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Questões Direito Processual Civil IV

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Direito Processual Civil IV
Questões:
1) José Carlos postula, em caráter antecedente, a concessão da tutela antecipada para que seu nome seja excluído dos cadastros de proteção ao crédito (SPC e SERASA), tendo em vista a cobrança e a inscrição indevida realizadas pela empresa Multi Colchões Ltda. O pedido de concessão da tutela antecipada é deferido, sendo que da referida decisão não ocorre a interposição de recurso pela parte contrária. Diante desse quadro, o juiz extingue o processo nos termos do art 304, §1º., do Novo CPC, entendendo pela hipótese de estabilização da tutela antecipada. Tendo em vista a situação narrada, bem como o transcurso do prazo de 2 anos para a propositura da ação prevista no art. 304, §3.º, NCPC, resolva os seguintes casos:
a) Posteriormente, José Carlos propõe ação declaratória de inexistência de débito cumulada com pedido de indenização por danos morais, afirmando que houve cobrança de valores indevidos pela empresa Multi Colchões Ltda. Nessa ação, aduz que inclusive há coisa julgada sobre a dívida em questão, apontando, para tanto, a decisão em que concedida a tutela antecipada e a sentença de extinção do processo em que estabilizada a tutela. Você, como magistrado, reconheceria a possibilidade de José Carlos valer-se dos efeitos positivos da coisa julgada? Fundamente.
Não, pois diferentes são os institutos da estabilização dos efeitos da tutela antecipada e da coisa julgada. Neste, há decisão formulada com base em cognição exauriente, havendo declaração, com força de coisa julgada, sobre o mérito. Naquele, somente no que diz respeito aos efeitos mandamentais e executivos latu sensu é que ocorrem o fenômeno da estabilização dos efeitos da tutela.
Portanto, não seria crível que o autor se valesse dos efeitos positivos da coisa julgada, fenômeno que não ocorreu no primeiro processo, justificando como pressuposto a decisão que concedeu a tutela antecipada, vez que sua extinção ocorreu após análise sumária dos autos. Ademais, após o interstício de 2 anos, a pretensão para promover a ação revocatória prevista no §5º do art. 304 do CPC restou prescrita.
Assim, o máximo que o autor poderia pleitear seria uma eventual condenação em danos morais contra a empresa, cujo processo seria instruído com diminuta carga probatória. 
 
b) Caso a empresa Multi Colchões venha a propor ação de cobrança em desfavor de José Carlos, este poderá alegar, em sede de contestação, a existência de exceção de coisa julgada, tendo em vista a tutela antecipada estabilizada no processo anterior?
Não. Como já informado, após a concessão dos efeitos da tutela antecipada, ambas as partes permaneceram inertes, de forma que a tutela concedida veio a se estabilizar, conforme determinado pelo caput do art. 304 do CPC. Qualquer revisão, reforma ou invalidade a ser imputada a tal decisão, deveria ser requerida no prazo de 2 anos da concessão, por meio da ação revocatória instituída no § 5º do art. 304 do CPC, o que não o foi. 
Todavia, embora não tenha ocorrido o fenômeno da coisa julgada naquele processo, estabilizou-se tão somente os efeitos mandamentais que determinaram a exclusão do autor dos órgãos de proteção ao crédito, o que não impede que a empresa venha a propor uma ação de cobrança contra José Carlos.
Caso José Carlos tenha seu nome novamente inserido nos órgãos de inadimplentes, poderia requerer que fosse de novo excluído, fundado na decisão já estabilizada no processo anterior. 
 
c) Há diferença entre estabilização da tutela antecipada e coisa julgada? Explique.
A diferença entre tais institutos reside no fato de que na estabilização da tutela antecipada, apenas os efeitos mandamentais e executivo latu sensu podem ser estabilizados, desde que, concedida a tutela antecipada, o autor não adite a petição inicial, tampouco o réu contra ela interponha recurso. Nesse sentido, após a estabilização, para que haja qualquer alteração, o interessado deverá, no prazo de 2 anos, contados da publicação da referida decisão, propor uma ação revocatória, prevista no § 5º do art. 304 do CPC. Destaque-se que a decisão aqui proferida se dá de forma sumária, uma vez que o mérito é analisado superficialmente. Assim, nada impede que as questões trazidas neste processo venham a ser objeto de nova demanda. 
Por sua vez, a coisa julgada se verifica quando da decisão proferida em cognição exauriente, ou seja, após o regular desenvolvimento do processo, partindo de todas as etapas, inclusive a instrutória, o juiz emite sentença declarando o mérito de forma definitiva. Por meio da coisa julgada, as questões discutidas no respectivo processo não poderão, em regra, serem objeto de nova demanda, o que não ocorre quando da estabilização da tutela antecipada. 
 
