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REVISÃO DE DIREITO CIVIL II AV1

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DIREITO CIVIL II AV1
Aula 01 - Direito das Obrigações  

O QUE É UMA OBRIGAÇÃO:
  CONCEITO:
Todos temos obrigações na nossa vida, seja para com o país (ex: serviço militar, votar nas eleições, pagar impostos) seja para com a família. Mas a obrigação que nos interessa neste curso é a obrigação civil. Num conceito mais simples, a obrigação é o direito do credor contra o devedor. Num conceito mais completo, a obrigação é um vínculo jurídico transitório em virtude do qual uma pessoa fica sujeita a satisfazer uma prestação econômica em proveito de outra. Expliquemos:
            - VÍNCULO JURÍDICO: O vínculo é o motor da obrigação e precisa interessar ao Direito; um vínculo apenas moral (ex: ser educado, ser gentil, dar “bom dia”) ou religioso (ex: ir a missa todo Domingo) não tem relevância jurídica;
            - TRANSITÓRIO: A obrigação é efêmera, tem vida curta (ex: uma compra e venda de balcão dura segundos), podendo até ser duradoura (ex: alugar uma casa por um ano), mas não dura para sempre. Inclusive um direito de crédito se extingue quando é exercido (ex: José bate no carro de Maria, quando Maria cobra o prejuízo e José paga, a obrigação se extingue). Já os Direitos Reais são permanentes, e quanto mais exercidos mais se fortalecem (ex: a propriedade sobre uma fazenda passa por gerações de pai para filho, e quanto mais a fazenda for usada mais cumprirá sua função social, ficando livre de invasões e desapropriação
            - PRESTAÇÃO: É o objeto da obrigação e se trata de uma conduta ou omissão humana, ou seja, sempre é dar uma coisa, fazer um serviço ou se abster de alguma conduta. Dar, fazer e não-fazer, estas três são as espécies de obrigação, voltaremos a elas abaixo.
- ECONÔMICA: Toda obrigação precisa ter um valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente se não for espontaneamente cumprida. Em outras palavras, se uma dívida não for paga no vencimento o credor mune-se de uma pretensão e a dívida se transforma em responsabilidade patrimonial. Que pretensão é esta de que se arma, de que se mune o credor? É a pretensão a executar o devedor para atacar/tomar seus bens através do Juiz (391, 942). E se o devedor/inadimplente não tiver bens? Então não há nada a fazer pois, como dito, a responsabilidade é patrimonial e não pessoal. Ao credor só resta espernear, é o chamado na brincadeira “jus sperniandi”. Realmente já se foi o tempo em que o devedor poderia ser preso, escravizado, esquartejado e morto por dívidas, pois isto hoje atenta contra a dignidade humana. OS ÚNICOS CASOS ATUAIS DE PRISÃO POR DÍVIDA SÃO NO CONTRATO DE DEPÓSITO, E NA PENSÃO ALIMENTÍCIA.
Art. 391 do CC: Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
ELEMENTOS E IMPORTÂNCIA DA OBRIGAÇÃO:
AS OBRIGAÇÕES DE DAR E DE FAZER SÃO POSITIVAS, E A DE NÃO-FAZER É A CHAMADA OBRIGAÇÃO NEGATIVA.
O objeto da obrigação para ser válido precisa ser lícito (ex:  comprar drogas, contratar o serviço de um “pistoleiro”, etc), possível (ex: viagem no tempo, procurar um anel no mar, encontrar um dinossauro vivo), determinável (a coisa devida precisa ser identificada, 243) e ter valor econômico para viabilizar o ataque ao patrimônio do devedor em caso de inadimplemento (947).  Acrescentem “valor econômico” ao art. 104, II, do CC.
Para o direito contratual, para a responsabilidade civil e para qualquer outro ramo jurídico em que se visualizem questões patrimoniais. Para Tartuce uma pessoa pode viver toda uma vida sem precisar de vários ramos do direito, mas nunca sem recorrer ao direito obrigacional.
PRINCÍPIOS:
Pelo princípio da responsabilidade patrimonial, o credor possui a possibilidade de, no caso de inadimplemento obrigacional, invadir o patrimônio do devedor e expropriar o valor de seu crédito.
A partir do princípio da dignidade da pessoa humana, surge o Direito Civil-Constitucional, considerado uma nova técnica de hermenêutica, que visa à unificação sistemática do ordenamento, a partir da aplicação dos princípios constitucionais às relações privadas. Assim, o Brasil constituiu um sistema aberto, em que a norma é construída de acordo com cada caso concreto, porém sempre tentando alcançar o desiderato constitucional. Decorre tanto do processo de personalização do direito civil, em sentido contrário à patrimonialização das relações privadas, bem como do processo de humanização do direito, no qual o ser humano passa a ser o destinatário final de todo o sistema.
