas; 
- lei das leis (Lex legum); 
- é aplicável a a todos os ramos do direito; 
- contém normas de sobredireito; e, 
- não é parte integrante do Código. 
 
A lei trata dos seguintes assuntos: 
I - Vigência e eficácia das normas jurídicas; 
II - Conflitos da lei no tempo e no espaço; 
III - Dos critérios de hermenêutica (é a ciência que trata da interpretação das leis); 
IV - Mecanismos de integração do ordenamento jurídico 
(analogia, costumes, princípios gerais do direito e equidade); 
V - Normas de direito internacional privado. 
 
Vigência das normas 
 
Sistemas de vigência EXISTENTES no Brasil 
 I - Sistema do prazo de vigência única ou sincrônica ou simultânea: significa 
 que a lei entra em vigor a um só tempo em todo o país (45 dias). 
 
II- Sistema do prazo de vigência sucessiva ou progressiva: significa que a lei 
entra em vigor no país aos poucos (esse era o sistema adotado pela lei de introdução 
anterior ao Decreto-Lei 4.657/42). 
O Brasil adotou o primeiro sistema, conforme previsto na primeira parte do caput do 
artigo 1º da Lei de Introdução. Nada impede, porém, a adoção do segundo sistema, 
desde que haja menção expressa no texto da lei. Ou seja: 
 
Mesmo sendo o Brasil um país continental, não há uma vigência progressiva da lei, ou 
seja, a lei não entra em vigor primeiro no Distrito Federal e na Região Sudeste para 
depois entrar em vigor nas demais regiões. 
 
Vacatio legis 
É o período que medeia entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor. 
Tem por finalidade fazer com que os destinatários da lei a conheçam e se preparem para 
cumpri-la. Nem a CRFB/88 nem o CCIVIL, tampouco a lei de introdução exigem que todas 
as leis obrigatoriamente tenham período de vacatio, até porque na grande maioria das 
vezes a lei entra em vigor na data da sua publicação. No entanto a CRFB/88 exige vacatio 
nos seguintes casos: 
 
I - Lei que cria ou aumenta tributo (artigo 150, III, c, CF2); 
II - Lei que cria ou aumenta contribuição social, para a seguridade social (artigo 195, 
§6º, CF3). 
 
Existem três espécies de leis referentes à vacatio legis: 
 
1) Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, que, de acordo 
com o artigo 8.º da Lei Complementar n. 95/98, tem expressa disposição do período de 
vacatio legis. Como exemplo, temos a expressão contida em lei deteminando "entra em 
vigor um ano depois de publicada". 
 
2) Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o artigo 
1.º da Lei de Introdução, ou seja, no silêncio da lei entra em vigor, no país, 45 dias 
depois de oficialmente publicada ou, no estrangeiro, quando admitida, três meses após 
a publicação oficial. 
 
3) Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra em vigor 
na data de publicação, devendo esta estar expressa ao final do texto legal. 
 
VEJAM QUADRO A SEGUIR: 
 
 
A forma de contagem do prazo de vacatio legis é regulada pelo artigo 8o, § 1o da Lei 
Complementar 95/98, incluindo o dia da publicação e o último dia na contagem do prazo. 
Art. 8º, § 1º 
 
da LC 95/98 - A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que 
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do 
último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. 
 
Durante o prazo de vacância, a lei nova ainda não produz efeitos, POIS ainda não 
tem vigência. Dessa forma, enquanto a lei nova ainda não entrar em vigor ela não será 
obrigatória e os atos praticados de acordo com a lei antiga serão plenamente válidos. 
 
Art. 1º (…) 
§ 3º
 
Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada 
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova 
publicação. 
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 
Se uma lei for publicada com erro substancial acarretando divergência de interpretação, 
então poderemos observar situações distintas por ocasião da correção de tal erro, 
dependendo de qual fase se encontra o processo de criação da norma: 
1) correção antes da publicação: a norma poderá ser corrigida sem maiores 
problemas; 
2) correção no período de “vacatio legis”: a norma poderá ser corrigida; no 
entanto, deverá contar novo período de vacatio legis; 
3) correção após a entrada em vigor: a norma poderá ser corrigida mediante uma 
nova norma de igual conteúdo. 
 
 
Cláusula de vigência 
É aquela que indica a data a partir da qual a lei entra em vigor. 
Na ausência dessa cláusula a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de 
oficialmente publicada (segunda parte do caput do artigo 1º, Lei de Introdução). 
 
Vigência Temporal 
Vigência temporal é uma qualidade da norma atinente ao tempo de sua atuação, 
podendo ser invocada para produzir, concretamente, efeitos (eficácia). 
Terminada a fase constitutiva do processo de produção normativa, a norma já é válida; 
no período que vai de sua publicação até sua revogação, ou até o prazo estabelecido 
para sua validade, diz-se que a norma é vigente. 
 
