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Sistema visual e os fenômenos fundamentais Professora Aline Passeri Dias Disciplina: Psicologia da Percepção O sistema visual A visão é o nosso sistema sensorial predominante e mais significativo. Metade do córtex cerebral humano se destina ao processamento visual. O predomínio da visão para nós, seres humanos, também é verificado, geralmente, quando a visão entra em conflito com outro sistema sensorial. Ex: Efeito McGurk A anatomia do olho A anatomia do olho Os raios luminosos refletidos pelo ambiente precisam ser refratados (modificados; desviados) ou curvados para chegarem à retina. A maior parte dessa refração será feita pela córnea e também pelo cristalino. Na retina estão presentes os receptores sensíveis à luz (fotoceptores), que convertem a energia luminosa em uma mensagem neural (transdução), enviada ao sistema nervoso central através do nervo óptico. Uma pequena depressão na retina, chamada fóvea, é a região mais precisa da visão. O restante é chamado de retina periférica. A anatomia do olho Íris: parte da coroide que se modifica e forma um disco colorido. Tem diversas funções, como regular a quantidade de luz que entra no olho. A íris é um diferenciador muito preciso de pessoas, por possuir características únicas para cada indivíduo (como as impressões digitais). Pupila: abertura negra e redonda rodeada pela íris. Em condições fracas de iluminação, a íris se dilata, aumentando o tamanho da pupila. Em ambientes mais iluminados, a íris se contrai, diminuindo o tamanho da pupila. A anatomia do olho Acomodação A acomodação é o mecanismo que altera a forma do cristalino, de modo a produzir uma imagem nítida na retina. Para localizar alvos próximos, o cristalino altera sua curvatura, dirigindo os raios luminosos para a retina. Essa acomodação tem limites, ou seja, a uma distância muito próxima o músculo não consegue contrair o suficiente para formar uma imagem nítida. A menor distância que conseguimos ver com clareza se chama ponto próximo. Ex: experimento de leitura – aproximar o texto dos olhos. “Vista cansada”: o ponto próximo se distancia com o envelhecimento. A anatomia do olho Retina: cobre boa parte do interior do globo ocular. Composta por células nervosas e fotoceptores interligados que absorvem a energia luminosa e a transforma em atividade neural. É na retina que acontece a transdução. Existem dois tipos de fotoceptores: os cones e bastonetes. Os cones estão concentrados especialmente na fóvea (pequena depressão da retina), enquanto os bastonetes estão concentrados na região periférica da retina. A visão realizada com os cones chama-se visão fotópica. A visão realizada com os bastonetes chama-se visão escotópica. As condições gerais de iluminação impactam a visão. A visão fotópica (com os cones) é usada em níveis mais elevados de iluminação. Ou seja, os cones têm maior acuidade, o que faz com que vejamos detalhes bem definidos. A visão escotópica é usada em níveis mais baixos de iluminação. Ou seja, os bastonetes têm maior sensibilidade, o que faz com que sejamos capazes de enxergar em ambientes mal iluminados. Funções e Fenômenos Visuais Fundamentais Funções e Fenômenos Visuais Fundamentais De forma geral, o aumento da acuidade reduz a sensibilidade (diferenças entre seres humanos e várias espécies de animais). Propriedades da Visão Fotópica (Cones) e Escotópica (Bastonetes) dos Seres Humanos FOTÓPICA ESCOTÓPICA Receptor Cones (cerca de 7 bilhões) Bastonetes (cerca de 125 milhões) Localização na Retina Centrada na Fóvea Periferia Retiniana Nível Funcional de Luminância Luz do dia Luz noturna Visão em Cores Sim Não Adaptação ao Escuro Rápida (cerca de 5 min.) Lenta (cerca de 30 min.) Resolução Espacial Alta Acuidade; Baixa Sensibilidade Baixa Acuidade; Alta Sensibilidade Adaptação ao escuro Nosso ambiente está sujeito a alterações de intensidade de