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9 
	
INTRODUÇÃO 
 
A importância da organização sindical dos trabalhadores, bem como 
o direito à liberdade de associação, surge da conscientização dos trabalhadores 
de que a luta de classes se faz necessária para que haja conquistas de 
condições mínimas de trabalho. 
A Constituição Federal de 1988 garantiu ao trabalhador o direito à 
liberdade de associação profissional ou sindical em seu artigo 8º, atendendo seu 
status de Direito Fundamental. 
João Trindade Cavalcante Filho1 define direitos fundamentais: “[...] 
como os direitos considerados básicos para qualquer ser humano, 
independentemente de condições pessoais específicas. São direitos que 
compõem um núcleo intangível de direitos dos seres humanos submetidos a uma 
determinada ordem jurídica”. (CAVALCANTE FILHO). 
Os Direitos Fundamentais expressam valores superiores e 
positivados na Constituição de um país, considerando sua condição suprema 
dentro de um Estado. 
Esses direitos fundamentais podem ser considerados de primeira, 
segunda ou terceira dimensão ou geração. 
Os direitos fundamentais de primeira dimensão surgem com a 
Revolução Francesa, no Século XVIII, quando os indivíduos passaram a buscar 
o direito de liberdade nas suas relações privadas, sem a intervenção estatal. 
Assim, esses direitos possuem caráter negativo, já que requerem a abstenção 
do Estado. Exemplos de direitos de primeira dimensão são: o direito à vida, à 
liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, entre outros. 
Os direitos de segunda dimensão estão intrinsecamente ligados ao 
valor de igualdade e surgem da conscientização da sociedade de que não 
bastaria ao Poder Público respeitar direitos mínimos dos cidadãos, como na 
primeira dimensão, mas também ser responsável em promover certos valores 
																																																													
1 CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais. Disponível 
em: 
<http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltvjusticanoticia/anexo/joao_trindadade
__teoria_geral_dos_direitos_fundamentais.pdf>. Acesso em: 31 de ago 2017. 
 
10 
	
para que os seres humanos pudessem efetivamente gozar de um mínimo 
existencial, exemplificativamente temos os direitos econômicos, sociais e 
culturais, onde se encontra o direito à liberdade de associação. 
Apenas para complementar, os direitos fundamentais de terceira 
geração, em suma, estão relacionados aos valores de fraternidade e 
solidariedade, como o direito ao meio ambiente e o direito de propriedade. 
A liberdade de associação é considerada como direito de segunda 
dimensão em razão do momento da sua afirmação histórica e não pela essência 
do direito, pois o direito à liberdade é reconhecido pelo Estado na primeira 
dimensão, mas a conscientização da necessidade de agrupamento dos 
trabalhadores para conquista de direitos mínimos surge, apenas, no século XVIII, 
com a Revolução Industrial, em função dos problemas sociais trazidos pelas 
mudanças mercadológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
	
 
 
CAPÍTULO I – HISTÓRIA DO SINDICALISMO 
 
1.1 Origem do sindicalismo no plano internacional 
 
A afirmação do sindicalismo foi um processo demorado e marcado por 
conflitos. Amauri Mascaro Nascimento2 ensina que: 
 
[...] O sindicalismo é fruto da sedimentação de um movimento que 
percorreu um longo caminho até chegar à fase contemporânea [...] 
Para a defesa coletiva de seus interesses, os trabalhadores se 
organizaram sob diferentes formas, dentre as quais a mais importante 
é a sindical [...] (NASCIMENTO, 2012, p.57). 
 
A palavra sindicato encontra proximidade com a palavra síndico, ou 
seja, como um representante escolhido para defender direitos e interesses 
daqueles que o escolheram, assim os Amauri Mascaro Nascimento3: 
 
A palavra síndico é encontrada no direito romano para designar os 
mandatários encarregados de representar uma coletividade. No direito 
grego aparece a expressão sundike. Na França o vocábulo “síndico” 
(syndic) é utilizado como sinônimo de sujeito diretivo de grupos 
profissionais. Segundo Juan García Abellán daí derivou-se a palavra 
sindicato, para se referir aos trabalhadores e associações 
clandestinas, por eles organizadas no período subsequente à 
Revolução Francesa de 1789, no qual foram proibidas as coalizões. 
Em 1810, a Chambre Syndicale du Bâtiment de la Sainte-Chapelle, 
entidade parisiense constituída de diversas corporações patronais, 
emprega a mesma expressão formalmente. (NASCIMENTO, 2011, p. 
1301). 
 
Homero Batista Mateus da Silva4 afirma que “a palavra guilda que 
originou do inglês guild evoca os tempos de corporações de oficio” (SILVA, 2015, 
p.16). Ressalta-se que as guildas possuíam fins religiosos e de assistência 
recíproca. 
Para parte da doutrina, as corporações de ofício foram um marco para 
o movimento sindical, sendo que, para outros, em razão da falta de liberdade 
individual, não pode ser considerado como tal. 
																																																													
2 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 7ª ed. São Paulo: LTr, 2012, 
p.57. 
3 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2011, p. 1301. 
4 SILVA, Homero Batista Mateus da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado. 3ª ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2015, p.16. 
12 
	
Nesse ponto, concordamos com José Claudio Monteiro De Brito 
Filho5, para quem “a forma de corporações de oficio, que reuniam, dentro de si, 
o capital (representado pelos mestres) e o trabalho (companheiros e aprendizes) 
nos leva a concluir não poderem ser elas consideradas o embrião do 
sindicalismo”. (BRITO FILHO, 2015, p. 52). 
As corporações de ofício eram de espécies de agremiações de 
trabalhadores formadas por mestres, companheiros e aprendizes, esses 
poderiam chegar a condição de mestres; tal concepção era apenas teórica, pois, 
na realidade, as corporações de ofício não passavam de monopólio dos 
proprietários das oficinas, sendo os companheiros os verdadeiros prestadores 
de serviços, que pagavam aos mestres para poderem exercer o oficio, dessa 
forma, os mestres exploravam as demais classes. Os aprendizes eram 
trabalhadores, em regra, menores, mas que estavam ali para aprender a 
profissão. 
Assim sendo, o indivíduo não possuía liberdade de trabalhar no 
sistema das corporações. 
Em 1789, com a Revolução Francesa, a burguesia passou a lutar 
contra a intervenção estatal no setor privado, pois buscavam a liberdade para 
que pudessem se autoafirmar e assim usufruir de seus direitos. Esse momento 
levou à instauração do Estado Liberal. 
Segundo Amauri Mascaro6 “coube à Revolução Francesa colocar a 
relação jurídica entre empregado e empregador na categoria da locação de 
serviços, com o princípio da liberdade contratual e a supressão das corporações 
de ofício”. (NASCIMENTO, 2011, p. 865). 
Com o liberalismo, o Estado se abstém de interferir nas relações 
privadas e passa a reconhecer o direito de liberdade como direito ínsito ao ser 
humano. Ressalta-se que o Estado não concedeu qualquer direito, apenas 
reconheceu o que já era do indivíduo. 
Nessa fase da Revolução Francesa, com a promulgação da Lei Le 
Chapelier, em 1791, na França, houve a proibição das corporações de oficio, 
bem como qualquer agremiação, de trabalhadores ou não. 
																																																													
5 BRITO FILHO, José Claudio Monteiro. Direito sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.52. 
6 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2011, p. 865. 
13 
	
Amauri Mascaro Nascimento7 explica que: 
 
É possível considerar,como primeira manifestação proibitiva da 
associação dos trabalhadores, a Revolução Francesa de 1789 e o 
Liberalismo, enquanto consideraram a associação incompatível com a 
liberdade do homem. Nesse sentido, a Lei Le Chapelier (1791) 
inequivocamente exemplifica a fase de proibição das coalizões dos 
trabalhadores. Outras manifestações ocorreram no mesmo sentido. Na 
Grã-Bretanha uma antiga elaboração jurisprudencial da common law, 
como cita Antonio Ojeda Avilés, considera contrário ao interesse 
público todo pacto limitativo da liberdade de comércio individual, 
seguindo as teorias econômicas que exaltam a livre iniciativa mas 
vedam as uniões, com o que as leis sobre coalizões (1799 e 1800) 
proíbem as organizações ou reuniões de trabalhadores enquanto 
tiverem a finalidade de obter melhores salários ou influir sobre as 
condições de trabalho. Em diversos países, na mesma época, os 
sindicatos foram proibidos, considerados como conspiração delitiva, 
inclusive em países que haviam reconhecido o direito de associação, 
como a Bélgica. (NASCIMENTO, 2011, p. 1230, Grifo nosso). 
 
Com a Revolução industrial, os trabalhadores perceberam a 
necessidade de se agruparem, o que ocorreu em razão da alteração do sistema 
produtivo, entendendo assim, a necessidade imperiosa da luta de classes. 
Nesse sentido ensina Segadas Vianna8: 
 
A invenção da máquina e a sua aplicação à indústria iriam provocar a 
revolução nos métodos de trabalho e, consequentemente, nas 
relações entre patrões e trabalhadores; primeiramente a máquina de 
fiar, o método de pudlagem ( que permitiu de modo a preparar o ferro 
e transformá-lo em aço), o tear mecânico, a máquina a vapor 
multiplicando a força de trabalho, tudo isso iria importar na redução da 
mão de obra porque, mesmo com o aparecimento das grandes oficinas 
e fábricas, para obter um determinado resultado na produção, não era 
necessário tão grande número de operários. (VIANNA, 1997, p.34). 
 
