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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - BACHARELADO DISCIPLINA: MICOLOGIA GERAL PROFA. RESPONSÁVEL: DRA. ELAINE MALOSSO DOUTORANDA: MARCELA ALVES BARBOSA MEIOS DE CULTURA E MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Recife, 2017 MEIOS DE CULTURA Robert Koch: 1880 - meios de cultura sólido (culturas puras) Meios de cultura: qualitativa + quantitativa de substâncias que fornecem nutrientes microrganismos fora do seu meio natural. MEIOS DE CULTURA Diversidade metabólica dos microrganismos: vários tipos de meios de cultura para as variadas exigências nutricionais. Condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento dos microrganismos: pH, pressão osmótica, umidade, temperatura, atmosfera (aeróbia, micro aeróbia ou anaeróbia) Condições favoráveis de crescimento MEIOS DE CULTURA MEIOS DE CULTURA Alguns fungos fitopatógenos não cultivados em meios de cultura Fungos Ordem Nome Da Doença Podosphaera leucotricha Erysiphales Míldio pulverulento da maçã Erysiphe poligoni Erysiphales Míldio pulverulento do feijoeiro Bremia lactucae Peronosporales Míldio brando da alface Pseudoperonospora humili Peronosporales Míldio brando do lúpulo Uromyces phaseoli Uredinales Ferrugem do feijoeiro Uromyces pisi Uredinales Ferrugem da ervilha Hemileia vastatrix Uredinales Ferrugem do cafeeiro Ustilago maydis Ustilaginales Carvão do milho Ustilago scitaminea Ustilaginales Carvão da Cana-de-açúcar Importância em se Cultivar Fungos em Meios Artificiais Patogenicidade de um fungo fitopatógeno MEIOS DE CULTURA Importância em se Cultivar Fungos em Meios Artificiais Estudos de genética, fisiologia, bioquímica e morfológico Controle biológico Influência de fatores abióticos no crescimento e reprodução Efeito de substâncias tóxicas (fungicidas) Taxonomia clássica MEIOS DE CULTURA MEIOS DE CULTURA Identificação MEIOS DE CULTURA Não existe um meio de cultura universal, mas existem vários tipos meios para diversas finalidades; Classes: Naturais Composição química não definida, ex.: extratos de vegetais (malte, tomate, peptona de soja) de animais (carne, cérebro, fígado, caseína) e de microrganismos (levedura); Artificiais ou sintéticos Composição química conhecida, os seus componentes servem para suprir as exigências nutritivas dos microrganismos. Procedência dos constituintes MEIOS DE CULTURA Consistência dos meios Sólidos: 1 a 2,0 % (ágar) - isolamento de colônia Semi-sólidos: 0,075 a 0,5 % - observação de motilidade Líquidos: sem agentes solidificantes - enriquecimento Agentes Solidificantes MEIOS DE CULTURA Gelatina: proteína derivada da hidrólise parcial do colágeno Se liquefaz em 23°C; Poder ser utilizada como fonte de carbono e nitrogênio por alguns fungos; Está em desuso, utilizada como substrato para estudos enzimaticos. Silicagel (NaSiO3): substância inorgânica inerte e inatacável por enzimas microbianas Alto custo; Dificil Manipulação. MEIOS DE CULTURA Agar: polissacarídeo complexo rico em galactose, mas sem valor nutricional, extraído de algas vermelhas marinhas (Gelidium, Gracilaria, Pterocladia, Acanthopeltis e Ahmfeltia) Mais adequado e utilizado em meios de cultura; Não é um nutriente para a maior parte dos micro-organismos; Não é metabolizado durante o crescimento fúngico; Se liquefaz a cerca de 100ºC, mantendo-se nesse estado até aos 45ºC; Facilita a distribuição dos meios de cultura em outros recipientes; Inóculo de fungos meio fundido antes deste ser colocado em tubos ou placas de Petri para solidificar; Adicionar aos meios fundidos certas substâncias termolábeis. Agentes Solidificantes Tipos de Agar MEIOS DE CULTURA Agar: possui dois polissacarídeos: Agarose (gelificação) e Agaropectina (viscosidade) Tipo de Agar Concentração de Substâncias So4 N2 total Ca Mg Fe Técnico1 1,7% O,1% 400 ppm 100 ppm - Bacteriológico 1 0,9% O,1% 100 ppm 40 ppm - Purificado2 