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Apostila de Mamografia.pdf

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2014 
Maria do Carmo Berriel 
Escola Técnica Evolução 
04/08/2014 
Apostila de Mamografia 
CURSO TÉCNICO EM RADIOLOGIA 
 
2 
 
I – INTRODUÇÃO 
 A Mamografia consiste no estudo, através de Imagens Radiográficas, da Anatomia 
Mamária, com o objetivo de detectarem-se possíveis patologias precocemente. 
 A Mamografia na década de 1990 passou a ser um dos exames radiológicos mais 
requisitados. Ela é o método mais efetivo de diagnóstico precoce na atualidade. É a 
única área da radiologia em que é possível buscar, de modo sistemático, o 
câncer em estágio ainda curável. Um exame com alto padrão de qualidade pode 
visualizar, em 85% a 90% dos casos, um tumor com mais de dois anos de 
antecedência de ocorrer acometimento ganglionar, em mulheres com mais de 50 
anos de idade. Sua especificação é de aproximadamente 90% ou mais, sendo, 
portanto, o exame “padrão ouro” na detecção precoce no câncer de mama. 
 De acordo com a literatura, Mamografia tem sensibilidade entre 88% e 93,1% 
e especificidade entre, e a utilização desse exame como método de 
rastreamento reduz a mortalidade em 25%. 
 Em 1992, em virtude da campanha da Sociedade Americana de Cancerologia na 
qual todas as mulheres acima de 40 anos devem ser submetidas à mamografia de 
triagem. 
 O objetivo da Mamografia é produzir imagens detalhadas com alta resolução 
espacial da estrutura interna da mama para possibilitar bons resultados diagnóstico. 
 A diferença radiográfica entre o tecido normal e o tecido doente é extremamente 
tênue; portanto, a alta qualidade do exame é indispensável para alcançar uma 
resolução de alto contraste que permita essa diferenciação. 
 Cada componente na formação seqüencial da imagem é indispensável para o seu 
sucesso, desde o posicionamento do paciente para a aquisição da imagem até a 
qualidade e estado do negatoscópio. 
 Para garantir o desempenho da Mamografia, a imagem obtida deve ter alta 
qualidade e, para tanto, são necessários: equipamento adequado, técnica 
radiológica correta, conhecimento, prática e dedicação dos profissionais envolvidos. 
 
 
3 
 
II – A GLÂNDULA MAMÁRIA E SUA FORMAÇÃO 
 Durante o primeiro trimestre da vida embrionária, o broto epidérmico primitivo 
inicia a proliferação de cordões de células epiteliais que penetram abaixo da 
segunda camada da pele e se aprofundam, dando origem aos sistemas lobo-
lóbulos-ácinos e de canais galactóforos da futura glândula mamária. 
 Ao oitavo mês, os cordões epiteliais se aprofundam formando um canal na região 
central, convergindo para a formação do mamilo. 
 Até o nascimento não haverá mais modificação do sistema. Na mama do feto a 
termo, ductos estão ramificados em forma de rede. Os lobos não são visualizados, 
podendo haver secreção mamária estimulada pelos hormônios maternos. O 
processo evolutivo permanece inalterado até a puberdade. Quando ocorrem os 
estímulos hormonais, os brotos mamários crescem, o tecido adiposo subcutâneo e o 
tecido conectivo aumentam de volume e o sistema ductal se expande. Os ductos 
alongam-se na profundidade tecido subcutâneo e ocorre o desenvolvimento de 
ductos lobares e Ductos lobulares. A maturação da glândula mamária pode ocorrer 
até a terceira década da vida. 
 
 Entre as falhas de desenvolvimento da mama está a ocorrência de mamas 
acessórias, formada, geralmente, por tecido mamário sem a presença de mamilo. O 
local mais comum do seu aparecimento é a linha média axilar. Essas mamas 
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também estão sujeitas ao período de ovulação e período pré-menstrual, como as 
mamas normalmente desenvolvidas, pois têm todas as funções cíclicas das 
mesmas. Elas são mais propensas às patologias malignas. Quando houver fatores 
de risco, como secreção mamilar, ou alguns dos sinais indiretos de câncer, a 
indicação é cirúrgica. 
 Entre outros problemas de formação das mamas, pode-se citar essa ocorrência 
também em meninos adolescentes. 
III – A ANATOMIA DA MAMA 
 Os componentes anatômicos mamários compreendem tanto suas estruturas 
macroscópicas quanto microscópicas. 
 Macroscopicamente, o parênquima mamário é um tecido humano especializado 
localizado no tórax. As mamas adultas são órgãos pares, estando situadas entre a 
segunda e a sexta costelas no eixo vertical e entre a borda do esterno e a linha 
axilar média no eixo horizontal, sobre o músculo Grande Peitoral, relacionando-se 
com os músculos peitoral maior e menor, serrátil anterior e com o espaço 
retromamário. 
 As mamas abrangem três estruturas principais: a pele, o tecido subcutâneo e o 
tecido mamário propriamente dito, o qual é composto de elementos epiteliais e o 
estroma. Os componentes epiteliais são as ramificações ductais que conectam as 
unidades estruturais e funcionais da mama (os lóbulos) ao mamilo. 
 Microscopicamente podem ser identificados os lóbulos, o sistema ductal, o 
estroma, os ligamentos de Cooper e a membrana basal do sistema ductal. 
 Cada mama possui de 15 a 20 lobos mamários independentes, separados por 
tecido fibrosos. Estes lobos são as unidades de funcionamento formadas por um 
conjunto de lóbulos que se ligam à papila por meio de um ducto lactífero. Os lóbulos 
são compostos por um conjunto de ácinos que são a porção terminal da „árvore‟ 
mamária, onde estão as células secretoras produtoras de leite. Cada lobo tem a sua 
via de drenagem, que converge para a papila, por meio do sistema ductal. O sistema 
ductal compõe-se de ductos lactíferos responsáveis por conduzir o leite até a papila, 
exteriorizando-o por meio do orifício ductal. A papila mamária é uma protuberância 
composta de fibras musculares elásticas onde desembocam os ductos lactíferos. 
5 
 
