Buscar

Tópicos Especiais em Serviço Social Aula 08 Online

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula 08 – Questões Socioespaciais
Introdução
Nesta aula, vamos estudar as questões que aparecem em torno da discussão sobre as questões socioespaciais, a ocupação do solo e as consequências dessa ocupação para a não garantia de direitos sociais da população urbana e rural. Bons estudos!
Introdução
Nesta aula, vamos abordar a tensa relação existente entre a ocupação do solo e a lógica da acumulação capitalista no campo e nas cidades.
Vamos entender também como os diferentes segmentos da classe trabalhadora resistem à mercantilização das terras urbanas e rurais e de que maneira o Estado tem respondido a essas reivindicações.
No campo, assim como no meio urbano, há situações de pobreza e condições de moradias precárias. Podemos citar o caso dos acampamentos rurais.
Neste contexto, também surgem movimentos sociais que lutam pela reforma agrária.
O acesso aos serviços básicos é extremamente dificultado no campo; além disso, os pobres do campo são pobres porque não têm acesso à terra suficiente e políticas agrícolas adequadas para gerar uma produção apta a satisfazer as necessidades próprias e de suas famílias.
Falta título de propriedade ou posse de terras, ou estas são muito pequenas, pouco férteis, mal situadas em relação aos mercados e insuficientemente dotadas de infraestrutura produtiva.
São pobres, também, porque recebem, pelo aluguel de sua força de trabalho, remuneração insuficiente; ou ainda porque os direitos à cidadania – saúde, educação, alimentação e moradia - não chegam.
O trabalho existente é sazonal, ou o salário é aviltado pela existência de um enorme contingente de mão de obra ociosa no campo (IIPNRA, 2005, p. 12).
II Plano Nacional de Reforma Agrária.
A questão agrária pode ser interpretada de diversas formas, dependendo da ênfase que se quer dar a diferentes aspectos do estudo da realidade agrária.
Nesta nossa aula, vamos trabalhar tal conceito como o conjunto de interpretações e análises da realidade agrária, que procura explicar como se organiza a posse, a propriedade, o uso e a utilização das terras na sociedade brasileira.
É importante ressaltar que os estudos acadêmicos e científicos sobre o tema são recentes.
Há ainda uma carência de estudos sobre essa realidade, o que pode ser considerado fruto de um longo período de desconhecimento provocado por um processo de submissão colonial.
Isso impediu o desenvolvimento das ideias, das pesquisas e do pensamento nacional durante os 400 anos de colonialismo.
É isso que vamos ver em seguida.
Relembrando um pouco da história
Período Colonial
No campo e na cidade, a exploração e ocupação do solo se dão de forma desigual desde o período colonial e imperial.
Esses períodos foram marcados por características como concentração de terra, poder e renda, a política do favor, o coronelismo e a aplicação arbitrária da lei até os tempos mais atuais do século XXI.
A propriedade da terra, inicialmente, foi adotada como monopólio pela Monarquia. Por isso, como a propriedade de todo o território era exclusiva da Coroa, não havia propriedade privada da terra. Ou seja, o modelo não era capitalista.
Porém, para implantar o modelo agroexportador e estimular o investimento de capital na produção das mercadorias necessárias para a exportação, a Coroa optou pela "concessão de uso", com direito à herança.
Desde então, o meio rural é palco de uma organização social e econômica que reproduz a pobreza e a exclusão social, sendo um dos elementos centrais dessa ordem de desigualdade no acesso à terra.
Século XX
Na primeira metade do século XX, a economia baseava-se, principalmente, na exploração da agricultura e extrativismo.
Sobretudo com a abolição da escravidão e a emergência da mão de obra livre, teve início o processo de industrialização e urbanização brasileira.
Nas décadas iniciais do século XX, as cidades brasileiras eram vistas como a possibilidade de avanço e modernidade em relação ao campo, que representava o Brasil arcaico.
A proclamação da República e a abolição da mão de obra escrava não superaram a hegemonia agrário-exportadora, o que viria acontecer apenas após a revolução de 1930.
Desde então, o processo de urbanização/ industrialização ganha, com as políticas oficiais, um novo ritmo (Maricato, 2003, p. 151).
Industrialização e Urbanização
Esse processo de industrialização e urbanização foi se intensificando e se aprimorando, até que a economia do país de base oligárquica chegasse a ser baseada no desenvolvimento industrial.
Com isso, boa parte da população que residia nos campos e se sustentava da agricultura se viu obrigada a se mudar para as cidades, causando o êxodo rural.
Por conta das ofertas de emprego e das promessas de melhoria de vida, muitos trabalhadores do campo migraram para a cidade. Por isso, as cidades foram crescendo.
No entanto, os investimentos públicos não vinham de acordo com tal crescimento. Logo, o que se percebia nos espaços urbanos era a ocupação desordenada do solo.
Algumas décadas depois, podia ser percebido o crescimento desigual das cidades, e as ofertas de emprego que de fato havia nas primeiras décadas do século XX não existiam mais.
Além disso, grandes bolsões de pobreza e miséria estavam latentes, assim como o aumento da violência e da criminalidade.
Construção das cidades e segregação – Direito à moradia
É importante sabermos que as questões socioespaciais estão diretamente ligadas a direitos sociais fundamentais, como o direito à moradia.
Além disso, devemos entender as questões socioespaciais como expressões do Capitalismo. Afinal, esse sistema societário reproduz a desigualdade socioespacial, como um exemplo de condição de permanência da desigualdade social
