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APOSTILA 01

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Introdução à Microeconomia
Economia | 11
Objetivos
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de:
• Entender o funcionamento básico do mercado, bem como 
onde as famílias e as empresas interagem comprando e 
vendendo produtos, serviços e fatores de produção;
• Estar familiarizado com a nomenclatura dos fatores de 
produção e seu significado econômico; 
• Compreender as divisões do estudo econômico, e como 
cada divisão trata dos problemas econômicos fundamentais;
• Identificar os princípios econômicos que regem o 
comportamento dos agentes econômicos, quando tomam 
decisões individuais e também como eles interagem com 
outros agentes no mercado;
• Conhecer os princípios básicos do funcionamento da 
economia de um país.
Economia | 13
1. Fluxo Circular da Renda e Moeda a Dois 
Fatores – Famílias/Empresas
Pare e pense! Todos os dias, milhões de trabalhadores acordam 
cedo e se põem a caminho do trabalho, onde passam por um longo 
período exercendo suas atividades profissionais, produzindo bens ou 
serviços que são ofertados à sociedade. Ao final de um mês, as empresas 
remuneram esses trabalhadores com um salário, que será consumido na 
aquisição de bens e serviços necessários a sua manutenção. Estes bens e 
serviços foram produzidos por outros agentes econômicos, que também 
acordaram cedo, trabalharam por todo o mês e foram remunerados 
pelas empresas, e que também gastam o salário com novas aquisições, e 
o ciclo se repete indefinidamente. Todo esse processo se concretiza sem 
que você o perceba, e o diagrama do fluxo circular da renda, mostrado 
na Figura 1, vai permitir que você observe e entenda o fenômeno com 
mais detalhes.
Bens e serviços
vendidos
Receita
Remuneração
Bens e serviços
comprados
Gastos
Renda
Trabalho, Terra, 
Capital
Fluxo monetário
Fluxo de insumos 
e produtos
Fatores de
produção
Empresas:
Contratam e utilizam fatores de 
produção
Produzem e vendem bens e serviços
Famílias:
Vendem os fatores de produção
Compram e consomem bens e 
serviços
Mercado de bens e serviços:
as empresas vendem
as famílias compram
Mercados de fatores
de produção: 
As famílias vendem
As empresas compram
Figura 1: Diagrama do fluxo circular da renda. Fonte: Mankiw (2005, p.23).
14 | Economia
Esse diagrama é um modelo simplificado da realidade, que 
mostra como a economia está organizada e como os agentes econômicos 
interagem uns com os outros. . Ele foi colocado aqui no primeiro 
capítulo porque, ao longo do curso, voltaremos a fazer referências a 
ele, de forma que você possa entender as noções básicas da ciência 
econômica. Você pode entender esse processo visualizado na Figura 1 
por meio de cinco passos:
1. Imagine um mercado onde constem apenas dois tipos de 
agentes econômicos: as famílias e as empresas. Apenas 
para conhecimento, um modelo mais completo incluiria 
o governo, arrecadando tributos e prestando serviços 
públicos à sociedade e, ainda, o mercado externo, com as 
exportações e as importações.
2. As famílias e as empresas interagem em dois mercados. 
No mercado de fatores de produção, as famílias ofertam 
às empresas a sua mão de obra e são remuneradas com o 
salário; ofertam seus imóveis e recebem aluguéis; ofertam 
capital para compra de ações das empresas, por exemplo, 
e são remuneradas com o lucro e os juros. Em resumo, 
no mercado de fatores de produção, as famílias vendem 
os fatores, e as empresas compram esses insumos. Já no 
mercado de bens e serviços, os papéis se invertem: as 
empresas ofertam os bens e serviços gerados com os insumos 
que adquiriu e transformou, e as famílias compram esses 
bens e serviços para satisfazer as suas necessidades.
3. Para adquirir os bens e serviços, as famílias incorrem em 
gastos, em despesas que, por sua vez, se convertem em 
receitas para as empresas.
4. As despesas ou gastos das famílias são pagos com a renda 
que foi auferida com a venda dos fatores de produção: 
salários, aluguéis e lucros/ juros. Entretanto, essa 
remuneração representou uma despesa para as empresas. 
Para honrar essas despesas, as empresas vendem os bens e 
serviços às famílias, já incorporando as projeções de lucro.
5. Ao fluxo mais interno, que gira em sentido horário, damos 
Economia | 15
o nome de fluxo de insumos e produtos ou fluxo real da 
economia. Ao fluxo mais externo, que gira em sentido 
anti-horário, damos o nome de fluxo monetário, pois indica 
como se processa o fluxo do dinheiro na economia.