 Por fim temos os ligamentos de Cooper, expansões fibrosas que se projetam na 
glândula mamária, subdividindo o parênquima em 15 a 20 lobos. Estes ligamentos 
conferem mobilidade e sustentação à mama, retraindo de forma característica 
quando há uma contração patológica (câncer de mama). 
 Com relação ao corpo mamário, ele compreende a maioria do volume mamário no 
estado não lactante, e é composto por tecido adiposo e conectivo fibroso. 
 O desenvolvimento mamário é rigorosamente controlado pelo ovário, podendo ser 
definido por vários parâmetros, como por exemplo, a aparência externa, área total, 
volume, grau de ramificações, número de estruturas presentes na glândula mamária 
e grau de diferenciação das estruturas individuais, ou seja, lóbulos e alvéolos. 
 O desenvolvimento ductal (dos Ductos) normal requer a presença de estrógeno e 
progesterona, os dois hormônios esteróides ovarianos que atuam na glândula 
mamária por meio de seus receptores específicos. Com a aproximação da 
puberdade, a mama rudimentar começa a demonstrar um aumento tanto na 
atividade do epitélio (tecido) glandular quanto no tecido circundante. Seu aumento 
de tamanho é devido ao crescimento e divisão dos pequenos feixes de ductos 
primários originados durante a vida intrauterina das invaginações do tecido 
superficial. 
 Os ductos crescem e dividem-se por meio de combinações de ramificações, 
formando nos limites distais da pele, botões terminais em forma de cubo. Cada 
botão terminal bifurca-se em dois dúctulos menores ou botões alveolares. O termo 
botão alveolar aplica-se àquelas estruturas que se mostram morfologicamente mais 
desenvolvidas do que os botões terminais. Com mais ramificações, os botões 
alveolares tornam-se menores e mais numerosos e são então chamados de 
dúctulos. 
 Quando uma média de 11 botões/ dúctulos alveolares se agrupam em torno de um 
ducto terminal, eles formam o lóbulo tipo 1 (LOB 1) ou lóbulo virginal.Os ductos 
terminais e dúctulos são revestidos por uma camada dupla de epitélio (tecido) 
estratificado (diferente e específico), enquanto os botões terminais no feto humano 
são revestidos por um epitélio composto de quatro camadas de células. A formação 
dos lóbulos na mama feminina ocorre dentro de 1-2 anos após o início da primeira 
menstruação. Mais tarde, o desenvolvimento posterior da glândula varia 
grandemente de mulher para mulher. 
6 
 
 A completa diferenciação da glândula mamária é um processo gradual que leva 
muitos anos e, provavelmente, nas mulheres que nunca engravidaram, nunca é 
atingida. 
 
 No tecido mamário da mulher adulta pode-se identificar dois outros tipos de 
lóbulos, além do LOB 1. São os lóbulos tipo 2 (LOB 2) e tipo 3 (LOB 3). A transição 
do LOB 1 para LOB 2 e deste para LOB 3 é um processo gradual de 
desenvolvimento de novos dúctulos, os quais aumentam em número de 
aproximadamente 11 em LOB 1 para 47 e 80 em LOB 2 e LOB 3, respectivamente. 
Como o número de dúctulos aumenta, o mesmo acontece com o tamanho dos 
lóbulos. 
 
7 
 
 O tamanho da mama varia de uma mulher para outra e, inclusive, na mesma 
mulher, dependendo da sua idade e da influência dos vários hormônios. No entanto, 
a mama se estende, para baixo, da porção anterior da segunda costela, até a sexta 
ou sétima costela, e da borda lateral do esterno até a axila. 
 As glândulas mamárias estão situadas na parede anterior do tórax, de cada lado 
do esterno e sob a face superficial anterior aos músculos grande e pequeno peitoral, 
estendendo-se, anteriormente, em geral da segunda costela (ao nível da clavícula) à 
sexta costela até a linha medioaxilar. 
 A principal função da glândula mamária é a lactação ou secreção de leite e a 
quantidade de tecido glandular adiposo, ou tamanho da mama feminina, não tem 
relação com a capacidade funcional da glândula. 
 O mamilo é uma pequena projeção que contém uma coleção de aberturas de 
ductos provenientes das glândulas secretoras no interior do tecido mamário. A área 
pigmentada (com cor diferente da pele) que circunda o mamilo é denominada 
aréola, definida como uma área circular de cor diferente que circunda um ponto 
central. 
 A junção da parte inferior da mama com a parede anterior do tórax é chamada de 
prega inframamária. 
 O prolongamento axilar é uma faixa de tecido que envolve o músculo peitoral 
lateralmente. Há Tecido mamário que chega até a axila e é denominado de cauda 
da mama ou prolongamento axilar da mama. 
III.a – A IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA 
 Com relação ao suprimento sanguíneo, cada mama é irrigada por meio da artéria 
axilar (artérias tóraco-acromial e torácica lateral), dos ramos mediais da artéria 
torácica interna e dos ramos das 2ª a 6ª artérias intercostais posteriores. O trajeto 
das veias mamárias segue basicamente o das artérias, com a via principal passando 
pela axila e o conhecimento da drenagem venosa reveste-se de grande importância, 
uma vez que a disseminação do câncer mamário ocorre freqüentemente por ela. 
 Vale destacar aqui o círculo venoso e o plexo venoso vertebral. O primeiro é 
formado pelas anastomoses (extensões) extensas das veias superficiais formando 
um círculo chamado de anastomótico em torno da auréola. O segundo, chamado de 
plexo de Batson, rodeia as vértebras e se estende desde a base do crânio até o 
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sacro, carece de válvulas e mantém canais venosos com os órgãos pélvicos, 
abdominais, torácicos e particularmente com a mama, por meio das veias 
intercostais posteriores. 
 
 As veias oriundas do círculo venoso e do interior da glândula mamária, 
transportam sangue para a periferia e na seqüência, para as veias axilar e mamária 
interna, drenando para a subclávica, e as intercostais drenam para a jugular interna. 
Os êmbolos liberados por qualquer dessas vias chegam ao ventrículo direito e então 
são impulsionados ao sistema pulmonar. Já pelo plexo de Batson, em casos de 
câncer, temos metástases diretas para as vértebras, crânio e sistema nervoso 
central sem atingir o pulmão. 
 
9 
 
III.b – DRENAGEM LINFÁTICA 
 A principal via de drenagem linfática da mama ocorre por meio dos linfonodos 
axilares (75%) e grande parte do restante é drenada através dos linfonodos 
mamários internos (20%) e pequena parcela através dos intercostais posteriores 
(5%, aproximadamente). 
 Os linfonodos axilares subdividem-se em seis grupos, a saber: veia axilar, 
mamário externo, escapular, central, supracavicular e interpeitoral ou de Rotter. A 
sua importância está relacionada com a divisão dos linfonodos em relação ao 
músculo pequeno peitoral, devido ao fato de afetarem também essa região quando 
uma paciente acometida de câncer – a base da mama (carcinoma ductal infiltrante). 
 
 O fluxo dos canais linfáticos é unidirecional (ocorrem para uma mesma direção) e 
é pulsátil (tem pulsações), em conseqüência das contrações dos canais que 
possibilitam o trânsito rápido com esvaziamento dos espaços vasculares linfáticos 
que se alimentam com a extensa rede de ductos e lóbulos. Uma obstrução dos 
vasos linfáticos, seja por um processo inflamatório ou neoplásico, leva a uma 
inversão do fluxo, evidenciada microscopicamente como metástases endolinfáticas 
(entre os linfonodos) na derme ou no parênquima mamário. 
 