0,7% O,1% 100 ppm 70 ppm 10 ppm 1: recomendado para meios de cultura 2: recomendado para imunoeletroforese e difusão em gel MEIOS DE CULTURA Funções dos meios de cultura Meios de pré-enriquecimento: dessensibilização de microrganismos injuriados; Ex.: Água peptonada. Meios de enriquecimento: estimulam o crescimento de determinados microrganismos, alguns podem inibir o crescimento de outros. Meios Diferenciais: contém substâncias que permitem estabelecer diferenças entre microrganismos muito parecidos; Ex.: meio de Eosina Azul de Metileno (diferencial para coliformes). MEIOS DE CULTURA Seletivos: contém substâncias que inibem o desenvolvimento de determinados grupos de microrganismos, permitindo o crescimento de outros; Meios de triagem: meios que avaliam determinadas atividades metabólicas permitindo caracterização e identificação; Identificação: provas bioquímicas e verificação de funções fisiológicas de organismos submetidos a identificação; Dosagem: empregados nas determinações de vitaminas, antibióticos e aminoácidos; Contagem: empregados para a determinação quantitativa da população microbiana; Estocagem ou manutenção: utilizados para conservação de microrganismos no laboratório - garantem a viabilidade de microrganismos. Funções dos meios de cultura MEIOS DE CULTURA MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Fatores físicos: pH, temperatura, pressão osmótica pressão hidrostática Fatores químicos: fontes de carbono, nitrogênio, hidrogênio oxigênio, enxofre, fósforo MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento pH pH ótimo encontra-se no valor médio da variação sobre o qual o crescimento acontecerá, Fungos: crescem melhor em pH ligeiramente ácido; Fungos filamentosos: 2-9 (ótimo: 5.5) Leveduras: 2-8 (ótimo: 3.5 a 3.8) Determinação pH Papel indicador de pH Potenciômetro MEIOS DE CULTURA Ajuste do pH NaoH ou KOH HCl Neutralizar Acidificar Ajustar antes de adicionar Agar Fungos preferem pH mais Ácido (5,5) MEIOS DE CULTURA MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Temperatura 1. Psicrófilos – temperatura ótima abaixo de 15 oC, suscetíveis de crescer a 0 oC. 2. Mesófilos – temperatura ótima 20o - 40 oC, maioria dos patógenos humanos. 3. Termófilos – temperatura ótima acima de 45 oC. Fungos: mesófilos, termófilos e psicrófilos. Maioria são mesófilos: Filamentosos: 0↔62ºC (ótima: 22 a 30ºC); Leveduras: 0↔47º (ótima: 22 a 30 ºC); Exceção: leveduras patogênicas entre 30 e 37ºC. MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Pressão Osmática Isotônico - não há movimento de água para dentro e para fora da célula; Hipertônico - água flui para fora da célula resultando na desidratação e contração do protoplasto; Hipotônico - água flui para dentro da célula, o influxo da água força o protoplasto contra a parede celular. Não devem existir grandes diferenças na concentração de solutos. Ex: microrganismos marinhos necessitam de teores de sais mais elevados. MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Pressão Hidrostática Água dos oceanos e lagos exercem pressão hidrostática. Bactérias barófilas: vivem em alta pressão “profundidade”. Shewanella benthica MEIOS DE CULTURA Macronutrientes (C, N, H, O, S, P). Carbono: um dos elementos mais importantes para o crescimento microbiano. Fatores necessários ao crescimento Carbono Fonte de carbono: Compostos orgânicos (microrganismos heterotróficos): carboidratos lipídeos proteínas Dióxido de carbono (microrganismos autotróficos): Forma mais oxidada do carbono, a fonte de energia deve vir da luz ou compostos inorgânicos. MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Fonte de Nitrogênio: elemento necessário em maior quantidade depois do carbono, cerca de 12 %. (constituinte das proteínas, ácidos nucléicos, etc.) moléculas orgânicas (aminoácidos, peptídeos) moléculas inorgânicas (NH3, NO3 -, N2) A capacidade de algumas bactérias