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2014 Maria do Carmo Berriel Escola Técnica Evolução 04/08/2014 Apostila de Mamografia CURSO TÉCNICO EM RADIOLOGIA 2 I – INTRODUÇÃO A Mamografia consiste no estudo, através de Imagens Radiográficas, da Anatomia Mamária, com o objetivo de detectarem-se possíveis patologias precocemente. A Mamografia na década de 1990 passou a ser um dos exames radiológicos mais requisitados. Ela é o método mais efetivo de diagnóstico precoce na atualidade. É a única área da radiologia em que é possível buscar, de modo sistemático, o câncer em estágio ainda curável. Um exame com alto padrão de qualidade pode visualizar, em 85% a 90% dos casos, um tumor com mais de dois anos de antecedência de ocorrer acometimento ganglionar, em mulheres com mais de 50 anos de idade. Sua especificação é de aproximadamente 90% ou mais, sendo, portanto, o exame “padrão ouro” na detecção precoce no câncer de mama. De acordo com a literatura, Mamografia tem sensibilidade entre 88% e 93,1% e especificidade entre, e a utilização desse exame como método de rastreamento reduz a mortalidade em 25%. Em 1992, em virtude da campanha da Sociedade Americana de Cancerologia na qual todas as mulheres acima de 40 anos devem ser submetidas à mamografia de triagem. O objetivo da Mamografia é produzir imagens detalhadas com alta resolução espacial da estrutura interna da mama para possibilitar bons resultados diagnóstico. A diferença radiográfica entre o tecido normal e o tecido doente é extremamente tênue; portanto, a alta qualidade do exame é indispensável para alcançar uma resolução de alto contraste que permita essa diferenciação. Cada componente na formação seqüencial da imagem é indispensável para o seu sucesso, desde o posicionamento do paciente para a aquisição da imagem até a qualidade e estado do negatoscópio. Para garantir o desempenho da Mamografia, a imagem obtida deve ter alta qualidade e, para tanto, são necessários: equipamento adequado, técnica radiológica correta, conhecimento, prática e dedicação dos profissionais envolvidos. 3 II – A GLÂNDULA MAMÁRIA E SUA FORMAÇÃO Durante o primeiro trimestre da vida embrionária, o broto epidérmico primitivo inicia a proliferação de cordões de células epiteliais que penetram abaixo da segunda camada da pele e se aprofundam, dando origem aos sistemas lobo- lóbulos-ácinos e de canais galactóforos da futura glândula mamária. Ao oitavo mês, os cordões epiteliais se aprofundam formando um canal na região central, convergindo para a formação do mamilo. Até o nascimento não haverá mais modificação do sistema. Na mama do feto a termo, ductos estão ramificados em forma de rede. Os lobos não são visualizados, podendo haver secreção mamária estimulada pelos hormônios maternos. O processo evolutivo permanece inalterado até a puberdade. Quando ocorrem os estímulos hormonais, os brotos mamários crescem, o tecido adiposo subcutâneo e o tecido conectivo aumentam de volume e o sistema ductal se expande. Os ductos alongam-se na profundidade tecido subcutâneo e ocorre o desenvolvimento de ductos lobares e Ductos lobulares. A maturação da glândula mamária pode ocorrer até a terceira década da vida. Entre as falhas de desenvolvimento da mama está a ocorrência de mamas acessórias, formada, geralmente, por tecido mamário sem a presença de mamilo. O local mais comum do seu aparecimento é a linha média axilar. Essas mamas 4 também estão sujeitas ao período de ovulação e período pré-menstrual, como as mamas normalmente desenvolvidas, pois têm todas as funções cíclicas das mesmas. Elas são mais propensas às patologias malignas. Quando houver fatores de risco, como secreção mamilar, ou alguns dos sinais indiretos de câncer, a indicação é cirúrgica. Entre outros problemas de formação das mamas, pode-se citar essa ocorrência também em meninos adolescentes. III – A ANATOMIA DA MAMA Os componentes anatômicos mamários compreendem tanto suas estruturas macroscópicas quanto microscópicas. Macroscopicamente, o parênquima mamário é um tecido humano especializado localizado no tórax. As mamas adultas são órgãos pares, estando situadas entre a segunda e a sexta costelas no eixo vertical e entre a borda do esterno e a linha axilar média no eixo horizontal, sobre o músculo Grande Peitoral, relacionando-se com os músculos peitoral maior e menor, serrátil anterior e com o espaço retromamário. As mamas abrangem três estruturas principais: a pele, o tecido subcutâneo e o tecido mamário propriamente dito, o qual é composto de elementos epiteliais e o estroma. Os componentes epiteliais são as ramificações ductais que conectam as unidades estruturais e funcionais da mama (os lóbulos) ao mamilo. Microscopicamente podem ser identificados os lóbulos, o sistema ductal, o estroma, os ligamentos de Cooper e a membrana basal do sistema ductal. Cada mama possui de 15 a 20 lobos mamários independentes, separados por tecido fibrosos. Estes lobos são as unidades de funcionamento formadas por um conjunto de lóbulos que se ligam à papila por meio de um ducto lactífero. Os lóbulos são compostos por um conjunto de ácinos que são a porção terminal da „árvore‟ mamária, onde estão as células secretoras produtoras de leite. Cada lobo tem a sua via de drenagem, que converge para a papila, por meio do sistema ductal. O sistema ductal compõe-se de ductos lactíferos responsáveis por conduzir o leite até a papila, exteriorizando-o por meio do orifício ductal. A papila mamária é uma protuberância composta de fibras musculares elásticas onde desembocam os ductos lactíferos. 