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III.c – INERVAÇÃO MAMÁRIA 
 A inervação mamária é realizada principalmente pelos ramos cutâneos laterais e 
anteriores dos segundo ao sexto nervos intercostais. Uma parte limitada da pele que 
recobre a metade superior da mama é inervada pelo nervo subclavicular originário 
do plexo cervical, especificamente dos ramos anterior e medial do nervo 
supraclavicular. 
 Os nervos intercostais passam pelo bordo inferior das costelas e na altura da 
inserção das tiras do músculo serrátil, emitindo os ramos laterais mamários, 
continuando seu trajeto e, na borda esternal emitem novos ramos para a mama, os 
mamários mediais. O conhecimento dos seus trajetos é importante porque permite o 
bloqueio dos mesmos ao nível da linha axilar média, obtendo assim informação 
suficiente para se realizar vários procedimentos cirúrgicos, normalmente nos 
quadrantes externos das mamas. 
IV – ANATOMIA RADIOLÓGICA DA MAMA 
a) ANATOMIA DA SUPERFÍCIE 
 A anatomia da superfície inclui o mamilo, uma pequena projeção que contém uma 
coleção de aberturas de ductos provenientes das glândulas secretoras no interior do 
tecido mamário. 
 A área pigmentada que circunda o mamilo é denominada aréola, definida como 
uma área circular de cor diferente que circunda um ponto central. 
 A junção da parte inferior da mama com a parede anterior do tórax é chamada de 
prega inframámaria. 
 O prolongamento axilar é uma faixa de tecido que envolve o músculo peitoral 
lateralmente. Há Tecido mamário que chega até a axila é denominada cauda da 
mama ou prolongamento axilar da mama. 
b) ANATOMIA DO PLANO SAGITAL 
 Um plano sagital através da mama madura mostra a relação entre a glândula 
mamária e as estruturas subjacentes da parede torácica. 
 A prega infra-mamária está ao nível da sexta costela, mas existe grande variação 
entre indivíduos. 
11 
 
 O músculo peitoral maior é observado sobre a caixa torácica. A porção central da 
mama é constituída basicamente de tecido glandular. Quantidades variáveis de 
tecido adiposo ou gorduroso circundam o glandular. 
 A variação do tamanho de uma pessoa para outra é devida basicamente à 
quantidade de tecido adiposo na mama. 
 A pele que recobre a mama possui espessura uniforme, exceto na área da aréola 
e do mamilo onde a pele é um pouco mais espessa.c) ANATOMIA DA VISÃO FRONTAL 
 O tecido glandular da mama é dividido em 15 a 20 lobos dispostos como os raios 
de uma roda em torno do mamilo. 
 Os lobos glandulares, constituídos de lóbulos individuais, não estão separados, 
mas se encontram agrupados em um arranjo radial. Distalmente, os lóbulos 
menores consistem em aglomerados de alvéolos arredondados. Esses grupos de 
alvéolos que formam os lóbulos são interconectados e drenam através de ductos 
individuais. Cada ducto se dilata em uma pequena ampola que serve como um 
reservatório de leite, um pouco antes de terminar em uma minúscula abertura 
na superfície do mamilo. 
 Uma camada do tecido adiposo logo abaixo da pele circunda e recobre o tecido 
glandular. O tecido adiposo dos lóbulos mamários, a gordura subcutânea, está 
entremeada nos elementos glandulares. O tecido conjuntivo (ou fibroso) interlobular 
circunda e dá apoio aos lobos e a outras estruturas glandulares. Extensões 
formando faixas de tecido fibroso são conhecidas como ligamentos de Cooper (ou 
suspensores) da mama, e sua função é dar suporte às glândulas mamárias. 
 Cada mama é abundantemente suprida por vasos sanguíneos, nervos e vasos 
linfáticos. 
 Geralmente, algumas veias maiores podem ser distinguidas na mamografia. 
 O termo trabéculas é usado pelos radiologistas para descrever as várias estruturas 
de pequeno tamanho encontradas na radiografia, como vasos sanguíneos, ductos e 
outras, que não podem ser diferenciadas. 
Demarcação das Linhas e Planos: 
12 
 
 
V – TIPOS DE TECIDO MAMÁRIO 
 Um dos maiores problemas ao se analisar as radiografias de mama é a presença 
de vários tecidos cujo contraste inerente é muito baixo. O tecido mamário pode ser 
dividido em três tipos principais: Glandular, fibroso ou conjuntivo e adiposo. Como 
todos estes tecidos são “tecidos moles”, não se pode contar com tecidos ósseos ou 
repletos de ar para propiciar um contraste. 
 O tecido fibroso e glandular possui densidades semelhantes, isto é, a radiação é 
absorvida igualmente para ambos os tecidos. 
 A principal diferença nos tecidos mamários é o fato de o tecido adiposo ser menos 
denso que o fibroso ou glandular. Esta distinção na densidade entre tecido adiposo 
e os tecidos remanescentes produz as diferenças da densidade fotográfica que 
aparecem na radiografia pronta. 
 A mamografia mostra diferenças nas densidades dos tecidos. Estas diferenças são 
a base da imagem estruturas ou regiões “claras”. Os tecidos adiposos menos 
densos apresentam-se cinza-claros a cinza-escuros, dependendo da espessura 
destes tecidos. 
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VI – CLASSIFICAÇÃO DA MAMA 
 Na Mamografia, tanto a espessura da mama comprimida quanto a densidade do 
tecido contribuem para a seleção técnica. É fácil determinar o tamanho ou 
espessura da mama, mas a densidade dela é menos evidente e requer informações 
adicionais. A densidade relativa da mama é afetada basicamente pelas 
características mamárias inerentes do paciente, estado hormonal, idade e 
gestações. Portanto, as mamas podem ser classificadas em três categorias, 
dependendo das quantidades relativas de tecido glandular versus adiposo, sendo: 
1. Mama Fibroglandular: 
 A mama jovem geralmente é muito densa, pois contém quantidade relativamente 
pequena de tecido adiposo. A faixa etária comum para a mama fibroglandular 
varia da pós puberdade até cerca de trinta anos, mas, as mulheres com mais de 30 
anos que nunca amamentaram provavelmente também pertencerão a este grupo. 
Mulheres grávidas ou lactentes de qualquer idade também sã incluídas neste porque 
um tipo de mama muito denso. 
2. Mama Fibrogordurosa: 
 À medida que a mulher envelhece e ocorrem mais alterações nos tecidos 
mamários, há uma mudança gradual da pequena quantidade de tecido adiposo para 
uma distribuição mais igual de tecido gorduroso e fibroglandular, este grupo varia 
dos 30 aos 50 anos idade, a mama não é tão densa quanto no grupo jovem. 
Radiologicamente, esta mama tem densidade média e requer menor exposição que 
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a mama do tipo fibroglandular. Várias gestações na vida reprodutiva de uma mulher 
acelerarão o desenvolvimento de sua mama para esta categoria Fibrogordurosa. 
3. Mama Gordurosa: 
 Ocorre após a menopausa, comumente à partir dos 50 anos de idade. Após a 
idade reprodutora da mulher, a maior parte do tecido glandular da mama sofre 
atrofia, sendo convertida em tecido adiposo em um processo denominado involução. 
É necessária uma exposição ainda menor neste tipo de mama que nos primeiros 
dois tipos. 
 As mamas das crianças e da maioria dos homens contêm principalmente gordura 
em pequenas proporções e, portanto, também pertencem a esta categoria. 
 