O desenvolvimento industrial provocou a reunião dos trabalhadores 
ao redor das empresas, possibilitando o aparecimento de condições para a 
classe operária. 
Conforme Alberto Emiliano9: 
 
Seguindo a doutrina francesa, três são as etapas da consolidação 
jurídica das organizações sindicais. Sucessivamente, apresentam-se 
as fases da proibição, tolerância e reconhecimento. Em um primeiro 
momento, a associação de trabalhadores era vedada. Dispositivos que 
integravam o ordenamento jurídico inglês e francês, por exemplo, 
																																																													
7 Ibid., p. 1230. 
8 SUSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições do Direito do Trabalho. 17. ed. São Paulo: Ltr, 1997. 
V.1, p. 34. 
9 NETO, Alberto Emiliano de Oliveira. Contribuições Sindicais. O Direito Fundamental da 
Liberdade Sindical e as Modalidades de Financiamento dos Sindicatos, 2008. Disponível em: 
https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/8334/1/Alberto%20Emiliano%20de%20Oliveira%20Neto.
pdf. Consulta realizada em: 25.01.2017. 
14 
	
proibiam a reunião de trabalhadores e tipificavam como crime a 
atuação sindical, respectivamente. A atividade sindical, contudo, era 
inevitável. A proibição deixou de produzir efeitos e passou-se a um 
momento de tolerância mais tarde sucedido pelo reconhecimento 
jurídico das associações sindicais. (OLIVEIRA NETO, 2008, p. 9). 
 
Após a fase de proibição das coalizões, o Estado percebeu a 
necessidade de aceitá-las com restrições, ou melhor, tolerá-las, já que a 
proibição não impediu que as mesmas existissem, ainda que não tivessem 
reconhecimento legal, eram entes de fato. 
Assim, só após a fase de tolerância, os trabalhadores tiveram a 
percepção de que precisavam se agrupar para serem ouvidos, pois sozinhos não 
conseguiriam causar impacto. 
Jessica Maria Sabino Guedes10 traz uma síntese bastante 
interessante dessas três fases: 
 
[...] neste período as organizações sindicais, apesar de não terem 
reconhecimento legal, já eram entes de fato. Ressalta, ainda, que 
apenas em um segundo momento, o Estado aprovou leis que 
autorizassem o direito de associação sindical. Entretanto, a mera 
condescendência do Estado com as associações não foi 
suficiente para acompanhar a evolução do sindicalismo, que cada 
vez mais ocupava um papel importante nas relações sociais. 
Surge, nesse contexto, a fase do reconhecimento. Como a própria 
denominação permite vislumbrar, a terceira fase é caracterizada pelo 
reconhecimento estatal da figura dos sindicatos. Ainda, de acordo 
com o referido autor, este reconhecimento se deu em duas dimensões 
de acordo com a postura do Estado. Em alguns países, o 
reconhecimento ocorreu sob o controle estatal (conforme explicitado 
no capítulo anterior esse foi o caso da maioria dos países da América 
Latina) e nos demais, o sindicalismo foi reconhecido com liberdade. 
(GUEDES, 2014, grifo nosso). 
 
Em 1919, como marco histórico importante, houve a criação da 
Organização Internacional do Trabalho (OIT), como	parte	do	Tratado de	Versalhes,	
que	pôs	fim	à	Primeira	Guerra	Mundial. 
 A Convenção 87 da OIT11, em 1948, preconizou a liberdade sindical 
em um modelo ideal, no qual trabalhadores e empregadores tinham direito de 
constituir seus organismos sindicais, administrando-se, organizando-se e 
																																																													
10 GUEDES, Jessica Maria Sabino. O princípio da liberdade sindical e o sindicato único: uma 
análise do modelo de organização brasileiro, 2014. Disponível em: 
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/10082/1/2014_JessicaMariaSabinoGuedes.pdf. Consulta 
realizada em: 25.01.2017. 
11BRASIL. OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO). Disponível em: 
http://www.oitbrasil.org.br/content/liberdade-sindical-e-prote%C3%A7%C3%A3o-ao-direito-de-
sindicaliza%C3%A7%C3%A3o. Consulta realizada em: 25.02. 2017. 
15 
	
exercendo as próprias funções de modo livre, sem restrições estatais ou de 
terceiros. 
Salienta-se que a Convenção 87 não foi ratificada pelo Brasil em 
razão de conflitos principiológicos, assim como explica Amauri Mascaro do 
Nascimento12 : 
“a Constituição Federal (art. 8º) impede a ratificação da Convenção n. 
87 da OIT. Dispõe que o sistema sindical deve ser confederativo, com 
sindicatos, federações e confederações, e proíbe a criação de mais de 
uma associação sindical, em qualquer nível, representativa de certa 
categoria em uma mesma base territorial.”. (NASCIMENTO, 2011, p. 
1257). 
 
Amauri Mascaro13 também especifica que: 
 
Corolário do princípio é a incompatibilidade da unicidade sindical com 
a Convenção n. 87, assim considerada a proibição, por lei, da 
existência de mais de um sindicato representativo da mesma categoria 
na mesma base territorial. É aqui que se situa a polêmica questão que 
divide o movimento sindical: de um lado, a tese da pluralidade sindical, 
de outro, a da unicidade sindical. Há uma diferença doutrinária entre 
pluralidade, unicidade e unidade. Pluralidade é o direito de fundação, 
na mesma base territorial, de tantos sindicatos quantos os grupos 
pretenderem. Unicidade, como ficou dito, é a vedação legal de mais de 
um sindicato da mesma categoria na mesma base territorial. Unidade 
é a união espontânea dos grupos e sindicatos, não por força de lei, 
mas por opção própria, valendo-se da liberdade sindical. Está clara a 
posição da Organização Internacional do Trabalho quando sustenta 
(Comitê de Liberdade Sindical, Informe n. 16) que, “apesar de que os 
trabalhadores podem ter interesse em evitar que se multipliquem as 
organizações sindicais, a unidade do movimento sindical não deve ser 
imposta, mediante intervenção do Estado, por via legislativa, pois essa 
intervenção é contrária ao princípio incorporado nos arts. 2 e 11 da 
Convenção n. 87”. No mesmo sentido é a afirmação segundo a qual 
(Comitê de Liberdade Sindical, n. 18), “seé evidente que a Convenção 
não quis fazer da pluralidade sindical uma obrigação, pelo menos exige 
que isto seja possível em todos os casos”. (NASCIMENTO, 2011, p. 
1296). 
 
Apontamos alguns artigos importantes da Convenção 87 da OIT14: 
 
Art. 2 - Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção de 
qualquer espécie, terão o direito de constituir, sem autorização prévia, 
organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas 
organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos 
das mesmas. 
Art. 3 [...] 
																																																													
12 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2011, p. 1257. 
13 ibid., p. 1256. 
14 BRASIL. OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO). Disponível em: 
http://www.oitbrasil.org.br/content/liberdade-sindical-e-prote%C3%A7%C3%A3o-ao-direito-de-
sindicaliza%C3%A7%C3%A3o. Consulta realizada em: 25.02. 2017. 
16 
	
1. As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito 
de elaborar seus estatutos e regulamentos administrativos, de eleger 
livremente os seus representantes, organizar a gestão e a atividade 
dos mesmos e de formular seu programa de ação. 
2. As autoridades públicas deverão abster-se de qualquer intervenção 
que possa limitar esse direito ou entravar o seu exercício legal. 
Art. 4 - As organizações de trabalhadores e de empregadores não 
estarão sujeitas à dissolução ou à suspensão por via administrativa. 
Art. 5 - As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o 
direito de constituir federações e confederações, bem como o de filiar-
se às mesmas, e toda organização, federação ou confederação terá o 
direito de filiar-se às organizações internacionais de trabalhadores e de 
empregadores. 
 
Em que pese o Brasil não tenha ratificado a Convenção 87, cumpre 
ressaltar que, em 1998, a OIT editou a Declaração sobre os Princípios e Direitos 
Fundamentais15, a qual dispõe no item “2” que todos os membros integrantes da 
OIT, ainda que não tenham ratificado as convenções tidas como fundamentais, 
devem respeitá-las. 
Na visão de José Carlos Arouca16: 
 
O capitalismo de Estado, numa visão construtiva do pós-guerra em 
busca da paz universal, procurou incluir o trabalho num triângulo 
harmonioso que pudesse atender todos os lados: Estado, capital e 
trabalho representado pela Convenção 87, de 1948, sobre liberdade 
sindical, compreendendo a liberdade individual de fundar e filiar-se a 
sindicato ou simplesmente alhear-se à organização de classe. 
(AROUCA, 2012, p.84/96). 
 