2) Sobre a concessão da tutela provisória inaudita altera parte, existem dois posicionamentos na doutrina brasileira. Diante disso, discorra sobre:
 
a) O posicionamento segundo o qual é constitucional a tutela provisória concedida sem a oitiva da parte contrária, sendo esta, inclusive, a regra quando preenchidos os pressupostos legais para a concessão da tutela provisória:
Cotidianamente, é a maneira mais utilizada de concessão da tutela provisória de urgência, que acontece no início do processo, portanto, liminarmente e sem ouvir a outra parte, como previsto no art. 300, § 2º, do CPC. Essa maneira se justifica quando preenchidos os requisitos que conferem o direito a tutela provisória, sejam eles o perigo de dano (perigo na demora) e risco ao resultado útil do processo (perigo de infrutuosidade). 
b) O posicionamento segundo o qual a concessão da tutela provisória inaudita altera parte somente é admitida em situações específicas e excepcionais.
Consoante tal posicionamento, a concessão da tutela provisória inaudita altera parte só é admitida nas situações de urgência extremada, independentemente dos requisitos demonstrados na questão anterior, como se houvesse causas mais urgentes do que outras, de forma que a não concessão gere graves danos. 
 
3) Acerca da responsabilidade pela efetivação da tutela provisória, prevista no art. 302 do CPC, a doutrina brasileira (e também os tribunais) não são uníssonos. Diante desse quadro, discorra sobre os argumentos a favor da tese da responsabilidade subjetiva quanto à responsabilidade pela efetivação da tutela provisória.
O CPC, em que pese determine a aplicação das regras do cumprimento provisório da sentença à efetivação da tutela provisória, o faz com ressalvas, na medida em que se vale da expressão “no que couber”. 
Com base nisso, o art. 302 do CPC é omisso quanto ao regime de responsabilidade aplicável. Ele não diz claramente que deve ser aplicado o regime de responsabilidade objetiva. Uma interpretação sistemática do Código já seria suficiente para, no mínimo, afastar a tese da responsabilidade objetiva, pois, caso contrário, não subsistiria em nosso sistema processual a noção de jurisdição sem finalidade cognitiva, como denota o instituto da estabilização da tutela antecipada (art. 304, CPC), a boa-fé processual (art. 5º, CPC), o respeito à integridade e coerência do direito (art. 926, CPC), não sendo coerente a imposição ao autor de um pesado fardo de responsabilidade objetiva, mesmo quando esteja de boa-fé, amparado em decisão judicial e na jurisprudência dominante.
A responsabilidade do autor pode ocorrer diante de pressupostos variados. Há um pressuposto fixo, que é a efetivação da tutela provisória. Será sempre necessário que a tutela tenha sido efetivada para falarmos em responsabilidade do autor, não bastando, portanto, o seu deferimento pelo órgão jurisdicional. A esse pressuposto deve-se somar, sempre, uma das hipóteses descritas nos incisos do art. 302 do CPC.
I - A primeira delas, é a da sentença desfavorável. Sendo a tutela antecipada passível de modificação ou revogação a qualquer tempo, é inegável que nem sempre a sentença confirmará a tutela satisfativa antecipada. Nesse caso, os prejuízos advindos em razão da efetivação da tutela antecipada poderãoser ressarcidos ao réu, desde que comprovada a culpa do autor. 
No entanto, não há como presumir a má-fé do autor que, com base em provimento jurisdicional legítimo, inclusive lastreado em jurisprudência dominante, buscou a efetivação do seu direito antecipadamente. Será necessário, nesses casos, a comprovação de que, por exemplo, o autor valeu-se de documentos falsos, deduziu pretensão já coberta pela coisa julgada material ou omitiu ou distorceu fatos importantes para o deslinde do feito, caracterizando-se, assim, a sua culpa. Esse mesmo raciocínio aplica-se no caso de sentença desfavorável no procedimento para a concessão da tutela cautelar antecedente quando deferida a medida liminarmente e, após a instrução probatória, denegada na sentença.
II - Também responderá o autor pela efetivação da tutela provisória quando obtida liminarmente em caráter antecedente não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de cinco dias. Aqui, é indispensável, como nas demais hipóteses, que a tutela provisória tenha sido efetivada e que, posteriormente, o autor haja de modo culposo, deixando, por exemplo, de efetuar o pagamento das despesas do oficial de justiça. O atraso imputável exclusivamente à máquina judiciária não pode servir de fundamento para a responsabilização do autor.
III - Igualmente, o art. 302 do CPC trata da responsabilidade civil do autor quando houver a “cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal”, pressupondo-se a ocorrência de alguma das hipóteses do art. 309 do CPC. Este dispositivo, por sua vez, contempla três situações distintas. Com efeito, prescreve o art. 309 do CPC que cessa a eficácia da tutela cautelar concedida em caráter antecedente se (i) o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal, bem como se (ii) não for efetivada dentro de 30 dias. Os dois dispositivos têm, de certo modo, caráter punitivo. Conforme Ovídio, na primeira hipótese (do inciso I), parece justificada a sanção desde que o não ajuizamento da ação principal, sem motivo, faz presumir a desnecessidade da cautela. Já no caso do inciso II, a cessação da eficácia da tutela cautelar deve decorrer da não execução da medida em razão de fato atribuível ao requerente, e não por inércia do juízo ou em face de atos praticados pela parte adversa. Com exceção dessa segunda situação (em que a citação não é realizada no prazo legal por fatos não imutáveis ao autor) tem-se que a falta de dedução do pedido principal e a falta de efetivação da medida cautelar constituem comportamentos indicativos de que nunca houve a pretensão de direito material à segurança. Ademais, a negligência do réu, nesses casos, servirá de elemento robusto para reforçar a sua culpa ensejadora da responsabilidade pelos prejuízos advindos ao réu pela efetivação da tutela provisória.
O inciso III do art. 309 do CPC trata da hipótese em que cessa a eficácia da tutela cautelar quando o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. No caso de julgamento de improcedência do pedido, “é natural que a medida cautelar perca a eficácia, desde que o direito que ela pretendia proteger foi declarado inexistente”. Aqui, para aquilatarmos a responsabilidade do autor por eventuais prejuízos acarretados ao réu, deve-se verificar se este obrou com culpa, assim como no caso já mencionado do art. 302, I, CPC. Na hipótese de extinção do processo sem resolução de mérito, há maior probabilidade de que avultem elementos (como a desídia do autor) tendentes a caracterizar a sua culpa, embora também aqui estejamos a depender das circunstâncias do caso concreto.
IV - Por fim, o art. 302, IV, do CPC trata da responsabilidade do autor pelos prejuízos advindos da efetivação da tutela provisória quando o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Referida hipótese pode ser subsumida nos casos de “sentença desfavorável”, com a peculiaridade de que a decadência e a prescrição quando evidentes, poderão servir de elemento a corroborar eventual má-fé do autor. Em todos os casos arrolados no art. 302 do CPC (pressupondo-se, ainda, a culpa do autor), a sentença terá como efeito anexo a responsabilização do autor. Ela independe, portanto, de pedido a parte ré. Será necessário, no entanto, liquidar o valor da indenização, o que deverá ser feito nos mesmos autos em que concedida a tutela provisória (art. 302, parágrafo único, CPC). 
Na hipótese de a tutela provisória ser concedida de ofício (como ocorre na hipótese do art. 628. §2.º, CPC), não se aplica a regra do art. 302 do CPC. Não há sentido em responsabilizar o réu pela efetivação de tutela provisória se não ele sequer requereu a sua concessão
4) Discorra sobre a aplicabilidade do prazo de 30 dias para a formulação do pedido principal (art. 308 do CPC) diante das cautelares autônomas.
Consolidada a função das tutelas cautelares, qual seja a de assegurar o direito pretendido e não o processo, pode-se afirmar, com base no princípio constitucional do acesso à jurisdição, insculpido no art. 5º, XXXV, da CF/88, segundo o qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, que o disposto no art. 308 não é de aplicação absoluta. 
Isso porque, há casos nos quais, ainda que inexistente pretensão de direito material ao seu titular, em verificando-se circunstâncias externas ao eventual processo que venham a frustrá-la, é legítima a propositura de ação com pedido exclusivo de acautelamento de tal direito, visto que, repise-se, a tutela cautelar visa assegurar o direito e não o processo. Ademais, há situações que, ainda que concedida a tutela cautelar, não ensejam a possibilidade de formulação do pedido principal no prazo determinado pelo art. 308 do CPC, uma vez que, como já informado, o direito à cautela nada tem a ver com a pretensão de direito material. 
Desse modo, aludidas cautelares recebem o nome de cautelares autônomas, servindo como espécies de processos cautelares. 
 
