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MET DA FISICA

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Conteúdo, Metodologia e Prática de Ensino da Educação Física
Uma das dimensões da globalização é a crescente desigualdade entre as pessoas. As estatísticas internacionais indicam que, em 1960, os vinte por cento de pessoas mais ricas do mundo tinham renda trinta vezes maior do que os vinte por cento de pessoas mais pobres; quatro décadas depois, por volta do ano 2000, os vinte por cento mais ricos tinham renda oitenta vezes maior do que os vinte por cento mais pobres. Em suma, a era da globalização é a era da incerteza e da desigualdade crescentes (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECAD, op. cit., 2007).
Tais circunstâncias, reforçando o que já fora dito acima, se estabelecem na medida em que favorecem o surgimento de mecanismos que insistem em desconhecer, por um lado, as especificidades culturais e históricas do homem e, por outro, em negar aquilo que é inerente a sua própria condição de Ser Humano
a perpetuação da vida social pela emancipação e para a liberdade.
Até que ponto a  globalização capitalista tem atuado sobre o processo  de alienação do homem, fragmentando-o entre corpo e mente?
Em que medida tem sido útil ao avanço técnico-científico dos mercados globalizados a implementação de uma pedagogia que privilegie a educação de Corpos Humanos treinados, adestrados e dóceis, que se adaptem às exigências de um mundo cada vez mais veloz e submisso ao Deus mercado?
PENSAR EM EDUCAÇÃO FÍSICA:
Em primeiro lugar, superar a ideia de uma Educação Física serviçal da concepção tecnicista de formação humana, que ainda se faz presente na ação pedagógica dos trabalhadores deste campo de conhecimento.
Ao romper com tal perspectiva, faz-se urgente o resgate de uma práxis pautada no âmbito das pedagogias críticas, que buscam explicar a Educação Física para além da realidade imediata
Significa, portanto, desempenhar uma ação pedagógica fundamentada pela reflexão crítica do Corpo histórico e de suas reais possibilidades no mundo.
Mas, sobretudo, significa educar para a conscientização deste Corpo, destacando a sua relevância enquanto condutor da história.
EXPLCACÃO
A Educação Física, enquanto campo de conhecimento que tem por objeto de estudo a “Cultura Corporal do Movimento” (COLETIVO DE AUTORES, 1992), constitui-se como um conjunto de saberes capazes de dar contribuições à formação de um Ser Humano em busca da produção de sua emancipação. Ser Humano este que, ao tomar consciência do significado de sua intervenção nos rumos da história, possa optar por sua efetiva participação no processo de libertação de toda humanidade
Pensar nas questões que historicamente estiveram ligadas ao processo de conformação e adequação do Corpo (que direta ou indiretamente participaram do adiamento da tão desejada emancipação do ser humano, na sua integralidade), significa apreender, minimamente, os elementos constitutivos deste padrão de sociedade, bem como elucidar as contradições próprias à mesma.
Identifica-se no século XIX, “de um modo mais preciso que em outros momentos da história do homem ocidental”, aquilo que Soares identificou como “uma pedagogia do gesto e da vontade”. Ainda, para esta autora, resultou destas circunstâncias uma 'educação do corpo', já reconhecida à época como de extrema importância (Ibid.).
A ginástica, enquanto saber que ganha o status e a legitimidade científica, passa a enquadrar-se nesta pedagogia fazendo-se, deste modo, representante de normas, regras e preceitos básicos, indispensáveis à formação do corpo do novo homem, para uma nova sociedade industrializada.
Os corpos que se desviam dos padrões de uma normalidade utilitária não interessam. 
Desde a infância, ou melhor, sobretudo nela, deve iniciar uma educação que privilegie a retidão corporal, (…) que mantenha em verticalidade. 
O corpo reto e porte rígido comparecem nas instruções dos estudos sobre a ginástica no século XIX.
Estes estudos, carregados de descrições detalhadas de exercícios físicos que podem moldar e adestrar o corpo, imprimindo-lhe este porte, reivindicam com insistência seus vínculos com a ciência e se julgam capazes de instaurar uma ordem coletiva. 
Com estes indícios, a ginástica assegura, neste momento, o seu lugar na sociedade burguesa (Ibid., p. 18. Grifos nossos).
É importante dar atenção ao século XIX quando se tem por objetivo compreender o homem (que só existe por se constituir como corpo e mente) e a sociedade ocidental moderna. A Europa consolidou-se, portanto, como o “lugar de formação de um novo homem e de uma nova sociedade regida por um 'espírito capitalista' que passa a dominar quase exclusivamente aquele presente” (Ibid.).
A ciência deste período dirige um certo tipo de esquadrinhamento da vida em todas as suas dimensões, pretendendo estabelecer uma  ordem lógica nas atividades e um adequado aproveitamento do tempo ou, mais precisamente, uma economia de energias.
A ginástica é constitutiva desta mentalidade. Destaca-se pelo seu caráter ordenativo, disciplinador e metódico. 
É possível afirmar que, ao longo do século XIX, surgem inúmeras tentativas de estender sua prática ao conjunto da população urbana.  Havia várias vantagens na aplicação da ginástica: a suposta aquisição e preservação da saúde, compreendida já como conquista/responsabilidade individual, podia ocorrer como decorrência de sua prática sistemática, afirmavam higienistas e pedagogos, como críticos dos 'excessos do corpo' vividos por acrobatas e funâmbolos (Ibid., p. 19).
Segundo o geógrafo David Harvey, vive-se o que pode-se classificar como “compressão do espaço-tempo”. 
A transmissão de informações via satélite faz com que, em um segundo, nós saibamos das coisas que estão acontecendo do outro lado do mundo. 
Os avanços científicos e tecnológicos também contribuem para que possamos fazer as coisas de forma mais rápida, produzindo mais e mais. 
Embora as máquinas nos ajudem a trabalhar com uma velocidade cada vez maior, isso não significa, necessariamente, que tenhamos mais tempo para nós mesmos, para nos dedicarmos ao lazer, para gozar o que Paul Lafargue chamava de “o direito à preguiça”PPPPPp

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