Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
.. ..._ :, dimensionamento humano para espaços interiores Editorial Gustavo Gili, SL Rosselló 87-89, 08029 Barcelona, Espanha. Tel. +34 93 322 81 61 Praceta Notícias da Amadora 4-B, 2700-606 Amadora, Portugal. Tel. 21 491 09 36 ~ o 1 ~ ~ dimensionamento humano / 1 para espaços interiores <1 ~ Um livro de consulta e referência para projetos Julius Panero, Martin Zelnik GG® Dedicatória Àquele pequeno grupo de pesquisadores especialistas no campo da antropometria, sem cujos conhecimentos, visão e sensibilidade a respeito da importância das dimensões humanas e sua relação com o processo de projetar, este livro certamente não poderia ter sido escrito. · Nota de edição Por motivos de adaptação deste livro aos sistemas de medida e peso usados pelos países de líogua portuguesa optamos por eliminar os dados referentes à medida e ao:. peso da versão inglesa original - valores em polegadas, libras, etc. Acreditamos que, dessa maneira, a leitura do livro será muito mais fácil e direta, sem que prejudique a sua qualidade e contéudo. Título original: Human dimension & interior space. A source book of design reference standards publicado por Watson-Guptil Publications, New York. Tradução: Anita Regina Di Marco, arquiteta Desenho da capa: Toni Cabré/Editorial Gustavo Gili, SL, Barcelona 1 ª edição, 4ª impressão, 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação protegida por copyright pode ser utilizada ou reproduzida de qualquer forma ou por quaisquer meios - gráfico, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou sistemas de armazenamento e transmissão de dados - sem autorização por escrito da Editora. A Editora não se pronuncia, expresa ou implicitamente, a respeito da acuidade das informações contidas neste livro e não aceitará qualquer responsabilidade legal em caso de erros ou omissões. © Julius Panero e Martin Zelnik e para a presente edição: © Editorial Gustavo Gili, SL, Barcelona, 2002 Printed in Spain ISBN: 978-84-252-1835-4 Impressão: Gráficas 92, SA, Rubí, (Barcelona) ÍNDICE ·'"' .... ADVE·RTÊNCIA .................................................... ·.. .. .. .. . .. .. .. . .. .. .. . . .. .. 9 AGRADECIMENTOS........................................................................ 1 O PREFÁCIO........................................................................................ 12 INTRODUÇÃO ............ : .. ,.................................................................. 15 A - DIMENSÃO HUMANA/ ANTROPOMETRIA............................ 21 1. TEORIA ANTROPOMÉTRICA................................................ 23 1.1. ANTROPOMETRIA . .. ... ... . .. . . .. .... .. . . .. . .... .. . .. .. .. . .. .. .. ... .. .. .. 23 1.2. FONTES DE DADOS ............................. u ................. ·..... •• 26 1.3. TIPOS DE DADOS.: ........ :............................................... 27 1.4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS .................................. :. 31 1.5. PERCENTIS ................................................... ~................ 34 1.6. VARIABILIDADE E CONFIABILIDADE ............. · ......... ;... 36 2. DADOS ANTROPOMÉTRICOS/ APLICAÇÃO...................... 37 2.1. ADEQUAÇÃO ........................................................ ;......... 37 2.2. A FALSA IDÉIA DO "HOMEM MÉDIO" ....................... ~.. 37 2.3. ALCANCE, ESPAÇO LIVRE E REGULAGEM................ 38 2.4. AS DIMENSÕES OCULTAS .............................. -.............. 38 2.5. PESSOAS EM MOVIMENTO.......................................... 40 2.6. NÍVEIS DE ARTICULAÇÃO MOTORA .......................... 43 2.7. RESTRIÇÕES ................................................................ 43 3. IDOSOS E PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS FÍSICAS .... 47 3.1. IDOSOS .......................................................................... 47 3.2. PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS FÍSICAS................ 50 3.3. USUÁRIOS DE CADEIRAS DE RODAS........................ 50 3.4. PORTADORES D.E DEFICIÊNCIAS FÍSICAS COM MOBILIDADE.................................................................. 55 4. ANTROPOMETRIA DOS ASSENTOS .................................. 57 4.1. DINÂMICA DO SENTAR-SE .......................................... 57 4.2. ANÁLISES ANTROPOMÉTRICAS .. .. . . ... .. . . ... .. .. ... .. .. .. .. . 60 4.3. ALTURA DO ASSENTO.................................................. 60 4.4. PROFUNDIDADE DO ASSENTO .................................. 63 4.5. ENCOSTO .. .. .. .. .. .. . . . ...... .. .. .. .. .. .. . . .. . .. .. . .. .. .. ..... .. .. . . . .. .. .. . .. 65 4.6. APOIOS PARA OS BRAÇOS.......................................... 66 4.7. ESTOFAMENTOS .......................................................... 67 5 B - DIMENSÃO HUMANA /TABELAS ANTROPOMÉTRICAS .... 69 1. ANÁLISE METROLÓGICA .................................................... 73 2. ADULTOS, SEXO MASCULINO E FEMININO PESO E DIMENSÕES CORPORAIS ESTRUTURAIS.......... 83 3. ADULTOS, SEXO MASCULINO E FEMININO DIMENSÕES CORPORAIS ESTRUTURAIS VARIADAS .... 97 4. ADULTOS, SEXO MASCULINO E FEMININO DIMENSÕES CORPORAIS FUNCIONAIS............................ 99 5. ADULTOS, SEXO MASCULINO E FEMININO DIMENSÕES CORPORAIS (1985) ........................................ 101 6. ADULTOS, SEXO MASCULINO POSIÇÕES DE TRABALHO .................................................. 103 . 7. CRIANÇAS DE 6 A 11 ANOS PESO E DIMENSÕES ESTRUTURAIS DO CORPO .......... 105 8. ADULTOS, SEXO MASCULINO DIMENSÕES DA CABEÇA, FACE, MÃO E PÉS .................. 111 9. ARTICULAÇÃO MOTORA ...................................................... 113 C - ESPAÇOS INTERIORES/ PADRÕES REFERENCIAIS BÁSICOS DE PROJETO ............................................................................ 121 1. ASSENTOS ............................................................................ 125 2. ESPAÇOS RESIDENCIAIS .................................................... 13'1 2.1. ÁREAS DE ESTAR ........................................................ 133 2.2. ÁREAS DE REFEIÇÕES ................................................ 139 2.3. DORMITÓRIOS .............................................................. 149 2.4. COZINHAS ...................................................................... 157 2.5. BANHEIROS .................................................................. 163 3. ESCRITÓRIOS ...................................................................... 169 3.1. ESCRITÓRIO PRIVADO ................................................ 171 3.2. ESCRITÓRIO COLETIVO .............................................. 175 3.3. ÁREAS DE RECEPÇÃO ................................................ 187 3.4. SALAS DE REUNIÕES .................................................. 191 4. ESPAÇOS COMERCIAIS ..... ................................................. 195 4.1. LOJAS ............................................................................ 197 4.2. LOJAS DE ALIMENTOS ................................................ 205 4.3. CABELEIREIROS ...... .... .................................................. 209 6 5. ESPAÇOS DE ALIMENTAÇÃO .............................................. 213 5.1. BARES ............................................................................ 215 5.2. BALCÕES DE ALIMENTAÇÃO ...................................... 219 5.3. RESTAURANTES ............................................................ 223 6. ESPAÇOS SANITÁRIOS ........................................................ 231 6.1. SALAS DE ATENDIMENTO MÉDICO ............................ 233 6.2. SALAS DE ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO ............ 237 6.3. ÁREAS HOSPITALARES ................................................ 241 ., ... ... 7. ESPAÇOS DERECREAÇÃO E LAZER ................................ 247 7.1. ÁREAS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS .............................. 249 7.2. ESPORTES E JOGOS .................................................... 255 7.3. CENTROS DE ARTES E OFÍCIOS ................................ 259 8. ESPAÇOS PÚBLICOS .................................. · .......................... 263 8.1. ESPAÇOS DE CIRCULAÇÃO HORIZONTAL ................ 265 8.2. ESPAÇOS DE CIRCULAÇÃO VERTICAL ...................... 271 8.3. SANITÁRIOS PÚBLICOS .............................................. 275 8.4. INFRA-ESTRUTURA DE APOIO .................................... 279 9. ESPAÇOS AUDIOVISUAIS .................................................... 283 9.1. DADOS PRELIMINARES ................................................ 285 9.2. EXIBIÇÃO EM ZONAS DE TRABALHO ........................ 289 9.3. EXIBIÇÃO PARA GRUPOS ............................................ 293 D - EPÍLOGO ............................................................................ 299 E - APÊNDICE .......................................................................... 309 NOTAS ........................................................................................ 311 GLOSSÁRIO .............................................................................. 313 DADOS ANTROPOMÉTRICOS/ FONTES .............................. 315 BIBLIOGRAFIA SELECIONADA ................................................ 316 ÍNDICE REMISSIVO .................................................................. 