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Marina Köppe Malanski Direito 1C 27/04/2018 Prof. Dra. Ana Maria Moser Psicologia Aplicada ao Direito Roteiro de estudo do tema: adolescência Explique a frase: “a adolescência não é o reduto causal da criminalidade”: A fase da adolescência e o comportamento adolescente não influenciam tão diretamente quanto a estrutura de um lar familiar, pois esse tem influência crucial na formação da capacidade psíquica da criança - que um dia se tornará adolescente e efetivamente adulta integradora da sociedade – e possui total contribuição no processo de identidade e personalidade. A família é a matriz de identidade na infância (cit. pg 214 de “O Pai de Botas e a Santa Mãe: a Construção da Identidade de Adolescente em Conflitos com a lei”) e afetará diretamente e negativamente na formação do indivíduo – a qual se inicia na fase da infância – se tiver uma relação frágil e de conflitos (pg. 220), pois a criança irá nascer e viver em um contexto conturbado, sendo apenas “personagem de um drama multigeracional” (pg.221). Logo, a criança que viveu num ambiente de humilhações psicológicas, violências físicas e abandono (pg.222), terá seu comportamento inadequado, violento e truculento (pg.223) como reflexo das agressões e da negligência da família, associados à problemáticas da sociedade e perda precoce da infância (pg.223), por conta da desqualificação que sentiram ao longo da vida. Portanto o comportamento na adolescência relacionado à criminalidade e confronto com a lei será apenas uma consequência da identidade formada na infância, onde os pais precisam aprender à se relacionar com os filhos sendo organizadores da aprendizagem e ‘co-responsáveis’ pelas experiências dos mesmos, dando-lhes a segurança e o apoio fundamentais para atravessar com êxito o desenvolvimento da identidade (pg.226). Qual a relevância da medida socioeducativa para o adolescente e quais as variáveis que efetivamente deveriam ser trabalhadas durante a medida para que fosse minimizada a reincidência: As medidas socioeducativas preveem providências contra o menor infrator como é citado pelo ECA no Art. 90. “As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de: I- orientação e apoio sócio-familiar; II- apoio sócio-educativo em meio aberto; III- colocação familiar; IV– acolhimento; V- prestação de serviços à comunidade; VI- liberdade assistida; VII– semiliberdade; VIII- internação.”. Porém, dentro deste cenário é preciso também entender o papel direto no infrator, tendo a instituição o intuito de compreender o caminho percorrido até chegarem à medida de semiliberdade; construir um sentido para as medidas socioeducativas em suas vidas; investigar suas vivências em relação ao uso de drogas, aos atos infracionais cometidos e às relações familiares e ajudá-lo a pensar em como aproveitar seu tempo em semiliberdade como produtivo, trazendo um retorno para a perspectiva de sua vida futura (pg.218) e tendo um reflexo na sociedade. Porém, muitas vezes esse sistema é falho, pois faz uso do autoritarismo e da força para manter a ordem, trazendo ao jovem um sistema ‘educativo” que repete as más vivências em família com a violência que não educa e deixa sérias marcas afetivas, expondo o adolescente à riscos psicológicos e físicos (pg.223). Logo, os educadores e monitores, assim como as instituições deveriam promover o apoio e a segurança (pg.223), com medidas efetivas livres de violência e permissividade excessiva (pg.222). Ou seja, as instituições devem focar no desenvolvimento sadio e humanitário do infrator, funcionando como modelo de relação baseado no respeito à individualidade e peculiaridade dos jovens. Deve analisar a possibilidade do menor redefinir o espaço psíquico interno e o mundo externo, assim como buscar a autonomia como cidadão reconhecedor de normas e regras, podendo discutir e entender as mesmas as entendendo como como punitivas (pg.223). Logo, a medida socioeducativa deve avaliar o adolescente para estabelece-lo a compreensão de si mesmo e de mundo, para desenvolver suas habilidades e ter um reflexo positivo na reiteração com a sociedade, porém sem coerção, mas como medidas coerentes, para alcançar conceitos como solidariedade, respeito, responsabilidade entre outros (pg.226). Qual a função do operador de Direito referente ao ECA: O Estatuto da Criança e do Adolescente tem como objetivo principal o direito da infância e da adolescência, abordando assuntos como a sobrevivência, o desenvolvimento pessoal e social e a integridade física, psicológica e moral. Como é citado no Art. 3º do ECA “A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Logo, é função do operador de Direito aplicar e defender os direitos enunciados nesta Lei, aplicando-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. Considerações Pessoais: O entendimento da formação de identidade do menor infrator é fundamental para a avaliação jurídica justa e real deste cenário, para não ocorrer o contrário de muitas vezes a Justiça ser falha como autoridade, não cumprindo com a sua função reparadora por desconhecer a realidade e a verdadeira necessidade psicológica desses jovens. Logo, uma Justiça violenta também violenta apenas reflete no descumprimento de regras e comportamento agressivo, e não é isso que os jovens necessitam hoje em dia.
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