Observações: 
 Embora a maioria das mamografias seja realizada em paciente do sexo feminino, 
deve-se saber que entre 1% e 2% de todos os cânceres de mama são 
encontrados em homens; portanto ocasionalmente serão realizadas mamografias 
neles. 
 Além do tamanho da mama e da espessura à compressão, a densidade média 
dos tecidos da mama determinará os fatores de exposição. A mama mais densa 
é a do tipo fibroglandular, a menos densa, a do tipo gorduroso, e a com iguais 
quantidades de tecido adiposo e fibroglandular chamada de Fibrogordurosa. 
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VII – MÉTODO DE ESTUDO DA ANATOMIA MAMÁRIA 
 Há dois métodos para estudo radiológico da Anatomia Mamária: o Método de 
Quadrantes e o Método de Relógio. 
 O Método de Relógio compara a superfície da mama ao mostrador de relógio. Há 
um problema com este método quando se descreve uma porção medial ou lateral da 
mama - a parte descrita com 3:00 h na mama direita é descrita 9:00 h na esquerda. 
 O Método de Quadrantes é amplamente utilizado e é utilizado para subdividir a 
mama em pequenas áreas com o propósito de descrever a localização de lesões 
encontradas. É mais fácil de ser usado e pode ser descrito por quatro quadrantes 
que utilizam o mamilo como o centro: QSE - quadrante superior externo; QSI - 
quadrante superior interno; QIE - quadrante inferior externo e QII - quadrante inferior 
interno. 
 
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VIII – MASTOLOGIA 
 Mastologia ou senologia é especialidade médica que se dedica ao estudo das 
glândulas mamárias. A Mastologia é realizada com base na “Classificação BI-RADS” 
(Breast Image Reporting and Data System) - é um sistema padronizado, criado nos 
Estados Unidos, utilizado para uniformizar os relatos de radiologia quando se 
analisam as imagens de Mamografia. O BI-RADS foi criado pelo trabalho conjunto 
entre o Colégio Americano de Radiologia, o NCI (National Cancer Institute), o CDC 
(Centers for Disease Control and Prevention), a FDA (Food and Drug 
Administration), o Colégio Americano de Cirurgiões e o Colégio Americano de 
Patologistas. 
 A intenção por trás da criação e do uso do BI-RADS é uniformização e a 
padronização dos laudos de mamografia, sujeitos a confusão na interpretação de 
resultados quando se utilizam critérios puramente descritivos. Por exemplo, no relato 
de uma mamografia em que apareçam microcalcificações agrupadas, o uso do BI-
RADS pode facilitar a compreensão, entre os não-radiologistas e mastologistas, do 
significado clínico do achado radiológico. Na prática clínica diária, o BI-RADS 
fornecido pelo radiologista é uma ferramenta importante para separar as lesões 
consideradas benignas, as malignas e as suspeitas. 
 Além dessa função de utilidade na prática clínica imediata, o BI-RADS serve como 
um controle de qualidade dos dados provenientes da radiografia. Ao se acompanhar 
a evolução das pacientes por tempo suficientedepois de feita a mamografia, existe a 
possibilidade de revisar a adequação do diagnóstico radiológico prévio. 
 A Classificação de BI-RADS é dividida em um grupo de avaliações completas (1, 
2, 3, 4, 5 e 6) e uma avaliação incompleta (zero). A avaliação incompleta requer 
exames adicionais, com incidências mamográficas diferentes das duas incidências 
padrão (cranio-caudal e oblíqua-medio-lateral). Podem ser necessários também 
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filmes anteriores para comparação, ultrassom ou ressonância nuclear magnética. 
Ainda em relação à classificação, alguns profissionais têm como hábito atribuir um 
BI-RADS a cada uma das mamas. Por exemplo, a mama direita pode ter um BI-
RADS 2 e a mama esquerda um BI-RADS 4. A recomendação do Colégio 
Americano de Radiologia é de que, nesses casos, o laudo do exame contenha uma 
avaliação final global e categorize o exame com uma classe BI-RADS somente. No 
exemplo acima, o laudo mamográfico considera o exame como BI-RADS 4. Da 
mesma forma, se houve uma avaliação incompleta para uma das mamas (BI-RADS 
zero), e a mama contralateral é BI-RADS 2, o exame tem classificação final BI-RADS 
zero. 
VIII.a – A CLASSIFICAÇÃO BI-RADS 
 A Classificação é feita por categorias: 
Categoria zero: 
 A categoria BI-RADS zero é utilizada em mamografias de rastreamento quando 
imagens adicionais são necessárias ou quando é necessária a comparação a 
exames prévios. 
Categoria 1: 
 A categoria BI-RADS 1 significa mamografia negativa. Não são necessários 
comentários adicionais. As mamas são simétricas, sem massas, distorções de 
arquitetura ou calcificações suspeitas. 
Categoria 2: 
 A categoria BI-RADS 2 significa mamografia negativa, com achados benignos. Em 
relação ao risco de câncer, é idêntica à categoria BI-RADS 1, mas nela, o 
radiologista opta por descrever achados benignos característicos, cujo grau de 
precisão de diagnóstico através da mamografia é grande. Nela, incluem-se 
fibroadenomas calcificados, calcificações múltiplas de origem secretória, cistos 
oleosos, lipomas, galactoceles e hamartomas de densidade mista. 
Categoria 3: 
 A categoria BI-RADS 3 é utilizada nas avaliações cujo resultado é “provavelmente 
benigna”. Essa categoria não deve ser utilizada como um sinônimo de exame 
indeterminado. As lesões que fazem parte dessa categoria mamográfica devem ter, 
no máximo, 2% de risco de malignidade. Nessa categoria incluem muitas das lesões 
encontradas em primeiras mamografias ou em mamografias que não têm exame 
prévio para comparação. As lesões que podem ser corretamente classificadas como 
BI-RADS 3 incluem massas circunscritas e não-palpáveis em uma mamografia inicial 
(com exceção de cistos, linfonodos intramamários e achados benignos), assimetrias 
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focais que diminuem ou desaparecem à compressão, e grupamentos de 
calcificações puntiformes. 
 A mamografia BI-RADS 3 é um critério para que a paciente seja acompanhada por 
novo exame mamográfico num período de seis meses. Caso esse novo exame, que 
não necessariamente é bilateral, seja novamente codificado como BI-RADS 3, e a 
lesão seja estável, repete-se o acompanhamento novamente em seis meses, 
totalizando doze meses após o exame inicial. Se nesse décimo segundo mês, o 
exame mamográfico permanece sendo BI-RADS 3, pode-se repetir o exame doze 
meses depois, totalizando vinte e quatro meses do exame inicial. Caso a achado 
mamográfico persista, a mamografia pode ser caracterizada como, a critério do 
radiologista, como BI-RADS 2 – benigna – ou BI-RADS 3 – provavelmente benigna. 
Lesões ultrassonográficas classificadas como BI-RADS 3 incluem cistos não-
palpáveis complicados, ou massas ovaladas sólidas, hipoecóicas e circunscritas que 
não são facilmente distinguíveis de cistos complicados. A incidência de neoplasia 
maligna nessas lesões é menor do que 2%. Microcistos agrupados sem um 
componente sólido também podem ser classificadas como BI-RADS 3. 
Categoria 4: 
 A categoria BI-RADS 4, lesão suspeita, inclui lesões na mama que necessitam de 
avaliação histológica ou citológica adicional. Com o grande número de lesões que é 
abrigada nessa categoria, foram desenvolvidas subcategorias adicionais. 
Categoria 4A: 
 Nessa categoria incluem-se lesões que necessitam de intervenção mas cujo grau 
de suspeição é baixo. Aí estão os cistos complicados que necessitam de aspiração, 
as lesões palpáveis sólidas, parcialmente circunscritas, e que o ultrassom sugere 
tratar-se de fibroadenomas, ou um abscesso mamário. O seguimento dessas lesões 
pode mostrar um diagnóstico anatomopatológico adicional comprovando 
malignidade, ou um seguimento semestral benigno. 
Categoria 4B: 
 Nessa categoria estão as lesões de grau intermediário de suspeição. As lesões 
nessa categoria necessitam de correlação histopatológica. Caso o resultado seja 
benigno, é necessária a concordância entre os membros da equipe envolvidos no 
diagnóstico. Uma massa de margens indistintas, com algumas áreas circunscritas, 
cujo resultado seja necrose gordurosa ou fibradenoma é um achado aceitável. No 
entanto, um diagnóstico histopatológico de papiloma pode sugerir que se prossiga a 
investigação com biópsia. 
 