Em 10 de dezembro de 1948, foi aprovado pela Assembleia Geral das 
Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos Humanos17, que garante a 
todo homem organizar sindicatos e neles ingressar, para a proteção de seus 
direitos, art.XXII, item 4. 
Interessante observar que, em 1950 e 1951, nascem dois 
procedimentos importantes dentro da OIT, conforme Alberto Emiliano18: 
 
[...] Um procedimento especial destinado à proteção da liberdade 
sindical que complementa os procedimentos gerais de controle da 
aplicação das normas da OIT e que está a cargo de dois órgãos: a 
																																																													
15 BRASIL. OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO). Disponível em: 
http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/oit/doc/declaracao_oit_547.pdf. Consulta 
realizada em: 25.02. 2017. 
16 AROUCA, José Carlos. Organização sindical: pluralidade e unicidade. Fontes de custeio. 
Revista do TST. Vol. 78, n. 2, p.84/96, São Paulo, abr/jun 2012. 
17 ONU. Assembleia Geral das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Disponível em: http://www.unhchr.ch/udhr/lang/spn.htm. Consulta realizada em: 17.08.2017. 
18 NETO, Alberto Emiliano de Oliveira. Contribuições Sindicais. O Direito Fundamental da 
Liberdade Sindical e as Modalidades de Financiamento dos Sindicatos, 2008. Disponível em: 
https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/8334/1/Alberto%20Emiliano%20de%20Oliveira%20Neto.
pdf. Consulta realizada em: 25.01.2017. 
17 
	
Comissão de Investigação e de Conciliação em Matéria de Liberdade 
Sindical e o Comitê de Liberdade Sindical. 
A Comissão, criada em 1950, tem por função analisar queixas relativas 
a violações dos direitos sindicais apresentadas pelo Conselho de 
Administração da OIT em conjunto com o Governo interessado. Já o 
Comitê de Liberdade Sindical, criado em 1951 pelo Conselho de 
Administração da OIT, consiste em órgão tripartite composto por nove 
membros e seus suplentes, cujas vagas são ocupadas por 
representantes dos Estados, trabalhadores e empregadores, chefiados 
por um presidente independente. Cabe ao Comitê a análise preliminar 
das queixas apresentadas, bem como recomendar ao Conselho de 
Administração que busque junto ao Governo interessado as medidas 
necessárias a resolver o problema que se apresenta e, ao fim, obter o 
acordo do Governo interessado para que o caso seja levado à 
Comissão de Investigação e de Conciliação (OLIVEIRA NETO, 2008). 
 
Jessica Maria Sabino Guedes19, ao tratar da Convenção n. 87 da OIT, 
traz pontos de destaque: 
 
[...] entre as garantias sindicais universais proclamadas pela 
Convenção, é importante destacar as seguintes: (i) direito de elaborar 
seus próprios estatutos e organizar-se, sem qualquer intervenção do 
Estado, previsto no art. 3º; (ii) garantia contra a suspensão ou 
dissolução do sindicato pela via administrativa, art. 4º e (iii) direito de 
as associações sindicais constituírem federações, confederações e se 
filiarem a organizações internacionais, previsto no art. 5º. (GUEDES, 
2014). 
 
Posteriormente, a Organização Internacional do Trabalho promulgou 
a Convenção 9820, que vigora no Brasil desde 1953 e prevê taxativamente no 
art. 1º, 2, b) que constitui proteção adequada contra atos atentatórios à liberdade 
sindical vedar a dispensa de um trabalhador por qualquer motivo em virtude de 
sua filiação a um sindicato ou de sua participação em atividades sindicais. 
A referida Convenção também dispõe de forma expressa sobre a 
vedação de ingerência dos empregadores sobre a atividade sindical profissional, 
inclusive pela criação de sindicatos de fachada. 
Outro marco importante para o movimento sindical foi o ano de 1966, quando foi 
aprovado o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais21 
																																																													
19GUEDES, Jessica Maria Sabino. O princípio da liberdade sindical e o sindicato único: uma 
análise do modelo de organização brasileiro, 2014. Disponível em: 
http://bdm.unb.br/bitstream/10483/10082/1/2014_JessicaMariaSabinoGuedes.pdf. Consulta 
realizada em: 25.01.2017. 
20 BRASIL. OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO). Disponível em: 
http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/union_freedom/doc/convention_98_171.pdf 
Consulta realizada em: 25.02. 2017. 
21BRASIL. PLANALTO (PALÁCIO DO PLANALTO PRESIDENCIA DO BRASIL). Pacto 
Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0591.htm. Consulta realizada em: 
25.01. 2017. 
18 
	
(PIDESC), na Assembleia Geral das Nações Unidas, que teve o artigo 8º 
dedicado à sindicalização, em seus variados aspectos. 
A Recomendação 163 da OIT22 e a Diretiva 2002/14/CE23 da União 
Europeia trouxeram a participação dos trabalhadores na gestão da empresa 
como o exercício do direito à informação. Europeia. 
Alain Supiot, citado por Renato Rua de Almeida24: 
 
Alain Supiot (4) afirma que a negociação coletiva, quando centrada na 
empresa e buscando sobretudo a participação da representação eleita 
e direta dos trabalhadores na sua gestão, é tipicamente uma técnica 
de procedimentalização e contratualização do direito moderno,sem 
implicar, absolutamente, um retorno ao Estado mínimo e um abandono 
das relações sociais à esfera privada, porquanto os direitos sociais de 
interesse realmente público permanecem garantidos como direitos 
fundamentais nas Constituições modernas. 
Pode-se dizer o mesmo em relação à legislação instrumental e 
procedimental prescrevendo a criação de órgãos de representação e 
participação dos trabalhadores na gestão da empresa, garantido o 
direito à informação desses trabalhadores e de seus órgãos 
representativos e protegendo-os contra atos anti-sindicais. 
 
1.2 Origem do sindicalismo no Brasil 
 
No Brasil, Arion Sayão Romita25 aponta que “ [...] inicialmente, vigorou 
no Brasil o regime de trabalho escravagista. O sistema corporativo de produção 
e trabalho não poderia vicejar, por pressupor o trabalho livre, embora 
subordinado a normas estatutárias”. (ROMITA, 1976, p. 35). 
Em 1891, após a abolição da escravatura, foi promulgada a primeira 
Constituição Republicana, que conta com dois acontecimentos fundamentais 
para a evolução do Direito do Trabalho: a instalação de correntes migratórias de 
mão-de-obra, e a criação da Organização Internacional do Trabalho. A 
																																																													
22 BRASIL. OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO). Recomendação 163: 
Sobre a Promoção da Negociação Coletiva. Disponível em: 
http://www.oitbrasil.org.br/content/sobre-promo%C3%A7%C3%A3o-da-
negocia%C3%A7%C3%A3o-coletiva. Consulta realizada em: 25.02. 2017. 
23 UE. União Europeia. Directiva 2002/14/CE do Parlamento Europeu e do Conselho. 
Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32002L0014. 
Consulta realizada em: 01.09. 2017. 
24 SUPIOT, Alain. Homo juridicus. Paris, 2005, p. 334 apud ALMEIDA, Renato Rua de. A visão 
histórica da liberdade sindical. Disponível em: 
http://www.renatoruaemarcusaquino.adv.br/publicacoes.htm. Consulta realizada em: 
25.01.2017. 
25 ROMITA, Arion Sayão. Direito sindical brasileiro. Brasília, 1976.p.35 apud BRITO FILHO, 
José Claudio Monteiro. Direito sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.60. 
19 
	
Constituição Republicana garantiu o direito de associação, desde que fosse de 
forma pacífica. 
Jose Carlos Arouca26 entende que: 
 
Nossa primeira lei sindical, Decreto n. 979, de 6 de janeiro de 1903, de 
inspiração católica, ficava restrita “aos profissionais da agricultura e 
indústrias rurais” e mais próxima do cooperativismo. Pregava a união 
do capital e trabalho no campo — afinal, o Brasil era um país 
essencialmente agrícola. Vigia a Constituição Republicana de 1891, 
cujo art. 72, no § 8º [...]permitiu a organização associativa: “A 
Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no País 
a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança 
individual e à propriedade, nos termos seguintes: (...) § 8º A todos é 
lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não 
podendo intervir a polícia senão para manter a ordem pública”. A 
medida rompia com o sistema da Constituição do Império, de 1824, 
que no art. 179, item 25, proibia toda forma de organização de classe: 
“A inviolabilidade dos direitos civil e políticos dos cidadãos brasileiros 
que tem por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade, 
é garantida pela Constituição do Império pela maneira seguinte: (...) 
Ficam abolidas as corporações de Ofícios, seus Juízes, Escrivães e 
Mestres”. A Lei deveu-se à iniciativa do Deputado Joaquim Inácio Tosta 
atendendo solicitação de 15 corporações operárias e da Federação 
Cristã de Pernambuco, sendo promulgada no governo Rodrigues 
Alves. Adotava a autonomia, registro em cartório, liberdade negativa 
de filiação e retirada, e permitia a formação de uniões ou sindicatos 
centrais. (AROUCA, 2013, p. 13). 
 
Quanto ao sindicalismo urbano, realça Amauri Mascaro do 
Nascimento27 que: 
O Decreto n. 1.637 (1907) organizou o sindicalismo urbano de 
trabalhadores de profissões similares ou conexas. Definiu como 
funções do sindicato o estudo,	a	defesa	e	o	desenvolvimento	dos	interesses	
gerais	da	profissão	e	dos	interesses	individuais	dos	seus	membros.	Previu a 
criação de conselhos Permanentes de Conciliação e Arbitragem	para	
dirimir	as	controvérsias	entre	o	capital	e	o	trabalho.	Preservou	a	 liberdade 
de constituição dos sindicatos, bastando, para esse fim, simples 
depósito de cópias dos estatutos na repartição competente. 
(NASCIMENTO, 2012, p. 101). 
 