em utilizar o nitrogênio atmosférico (FBN) é de fundamental importância para a vida de todos os seres. MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Hidrogênio: Principal elemento dos compostos orgânicos e de diversos inorgânicos (água, sais e gases) Função: Manutenção do pH Formação de ligações de H entre moléculas Fonte de energia nas reações de oxi-redução na respiração Oxigênio: Aminoácidos, nucleotídeos, glicerídeos É obtido a partir das proteínas e gorduras. Oxigênio molecular (O2), requerido por muitos para os processos de geração de energia. P – Síntese de ácidos nucléicos, ATP S – Estabilidade de aminoácidos, componente de vitaminas K – Atividade de enzimas Mg– Estabilidade dos ribossomos Ca – Estabilidade da parede celular e termoestabilidade de endósporos Na – Requerido em maior quantidade por microrganismos marinhos. Bactérias halofílicas extremas não crescem com menos de 15% de sal. Fe – Papel-chave na respiração, componente dos citocromos e das proteínas envolvidas no transporte de elétrons. Outros macronutrientes: MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Exercem função estrutural em várias enzimas (ativação) Nem sempre sua adição é necessária Meios sintéticos com compostos de alto grau de pureza e água ultra pura podem apresentar deficiências desses elementos. Ex: Mo+6 é necessário para a nitrogenase, a enzima que converte o N2 para NH3 durante a FBN. MEIOS DE CULTURA Fatores necessários ao crescimento Outros componentes: Metais em quantidades muito pequenas, necessários na composição de um meio de cultura: Zn, Cu, Mn, Co, Mo e B MEIOS DE CULTURA Usos do Meio Sólido em Micologia Estudos morfológicos Estudos sobre esporulação e germinação de esporos Isolamento de amostras ambientais Estudos sobre crescimento e atividade enzimática Aspergillus niger, colônia em MEA. Aspergillus niger, conídios e conidióforo Fonte: http://www.pfdb.net/html/species/s12.htm Etapas de Preparação de Meio de Cultura Dissolver as substâncias Ajustar o pH e adicionar o ágar Distribuir em Frascos Adequados Esterilizar MEIOS DE CULTURA MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos Físicos e Agentes Químicos no Controle do Crescimento Microbiano Esterilização – eliminação de toda e qualquer forma de vida presente em determinado material ou ambiente. Desinfecção – Inativação ou redução do número de micro- organismos presentes em material inanimado. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Agentes Mecanismo de ação Fenóis e derivados (fenol) desnaturação de proteínas Álcoois (metílico, etílico, propílico - solvente para lipídios - desnatura proteínas Compostos de cloro (hipoclorito de sódio, cloramina, cloro) - se combina com proteínas - agente oxidante Tintura de iodo e permanganato de potássio agentes oxidantes Detergentes (lauril sulfato de sódio) - rompe membrana celular - altera permeabilidade celular - diminui tensão superficial Desinfecção Métodos de Esterilização Físicos Calor seco (estufa) Calor úmido (Vapor sob pressão – autoclaves) Radiação (Gama – Cobalto 60, Cobalto Ultravioleta) Métodos de Esterilização Químicos Óxido de Etileno (ETO) Peróxido de Hidrogênio Ácido Peracético Formaldeído Glutaraldeído MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Flambagem: Métodos físicos MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Método simples; Alça de platina; Fácil execução Calor seco MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos físicos Incineração: Vantagem: Redução drástica de massa e volume a ser descartado; Recuperação de energia; Redução do impacto ambiental; Esterilização dos resíduos. Desvantagem: Custo elevado de instalação e operação; Exigências de mão-de-obra qualificada; Presença de materiais nos resíduos que geram compostos tóxicos e corrosivos. Calor seco MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Ar quente ou Estufa Temperatura - Tempo 