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Categoria 4C: 
 Nessa categoria estão os achados de grau moderado, mas não clássicos (BI-
RADS 5) de neoplasia. Nessa categoria, encontram-se as massas irregulares e mal-
definidas, ou novos grupamentos de calcificações pleomórficas. O resultado 
anatomopatológico das lesões BI-RADS 4 esperado é o de neoplasia maligna. 
Categoria 5: 
 A categoria BI-RADS 5 é representada por lesões cujo resultado 
anatomopatológico, salvo exceções, é o de carcinoma de mama. Nessa categoria, 
mais do que 95% das lesões representam câncer de mama, e os achados 
radiológicos são os característicos das descrições clássicas do câncer de mama. 
Massas especuladas, irregulares, de alta densidade, ou massas especuladas de alta 
densidade associadas a microcalcificações pleomórficas, ou calcificações lineares 
finas dispostas num segmento ou linearmente estão incluídas na categoria BI-RADS 
5. Todas as lesões de alto grau de suspeição, mas que não preenchem os critérios 
clássicos de câncer de mama, devem ser classificadas como BI-RADS 4. 
Categoria 6 
 A categoria BI-RADS 6 é definida para achados mamográficos já biopsiados cujo 
diagnóstico anatomopatológico é de câncer de mama, antes da terapia definitiva. 
Por exemplo, ela pode ser usada para classificação dos achados de uma 
mamografia de monitoramento após quimioterapia complementar, ou para revisões 
diagnósticas de achados biopsiados. 
 
IX – O CÂNCER E A PREVENÇÃO 
 A cada ano, são diagnosticados mais de um milhão de novos casos de câncer de 
mama em mulheres no mundo. Os países mais desenvolvidos apresentam as 
maiores incidências, enquanto a mortalidade é maior nos países em 
desenvolvimento. No Brasil, as incidências mais elevadas se localizam nas regiões 
Sul e Sudeste. Nos últimos cinco anos, a incidência de câncer de mama aumentou 
cerca de 30 por cento nos países do ocidente, porém, a partir do ano 2000, observa-
se ligeiro decréscimo na mortalidade. A investigação simultânea sobre a incidência e 
a mortalidade pode fornecer informações sobre a etiologia da doença, e a análise 
dos efeitos da idade, período e da coorte facilita a compreensão dos mecanismos 
responsáveis pela variação nas tendências. 
 Analisar as tendências da incidência e da mortalidade por câncer de mama 
feminino segundo os efeitos da idade, período Em que se apresentam e etc. é 
obrigação dos Governantes, mas, implementar uma cultura de prevenção é 
20 
 
cidadania. Um simples exame pessoal, se feito rotineiramente, pode prevenirde 
uma maneira rudimentar e eficaz, não deixando de praticar o exame de mamografia 
periodicamente. Observem nas figuras abaixo, as orientações e seguimentos: 
 
 
 
21 
 
 Há uma grande variedade de doenças de mama e muitos tipos de câncer (CA), 
mas o câncer mais agressivo é aquele que se desenvolve na base da mama, 
atingindo os Ductos – é o Carcinoma Ductal Infiltrante, pois ele se infiltra no interior 
dos Ductos, evoluindo, assustadoramente, para Metástase. Veja nas figuras: 
 
 
 
 Carcinoma Ductal Infiltrante Tumor Cancerígeno 
 
 Nos dias atuais, com a Evolução Tecnológica, as cirurgias de estectomia são 
menos agressivas que em anos passados, não muito distantes – os processos 
cirúrgicos são “por quadrantes”: extrai-se apenas o quadrante ou os quadrantes 
atingidos. Após a cirurgia de extração dos tecidos, sequentemente, é feita a cirurgia 
de restauração mamária que, quando necessário, é colocada uma prótese de 
cilicone. 
 