A partir de 1930 inicia novo período para o sindicalismo, onde 
atentava contra a autonomia sindical e inviabilizava a pluralidade sindical, o que 
contrariava o texto constitucional de 1934, que previa a pluralidade, embora de 
fato não tenha ocorrido. 
																																																													
26 AROUCA, José Carlos. Organização Sindical no Brasil/ Passado-Presente-Futuro (?). São 
Paulo: LTr, 2013, p.13. 
27 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical. 7ª ed. São Paulo: LTr, 
2012, p.57, p. 101. 
20 
	
Com a Constituição de 1937, Alberto Emiliano de Oliveira Neto28 
acentua que: 
O texto da Constituição de 1937 expressa muito bem a realidade do 
movimento sindical daquele período, cuja liberdade era restrita. Em seu 
texto, a greve e o lock-out. Foram declarados recursos antissociais 
nocivos ao trabalho e ao capital, além de incompatíveis com os 
superiores interesses da produção nacional (artigo 139, 2ª parte). 
Especificamente, o artigo 138 delimitava o âmbito de atuação dos 
sindicatos profissionais [...] (NETO, 2008). 
 
José Claudio Monteiro de Brito Filho29 afirma que “apesar do texto 
proclamar sobre a liberdade de associação profissional que, na verdade, não 
podia existir, tantas as restrições a ela criadas [...]. (BRITO FILHO, 2015, p.65). 
Nessa primeira fase, os sindicatos atuavam como “um braço” do 
Poder Público, exercendo uma função estatal, prevalecendo assim, o 
corporativismo. 
José Carlos Arouca30 nos ensina que: 
 
[...] o modelo corporativo prendia-se à intervenção do Estado no 
domínio econômico e o sindicato assumia papel de ator coadjuvante 
para que “a economia da população” fosse “organizada em 
corporações, e estas, como entidades representativas das forças do 
trabalho nacional, colocadas sob a proteção do Estado, como órgãos 
destes”, exercendo “funções delegadas de Poder Público” (arts. 135 e 
140 da Carta de 1937). (AROUCA, 2013, p. 13). 
 
Em 1940 foram publicados o Decreto-lei nº 2.37731 e o Decreto-lei nº 
2.38132, que complementaram a Lei Sindical, e, sucessivamente, criaram o 
imposto sindical, atual contribuição sindical e o sistema de paralelismo, 
implantando o enquadramento com a criação de categorias. 
Até a Constituição de 1988, o modelo sindical corporativo se apoiava 
na unicidade sindical, considerada a proibição, por lei, da existência de mais de 
																																																													
28 NETO, Alberto Emiliano de Oliveira. Contribuições Sindicais. O Direito Fundamental da 
Liberdade Sindical e as Modalidades de Financiamento dos Sindicatos, 2008. Disponível em: 
https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/8334/1/Alberto%20Emiliano%20de%20Oliveira%20Neto.
pdf. Consulta realizada em: 25.01.2017. 
29 BRITO FILHO, José Claudio Monteiro. Direito sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.65. 
30 AROUCA, José Carlos. Organização Sindical no Brasil/ Passado-Presente-Futuro (?). São 
Paulo: LTr, 2013, p.13. 
31 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-Lei nº 2.377, de 8 de julho de 1940. 
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2377-8-julho-
1940-412315-publicacaooriginal-1-pe.html. Consulta realizada em: 01.09. 2017. 
32 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei nº 2.381, de 9 de julho de 1940.. 
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-2381-9-julho-1940-412322-norma-pe.html. Consulta realizada em: 01.09. 2017. 
 
21 
	
um sindicato representativo da mesma categoria na mesma base territorial, 
controle rígido pelo Estado, havendo interferência direta do Ministério do 
Trabalho desde a criação até a concessão da carta sindical. E, ainda, a 
representação por categorias profissionais e econômicas, previamente definidas 
em lei, assim como a verticalização do sistema confederativo. 
Ressalta-se apenas que a antiga carta sindical, atual registro sindical, 
também era concedida pelo Ministério do Trabalho, mas continha prazo de 
validade e havia o poder discricionário do Estado, que poderia concedê-la ou 
não, dependendo do seu interesse. 
Como visto, o modelo sindical foi criado, inicialmente, sob a 
Constituição de 1934, que expressamente reconhecia a pluralidade sindical. 
Em 1943, foi promulgada a Consolidação das Leis Trabalhistas 
(CLT)33, prevendo no Título V, da organização sindical, mantendo a mesma linha 
legislativa. 
Com a Constituição de 1946, como traz Alberto Emiliano de Oliveira 
Neto34,“ainda que a Constituição de 1946 tenha restituído o direito de greve, em 
nada mais avançou, ao passo que manteve modelo preexistente no qual aos 
sindicatos eram atribuídas funções delegadas pelo Estado”. (OLIVEIRA NETO, 
2008). 
A Constituição de 194635 manteve o sindicato como entidade com 
funções delegadas do Estado. 
Quanto à fase da ditadura militar, José Carlos Arouca36 ressalta que: 
 
Instalada em 1964 foram 1.565 intervenções até 1978, atingindo as 
organizações sindicais mais expressivas, mas na democracia relativa 
do Marechal Dutra chegaram a 400. A primeira nos deu a “Lei 
antigreve”, nº 4.330, mas a segunda foi mais cruel, respondendo pelo 
Decreto-Lei nº 9.070, referendado pelo Supremo Tribunal Federal. A 
ditadura militar fechou a central Comando Geral dos Trabalhadores 
																																																													
33 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei nº 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 01.09. 
2017. 
34 NETO, Alberto Emiliano de Oliveira. Contribuições Sindicais. O Direito Fundamental da 
Liberdade Sindical e as Modalidades de Financiamento dos Sindicatos, 2008. Disponível em: 
https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/8334/1/Alberto%20Emiliano%20de%20Oliveira%20Neto.
pdf. Consulta realizada em: 25.01.2017. 
35 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Constituição de 1946. Disponível em: 
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1940-1949/constituicao-1946-18-julho-1946-365199-
publicacaooriginal-1-pl.html. Consulta realizada em: 01.09. 2017. 
36 AROUCA, José Carlos. Organização sindical: pluralidade e unicidade. Fontes de custeio. 
Revista do TST. Vol. 78, n. 2, p.85/86, São Paulo, abr/jun 2012. 
22 
	
(CGT), mas a democracia de 1946 fechou a Confederação dos 
Trabalhadores do Brasil (CTB). (AROUCA, 2012, p. 85/86). 
 
A partir de 1978 houve um fortalecimento do sindicalismo brasileiro, o 
novo sindicalismo assentava-se nos trabalhadores das indústrias 
automobilísticas. Foi um período de mudança, tendo em 1983 a fundação da 
CUT, Central Única dos Trabalhadores e, posteriormente, da Central Geral dos 
Trabalhadores (CGT). 
A luta do movimento sindical, por mudanças, iniciou em São Paulo, 
sendo que, várias greves foram abertas em 1978 pelos metalúrgicos da região 
do ABC, iniciando um ciclo sem antecedentes no Brasil. 
Em 1988, há um marco com a Constituição Federal, sendo que a 
estrutura da organização sindical foi amplamente debatida na Assembleia 
Constituinte. 
José Claudio Monteiro de Brito Filho37 afirma que a Constituição 
buscou menos interferência do Estado nas organizações sindicais, passa-se a 
se admitir a sindicalização dos servidores públicos: 
 
Muda, então, o panorama do sindicalismo brasileiro, Muda pouco, 
entretanto, pois ao lado desta liberdade são mantidas as bases do 
sistema corporativista” [...]“Ela,	atendendo	aos	reclamos	dos	que	buscavam	
menos	interferência	do	Estado	nas	organizações	sindicais	concede a estas 
liberdade para regrar, de forma autônoma, sua vida interna, além de 
impedir a interferência e a intervenção do Estado. (BRITO FILHO, 
2015, p. 68). 
 
Assim, uma maior liberdade foi prevista no artigo 8º da Constituição 
Federali, com inclusão da autonomia sindical, que proibiu a intervenção ou 
interferência do Ministério do Trabalho (art. 8º, I, da CF). 
Recordamos que o Ministério do Trabalho foi criado no Brasil pelo 
então presidente Getulio Vargas, que permitia o Estado interferir e acabar com 
qualquer tipo de movimento, inclusive o de greve por parte dos trabalhadores 
dentro do sindicato. 
Mas, em que pese a Constituição Federal de 1988 tenha assegurado 
“a plena liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar”, nos termos do artigo 5º, XVII38, bem como dispor que “É livre a 
associação profissional ou sindical, observado o seguinte” conforme artigo 8º 
																																																													
37 BRITO FILHO, José Claudio. Direito Sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.68. 
38 Ibid. 
23 
	
39do referido diploma, restringiu a liberdade quando inseriu alguns dos incisos 
limitando a autonomia, até mesmo de liberdade 
As limitações supracitadas previstas na Constituição 
Federal/88 foram de encontro a Convenção nº 87 da Organização Internacional 
do Trabalho, e a tendência mundial de consagrar uma liberdade sindical ampla. 
Para José Carlos Arouca40 a autonomia não existe de fato com a 
promulgação da Constituição: 
 
Autonomia só foi conquistada em 1988, mas hoje existe apenas no 
papel, comprometida pela ação do Ministério do Trabalho e Emprego 
exatamente quando antigos e combativos dirigentes sindicais 
assumem o poder, com o cadastramento, como forma dissimulada de 
controle, com o reconhecimento traçado na Portaria nº 186, de 2008, 
pelo chamado Sistema Mediador, que restabeleceu a homologação 
dos acordos e convenções que fora substituído pelos simples depósito 
para registro e arquivamento em plena ditadura militar, pelo Sistema 
HomologNet, com o qual se determinou aos sindicatos como assistir 
os trabalhadores demitidos. Por sua vez, o Ministério Público do 
Trabalho combate a contribuição de custeio e anuncia seu propósito 
de controlar a gestão financeira das associações sindicais, avançando 
até chegar a matéria de direito penal e vai mais longe quando a 
pretexto de atingir a prioridade de ação que elegeu, institui a 
representação interna do pessoal nas empresas com mais de 200 
empregados e exige que os sindicatos o acompanhe, com ameaça de 
punição. Por sua vez, o Tribunal de Contas da União ressuscita a 
contabilidade autoritária exercida pelo Ministério do Trabalho com seus 
códigos e modelos. (AROUCA, 2012, p.86). 
 
