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PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERV. III Aula 1 - Concepções de aprendizagem de professores Introdução A Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Matemática é compreendida como um conjunto de condutas e procedimentos pedagógicos, vivenciados e experienciados dentro das instituições escolares. Assim, afirmamos que o estágio compreende as atividades que os alunos deverão realizar durante o seu curso de formação, junto ao campo futuro de trabalho. A Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Matemática faz parte da formação dos licenciando em Matemática de nossa Universidade e podem ser caracterizadas como um momento especial do processo de formação do professor em que ocorre de maneira mais efetiva a transição ou a passagem de aluno a professor. O Estágio Supervisionado apresenta a dimensão prática do curso, sendo um ato educativo supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação do acadêmico para a atividade profissional, integrando os conhecimentos técnico, prático e científico, permitindo a execução dos ensinamentos teóricos e a socialização dos resultados obtidos, mediante intercâmbio acadêmico-profissional. Objetivos Proporcionar a vivência e análise de situações reais de ensino–aprendizagem em Matemática; Considerar criticamente os aspectos científicos, éticos, sociais, econômicos e políticos, que envolvem a prática docente; Capacitar o licenciando em Matemática a vivenciar e buscar soluções para obstáculos epistemológicos no contexto prático; Desenvolver no aluno uma postura investigativa e uma visão crítica, que permita compreender o espaço escolar como espaço de pesquisa e reflexão; Reconhecer as três concepções proeminentes de aprendizado de professores: O conhecimento-para-a-prática, o conhecimento-na-prática e, o conhecimento-da-prática. Concepções de aprendizagem de professores Cochran-Smith & Lytle (1999) fornecem um arcabouço teórico com o objetivo de considerar, categorizar e delinear as várias iniciativas relacionadas à formação de professores. Para isso, essas duas autoras norte-americanas apresentam três concepções proeminentes de aprendizado de professores ao desvelarem suas diferentes imagens. Tais ideias, embora descritas de maneira similar e apresentando métodos e arranjos organizativos semelhantes, são, na verdade, bastante desiguais em seus propósitos e têm consequências bem diferentes para o cotidiano de estudantes e professores. O conhecimento para a prática O conhecimento para a prática sustenta-se na premissa de que saber mais (conteúdo, mais teorias de Educação, mais Pedagogia e mais estratégias de ensino) garante uma prática bem-sucedida. Trata-se de uma personificação da racionalidade técnica. É uma das concepções mais prevalentes na formação de professores. Nessa perspectiva, a universidade é o espaço privilegiado de produção de tudo aquilo que é considerado conhecimento formal e teoria, PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERV. III inclusive da codificação da chamada sabedoria da prática; por esse motivo, espera-se que os professores o usem para a melhoria de suas práticas. Essa primeira concepção se sustenta no argumento de que saber mais (conteúdo, teorias de educação/Pedagogia, elementos de Didática, estratégias de ensino, por exemplo) conduz diretamente a uma prática mais efetiva. Aqui se sobrepõe a ideia de que o conhecimento necessário para se ensinar bem reside no chamado conhecimento formal, ou seja, nas teorias gerais e nas diretrizes obtidas por meio de pesquisas em diferentes campos que constituem os fundamentos teóricos, epistemológicos e metodológicos de diferentes correntes de ensino. Ainda para Cochran-Smith & Lytle (1999, p.254), esses domínios constituem o que os educadores denominam base de conhecimento e, em geral, incluem o conteúdo da matéria, bem como o conhecimento sobre as bases disciplinares da educação, desenvolvimento humano, organização de sala de aula, Pedagogia, avaliação, contexto social e cultural da escola, e conhecimento da profissão de professor. No entanto, especificamente no que diz respeito ao ensino da Matemática, acredita-se que saber Matemática é o suficiente para se ensiná-la bem. Essa ideia fundamenta-se no fato de que os professores que exercem uma prática competente demonstram conhecimento profundo de suas disciplinas; além