X - TÉCNICA RADIOLÓGICA 
 A mamografia é um exame que utiliza baixo kV e alto mAs, para gerar alto 
contraste, necessário na identificação das estruturas que compõem a mama, 
todas com densidade semelhante. 
 Na realização da mamografia, deve-se utilizar compressão eficiente, entre 13 a 
22 
 
15 Kgf, para obtenção de um bom exame (na prática, em aparelhos que não 
indicam automaticamente a força de compressão utilizada, podemos comprimir até 
a pele ficar tensa e/ou até o limite suportado pela paciente). 
Vantagens da compressão: 
 Reduz a dose de radiação, porque diminui a espessura da mama. 
 Aumenta o contraste da imagem, porque a redução da espessura da 
mama diminui a dispersão da radiação. 
 Aumenta a resolução da imagem, porque restringe os movimentos da 
Paciente. 
 Diminui distorções, porque aproxima a mama do filme. 
 “Separa” as estruturas da mama, diminuindo a superposição e permitindo 
que lesões suspeitas sejam detectadas com mais facilidade e segurança. 
 Diminui a variação na densidade radiográfica ao produzir uniformidade na 
espessura da mama. Observe a imagem: 
 
 
 
XI – POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO E CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS 
 As incidências seguem padronização, tanto do posicionamento da paciente 
quanto da angulação do tubo. 
 Na mamografia, são utilizadas as incidências básicas e as incidências 
complementares. 
 As incidências básicas, craniocaudal e médio-lateral oblíqua representam a base 
de todos os exames. 
 As incidências complementares esclarecem situações detectadas nas 
incidências básicas, servem para realizar manobras e estudar regiões específicas. 
 As incidências complementares mais utilizadas atualmente são craniocaudal 
forçada, cleavage, médio-lateral ou perfil externo, lateromedial ou perfil interno e 
caudocranial. As incidências complementar axilar e retromamária estão em 
desuso. 
23 
 
XII – INCIDÊNCIAS RADIOGRÁFICAS DA MAMA 
a) INCIDÊNCIAS BÁSICAS - incidências básicas ou padrões, também algumas 
vezes denominadas incidências de rotina ou rotinas do serviço, são as incidências 
ou posições comumente realizadas na maioria dos serviços de mamografia. Veja 
as imagens: 
 
 
b) INCIDÊNCIA CRÂNIO-CAUDAL (CC) – Posicionamento: 
 Tubo vertical, feixe perpendicular à mama. 
 Paciente de frente para o receptor, com a cabeça virada para o lado oposto 
ao exame; do lado examinado, mão na cintura e ombro para trás ou braço 
ao longo do corpo, com o ombro em rotação externa. 
 Elevar o sulco infra-mamário para permitir melhor exposição da porção 
superior da mama, próxima ao tórax. 
 Centralizar a mama no Buck, mamilo paralelo ao filme. 
 Filme mais próximo dos quadrantes inferiores. 
 As mamas devem ser posicionadas de forma simétrica. 
 Para melhorar a exposição dos quadrantes externos, pode-se tracionar a parte 
lateral da mama, antes de aplicar a compressão. 
24 
 
 
 
c) INCIDÊNCIA MÉDIO-LATERAL OBLÍQUA (MLO) – Posicionamento: 
 Rodar o tubo até que o bucky esteja paralelo ao músculo grande peitoral, 
variando a angulação ente 30º e 60º (pacientes baixas e médias de 30º a 
50º; pacientes altas, até 60º). 
 Feixe perpendicular à margem lateral do músculo grande peitoral. 
 Paciente de frente para o bucky com o braço do lado examinado fazendo 90º 
com o tórax; encaixar a axila e o grande peitoral e a mama para o bucky ( 
colocar a mama para cima, “abrindo” o sulco infra-mamário); rodar o 
paciente (lado oposto ao exame para fora) e comprimir. 
 Centralizar a mama, mamilo paralelo ao filme. 
 Filme mais próximo aos quadrantes externos. 
 As mamas devem ser posicionadas de forma simétrica com a mesma 
angulação. 
 
 
 
25 
 
Técnica para realização de Incidências Oblíquas Progressivas para 
investigação de densidade assimétrica visível: 
 
 
d) INCIDÊNCIAS AVANÇADAS - são as incidências ou posições mais comuns 
realizadas como extras ou adicionais para demonstrar melhor certas 
condições patológicas ou partes específicas do corpo. São: 
 
 d.1) INCIDÊNCIA MÉDIO-LATERAL (ML)- Incidência Lateral Verdadeira. 
 
Posicionamento: 
 Esta incidência deve incluir, obrigatoriamente, parte do prolongamento axilar 
e é também chamada de perfil absoluto. 
Indicação: 
 Mamas tratadas com cirurgia conservadora e esvaziamento axilar, verificação do 
posicionamento do fio metálico, após marcação pré-cirúrgica de lesões não-
palpáveis e manobra angular. 
 
26 
 
d.2) INCIDÊNCIA CRANIO-CAUDAL FORÇADA (XCC) - Crânio-caudal 
Lateralmente Exagerada (CCLE) 
Posicionamento: 
 É uma incidência craniocaudal, com ênfase na exposição dos quadrantes 
externos, notadamente o quadrante superior externo. 
 A paciente é girada de modo que o tecido axilar (setas) seja incluído na 
imagem. 
 Indicação: Para melhor visibilização dos quadrantes externos, incluindo a 
cauda de Spence (tecido mamário proeminente, que “invade” a axila 
lateralmente, na borda lateral do músculo grande peitoral). 
 
 
e) MÉTODO DE EKLUND – Procedimento de Deslocamento de Implante (DI). 
Posicionamento: 
 Fazer incidências básicas. 
 Fazer incidências básicas usando a Técnica de Eklund se for possível. 
 Usar o modo manual (preferência) ou automático. 
 Manual – 25 a 27kv – 40 a 60 mAs – localização retroglandular,63 a 80 mAs – 
localização retropeitoral. 
Atenção: Em pacientes com adectomia subcutânea (o implante fica bem abaixo da 
pele, com pouco ou nenhum parênquima mamário), fazer o exame no manual, 
usando 25Kv – 40mAs. 
27 
 
Técnica de Eklund: 
 
 
 
28 
 
f) INCIDÊNCIAS COMPLEMENTARES - são recursos para estudar as alterações 
detectadas na mamografia e que podem ser associadas a qualquer incidência. 
 As incidências complementares são as incidências ou manobras realizadas como 
extras ou adicionais para demonstrar melhor certas condições patológicas ou 
específicas do corpo. 
a) COMPRESSÃO LOCALIZADA - “espalha” o parênquima mamário, diminuindo o 
“efeito de soma” (superposição de estruturas com densidades radiográficas 
semelhantes), que pode ser responsável por imagens “caprichosas”. 
Indicação: 
 Estudo de áreas densas e análise do contorno de nódulos. 
 Nos casos de áreas densas (assimetrias), quando a lesão é de natureza 
benigna ou quando representa superposição de estruturas, geralmente 
ocorre mudança de aspecto da área densa. 
b) AMPLIAÇÃO - Representa a ampliação de parte da mama. 
Indicação: 
 Estudo de lesões nos quadrantesinternos, principalmente as localizadas no 
quadrante superior interno, próximas do esterno. 
c) MANOBRA ROTACIONAL– ROLL – RL OU RM - A finalidade também é 
dissociar estruturas, melhor indicada e executada quando a imagem é visualizada na 
incidência CC. 
Indicação: 
 Estudo de áreas densas, identificadas na incidência CC. 
d) CLEAVAGE– CV - é uma incidência craniocaudal, com ênfase na exposição 
dos quadrantes internos, notadamente o quadrante inferior interno. 
Indicação: 
 Visibilização dos quadrantes internos, incluindo bem as lesões situadas no 
quadrante inferior interno. 
e) AXILAR - Esta incidência deve incluir, obrigatoriamente, parte do prolongamento 
axilar. 
29 
 