171°C - 60 minutos 160°C - 120 minutos 149°C - 150 minutos 141°C - 180 minutos 121°C - 12 horas Métodos físicos Calor seco MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos físicos Calor úmido Utiliza o calor na forma de vapor d’água livre. Visa destruir formas vegetativas e esporuladas (100ºC/20min. Durante 3 dias consecutivos). Esterilização Fracionada - Tindalização Aparelho de Banho-Maria Filtração Filtros bacteriológicos – empregados para esterilizar materiais termolábeis como soro, enzimas. São filtros de materiais diversos como ésteres (acetato ou nitrato) de celulose e amianto. Filtros de Membrana tipo Millipore MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos físicos MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos físicos Gravitacional – vertical Alto vácuo - horizontal Esterilização por vapor Autoclaves: Funcionamento de uma autoclave A - resistência B – cesto e tampa E – registro da temperatura e pressão D – chave de comandoC – válvula de ar MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos físicos Radiação ionizante Utiliza baixas temperaturas; Radiação Beta: Desintegração natural de elementos como o Iodo 131; Radiação Gama: Desintegração de certos elementos radioativos – Cobalto 60; Aplicações: Pode ser utilizado em materiais termossensíveis - artigos descartáveis (fios de sutura, luvas, seringas, tubos, algodão e outros); Alto poder de penetração Métodos físicos Radiação não-ionizante MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Luz ultravioleta; Não tem poder de penetração; Aplicação: destruição de microrganismos do ar ou inativação destes em superfície; Câmara de fluxo laminar MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos químicos Óxido de Etileno (ETO) Gás incolor; Altamente inflamável; Miscível com água; C2H4O Aplicação: produtos médico-hospitalares que não podem ser expostos ao calor. Desvantagens: toxicidade; efeito carcinogênico, mutagênico e teratogênico; custo elevado; MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos químicos Agentes oxidantes Peróxido de hidrogênio Água oxigenada concentração de 3 a 6% poder desinfetante e esterilizante pode ser corrosivo para instrumentais; Ação: ataque da membrana lipídica, DNA e outros componentes das células, radicais livres tóxicos; Possui baixa toxicidade; Cuidados: Corrosivo; limpeza prévia (material a ser esterilizado); solução deve ser utilizada logo; não usar em cobre, zinco, alumínio e bronze. Aplicação: desinfecção de lentes de contato e nebulizadores, capilares hemodializadores. Métodos químicos Ácido Peracético MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Produto tóxico e corrosivo; Ação esporicida em temperaturas baixas; Aplicação: materiais termossensíveis, tem que ser mergulhados no líquido; materiais de alumínio anodizado não podem sofrer este processo de esterilização. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos químicos Aldeídos Formaldeído: Gás incolor; Odor irritante; Cáustico para a pele; Ação lenta; Concentração de 5% - 6-12 horas (bactericida); e 8% - 18 horas (esporicida); Função fungicida, virucida e bactericida; Aplicação: cateteres, drenos e tubos de borracha, náilon, teflon, PVC e poliestireno; artroscópios,ventriloscópios, enxertos de acrílico - apenas na formulação aquosa. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO Métodos químicos Aldeídos Glutaraldeído: Solução aquosa pH ácido (não esporicida); Formulações encontradas são: solução ativada: (pH 7,5 a 8,5), atividade esporicida; solução potencializada: pH de 3,4 a 3,5, função esporicida baixa; Ação: biocida, bactericida, virucida, fungicida e esporicida. Aplicação: esterilização de materiais termossensíveis, como: enxertos de acrílico, cateteres, drenos e tubos de poliestireno; desinfecção de alguns equipamentos endoscópios, entre outros.
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