318 7 ADVERTÊNCIA Nas últimas décadas, houve uma preocupação com a documentação e descrição da variabilidade das dimensões humanas e com sua apli- cação aos projetos. Entretanto, continua a existir um problema significati- vo na divulgação deste conhecimento para a grande variedade de poten- ciais usuários, a comunidade de design e de projeto. A diversidade deste grupo de usuários é ampla, indo desde designers de locais específicos de trabalho como cabinas de aeronaves ou escritórios, passando por estilis- tas e fabricantes de roupas, chegando até os projetistas de respiradores e outros equipamentos de proteção. São igualmente diversas as necessi- dades dos usuáriqs. Por exemplo, no projeto de um escritório, o uso de uma dimensão como a circunferência do pescoço é bastante reduzido, enquanto que um estilista ou fabricante de roupas podem considerar vital tal informação. Além disso, os usuários, em geral, precisam de informações sobre diferente? segmentos da população, como crianças, universitários, pes- soal de escritório ou operários, e cada usuário pode exigir um tipo dife- rente de análise ou apresentação dos dados. É, portanto, muito útil para os estudiosos da antropometria comunicar-se efetivamente com cada um dos vários especialistas nos ramos específicos a cada problema de proje- to e de design. Nesse sentido, é gratificante perceber que os autores deste livro, ambos profissionais experientes em seus campos de atuação, empre- enderam a complexa tarefa de preencher esta lacuna, não só trazendo a arquitetos e designers as mais valiosas informações do campo da antropometria, de uma maneira prática, como também por trazer à tona, e de forma tão persuasiva, o conceito de que existe uma grande fonte de informações relevantes sobre as dimensões humanas, cujo uso tem imen- so impacto no aperfeiçoamento dos projetos residenciais e de locais de trabalho. Em sua apresentação, os autores conseguem um excelente ponto de equilíbrio, evitando intimidar o leitor com complexidades técnicas desflecessárias e resistindo à abordagem simplista que, durante muito tempo, ocasionou a errônea impressão de que algumas poucas tabelas de valores resumidos forneceriam respostas a problemas específicos de projeto. Desde muito tempo, defendo a idéia de relacionar os dados básicos da antropometria às necessidades específicas do designer e do arquiteto, e agora percebo com gratidão o claro tratamento dado pelos autores a públicos especiais. Os reais beneficiários finais serão os usuários de escritórios, as crianças, os deficientes, para citar apenas alguns dos gru- pos consumidores com necessidades especiais. John T. McConville, Ph.D. Projeto de Pesquisa em Antropologia, lnc. 9 10 AGRADECIMENTOS ·'"' .', Sem certas informações básicas da antropometria, este livro não poderia ter sido escrito. Portanto, gostaríamos de expressar nosso reconhecimento ao Dr. Howard Stoudt, ex-membro da Escola de Saúde Pública de Harvard (Harvard School of Public Health) e seus colegas que, juntamente com Jean Roberts do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos (U.S. Public Health Service), prepararam um estudo do peso, altura e outras dimensões corporais selecionadas de adultos. Este estudo constitui-se em uma das mais atuais e abrangentes fontes de consulta a dados já publicados sobre o tema, em relação à população civil. Nossa adaptação deste levantamento serve como base para muitos dos padrões referenciais de projeto desenvolvidos na Parte C deste livro. Gostaríamos ainda de agradecer ao Dr. Stoudt, membro tam- bém no corpo docente do Departamento de Ciências da Saúde na Comunidade da Universidade do Estado de Michigan, pelos dados adicio- nais que compartilhou conosco e por seu estímulo, durante as primeiras etapas de preparação deste livro. Com relação às informações antropométricas já publicadas, não podemos nos esquecer de mencionar os três volumes do livro Anthropometric Source Book, referência básica em antropometria, com- pilado e editado de forma brilhante pela NASA (National Aeronautics and Space Administration), com autoria do Dr. John McConville e seus cole- gas no Anthropology Research Project, lnc., em Yellow Springs, Ohio. O Laboratório Aeroespacial de Pesquisas Médicas, na Base Aérea de Wright-Patterson em Ohio, também serviu como fonte preciosa de informações. Nossa dívida se estende ainda a Charles E. Clauser, atual responsável pelo Programa de Antropometria da Força Aérea Americana, e seus colegas, Dr. Kenneth Kennedy e Milton Alexander, por seus comentários e estímulo, e ainda por colocar alguns dados a nossa disposição. Nossa gratidão a três notáveis engenheiros da área de ergonomia, cujos estimulantes artigos e livros relativos à antropometria e à ergono- mia aumentaram nosso interesse e curiosidade nessa investigação sobre a aplicação dos dados antropométricos na arquitetura e no design de interiores: Archie Kaplan, Charles Mauro e Wesley Woodson. Finalmente, gostaríamos de expressar nossos agradecimentos a Carl P. Mason, do Laboratório de Pesquisa em Bioengenharia do Veterans Administration Prosthetics Center; ao Dr. John Fruin, enge- nheiro pesquisador do Porto de Nova York e Nova Jersey e autor do livro Pedestrian Planning and Design; e ao professor Michael Trencher da Escola de Arquitetura do Instituto Pratt, por compartilharem conosco seus conhecimentos técnicos relativos a aspectos específicos de nossa pesquisa. Em um reconhecimento mais pessoal, nossa admiração e gratidão a Jamie Panero, filho de um dos autores que, com a firmeza de propósitos de um assistente de pesquisa de graduação, ajudou-nos na coleta de dados e foi responsável pela conversão à escala métrica de grande parte dos mesmos. Devemos fazer ainda menção especial a uma antiga aluna de design de interiores, Pamela Kingsbury, que assumiu a maior respon- sabilidade pelas ilustraçQes, gráficos, tabelas e desenhos. Não só sua habilidade e técnica foram da maior qualidade, mas também seu devota- mento e lealdade infindáveis para o desenvolvimento deste projeto trans- cenderam qualquer compreensão humana do termo "dedicação". 11 12 PREFÁCIO Um dos perigos ao se escrever um livro como este está no fato de lidar com uma área de estudo ampla demaispara ser tratada de forma satisfatória. As dimensões humanas e os espaços interiores, por sua própria natureza, são bastante propícios a tal erro de julgamento. Não é preciso grande imaginação para reconhecer a quantidade de disciplinas relacionadas com esta área: ergonomia, antropometria, biomecânica, arquitetura, design de interiores, psicologia ambiental. A lista é quase infindável. Cada disciplina e suas subáreas qualificam tópicos legítimos para a criação de toda uma série de livros. O problema, portanto, é evitar desviar-se em uma área de estudo muito grande e correr o risco de tratar o assunto de forma superficial ou, inversamente, dentro de uma gama muito estreita, limitando demasiado a matéri_a. Esperamos ter evitado tais armadilhas. A medida dq sucesso, entretanto, pode ser melhor avaliaçja dentro do contexto do objetivo deste livro. As profissões de arquitetura e design de interiores têm uma grande quantidade de referenciais que tratam de critérios gerais de projeto e planejamento. Entretanto, uma quantidade insuficiente desse material está dirigida especificamente a uma verdadeira adequação, ou interface, entre o corpo humano e os vários_ componentes individuais dos espaços interiores. Do material disponível, grande parte baseia-se exclusiva- mente em práticas comerciais, sendo muitas delas desatualizadas, ou em julgamentos pessoais daqueles que preparam tais padrões. Com poucas exceções, a maior parte dos padrões de referência simples- mente não estão baseados em dados antropométricos suficientemente fundamentados. Isto é compreensível em função da pequena quantidade de dados disponíveis, forma de apresentação da maior parte deles, difícil acesso a tais dados para o arquiteto ou designer e, até muito recentemente, a falta de fontes centralizadas de referência sobre tais informações. Entretanto, como defesa parcial de uma abordagem pragmática subja- cente à preparação de muitos dos padrões de desenho atualmente em uso, deve-se reconhecer que o uso de dados da antropometria não subs- titui um projeto ou um parecer profissional correto. Ele deve ser visto como uma das muitas ferramentas de um projeto. Nos últimos anos, em função da necessidade premente de obtenção de tais informações por parte dos arquitetos, designers de pro- dutos e engenheiros ergonômicos, os dados antropométricos tornaram- -se mais acessíveis. Contudo, nem todos são apresentados sob a me- lhor forma para utilização pelos profissionais de arquitetura ou de design. Nem todos os dados são aplicáveis à natureza de problemas específicos de projeto destas profissões. Além disso, seu acesso ainda se dá em termos de fontes relativamente estranhas aos arquitetos e designers, exigindo consulta a uma grande variedade de fontes para conhecer-se o tipo de dado existente. No entanto, o importante é que, pouco a pouco, os dados antropométricos têm ficado cada vez mais acessíveis, tanto no mercado nacional quanto no internacional. Com o crescimento da população mundial, com o aumento das explorações espaciais, do comé·rcio inter- nacional, do marketing de serviços e produtos e, à medida que a sociedade, de modo ge~I, dá maior prioridade à qualidade de vida, espera-se que o conjunto de tais dados seja cada vez mais intenso e abundante. Os arquitetos e os profissionais de design devem saber fazer uso desses dados, buscando mais informações com relação à sua apli- cação no projeto. E mais, deveriam ainda fornecer aos estudiosos da antropometria informações relativas ao tipo e forma dos dados necessários às suas profissões. Em relação ao papel dos designers industriais no futuro desenvolvi- mento da antropometria, Mauro indica que o impulso daquele papel "está na definição de suas necessidades em termos compreensíveis pela pesquisa antropométrica". O mesmo deve ser aplicado ao arquite- to e ao designer de interiores. Os objetivos gerais deste livro, portanto, são os seguintes: 1. Desenvolver a consciência por parte do arquiteto, designer de inte- riores, construtor, fabricante e usuário sobre a importância da antropometria, uma vez que ela está relacionada à adaptação humana aos espaços interiores. 