 
Importa anotar que, o artigo 8º, §2º da LC 107/20014, que alterou a LC 95/08, 
determina que as leis que tragam período de vacatio necessariamente deverão dizer o 
número de dias a ele correspondente. 
 
Discute-se se referido dispositivo teria derrogado o artigo 1º caput da lei de introdução 
no que tange aos 45 dias. 
 
Prevalece o entendimento de que não houve derrogação conciliando-se os dispositivos 
da seguinte forma: se a lei trouxer período de vacância ela deverá dizer qual é o número 
de dias a ele correspondente, porém,se não o disser, aplica-se a regra geral de 45 dias. 
 
Forma de contagem do prazo da vacatio 
De acordo com o §1º do artigo 8º da LC 107/20015, que alterou a LC 95/08, para que 
se inicie a contagem do prazo da vacatio deve-se incluir o dia da publicação e o último 
dia do prazo, devendo a lei entrar em vigor no dia imediatamente subsequente. 
 
Local de publicação da lei 
Para que tenha início a contagem do prazo da vacatio, considera-se a publicação da lei 
no Diário Oficial do Executivo. 
 
 
A vigência da norma ocorre desde o início da validade da norma até a perda de sua 
validade. Nesse aspecto, não há que fazer qualquer relação com outra norma. A eficácia 
refere-se à possibilidade de produção concreta de efeitos pela norma. Quando 
classificada (segundo José Afonso Da Silva) de acordo com a dependência de outras 
normas, podem ser: 
a) Normas de eficácia plena – função é imediatamente concretizada; 
b) Normas de eficácia limitada – a função depende de uma outra norma; e 
c) Normas de eficácia contida – a função será restringida por outra norma. 
 
É possível que a lei não esteja em vigência mas tenha eficácia (produza efeitos). Para 
exemplificar tal situação vamos viajar para o Direito Penal e analisar o art. 3
o 
do Código 
Penal que trata da aplicação da lei penal quando esta for excepcional ou temporária: 
 
Lei excepcional ou temporária 
Art. 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado 
durante sua vigência. 
- Leis temporárias: são aquelas que contêm prazo (dia de início e dia do fim) de 
vigência previsto expressamente em seu corpo. 
- Leis excepcionais: são as que vinculam o prazo de vigência a determinadas 
circunstâncias, como guerra, epidemia, etc. 
 
Esses dois tipos de leis possuem a ultratividade como grande característica. Por 
ultratividade devemos entender a capacidade de uma lei, após ser revogada (perder a 
vigência) continuar regulando fatos ocorridos durante o prazo em que esteve em vigor. 
Ou seja, ocorrendo um crime durante a vigência de uma lei excepcional ou temporária, 
mesmo após a lei não mais estar em vigor (falta de vigência), ela deverá ser utilizada 
no julgamento (ter eficácia). 
 
 
 
 
 
Lei corretiva 
Pode ocorrer de a lei ser publicada contendo erros materiais ou imperfeições. Neste caso, 
duas situações deverão ser analisadas: 
I - A lei foi publicada com incorreção, mas ainda não entrou em vigor, neste caso, basta 
a repetição da publicação, sanando-se os erros. 
 
Quanto ao período de vacatio duas são as posições: 
a) deve-se reabrir novo prazo para todo o texto (prevalece); 
b) deve-se reabrir novo prazo apenas para os dispositivos que foram republicados. 
II - A lei foi publicada com incorreção e já entrou em vigor, neste caso será necessária a 
edição de uma nova lei denominada Lei Corretiva. Quanto ao prazo da vacatio, se houver, 
no silêncio será de 45 dias. 
 
Repristinação 
É a restauração da vigência de uma lei anteriormente revogada em razão da revogação 
da lei revogadora (art. 2º, §3º, Lei de Introdução). Importa anotar que o fenômeno 
repristinatório existe no direito brasileiro, porém, ele não é automático, necessitando, 
portanto, de menção expressa no texto da lei. 
 
 
 
 
 
 
 
A regra é não ocorrer a repristinação. Entretanto, excepcionalmente, a lei 
 revogada pode ser restaurada se houver disposição expressa.(NELA) 
 
 
Princípio da Continuidade das Leis 
Previsto no caput do artigo 2º, Lei de Introdução, segundo o qual a lei terá vigor até que 
outra a modifique ou revogue. Portanto, só lei revoga lei. 
 
Princípio da Conciliação 
Previsto no art. 2 º, §2º da LINDB - A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou 
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
De acordo com tal princípio, se uma lei não contraria outra já existente, então eles podem 
coexistir, não havendo a necessidade de revogação. 
 