5 Por fim temos os ligamentos de Cooper, expansões fibrosas que se projetam na glândula mamária, subdividindo o parênquima em 15 a 20 lobos. Estes ligamentos conferem mobilidade e sustentação à mama, retraindo de forma característica quando há uma contração patológica (câncer de mama). Com relação ao corpo mamário, ele compreende a maioria do volume mamário no estado não lactante, e é composto por tecido adiposo e conectivo fibroso. O desenvolvimento mamário é rigorosamente controlado pelo ovário, podendo ser definido por vários parâmetros, como por exemplo, a aparência externa, área total, volume, grau de ramificações, número de estruturas presentes na glândula mamária e grau de diferenciação das estruturas individuais, ou seja, lóbulos e alvéolos. O desenvolvimento ductal (dos Ductos) normal requer a presença de estrógeno e progesterona, os dois hormônios esteróides ovarianos que atuam na glândula mamária por meio de seus receptores específicos. Com a aproximação da puberdade, a mama rudimentar começa a demonstrar um aumento tanto na atividade do epitélio (tecido) glandular quanto no tecido circundante. Seu aumento de tamanho é devido ao crescimento e divisão dos pequenos feixes de ductos primários originados durante a vida intrauterina das invaginações do tecido superficial. Os ductos crescem e dividem-se por meio de combinações de ramificações, formando nos limites distais da pele, botões terminais em forma de cubo. Cada botão terminal bifurca-se em dois dúctulos menores ou botões alveolares. O termo botão alveolar aplica-se àquelas estruturas que se mostram morfologicamente mais desenvolvidas do que os botões terminais. Com mais ramificações, os botões alveolares tornam-se menores e mais numerosos e são então chamados de dúctulos. Quando uma média de 11 botões/ dúctulos alveolares se agrupam em torno de um ducto terminal, eles formam o lóbulo tipo 1 (LOB 1) ou lóbulo virginal.Os ductos terminais e dúctulos são revestidos por uma camada dupla de epitélio (tecido) estratificado (diferente e específico), enquanto os botões terminais no feto humano são revestidos por um epitélio composto de quatro camadas de células. A formação dos lóbulos na mama feminina ocorre dentro de 1-2 anos após o início da primeira menstruação. Mais tarde, o desenvolvimento posterior da glândula varia grandemente de mulher para mulher. 6 A completa diferenciação da glândula mamária é um processo gradual que leva muitos anos e, provavelmente, nas mulheres que nunca engravidaram, nunca é atingida. No tecido mamário da mulher adulta pode-se identificar dois outros tipos de lóbulos, além do LOB 1. São os lóbulos tipo 2 (LOB 2) e tipo 3 (LOB 3). A transição do LOB 1 para LOB 2 e deste para LOB 3 é um processo gradual de desenvolvimento de novos dúctulos, os quais aumentam em número de aproximadamente 11 em LOB 1 para 47 e 80 em LOB 2 e LOB 3, respectivamente. Como o número de dúctulos aumenta, o mesmo acontece com o tamanho dos lóbulos. 7 O tamanho da mama varia de uma mulher para outra e, inclusive, na mesma mulher, dependendo da sua idade e da influência dos vários hormônios. No entanto, a mama se estende, para baixo, da porção anterior da segunda costela, até a sexta ou sétima costela, e da borda lateral do esterno até a axila. As glândulas mamárias estão situadas na parede anterior do tórax, de cada lado do esterno e sob a face superficial anterior aos músculos grande e pequeno peitoral, estendendo-se, anteriormente, em geral da segunda costela (ao nível da clavícula) à sexta costela até a linha medioaxilar. A principal função da glândula mamária é a lactação ou secreção de leite e a quantidade de tecido glandular adiposo, ou tamanho da mama feminina, não tem relação com a capacidade funcional da glândula. O mamilo é uma pequena projeção que contém uma coleção de aberturas de ductos provenientes das glândulas secretoras no interior do tecido mamário. A área pigmentada (com cor diferente da pele) que circunda o mamilo é denominada aréola, definida como uma área circular de cor diferente que circunda um ponto central. A junção da parte inferior da mama com a parede anterior do tórax é chamada de prega inframamária. O prolongamento axilar é uma faixa de tecido que envolve o músculo peitoral lateralmente. Há Tecido mamário que chega até a axila e é denominado de cauda da mama ou prolongamento axilar da mama. III.a – A IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA Com relação ao suprimento sanguíneo, cada mama é irrigada por meio da artéria axilar (artérias tóraco-acromial e torácica lateral), dos ramos mediais da artéria torácica interna e dos ramos das 2ª a 6ª artérias intercostais posteriores. O trajeto das veias mamárias segue basicamente o das artérias, com a via principal passando pela axila e o conhecimento da drenagem venosa reveste-se de grande importância, uma vez que a disseminação do câncer mamário ocorre freqüentemente por ela. Vale destacar aqui o círculo venoso e o plexo venoso vertebral. O primeiro é formado pelas anastomoses (extensões) extensas das veias superficiais formando um círculo chamado de anastomótico em torno da auréola. O segundo, chamado de plexo de Batson, rodeia as vértebras e se estende desde a base do crânio até o 8 sacro, carece de válvulas e mantém canais venosos com os órgãos pélvicos, abdominais, torácicos e particularmente com a mama, por meio das veias intercostais posteriores. As veias oriundas do círculo venoso e do interior da glândula mamária, transportam sangue para a periferia e na seqüência, para as veias axilar e mamária interna, drenando para a subclávica, e as intercostais drenam para a jugular interna. Os êmbolos liberados por qualquer dessas vias chegam ao ventrículo direito e então são impulsionados ao sistema pulmonar. Já pelo plexo de Batson, em casos de câncer, temos metástases diretas para as vértebras, crânio e sistema nervoso central sem atingir o pulmão. 9 III.b – DRENAGEM LINFÁTICA A principal via de drenagem linfática da mama ocorre por meio dos linfonodos axilares (75%) e grande parte do restante é drenada através dos linfonodos mamários internos (20%) e pequena parcela através dos intercostais posteriores (5%, aproximadamente). Os linfonodos axilares subdividem-se em seis grupos, a saber: veia axilar, mamário externo, escapular, central, supracavicular e interpeitoral ou de Rotter. A sua importância está relacionada com a divisão dos linfonodos em relação ao músculo pequeno peitoral, devido ao fato de afetarem também essa região quando uma paciente acometida de câncer – a base da mama (carcinoma ductal infiltrante). O fluxo dos canais linfáticos é unidirecional (ocorrem para uma mesma direção) e é pulsátil (tem pulsações), em conseqüência das contrações dos canais que possibilitam o trânsito rápido com esvaziamento dos espaços vasculares linfáticos que se alimentam com a extensa rede de ductos e lóbulos. Uma obstrução dos vasos linfáticos, seja por um processo inflamatório ou neoplásico, leva a uma inversão do fluxo, evidenciada microscopicamente como metástases endolinfáticas (entre os linfonodos) na derme ou no parênquima mamário. 