disso, apresentam certa habilidade no desenvolvimento das estratégias de ensino consideradas mais eficazes para criar situações de aprendizado para seus alunos. Acredita-se que é por meio das várias experiências de formação que os professores constituem a base de todo o seu conhecimento e que, para oferecer aos alunos um ensino de melhor qualidade, os docentes precisam implementar, traduzir ou pôr em prática o que adquirem com especialistas fora da sala de aula – normalmente provenientes de centros de pesquisas. O conhecimento na prática O conhecimento na prática está relacionado ao conhecimento em ação. Os bons professores são aqueles que apresentam e constroem problemas a partir de situações práticas, em toda a sua complexidade e diversidade, recorrendo a situações anteriores, bem como a uma variedade de outras informações. O modo como ensinar é marcado pela reflexão sobre a ação na sala de aula e a criação de conhecimento em ação, para dar conta de novas situações de aprendizagem. Para Cochran-Smith & Lytle (1999, p. 250), o conhecimento na prática parte do pressuposto de que os professores aprendem quando têm oportunidade de sondar o conhecimento imbuído no trabalho de especialistas, ou de aprofundar seus próprios conhecimentos e usar a capacidade de fazer julgamentos, ou de desenhar ricas interações na sala de aula. Nesse sentido, segundo as autoras norte-americanas, presume-se que o que é entendido como conhecimento prático – ou seja, aquilo que os professores competentes sabem, uma vez que está imbuído na sua prática ou nas reflexões que fazem sobre sua prática – é um dos conhecimentos essenciais para o ensino. Ainda segundo Cochran-Smith & Lytle (1999, p. 262), um pressuposto básico desta concepção é a de que o ensino é, até certo ponto, um artesanato incerto e espontâneo, situado e construído a partir das particularidades da vida cotidiana nas escolas e salas de aula. PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERV. III Nessa segunda concepção, observa-se que necessariamente uma experiência significativa de estágio parte dessa perspectiva, pois a ênfase é colocada no conhecimento em ação. Os saberes mobilizados por professores competentes são expressos ou veiculados na arte da prática, nas reflexões do professor sobre a prática, nas investigações sobre a prática e nas narrativas sobre a prática – isto é, aos poucos, passam a ser um referencial, uma espécie de “material didático” para o formador de professor, em especial na formação inicial. Tal perspectiva eleva o status do conhecimento prático do professor e considera que o aprendizado da docência se dá quando se tem a oportunidade de examinar (e refletir sobre) o conhecimento implícito como uma boa prática. É isso o que se preconiza para a dimensão de observação que compõe parte dos estágios – quando, por exemplo, são observadas as ações contínuas de professores experientes enquanto escolhem estratégias, organizam rotinas de sala de aula, tomam decisões, criam problemas, estruturam situações e reconsideram seu próprio raciocínio. Por fim, o conhecimento da prática parte do pressuposto de que o conhecimento que os professores devem ter para ensinar bem decorre de investigação sistemática do ensino, dos alunos e do aprendizado, bem como do conteúdo, do currículo e da escola. Para isso, os docentes devem aprender colaborativamente, em comunidades de investigação e/ou redes, buscando, com os outros, construir um conhecimento significativo local, em que a investigação é reconhecidacomo parte de um esforço maior de transformar o ensino, o aprendizado e a escola. Essa terceira concepção – que abarca elementos considerados essenciais para o processo de formação de professores – está relacionada ao que chamamos conhecimento da prática. A diferença marcante dessa para as outras duas concepções é a de, aqui, não haver uma polarização dentro do universo de conhecimento que constitui a profissão docente, ao passo que a primeira tende mais ao conhecimento formal, e a segunda, ao conhecimento prático. Segundo Cochran-Smith & Lytle (1999, p. 250), presume-se que o conhecimento de que os professores precisam para ensinar bem é gerado quando eles consideram suas próprias salas de aula locais para uma investigação intencional, ao mesmo tempo em que consideram o conhecimento e teoria produzidos por outros material gerador para questionamento e interpretação. Nesse