Princípio da solidariedade: Além da perspectiva tradicional de subordinação do devedor ao credor, existe o bem comum da relação obrigacional, voltado para o adimplemento da forma mais satisfatória ao credor e menos onerosa ao devedor. Assim, a obrigação é considerada como um processo (doutrina alemã), em que existe colaboração contínua e efetiva entre as partes;
Princípios da boa-fé objetiva e função social das obrigações, decorrentes dos princípios da eticidade e da socialidade: A boa-fé objetiva é considerada uma regra de conduta na visão do homem-médio, com condão psicológico. Assim, examinam-se todas as circunstâncias do caso concreto e a partir daí indaga-se se o homem médio se comportaria do mesmo modo que os contratantes. É um arquétipo ou standart, porém não é universal, e, desta forma, não dispensa uma análise circunstancial. Interpretação + controle (abuso de direito) + integração. Enquanto a função social é considerada uma proteção para a sociedade. Assim, cria deveres das partes em relação a terceiros e vice-versa (+). 
FONTES OBRIGACIONAIS:
Lei: é a fonte primária das obrigações. Ex.: obrigação de prestar alimentos.
Contratos: Esta é a principal e maior fonte de obrigação. Através dos contratos as partes assumem obrigações (ex: compra e venda, onde o comprador se obriga a pagar o preço e o vendedor se obriga a entregar a coisa). No próximo semestre serão estudados com detalhes os inúmeros contratos (ex: locação, doação, empréstimo, seguro, transporte, mandato, fiança, etc).
Atos ilícitos e abuso de direito O cometimento dessas figuras jurídicas acarreta a obrigação de indenizar, através do instituto da responsabilidade civil.
Art.186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art.187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Atos unilaterais: são as declarações unilaterais de vontade. Ex.: promessa de recompensa; gestão de negócios; pagamento indevido (876, CC) e enriquecimento sem causa (884, CC).
Títulos de crédito: são documentos que trazem em seu bojo a existência de uma relação obrigacional de natureza privada. Ex.: cheque.
Pode-se dizer que a obrigação resulta da vontade do Estado, por intermédio da lei (ex: obrigação de prestar alimentos, obrigação do patrão responder pelo ato do empregado e etc) ou da vontade humana, por meio dos contratos (obrigação de dar, fazer ou não fazer), das declarações unilaterais da vontade (promessa de recompensa e título ao portador) e dos atos ilícitos (obrigação de reparar o prejuízo causado a terceiro– ato ilícito civil, previsto na Parte Geral do CódigoCivil).
DIREITO OBRIGACIONAL X DIREITO REAL:
A diferença básica existente é a de que quando a obrigação contraída for de um agente diretamente com outra pessoa, estamos diante de uma relação de direito obrigacional; já quando a relação se der em face de uma coisa, estamos diante de uma relação de direito real. O direito real é aquele que atribui a uma pessoa prerrogativas sobre o bem, como por exemplo o direito de propriedade; já o direito obrigacional, é aquele que atribui a alguém a faculdade de exigir de outrem determinada prestaçãode cunho econômico.
CONCEITOS:
Dever Jurídico: Trata-se da necessidade de comportar-se de certa maneira. Conceito que se vincula ao de Direito Subjetivo;
Responsabilidade: Surge em decorrência do descumprimento do dever;
Ônus: É um encargo, que em caso de descumprimento só gera conseqüências para aquele que o descumpriu; especifica que a pessoa responsável por uma determinada proposição é também aquela que deve oferecer as provas necessárias para sustentá-la.
Direito Potestativo: É um direito que não admite contestações. É o caso, por exemplo, do direito assegurado ao empregador de despedir um empregado (no contexto do direito do trabalho); cabe a ele apenas aceitar esta condição; como também num caso de divórcio, uma das partes aceitando ou não, o divórcio terá desfecho positivo.
É a prerrogativa jurídica de impor a outrem, unilateralmente, a sujeição ao seu exercício. Assim, a pessoa encontra-se em Estado de Sujeição.
DIÁLOGO DAS FONTES:
É um processo de mitigação dos tradicionais critérios para solucionar o conflito entre regras (cronologia, hierarquia e especialidade) na medida em que o processo de descodificação foi responsável pela criação de duas ou mais regras aplicáveis a mesma situação. Assim, ao invés de afastar uma delas, busca-se uma harmonização. Complementaridade possível entre Código Civil e Código de Defesa do Consumidor, a partir da boa-fé objetiva e da função social do contrato (Enunciado 167 da III Jornada de Direito Civil – CJF/STJ). 
Diálogo Sistemático de Coerência: Havendo aplicação simultânea das duas leis, caso em que uma servirá de base conceitual para a outra. Exemplo: A regulamentação aplicável aos contratos em espécie deve ser utilizada para os contratos de consumo.
Aula 02 – CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
OBRIGAÇÃO CIVIL
A Obrigação Civil é aquela em que se apresentam os fatores ou elementos fundamentais, quais sejam: elementos subjetivos nas figuras do reus credendi(CREDOR) e do reus debendi(DEVEDOR); a prestação e o vínculo jurídico.
- Obrigação civil é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial. 
Ex.: a obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente ao veículo.
OBRIGAÇÃO NATURAL
- Obrigação natural:  Permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição. 