 
Após anos de discussão sobre a necessidade do registro sindical pelo 
Ministério do trabalho, o Supremo Tribunal Federal consolidou, em sua 
jurisprudência, que o órgão realize apenas a fiscalização, para que não haja a 
violação constitucional da unicidade. 
 
O ato de fiscalização estatal se restringe à observância da norma 
constitucional no que diz respeito à vedação da sobreposição, na 
mesma base territorial, de organização sindical do mesmo grau. 
Interferência estatal na liberdade de organização sindical. Inexistência. 
O Poder Público, tendo em vista o preceito constitucional proibitivo, 
exerce mera fiscalização. [RE 157.940, rel. min. Maurício Corrêa, j. 3-
11-1997, 2ª T, DJ de 27-3-199841.] 
Liberdade e unicidade sindical e competência para o registro de 
entidades sindicais (CF, art. 8º, I e II): recepção em termos, da39 Ibid. 
40 AROUCA, José Carlos. Organização sindical: pluralidade e unicidade. Fontes de custeio. 
Revista do TST. Vol. 78, n. 2, p.86, São Paulo, abr/jun 2012. 
41 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário nº. 157.940, rel. min. Maurício 
Corrêa, j. 3-11-1997, 2ª T, DJ de 27-3-1998. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000108331&base=baseAco
rdaos. Consulta realizada em: 16. 01.2017. 
24 
	
competência do Ministério do Trabalho, sem prejuízo da possibilidade 
de a lei vir a criar regime diverso. O que é inerente à nova concepção 
constitucional positiva de liberdade sindical é, não a inexistência de 
registro público – o qual é reclamado, no sistema brasileiro, para o 
aperfeiçoamento da constituição de toda e qualquer pessoa jurídica de 
direito privado –, mas, a teor do art. 8º, I, do Texto Fundamental, "que 
a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de 
sindicato": o decisivo, para que se resguardem as liberdades 
constitucionais de associação civil ou de associação sindical, é, pois, 
que se trate efetivamente de simples registro – ato vinculado, 
subordinado apenas à verificação de pressupostos legais –, e não de 
autorização ou de reconhecimento discricionários. (...) O temor 
compreensível – subjacente à manifestação dos que se opõem à 
solução –, de que o hábito vicioso dos tempos passados tenda a 
persistir, na tentativa, consciente ou não, de fazer da competência para 
o ato formal e vinculado do registro, pretexto para a sobrevivência do 
controle ministerial asfixiante sobre a organização sindical, que a 
Constituição quer proscrever – enquanto não optar o legislador por 
disciplina nova do registro sindical, – há de ser obviado pelo controle 
jurisdicional da ilegalidade e do abuso de poder, incluída a omissão ou 
o retardamento indevidos da autoridade competente.[MI 144, rel. min. 
Sepúlveda Pertence, j. 3-8-1992, P, DJ de 28-5-1993.]= AI 789.108 
AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 5-10-2010, 2ª T, DJE de 28-10-201042.] 
 
Posteriormente o Supremo, editou a Sumula 67743 no seguinte 
sentido: “Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho 
proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio 
da unicidade”. 
O Princípio da Unicidade Sindical é aquele que reconhece a 
possibilidade da existência de apenas um sindicato por base territorial de cada 
categoria, sendo que a base territorial não pode ser menor do que a área de um 
Município, previsto no inciso II do artigo 8º da Constituição Federal44. 
O Supremo Tribunal Federal45 tratou da constitucionalidade da 
unicidade em várias jurisprudências: 
 
																																																													
42 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Injunção nº.144, rel. min. Sepulveda 
Pertence, j. 3-8-1992, P, DJ de 28-5-1993. Agravo Regimental n. 789.108, rel. min. Ellen 
Gracie., j. 5-10-2010, 2ª T, DJE de 28-10-2010. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp?item=173&tipo=CJ&termo=seguran%E7a+pu
blica. Consulta realizada em: 16. 01.2017. 
43 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº.677. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2316. Consulta 
realizada em: 16. 01.2017. 
44 BRASIL. Brasília, DF: PLANALTO (PALÁCIO DO PLANALTO PRESIDENCIA DO BRASIL). 
Constituição de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Consulta realizada 
em: 01.09. 2017. 
45 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo de Instrumento n. 609.989. Agravo Regimental, 
rel. min. Ayres Britto, j. 30-8-2011, 2ª T, DJE de 17-10-2011. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBD.asp?item=177. Consulta realizada em: 18. 
08.2017. 
25 
	
É pacífica a jurisprudência deste nosso Tribunal no sentido de que não 
implica ofensa ao princípio da unidade sindical a criação de novo 
sindicato, por desdobramento de sindicato preexistente, para 
representação de categoria profissional específica, desde que 
respeitados os requisitos impostos pela legislação trabalhista e 
atendida a abrangência territorial mínima estabelecida pela CF.[AI 
609.989 AgR, rel. min. Ayres Britto, j. 30-8-2011, 2ª T, DJE de 17-10-
2011.]Vide RE 202.097, rel. min. Ilmar Galvão, j. 16-5-2000, 1ª T, DJ 
de 4-8-2000Vide RMS 21.305, rel. min. Marco Aurélio, j. 17-10-1991, 
P, DJ de 29-11-1991. 
 
Ainda assim, a liberdade de associação sindical foi de soberana 
importância para a modificação do panorama trabalhista brasileiro, já que esse 
tema sempre foi levantado como bandeira política e reivindicado pelos 
movimentos sindicais nos tempos da ditadura militar. 
Em 2002, houve instalação do Fórum Nacional do Trabalho para 
reformas na estrutura sindical, mas fracassou. 
A Lei nº 13.467, de 13 de julho de 201746, a reforma trabalhista, foi 
sancionada pelo presidente Michel Temer, como Lei onde se alterou mais de 100 
pontos da CLT, principalmente para sobrepor o acordado sobre o legislado, além 
de uma série de procedimentos na Justiça do Trabalho, bem como a retirada da 
exigência de participação dos sindicatos em diversos momentos da vida 
profissional do trabalhador, como, por exemplo, a necessidade de a 
homologação da rescisão contratual ser feita em sindicatos. 
 
																																																													
46 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. 
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13467-13-julho-2017-785204-
norma-pl.html. Consulta realizada em: 28.08. 2017. 
 
26 
	
CAPÍTULO II - O SINDICATO E SUAS FUNÇÕES 
 
2.1 O sindicato 
 
A lei brasileira estabelece o sindicato como associação para fins de 
estudo, defesa e coordenação de interesses econômicos ou profissionais de 
todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores 
autônomos, ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma 
atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas 
(Consolidação das Leis Trabalhistas, art. 511.47). 
Os sindicatos são entidades de primeiro grau e fazem parte do 
sistema confederativo que é composto também pelas Federações, em segundo 
grau e pelas Confederações em terceiro grau. 
Os sindicatos são agrupamentos de empresas ou trabalhadores e 
representam tanto categorias profissionais, profissionais diferenciadas, 
econômicas e profissionais liberais, tendo como base mínima, o Município. 
(Constituição da República, art. 8º, inc. II48). 
Para José Carlos Arouca49, “o sindicato seria, assim, a organização 
de classe dos trabalhadores aparelhada para negociar com o capital o salário 
possivelmente justo e melhores condições de trabalho para seus representados 
ou filiados” (AROUCA, 2012). 
Segundo Maurício Godinho Delgado50: 
 
Entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores 
vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, visando tratar 
de problemas coletivos das respectivas bases representadas, 
defendendo seus interesses trabalhistas e conexos, com o objetivo de 
lhes alcançar melhores condições de labor e vida (DELGADO, 2015, 
p.1391). 
 