5) Como forma de tutela provisória, em que medida a tutela de evidência assemelha-se e em que medida se diferencia da tutela antecipada?
No que concerne à semelhança existente entre a tutela de evidência e a tutela antecipada, pode-se afirmar que ambas são concedidas por meio de cognição sumária. 
Todavia, os fundamentos nos quais se fundam tais tutelas são diversos. A tutela de evidência, diferentemente da tutela antecipada, é concedida quando demonstrada algumas das hipóteses previstas no art. 311 do CPC, tratando-se de rol exaustivo de possibilidade para sua concessão. 
Ainda, pode-se assegurar que a tutela de evidência é concedida com base em um juízo firmado entre probabilidade e certeza, vez que independe da demonstração de perigo de dano, diga-se perigo na demora, ou de riso ao resultado útil do processo, ou seja, perigo de infrutuosidade, requisitos exigidos para a concessão da tutela provisória.
Especificamente à tutela antecipada – ou satisfativa – para que haja sua concessão, exige-se a demonstração de perigo na demora, ou seja, a demonstração de que, caso o autor tenha de aguardar ao decurso natural do processo, poderá lesar-se, principalmente ante à probabilidade do direito demonstrado, outro requisito para tanto. Assim, a urgência demonstrada para a concessão dessa tutela deve fundar-se no fato de que o próprio direito material afirmado pelo autor não pode permanecer em um estado de insatisfação por todo o tempo necessário para a prolação da sentença de cognição plena e exauriente

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