10 III.c – INERVAÇÃO MAMÁRIA A inervação mamária é realizada principalmente pelos ramos cutâneos laterais e anteriores dos segundo ao sexto nervos intercostais. Uma parte limitada da pele que recobre a metade superior da mama é inervada pelo nervo subclavicular originário do plexo cervical, especificamente dos ramos anterior e medial do nervo supraclavicular. Os nervos intercostais passam pelo bordo inferior das costelas e na altura da inserção das tiras do músculo serrátil, emitindo os ramos laterais mamários, continuando seu trajeto e, na borda esternal emitem novos ramos para a mama, os mamários mediais. O conhecimento dos seus trajetos é importante porque permite o bloqueio dos mesmos ao nível da linha axilar média, obtendo assim informação suficiente para se realizar vários procedimentos cirúrgicos, normalmente nos quadrantes externos das mamas. IV – ANATOMIA RADIOLÓGICA DA MAMA a) ANATOMIA DA SUPERFÍCIE A anatomia da superfície inclui o mamilo, uma pequena projeção que contém uma coleção de aberturas de ductos provenientes das glândulas secretoras no interior do tecido mamário. A área pigmentada que circunda o mamilo é denominada aréola, definida como uma área circular de cor diferente que circunda um ponto central. A junção da parte inferior da mama com a parede anterior do tórax é chamada de prega inframámaria. O prolongamento axilar é uma faixa de tecido que envolve o músculo peitoral lateralmente. Há Tecido mamário que chega até a axila é denominada cauda da mama ou prolongamento axilar da mama. b) ANATOMIA DO PLANO SAGITAL Um plano sagital através da mama madura mostra a relação entre a glândula mamária e as estruturas subjacentes da parede torácica. A prega infra-mamária está ao nível da sexta costela, mas existe grande variação entre indivíduos. 11 O músculo peitoral maior é observado sobre a caixa torácica. A porção central da mama é constituída basicamente de tecido glandular. Quantidades variáveis de tecido adiposo ou gorduroso circundam o glandular. A variação do tamanho de uma pessoa para outra é devida basicamente à quantidade de tecido adiposo na mama. A pele que recobre a mama possui espessura uniforme, exceto na área da aréola e do mamilo onde a pele é um pouco mais espessa.c) ANATOMIA DA VISÃO FRONTAL O tecido glandular da mama é dividido em 15 a 20 lobos dispostos como os raios de uma roda em torno do mamilo. Os lobos glandulares, constituídos de lóbulos individuais, não estão separados, mas se encontram agrupados em um arranjo radial. Distalmente, os lóbulos menores consistem em aglomerados de alvéolos arredondados. Esses grupos de alvéolos que formam os lóbulos são interconectados e drenam através de ductos individuais. Cada ducto se dilata em uma pequena ampola que serve como um reservatório de leite, um pouco antes de terminar em uma minúscula abertura na superfície do mamilo. Uma camada do tecido adiposo logo abaixo da pele circunda e recobre o tecido glandular. O tecido adiposo dos lóbulos mamários, a gordura subcutânea, está entremeada nos elementos glandulares. O tecido conjuntivo (ou fibroso) interlobular circunda e dá apoio aos lobos e a outras estruturas glandulares. Extensões formando faixas de tecido fibroso são conhecidas como ligamentos de Cooper (ou suspensores) da mama, e sua função é dar suporte às glândulas mamárias. Cada mama é abundantemente suprida por vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Geralmente, algumas veias maiores podem ser distinguidas na mamografia. O termo trabéculas é usado pelos radiologistas para descrever as várias estruturas de pequeno tamanho encontradas na radiografia, como vasos sanguíneos, ductos e outras, que não podem ser diferenciadas. Demarcação das Linhas e Planos: 12 V – TIPOS DE TECIDO MAMÁRIO Um dos maiores problemas ao se analisar as radiografias de mama é a presença de vários tecidos cujo contraste inerente é muito baixo. O tecido mamário pode ser dividido em três tipos principais: Glandular, fibroso ou conjuntivo e adiposo. Como todos estes tecidos são “tecidos moles”, não se pode contar com tecidos ósseos ou repletos de ar para propiciar um contraste. O tecido fibroso e glandular possui densidades semelhantes, isto é, a radiação é absorvida igualmente para ambos os tecidos. A principal diferença nos tecidos mamários é o fato de o tecido adiposo ser menos denso que o fibroso ou glandular. Esta distinção na densidade entre tecido adiposo e os tecidos remanescentes produz as diferenças da densidade fotográfica que aparecem na radiografia pronta. A mamografia mostra diferenças nas densidades dos tecidos. Estas diferenças são a base da imagem estruturas ou regiões “claras”. Os tecidos adiposos menos densos apresentam-se cinza-claros a cinza-escuros, dependendo da espessura destes tecidos. 13 VI – CLASSIFICAÇÃO DA MAMA Na Mamografia, tanto a espessura da mama comprimida quanto a densidade do tecido contribuem para a seleção técnica. É fácil determinar o tamanho ou espessura da mama, mas a densidade dela é menos evidente e requer informações adicionais. A densidade relativa da mama é afetada basicamente pelas características mamárias inerentes do paciente, estado hormonal, idade e gestações. Portanto, as mamas podem ser classificadas em três categorias, dependendo das quantidades relativas de tecido glandular versus adiposo, sendo: 1. Mama Fibroglandular: A mama jovem geralmente é muito densa, pois contém quantidade relativamente pequena de tecido adiposo. A faixa etária comum para a mama fibroglandular varia da pós puberdade até cerca de trinta anos, mas, as mulheres com mais de 30 anos que nunca amamentaram provavelmente também pertencerão a este grupo. Mulheres grávidas ou lactentes de qualquer idade também sã incluídas neste porque um tipo de mama muito denso. 