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U.2 T.1 TERCEIRO SETOR 2 CONCEITO O panorama econômico atual apresenta três setores distintos, que auxiliam na movimentação da economia e permitem o crescimento da sociedade, que são o primeiro, segundo e o terceiro setor. (ARAÚJO, 2009). O primeiro setor é representado pelo Estado, ou organizações governamentais, que são constituídas segundo Tachizawa (2007) por órgãos da administração direta (federal, estadual e municipal), além de órgãos da administração indireta, empresas públicas e sociedades de economia mista. Suas características são as seguintes: Recursos oriundos dos tributos e de financiamentos. Aplicação integral destes recursos na infraestrutura e no bem-estar da sociedade, além das demais funções inerentes ao Estado. Portanto, a atividade do estado, cfe Araujo (2009) tem por “objetivo cumprir com suas finalidades básicas”. Já o segundo setor é representado pelas sociedades, ou seja, empresas privadas. Esta por sua vez possuem as seguintes características: Visam o lucro. Recursos oriundos da própria atividade (operação) e de financiamentos. Aplicação do resultado (lucro), observada a Lei das S.A., distribuído aos investidores, enqnto que para as limitadas, cfe designação dos sócios. O terceiro setor, que é o objeto de estudo deste tópico é representado pelas entidades sem fins lucrativos. Entre suas características, destacamos as seguintes: Não visam ao lucro. Recursos oriundos da própria atividade, de doações (governo ou sociedade) e de financiamentos. Aplicação integral destes recursos na própria atividade que foi instituída, de acordo com o estatuto. Não distribui o resultado aos associados. Desta forma, a diferença entre as empresas e as entidades do Terceiro setor pode ser resumida cfe segue: Empresa => o desempenho se relaciona à lucratividade. Entidades do Terceiro Setor => servem a uma causa (missão). É possível perceber que uma das principais diferenças entre as empresas (segundo setor) e as entidades do Terceiro Setor está na questão do lucro. O Terceiro Setor ou setor não lucrativo é definido como formado por (a) organizações que (b) são sem fins lucrativos e que, por lei, distribuem qqr excedente que possa ser gerado para seus donos ou controladores; (c) são institucionalmente separadas do governo, (d) são autogeridas e (e) não compulsórias. (PARCEIROS VOLUNTÁRIOS, 2009). Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamental, dando continuidade às praticas da caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil. (FERNANDES, 2005). É importante, entender o que significam essas três palavras mencionadas no conceito de Fernandes, que são caridade, filantropia e mecenato. Caridade está relacionada com a memoria religiosa medieval e dá ênfase ao aspecto da doação, filantropia contrapõe-se à caridade religiosa, enquanto mecenato é o apoio generoso às artes e ciências. (IOSCHPE, 2000 apud ARAUJO, 2009). CARACTERÍSTICAS DO TERCEIRO SETOR, por Olak e Nascimento: 1 – Objetivos Institucionais – Provocar mudanças sociais. 2 – Principais fontes de recursos financeiros e materiais – Doações, subvenções e prestação de serviços comunitários. 3 – Lucro – Meio para atingir os objetivos institucionais e não um fim. 4 – Patrimônio/Resultados – Não há participação/distribuição aos provedores. 5 – Aspectos sociais e tributários – Normalmente são imunes ou isentas. 6 – Mensuração do Resultado Social – Difícil de ser mensurado monetária e economicamente. 3 CLASSIFICAÇÃO DAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR O código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406) em seu art. 44 estabelece que são pessoas jurídicas de direito privado: I – As Associações II – As sociedades III – As Fundações IV – As Organizações Religiosas V – Os Partidos Políticos Associações e fundações são consideradas as formas mais comuns de organizações do Terceiro Setor. 3.1 ASSOCIAÇÕES O art. 53 do Código Civil estabelece que “constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.” E em seu paragrafo único menciona que “Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.” No art. 54 consta que o estatuto das associações deve conter: I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manutenção; V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Lei nº 10.406. Código Civil) Cfe Araújo (2009) para a constituição de uma associação é necessário: Assembleia geral de criação da organização; Aprovação dos estatutos; Eleição dos membros da diretoria; Posse dos membros da diretoria; Lavratura das atas das reuniões e Registro dos atos constitutivos. No caso da dissolução deve ser obedecido o que consta no art. 61: [...] Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas as quotas ou frações do patrimônio da associação, será destinada no estatuto à outra associação ou organização assemelhada. 3.2 FUNDAÇÕES Segundo Szazi (2003), as fundações caracterizam-se por ser “um patrimônio destinado a servir, sem intuito de lucro, a uma causa de interesse publico determinada, que adquire personificação jurídica por seu instituidor”. Araújo menciona que uma fundação pode ser por iniciativa individual, não sendo necessária a reunião de várias pessoas para constitui-la. A constituição das fundações consta no art. 62 do Código Civil na qual estabelece que: [...] o instituidor fará por meio de escritura pública ou testamento dotação especial de bens especificamente o fim a que se destina. Além disso, no seu paragrafo único consta que somente poderão ser constituídas para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. O controle e fiscalização das fundações é de responsabilidade do Ministério Público. A extinção de uma Fundação consta no art. 69 do Cod. Civil, e isso acontece “Nos casos de tornar-se ilícita a atuação, ou vencido o prazo de existência, o MP ou qqr interessado promoverá a sua extinção e destinando o patrimônio à outra fundação, por determinação do juiz, observado as disposições em contrário.” IMPORTANTE - É importante entender que associações e fundações são organizações do Terceiro Setor, ou seja, possuem personalidade jurídica, enqto que organizações Sociais (OS) e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) são titulações concedidas para essas associações e fundações, e não uma nova forma de organização do Terceiro Setor. 