sentido, os professores aprendem quando geram conhecimento local de prática, trabalhando no contexto de comunidades de investigação, teorizando e construindo seu trabalho de maneira a conectá-lo às questões sociais, culturais e políticas mais gerais. Assim como na segunda concepção, nessa os professores e outros agentes do cenário educacional somam esforços para construir conhecimento em comunidades de investigação, redes de professores e outros arranjos coletivos que têm as práticas escolares como foco para o aprendizado do professor. Uma diferença nas organizações coletivas derivadas dessa concepção é que nela não se fazem as mesmas distinções entre professores especialistas e/ou mais experientes (de um lado) e aqueles menos competentes ou novatos (de outro). A terceira concepção de aprendizado de professores não deve ser tomada como síntese das outras duas, pois nela se procura entender que as necessidades de conhecimento do ato de ensinar significam superar, ou melhor, transcender a distinção entre o formal e o prático, usualmente caracterizada no universo dos tipos de conhecimento. Nesse sentido, é essencial tomar a prática como investigação e compreender que esse processo contribui para o aprendizado e a produção de conhecimento da docência. PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERV. III Investigar a prática significa ter de haver uma teoria subjacente, e a resultante disso é a ressignificação de um dado corpo teórico ou produção de diretrizes para uma nova base de conhecimento. Vale ressaltar que, embora sejam concorrentes em suas ideias fundamentais, as três concepções coexistem no mundo da prática e da pesquisa educacional. Atividades Propostas 1. As autoras norte-americanas Cochran-Smith & Lytle (1999) distinguem três concepções de aprendizado de professores. Uma dela é o __________________________, sustentado pela premissa de que saber (mais conteúdo, mais teorias de educação, mais Pedagogia, mais estratégias de ensino) garante uma prática bem-sucedida. A) Conhecimento para a prática; B) Conhecimento na prática; C) Conhecimento da prática; D) Conhecimento da memorização; E) Conhecimento da decoreba. 2. Cochran-Smith & Lytle (1999) distinguem três concepções de aprendizado de professores. Uma delas é o __________________________, relacionado ao conhecimento em ação. Os bons professores são aqueles que apresentam e constroem problemas a partir das situações práticas, em toda a sua complexidade e diversidade, recorrendo a situações anteriores, bem como a uma variedade de outras informações. O modo como ensinar é marcado pela reflexão sobre a ação na sala de aula e a criação de conhecimento em ação para dar conta de novas situações de aprendizagem. A) Conhecimento para a prática; B) Conhecimento na prática; C) Conhecimento da prática; D) Conhecimento da memorização; E) Conhecimento da decoreba. 3. Ainda segundo Cochran-Smith & Lytle (1999), há três concepções distintas de aprendizado de professores. Uma delas concepções é o __________________________, que parte do pressuposto de que o conhecimento que os professores devem ter para ensinar bem decorre de investigação sistemática do ensino, dos alunos e do aprendizado, bem como do conteúdo, do currículo e da escola. Para isso, os professores devem aprender colaborativamente, em comunidades de investigação e/ou redes, buscando, com os outros, construir um conhecimento significativo local, em que a investigação é reconhecida como parte de um esforço maior de transformar o ensino, o aprendizado e a escola. A) Conhecimento para a prática; B) Conhecimento na prática; C) Conhecimento da prática; D) Conhecimento da memorização; E) Conhecimento da decoreba. PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO SUPERV. III Resumo do conteúdo Nesta aula, você: Compreendeu que o conhecimento para a prática é sustentado pela premissa de que saber (mais conteúdo, mais teorias de educação, mais Pedagogia, mais estratégias de ensino) garante uma prática bem-sucedida; Aprendeu que o conhecimento na prática está relacionado ao conhecimento em ação; Compreendeu que o conhecimento da prática parte do pressuposto de que o conhecimento que os professores devem ter para ensinar bem decorre de investigação sistemática do ensino, dos alunos e do aprendizado, bem como do conteúdo, do currículo e da escola.
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