2. Fornecer ao arquiteto e designer uma compreensão básica da antropometria e da natureza, origem, limitações e aplicações ade- quadas dos dados envolvidos. 3. Fornecer ao arquiteto e ao designer uma fonte de dados antropométricos relevantes à natureza dos problemas de projeto, mais freqüentemente encontrados por estes profissionais, e apre- sentá-los de maneira adequada. 4. Com base nestes dados, propiciar àqueles profissionais uma série de padrões referenciais gráficos, analisando a interface do corpo humano com os componentes físicos de alguns espaços interiores considerados protótipos para morar, trabalhar ou divertir-se. Como conseqüência, o livro é dividido em três seções principais. A Parte A procura familiarizar o arquiteto e o designer com elementos da antropometria em termos de teoria, limitações e sua aplicação. São tam- bém discutidos problemas antropométricos especiais de deficientes físi- cos e idosos, além de uma abordagem sobre os assentos. A Parte B consiste exclusivamente em dados antropométricos sob a forma de tabelas e ilustrações afins. A Parte C apresenta uma série de padrões referenciais de projeto, sob a forma de plantas e cortes de interiores típicos, mostrando a relação adequada entre usuário e espaço. Durante o desenvolvimento da pesquisa para a elaboração do livro, constatamos que muitas de nossas justificativas, quanto à necessidade da utilização desses dados como ferramentas de projeto, foram con- tínuas e, em alguns casos, dramaticamente reforçadas. Tudo isso evi- denciou ainda mais a urgência para publicar o livro. Queríamos compar- tilhar um pouco do que aprendemos e ainda oferecer sugestões para ações mais adequadas. Portanto, o Epílogo contém alguns exemplos de 13 14 como a falta de sensibilidade em relação às dimensão humanas, no pro- jeto de vários componentes de espaços interiores, pode ocasionar não apenas desconforto ao usuário, mas também, em alguns casos, lesões corporais e até mesmo a morte. -INTRODUÇAO Data de muitos séculos a fascinação de filósofos, artistas, teóricos e arquitetos com as dimensões do corpo humano. No mais completo tratado de arquitetura remanescente da antiguidade, Vitrúvio, que viveu no século Ia.e. em Roma, escreveu: "O corpo humano é de tal forma projetado pela natureza que o rosto, do queixo até o topo da testa e a mais baixa raiz dos cabelos, é a décima parte de toda sua altura; a mesma medida tem a mão aberta do pulso até a ponta do dedo médio; a ponta do queixo à coroa da cabeça equivale a um oitavo de sua altura; e incluindo o pescoço e ombro, do topo do peito até a mais baixa raiz de cabelo é um sexto; do meio do peito ao topo da cabeça é um quarto. Se tomarmos a altura da face, a distância da parte inferior do queixo até a parte inferior das nari- nas é um terço dela; o nariz, a partir da parte inferior das nariAas, até uma linha entre as sobrancelhas é igual; daí até a mais baixa raiz dos cabelos é também um terço, compreendendo a testa. O comprimento do pé é um sexto da altura do corpo; o do antebraço, um quarto. Os outros membros também têm suas próprias proporções simétricas e foi com o uso dessas proporções que os famosos pin- tores e escultores da antiguidade atingiram renome mundial. ... Uma vez mais, o ponto central no corpo humano é naturalmente o umbi- go. Se um homem for colocado deitado de costas, com mãos e pés estendidos e um compasso for centrado em seu umbigo, os dedos das mãos e dos pés irão tocar a circunferência descrita a partir daquele ponto. E da mesma forma que o corpo humano permite um traçado circular, uma figura quadrada também pode surgir dele. Pois, se medirmos a distânciadas solas dos pés até o topo da cabeça, e então aplicarmos a medida aos braços estendidos e abertos, a amplitude encontrada será a mesma que a altura, como no caso de superfícies planas que são perfeitamente quadradas." 1 Vitrúvio não estava preocupado apenas com as proporções do corpo, mas também com suas implicações metrológicas. Em uma alu- são ao projeto dos templos gregos, ele nos diz: "Eles extraíam dos mem- bros do corpo humano as dimensões proporcionais, que pareciam necessárias em todas as operações construtivas, o dedo ou polegada, o palmo, o pé, o cúbito." 2 Durante a Idade Média e a propósito do corpo humano, o monge Dionísio escreveu que esta dimensão equivale a "nove vezes a altura da cabeça" 3 , enquanto o italiano Cennino Cennini, no século XV, descrevia o comprimento de um homem como igual a sua largura com braços estendidos 4. Durante o Renascimento, Leonardo da Vinci criou seu famoso desenho sobre a figura humana, baseado no homem- -padrão vitruviano (figura 1-1 ). Em meados do século XIX, John Gibson e J. Bonomi também iriam reconstruir a figura vitruviana (figura 1-2), e mais de 2000 anos depois que Vitrúvio escreveu seus dez livros de arquitetura, Le Corbusier iria reacender o interesse no padrão vitru- viano com a criação do Modulor nº 1 (figura 1-3). 15 .,. Fig. 1-1. O famoso desenho da figura humana de Leonardo da Vinci, baseado no homem-padrão de Vitrúvio. Cortesia da foto: Arquivos Bettmann. 16 Fig. 1-2. Homem vitn.lviano de John Gibson e J. Bonomi, Londres, 1857. Fig. 1-3. Modulor de Le Corbusier. TµE PROi- 1 CRTIONS O~ .... HE HUMAN FICURE -- c;;,r.o v. o>-c.- r-Hc u -,..., COIOT •~c•R.c-.Pl e ee').." u~(. T<.v e {·f),."Y .t...t 2-,(. \ 2',..T ~ Pr)-.. cv't \,(~14+'iY .U0Y rt"tW(. k..CIC1'l P>.,. Entretanto, nenhuma discussão sobre proporções e dimensões do corpo humano seria completa sem mencionar a chamada Seção Áurea, nome dado no século XIX à proporção derivada das divisões de uma linha no que Euclides, no ano 300 a.e. na Grécia, chamou "razão média e extrema" 5 • Segundo Euclides, uma linha é cortada em tal proporção somente quando "a linha completa é, em relação ao maior segmento, o que o maior segmento é para o menor''. Embora pelo menos três termos sejam necessários para o estabelecimento de qualquer proporção, o que é absolutamente peculiar em relação à Seção Áurea é que o ter- ceiro termo da proporção é igual à soma dos outros dois. Tão fascinante era essa noção da Seção Áurea, que no início do século XVI, Luca Paccoli, grande amigo de Leonardo da Vinci, e provavelmente o mais famoso matemático da época, escreveu um tratado sobre o assunto chamado Divina Proportione 6 , no qual dotava a Seção Áurea de várias propriedades místicas tanto na ciência quanto na arte. Argumentava, por exemplo, que poderia detecta·r "um princípio estético encontrado nas formas arquitetônicas, no corpo humano, e mesmo nas letras do alfabeto latino"7 • Já foi afirmado que a proporção da chamada Seção Áurea é muito superior a todas as outras proporções. Inclusive experiências atuais indicam a preferência da maior parte das pessoas pelas proporções mais próximas da razão média e extrema de Euclides. Tal proporção foi empregada como elemento consciente no projeto arquitetônico du- rante o Renascimento, embora também na arquitetura da antiguidade como na da Idade Média, pode-se ter projetado de acordo com a pro- porção da Seção Áurea. Em tempos mais recentes, seu mais entusias- ta defensor foi Le Corbusier, que em 1948 escreveu um livro sobre pro- porções com base na Seção Áurea. 17 ~ a o a a uº a a o a a o a a a a a a a a mo a a a a o o a o ~ ~ o o a a D a a a o a o o a c:ta o a a a a a o o o a • o o • ~ Fig. 1-4. O corpo humano e a Seção Áurea. 18 A observação mais fascinante sobre a Seção Áurea, entretanto, está relacionada com a figura humana. Se uma linha horizontal for traçada através do umbigo, três medidas diferentes do corpo serão produzidas, conforme se vê na figura 1-4. Uma representa a estatura, ou a distância do topo da cabeça até o chão, outra representa a dis- tância do umbigo até o chão, enquanto a terceira representa a distân- cia do topo da cabeça até o umbigo. Argumenta-se que se as letras indicadas forem substituídas por medidas reais, a razão da estatura em relação à altura do umbigo até o chão geralmente se aproxima a 1,618. A proporção dé3:5 três medidas se conforma basicamente à razão média e extrema~e Euclides. Apesar das tentativas de Vitrúvio de relacionar o corpo humano com o sistema de medidas empregado pelos gregos no projeto dos templos, historicamente, a preocupação básica da humanidade com a figura humana foi mais estética, mais envolvida com proporções que com medidas e funções absolutas. Nas últimas décadas, entretanto, houve um aumento da preocupação com as dimensões humanas e corporais, como fatores decisivos no processo do projetar. Em nenhum outro setor esta preocupação foi maior que no campo da engenharia das configurações do homem, assim chamada nos Estados Unidos, ou Ergonomia, como é chamada na Europa. Deve-se notar, entretanto, que a preocupação pelas dimensões corporais é apenas uma das várias áreas de interesse para o engenheiro ergonômico, ou para o especialista em ergonomia, devido à natureza bastante complexa daquela disciplina. De acordo com uma definição, "a engenharia hu- mana (de configuração do homem, ergonomia, biotecnologia) não é uma simples disciplina científica, mas uma síntese que integra as ciên- cias biológicas - psicologia , antropologia, fisiologia e medicina - com a engenharia."