2. Mama Fibrogordurosa: À medida que a mulher envelhece e ocorrem mais alterações nos tecidos mamários, há uma mudança gradual da pequena quantidade de tecido adiposo para uma distribuição mais igual de tecido gorduroso e fibroglandular, este grupo varia dos 30 aos 50 anos idade, a mama não é tão densa quanto no grupo jovem. Radiologicamente, esta mama tem densidade média e requer menor exposição que 14 a mama do tipo fibroglandular. Várias gestações na vida reprodutiva de uma mulher acelerarão o desenvolvimento de sua mama para esta categoria Fibrogordurosa. 3. Mama Gordurosa: Ocorre após a menopausa, comumente à partir dos 50 anos de idade. Após a idade reprodutora da mulher, a maior parte do tecido glandular da mama sofre atrofia, sendo convertida em tecido adiposo em um processo denominado involução. É necessária uma exposição ainda menor neste tipo de mama que nos primeiros dois tipos. As mamas das crianças e da maioria dos homens contêm principalmente gordura em pequenas proporções e, portanto, também pertencem a esta categoria. Observações: Embora a maioria das mamografias seja realizada em paciente do sexo feminino, deve-se saber que entre 1% e 2% de todos os cânceres de mama são encontrados em homens; portanto ocasionalmente serão realizadas mamografias neles. Além do tamanho da mama e da espessura à compressão, a densidade média dos tecidos da mama determinará os fatores de exposição. A mama mais densa é a do tipo fibroglandular, a menos densa, a do tipo gorduroso, e a com iguais quantidades de tecido adiposo e fibroglandular chamada de Fibrogordurosa. 15 VII – MÉTODO DE ESTUDO DA ANATOMIA MAMÁRIA Há dois métodos para estudo radiológico da Anatomia Mamária: o Método de Quadrantes e o Método de Relógio. O Método de Relógio compara a superfície da mama ao mostrador de relógio. Há um problema com este método quando se descreve uma porção medial ou lateral da mama - a parte descrita com 3:00 h na mama direita é descrita 9:00 h na esquerda. O Método de Quadrantes é amplamente utilizado e é utilizado para subdividir a mama em pequenas áreas com o propósito de descrever a localização de lesões encontradas. É mais fácil de ser usado e pode ser descrito por quatro quadrantes que utilizam o mamilo como o centro: QSE - quadrante superior externo; QSI - quadrante superior interno; QIE - quadrante inferior externo e QII - quadrante inferior interno. 16 VIII – MASTOLOGIA Mastologia ou senologia é especialidade médica que se dedica ao estudo das glândulas mamárias. A Mastologia é realizada com base na “Classificação BI-RADS” (Breast Image Reporting and Data System) - é um sistema padronizado, criado nos Estados Unidos, utilizado para uniformizar os relatos de radiologia quando se analisam as imagens de Mamografia. O BI-RADS foi criado pelo trabalho conjunto entre o Colégio Americano de Radiologia, o NCI (National Cancer Institute), o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), a FDA (Food and Drug Administration), o Colégio Americano de Cirurgiões e o Colégio Americano de Patologistas. A intenção por trás da criação e do uso do BI-RADS é uniformização e a padronização dos laudos de mamografia, sujeitos a confusão na interpretação de resultados quando se utilizam critérios puramente descritivos. Por exemplo, no relato de uma mamografia em que apareçam microcalcificações agrupadas, o uso do BI- RADS pode facilitar a compreensão, entre os não-radiologistas e mastologistas, do significado clínico do achado radiológico. Na prática clínica diária, o BI-RADS fornecido pelo radiologista é uma ferramenta importante para separar as lesões consideradas benignas, as malignas e as suspeitas. Além dessa função de utilidade na prática clínica imediata, o BI-RADS serve como um controle de qualidade dos dados provenientes da radiografia. Ao se acompanhar a evolução das pacientes por tempo suficientedepois de feita a mamografia, existe a possibilidade de revisar a adequação do diagnóstico radiológico prévio. A Classificação de BI-RADS é dividida em um grupo de avaliações completas (1, 2, 3, 4, 5 e 6) e uma avaliação incompleta (zero). A avaliação incompleta requer exames adicionais, com incidências mamográficas diferentes das duas incidências padrão (cranio-caudal e oblíqua-medio-lateral). Podem ser necessários também 17 filmes anteriores para comparação, ultrassom ou ressonância nuclear magnética. Ainda em relação à classificação, alguns profissionais têm como hábito atribuir um BI-RADS a cada uma das mamas. Por exemplo, a mama direita pode ter um BI- RADS 2 e a mama esquerda um BI-RADS 4. A recomendação do Colégio Americano de Radiologia é de que, nesses casos, o laudo do exame contenha uma avaliação final global e categorize o exame com uma classe BI-RADS somente. No exemplo acima, o laudo mamográfico considera o exame como BI-RADS 4. Da mesma forma, se houve uma avaliação incompleta para uma das mamas (BI-RADS zero), e a mama contralateral é BI-RADS 2, o exame tem classificação final BI-RADS zero. VIII.a – A CLASSIFICAÇÃO BI-RADS A Classificação é feita por categorias: Categoria zero: A categoria BI-RADS zero é utilizada em mamografias de rastreamento quando imagens adicionais são necessárias ou quando é necessária a comparação a exames prévios. Categoria 1: A categoria BI-RADS 1 significa mamografia negativa. Não são necessários comentários adicionais. As mamas são simétricas, sem massas, distorções de arquitetura ou calcificações suspeitas. Categoria 2: A categoria BI-RADS 2 significa mamografia negativa, com achados benignos. Em relação ao risco de câncer, é idêntica à categoria BI-RADS 1, mas nela, o radiologista opta por descrever achados benignos característicos, cujo grau de precisão de diagnóstico através da mamografia é grande. Nela, incluem-se fibroadenomas calcificados, calcificações múltiplas de origem secretória, cistos oleosos, lipomas, galactoceles e hamartomas de densidade mista. Categoria 3: A categoria BI-RADS 3 é utilizada nas avaliações cujo resultado é “provavelmente benigna”. Essa categoria não deve ser utilizada como um sinônimo de exame indeterminado. As lesões que fazem parte dessa categoria mamográfica devem ter, no máximo, 2% de risco de malignidade. Nessa categoria incluem muitas das lesões encontradas em primeiras mamografias ou em mamografias que não têm exame prévio para comparação. As lesões que podem ser corretamente classificadas como BI-RADS 3 incluem massas circunscritas e não-palpáveis em uma mamografia inicial (com exceção de cistos, linfonodos