EX: Obrigação de dar gorjeta, obrigação de pagar dívida prescrita (205), obrigação de pagar dívida de jogo (814), etc.
 “Art. 814 CC - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito".
 Obrigação natural é aquela a cuja execução não pode o devedor ser constrangido, mas cujo cumprimento voluntário é pagamento verdadeiro. Por que a obrigação natural interessa ao Direito se corresponde a uma obrigação moral? Porque a obrigação natural, mesmo sendo moral, possui um efeito jurídico: soluti retentio ou retenção do pagamento.
(FALTA O ELEMENTO JURÍDICO) Shuld (DEBITO) sem haftung (RESPONSABILIDADE): Ocorre na obrigação natural, que mesmo existente não pode ser exigida, pois é uma obrigação incompleta. Exemplo é a dívida prescrita, que pode ser paga (já que existe), mas não pode ser exigida. Tanto isso é verdade que, paga uma dívida prescrita, não caberá ação de repetição de indébito, ou seja, aquele que efetuou o pagamento não poderá reaver o montante (art. 882). 
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
REPETIÇÃO DO INDÉBITO é tanto o direito quanto a medida processual na qual uma pessoa pleiteia a devolução de uma quantia paga desnecessariamente.
DÍVIDA PRESCRITA (Art 206 – 3 Anos o prazo): É quando você perde a exigibilidade de cobrar em juízo um determinado direito. Mais o direito ele subexiste.
EX: Eu tenho que cobrar uma divida de Fulano, mas eu deixo transcorrer o prazo prescricional. Com isso não posso ajuizar uma ação contra Fulano judicialmente, pois não tenho mais esse direito. 
MAIS se Fulano decidi me pagar a divida, eu não tenho a obrigação de devolver (Caso Fulano exija repetição de indébito) o dinheiro por ser uma obrigação natural. 
(EXISTE O SHULD (debito), MAIS NÃO EXISTE O HAFTUNG (responsabilidade civil) de Fulano, caso ele pague não pode pedir a repetição de indébito )
CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO NATURAL
A obrigação natural comporta duas espécies: a das que sempre existiram como obrigações naturais, por exemplo, as decorrentes de jogo ou aposta (Jogos quem não são LICITO E NEM ILICITO, SÃO TOLERAVEL) e a das obrigações civis degeneradas, por terem perdido sua força cogente (por exemplo, as dívidas prescritas).
Não devemos confundir obrigação natural (dívida prescrita ou de jogo) com o pagamento indevido. No pagamento indevido caberá ação de repetição de indébito, conforme art. 876.
 Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição. 
DIANTE DA BOA FÉ; Daquele que recebeu, não cabe o pagamento em dobro da quantia, mas apenas o seu valor atualizado.
 DIANTE DA MÁ FÉ; Cabe o pagamento da quantia mais perdas e danos. No direito do consumidor, caberá o pagamento em dobro, de acordo dispõe o parágrafo único do art. 42, CDC.
Art. 42/CDC. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
RESPONSABILIDADE SEM DÍVIDA
Haftung sem shuld: Ocorre na fiança, que é caracterizada como sendo a garantia pessoal prestada pelo fiador em relação a determinado credor. Assim, o fiador assume uma responsabilidade, mas a dívida é de outrem. O contrato é celebrado entre credor e fiador, tanto que tal instrumento pode ser celebrado sem o consentimento do devedor ou, até mesmo, contra a sua vontade (art. 820).
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade.
RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
Art. 389. Não cumprindo o sujeito passivo a prestação, passa a responder pelo valor correspondente ao objeto obrigacional, acrescido das demais perdas e danos, mais juros compensatórios, cláusula penal (se houver), atualização monetária, custas e honorários de advogado. Que trata da responsabilidade civil contratual, do inadimplemento de uma obrigação positiva, de dar ou de fazer. Vale dizer que dentro da concepção civil-constitucional, tratando-se de responsabilidade civil contratual deve-se entender que a expressão “perdas e danos” inclui os DANOS MATERIAIS (danos emergentes e lucros cessantes, nos termos dos arts. 402 a 404, CC), bem como DANOS MORAIS (art. 5º, V e X da CF). 
Não confundir com a responsabilidade extracontratual ou aquiliana, cuja fundamentação encontra-se nos Atos Ilícitos arts. 186 e 927, CC.
AULA 03 - OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA
(ARTS. 233/237, CC)
Conceito: Vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a entregar ao credor determinado bem móvel ou imóvel, perfeitamente individualizado.
No contrato de compra e venda de um imóvel em relação à entrega do imóvel (obrigação de dar coisa certa) o credor é aquele que deve receber a coisa e o devedor é aquele que deve entregá-la. No pagamento opera-se o contrário.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do Título ou das circunstâncias do caso.
EM RELAÇÃO À PERDA DA COISA 
(ART. 234, CC)
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigaçãopara ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
OBS: Art. 313: O credor pode se recusar a receber coisa diversa da acordada, ainda que mais valiosa. 
Na ausência de culpa: Não há o pagamento das perdas e danos, neste caso a perda da coisa decorre de caso fortuito (evento totalmente imprevisível) ou de força maior (evento previsível, porém inevitável).