ª A ergonomia já foi definida como "a tecnologia do projeto" que "é baseada nas ciências biológicas humanas: anatomia, fisiologia e psi- cologia" 9 • Em outras circunstâncias foi definida simplesmente como "uma ciência interdisciplinar que estuda as relações entre as pessoas e seus ambientes" 10 • A maior parte concorda que tanto os termos "engenharia humana" quanto "ergonomia" podem ser usados, e neste livro serão utilizadas as duas denominações. A aplicação da engenharia humana tem sido associada a proble- mas tecnológicos muito complexos e limitados no projeto de máquinas e equipamentos. Em geral, os problemas envolvem situações relativa- mente sofisticadas da interface homem-máquina: projetos de centros de controle, de cabinas de aeronaves, consoles eletrônicos e um número infindável de veículos militares de terra, ar e mar. Contudo, hoje em dia, essa engenharia também se relaciona com o setor civil. O projeto de produtos, ambientes de trabalho e veículos de transporte, apenas para mencionar alguns campos, todos necessitam de dados da área de engenharia humana ou ergonomia. Esse campo obteve um notável impulso durante a 11 Guerra Mundial, devido às prementes necessidades de conciliar as capaci- dades humanas com a sofisticação tecnológica do equipamento mili- tar. A possibilidade de erro humano deveria ser eliminada. Os equipa- mentos deveriam ser operados com eficiência máxima sob as mais adversas circunstâncias. Os problemas enfrentados pelo especialista em ergonomia, em termos de complexidade, iam desde um simples controle, como o apertar de um botão, até complicados projetos de consoles para uso em batalha. Mais recentemente, este profissional precisou levar em conta aspectos fisiológicos, psicológicos e antropométricos (o estudo das medidas do corpo humano, ampla- mente discutido na parte A) de problemas de projeto ou design especí- ficos das viagens espaciais. Mais importante, entretanto, era a per- cepção e aceitação básica de que a análise das configurações humanas constituía parte integral do processo de projeto.Entre as mais importantes destas configurações está a dimensão e o tamanho do corpo humano, à medida que se relaciona com a chamada adequação ergonômica do usuário ao ambiente, um aspecto da chamada interface -~ornem-máquina, termo constantemente men- cionado pelos estudiosos da área. A maior parte da aplicação desse tipo de engenharia humana atingiu os setores militar e industrial. Infelizmente, as aplicações de carácter social como aquelas encontradas no projeto dos interiores de nossas casas, escritórios, instalações de saúde, escolas, etc., foram relativamente ignoradas. Fato bastante irônico, quando se constata que grande parte da filosofia da engenharia humana baseia-se na pre- missa de que tudo é projetado para pessoas. Onde, então, o conceito de "projetar a partir do próprio homem" poderia fazer mais sentido do que no campo da arquitetura e design de interiores? O objetivo deste livro, portanto, é concentrar-se nos aspectos antropométricos da ergonomia e aplicar os relativos dados ao projeto de espaços interiores. Isto se dará sob a forma de padrões referenci- ais de projeto, antropometricamente direcionados para garantir que as pessoas sejam atendidas de forma adequada pelos vários compo- nentes dos ambientes internos em que vivem, moram, trabalham, etc., apropriados às variadas dimensões corporais, pesos, idades e condi- ções físicas dos indivíduos. Além disso, os usuários são também diver- sos em variadas etnias e formações culturais. Apesar das variáveis envolvidas, a interface entre usuário e ambi- ente projetado, ou adaptado ao homem, deve garantir conforto, segu- rança e uma vivência eficiente e alegre daquele ambiente. As alturas das superfícies de trabalho de uma cozinha, escritório ou estúdio; os espaços livres para cadeiras ao redor de uma mesa de jantar ou de reuniões; as alturas de prateleiras em apartamentos ou bibliotecas; as larguras de corredores em edifícios comerciais ou residenciais; tudo isso deve refletir as configurações humanas das dimensões corporais. Em geral, por vários motivos, somos solicitados a projetar para um grupo de usuários bastante variado. No outro extremo, podemos desenvolver projetos para um único usuário, ou então, a população usuária pode constituir-se num grupo específico - crianças, idosos, universitários, deficientes físicos, etc. É óbvio que se quisermos responder de forma adequada às necessidades desses usuários, seremos obrigados a reconhecer o estudo das dimensões corporais e suas implicações ergonômicas. 19 ,.,,, A DIMENSAO HUMANA •·'"' ANTROPOMETRIA 21 1 TEORIA ANTROPOMÉTRICA 1.1 ANTROPOMETRIA O interesse histórico sobre o tema da dimensão corporal já foi discutido na Introdução. Entretanto, a ciência que trata especifica- mente das medidas do corpo humano para determinar diferenças em indivíduos e grupos é denominada antropometria. Um trabalho pio- neiro neste campo data de 1870, quando o matemático belga Quetlet publicou seu livro Anthropometrie. A ele credita-se não só a fundação e formalização desta ciência, mas também a criação do próprio termo "antropometria". As origens da antropologia física podem ser busca- das até mesmo antes desse período, no final do século XVI 11, com Linne, Buffon e White que haviam desenvolvido a ciência da antropo- metria racial comparativa. Com o tempo, reuniu-se uma grande quantidade de dados antropométricos. No entanto para o designer e o arquiteto, o impulso de muitos dos esforços nessa área era dado para objetivos de classi- ficação, estudos psicológicos, etc., e não para as implicações ergonômicas das dimensões corporais. Foi somente a partir de 1940 que a necessidade de dados antropométricos, sobretudo na indústria de aviação, começou a desenvolver-se e aumentar. Naturalmente, a li Guerra Mundial trouxe grande impulso a tais pesquisas, e mesmo hoje em dia, é no setor industrial-militar que nasce grande parte dessa pesquisa. Embora a disciplina esteja mais inscrita no campo de ação dos anatomistas e profissionais da antropometria e ergonomia, já é hora dos arquitetos e designers tomarem consciência dos dados disponíveis e de sua aplicação em projetos. Se a antropometria fosse vista como exercício de simples medi- ções e nada mais, os dados dimensionais poderiam ser reunidos de maneira simples e sem esforços. No entanto, nada seria mais errôneo. Há muitas dificuldades e complicadores envolvidos. Um desses fatores é que a dimensão corporal varia com a idade, sexo, raça e mesmo com o grupo ocupacional. Por exemplo, o quadro 1-1 mostra estatísticas de estatura (altura corporal de amostras de vários grupos dos Estados Unidos). A variação na estatura é bastante significativa, indo de 160,5 centímetros para os vietnamitas até 179,9 centímetros para os belgas isto é, uma variação de 19,4 centímetros. 23 Amostra Data Nº Idade(*) Estatura Média Desvio Padrão/DP República do Vietnã 1964 2129 27,2 160,5 5,5 Forças Armadas Tailândia 1964 2950 24,0 163,4 5,3 Forças Armadas República da Coréia 1970 3473 24,7 164,0 5,9 Exército América Latina 1967 733 23,1 166,4 6,1 Forças Armadas (18 países) Irã ...... 1970 9414 23,8 166,8 5,8 Forças Armadas Japão 1962 239 24,1 166,9 4,8 Índia Pilotos da Força Aérea 1969 4000 27,0 167,5 6,0 Exército Repüblica da Coréia 1961 264 28,0 168,7 4,6 Pilotos da Força Aérea Turquia 1963 915 24,1 169,3 5,7 Forças Armadas Grécia 1963 1084 22,9 170,5 5,9 Forças Armadas Itália 1963 1358 26,5 170,6 6,2 Forças Armadas França 1955 7084 18-45 171,3 5,8 Pessoal de Vôo Estados Unidos 1921 96596 24,9 172,0 6,7 Exército (Desmobilização I Guerra) Austrália 1970 3695 21,0 173,0 6,0 Exército Estados Unidos 1965 3091 44,0 173,2 7,2 População Civil Masculina (Levantamento Nacional de Saúde) Estados Unidos 1951 24508 24,3 173,9 6,4 Exército (Dispensados li Guerra) Estados Unidos 1971 6682 22,2 174,5 6,6 Exército (Tropas de solo) Estados Unidos 1971 1482 26,2 174,6 6,3 Exército (Aviadores) Alemanha 1965 300 22,8 174,9 6, 1 Tripulação de tanques do exército Estados Unidos 1954 4062 27,9 175,5 6,2 Força Aérea (Pessoal de Vôo) Grã-Bretanha 1968 200 28,7 177,0 6,1 Força Aérea Britânica e Marinha (Tripulação de vôo) Grã-Bretanha 1965 314 177,2 6,2 Pilotos da Força Aérea Britânica Estados Unidos 1972 2420 30,0 177,3 6,2 Força Aérea (Pessoal de Vôo) Canadá 1965 314 177,4 6, 1 Pilotos da Força Aérea Noruega 1964 5765 20,0 177,5 6,0 Jovens Bélgica 1954 2450 17-50 179,9 5,8 Pessoal de Vôo (*) Valores médios exceto no caso de faixa etária. Quadro 1-1. Estatísticas sobre estaturas (cm) e algumas outras características de 26 amostras. Fonte: Chapanis, Ethnic Variables in Human Factors Engineeríng. 