																																																													
47 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 01.09. 
2017. 
48 BRASIL. Brasília, DF: PLANALTO (PALÁCIO DO PLANALTO PRESIDENCIA DO BRASIL). 
Constituição de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Consulta realizada 
em: 01.09. 2017. 
49AROUCA, José Carlos.Organização sindical: pluralidade e unicidade. Fontes de custeio. 
Revista do TST. Vol. 78, n. 2, p.85, São Paulo, abr/jun 2012. 
50 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13ª ed. São Paulo: LTr, 2014, 
p.1391. 
27 
	
Amauri Mascaro do Nascimento51 entende que “o sindicato é um 
sujeito coletivo, como organização destinada a representar interesses de um 
grupo, na esfera das relações trabalhistas. Tem direitos, deveres, 
responsabilidades, patrimônio, filiados, estatutos, tudo como uma pessoa 
jurídica”. (NASCIMENTO, 1989. p. 153). 
Homero Batista Mateus da Silva52, de forma sucinta, conclui que “o 
sindicato é uma pessoa de direito privado interno, assimilando-se quase 
integralmente ao conceito de uma associação de pessoas congregadas em 
busca de um fim comum”. (SILVA, 2015, p.17). 
José Claudio Monteiro de Brito Filho53 considera que: 
 
[...] Os sindicatos nasceram como forma de concentração de esforços 
de um grupo de indivíduos em prol de seus interesses comuns, nesse 
primeiro momento apenas profissionais. Aliás, isso é fato inegável: o 
sindicato, em princípio, é forma de associação ligada intimamente aos 
trabalhadores, muito embora ele seja admitido, em alguns países, 
como o Brasil, também como forma de agrupamento de empregadores. 
A própria Organização Internacional do Trabalho admite esta 
sindicalização de trabalhadores e empregadores – em separado, é 
claro-, no art. 2º da convenção n. 87 [...]. (BRITO FILHO, 2015, p. 105). 
 
 
A legislação brasileira não conceitua propriamente a palavra 
sindicato, mas pelas definições supra, podemos afirmar que, no Brasil, o 
sindicato é uma pessoa jurídica, criada por seus membros para defender os 
direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões 
judiciais ou administrativas, conforme art.8º, inciso III da Constituição Federal54. 
As Federações, como entidade de segundo grau, são constituídas de, 
pelo menos, cinco sindicatos com registro no Ministério do Trabalho, sendo da 
mesma categoria profissional, diferenciada ou econômica. Possuem base 
mínima estadual, podendo ser até nacional. 
As Confederações são efeito do agrupamento de, no mínimo, três 
Federações, respeitadas as respectivas categorias, sendo que atuam em âmbito 
																																																													
51 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito Sindical. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 153. 
52 SILVA, Homero Batista Mateus da. Curso de direito do trabalho aplicado. Vol.7, 2015, p.17. 
53 BRITO FILHO, José Claudio. Direito Sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.105. 
54 BRASIL. Brasília, DF: PLANALTO (PALÁCIO DO PLANALTO PRESIDÊNCIA DO BRASIL). 
Constituição de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Consulta realizada 
em: 01.09. 2017. 
28 
	
nacional, com sede em Brasília, ditando os procedimentos daquele ramo por ela 
abrangido, seja profissional ou econômico. 
Ressalta-se que as Federações não possuem direito de 
representação da categoria representada por esses sindicatos. 
As Confederações, como entidades sindicais de terceiro grau, ocupam o maior 
grau na estrutura sindical, sendo que, para sua criação, deve haver, pelo menos, 
três Federações com registro sindical da categoria que pretende representar. 
Destaca-se que por exigência legal sua sede deve ser em Brasília (Distrito 
Federal). 
O principal aspecto das Federações e Confederações está na função 
negocial, pois a negociação coletiva, através da Convenção Coletiva, pertence 
aos sindicatos, sendo que, apenas de forma complementar, podem celebrar, 
conforme art. 611, § 2º, da CLT55: 
 
As Federações e, na falta destas, as 
Confederações representativas de categorias econômicas 
ou profissionais, poderão celebrar convenções coletivas de 
trabalho para reger as relações das categorias a elas 
vinculadas, inorganizadas em sindicatos, no âmbito de 
suas representações. 
 
As Centrais Sindicais foram instituídas pela Lei n. 11.648, de 31 de 
março de 200856, com o intuito de representação geral dos trabalhadores. Elas 
possuem abrangência nacional e têm como prerrogativa a coordenação da 
representação dos trabalhadores, bem como a participação de negociações em 
diálogo social de composição tripartite, onde haja interesse dos trabalhadores. 
Em que pese haja divergência doutrinaria, o entendimento 
majoritário é de que elas não estão inseridas no sistema confederativo, sendo 
este composto apenas pelos Sindicatos, Federações e Confederações, mas 
fazem parte da estrutura sindical brasileira. 
																																																													
55 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei nº 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 18.08. 
2017. 
56 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. 
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13467-13-julho-2017-785204-
norma-pl.html. Consulta realizada em: 28.08. 2017. 
29 
	
Maurício Godinho Delgado57 entende que as centrais sindicais 
 
[...] não compõem o modelo corporativista. De certo modo, 
representam até seu contraponto, a tentativa de sua superação. 
Porém, constituem, do ponto de vista social, político e ideológico, 
entidades líderes do movimento sindical, que atuam e influem em toda 
a pirâmide regulada pela ordem jurídica [...].(DELGADO, 2014, 
p.1402). 
 
Assim, Sindicatos, Federações e Confederações são tanto de 
categorias profissionais, profissionais diferenciadas, econômicas e profissionais 
liberais; já as centrais sindicais representam apenas os trabalhadores, não 
havendo previsão de entidade semelhante que retrate os empregadores. 
Quanto à natureza jurídica da entidade sindical, temos no Código Civil 
que as pessoas jurídicas são de natureza pública ou privada (art. 40 CCB58). 
José Claudio Monteiro de Brito Filho59 traz que: 
 
O fato de o sindicato exercer atribuições de interesse público, não o 
transforma em ente público, considerando que ele as desempenha em 
nome dos seus objetivos, que derivam de sua condição de 
representante de um grupo, profissional ou econômico, não em nome 
do Estado. (BRITO FILHO, 2015, p.105). 
 
Amauri Mascaro Nascimento60 dispõe que: 
 
No Brasil, durante o sistema constitucional de 1937 e mesmo depois, 
o sindicato apresentou características que, embora o conservando 
como pessoa jurídica de direito privado, o cercavam de fortes 
conotações publicísticas, como é possível concluir pelas suas 
atribuições legais nesse período, o exercício de funções delegadas de 
Poder Público. Após a Constituição de 1988, os vínculos jurídicos com 
o Estado foram efetivamente rompidos, com a autonomia de 
organização e de administração, realçando a natureza privada dos 
sindicatos e a sua função de defesa dos interesses coletivos e 
individuais dos seus representados (NASCIMENTO, 2011, p. 1304). 
 
A natureza privada das entidades sindicais foi robustecida com a 
Constituição de 1988, que dispôs que “a lei não poderá exigir autorização do 
Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, 
																																																													
57 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13ª ed. São Paulo: LTr, 2014, 
p.1402. 
58 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Código Civil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Consulta realizada em: 18.08. 2017. 
59 BRITO FILHO, José Claudio Monteiro. Direito sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.105. 
xxx 
60 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 
2011, p.1304. 
30 
	
vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização 
sindical”, no seu art. 8º, inciso IIii . 
Quanto à necessidade ou não do registro em cartório de pessoas jurídicas, 
a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal61 pacificou entendimento sobre a 
necessidade de registro: 
A jurisprudência do STF, ao interpretar a norma inscrita no art. 8º, I, da 
Carta Política – e tendo presentes as várias posições assumidas pelo 
magistério doutrinário (uma, que sustenta a suficiência do registro da 
entidade sindical no Registro Civil das Pessoas Jurídicas; outra, que 
se satisfaz com o registro personificador no Ministério do Trabalho e a 
última, que exige o duplo registro: no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas, para efeito de aquisição da personalidade meramente civil, 
e no Ministério do Trabalho, para obtenção da personalidade sindical) 
–, firmou orientação no sentido de que não ofende o texto da 
Constituição a exigência de registro sindical no Ministério do Trabalho, 
órgão este que, sem prejuízo de regime diverso passível de instituição 
pelo legislador comum, ainda continua a ser o órgão estatal incumbido 
de atribuição normativa para proceder à efetivação do ato registral. 
Precedente: RTJ 147/868, Rel. Min. Sepúlveda Pertence. O registro 
sindical qualifica-se como ato administrativo essencialmente vinculado, 
devendo ser praticado pelo Ministro do Trabalho, mediante resolução 
fundamentada, sempre que, respeitado o postulado da unicidade 
sindical e observada a exigência de regularidade, autenticidade e 
representação, a entidade sindical interessada preencher, 
integralmente, os requisitos fixados pelo ordenamento positivo e por 
este considerados como necessários à formação dos organismos 
sindicais.[ADI 1.121 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 6-9-1995, P, DJ 
de 6-10-1995.]= ADPF 288 MC, rel. min. Celso de Mello, decisão 
monocrática, j. 21-10-2013, DJE de 25-10-2013= ADI 3.805 AgR, rel. 
min. Eros Grau, j. 22-4-2009, P, DJE de 14-8-2009 
 
Eduardo Gabriel Saad62 leciona que: 
 
O sindicato, em nosso ordenamento jurídico, tem numerosas e amplas 
atribuições. Umas, inerentes à sua própria natureza de organismo 
profissional e, outras, delegadas pelo Poder Público. Todavia, vemos 
nele, ainda, as características de pessoa jurídica de Direito Privado. 
Não são os sindicatos criados por lei; sua administração é confiada aos 
representantes escolhidos livremente pelos interessados e não são 
designados pelo Estado; seu patrimônio não se integra na Fazenda 
Pública. (SAAD, 2013, p. 706). 
 