intramamários e achados benignos), assimetrias 18 focais que diminuem ou desaparecem à compressão, e grupamentos de calcificações puntiformes. A mamografia BI-RADS 3 é um critério para que a paciente seja acompanhada por novo exame mamográfico num período de seis meses. Caso esse novo exame, que não necessariamente é bilateral, seja novamente codificado como BI-RADS 3, e a lesão seja estável, repete-se o acompanhamento novamente em seis meses, totalizando doze meses após o exame inicial. Se nesse décimo segundo mês, o exame mamográfico permanece sendo BI-RADS 3, pode-se repetir o exame doze meses depois, totalizando vinte e quatro meses do exame inicial. Caso a achado mamográfico persista, a mamografia pode ser caracterizada como, a critério do radiologista, como BI-RADS 2 – benigna – ou BI-RADS 3 – provavelmente benigna. Lesões ultrassonográficas classificadas como BI-RADS 3 incluem cistos não- palpáveis complicados, ou massas ovaladas sólidas, hipoecóicas e circunscritas que não são facilmente distinguíveis de cistos complicados. A incidência de neoplasia maligna nessas lesões é menor do que 2%. Microcistos agrupados sem um componente sólido também podem ser classificadas como BI-RADS 3. Categoria 4: A categoria BI-RADS 4, lesão suspeita, inclui lesões na mama que necessitam de avaliação histológica ou citológica adicional. Com o grande número de lesões que é abrigada nessa categoria, foram desenvolvidas subcategorias adicionais. Categoria 4A: Nessa categoria incluem-se lesões que necessitam de intervenção mas cujo grau de suspeição é baixo. Aí estão os cistos complicados que necessitam de aspiração, as lesões palpáveis sólidas, parcialmente circunscritas, e que o ultrassom sugere tratar-se de fibroadenomas, ou um abscesso mamário. O seguimento dessas lesões pode mostrar um diagnóstico anatomopatológico adicional comprovando malignidade, ou um seguimento semestral benigno. Categoria 4B: Nessa categoria estão as lesões de grau intermediário de suspeição. As lesões nessa categoria necessitam de correlação histopatológica. Caso o resultado seja benigno, é necessária a concordância entre os membros da equipe envolvidos no diagnóstico. Uma massa de margens indistintas, com algumas áreas circunscritas, cujo resultado seja necrose gordurosa ou fibradenoma é um achado aceitável. No entanto, um diagnóstico histopatológico de papiloma pode sugerir que se prossiga a investigação com biópsia. 19 Categoria 4C: Nessa categoria estão os achados de grau moderado, mas não clássicos (BI- RADS 5) de neoplasia. Nessa categoria, encontram-se as massas irregulares e mal- definidas, ou novos grupamentos de calcificações pleomórficas. O resultado anatomopatológico das lesões BI-RADS 4 esperado é o de neoplasia maligna. Categoria 5: A categoria BI-RADS 5 é representada por lesões cujo resultado anatomopatológico, salvo exceções, é o de carcinoma de mama. Nessa categoria, mais do que 95% das lesões representam câncer de mama, e os achados radiológicos são os característicos das descrições clássicas do câncer de mama. Massas especuladas, irregulares, de alta densidade, ou massas especuladas de alta densidade associadas a microcalcificações pleomórficas, ou calcificações lineares finas dispostas num segmento ou linearmente estão incluídas na categoria BI-RADS 5. Todas as lesões de alto grau de suspeição, mas que não preenchem os critérios clássicos de câncer de mama, devem ser classificadas como BI-RADS 4. Categoria 6 A categoria BI-RADS 6 é definida para achados mamográficos já biopsiados cujo diagnóstico anatomopatológico é de câncer de mama, antes da terapia definitiva. Por exemplo, ela pode ser usada para classificação dos achados de uma mamografia de monitoramento após quimioterapia complementar, ou para revisões diagnósticas de achados biopsiados. IX – O CÂNCER E A PREVENÇÃO A cada ano, são diagnosticados mais de um milhão de novos casos de câncer de mama em mulheres no mundo. Os países mais desenvolvidos apresentam as maiores incidências, enquanto a mortalidade é maior nos países em desenvolvimento. No Brasil, as incidências mais elevadas se localizam nas regiões Sul e Sudeste. Nos últimos cinco anos, a incidência de câncer de mama aumentou cerca de 30 por cento nos países do ocidente, porém, a partir do ano 2000, observa- se ligeiro decréscimo na mortalidade. A investigação simultânea sobre a incidência e a mortalidade pode fornecer informações sobre a etiologia da doença, e a análise dos efeitos da idade, período e da coorte facilita a compreensão dos mecanismos responsáveis pela variação nas tendências. Analisar as tendências da incidência e da mortalidade por câncer de mama feminino segundo os efeitos da idade, período Em que se apresentam e etc. é obrigação dos Governantes, mas, implementar uma cultura de prevenção é 20 cidadania. Um simples exame pessoal, se feito rotineiramente, pode prevenirde uma maneira rudimentar e eficaz, não deixando de praticar o exame de mamografia periodicamente. Observem nas figuras abaixo, as orientações e seguimentos: 21 Há uma grande variedade de doenças de mama e muitos tipos de câncer (CA), mas o câncer mais agressivo é aquele que se desenvolve na base da mama, atingindo os Ductos – é o Carcinoma Ductal Infiltrante, pois ele se infiltra no interior dos Ductos, evoluindo, assustadoramente, para Metástase. Veja nas figuras: Carcinoma Ductal Infiltrante Tumor Cancerígeno Nos dias atuais, com a Evolução Tecnológica, as cirurgias de estectomia são menos agressivas que em anos passados, não muito distantes – os processos cirúrgicos são “por quadrantes”: extrai-se apenas o quadrante ou os quadrantes atingidos. Após a cirurgia de extração dos tecidos, sequentemente, é feita a cirurgia de restauração mamária que, quando necessário, é colocada uma prótese de cilicone. X - TÉCNICA RADIOLÓGICA A mamografia é um exame que utiliza baixo kV e alto mAs, para gerar alto contraste, necessário na identificação das estruturas que compõem a mama, todas com densidade semelhante. Na realização da mamografia, deve-se utilizar compressão eficiente, entre 13 a 22 15 Kgf, para obtenção de um bom exame (na prática, em aparelhos que não indicam automaticamente a força de compressão utilizada, podemos comprimir até a pele ficar