EXISTEM SITUAÇÕES em que o devedor responde inclusive diante do caso fortuito ou da força maior: 
1. Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove a total ausência de culpa ou que o fato ocorreria mesmo não havendo mora – art. 399.
2. Se houver previsão contratual – art. 393.
3. Se houver previsão legal – art. 583.
Na presença de culpa: Há o pagamento do valor da obrigação mais perdas e danos, sendo a culpa considerada em seu sentido lato senso (dolo = intenção de descumprimento e culpa = imprudência, negligência e imperícia).
	EM RELAÇÃO À PERDA DA COISA 
	Na ausência de culpa:
	Não há o pagamento das perdas e danos
	Na presença de culpa: 
	Há o pagamento do valor da obrigação mais perdas e danos
EM RELAÇÃO À DETERIORAÇÃO DA COISA
	EM RELAÇÃO À DETERIORAÇÃO DA COISA
	NA AUSÊNCIA DE CULPA:
	Exigir o pagamento do equivalente ou poderá receber a coisa com abatimento no preço.
	NA PRESENÇA DE CULPA: 
	Exigir o pagamento do equivalente, mais perdas e danos ou poderá receber a coisa, mais perdas e danos.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
MELHORAMENTOS E ACRÉSCIMOS NA COISA ANTES DA TRADIÇÃO (ART. 237, CC)
Antes da tradição a coisa pertence ao devedor (res perit domino). Desta forma, se o devedor melhorar ou acrescer a coisa, poderá exigir do credor aumento no preço. Caso o credor não deseje arcar com o aumento, poderá o devedor resolver a obrigação, mas não será possível exigir o pagamento das perdas e danos.
A razão da norma deita origens na manutenção do sinalagma obrigacional e na vedação do enriquecimento sem causa, o que não impede uma análise fática das situações concretas, uma vez que o devedor poderá agir de má fé.
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA (ARTS. 238/242, CC)
Em relação à perda da coisa:
	OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR COISA CERTA 
	SEM CULPA DO DEVEDOR: 
	O credor deverá recebê-la no estado em que se encontra, sem direito à indenização.
	COM CULPA DO DEVEDOR: 
	 O devedor responderá pelo equivalente, mais perdas e danos, de acordo com o art. 239.
Art. 238: O devedor tem obrigação de devolver a coisa que não lhe pertence (contrato de locação). No caso de perda da coisa SEM CULPA DO DEVEDOR, antes da tradição, aplica-se a regra de que a coisa perece para o dono. Assim, é o credor que suporta o prejuízo, podendo pleitear os direitos que já existiam até o dia da perda.
Art. 239: Se a perda decorrer de culpa do devedor, este responderá pelo equivalente, mais perdas e danos.
Em relação à deterioração da coisa
(Art. 240, CC)
Pelo Enunciado 15, aplica-se o art. 236 na hipótese do art. 240, ou seja, o credor poderá receber a coisa, mais perdas e danos. O presente enunciado respeita a autonomia privada.
MELHORAMENTOS E ACRÉSCIMOS 
NA COISA
Art. 241: Melhoramento SEM DESPESA OU TRABALHO do devedor, será incorporado ao patrimônio do credor, em respeito à regra.
Art. 242: Melhoramento COM DESPESA OU TRABALHO do devedor (aplicação das regras dos arts. 1.219 e 1.220).
Devedor de boa fé: Indenização e direito de retenção em relação às benfeitorias necessárias e úteis; podendo levantar as voluptuárias, se isso não implicar na diminuição do valor da coisa.
Devedor de má fé: Só terá o direito à indenização em relação às benfeitorias necessárias, não gozando do direito à retenção. Não possui, também, direito à indenização e à retenção em relação às benfeitorias úteis e voluptuárias.
Importante registrar, que tal entendimento é utilizado no caso de comodato, bem como no caso da jurisprudência colacionada a seguir. Porque, no caso da locação, existem regras específicas em relação às benfeitorias úteis. Neste último caso, somente caberá o direito à indenização e à retenção, se as benfeitorias úteis forem consentidas pelo locador (arts. 578, CC e 35/36 da L. 8.245/91). Existe, no contrato de locação, a possibilidade de renúncia ao direito à indenização em relação às benfeitorias necessárias e úteis, contratualmente (Súmula 335, STJ).
JURISPRUDÊNCIA
AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE VENDA DE PONTO COMERCIAL. INADIMPLÊNCIA. BENFEITORIAS NECESSÁRIAS. RETOMADA DE BENS IMOBILIZADOS. POSSIBILIDADE. CLÁUSULA CONTRATUAL EXPRESSA. PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA DA VONTADE E DA FORÇA OBRIGATÓRIA DO CONTRATO. As partes firmaram um contrato de venda de ponto comercial, inadimplido em parte pela co-ré. Cabível a compensação do valor gasto com benfeitorias necessárias com o débito em discussão, de acordo com o disposto nos artigos 242 e 1.219 do Novo Código Civil. Em atenção aos princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória do contrato, considera-se plenamente válida a cláusula contratual que dispôs acerca da retomada, pelos vendedores, dos bens imobilizados em caso de inadimplência da compradora. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível 70026656843, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Túlio de Oliveira Martins, Julgado em 29/10/2009).
