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CASO 1 Leia a situação hipotética abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas: Em datas e horários diversos, todavia no período compreendido entre meados do mês de fevereiro até o mês de maio do ano de 2014, RONALDO ESPERTO, prevalecendo-se da condição de perito, nomeado pelo juízo da Xª Vara civil da Comarca da Capital, com o fim de obter indevida vantagem econômica solicitou aos advogados de determinado processo, o pagamento de determinada quantia em dinheiro para fins de elaboração de laudo favorecendo o cliente destes, todavia as vítimas não concordaram em repassar qualquer montante a RONALDO ESPERTO. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os Crimes contra a Administração Pública, responda às questões formuladas: a) RONALDO ESPERTO é considerado funcionário público para fins penais? Responda de forma objetiva e fundamentada. Sim, RONALDO deve ser considerado funcionário público para fins penais, uma vez que exerce transitoriamente uma função pública, que, nas lições do Professor José dos Santos Carvalho Filho, é “a atividade em si mesma, ou seja, função é sinônimo de atribuição e corresponde às inúmeras tarefas que constituem o objeto dos serviços prestados”. (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo, p. 362). E o artigo 237 do Estatuto Repressivo pátrio define aquele que é funcionário público para fins penais, dizendo: “Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. Faz-se mister ainda ressaltar que, conforme os ensinamentos do mestre Rogério Greco: “O exercício de uma função pública, ou seja, aquela inerente aos serviços prestados pela Administração Pública, não pode ser confundido com múnus público, entendido como encargo ou ônus conferido pela lei e imposto pelo Estado em determinadas situações, a exemplo do que ocorre com os tutores, curadores etc”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume III / Rogério Greco. – 13º. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2016, p, 703) b) Qual a correta tipificação de sua conduta? Ainda, responda se a mesma restou tentada ou consumada, haja vista as vítimas não terem concordado em repassar qualquer montante ao agente. A conduta de RONALDO deve ser tipificada como Corrupção Passiva, crime previsto no artigo 317 do Código Penal, que preceitua: “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa”. A conduta do perito deve ser considerada CONSUMADA, não obstante o fato de as vítimas não terem concordado em repassar qualquer quantia ao agente, conforme as precisa lições do Professor Rogério Greco: “(...) o delito se consuma quando o agente efetivamente solicita, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagemindevida, que, se vier a ser entregue, deverá ser considerada mero exaurimento do crime”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume III / Rogério Greco. – 13º. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2016, p, 759) CASO 2 Túlio, Guarda Municipal, encontrava-se em serviço em frente a determinado prédio público, quando verificou que José iniciava uma pichação naquele prédio. Em razão disso, ordenou a Flaviano Bom de Tinta que parasse de imediato e entregasse o material que estava sendo utilizado na pichação. Ocorre que Flaviano Bom de Tinta, para garantir sua fuga, desferiu chutes na canela do funcionário e, de imediato, empreendeu fuga, não vindo a ser alcançado. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os Crimes contra a Administração Pública, responda às questões formuladas: a) Diferencie as condutas de desacato, resistência e desobediência. Responda de forma objetiva e fundamentada. No crime de desacato, o agente pratica a conduta de desacatar funcionário público, que deve ser entendida como faltar com o devido respeito, afrontar, menosprezar, menoscabar, desprezar. No crime de resistência, o agente opõe-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. Já no crime de desobediência, o agente deixa de atender, não cumpre a ordem legal de funcionário público, ou deixa de fazer alguma coisa que a lei imponha, caracterizando uma resistência passiva, diferentemente do crime de resistência, no qual há o emprego de violência ou ameaça. b) Qual a correta capitulação da conduta de Flaviano Bom de Tinta? Responda de forma objetiva e fundamentada. FLAVIANO cometeu o crime de RESISTÊNCIA QUALIFICADA pelo fato do ato legal não foi executado, na forma do artigo 329, §1º, do CP. CASO 3 ARNALDO, jovem de 17 anos, após praticar o crime de roubo de um veículo automotor, procura seu amigo LAURO e o solicita que mantenha o carro guardado em sua casa por um tempo. LAURO aceita a incumbência e age conforme o combinado, unicamente com a intenção de ajudar ARNALDO. Contudo, a autoria do roubo é descoberta, pois a Polícia Civil consegue recuperar o veículo que ainda estava com LAURO. Dos fatos, ARNALDO e LAURO são denunciados em processo-crime pelo delito de roubo, sendo LAURO, considerado partícipe do delito. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os delitos contra o Patrimônio e Administração Pública, responda de forma objetiva e fundamentada às seguintes questões: a) A capitulação da conduta de LAURO está correta? Responda de forma objetiva e fundamentada. Não só a capitulação da conduta de LAURO como também a da conduta de ARNALDO estão incorretas. LAURO tinha unicamente a intenção de ajudar o autor do fato, sem ter concorrido, de nenhum modo, para a conduta anterior, infringindo, dessa forma, o artigo 349 do Código Penal. Já ARNALDO, tendo em vista que este tinha somente 17 anos de idade na data do fato, não pode responder pelo crime de roubo, tipo previsto no artigo 157 do Código Penal, e sim pelo cometimento de ato infracional, conforme disposto no artigo 103 c/c 104, ambos do Estatuto da Criança e do Adolescente. b) O fato de ARNALDO ser inimputável possui alguma relevância para a conduta de LAURO? A inimputabilidade de ARNALDO não pode ter relevância para a conduta de LAURO no sentido de afastar a ocorrência do crime de favorecimento real. Tal fato, pelo contrário, gera maior reprovabilidade, uma vez que o que ele deveria ter feito era informar às autoridades policiais o ocorrido, e não ajudar o menor, o que pode ser considerado como um estímulo à prática de novos atos infracionais por parte de ARNALDO. CASO 4 Tentativa de roubo de tênis a) Qual a correta capitulação da conduta do motoqueiro? Ainda, o delito restou tentado ou consumado? Responda de forma objetiva e fundamentada. No caso em tela, o autor dos fatos incorreu no tipo previsto pela parte final do §3º, artigo 157, do Código Penal, figura típica conhecida como Latrocínio, roubo com resultado morte. Mesmo que o agente não tenha subtraído nenhum bem na vítima, o delito restou consumado, com fulcro na Súmula 610 do STF, que diz: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.”. b) Caso o motoqueiro venha a ser preso e posteriormente condenado pelo delito praticado, sendo no curso do processo-crime descoberto que o mesmo é reincidente, qual será o prazo mínimo de cumprimento de pena para a progressão de regimes? Responda de forma objetiva e fundamentada. O Latrocínio, CP, art. 157, §3º, in fine, é considerado crime hediondo, nos termos do inciso II, art. 1º, da Lei 8.072/90, e, no caso de réu reincidente, o prazo mínimo de cumprimento da pena parafins de progressão de regime é de 3/5, conforme previsto §2º, art. 2º do mesmo diploma legal. CASO 6 LEONARDO foi surpreendido por policiais militares, na noite de sábado, 11 de janeiro de 2014, às 00h30min, próximo a um bar localizado na Asa Norte de Brasília, trazendo consigo uma porção de cocaína totalizando massa líquida de 26,45g. No carro em que ele estava foi encontrada a droga em um saco plástico e dinheiro. Dos fatos restou denunciado e condenado pelo delito de tráfico de drogas, previsto no art.33, caput,da Lei n.11343/2006. Em sede de apelação criminal suscitou sucessivamente: (i) atipicidade material da conduta pelo princípio da insignificância; (ii) desclassificação para o delito de porte de drogas para uso. Ante o exposto, sendo certo que no momento da abordagem, seus atos não poderiam qualificar sua conduta como sendo a de vendedor de drogas, analise a possibilidade de aplicação das teses defensivas. Responda de forma objetiva e fundamentada. R: A jurisprudência é majoritária pela não aplicação do princípio da insignificância ao crimes insculpidos na Lei de Drogas, tendo o agente incorrido, analisando-se as circunstâncias do caso, no tipo previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, que preceitua: “Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.”. CASO 7 Astolfo, nascido em 15 de março de 1940, sem qualquer envolvimento pretérito com o aparato judicial, no dia 22 de março de 2014, estava em sua casa, um barraco na comunidade conhecida como Favela da Zebra, localizada em Goiânia/GO, quando foi visitado pelo chefe do tráfico da comunidade, conhecido pelo vulgo de Russo. Russo, que estava armado, exigiu que Astolfo transportasse 50 g de cocaína para outro traficante, que o aguardaria em um Posto de Gasolina, sob pena de Astolfo ser exp ulso de sua residência e não mais poder morar na Favela da Zebra. Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar a determinação, mas quando estava em seu automóvel, na direção do Posto de Gasolina, foi abordado por policiais militares, sendo a droga encontrada e apreendida. Astolfo foi denunciado perante o juízo competente pela prática do crime previsto no Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. Em que pese tenha sido preso em flagrante, foi concedida liberdade provisória ao agente, respondendo ele ao processo em liberdade. Astolfo, em suas alegações finais, confirmou que fazia o transporte da droga, mas alegou que somente agiu dessa forma porque foi obrigado pelo chefe do tráfico local a adotar tal conduta, ainda destacando que residia há mais de 50 anos na comunidade da Favela da Zebra e que, se fosse de lá expulso, não teria outro lugar para morar, pois sequer possuía familiares e amigos fora do local. (XX Exame OAB Unificado. PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 18/09/2016. MODIFICADA). Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os delitos previstos na Lei n.11343/2006, responda de forma objetiva e fundamentada às seguintes questões: a) A partir da premissa de que Astolfo é primário e não possui antecedentes, apresente as possíveis teses defensivas. Sofreu coação moral irresistível, o que exclui sua culpabilidade no elemento de inexigibilidade de conduta diversa, devendo ele ser absolvido com base no art. 385 inc. VI do CPP. Subsidiariamente poderá suscitar a sua primariedade, seus bons antecedentes, que não se dedica a atividades criminosas e que não integra qualquer organização criminosa para ter sua pena reduzida com base no §4° do art. 33 da lei 11.343/06. b) À conduta de Astolfo aplicam-se os institutos repressores da lei de crimes hediondos? O entendimento atual do STF é que o traficante privilegiado não pratica conduta equiparada a hediondo, sendo inclusive cancelada a Súmula 512 do STJ. c) Uma vez condenado, será possível a substituição de pena privativa de liberdade? É possível conversão da PPL em PRD segundo o STF no crime de tráfico, desde que preenchidos os requisitos do art. 44 do CP, porque o STF declarou a inconstitucionalidade da vedação da conversão da PPL em PRD prevista no art. 44 da lei 13.343/06, que teve sua execução suspensa pela resolução n. 5 do senado publicado em 15-02-2012.
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