A desigualdade socioespacial demonstra a existência de classes sociais e as diferentes formas de apropriação da riqueza produzida.
Divisão de classes
No entanto, Harvey salienta que são vários os atores que possuem interesses envolvidos na ocupação do espaço urbano e, por isso, o processo segregativo de uso e ocupação do solo representa a concretização no espaço da divisão de classes que se observa na sociedade.
Vários atores, representantes de diferentes interesses, estão envolvidos em fortes conflitos que têm por palco o urbano:
I - Os proprietários de terra e as empresas imobiliárias, cujo objetivo é a apropriação direta de renda. II - Os intermediários financeiros, que indiretamente visam a obter taxas de retorno para suas aplicações dirigidas à área de negócios imobiliários. 
III - O setor da construção civil, buscando lucros através dos seus empreendimentos.
IV - O capital "em geral" que tem no espaço urbano as condições para produção e acumulação.
V - A força de trabalho, para quem a cidade significa meio de consumo e meio de reprodução.
Harvey, 1982, p. 7
A falta de moradia para tantos cidadãos, além de proceder de um passado histórico, é fruto não só de ausência de políticas públicas, mas também de uma política que sempre esteve voltada para os interesses individuais, deixando de lado os menos favorecidos.
Na luta pela garantia do direito à cidade e o direito à moradia, surgem movimentos sociais que reivindicam essa causa, além da reforma urbana.
Para complementar seus estudos, não deixe de ler o livro Desigualdades socioespaciais: a luta pelo direito à cidade.
RODRIGUES, A. M. Desigualdades socioespaciais: a luta pelo direito à cidade. In: Cidades, V. 4, N. 6, 2007, p. 73-88.
Estatuto da Cidade
Como já vimos, o processo de urbanização do país aconteceu sem planejamento, o que resultou em uma ocupação desordenada do solo. Neste processo, diversos documentos legais, em diferentes instâncias, foram criados para balizar o uso do solo.
No entanto, o maior avanço é o Estatuto da Cidade - Lei nº 10.257/01-, que regulamenta o capítulo da política urbana na Constituição Federal de 1988.
O Estatuto da Cidade traz amplas perspectivas para a melhoria do uso do solo urbano e também traz o desafio de promover a participação comunitária, defendendo o interesse coletivo de melhoria de qualidadede vida, de forma democrática e efetiva.
O principal desafio proposto por esse documento é torná-lo aplicável a mudanças e restauração de erros de séculos que permeiam o processo de segregação urbana.
Além desse, há também o desafio da implantação dos Planos Diretores Municipais, que são frutos da avaliação da legislação vigente, definição dos objetos de mudanças, discussão pública e no legislativo.
Esse Estatuto é fundamental para vida urbana e interfere na vida econômica e no dia a dia dos cidadãos, pois determina o que pode ser feito ou não em propriedades particulares.
No entanto, é extremamente difícil sua compreensão, o que faz com que muitas pessoas fiquem irregulares, por não entenderem as solicitações e deliberações da lei.
Planos Diretores
O Plano Diretor é um documento de nível municipal sobre a gestão do espaço urbano, que inclui normas para a expansão territorial, define zonas de uso de solo e redes de infraestrutura.
Algumas vezes, esse documento não existe, e quando existe, é construído de forma distante da realidade, como se fosse apenas para o cumprimento de uma formalidade. Com isso, não é criado com o comprometimento político que deveria ter.
Não deixe de ler o livro Ocupação do solo urbano: desafios pós-Estatuto das Cidades.
BATISTA, G. T; DIAS, N. W. Ocupação do solo urbano: desafios pós-Estatuto das Cidades. In: Uma agenda para a sustentabilidade regional: reflexão e ação, 2008.
Serviço Social e questões socioespaciais
É de extrema importância sabermos que até agora falamos de direitos – o direito à terra, à cidade, à moradia.
O Serviço Social reconhece as questões socioespaciais, urbana e agrária como espaços de atuação relevantes para a categoria profissional. Isto porque traça uma discussão crítica sobre estas dimensões da questão social, objeto basilar de intervenção e análise da profissão.
Discutimos, no decorrer da aula, as questões socioespaciais no âmbito da lógica capitalista, de reprodução das relações de exploração.
Tendo isso em vista, vale relembrar nosso projeto ético político profissional, que vai contra a ordem societária vigente, na luta por uma sociedade mais igualitária, sem opressões de nenhuma classe.
Das condições degradantes de habitação.
Da ausência de políticas agrícolas adequadas para gerar uma produção apta a satisfazer as necessidades próprias dos agricultores e de suas famílias.
Da violência urbana, catástrofes ambientais e sociais, evidenciada na luta dos movimentos sociais.
Chegou a hora de colocar, em prática, os conhecimentos adquiridos na nossa aula.
A chamada questão agrária pode ser trabalhada e interpretada de diversas formas, dependendo da ênfase que se quer dar a diferentes aspectos do estudo da realidade agrária. Na nossa aula, trabalhamos tal conceito:
Gabarito: Como o conjunto de interpretações e análises da realidade agrária, que procura explicar como se organiza a posse, a propriedade, o uso e a utilização das terras na sociedade brasileira.
O processo de urbanização do país aconteceu sem planejamento, o que resultou em uma ocupação desordenada do solo. Neste processo, diversos documentos legais, em diferentes instâncias, foram criados para balizar o uso do solo. No entanto, o maior avanço, em termos legais, é:
Gabarito: Estatuto da Cidade.

Outros materiais