AULA 04 - OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA, DE FAZER E DE NÃO FAZER 
 Nesta espécie de obrigação a coisa não é única, singular, exclusiva e preciosa como na obrigação de dar coisa certa, mas sim é uma coisa genérica determinável pelo gênero e pela quantidade (243). Ao invés de uma coisa determinada/certa, temos aqui uma coisa determinável/incerta (ex: cem sacos de café; dez cabeças de gado, um carro popular, etc).  Tal coisa incerta, indicada apenas pelo gênero e pela quantidade no início da relação obrigacional, vem a se tornar determinada por escolha no momento do pagamento. Ressalto que coisa “incerta” não é “qualquer coisa”, mas coisa sujeita a determinação futura. Então se João deve cem laranjas a José, estas frutas precisam ser escolhidas no momento do pagamento para serem entregues ao credor.
Esta escolha chama-se juridicamente de concentração. Conceito: processo de escolha da coisa devida, de média qualidade, feita via de regra pelo devedor (244). A concentração implica também em separação, pesagem, medição, contagem e expedição da coisa, conforme o caso. As partes podem combinar que a escolha será feita pelo credor,  ou por um terceiro, tratando-se este artigo 244 de uma norma supletiva, que apenas completa a vontade das partes em caso de omissão no contrato entre elas.
Após a concentração a coisa incerta se torna certa (245). Antes da concentração a coisa devida não se perde pois genus nunquam perit (o gênero nunca perece). Se João deve cem laranjas a José não pode deixar de cumprir a obrigação alegando que as laranjas se estragaram, pois cem laranjas são cem laranjas, e se a plantação de João se perdeu ele pode comprar as frutas em outra fazenda (246).
Todavia, após a concentração, caso as laranjas se percam (ex: incêndio no armazém) a obrigação se extingue, voltando as partes ao estado anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir perdas e danos (234, 389, 402).  Pela importância da concentração, o credor deve ser cientificado quando o devedor for realizá-la, até para que o credor fiscalize a qualidade média da coisa a ser escolhida.
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA (ARTS. 243/246, CC)
Conceito (art. 243, CC): A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade
.A concentração é o ato pelo qual a parte, designada pela lei ou pelo contrato, realiza a escolha, constituindo um ato jurídico unilateral, transformandoa obrigação indeterminada em obrigação determinada.
A incerteza gira em torno da sua qualidade. 
O ATO DE ESCOLHER
(ART. 244, CC)
Artigo 244, CC: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a dar coisa melhor.”
Em relação à pessoa: A escolha, no silêncio do contrato, caberá ao devedor.
Em relação à coisa: Aquele que couber escolher, não poderá dar a coisa pior e nem será obrigado a dar a coisa melhor, o que decorre do princípio da equivalência das prestações ou Critério da qualidade média ou intermediária. Deverá dar, pois, o gênero intermediário. Para a melhor doutrina, trata-se de norma cogente de ordem pública, não podendo ser afastada pela vontade das partes.
Solução: O objeto obrigacional deve recair sempre dentro do gênero intermediário.
O ATO DE CONCENTRAÇÃO
(ART. 245, CC)
Quando couber ao devedor a escolha, este deverá cientificar o credor. Este momento é denominado concentração, no qual a obrigação genérica passa a ser específica, sendo, a partir de agora, regulamentada pelas regras inerentes à obrigação de dar coisa certa.
PERDA DA COISA ANTES DA ESCOLHA
(ART. 246, CC)
Antes da escolha, não há que se falar em inadimplemento, pois somente depois da escolha é que a obrigação genérica passa a ser específica. 
Assim, o gênero nunca perece (genus nunquam perit) antes da concentração, mesmo em decorrência de caso fortuito ou força maior.
Dívida genérica limitada: Existem situações em que todos os gêneros são perdidos em decorrência de caso fortuito ou força maior – a perda de todas as ovelhas de um rebanho. A lei não faz menção a esta possibilidade, fazendo com que o devedor arque com o pagamento das perdas e danos. Porém, existe entendimento doutrinário em sentido contrário, fundamentado pelo seguinte texto incorporado ao projeto de lei 6.960/02: “Antes de cientificado da escolha o credor, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito, salvo se tratar de dívida genérica limitada e se extinguir toda a espécie dentro da qual a prestação está compreendida”.
OBRIGAÇÃO DE FAZER
(ARTS. 247/249, CC)
Conduta humana que tem por objeto um serviço. 
Conceito: Trata-se da obligatio ad faciendum, ou seja, espécie de obrigação positiva pela qual o devedor se compromete a praticar algum serviço lícito em benefício do credor.  Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa, na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço (ex: professor ministrar uma aula, advogado redigir uma petição, cantor fazer um show, pedreiro construir um muro, médico realizar uma consulta, etc.). E se eu quero comprar um quadro e encomendo a um artista, a obrigação será de fazer ou de dar? Se o quadro já estiver pronto a obrigação será de dar, se ainda for confeccionar o quadro a obrigação será de fazer.