24 ~ o o o o o o o o o o o D o E D () o âo ,.... o C\J D o o o o o o o o o o + t o o o o D o D o D EO º D º-o gD ,.... D o D D o D D D • D ~ Figura 1-1. Comparação da diferença de estatura do nilota mais alto do sul do Sudão com o pigmeu mais baixo da África Central. Dados de Chapanis, Ethnic Variab/es in Human Factors Engineering. - 10 ~ ~ :J'. :l, tb °;!: ~ "' <O C "' "' "' e <C .,., ~ .,., :s ~ "' N .... ,-... Idade Figura 1-2. Mudança de altura conforme idade com base na estatura média para homens e mulheres de 18 a 24 anos. Fonte: National Health Survey. Figura 1-3. Gráfico de barras mostran- do a altura e peso médio de crianças americanas de 6 a 11 anos, por renda familiar anual e escolaridade dos pais. Fonte: National Health Survey. Um exemplo ainda mais acentuado da variabilidade étnica é a diferença em estatura dos homens mais baixos em comparação com osmais altos, conforme figura 1-1. D. F. Roberts observa .que os primei- ros, os pigmeus da África Central, têm uma estatura média de 143,8 centímetros, enquanto que os homens mais altos de nossos registros são os nilotas do sul do Sudão, com uma estatura média de 182,9. centímetros - uma variação de 39, 1 centímetros. 1 A idade é outro fator significativo no estabelecimento das dimen- sões corporais. Em geral, o auge de crescimento ocorre ao redor dos vinte anos para homel')s e, geralmente, alguns anos antes para mu- lheres. Após a maturidade, a dimensão corporal para ambos os sexos diminui com a idade, conforme figura 1-2. Em termos de antropome- tria dos idosos, um estudo feito na Inglaterra indicava que a dimensão corporal das mulheres mais velhas era menor que das mulheres jovens. Observou-se que a diferença poderia ser atribuída não exata- mente ao fato de que a amostra mais velha vinha de uma geração anterior, mas ao próprio processo de envelhecimento. A conclusão do estudo foi a redução na altura de alcance vertical entre os idosos. Fatores socioeconômicos também têm um impacto significativo nessas dimensões. A boa alimentação da população de maior poder aquisitivo cria, por exemplo, indivíduos mais saudáveis e contribui para seu desenvolvimento corporal, conforme figura 1-3. Este aspec- to socioeconômico também reflete o grau de acesso ao ensino supe- rior. Em estudos feitos com estudantes universitários e não-univer- sitários, quase sempre observavam-se maiores estaturas entre os primeiros. Contudo, dentro do mesmo grupo, variações nas dimen- sões corporais são tão importantes que as chamadas "médias" nem sempre são significativas ou suficientes. A tudo isso deve-se acres- centar outras análises como as condições físicas sob as quais os dados foram registrados: o indivíduo estava vestido ou não? Se esta- (/) o a: f-- LU ~ 'i= z LU o ~ 130 LU ALTURA / RENDA FAMILIAR ANUAL Meninos 135 130 ALTURA/ ESCOLARIDADE DOS PAIS <( a: ::) '.J ::5. "' 1 ,,, º 1 f J f:<I l'''>I 1::;J L>t K,'J r:,J f' J l'.t,1 r.t:f º e t . ·I 1 • 11 ·. t 1 1 1 1 l t r t ri menorque S500 S1.000 S2.000 S3.000 $4.000 $5.000 $7.000 $10.000 $ 15.000 0-4 5-7 8 9-11 12 13-15 16 17 $500 $999 Sl .999 S2.999 $3.999 $4.999 $6.999 S9.999 $14.999 ou mais anos anos anos anos anos anos anos anos ouma1s PESO/ RENDA FAMILIAR ANUAL PESO/ ESCOLARIDADE DOS PAIS ·•.;.:, , :: níl ílíl .. ~• CI Jt lt l1 t1Jr· 1, t t t menorque $500 $1 .000 $2.000 $3.000 $4.000 S5.000 S7.000 S10000 $15.000 $500 $999 S1 .999 $2.999 $3.999 $4.999 $6.999 S9.999 S14.999 ou ma,s 0-4 5-7 8 9-11 12 13-15 16 17 anos anos anos anos anos anos anos anos ou mais RENDA FAMILIAR TOTAL ESCOLARIDADE MÁXIMA DOS PAIS 25 26 va vestido, a roupa era leve ou pesada? Estava calçado ou descalço? Apesar da existência de algumas tentativas nacionais e interna- cionais de padronização entre os estudiosos, em relação à terminolo- gia e às definições, freqüentemente, sua eventual ausência complica a interpretação e o significado dos dados registrados. Portanto e em geral, os estudos devem incluir descrições das técnicas usadas com os respectivos diagramas, para uma clara definição dos pontos a par- tir dos quais foram feitas as medições. Não há dúvida de que estes estudos antropométricos não são menos sofisticados ou enfadonhos que qualquer outra investigação no campo das ciências biológicas. Quando se considera que o profissional da antropometria também deve conhecer a área da metodologia estatística, a complexidade e aparente desgaste da disciplina parecem maiores. Além disso, é evi- dente que os responsáveis por tirar as medidas corporais e seus re- gistros devem ser adequadamente treinados para tal. Para o designer de interiores, ou arquiteto, entretanto, deveria ser evidente que os mesmos fatores que contribuem para a complexidade dessa disciplina também necessitam de uma abordagem muito cuida- dosa na aplicação dos dados gerados. É essencial, portanto, que o profissional tenha algum conhecimento sobre a antropometria, seu vocabulário básico, a natureza dos dados disponíveis, as formas em que são apresentados e as restrições envolvidas em sua aplicação. 1.2 FONTES DE DADOS Geralmente, a coleta dos dados antropométricos é uma atividade cara, demorada e relativamente árdua, exigindo observadores habilita- dos, sobretudo se o objetivo for a obtenção de uma amostra nacional verdadeiramente representativa. Portanto, a maior parte das pesquisas nessa área é relativa ao setor militar, e não aos civis da população mun- dial. As razões são óbvias. Antes de tudo, é exatamente dentro desses setores que existe uma necessidade mais intensa de tais dados, para equipar e vestir adequadamente os respectivos exércitos, forças aéreas e marinhas. Segundo, há uma reserva nacional e numerosa de sujeitos disponíveis. Terceiro, os fundos para implementar tais estudos são empenhados e disponibilizados pelos respectivos governos envolvidos. A desvantagem básica em levantamentos militares de massa deste tipo repousa geralmente nas restrições de sexo e idade. Além disso, com freqüência, as medidas têm-se limitado a altura e peso e, em muitos casos, foram coletadas por observadores não habilitados. Entretanto, em 1919 foi feito um levantamento em cerca de 100.000 soldados americanos dispensados. Segundo consta, foi o primeiro estudo a incluir outras medidas além de peso e altura 2 • Pretendia-se utilizá-las no desenho de roupas, mas na verdade tal objetivo não ocorreu. No entanto, durante o período entre guerras, serviu como um padrão de descrição dos americanos. A maior parte das primeiras e bem sucedidas aplicações da antro- pometria no campo do design aconteceu, de fato, durante a li Guerra Mundial e foi baseada em estudos preparados pela Força Aérea Ameri- cana, Força Aérea e Marinha britânicas. Aparentemente, este período re- presentou um ponto de virada, porque desde aquela época, os Estados Unidos, além de muitos outros países, têm realizado extensos estudos antropométricos militares. Um estudo de 1946 feito por Randall, Damon, Benton e Patt - Human Body Size in Military Aircraft and Personnel Equipment - foi citado como uma importante contribuição nesta área 3 • No entanto, relativamente poucos estudos civis antropométricos foram realizados. Talvez, o mais atual e completo estudo de popu- lação civil nos Estados Unidos seja o Levantamento Nacional de Saúde (National Health Survey), do Ministério de Saúde, Educação e Bem-Estar, preparado por Dr. Howard W. Stoudt, Dr. Albert Damon e_ Dr. Ross McFarland, ex-integrantes da Escola de Saúde Pública de Harvard e Jean Roberts do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos.4 Este estudo envolveu uma amostra de probabilidade a nível nacional de mais de 7500 pessoas - não militares - entre 18 e 79 anos, das quais 6672 foram examinadas. Apesar de tudo, a maior parte das pesquisas antropométricas ainda está sendo feita para o setor militar. Todos os ramos de serviço têm seus programas ativos e, em muitas situações, os dados são compartilhados com profissionais do setor privado. Um excelente exemplo é o Anthropometric Source Book, em três volumes. Publi- cado pela NASA, este livro é provavelmente a fonte mais abrangente, que existe atualmente em todo o mundo, sobre dados resumidos das dimensões corporais5 • O Apêndice 1 fornece uma lista de laboratórios militares de antropometria, bem como outras fontes nacionais e inter- nacionais de dados antropométricos. O designer/arquiteto deve uti- lizar os dados com cautela e, nas situações onde a natureza dos problemas de projeto exigir dados mais sofisticados, deve consultar um profissional qualificado neste campo. 1.3 TIPOS DE DADOS São de dois tipos básicos as dimensões corporais com importân- ciano projeto de espaços interiores: estruturais e funcionais. As dimensões estruturais, às vezes chamadas estáticas, incluem medi- das da cabeça, tronco e membros em posições padronizadas. As dimensões funcionais, também chamadas dinâmicas, como o próprio termo sugere, incluem medidas tomadas em posições de trabalho ou durante um movimento associado a determinada tarefa. As primeiras são mais simples e obtidas mais facilmente, enquanto que as últimas são normalmente bem mais complexas. As figuras 1-4 a 1-6 ilustram os instrumentos básicos geralmente empregados na medição de par- tes do corpo e seu uso. Há técnicas e aparelhos bem mais sofisticados, como os sistemas de câmaras fotométricas e outros. Uma olhada em qualquer livro de anatomia é suficiente para sugerir o infindável número de dimensões corporais possíveis. Uma publicação recente contém quase mil medições6 • O número de possibilidades e a terminologia médica envolvida podem intimidar o designer. Por exemplo, "a linha frontomaxilar'' é a distância entre a linha do cabelo no meio da testa e o ponto médio da borda inferior do queixo, enquanto que a linha "mento-supramental" é a distância entre o queixo e o lábio inferior. Tais dados podem ser úteis aos desenhistas de um capacete espacial, mas teria pouca utilidade para um designer de interiores. Da mesma forma, o "diâmetro interpupilar", ou a distância .entre os pontos médios das pupilas, será muito mais importante para o desenhista de equipamentos ópticos do que para o arquiteto. Damon e alguns colaboradores sustentam que "dez são as di- mensões mais importantes se alguém quiser descrever um grupo para objetivos de engenharia humana, nessa ordem: altura, peso, ai- 27 A e 8 D E Figura 1-4. Um conjunto comum de instrumentos antropométricos (cortesia da Pfister lmport-Export lnc.). a- Réguas de antropometria; b- Medidor de braços curvos; c- Compasso de calibre; d- Paquímetro; e- Trena antropométrica. 