Indicação: 
 Suspeita de nódulo na região axilar e que não pode ser visibilizada na 
incidência médio lateral oblíqua. 
 Mamas tratadas com cirurgia conservadora e esvaziamento axilar, verificação 
do posicionamento do fio metálico, após marcação pré-ciruúrgica de lesões 
não-palpáveis e manobra angular. 
f) CAUDOCRANIAL - É uma incidência craniocaudal “ao contrário” (RCC = reverso 
da craniocaudal). O aspecto é o mesmo da craniocaudal, porém com a imagem “em 
espelho”. 
Indicação: 
 Mama masculina ou mama feminina muito pequena (se houver dificuldade de 
realizar a craniocaudal, face ao pequeno volume da mama). 
 Paciente com marca-passo; 
 Paciente com cifose acentuada; 
 Paciente grávida (nos raros casos em que há indicação de mamografia em 
gestantes, o exame deve ser realizado com avental de chumbo no abdome e 
as incidências básicas também são CC e MLO, podendo a CC ser substituída 
pela RCC se o volume do útero grávido permitir. 
Observe a seqüência de figuras: 
 
30 
 
 
 
31 
 
 
 
32 
 
Conduzindo a paciente: 
 
Resultado da não utilização das técnicas: 
 
33 
 
XII – INICIATICAS PRÁTICAS NAS TÉCNICAS RADIOLÓGICAS DE MAMA 
Antes de iniciar o trabalho, verifique se o ambiente possui as condições necessárias: 
 Iluminação - A sala de laudo deve ter pouca iluminação, de preferência um 
ponto de luz indireta, que possa ser graduada de acordo com a necessidade, 
para que o excesso de luz não atrapalhe na interpretação das radiografias. 
 Negatoscópio– Devem ser próprios para mamografia; na falta, pode-se 
adaptar os negatoscópios comuns, desde que tenham boa e intensa 
luminosidade e que filmes velados sejam usados como máscaras para cobrir 
as áreas não utilizadas. 
 Luz forte – De extrema importância principalmente para avaliação da pele, 
que normalmente não é visualizada com a luz comum. 
 Lupa - A utilização da luva é imprescindível para a análise da mamografia, 
sobretudo no estudo das microcalcificações. A lente utilizada deve ser 
convexa, com diâmetro de aproximadamente 9-10cm (lupas muito pequenas 
não permitem analisar um setor maior da mama, lupas muito grandes 
produzem cansaço pelo peso excessivo) e com aumento de cerca de 2 
vezes. A lupa deve ser limpa diariamente e guardada com cuidado para evitar 
quebra e arranhões. 
 Diversos – Canetas, lápis para marcação, régua, etiquetas e outros 
tipos de material, de acordo com a necessidade de cada um, devem estar 
sempre à mão, para evitar desgastes desnecessários com o “senta-levanta”. 
 Barulho – A sala de laudo deve ter um ambiente tranqüilo, livre se possível, 
de conversas paralelas, telefone e outros fatores que possam interferir na 
concentração no trabalho. 
 Limpeza – Um ambiente limpo e arrumado é fundamental em qualquer 
atividade; portanto, acostume-se a preservar a limpeza e a arrumação do 
ambiente. Nenhum trabalho rende numa sala suja, com exames espalhados e 
papel no chão. 
XIII - RESPONSABILIDADES DO PROFISSIONAL 
 Preencher corretamente a ficha de anamnese, assinalando nódulos, 
cicatrizes, verrugas etc. 
34 
 
 Planejar cada exame, de acordo com o caso, escolhendo a técnica 
radiográfica (saber o que fazer, como e por quê, implica em evitar exposições 
desnecessárias para a paciente, conservação do aparelho economia de filme. 
 Mostrar o exame ao médico da câmara clara e liberar a paciente. 
 Deixar as mamografias em ordem, para liberação pelo medico responsável. 
 Zelar pela manutenção da ordem no ambiente de trabalho. 
 Verificar e/ou executar a limpeza do material – écrans (diária, antes do início 
dos exames, utilizando compressa cirúrgica), câmara escura (diária), 
processadora (semanal). 
 Fazer e/ou repor os químicos na processadora. 
 Acompanhar a manutenção do mamógrafo e da processadora. 
XIV – ARTEFATOS 
 Os artefatos em imagens mamográficas podem ter diversas origens e se 
apresentam principalmente como pontos, listras, manchas claras ou escuras ou 
regiões embaçadas na imagem. 
 Mais de 90% dos artefatos são causados pelos próprios técnicos, devido à 
manipulação inadequada dos filmes. Esse tipo de artefato, causado por sobras, 
amassamento ou excesso de pressão sobre o filme durante a manipulação, antes ou 
depois da revelação, aparece na imagem como mancha clara ou escura, em forma 
de meia-lua. O armazenamento incorreto das caixas de filmes, na posição 
horizontal, também é causa de artefatos ocasionados por pressão. 
 No caso dos filmes de mamografia, um cuidado extra deve ser tomado no 
momento em que o chassi é carregado, pois o filme possui emulsão somente em um 
dos lados (o lado fosco) e a orientação correta do filme no chassi é fundamental 
para a produção de uma boa imagem. 
 A eletricidade estática pode produzir artefatos em forma de árvore ou coroa, ou 
como pontos ou manchas na imagem radiográfica, causada por uma faísca, 
observada em alguns casos durante a manipulação do filme. O uso periódico de 
substância antiestáticas para limpeza dos écrans e a manutenção do nível de 
umidade na sala escura em torno de 50% podem auxiliar no controle desse 
problema. 
 A câmara escura deve ser limpa para evitar que poeira ou outros materiais entrem 
em contato com o écran ou com os filmes, favorecendo a formação de inúmeros 
35 
 