Classificação:
Obrigação de fazer fungível: Quando o serviço puder ser prestado por uma terceira pessoa, diferente do devedor, ou seja, quando o devedor for facilmente substituível, sem prejuízo para o credor, a obrigação é fungível (ex: pedreiro, eletricista, mecânico, caso não possam fazer o serviço e mandem um substituto, a princípio para o credor não há problema).  As obrigações de dar são sempre fungíveis pois visam a uma coisa, não importa quem seja o devedor.
Obrigação de fazer infungível: É quando se convenciona que o devedor cumpra pessoalmente a prestação. Ao credor só interessa que o devedor, pelas suas qualidades pessoais, faça o serviço (ex: médico e advogado são profissionais de estrita confiança dos pacientes e clientes). Chama-se esta espécie de obrigação de personalíssima ou intuitu personae ( = em razão da pessoa). São as circunstâncias do caso e a vontade do credor que tornarão a obrigação de fazer fungível ou não.
      Em caso de inexecução da obrigação de fazer o credor só pode exigir perdas e danos (247). Viola a dignidade humana constranger o devedor a fazer o serviço por ordem judicial, de modo que na obrigação de fazer não se pode exigir a execução forçada como na obrigação de dar coisa certa (art. 475 – sublinhemexigir-lhe o cumprimento). Imaginem um cantor se recusar a subir no palco, não é razoável o Juiz mandar a polícia para forçá-lo a  trabalhar “manu militari”, o coerente é o credor do show exigir perdas e danos (389). Ninguém pode ser diretamente coagido a praticar o ato a que se obrigara. Assim, a execução “in natura” do art. 475 do CC deve ser substituída por perdas e danos quando for impossível (ex: a coisa devida não está mais com o devedor) ou quando causar constrangimento físico ao devedor (ex: obrigação de fazer).
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos
            Se ocorrer recusa do devedor de executar obrigação fungível, o credor pode pedir a um terceiro para fazer o serviço, às custas do devedor (249).  Havendo urgência, o credor pode agir sem ordem judicial, num autêntico caso de realização de Justiça pelas próprias mãos (pú do 249, ex: consertar o telhado de casa ameaçando cair).
            Mas se tal recusa decorre de um caso fortuito (ex: o cantor gripou e perdeu a voz), extingue-se a obrigação (248).
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL (ART. 247, CC)
O credor poderá: Exigir o pagamento do equivalente, mais perdas e danos, momento em que a obrigação de fazer será convertida em obrigação de dar; ou, exigir o cumprimento da obrigação, através da fixação das astreintes pelo juiz (arts. 461, CPC e 84, CDC), sem prejuízo das perdas e danos.
Astreinte é a multa diária imposta por condenação judicial
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL E INFUNGÍVEL
Art. 248: Dispõe sobre o inadimplemento da obrigação de fazer fungível e infungível
Resolução sem culpa do devedor: Ocorrência de caso fortuito ou força maior, que desoneram o devedor do pagamento das perdas e danos.
Resolve-se a obrigação. 
- Ex.: Falecimento de um pintor contratado, que tinha arte única. Ator que fica impedido de se apresentar em um determinado espetáculo por ter perdido a voz ou em razão de acidente a que não deu causa, ocorrido no trajeto para o teatro, sendo hospitalizado, não responde por perdas e danos. Mas a resolução do contrato o obriga a restituir eventual adiantamento da remuneração.
Resolução com culpa do devedor: Pagamento das perdas e danos.
INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL
Art. 249: Dispõe sobre o inadimplemento da obrigação de fazer fungível, em que existe a possibilidade do credor requerer que um terceiro cumpra a obrigação.
O credor poderá exigir o cumprimento da obrigação pelo próprio devedor, com a fixação das astreintes, sem prejuízo das perdas e danos, ou;
O credor poderá exigir o pagamento do equivalente, mais perdas e danos, momento em que a obrigação de fazer será convertida em obrigação de dar, ou;
O credor poderá exigir que um terceiro realize a obrigação a custa do devedor, sem prejuízo das perdas e danos.
FIXAÇÃO DO DANO MORAL IN RE IPSA NA OBRIGAÇÃO DE FAZER
O dano moral in re ipsa é o dano moral presumido, como ocorre na inscrição do nome do sujeito no cadastro de inadimplentes de forma equivocada. Segundo o STJ, se já existe inscrição legítima, não cabe indenização por danos morais – Súmula 385.
O STJ tem entendimento de que ele somente poderá interferir no quantum indenizatório, caso este seja ínfimo ou muito elevado.
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
(ARTS. 250/251, CC)
Trata-se de uma obrigação negativa cujo objeto da prestação é uma omissão ou abstenção. 
Conceito: Vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a se abster de fazer certo ato, que poderia livremente praticar, se não tivesse se obrigado em benefício do credor. O devedor vai ter que sofrer, tolerar ou se abster de algum ato em benefício do credor. 