28 Figura 1-5. Estudantes de Design no Fashion lnstitute of Technology ilustrando o uso do medidor. Figura 1-6. Estudantes de Design no Fashion lnstitute of Technology ilustran- do o uso do paquímetro para medir a largura da mão. 29 o o o e ~ z w C/) _J <( o .= a: w > w o z <( o ..J <( w e <( a: ::> ~ <( • o o LARGURA ~t:::I co~ PORAL ALCANCE FRONTAL c:::1 e=, DO BRAÇO ~ c::J c=::1 ALCANCE LATERAL c::J c::1 c:::::, ~ M~IMA PROFUNDIDADE CORPORAL MÁXIMA C/) w <( a: >< >0 :J o o C/) o,<( <( <( e. a: C/) <( w e. DE BRAÇO -b-------; a a a a n o cn e o~ cz <( w a: C/) ::> (/) ~o <( ::e ..J o OMBRO COMPRIMENTO LARGURA c:J NÁDEGA-SULCO c::::J POPLÍTEO COMPRIMENTO c::J c:::J LARGURA c:::J NÁDEGA-JOELHO COTOVELO A COTOVELO COMPRIMENTO c::::J NÁDEGA-PONTA DO PÉ COMPRIMENTO NÁDEGA-PERNA c:::J Figura 1-7. Medidas corporais de maior uso pelos designers. o o C/) z e <( ~ o z C/) w wo C/) e ..J o ww e> e z <( ~ <( a: o ::> ::> o . o !J o <( a: <( e ::> ~ ~ <( a ~ ~ .. 172,7 162 1141,7 136,1 v 14 41 ,4 19,3 81 O) v 48,8 10,1 8,1 a5 peso -- 43,3 kg Figura 1-8. Dados antropométricos de um adulto do sexo feminino. Desenho de Henry Dreyfuss, The Measure of Man, 1978. \I Largura cotovelo a cotovelo tura quando sentado, comprimento nádegas-joelho e nádegas-sulco poplíteo, largura entre os cotovelos e entre os quadris em posição sentada; altura do sulco poplíteo, dos joelhos e espaço livre para as coxas" 7 • Estas dez medidas são igualmente essenciais para o arqui- teto e designer de interiores. A figura 1-7 indica todas aquelas medidas mais significativas . para o arquiteto, designer de interiores ou de produtos. Os dados necessários para tais medidas foram desenvolvidos em várias tabe- las na Parte 8 deste livro. A tabela 1 na Parte 8, chamada "Análise Metrológica", define os'.<lermos e discute as aplicações e implicações dos dados no projeto. 1.4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS Geralmente, os dados antropométricos utilizados pelo designer podem ser representados graficamente, como na conhecida figura Dreyfuss (figura 1-8), ou em forma de tabela (figura 1-9). Ao iniciar uma coleta, quando os dados são registrados, eles se apresentam estatisti- camente desorganizados. A figura 1-1 O é exemplo de uma forma usada para registrar dados iniciais. Na seqüência, os dados são então reor- ganizados de maneira mais lógica e ordenada. Em relação aos dados antropométricos, geralmente eles são reestruturados para indicar fre- qüência, como mostra a figura 1-11. Uma vez que as dimensões cor- porais dos indivíduos variam em grande escala dentro de qualquer grupo populacional, não é prático projetar para todo o grupo. Portanto, a distribuição estatística das dimensões corporais é de extrema importância para o designer/arquiteto no sentido de estabelecer padrões e na tomada de decisões durante o processo de projetar. A gama reestruturada de dados, na forma de uma tabela de fre- qüência, conforme figura 1-11, começa a sugerir o padrão de distri- buição. A organização dos dados lista, em ordem crescente, intervalos de altura em centímetros para aviadores e o correspondente número de situações em que tais medições foram observadas. Certas informações podem ser logo percebidas. O menor intervalo de altura é de 158,8 cm para 160,5 cm, enquanto que o maior intervalo é entre 191,3 para 193 cm. Pode-se ainda observar que foi mínimo o número de ocorrências de medidas muito altas ou muito baixas. LARGURA DE COTOVELO A COTOVELO EM AMOSTRAS DE CIVIS E MILITARES DE ADULTOS DO SEXO MASCULINO Percentis (centímetros) População 5 50 95 99 DP* Pessoal da Força Aérea 1 36,8 38,6 43,7 50,3 53,1 3,6 Cadetes 2 36,5 38,3 42,4 46,7 48,5 Artilharia 2 35,3 37 41,7 46,2 48 Pessoal do Exército Dispensados, brancos 3 36,5 38,9 44,2 51,6 55,4 3,9 Dispensados, negros 4 36,5 38,4 42,9 49 51,8 3,3 Motoristas de caminhões e ônibus s 35 37,8 44,4 52,6 56,4 ( 1) Hertzberg et ai. ( 1954) (4) Estados Unidos (1946) (2) Randall et ai. (1946) (5) McFarland et ai. (1958). (3) Newman and White (1951) * Desvio Padrão Figura 1-9. Dados de largura de cotovelo a cotovelo apresentados em forma de tabela com um diagrama explicativo. Diagrama e tabela de Van Cott and Kinkale, Human Engineering Guide to Equipment Design, 1972, p.507. 31 32 FORMULÁRIOS DE REGISTRO SEM INFORME RAZÃO DA AUSÊNCIA DE INFORME PROCEDIMENTO REGISTRO CÓDIGO - · - ·· -----~_,,,.---- l- - - ··--- · - ~,.....- ___________ .,..______.,..-_ ----------------~-----.-~ SEM RAZÃO DA AUSÊNCIA INFORME DE INFORME 9. Altura diminuicão de altura por 10. Peso MEDIDA 11. Altura sentado normal 12. Altura sentado ereto 13. Altura do joelho (*) 14. Altura do sulco poplíteo 15. Espaço livre para as coxas 16. Comprimento nádega-joelho 17. Comprimento nádega-sulco poplíteo 18. Largura do assento (quadril) 19. Largura cotovelo a cotovelo 20. Altura de descanso do cotovelo cm Coluna curva D Nº D Pernas deformadas D kg PARA REGISTRO USO CÓDIGO INTERNO ---[X ---[X ---[X ---[X Figura 1-1 O. Um exemplo de formulário de registro utilizado em um estudo antropométri- . co. Fonte: National Hea!th Survey. 1 Intervalo Ponto médio Freqüência 158,7-160,5 159,6 1 160,8-162,6 161,7 3 162,8-164,6 163,7 3 164,8-166,6 158, 1 16 166,9-168,7 167,8 20 168,9-170, 7 169,8 47 170,9-172, 7 171,8 48 173-174,8 173,9 64 175-176,8 175,9 73 177-178,8 177,9 63 179,1-180,8 180 48 181 ,1-182,9 182 43 183, 1-184,9 184 37 185,2-186,9 186 14 187,2-189 188, 110 189,2-191 190, 1 9 191,3-193 192,2 1 Figura 1-11 . Exemplo de tabela de freqüên- cia da altura do indivíduo (em centímetros), utilizando aviadores do exército. Os dados de freqüência indicam o número de medidas dentro de cada intervalo. Dados de Roebuck, Kroemer, Thomson, Engineering Anthropometry Methods, 1975, p.134. Figura 1-12. Exemplo de um histograma e polígono de freqüência. Dados de Roebuck, Kroemer, Thomson, Engineering Anthropometry Methods, 1975, p.135. Figura 1-13. Exemplo de áreas sob uma curva normal. A maior parte das dimensões humanàs, num grupo normalmente dis- tribuído, segue a configuração em forma de sino. Um pequeno número de medidas aparece nas extremidades da escala, mas a maior parte está agrupada na porção No entanto, tais dados, e a natureza da distribuição, podem ser comunicados mais efetivamente através de "diagramas de colunas" ou "histogramas de freqüência", como ilustrado na figura 1-12. As alturas das barras variam de modo a indicar a freqüência ou número de casos para cada intervalo, enquanto que a largura das barras é ,a mesma. Também é possível utilizar uma curva, em lugar das barras,. localizando a freqüência contra o ponto médio para cada intervalo, como mostra a linha tracejada na figura. A configuração resultante é conhecida como "poligonal de freqüência". Apesar da variaçeyo, o padrão geral de distribuição dos dados antropométricos, como outros tipos de dados, é bastante previsível, e se aproxima da chamada distribuição gaussiana, com base na curva de Gauss. Quando apresentada graficamente, tal distribuição, em ter- mos de freqüência de ocorrência versus magnitude, em geral as- semelha-se a uma curva simétrica em forma de sino. O significado dessa configuração em forma de sino é que a grande percentagem de distribuição está em algum ponto mais central, com alguns extre- mos nas duas pontas da escala, como ilustrado na figura 1-13. 80 70 Histograma (barras) 60 (O "õ e: 50 <CU :::::, C" a, 40 a.. LL 30 , I 20 10 1,57 1,60 1,63 1,65 1,68 1,70 1,73 1,75 1,78 1,80 1,83 1,85 1,88 1,91 1,93 metros -3DP* -2DP -1DP MÉDIA +1DP +2DP +3DP 16% 1 34% 34% 16% 1 1 2,5% 1 47,5% 47,5% 1 2,5% 1 1 central. Desenho adaptado da NASA, Anthropometric Source Book, vol. 1 . (* DP - Desvio Padrão) 0,1%1 1 49,9% 49,9% 1 0,1% 1 33 34 1.5 PERCENTIS Devido às variações significativas nas dimensões corporais indi- viduais, as "médias" são obviamente pouco usadas pelo designer, sendo necessário então trabalhar com esta gama de variação; Estatisticamente, demonstrou-se que, em qualquer grupo popula- cional dado, as medidas do corpo humano são distribuídas numa faixa média, enquanto que um número menor de medidas extremas situa-se nas duas pontas do espectro. Uma vez que não se projeta para toda a populaçã~ é necessário selecionar um segmento da porção central. Portanto, hoje em dia costuma-se esquecer os ex- tremos das duas pontas e trabalhar com 90% do grupo populacional em questão. A maior parte dos dados antropométricos é freqüentemente expressa em percentis. Para fins de estudo, a população é dividida em 100 categorias percentuais da maior para a menor em relação a algum tipo específico de medida corporal. O primeiro percentil de estatura ou altura, por exemplo, indica que 99% da população estu- dada teriam alturas maiores. Da mesma forma o percentil 95 indicaria que somente 5% da população estudada teriam alturas maiores e que 95% dessa população teriam a mesma altura ou menores. Percentis "indicam a percentagem de pessoas dentro da população que tem uma dimensão corporal de um certo tamanho (ou menor)"ª. O Anthropometric Source Book publicado pela Nasa define percentis da seguinte maneira: A definição dos percentis é bastante simples. Para qualquer conjunto de dados - o peso de um grupo de pilotos por exemplo - o primeiro percentil é um valor que, por um lado, é maior que os pesos de cada um dos 1 % de pilotos mais leves e, por outro lado, é menor que os pesos de cada um dos 99% dos homens mais pesados. De modo similar, o segundo percentil é maior que cada um dos 2% mais leves e menor que cada um dos 98% mais pesados. Qualquer que seja o valor k - de 1 a 99 - o percentil k é um valor maior que cada um dos k% mais leves e menor que o maior deles (100 k)% . O percentil 50, que encontramos entre os valores médios como a mediana, é um valor que divide um conjunto de dados em dois grupos contendo os 50% menores e os 50% maiores desses valores. 