tensa e/ou até o limite suportado pela paciente). Vantagens da compressão: Reduz a dose de radiação, porque diminui a espessura da mama. Aumenta o contraste da imagem, porque a redução da espessura da mama diminui a dispersão da radiação. Aumenta a resolução da imagem, porque restringe os movimentos da Paciente. Diminui distorções, porque aproxima a mama do filme. “Separa” as estruturas da mama, diminuindo a superposição e permitindo que lesões suspeitas sejam detectadas com mais facilidade e segurança. Diminui a variação na densidade radiográfica ao produzir uniformidade na espessura da mama. Observe a imagem: XI – POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO E CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS As incidências seguem padronização, tanto do posicionamento da paciente quanto da angulação do tubo. Na mamografia, são utilizadas as incidências básicas e as incidências complementares. As incidências básicas, craniocaudal e médio-lateral oblíqua representam a base de todos os exames. As incidências complementares esclarecem situações detectadas nas incidências básicas, servem para realizar manobras e estudar regiões específicas. As incidências complementares mais utilizadas atualmente são craniocaudal forçada, cleavage, médio-lateral ou perfil externo, lateromedial ou perfil interno e caudocranial. As incidências complementar axilar e retromamária estão em desuso. 23 XII – INCIDÊNCIAS RADIOGRÁFICAS DA MAMA a) INCIDÊNCIAS BÁSICAS - incidências básicas ou padrões, também algumas vezes denominadas incidências de rotina ou rotinas do serviço, são as incidências ou posições comumente realizadas na maioria dos serviços de mamografia. Veja as imagens: b) INCIDÊNCIA CRÂNIO-CAUDAL (CC) – Posicionamento: Tubo vertical, feixe perpendicular à mama. Paciente de frente para o receptor, com a cabeça virada para o lado oposto ao exame; do lado examinado, mão na cintura e ombro para trás ou braço ao longo do corpo, com o ombro em rotação externa. Elevar o sulco infra-mamário para permitir melhor exposição da porção superior da mama, próxima ao tórax. Centralizar a mama no Buck, mamilo paralelo ao filme. Filme mais próximo dos quadrantes inferiores. As mamas devem ser posicionadas de forma simétrica. Para melhorar a exposição dos quadrantes externos, pode-se tracionar a parte lateral da mama, antes de aplicar a compressão. 24 c) INCIDÊNCIA MÉDIO-LATERAL OBLÍQUA (MLO) – Posicionamento: Rodar o tubo até que o bucky esteja paralelo ao músculo grande peitoral, variando a angulação ente 30º e 60º (pacientes baixas e médias de 30º a 50º; pacientes altas, até 60º). Feixe perpendicular à margem lateral do músculo grande peitoral. Paciente de frente para o bucky com o braço do lado examinado fazendo 90º com o tórax; encaixar a axila e o grande peitoral e a mama para o bucky ( colocar a mama para cima, “abrindo” o sulco infra-mamário); rodar o paciente (lado oposto ao exame para fora) e comprimir. Centralizar a mama, mamilo paralelo ao filme. Filme mais próximo aos quadrantes externos. As mamas devem ser posicionadas de forma simétrica com a mesma angulação. 25 Técnica para realização de Incidências Oblíquas Progressivas para investigação de densidade assimétrica visível: d) INCIDÊNCIAS AVANÇADAS - são as incidências ou posições mais comuns realizadas como extras ou adicionais para demonstrar melhor certas condições patológicas ou partes específicas do corpo. São: d.1) INCIDÊNCIA MÉDIO-LATERAL (ML)- Incidência Lateral Verdadeira. Posicionamento: Esta incidência deve incluir, obrigatoriamente, parte do prolongamento axilar e é também chamada de perfil absoluto. Indicação: Mamas tratadas com cirurgia conservadora e esvaziamento axilar, verificação do posicionamento do fio metálico, após marcação pré-cirúrgica de lesões não- palpáveis e manobra angular. 26 d.2) INCIDÊNCIA CRANIO-CAUDAL FORÇADA (XCC) - Crânio-caudal Lateralmente Exagerada (CCLE) Posicionamento: É uma incidência craniocaudal, com ênfase na exposição dos quadrantes externos, notadamente o quadrante superior externo. A paciente é girada de modo que o tecido axilar (setas) seja incluído na imagem. Indicação: Para melhor visibilização dos quadrantes externos, incluindo a cauda de Spence (tecido mamário proeminente, que “invade” a axila lateralmente, na borda lateral do músculo grande peitoral). e) MÉTODO DE EKLUND – Procedimento de Deslocamento de Implante (DI). Posicionamento: Fazer incidências básicas. Fazer incidências básicas usando a Técnica de Eklund se for possível. Usar o modo manual (preferência) ou automático. Manual – 25 a 27kv – 40 a 60 mAs – localização retroglandular,63 a 80 mAs – localização retropeitoral. Atenção: Em pacientes com adectomia subcutânea (o implante fica bem abaixo da pele, com pouco ou nenhum parênquima mamário), fazer o exame no manual, usando 25Kv – 40mAs. 27 Técnica de Eklund: 28 f) INCIDÊNCIAS COMPLEMENTARES - são recursos para estudar as alterações detectadas na mamografia e que podem ser associadas a qualquer incidência. As incidências complementares são as incidências ou manobras realizadas como extras ou adicionais para demonstrar melhor certas condições patológicas ou específicas do corpo. a) COMPRESSÃO LOCALIZADA - “espalha” o parênquima mamário, diminuindo o “efeito de soma” (superposição de estruturas com densidades radiográficas semelhantes), que pode ser responsável por imagens “caprichosas”. Indicação: Estudo de áreas densas e análise do contorno de nódulos. Nos casos de áreas densas (assimetrias), quando a lesão é de natureza benigna ou quando representa superposição de estruturas, geralmente ocorre mudança de aspecto da área densa. b) AMPLIAÇÃO - Representa a ampliação de parte da mama. Indicação: Estudo de lesões nos quadrantesinternos, principalmente as localizadas no quadrante superior interno, próximas do esterno. c) MANOBRA ROTACIONAL– ROLL – RL OU RM - A finalidade também é dissociar estruturas, melhor indicada e executada quando a imagem é visualizada na incidência CC. Indicação: Estudo de áreas densas, identificadas na incidência CC. d) CLEAVAGE– CV - é uma incidência craniocaudal, com ênfase na exposição dos quadrantes internos, notadamente o quadrante inferior interno. Indicação: Visibilização dos quadrantes internos, incluindo bem as lesões situadas no quadrante inferior interno. e) AXILAR - Esta incidência deve incluir, obrigatoriamente, parte do prolongamento axilar. 