Exemplos: O engenheiro químico que seobriga a não revelar a fórmula do perfume da fábrica onde trabalha; o condômino que se obriga a não criar cachorro no apartamento onde reside; o professor que se obriga a não dar aula em outra faculdade; o comerciante que se obriga a não fazer concorrência a outro, etc. 
Classificação: 
Legal: A lei proíbe a realização de algo, como no caso do proprietário de imóvel, que tem o dever de não construir até certa distância do imóvel vizinho – arts. 1.301/1.303.
Convencional: O contrato proíbe a realização de algo, como no caso do ex-empregado que celebra com a ex-empregadora um contrato de sigilo industrial, por ter sido contratado pelo concorrente – secret agreement.
RESPONSABILIDADE DO DEVEDOR
Art. 250º. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. AUSÊNCIA DE CULPA.
Art. 251º. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. (PRESENÇA DE CULPA).
Conseqüências:
A) Devedor desfaz, pessoalmente, o ato e responde por perdas e danos; 
B) O ato é desfeito por terceiro, por determinação judicial, às custas do devedor e, este responde, também, por perdas e danos. 
Obs.: Existem situações nas quais não há a possibilidade de desfazimento do ato. Desta forma, só resta ao credor a indenização pelas perdas e danos. Ex.: Revelação do segredo de uma fórmula medicinal. 
Obrigação de não fazer transeunte (irreversível): Só cabe o pagamento das perdas e danos.
Obrigação de não fazer permanente (reversível): O credor poderá exigir o desfazimento, mais perdas e danos.
AUTOTUTELA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER
Pelo parágrafo único do art. 249, tem-se uma espécie de autotutela, pois possibilita que o credor, independentemente de autorização judicial, execute ou mande executar a obrigação, em caráter de urgência. Tal fato decorre do processo de desjudicialização dos conflitos.
Pelo parágrafo único do art. 251, tem-se uma espécie de autotutela, pois possibilita que o credor, independentemente de autorização judicial, desfaça ou mande desfazer a obrigação, em caráter de urgência. 
AULA 05 - OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO, ALTERNATIVA E FACULTATIVA. 
OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO
Necessidade de definir as responsabilidades do devedor.
Nas Obrigações de Resultado, a execução será considerada atingida quando o devedor cumprir o objetivo final definido pelas partes.
EX: É o contrato de transporte, pelo qual o transportador se compromete a fazer a mercadoria despachada chegar ao destino em suas quantidades, qualidades (por exemplo: carga refrigerada, produto perecível ou com prazo de validade ou vida útil fixada) e nas condições especiais especificadas. O extravio importa em indenização, porque ocorreu o inadimplemento da obrigação. O perecimento da coisa, idem.
Nas Obrigações de Meio, É quando o devedor não se responsabiliza pelo resultado e se obriga apenas a empregar todos os meios ao seu alcance para consegui-lo. Se não alcançar o resultado, mas for diligente nos meios, o devedor não será considerado inadimplente.
Uma obrigação de meio indica que há um comprometimento de uma dedicação pessoal com vista ao melhor resultado, mas sem a obrigação de conseguir o que é o desejo e, até mesmo, o fim da contratação. Para não parecer estranho, lembra-se do socorro a uma pessoa gravemente acidentada: haverá o esforço do médico ou do hospital, mas não necessariamente a obrigação de salvar a vida. Ou no caso dos serviços advocatícios, deve-se lembrar que um litígio ao representar uma vitória para um lado estará, automaticamente, representando uma derrota para a parte adversa.
Conclui-se que a primeira tem como essência da prestação a obtenção do bem jurídico almejado, enquanto na segunda o devedor se obriga a envidar esforços para atingir certo objetivo, não se comprometendo, no entanto, em obtê-lo.
EXEMPLIFICANDO
As obrigações travadas com profissionais liberais, como médicos, dentistas e advogados. Tais profissionais, ao assumirem uma missão, fazem o compromisso de aplicar todo o esforço, o conhecimento e a dedicação possíveis para a obtenção do melhor resultado. Mas não se comprometem a atingir, necessariamente, o resultado esperado pelo contratante. Tendem a ser de meio, já que a responsabilidade civil destes é subjetiva, necessitando da aferição do elemento culpa, como dispõe o art. 14, parágrafo 4º do CDC.
A mesma leitura é realizada em relação aos profissionais da área de saúde, como estabelece o art. 951, CC.
Porém, a jurisprudência tem entendido que no caso de cirurgia plástica estética, a obrigação do médico deve ser considerada de resultado, em decorrência do comprometimento do médico em alcançar determinado resultado.
Diferente ocorre no caso da cirurgia plástica reparadora, não a meramente estética, aqui falamos de uma cirurgia para corrigir deformações provenientes de acidentes ou doenças – implica em uma obrigação de meios. O profissional pratica o melhor de seu esforço para a correção da deformação. Em princípio, o médico não assume o compromisso de eliminá-la, mas de realizar o melhor possível. Sendo assim, uma vez cumprida a obrigação, ainda que o êxito não seja o melhor possível, encontra-se extinta a obrigação. Considerada assim como obrigação de meio.