Validade 
A validade da norma jurídica significa que ela foi elaborada por órgão competente em 
obediência aos procedimentos legais. Logo a norma formalmente válida é a promulgada 
por um ato legítimo da autoridade, de acordo com o trâmite ou processo normativamente 
estabelecido que lhe é superior, não tenha sido ela revogada. 
Eficácia 
A eficácia vem a ser a qualidade do texto normativo vigente de poder produzir, ou irradiar, 
no seio da coletividade, efeitos jurídicos concretos, supondo, portanto, não só a questão 
de sua condição técnica de aplicação, observância, ou não, pelas pessoas a quem se 
dirige, mas também de sua adequação em face a sua realidade social, por ele disciplinada, 
e aos valores vigentes na sociedade, o que conduziria ao seu sucesso. 
 
Retroatividade 
A retroatividade será justa, quando não se depara na aplicação do texto uma ofensa 
ao ato jurídico perfeito, direito adquirido ou coisa julgada. 
 
 
O art. 6 trata da obrigatoriedade da lei no tempo e da limitação da eficácia da nova norma 
em conflito com a anterior, não aceitando a retroatividade e a irretroatividade como 
princípios absolutos, ao prescrever que a novel lei em vigor tem efeito imediato e geral, 
respeitando sempre o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
 
Revogar e Revogação 
Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade. 
 
Revogação é um termo genérico, que indica a ideia da cessação da existência da norma 
obrigatória. Quando a norma jurídica perde a vigência porque outra norma veio modificá-
la ou revogá-la. A norma jurídica é permanente e só poderá deixar de surtir efeitos se a 
ela sobrevier outra norma que a revogue. O desuso não implica a perda da vigência da 
norma, e sim, a perda de sua efetividade. 
 
Quando classificada de acordo com a sua extensão, a revogação pode ser: 
 
1) total (ab-rogação): quando toda a lei é revogada; ou 
2) parcial (derrogação): quando apenas parte da lei anterior é revogada. 
Tendo como base legal o art. 2
o
, § 1
o 
da LINDB, existem duas formas de revogação de 
uma lei antiga por uma lei nova. 
 
Art.2º § 1º da LINDB - A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o 
declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria de que tratava a lei anterior. 
 
São elas: 
1) Revogação expressa ou direta: quando a lei indica os dispositivos que estão sendo 
por ela revogados. 
2) Revogação tácita ou indireta: esta se subdivide em dois tipos. 
 
- Revogação tácita por incompatibilidade; e 
- Revogação tácita global (quando uma lei nova regula inteiramente uma matéria 
tratada por uma lei anterior). 
 
 
 
 
 
Sobre a revogação expressa ou direta, a LC 107/2001 deu nova redação à LC 95/98 que 
ficou da seguinte forma: 
Art.9º 
 
da LC 95/98 - A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis 
ou disposições legais revogadas. 
 
Ou seja, através do dispositivo legal acima, o legislador não deve mais se valer daquela 
vaga expressão “revogam-se as disposições em contrário”. 
 
Normas de imperatividade absoluta ou impositivas 
(Também chamadas absolutamente cogentes ou de ordem pública) 
São as que ordenam ou proíbem alguma coisa de modo absoluto. São as que determinam 
em certas circunstâncias, a ação, a abstenção ou o estado das pessoas, sem admitir 
qualquer alternativa, vinculando o destinatário a um único esquema de conduta. 
 
Normas perfeitas 
São aquelas cuja violação as leva a autorizar a declaração da nulidade do ato ou a 
possibilidadede anulação do ato praticado contra disposição e não aplicação de pena ao 
violador. 
 
 
Normas mais que perfeitas 
São as que por sua violação autorizam a aplicação de duas sanções: 
a nulidade do ato praticado ou o restabelecimento da situação anterior e ainda a 
aplicação de uma pena ao violador. 
 
Como exemplo, podemos citar o Código Civil, art.1.521,VI, que estatui: 
“Não podem casar as pessoas casadas”; com a violação dessa disposição legal, autoriza 
a norma que se decrete a nulidade do casamento (art.1.548,II), e que se aplique uma 
pena ao transgressor, como dispõe o Código Penal no seu art. 235: “Contrair alguém, 
sendo casado, novo casamento. Pena: reclusão de 2 a 6 anos. 
 
Normas Imperfeitas 
São aquelas cuja violação não acarreta qualquer consequência jurídica. São normas sui 
generis, não são propriamente norma jurídica; pois estas são autorizantes. Casos típicos 
são as obrigações decorrentes de dívidas de jogo, dívidas prescritas e juros não 
convencionados. Assim sendo, o lesado pela sua violação não poderá, certamente, exigir 
o seu cumprimento, de modo que ninguém pode ser obrigado a pagar tal débito, já que 
a referida norma não é autorizante.

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