4 TITULAÇÕES E CERTIFICAÇÕES ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR 4.1 ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – OS Segundo Araújo (2009) organização Social é “uma organização do terceiro setor (associação ou fundação), cuja função social é cumprida com o apoio do estado.” A Lei nº 9.637, de 15/05/1998, aborda sobre as Organizações Sociais. Olak e Nascimento (2009) mencionam que “podem ser classificadas como organizações sociais as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à preservação do meio ambiente, à cultura e a saúde.” 4.2 ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PUBLICO (OSCIP) A Lei nº 9.790, de 23/03/1999, dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos como Organizações de Sociedade Civil de interesse público, além de instituir e disciplinar o termo de parceria e outras providências.O art. 3ª da referida lei, estabelece que: a qualificação instituída por essa lei, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tinham pelo menos uma das seguintes finalidades: I - promoção da assistência social; II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; V - promoção da segurança alimentar e nutricional; VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII - promoção do voluntariado; VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo. Parágrafo único – a dedicação às atividades nele previstas configura-se mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins. Esta lei apresenta ainda um novo instrumento jurídico, denominado: Termo de Parceria, que significa um instrumento firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como OSCIP com finalidade de formar vinculo de cooperação entre as partes para o fomento e a execução das atividades de interesse publico, que estão previstas no art. 3 dessa lei. (OLAK e NASCIMENTO, 2009) CARACTERISTICAS DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) E DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PUBLICO (OSCIP) OS - Criada pela Lei nº 9.637/96. - Não tem fins lucrativos, são de direito privado, com objetivos similares. - Podem se beneficiar de recursos públicos. - Não significa uma nova forma, ou um novo tipo de organização do terceiro setor, mas um título conferido por um ato formal de reconhecimento do poder público. - O contrato de gestão é que regularmente as relações com o poder Público. A OS tem a gestão de certo patrimônio publico que é cedido pelo Estado. OSCIP - Criada pela Lei nº 9.790/99. - Não tem fins lucrativos, são de direito privado, com objetivos similares. - Podem se beneficiar de recursos públicos. - São organizações do terceiro setor que, por intermédio da lei, relacionam-se com o Estado por meio de termo de parceria, ou seja, são organizações parcerias do Estado. - O Termo de Parceria é o instrumento firmado com o Poder Público. Indica que recursos públicos podem ser destinados a uma entidade, mas a gestão do patrimônio não deve ter ingerência do Poder Publico. Além das OSCIP e OS existem outras certificações e titulações previstas na Legislação brasileira, tais como: Titulo de Utilidade Pública Federal É uma certificação vinculada ao exercício predominante de atividades de educação, pesquisa cientifica, culturais ou filantrópicas. (GIFE, 2009). Segundo o Sindicato das Instituições Beneficentes, Filantrópicas e Religiosas do Estado de SP, as entidades q obtêm o título de utilidade publica federal podem obter os seguintes benefícios federais: - certificado de Fins Filantrópicos junto ao Conselho Nacional de Assistência Social; - Isenção do recolhimento da quota patronal para o INSS; - gozo das isenções das contribuições sociais; - possibilidade de receber benefícios e subvenções da União; - realização de sorteios autorizados pelo Ministério da Fazenda. Titulo de Utilidade Pública Estadual Esse titulo é conferido pelo estado e está previsto em legislação especifica de cada Estado. Titulo de Utilidade Pública Municipal Esse titulo depende de cada município, que fará a elaboração de uma lei para a concessão do mesmo. Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) – As organizações sem fins lucrativos que atuem especificamente nas áreas de saúde, educação e/ou assistência social, cfe definido no art. 1 da Lei 12.101/09 podem obter esse certificado que é concedido pela União. A conceituação e abrangência destas áreas são apresentadas na Constituição Federal, cfe segue: Capitulo III – Educação, Seção I: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Capitulo II – Saúde, seção II: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Capitulo II – Assistência Social, seção IV: Art. 203 - A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Itens que uma organização que possui Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) está obrigada: Possuir declaração de Utilidade Pública Federal; Possuir registro no Conselho Nacional de Assistência Social; Estar inscrita no Conselho de Assistência Social do Município, Estado ou DF da sede; Comprovar atuação em assistência social, educação, saúde ou defesa de direitos dos beneficiários da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS; Comprovar a não remuneração dos cargos deliberativos, consultivos ou fiscais; entre outros. (GIFE, 2009). Legislação relativa ao Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social que as entidades devem obedecer ...: Lei Orgânica da Saúde – lei nº 8.080/90 Lei da Seguridade Social – lei 8.212/91 e Decreto 3.048/1999 Lei Orgânica da Assistência Social – Lei 8.742/93 Demais portarias, resoluções e instruções normativas. 5 A QUESTÃO DO LUCRO NO TERCEIRO SETOR Neste ponto faremos uma abordagem sobre a questão do lucro no terceiro setor. Para Hudson apud Araújo “as organizações participantes do terceiro setor possuem duas características que as diferem das demais: não distribuem lucro, como fazem as organizações pertencentes ao setor privado, nem estão sujeitas ao controle estatal, como as organizações do setor público.” O fato de não distribuir lucros indica que essas entidades não devem obter benefícios financeiros, sendo que o termo lucro deve ser substituído por superávit ou no caso de prejuízo por déficit demonstrando que no caso de existir alguma sobra de valores, o mesmo deverá ser reinvestido na entidade para benefícios da mesma. A utilização do termo LUCRO não é muito bem vista nesse setor, uma vez que remete a ideia de exploração com atividade mercantil, o que não seriao caso para essas entidades.
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