luz (noite e dia; dias nublados, dias ensolarados). E os olhos têm estratégias para compensar a variação de intensidade de luz. Um delas é a alteração da pupila. Há também a própria retina atuando para controlar as variações da luz. Adaptação ao Escuro (2) Trata-se do ajustamento funcional e fotoquímico à deficiência de luz. A exposição à escuridão aumenta a sensibilidade da retina. Ex: entrar num ambiente escuro e aos poucos começar a enxergar alguns detalhes do ambiente. Dentro do contexto de adaptação ao escuro há várias diferenças funcionais importantes entre Cones e Bastonetes. Os Cones se adaptam mais rapidamente à escuridão do que os Bastonetes, mas são, basicamente, muito menos sensíveis. Embora relativamente lentos para se adaptar, os Bastonetes possibilitam muito mais sensibilidade em condições de luz reduzida do que os Cones. Limites da função visual Em condições ótimas de teste, a quantidade mínima de luz necessária à produção de uma sensação visual – o limiar absoluto – é consideravelmente pequena. Isso mostra a sensibilidade humana para detectar a luz. Fatores que afetam o limiar absoluto: O tamanho da área retiniana estimulada (Lei de Ricco – dentro de alguns limites, os estímulos que possuem a mesma área e intensidade serão detectados de forma igual); A duração do estímulo (Lei de Bloch – tempo x intensidade do estímulo); O limiar absoluto para a luz é também afetado pela região retiniana estimulada (cones e bastonetes) e pelo comprimento da onda luminosa. A Acuidade Visual: 5 tipos Em sentido amplo, acuidade visual refere-se à capacidade de resolver detalhes finos e distinguir umas das outras as diferentes partes do campo visual. São elas: Acuidade de Detecção Acuidade de Verniê (ou de localização) Acuidade de Resolução Acuidade de Reconhecimento Acuidade Dinâmica Acuidade de detecção Refere-se à detecção de um estímulo-alvo no campo visual. Muitas vezes um objeto pequeno de tamanho especificado deve ser detectado em um fundo negro. A tarefa de detecção envolve dizer se a linha ou o ponto estão presentes: Acuidade de Localização (Verniê) Relacionada à capacidade de detectar pequenas diferenças de posição no espaço de um objeto. Sempre que precisamos alinhar ou combinar dois pontos ou linhas, como colocar uma chave em uma fechadura ou alinhar um controle giratório de uma escala em um equipamento de precisão, estaremos usando a acuidade de localização, ou de verniê. Acuidade de Resolução Capacidade de destacar um estímulo visual discreto de um padrão. O limiar de resolução corresponde ao menor tamanho angular em que o sujeito pode discriminar a separação entre elementos de um estímulo padronizado: Acuidade de Reconhecimento Normalmente requer que o observador dê nome aos estímulos-alvo. As letras de Snellen, na familiar tabela para acuidade visual, são usadas para medir a acuidade de reconhecimento. Acuidade Dinâmica É a detecção e a localização de estímulos em um alvo móvel. A acuidade dinâmica varia com a velocidade do alvo, diminuindo quando a velocidade do alvo aumenta. Acuidade e Tarefas de Acuidade Acuidade Tarefa Detecção Detecção da presença do alvo Verniê ou localização Detecção do deslocamento, falta de alinhamento Resolução Detecção de separação ou falha Reconhecimento Identificação de um item (ex.: uma letra) Dinâmica Detecção e localização de um alvo móvel Acuidade e Localização Retiniana Enquanto a sensibilidade é mais elevada onde a densidadede bastonetes é maior, a acuidade é melhor quando a imagem incide na fóvea – pequena região onde há maior concentração de cones – e piora à medida que a imagem estimula áreas ao redor da fóvea. A acuidade declina com rapidez à medida que um alvo visual se desloca da fóvea para a periferia retiniana. Acuidade e Localização Retiniana Os Movimentos Oculares Nossos olhos se movem de um lado para outro para orientação e busca de alvos situados em direções e