9 De modo geral, o percentil 50 (ou o 50° percentil) representa o valor médio de uma dimensão para determinado grupo, mas sob nenhuma circunstância deve ser entendido como sugerindo que o "homem mediano ou médio" tem aquela dimensão corporal indicada. Esta falácia será melhor discutida na seção 2.2. Ao se trabalhar com percentis, dois fatores devem ser lembrados. Primeiro: percentis antropométricos de indivíduos referem-se a ape- nas uma dimensão corporal, estatura por exemplo. Segundo: não existe algo como um indivíduo de percentil 95 ou 90 ou 5 . Estas são figuras míticas. Um indivíduo com percentil 50 na dimensão estatura poderia ter um percentil 40 de altura até o joelho ou 60 no compri- mento da mão, como sugere a figura 1-14. O gráfico da figura 1-15, mostrando dados reais de três indivíduos, reforça esse aspecto míti- co de pessoas de determinados percentis, em relação às dimensões corporais. Um exame do gráfico, e de suas linhas irregulares com ângulos bem pronunciados, mostra claramente que cada um dos três indivíduos tem um percentil diferente para cada uma das dimensões apontadas. e:, e:, e:, e:, e:, e:, e:, /}, e:, e:, e:, e:, = e:, e:,, Figura 1-14. Na realidade, os seres humanos não são uniformemente distribuídos em todas as dimensões corporais. Conforme a ilustração, uma pessoa com uma estatura no percentil 50 pode muito bem ter um percentil 55 no alcance lateral de braço. A- PERCENTIL 55 ALCANCE LATERAL DE BRAÇO B- PERCENTIL 60 COMPRIMENTO DA MÃO C- PERCENTIL 40 ALTURA DO JOELHO D- PERCENTIL 45 COMPRIMENTO DO ANTEBRAÇO E- PERCENTIL 50 ESTATURA 100 o 90 l!) O) cõ 80 e co () A / \ Figura 1-15. Gráfico indicando os percen- ºfü 70 E <!: CD / \ \ tis para as várias dimensões corporais co de três indivíduos. Cada linha do gráfico ~ 60 -(1) <!: representa uma pessoa. Observe que o co indivíduo representado pela linha 2" 50 o LL cheia, por exemplo, mostra um percentil co 'O 70 de comprimento nádega-joelho, um o 40 'º percentil 15 de altura do joelho, quando > (1) sentado e um percentil 60 de altura do 'O (U 30 ombro. Se todas as dimensões corporais o cn cn fossem equivalentes ao mesmo percentil, rf 20 1 / / \0 / /\ \ / \ / / / \ \ / / \ V; / \ / / / / @ V// / \ \ / I I I v, I \ \/ ,\ ' I \ I I I \ I I este fato seria mostrado pelo gráfico cn E ----✓ \ I \ I como uma linha horizontal reta. (1) 10 Desenho de Roebuck, Kroemer, ~ (1) \ I " \ -----/ -- Thomson, Engineering Anthropometry a.. Methods, 1975, p.172. o õ cii e o .Q cn o o oº 'O o .e 'O co ·u Q) 00 0 1co _.e º e fü-~ e~ co a5~ e o e o 'O~ :::::, ·;-- (1) o o~ (1) E·,. 'O -o .gE:g E o co cn co ~~ (1) ()o 'O.g .!:; E :5 ·;:: co ·§_z ~ a..OJ ,.._ o :::::, ,.._ () co co co co () co (1) o êtí Ei :::::, ,.._ oi-O e,.._ o :;e :5 ~ fü E t5 .a Ol.O ,.._ co co .o cn E (1) t5 O,co cõ E co :::::, .s2o (1) +-' (1) ~g_~ o- '.~CO w <( üc ..JO ..J o- <!:-o a.. <(~ ü@ 0:.0 Dimensão Corporal '., \ cn o ..e o cn o 'O ~ .a <( ~ D O. D a o o o D D D o D D D wo o o D o o o D D D D o o D ~ 35A B METROS 1,78 1,75 1,73 1,70 1,68 1,65 1,63 ········ 1,60 1,57 .. .. MULHERES 1,55 oCi 1 1 1 20 30 40 50 IDADE Kg 81 HOMENS 72 63 ······· ••• •·MULHERES 54 D 20 30 40 50 IDADE .. ·• ... 1 1 J 60 70 80 . J 60 70 80 Figura 1-16. (a) O gráfico indica que os homens, como grupo, são geralmente mais altos que as mulheres, como grupo, e que a altura de ambos diminui com a idade. Fonte: National Health Survey. (b) O gráfico indica que os homens, como grupo, são mais pesados que as mulheres, como grupo, e que o peso corporal de ambos também diminui com a idade. Fonte: National Health Survey. 36 1.6 VARIABILIDADE E CONFIABILIDADE Como já mencionado, vários fatores podem ocasionar variações nas dimensões corporais. Num mesmo país, indivíduos de uma deter- minada região podem ser mais altos e pesados que os de outra região. Estudos socioeconômicos indicaram diferença significativa na estatura entre pessoas de diferentes profissões. Uma comparação em estatura entre motoristas de caminhão e pesquisadores, por exemplo, indicou que os últimos, como grupo, eram mais altos que os primeiros. Os militare~, como grupo, se diferenciam antropometrica- mente da população civil 10 • Os homens são geralmente mais altos e mais pesados que as mulheres deste mesmo grupo e pessoas idosas também se diferenciam das de meia-idade (figura 1-16). Além disso, as medidas corporais gerais, dentro de um mesmo país, podem variar com o tempo. Os soldados americanos da li Guerra Mundial eram mais altos e pesados que os soldados da I Guerra (figura 1-17). Ficou demonstrado que a questão étnica também é um fator significativo na dimensão corporal. Esta área de pesquisa teve tal aumento de inte- resse e preocupação por parte dos profissionais da ergonomia que acabou ocasionando o primeiro simpósio internacional de "variáveis naturais e culturais na engenharia de fatores humanos". O simpósio foi realizado na Holanda, em 1972, sob os auspícios da OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte. A dimensão corporal foi um dos cinco tópicos discutidos e os trabalhos trazidos revelaram diferenças antropométricas substanciais entre as várias populações do mundo. ESTATURA MÉDIA (an) 178 177 176 175 174 173 Guerra civil 172 171 Aviadores da Marinha 1870 1880 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 ANO DA MEDIÇÃO Figura 1-17. O gráfico compara a estatura média de jovens americanos, do sexo masculino, com o ano da medida. A tendência, mencionada como "mudança secular", indica um crescimento na estatura dos homens americanos de geração em geração. Uma publicação do National Center for Health Statistics (Hammil et ai., 1976), entre- tanto, concluiu que essa tendência de crescimento parecia ter parado em crianças americanas nascidas depois de 1955-56. Gráfico adaptado da NASA, Anthopometric Source Book, vol.1 . 2 DADOS ANTROPOMÉTRICOS -· APLICAÇAO 2.1 ADEQUAÇÃO Devido às muitas variáveis existentes, é essencial que os dados selecionados sejam adequados ao usuário do espaço ou mobiliário a ser projetado. Portanto, é fundamental uma definição correta da popu- lação usuária em termos de idade, sexo, ocupação e etnia. Se o usuário é uma pessoa, ou um pequeno grupo, em algumas situações, o arquiteto terá que conseguir obter os próprios dados antropométri- cos principais e determinadas medidas corporais. Se as pessoas per- dem tempo tirando medidas para a confecção de roupas, também deveriam fazê-lo de boa vontade para a adequação de determinados ambientes ou de componentes daquele ambiente, sobretudo porque o último significa maior investimento financeiro. No caso dessas medi- das gerarem dados individuais, elas deveriam ser feitas com instru- mentos adequados e por pessoal treinado. Em situações onde não estejam disponíveis certas dimensões corporais ou outros dados para uma população usuária em particular, e tanto o tempo quanto o orça- mento desaconselharem estudos sofisticados, pode-se consultar um engenheiro de antropometria para discutir os métodos estatísticos de obtenção das informações necessárias. 2.2 A FALSA IDÉIA DO "HOMEM MÉDIO" Como já mencionado, um erro muito sério na aplicação de dados é pressupor que uma dimensão de percentil 50 represente as medidas de um "homem médio" e criar um projeto para acomodar os dados desse percentil. A falácia de tal hipótese é que, por definição, 50% desse grupo podem sofrer as conseqüências de um mau projeto. O chamado "homem médio" simplesmente não existe. Dependendo da natureza do problema de projeto, ele poderia ser concebido para acomodar o percentil 5 ou o 95, de modo que a maior parte da população seja atendida. O renomado pesquisador, Dr. H.T.E. Hertzberg, ao discutir o chamado homem médio ou mediano, afirmava que "na verdade, não existe ninguém mediano. Há homens que são medianos em termos 37 Figura 2-1. (a) Para fixar dimensões onde o alcance for o fator determinante, devem ser utilizados os menores percentis ou os dados de pessoas com menores dimensões corporais. (b) Para fixar as dimensões de espaço livre, os percentis mais altos devem ser utilizados ou os dados de pessoas com maiores dimen- sões corporais. 38 de peso, estatura, ou altura quando sentados, mas os homens "medi- anos" em duas dimensões de medida constituem apenas cerca de 7% da população; aqueles considerados 'medianos' em três dimen- sões, apenas 3% e, por aqueles considerados medianos em quatro dimensões, a percentagem cai para menos de 2%. Não há média humana em dez dimensões. Portanto, o conceito do homem "medi- ano" está fundamentalmente incorreto, porque não existe tal criatura. Para serem eficientes, os locais de trabalho devem ser projetados de acordo com a gama de medidas do corpo humano". 