29 Indicação: Suspeita de nódulo na região axilar e que não pode ser visibilizada na incidência médio lateral oblíqua. Mamas tratadas com cirurgia conservadora e esvaziamento axilar, verificação do posicionamento do fio metálico, após marcação pré-ciruúrgica de lesões não-palpáveis e manobra angular. f) CAUDOCRANIAL - É uma incidência craniocaudal “ao contrário” (RCC = reverso da craniocaudal). O aspecto é o mesmo da craniocaudal, porém com a imagem “em espelho”. Indicação: Mama masculina ou mama feminina muito pequena (se houver dificuldade de realizar a craniocaudal, face ao pequeno volume da mama). Paciente com marca-passo; Paciente com cifose acentuada; Paciente grávida (nos raros casos em que há indicação de mamografia em gestantes, o exame deve ser realizado com avental de chumbo no abdome e as incidências básicas também são CC e MLO, podendo a CC ser substituída pela RCC se o volume do útero grávido permitir. Observe a seqüência de figuras: 30 31 32 Conduzindo a paciente: Resultado da não utilização das técnicas: 33 XII – INICIATICAS PRÁTICAS NAS TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DE MAMA Antes de iniciar o trabalho, verifique se o ambiente possui as condições necessárias: Iluminação - A sala de laudo deve ter pouca iluminação, de preferência um ponto de luz indireta, que possa ser graduada de acordo com a necessidade, para que o excesso de luz não atrapalhe na interpretação das radiografias. Negatoscópio– Devem ser próprios para mamografia; na falta, pode-se adaptar os negatoscópios comuns, desde que tenham boa e intensa luminosidade e que filmes velados sejam usados como máscaras para cobrir as áreas não utilizadas. Luz forte – De extrema importância principalmente para avaliação da pele, que normalmente não é visualizada com a luz comum. Lupa - A utilização da luva é imprescindível para a análise da mamografia, sobretudo no estudo das microcalcificações. A lente utilizada deve ser convexa, com diâmetro de aproximadamente 9-10cm (lupas muito pequenas não permitem analisar um setor maior da mama, lupas muito grandes produzem cansaço pelo peso excessivo) e com aumento de cerca de 2 vezes. A lupa deve ser limpa diariamente e guardada com cuidado para evitar quebra e arranhões. Diversos – Canetas, lápis para marcação, régua, etiquetas e outros tipos de material, de acordo com a necessidade de cada um, devem estar sempre à mão, para evitar desgastes desnecessários com o “senta-levanta”. Barulho – A sala de laudo deve ter um ambiente tranqüilo, livre se possível, de conversas paralelas, telefone e outros fatores que possam interferir na concentração no trabalho. Limpeza – Um ambiente limpo e arrumado é fundamental em qualquer atividade; portanto, acostume-se a preservar a limpeza e a arrumação do ambiente. Nenhum trabalho rende numa sala suja, com exames espalhados e papel no chão. XIII - RESPONSABILIDADES DO PROFISSIONAL Preencher corretamente a ficha de anamnese, assinalando nódulos, cicatrizes, verrugas etc. 34 Planejar cada exame, de acordo com o caso, escolhendo a técnica radiográfica (saber o que fazer, como e por quê, implica em evitar exposições desnecessárias para a paciente, conservação do aparelho economia de filme. Mostrar o exame ao médico da câmara clara e liberar a paciente. Deixar as mamografias em ordem, para liberação pelo medico responsável. Zelar pela manutenção da ordem no ambiente de trabalho. Verificar e/ou executar a limpeza do material – écrans (diária, antes do início dos exames, utilizando compressa cirúrgica), câmara escura (diária), processadora (semanal). Fazer e/ou repor os químicos na processadora. Acompanhar a manutenção do mamógrafo e da processadora. XIV – ARTEFATOS Os artefatos em imagens mamográficas podem ter diversas origens e se apresentam principalmente como pontos, listras, manchas claras ou escuras ou regiões embaçadas na imagem. Mais de 90% dos artefatos são causados pelos próprios técnicos, devido à manipulação inadequada dos filmes. Esse tipo de artefato, causado por sobras, amassamento ou excesso de pressão sobre o filme durante a manipulação, antes ou depois da revelação, aparece na imagem como mancha clara ou escura, em forma de meia-lua. O armazenamento incorreto das caixas de filmes, na posição horizontal, também é causa de artefatos ocasionados por pressão. No caso dos filmes de mamografia, um cuidado extra deve ser tomado no momento em que o chassi é carregado, pois o filme possui emulsão somente em um dos lados (o lado fosco) e a orientação correta do filme no chassi é fundamental para a produção de uma boa imagem. A eletricidade estática pode produzir artefatos em forma de árvore ou coroa, ou como pontos ou manchas na imagem radiográfica, causada por uma faísca, observada em alguns casos durante a manipulação do filme. O uso periódico de substância antiestáticas para limpeza dos écrans e a manutenção do nível de umidade na sala escura em torno de 50% podem auxiliar no controle desse problema. A câmara escura deve ser limpa para evitar que poeira ou outros materiais entrem em contato com o écran ou com os filmes, favorecendo a formação de inúmeros 35 artefatos. Para verificar a presença de poeira ou danos na tela intensificadora, pode- se utilizar uma lâmpada de luz ultravioleta, que faz com que defeitos no écran, não visíveis a olho nu, possam ser visualizados. Danos no chassi também são causas comuns de artefatos. Problemas como rachaduras ou amassamentos na superfície, danos nas dobradiças ou nos fechos e ar ou substâncias estranhas entre a superfície do écran e filme prejudicam a boa formação da imagem. O mau funcionamento da grade antidifusora proporciona uma imagem final gradeada, na qual podem ser observadas listras ocasionadas pela imobilidade ou movimentação inadequada da grade. A luz de segurança da câmara escura também pode ser um elemento causador de artefatos. O filtro deve estar íntegro e a potência da lâmpada deve ser adequada ao filtro utilizado, a fim de evitar o velamento dos filmes. Os artefatos causados por processadoras automáticas podem ter duas origens: problemas nas soluções químicas ou problemas no transporte dos filmes. Rolos sujos causam marcas de ou arranhões nos filmes, que se repetem de maneira sistemática, independentemente da posição em que o filme for inserido na processadora. Por isso, esse tipo de artefato pode ser facilmente detectável. XV - MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO E ACESSÓRIOS 1 – MAMÓGRAFO - A firma encarregada da manutenção do mamógrafo deve realizá-la a cada 2 meses. 