distâncias diferentes. Muitas vezes esses movimentos buscam posicionar os olhos de modo que a imagem incida sobre a fóvea. Os movimentos oculares são atividades motoras essenciais para o processamento da cena visual. Os movimentos oculares eficientes envolvem movimentos musculares específicos e parecem melhorar com a prática. Os movimentos oculares das crianças escolares diferem dos movimentos dos adultos e afetam a visão eficiente. Os Movimentos Oculares Já foram identificados diversos tipos de movimentos oculares: Movimentos Sacádicos e sua importância na leitura; Movimentos de Perseguição; Movimentos Vestíbulo-Oculares; Movimentos de Vergência; Movimentos de Miniatura; Movimentos Mistos; Movimentos Sacádicos Caracterizam a forma mais comum dos movimentos oculares (sacada, do francês saccader – ‘mover subitamente’). São saltos rápidos e abruptos feitos pelos olhos quando passam de um ponto de fixação para outro. Os músculos responsáveis pelos movimentos de sacada oculares estão entre os mais rápidos do corpo. Geralmente são voluntários, mas podem acontecer por reflexo. Sacadas e Leitura Durante a leitura, os olhos executam uma série de movimentos sacádicos intercalados de pausas, ou fixações. É durante essas pausas que a leitura acontece, já que a visão funcional fica basicamente bloqueada durante os movimentos sacádicos. Movimentos de Perseguição São quase completamente automáticos e geralmente exigem um estímulo fisicamente móvel. São executados de forma suave e lenta (se comparados aos movimentos sacádicos). A velocidade do movimento de perseguição dos olhos vai acompanhar a velocidade do estímulo móvel. Movimentos Vestíbulo-Oculares Durante a movimentação corporal, inicia-se um padrão de movimentos vestíbulo-oculares reflexos para estabilizar a posição dos olhos em relação ao ambiente. Isso é demonstrado toda vez que alguém movimenta a cabeça ou o corpo enquanto fixa visualmente em um objeto. Com o movimento de um lado para o outro são gerados movimentos oculares precisos que compensam os movimentos da cabeça ou do corpo, de modo que é possível manter a fixação em determinadas regiões do ambiente. Demonstração: peça para que alguém mantenha os olhos fixados em seu nariz e que gire a cabeça de um lado para o outro. Movimentos de Vergência São os que envolvem movimentos coordenados em ambos os olhos. A falta deles pode resultar em visão dupla (diplopia). Movimentos de Miniatura Enquanto uma pessoa mantém a fixação deliberada em um alvo pode-se observar, com técnicas apropriadas de registro, um padrão de movimentos oculares extremamente pequenos, involuntários, como um tremor. Embora os olhos estejam em movimento contínuo durante a fixação, não se afastam muito da posição focal média. Se os movimentos oculares miniatura fossem inteiramente eliminados, a imagem na retina se enfraqueceria, desaparecendo. Movimentos Mistos A maioria das atividades naturais que envolvem a interação visual com o ambiente emprega uma combinação de diversos movimentos oculares. Fatores temporais na percepção Fatores temporais atuam de diferentes maneiras afetando a percepção: Mascaramento Visual – eventos de estímulos breves que não se sobrepõem fisicamente no espaço nem no tempo podem ser percebidos como simultâneos ou podem interagir e prejudicar a percepção uns dos outros. Pós-Efeitos – eventos de persistência visual e adaptação da região retiniana estimulada que se fadiga temporariamente. Pós-Efeitos Referências SCHIFFMAN, H.R. Sensação e Percepção. 5ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005. Capítulos 3 e 4. BEHAR, C.; PERIN, F. Psicologia da Percepção. Rio de Janeiro, SESES, 2015. Capítulo 3. Vídeo extra: Série Truques da Mente (Netflix), temporada 2, episódio 3 Vídeo extra: Série Fantástico - Drauzio Varela - 5 Sentidos -https://www.youtube.com/watch?v=c5ODGzBUMNc
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