Renan Bernardi Kalil63 esclarece que: 
 
Outro elemento que deve ser mencionado para se caracterizar a 
natureza jurídica das entidades sindicais é o fato de representarem 
																																																													
61 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Insconstitucionalidade n. 1.121 MC, rel. 
min. Celso de Mello, j. 6-9-1995, P, DJ de 6-10-1995. Disponivel em 
<http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp?item=173&tipo=CJ&termo=seguran%E7a+p
ublica>. Acesso em: 18 ago. 2017 
62 SAAD, Eduardo Gabriel et al.CLT Comentada. 46. ed. São Paulo: Ltr, 2013. p. 706. 
63 KALIL, Renan Bernardi. As entidades sindicais no ordenamento jurídico brasileiro, 2012. 
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,as-entidades-sindicais-no-
ordenamento-juridico-brasileiro,39873.html#_ednref9. Consulta realizada em: 18 ago. 2017. 
31 
	
interesses coletivos. Trata-se de caráter diferenciador das associações 
de direito privado previstas no Capítulo II do Título II do Código Civil, 
tendo em vista que não se trata simplesmente da associação de duas 
ou mais pessoas, mas de entidade que se constitui para representar 
toda a categoria profissional ou econômica. Ademais, os objetivos são 
de conhecimento prévio, quais seja, a representação, promoção e 
defesa dos interesses da categoria profissional ou econômica. 
 
Assim sendo, não restam dúvidas de que, como qualquer pessoa 
jurídica de direito privado, os sindicatos têm que ser registrados em cartórios de 
registro de pessoas jurídicas. 
Quanto à finalidade das entidades sindicais, José Carlos Arouca64 
abrange que: 
Até 1988 as organizações sindicais tinham por fim o estudo, defesa e 
coordenação dos interesses profissionais ou econômicos, conforme 
especificava o art. 511 da CLT. Diferentemente, a Constituição, no 
inciso III do art. 8º, firmou que lhes cabe a defesa de direitos e 
interesses individuais e coletivos. (AROUCA, 2012, p. 88). 
 
Diante disso, a sua finalidade está intimamente ligada às funções que 
desempenham e que são desenvolvidas em nome dessa finalidade. 
 
 
2.2 As funções dos sindicatos 
 
Quanto às funções do sindicato, há certa uniformidade doutrinaria. 
 
2.2.1. Função negocial ou regulamentar 
 
A função negocial tem por objetivo criar normas para melhoria das 
condições de vida e de trabalho que traduzam os interesses de seus 
representados. 
É o poder conferido aos sindicatos concretizados quando da 
celebração de convenções e acordos coletivos de trabalho, onde são fixadas 
regras a serem aplicáveis nos contratos individuais, cabível à esfera de 
representação dos sindicatos acordantes. 
A Organização Internacional do Trabalho tem a Convenção de n. 
15465 que versa sobre a promoção da negociação coletiva, ratificada pelo Brasil. 
																																																													
64 AROUCA, José Carlos. Organização sindical: pluralidade e unicidade. Fontes de custeio. 
Revista do TST. Vol. 78, n. 2, p.88, São Paulo, abr/jun 2012. 
65 BRASIL. OIT (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO). Convenção 154. 
Disponível em: http://www.oitbrasil.org.br/node/503. Acesso em: 05 jan. 2017. 
32 
	
O artigo 8º, inciso VI, da Constituição Federaliii traz a função negocial 
como prerrogativa exclusiva dos sindicatos, salvo quando a categoria estiver 
inorganizada em sindicato, quando atuará a Federação e, na falta desta, a 
Confederação. (artigo 611, §2º, da CLT66). 
O artigo 7º, inciso XXVI, da Constituição Federaliv, reconhece as 
convenções coletivas de trabalho, dispondo que “São direitos dos trabalhadores 
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho”. 
A previsão da convenção coletiva está no caput do artigo 611 da 
CLT67 e traz que a “ Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter 
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias 
econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no 
âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.”. 
A reforma trabalhista, Lei 13.467/201768, acrescentou os artigos 611-
A e 611-B, sendo que aquele prevê a prevalência do negociado sobre o legislado 
para situações taxativas, discriminadas em seus incisos, e este, a licitude quando 
a convenção coletiva ou de acordo coletivo, exclusivamente, suprimirem ou 
reduzirem direitos também especificados no artigo respectivo. 
Recentemente o Plenário do STF no julgamento do RE 895.75969, 
assim decidiu: 
 
Conforme assentado pelo Plenário do STF no julgamento do RE 
590.415 (rel. min. Roberto Barroso, DJE de 29-5-2018, Tema 152), a 
CF ‘reconheceu as convenções e os acordos coletivos como 
instrumentos legítimos de prevenção e de autocomposição de conflitos 
trabalhistas’, tornando explícita inclusive ‘a possibilidade desses 
instrumentos para a redução de direitos trabalhistas’. Ainda segundo 
esse precedente, as normas coletivas de trabalho podem prevalecer 
																																																													
66 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidaçãodas leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 05.01. 
2017. 
67 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 05.08. 
2017. 
68 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Código Civil. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 
2017. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13467-13-julho-2017-
785204-norma-pl.html. Consulta realizada em: 28.08. 2017. 
69 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário nº. 895.759, rel. min. Teori 
Zavascki, j. 8-12-2016, 2ª T, DJE de 23-5-2017. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp?item=137&tipo=CJ&termo=37. Consulta 
realizada em: 24. 08.2017. 
33 
	
sobre ‘o padrão geral heterônomo, mesmo que sejam restritivas dos 
direitos dos trabalhadores, desde que não transacionem setorialmente 
parcelas justrabalhistas de indisponibilidade absoluta’. É válida norma 
coletiva por meio da qual categoria de trabalhadores transaciona o 
direito ao cômputo das horas in itinere na jornada diária de trabalho em 
troca da concessão de vantagens de natureza pecuniária e de outras 
utilidades. [RE 895.759-AgR-segundo, rel. min. Teori Zavascki, j. 8-
12-2016, 2ª T, DJE de 23-5-2017.]. 
 
O artigo 616 da CLT70 traz expressamente que os sindicatos devem 
negociar já que essa é a função precípua dos sindicatos e, caso se recusem, 
poderão os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar, 
recorrerem à federação, na falta desta, à confederação e, caso essa também 
se recuse, podem celebrar diretamente com a empresa. 
Saliente-se apenas, que, caso o sindicato queira negociar e a outra 
parte não queira, não há previsão ou punição expressa para que o mesmo atinja 
seu objetivo, mas é possível buscar reparação caso constatada a prática 
antissindical. 
Maurício Godinho Delgado71 ensina que é através dessa função que: 
 
[...] entes buscam diálogos com os empregadores e/øu sindicatos 
empresariais com vistas à celebração dos diplomas negociais 
coletivos, compostos por regras jurídicas que irão reger os contratos 
de trabalho das respectivas bases representadas [...]. ( DELGADO, 
2014, p. 1406). 
 
Essa função que objetiva a elaboração de normas para melhoria de 
condições de vida e de trabalho que exprimam os interesses de seus 
representados. 
 
2.2.2 Função assistencial 
 
A função assistencial é a imputação conferida pela lei, normas 
estatutárias e regulamentos dos sindicatos para que estes proporcionem 
serviços aos seus representados, contribuindo para o desenvolvimento regular 
e pleno do ser humano. 
																																																													
70 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 01.09. 
2017. 
71 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13ª ed. SÃO PAULO: LTR, 
2014, P.1406. 
34 
	
Para muitos autores, essa função não deveria mais ser do sindicato 
após a Constituição Federal de 1988, já que as entidades sindicais deixaram de 
ser um braço do poder Público. 
Amauri Mascaro Nascimento72 traz vários exemplos de atividades 
assistenciais previstas na CLT, “como educação (art. 514, parágrafo único, b), 
saúde (art. 592), colocação (art. 513, parágrafo único), lazer (art. 592), fundação 
de cooperativas (art. 514, parágrafo único, a) e serviços jurídicos (arts. 477, § 1º, 
500, 513, 514, b, e Lei n. 5.584, de1970, art. 18)”. (NASCIMENTO, 2011, 
p.1305). 
Maurício Godinho Delgado73 prevê que a função assistencial: 
 
Consiste na prestação de serviços a seus associados ou, de modo 
extensivo, em alguns casos, a todos os membros da categoria. Trata-
se, ilustrativamente, de serviços educacionais, médicos, jurídicos e 
diversos outros. (DELGADO, 2014, p.1407). 
 
Desse modo, a função assistencial é respeitável para os sindicatos, 
até mesmo por apoio aos trabalhadores, mas, como visto, não deve ser 
entendida como função principal. 
 