2 – PROCESSADORA - Manutenção Semanal: - Limpeza completa, com retirada dos rolos e lavagem com esponja tipo 3M e sabão neutro (sabão de coco); - Lavar o interior daprocessadora com esponja tipo 3M e sabão neutro; - Montar as partes da processadora que foram removidas e limpas, encher o tanque de lavagem e ligar a processadora. 36 Manutenção Diária: A manutenção diária deve ser feita pela manhã de acordo com a seqüência abaixo: Pela manhã: - Ligar a processadora, esperar 15 minutos; - Abrir o registro de água; - Passar três filmes virgens, não expostos, com o objetivo de garantir que a processadora não está causando artefatos de imagem ou marcas de rolo. No final do expediente: - Desligar a processadora; - Abrir a tampa superior e deixá-la semi-aberta; - Fechar o registro de água; - Desligar a chave de energia elétrica da processadora. 3 - CHASSIS E ÉCRANS - Cada chassi deverá ser identificado com a data do início de uso. A limpeza dos écrans deve ser realizada diariamente (e sempre que for necessária), com auxílio de compressa cirúrgica limpa e seca. 4 - PRODUTOS QUÍMICOS PARA O PROCESSAMENTO - Os produtos químicos para o processamento (revelador e fixador) devem ser preparados semanalmente ou quinzenalmente, dependendo do volume de pacientes, seguindo as instruções do fabricante para a proporção adequada. Recomenda-se não fazer quantidade maior para evitar deteriorização da mistura. 5 - CÂMARA ESCURA - A limpeza da câmara escura deve ser rigorosa, realizada diariamente, para evitar o acúmulo de poeira. - A vedação deve ser sempre verificada e o filtro da lanterna de segurança deve ser específico para filmes sensíveis à luz verde. 6 - MATERIAL PARA LIMPEZA DA CÂMARA ESCURA 37 - Recomenda-se o seguinte material para limpeza: pano tipo Perfex, esponja tipo 3M, pano de limpeza, compressa cirúrgica para limpeza dos écrans, duas jarras de plástico de 2 litros de capacidade e com a marcação de volume, um bastão de plástico para misturar o revelador, um bastão de plástico para misturar o fixador. 7 - ANÁLISE DOS FILMES PERDIDOS - Os filmes inutilizados devem ser guardados para avaliação. - No final de cada mês, os filmes são separados pelo tipo de erro (técnica inadequada, posicionamento incorreto, processadora com problema etc.), sendo possível assim identificar a causa das perdas e tentar corrigi-las, na área específica. Exemplo: muitos filmes perdidos por erro de posicionamento mostram a necessidade de reciclagem de pessoal; muitos filmes perdidos por falhas de processamento mostram que problemas com a processadora devem ser identificados (falta de limpeza, erro na preparação dos químicos etc.). Com isso, se tem constante capacitação de pessoal, controle dos equipamentos e uso correto do material de trabalho. - Cada técnico do serviço de mamografia deverá ter um código (número, letra), que será colocado no numerador, permitindo identificar o autor do filme perdido, com finalidade educativa (jamais punitiva). - As causas mais comuns de perda de filme estão relacionadas com a paciente (movimentos, biótipo), com a técnica (posicionamento inadequado, identificação incorreta, técnica radiológica inadequada), com o aparelho (grade fixa, falta de constância do controle automático de exposição, falta de regulagem no sistema de compressão), artefatos de manuseio (riscos no filme, marcas de dedo), velamento do filme, defeitos no écran (arranhão, falta de contato com o filme), defeitos de revelação (marcas de rolo, resíduo de químico, sub-revelação). Admite- se perda de até 5% dos filmes utilizados. XVI – OS MAMÓGRAFOS São Equipamentos que contém uma fonte de Radiação Ionizante, específicos para Procedimentos Radiológicos de Mamografia. Eles vêm acompanhados por acessórios como compressores que servem para comprimir a estrutura mamária. Observe as imagens: 38 Mamógrafos de última geração e seus compressores: 39 XVII – CONCLUSÃO A mamografia é um procedimento importante na detecção precoce do câncer de mama na fase em que é mais fácil de ser tratado e curado. É possível obter muitas informações, tanto na versão convencional, que utiliza filmes radiográficos, como na digital, na qual a imagem é gerada com auxílio de um computador. A mamografia digital oferece vantagens como maior velocidade na realização do exame e melhor qualidade de imagem, particularmente quando as mamas são “densas”, ou seja, têm predomínio do tecido glandular em sua composição. “Esse é um recurso que contribui com a precisão do diagnóstico, principalmente para a mulher que possui mamas densas nas quais é mais difícil a visualização de pequenos nódulos que, estando presentes, podem indicar a necessidade de investigação mais detalhada”. A mamografia é o exame mais eficaz na detecção de tumores da mama na fase inicial de crescimento. Os tumores pequenos, que não são palpáveis na época do diagnóstico, têm chance de cura acima de 95% e são passíveis de tratamentos menos agressivos. A realização de mamografias anuais, a partir dos 40 anos, já demonstrou, em vários estudos, ser capaz de reduzir a taxa de mortalidade por câncer de mama entre 25% e 40%. Nesse exame, é investigada a presença de lesões muito pequenas, de poucos milímetros, na maior parte das vezes detectada apenas com técnicas especiais de exame, uso de lupa e análise acurada. XVIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BONTRAGER, Kenneth L. Tratado de Técnica Radiológica e Base Anatômica, 6ª edição. 2. AZEVEDO, Carolina Maria Radiologia da Mama. Rio de Janeiro, INCA, 1994. 3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de câncer. Programa de Epidemiologia e Vigilância do Câncer e seus Fatores de Risco. Acesso em 21/06/2014. Disponível em: <www.inca.gov.br>. 40
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