artefatos. Para verificar a presença de poeira ou danos na tela intensificadora, pode-
se utilizar uma lâmpada de luz ultravioleta, que faz com que defeitos no écran, 
não visíveis a olho nu, possam ser visualizados. 
 Danos no chassi também são causas comuns de artefatos. Problemas como 
rachaduras ou amassamentos na superfície, danos nas dobradiças ou nos fechos 
e ar ou substâncias estranhas entre a superfície do écran e filme prejudicam a boa 
formação da imagem. 
 O mau funcionamento da grade antidifusora proporciona uma imagem final 
gradeada, na qual podem ser observadas listras ocasionadas pela imobilidade ou 
movimentação inadequada da grade. 
 A luz de segurança da câmara escura também pode ser um elemento causador de 
artefatos. 
 O filtro deve estar íntegro e a potência da lâmpada deve ser adequada ao filtro 
utilizado, a fim de evitar o velamento dos filmes. 
 Os artefatos causados por processadoras automáticas podem ter duas origens: 
problemas nas soluções químicas ou problemas no transporte dos filmes. Rolos 
sujos causam marcas de ou arranhões nos filmes, que se repetem de maneira 
sistemática, independentemente da posição em que o filme for inserido na 
processadora. Por isso, esse tipo de artefato pode ser facilmente detectável. 
XV - MANUTENÇÃO DO EQUIPAMENTO E ACESSÓRIOS 
1 – MAMÓGRAFO - A firma encarregada da manutenção do mamógrafo deve 
realizá-la a cada 2 meses. 
2 – PROCESSADORA - Manutenção Semanal: 
- Limpeza completa, com retirada dos rolos e lavagem com esponja tipo 3M e sabão 
neutro (sabão de coco); 
- Lavar o interior daprocessadora com esponja tipo 3M e sabão neutro; 
- Montar as partes da processadora que foram removidas e limpas, encher o tanque 
de lavagem e ligar a processadora. 
36 
 
Manutenção Diária: A manutenção diária deve ser feita pela manhã de acordo com 
a seqüência abaixo: 
Pela manhã: 
- Ligar a processadora, esperar 15 minutos; 
- Abrir o registro de água; 
- Passar três filmes virgens, não expostos, com o objetivo de garantir que a 
processadora não está causando artefatos de imagem ou marcas de rolo. 
No final do expediente: 
- Desligar a processadora; 
- Abrir a tampa superior e deixá-la semi-aberta; 
- Fechar o registro de água; 
- Desligar a chave de energia elétrica da processadora. 
3 - CHASSIS E ÉCRANS 
- Cada chassi deverá ser identificado com a data do início de uso. A limpeza dos 
écrans deve ser realizada diariamente (e sempre que for necessária), com 
auxílio de compressa cirúrgica limpa e seca. 
4 - PRODUTOS QUÍMICOS PARA O PROCESSAMENTO 
- Os produtos químicos para o processamento (revelador e fixador) devem ser 
preparados semanalmente ou quinzenalmente, dependendo do volume de 
pacientes, seguindo as instruções do fabricante para a proporção adequada. 
Recomenda-se não fazer quantidade maior para evitar deteriorização da mistura. 
5 - CÂMARA ESCURA 
- A limpeza da câmara escura deve ser rigorosa, realizada diariamente, para evitar o 
acúmulo de poeira. 
- A vedação deve ser sempre verificada e o filtro da lanterna de segurança 
deve ser específico para filmes sensíveis à luz verde. 
6 - MATERIAL PARA LIMPEZA DA CÂMARA ESCURA 
37 
 
- Recomenda-se o seguinte material para limpeza: pano tipo Perfex, esponja tipo 
3M, pano de limpeza, compressa cirúrgica para limpeza dos écrans, duas jarras de 
plástico de 2 litros de capacidade e com a marcação de volume, um bastão de 
plástico para misturar o revelador, um bastão de plástico para misturar o fixador. 
7 - ANÁLISE DOS FILMES PERDIDOS 
- Os filmes inutilizados devem ser guardados para avaliação. 
- No final de cada mês, os filmes são separados pelo tipo de erro (técnica 
inadequada, posicionamento incorreto, processadora com problema etc.), sendo 
possível assim identificar a causa das perdas e tentar corrigi-las, na área específica. 
Exemplo: muitos filmes perdidos por erro de posicionamento mostram a 
necessidade de reciclagem de pessoal; muitos filmes perdidos por falhas de 
processamento mostram que problemas com a processadora devem ser 
identificados (falta de limpeza, erro na preparação dos químicos etc.). Com isso, 
se tem constante capacitação de pessoal, controle dos equipamentos e uso correto 
do material de trabalho. 
- Cada técnico do serviço de mamografia deverá ter um código (número, letra), que 
será colocado no numerador, permitindo identificar o autor do filme perdido, com 
finalidade educativa (jamais punitiva). 
- As causas mais comuns de perda de filme estão relacionadas com a paciente 
(movimentos, biótipo), com a técnica (posicionamento inadequado, identificação 
incorreta, técnica radiológica inadequada), com o aparelho (grade fixa, falta de 
constância do controle automático de exposição, falta de regulagem no sistema de 
compressão), artefatos de manuseio (riscos no filme, marcas de dedo), 
velamento do filme, defeitos no écran (arranhão, falta de contato com o filme), 
defeitos de revelação (marcas de rolo, resíduo de químico, sub-revelação). Admite-
se perda de até 5% dos filmes utilizados. 
XVI – OS MAMÓGRAFOS 
 São Equipamentos que contém uma fonte de Radiação Ionizante, específicos 
para Procedimentos Radiológicos de Mamografia. Eles vêm acompanhados por 
acessórios como compressores que servem para comprimir a estrutura mamária. 
Observe as imagens: 
38 
 
 
 
Mamógrafos de última geração e seus compressores: 
 
39 
 
XVII – CONCLUSÃO 
 A mamografia é um procedimento importante na detecção precoce do câncer de 
mama na fase em que é mais fácil de ser tratado e curado. É possível obter muitas 
informações, tanto na versão convencional, que utiliza filmes radiográficos, como na 
digital, na qual a imagem é gerada com auxílio de um computador. A mamografia 
digital oferece vantagens como maior velocidade na realização do exame e melhor 
qualidade de imagem, particularmente quando as mamas são “densas”, ou seja, têm 
predomínio do tecido glandular em sua composição. 
 “Esse é um recurso que contribui com a precisão do diagnóstico, principalmente 
para a mulher que possui mamas densas nas quais é mais difícil a visualização de 
pequenos nódulos que, estando presentes, podem indicar a necessidade de 
investigação mais detalhada”. 
 A mamografia é o exame mais eficaz na detecção de tumores da mama na fase 
inicial de crescimento. Os tumores pequenos, que não são palpáveis na época do 
diagnóstico, têm chance de cura acima de 95% e são passíveis de tratamentos 
menos agressivos. A realização de mamografias anuais, a partir dos 40 anos, já 
demonstrou, em vários estudos, ser capaz de reduzir a taxa de mortalidade por 
câncer de mama entre 25% e 40%. Nesse exame, é investigada a presença de 
lesões muito pequenas, de poucos milímetros, na maior parte das vezes detectada 
apenas com técnicas especiais de exame, uso de lupa e análise acurada. 
 
XVIII - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
1. BONTRAGER, Kenneth L. Tratado de Técnica Radiológica e Base Anatômica, 
6ª edição. 
2. AZEVEDO, Carolina Maria Radiologia da Mama. Rio de Janeiro, INCA, 1994. 
3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de câncer. Programa de 
Epidemiologia e Vigilância do Câncer e seus Fatores de Risco. Acesso em 
21/06/2014. Disponível em: <www.inca.gov.br>. 
 
 
 
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