1 2.3 ALCANCE, ESPAÇO LIVRE E REGULAGEM A seleção de dados antropométricos adequados baseia-se no problema específico de cada projeto. Se o projeto requer que o usuário alcance algo a partir de uma posição em pé ou sentada, o dado percentil 5 deve ser utilizado. Este dado, referente ao alcance do braço, indica que 5% da população terá uma distância menor de alcance, enquanto que 95%, ou a grande maioria terá maiores graus de alcance. Se numa situação dessas, o projeto puder atender ao usuário com o menor grau de alcance, com certeza ele também será adequa- do para usuários com capacidades maiores de alcance, conseqüente- mente o oposto não será verdadeiro, como demonstra a figura 2-1 (a). Em projetos onde a principal preocupação é o espaço livre deve- -se utilizar o maior percentil, ou seja, 95, devido a uma lógica muito simples. Se o projeto oferecer um espaço livre adequado para usuá- rios com maiores dimensões corporais, também oferecerá um bom espaço livre para usuários com menores dimensões corporais. Aqui também, o oposto não será verdadeiro, conforme figura 2-1 (b). Em outras situações, pode ser necessário definir um projeto com capacidade intrínseca de regulagem ou ajuste, como certos tipos de cadeiras, prateleiras, etc. A gama de regulagens deve ser baseada na antropometria do usuário, na natureza da tarefa e nas limitações físi- cas ou mecânicas envolvidas. Esta gama deve ainda permitir que o projeto acomode pelo menos 90% da população usuária envolvida. Deve-se observar que os exemplos acima serviram, sobretudo, para ilustrar a lógica básica subjacente à seleção das dimensões cor- porais envolvidas e os percentis específicos a serem atendidos. Sempre que possível, entretanto, é recomendável atender a maior parte da população usuária. Neste aspecto, não há substituto para o bom senso. Se, sem grandes problemas de custo ou de projeto, uma prateleira pode ser colocada algunscentímetros abaixo e, desta forma, atender 98 ou 99% da população usuária, obviamente esta é a decisão correta de projeto. 2.4 AS DIMENSÕES OCULTAS A antropometria aplicada pode servir como ferramenta muito útil no processo de projeto, se usada de forma inteligente e dentro de uma perspectiva ampla das configurações humanas que influenciam 0 processo. Ao acomodar o corpo ao ambiente, os fatores aí envolvidos não podem se limitar às medidas e distâncias, no sentido absoluto de significado destes termos. Distância, e por extensão, área e espaço livre, geralmente têm outras conotações, mais sutis e sofisticadas. 45,7 15,2 O or FASE DIST~TE FASE PRÓXIMA r3 .. ººººf. 0000000000, ~ 762 365,7 O r-ººººººººººººººººººººººººººººººººººº:r~ooooooooooooooooooooooooooooooooooo•~ ~ o :E -1- z ~- ..J ~ o ti) ti) w e. ..J ~ -o o ti) o o - ..J m --:::, e. o o - ..J m --:::, e. Figura 2-2. Ilustração gráfica, com dados em centímetros, das zonas de distância sugeridas por Hall, The Hidden Dimension, 1966. 39 INDIVÍDUO FEMININO • MASCULINO \ \ \ \ \ .,.,,..------~ .,.,"' \ ~"' \ \ \ -- ... -- \ \ INDIVÍDUO FEMININO • FEMININO INDIVÍDUO FEMININO • OBJETO ESCALA 2,5 cm - ----- ESQUIZOFRÊNICOS \ \ , ---NÃO-ESQUIZOFRÊNICOS Figura 2-3. Horowitz e colaboradores. "Zona de amortecimento corporal". Os diagramas descrevem a média de aproxi- mação dos sujeitos por período de três dias. Embora o grupo esquizofrênico tenha criado uma zooa de amortecimento maior, os dois grupos se aproximaram mais de objetos inanimados do que de objetos animados. Não foi encontrada, em qualquer grupo, nenhuma diferença signifi- cativa entre aproximações a homens ou mulheres. Uma das hipóteses surgidas foi que "uma área de espaço pessoal parece circundar o indivíduo, parece ser reproduzível e pode ser considerada como uma "zona de amor- tecimento imediato". Adaptado de Archives of General Psychiatty. 40 Conforme Hall sugere, há certas "dimensões ocultas". Aceitar que os limites das pessoas começam e terminam com a pele é "não enten- der o significado dos diversos elementos que contribuem para o senti- do espacial do homem." Através de exemplos, Hall argumenta que as pessoas atuam dentro de quatro zonas de "distância", sendo que cada uma delas tem uma fase "próxima" e uma fase "distante". A zona sele- cionada em qualquer desses tempos é baseada na natureza da ativi- dade ou interação social em progresso 2 • A figura 2-2 ilustra as zonas mencionadas por Hall, bem como as atividades geralmente associadas. Há alguns anos, r.lorowitz e colaboradores afirmaram que cada ser humano tem uma projeção interna do espaço imediatamente cir- cundante. Eles o denominaram "zona de amortecimento corporal" e sugeriram que o tamanho, forma e grau de invasão dessa zona estavam relacionados aos eventos interpessoais imediatos e à história cultural e psicológica do indivíduo. Afirmaram ainda que as pessoas tendem a manter uma distância característica entre si mes- mas e outras pessoas e/ou objetos inanimados. Esta afirmação foi demonstrada num experimento conduzido no hospital naval nos Estados Unidos. Sob argumento de que seu equilíbrio seria estuda- do, os participante foram instruídos a "caminhar até outra pessoa X ( ou até um cabide, estrategicamente colocado) enquanto seu equi- I íbrio era verificado". Na verdade, foram feitas medidas da distância deixada entre os sujeitos e a pessoa ou o cabide, depois de sua aproximação. Os participantes foram retirados de dois grupos. Um deles era formado por 19 pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. O outro grupo era de pessoas não esquizofrênicas com antecedentes semelhantes. Os resultados revelaram que os dois grupos chegaram mais perto do cabide do que da outra pessoa. Além disso, os testes indicaram que, ao se aproximarem da outra pessoa, sempre havia uma área que não era ultrapassada 3 , como mostra a figura 2-3. Dr. John J. Fruin, ao fazer estudos sobre movimentação de pedestres e em filas, fala sobre toques, ausência de toques, confor- to pessoal e zonas de circulação, conforme figuras 2-4 até 2-7 4. O termo "distância de um lanço" foi utilizado para descrever a distância que os seres geralmente colocam entre si e os outros. Sommer estu- dou "a distância pessoal" e observou uma interação entre sujeitos sentados ao redor de uma mesa, em relação a seus locais específi- cos. A figura 2-8 mostra a disposição desses lugares. Observou-se ainda que a maior freqüência de conversação ocorreu entre as posições AB, AH, EF e ED 5 • 2.5 PESSOAS EM MOVIMENTO Em artigo sobre a relação entre locomoção humana e projeto, Arcl]ie Kaplar1- afirma: "Movimento é o estado natural do homem e a base de seu ser. A vida humana não representa um estado estático; desde o piscar dos olhos até uma corrida de grande velocidade, em sono ou vigília, o homem está em movimento ... "6 Com tudo isso, deve~se reconhecer que além dos fatores psi- cológicos, a dinâmica do espaço também afeta a interface das pes- soas com o ambiente. Como sugere Kaplan, as pessoas estão cons- tantemente em movimento. Mesmo quando não envolvido em uma atividade ou tarefa particular, o corpo humano nunca está totalmente ..J 61,0 cm LARGURA DO OMBRO riw==. =1 o -- ··---E a. a ,-- ',, ~~r~· :::::i w ELIPSE CORPORAL PASSAGEM LATERAL RESTRITA Figura 2-4 (esquerda). Ilustração da chamada "zona de toque" de Fruin, baseada em uma elipse da zona de amortecimento com o eixo menor relativo à profundidade do corpo e o eixo maior relativo à largura do ombro, permitindo uma área com uma organização em fila de 0,29 m2, por pessoa. Abaixo deste limite, aumenta-se a freqüência do contato corporal entre os pedestres. Figuras 2-4 a 2-7 são adaptações de Fruin, Pedestrian Planning and Design, 1971. Figura 2-5 (direita). Ilustração da chamada "zona sem contato" de Fruin, baseada em um espaçamento interpessoal expandi- do de 91,4 centímetros, e uma área de 0,65 m2 por pessoa. Fruin argumenta que o contato corporal pode ser evitado entre 0,29 a 0,65 m2, por pessoa. CIRCULAÇÃO LATERAL LIMITADA - I \ I -~ •. v \ .J»?v, \ '".( .. •,•. / ' , ..... ____ ,,,,. .. ,' Figura 2-6 (esquerda). Ilustração da "zona de conforto pessoal" de Fruin, expandindo a zona de amortecimento corporal para um diâmetro de 106,7 centímetros, e uma área de 0,93 m2 • A medida de uma profundidade corporal total separa as pessoas em pé, permitindo uma circulação lateral limitada, desde que movendo-se de lado. Figura 2-7 (direita). Ilustração da "zona de circulação" de Fruin, expandindo a zona de amortecimento corporal para uma área de 1,21 m2 , com 121,9 centímetros de diâmetro. Fruin sustenta que uma área de 0,93 a 1,21 m2 por pessoa, permitiria uma circulação sem incomodar outros indivíduos. Figura 2-8. A experiência de Sommer no Hospital Saskatchewan relacionava-se com uma disposição de cadeiras, conforme desenho ao lado. Observou-se que ocorreu uma maior interação entre as pessoas dos cantos AB, AH, EF e ED. Adaptado de Sociometry. 41 Figura 2-9. "Envelope espacial" definido pela movimentação corporal no desempenho de uma tarefa simples. Foto: cortesia NASA Figura 2-1 O. Diagrama antropométrico clássico de alcance de braço. Fonte: Damon, Stoudt, McFarland. The Human Body in Equipment Design, 1966, p.96. 42 imóvel ou em descanso, e mesmo quando considerado rígido, o corpo oscila com um suave balanço, em todas as direções, ele sempre é maleável e pode alongar-se. Os membros podem ser torcidos ou gira- dos. E a energia elétrica dos músculos corporais pode ser utilizada para operar máquinas. Um exemplo dramático desta relativa maleabi- lidade
Compartilhar