O não atingir do resultado contrato é tido como inadimplemento da obrigação e resulta em não recebimento da retribuição pecuniária prometida e, até mesmo ao contrário, em obrigação de indenizar ao contratante. A presunção de culpa do devedor está regulamentada no atual Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002) em cujo artigo 389 pode-se ler “Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado”.
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA
(ARTS. 252/256, CC)
Conceito: É aquela composta pela multiplicidade de objetos, ligados pela disjuntiva ou. Alguém se obriga a entregar ou restituir – uma coisa ou outra –, bastando a entrega de um dos objetos para que o devedor seja considerado adimplente. Quando são mais de dois objetos, há uma obrigação alternativa múltipla.
Diferença entre obrigação de dar coisa incerta e obrigação alternativa: Enquanto na obrigação de dar coisa incerta temos apenas uma coisa, designada pelo gênero e pela quantidade; na obrigação alternativa temos duas coisas, sendo que a escolha recairá sobre uma delas.
Ex: João para deixar um legado, impõe ao legatário a condição de, uma vez por ano, entregar 10 sacas de arroz ou 10 sacas de feijão à uma instituição de caridade; o devedor poderá alternar, entregando em um ano arroz, no outro feijão).
Características da obrigação alternativa:
A) Nasce com objeto composto, ou seja, duas ou mais possibilidades de prestação;
B) O adimplemento de qualquer das prestações resulta no cumprimento da obrigação, o que aumenta a chance de satisfação do credor, sem ter que se partir para as perdas e danos, caso qualquer das prestações venha a perecer. Como o credor aceitou mais de uma prestação como pagamento, qualquer delas vai satisfazer o credor (253 e 256); a exoneração do devedor se dá mediante a realização de uma única prestação.
Art. 252, CC
Art. 252, caput: A escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipular no contrato.
§ 1º: Existe a necessidade de respeito à identidade física e material das prestações, impossibilitando a fragmentação, o que decorre do art. 313.
§ 2º: Nas obrigações de trato sucessivo a escolha será realizada em cada período, como estipulado no contrato.
§ 3º: Não havendo consenso, diante da pluralidade de optantes, o juiz deverá ser chamado a intervir. Processo denominado de ontognoscologia jurídica (Reale) em que o aplicador dodireito é chamado pela lei para preencher lacunas e definir conceitos.
§ 4º: Se a escolha couber a um terceiro e, mais uma vez, não houver tal exercício, o juiz será chamado a intervir.
ARTIGOS 253 E 254, CC
Art. 253: Impossibilidade de uma das prestações = entrega da prestação subsistente. Tal artigo expressa a essência das obrigações alternativas.
Art. 254: Culpa do devedor + impossibilidade de todas as prestações + escolha cabe ao devedor = valor da última prestação que se impossibilitou + perdas e danos.
QUANDO A ESCOLHA COUBER AO CREDOR (ART. 255, CC)
Culpa do devedor + impossibilidade de uma das prestações + escolha cabe ao credor = prestação subsistente + perdas e danos OU valor da prestação que se perdeu + perdas e danos.
Culpa do devedor + impossibilidade de todas as prestações + escolha cabe ao credor = valor de qualquer uma das prestações + perdas e danos.
Art. 256, CC
Ausência de culpa + impossibilidade de todas as prestações = extinção da obrigação sem o pagamento das perdas e danos, com a devolução do equivalente. 
OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
Conceito: É aquela cujo objeto da prestação é único, mas confere ao devedor o direito excepcional de substituí-lo por outro.
Ex: Art. 1234, Então quem encontra coisa perdida deve restituí-la ao dono, e o dono fica obrigado a recompensar quem encontrou; mas o dono pode, ao invés de pagar a recompensa, abandonar a coisa, e aí quem encontrou poderá ficar com ela; pagar a recompensa é a prestação principal do devedor, já abandonar a coisa é prestação acessória do seu dono. O abandono da coisa não é obrigação, mas faculdade do seu dono.  Ao invés de pagar a recompensa, tem o devedor a faculdade de dar a coisa ao credor.
Na obrigação facultativa, ao contrário da alternativa, o credor nunca tem a opção e só pode exigir a prestação principal, pois a prestação devida é única e só o devedor pode optar pela prestação facultativa.
Não está regulamentada no Código Civil. Para Tartuce, tal obrigação possui apenas uma faculdade a ser cumprida pelo devedor de acordo com o contrato. O credor não pode exigir a prestação facultativa no caso de impossibilidade de cumprimento da obrigação principal, por isso, para Orlando Gomes, trata-se de obrigação simples.
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA X OBRIGAÇÃO FACULTATIVA
Obrigação alternativa consiste na obrigação de objeto múltiplo, ou seja, as prestações são unidas pelas partículas disjuntivas "ou". Segundo o art. 252º CC "nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou". 
Já a obrigação facultativa consiste na obrigação de objeto único, porém se confere ao devedor a faculdade de substituir a prestação no ato do pagamento. Note-se que, se a obrigação principal se extingue, a facultativa também.

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