2.2.3 Função de representação 
 
O artigo 8º, inciso III, da Constituição Federal de 1988v, eleva a função 
de representação da categoria à garantia constitucional ao prever que “ao 
sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da 
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. 
O artigo 513 da CLT74 traz em sua alínea a, como prerrogativa dos 
sindicatos a função de “[...] representar, perante as autoridades administrativas 
e judiciárias os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou 
interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão 
exercida”. 
																																																													
72 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2011, p. 1305. 
73 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso De Direito Do Trabalho. 13ª ed. SÃO PAULO: LTR, 
2014, p. 1407. 
74BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei nº 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 01.09. 
2017. 
35 
	
O dispositivo permite que o sindicato seja parte nos 
processos judiciais em dissídios coletivos para resolver os conflitos jurídicos ou 
de interesses, e nos dissídios individuais de pessoas que fazem parte da 
categoria, exercendo assim a substituição processual. Vejamos os 
entendimentos da Suprema Corte: 
 
Esta Corte firmou o entendimento segundo o qual o sindicato tem 
legitimidade para atuar como substituto processual na defesa de 
direitos e interesses coletivos ou individuais homogêneos da categoria 
que representa. (...) Quanto à violação ao art. 5º, LXX e XXI, da Carta 
Magna, esta Corte firmou entendimento de que é desnecessária a 
expressa autorização dos sindicalizados para a substituição 
processual [RE 555.720 AgR, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 30-
9-2008, 2ª T, DJE de 21-11-200875.] 
O art. 8º, III, da CF estabelece a legitimidade extraordinária dos 
sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou 
individuais dos integrantes da categoria que representam. Essa 
legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a 
execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar 
de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária 
qualquer autorização dos substituídos. [RE 210.029, rel. p/ o ac. min. 
Joaquim Barbosa, j. 12-6-2006, P, DJ de 17-8-200776.] 
 
Assim, judicialmente, a representação pode ser tanto dos interesses 
individuais como coletivos, sendo, às vezes, em benefício de toda a categoria 
ou somente dos associados. 
Amauri Mascaro Nascimento77 afirma que: 
 
 A função de representação, perante as autoridades administrativas e 
judiciais, dos interesses coletivos da categoria ou individuais dos seus 
integrantes, o que leva à atuação do sindicato como parte nos 
processos judiciais em dissídios coletivos destinados a resolver os 
conflitos jurídicos ou de interesses, e nos dissídios individuais de 
pessoas que fazem parte da categoria, exercendo a substituição 
processual, caso em que agirá em nome próprio na defesa do direito 
alheio, ou a representação processual, caso em que agirá em nome do 
representado e na defesa do interesse deste. (NASCIMENTO, 2011, p. 
1406). 
 
																																																													
75 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinárionº. 555.720. Agravo Regimental, 
voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 30-9-2008, 2ª T, DJE de 21-11-2008. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp?item=173&tipo=CJ&termo=seguran%E7a+pu
blica. Consulta realizada em: 16. 01.2017. 
76 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso extraordinário nº. 210.029, rel. p/ o ac. min. 
Joaquim Barbosa, j. 12-6-2006, P, DJ de 17-8-2007.Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp?item=173&tipo=CJ&termo=seguran%E7a+pu
blicaConsulta realizada em: 16. 01.2017. 
77 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2011, p. 1406. 
36 
	
Mauricio Godinho Delgado78 entende que é a principal função (e 
prerrogativa) dos sindicatos: 
 
O sindicato organiza-se para falar e agir em nome de sua categoria; 
para defender seus interesses no plano da relação de trabalho e, até 
mesmo em plano social mais largo. (...) Essa função representativa, 
lato sensu, abrange inúmeras dimensões. A privada, em que o 
sindicato se coloca em diálogo ou confronto com os empregadores, em 
vista dos interesses coletivos da categoria (aqui a função se confunde 
com a negocial (...) A administrativa, em que o sindicato busca 
relacionar-se com o Estado, visando a solução de problemas 
trabalhistas em sua área de atuação. A pública, em que ele tenta 
dialogar com a sociedade civil, na procura de suporte para suas ações 
e teses laborativas. A judicial, em que atua o sindicato também na 
defesa dos interesses da categoria e de seus filiados. (...) (DELGADO, 
2014, p. 1406/1408). 
 
2.2.4 Função econômica 
 
A função econômica corresponde aos meios utilizados pelo sindicato 
para obter as receitas para a manutenção e desenvolvimento de suas atividades. 
A CLT veda expressamente essa função ao prescrever que: “Às 
entidades sindicais, sendo-lhes peculiar e essencial a atribuição representativa 
e coordenadora das correspondentes categorias ou profissões, é vedado, direta 
ou indiretamente, o exercício de atividade econômica em seu art. 56479”. 
José Claudio Monteiro80 traz uma divisão bastante interessante, onde 
diferencia a função econômica em sentido amplo, como a aquisição de receitas 
e, sentido estrito, restringe ao desempenho de atividades pelo sindicato, nos 
setores industrial, comercial e de serviços. E ainda, que apenas no primeiro 
sentido é permitido, já que “no artigo 548, dispõe sobre o patrimônio das 
associações sindicais estabelecendo que ela se constitui: da contribuição 
sindical, da contribuição social, dos bens e valores adquiridos e das rendas por 
eles produzidos, das doações e legados e das multas e outras rendas eventuais”. 
(BRITO FILHO, 2015, p.142). 
																																																													
78 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito Do Trabalho. 13ª ed. SÃO PAULO: LTR, 
2014, p. 1406/1408. 
79 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 03.07. 
2017. 
80 BRITO FILHO, José Claudio Monteiro. Direito sindical. 5ª ed. São Paulo: LTr, 2015, p.142. 
37 
	
Eduardo Saad81 entende que: 
 
O patrimônio das entidades sindicais é constituído de duas partes 
distintas: uma, representada pela contribuição sindical, de caráter 
compulsório; outra, pela contribuição dos associados, pelos legados, 
etc. E compreensível o controle estatal sobre o uso da primeira parte 
do patrimônio, máxime devido à sua parafiscalidade'. (SAAD, 2013, p. 
752). 
 
Ressalta-se que muitos autores entendem que o artigo 564 da CLT 
não estaria mais em vigor por ser incompatível com a liberdade sindical prevista 
na Constituição Federal, nesse sentido também Maurício Godinho82 afirma: 
 
(...) há duas outras a respeito das quais há certa controvérsia. Trata-
se das funções econômicas e das funções políticas. É que ambas 
estariam vedadas, expressamente, pelo texto legal construído nos 
períodos de autoritarismo no Brasil. Vejam-se, a propósito, o art. 564 
da CLT, proibindo atividade econômica e, a seu lado, os arts. 511 e 
521, “d”, vedando atividades políticas. Tais preceitos celetistas 
vedatórios de atividades sindicais, econômicas e políticas foram 
recebidos pela Constituição de 1988? A resposta é, seguramente, 
negativa. Não há como, na vigência efetiva dos princípios de liberdade 
de associação e de autonomia sindical, assegurados pela Constituição, 
restringir, nessa extensão, as atividades sindicais. Meras razões de 
conveniência do legislador infraconstitucional não são bastantes para 
inibir a força de tais princípios constitucionais. A circunstância de o 
sindicato exercer atividades econômicas para melhor prover suas 
funções sindicais melhor se combina, inclusive, com a noção de 
sindicato livre, pessoa jurídica de direito privado. Ao reverso, a noção 
de sindicato como braço do Estado, pessoa jurídica de Direito Público 
ou exercente de atividades estatais, é que se choca com a autonomia 
econômica da entidade sindical. Neste caso, a proibição de atividades 
econômicas é um dos instrumentos de controles mais eficazes sobre a 
constitucional deflagrada pelos princípios de liberdade e autonomia. 
(DELGADO, 2014, p. 1407) 
 
2.2.5 Função política 
 
O artigo 521, letra d, da CLT83 prevê a vedação da função política ao 
prever que: “São condições para o funcionamento do Sindicato: [...] d) proibição 
de quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades mencionadas no art. 
511, inclusive as de caráter político-partidário.”. 
																																																													
81 SAAD, Eduardo Gabriel et al.CLT comentada. 46. ed. São Paulo: Ltr, 2013. p. 752. 
82 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13ª ed. São Paulo: LTr, 2014, 
p.1407. 
83 BRASIL. Brasília, DF: Câmara dos Deputados. Decreto-lei n.º 5.452, de 1.º de maio de 1943. 
Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Consulta realizada em: 01.09. 
2017. 
38 
	
José Carlos Arouca84 entende que a função política “é a própria dos 
partidos constituídos para esse fim”, mas, deixa claro que o sindicato exerce 
função política quando em busca de seus objetivos, mas está impedido é de 
dedicar-se ao exercício de atividade político partidária. (AROUCA, 2013, p.154). 
Mauricio Godinho85 continua a citação acima ao tratar da função 
política: 
A mesma reflexão aplica as atividades políticas. O fato de não se 
recomendável a vinculação de sindicatos a partidos políticos e sua 
subordinação a linhas político-partidárias, pelo desgaste que isso pode 
trazer à própria instituição sindical, não se confunde com a ideia de 
proibição normativa de exercício eventual de ações políticas. A 
propósito, inúmeras questões aparentemente de cunho apenas político 
podem, sem dúvida, influenciar, de modo relevante, a vida dos 
trabalhadores e de seus sindicatos. Ilustrativamente, é o que se passa 
com a política econômica oficial de certo Estado, que pode alterar, de 
maneira importante, a curva de emprego/desemprego na respectiva 
sociedade. Nesse quadro é lícito vedar ao sindicato postar-se contra 
ou a favor de tal política? Certamente que não, sob pena de os 
princípios de liberdade sindical e de autonomia dessas entidades se 
transformarem em inegável simulacro. (DELGADO, 2014, p. 1408). 
 
Amauri Mascaro Nascimento86 conclui também que: 
Com o desemprego e a necessidade de treinamento para novas 
funções, o sindicato tem colaborado com os desempregados na 
procura de novas colocações e na sua requalificação profissional 
mediante ursos destinados a esse fim. Em alguns países, o sindicato 
participa diretamente da elaboração

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