Economia é a ciência social que estuda como os agentes 
econômicos decidem empregar os recursos produtivos escassos na 
produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias 
pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades 
humanas. (Vasconcellos; Garcia, 2008). A partir dessa definição, fica 
clara a associação da administração de um Estado com a administração 
de um lar. Em ambos, os recursos produtivos são escassos e as 
necessidades humanas são ilimitadas, o que, frequentemente, nos leva 
a tomar decisões. E, na tomada de decisão, os agentes se deparam 
com a questão do trade-off, já que a adoção de uma escolha implica, 
necessariamente, no abandono de uma segunda alternativa. Então, 
podemos dizer que esta é a principal questão da economia: como 
atender as necessidades humanas ilimitadas, que aumentam com o 
crescimento da renda ou com o aparecimento de novas tecnologias, e 
como distribuir da melhor maneira possível os recursos produtivos ou 
fatores de produção, que são escassos.
Os mercados são, em geral, mecanismos ágeis e eficazes para 
lidar com a escassez e a escolha.
Trade-off: Expressão utilizada para definir a tendência à relação 
inversa entre variáveis. Por exemplo, com uma quantia de R$ 100, 
você pode comprar refrigerante ou carne bovina. Você pode gastar 
todo o dinheiro apenas comprando refrigerantes ou apenas carne. 
O mais sensato, porém, é que você compre um pouco de cada bem, 
até o limite de R$ 100. Porém, dada essa escolha inicial, se você 
quiser comprar mais carne, por exemplo, terá que abrir mão de uma 
parcela de refrigerantes por causa da restrição orçamentária de R$ 
100. Em resumo, você só terá mais carne se aceitar que isso só será 
possível se você tiver menos refrigerantes em sua cesta!
Saiba mais
16 | Economia
Fatores de Produção
• Terra: Refere-se ao espaço geográfico utilizado para que se 
construa uma fábrica, um edifício empresarial, ou para o 
plantio e cultivo de produtos agrícolas e criação de animais. 
Inclui os recursos naturais.
O Brasil, por exemplo, é muito rico neste fator de 
produção, pois somos grandes exportadores de commodities 
agrícolas e minerais.
• Trabalho: São os recursos humanos, a mão de obra que 
aplica as faculdades físicas e intelectuais no processo 
produtivo, seja no chão de fábrica, na lavoura, nos 
escritórios, no ensino, na pesquisa etc.
• Capital: É o estoque de equipamentos e estruturas 
necessárias ao processo produtivo ou para que se possa 
consumir. Compreende as edificações, as fábricas, os 
galpões, as máquinas e os equipamentos.
• Tecnologia: Inventário dos métodos de produção 
conhecidos e empregados em produtos, processos, 
inovações, que são necessários à produção e ao 
desenvolvimento produtivo.
• Capacidade Empresarial: Competência ou habilidade para 
organizar, coordenar, tomar decisões, investir, controlar 
e dirigir um negócio com sucesso, mesmo em ambientes 
sujeitos a riscos.
Commodity: mercadorias em estado bruto ou com grau mínimo 
de industrialização; matéria-prima. São produzidas em grandes 
quantidadese provêm do cultivo ou da extração. Exemplos: café, 
soja, trigo, algodão, petróleo, minérios de ferro, de cobre ou 
manganês, carne bovina ou de frango etc.
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Economia | 17
2. Problemas EconômicosFundamentais
Sabemos que nem todos os fatores de produção são encontrados 
em todos os países, ou, pelo menos, são encontrados em quantidades nas 
diferentes nações. As sociedades enfrentam o problema de escassez de 
recursos para as ilimitadas necessidades humanas. A sociedade, ou um 
determinado segmento dela, deve decidir, a partir das escolhas coletivas, 
como empregar, da melhor maneira possível, os recursos existentes e 
escolher como irão se desenvolver a produção e o consumo no país. Assim, 
aparecem os problemas econômicos fundamentais, e nos perguntamos:
• O que produzir: Dentro das possibilidades existentes 
de produção, a sociedade deverá escolher o que será 
produzido;
• Quanto produzir: Em razão da escassez de recursos, 
deve-se optar por uma quantidade que racionalize a 
utilização dos fatores disponíveis;
• Como produzir: Quais métodos de produção eficientes 
devem ser escolhidos, de acordo com a tecnologia 
existente no país, a fim de diminuir os custos de 
produção e utilizar, da melhor maneira, os recursos 
disponíveis;
• Para quem produzir: A sociedade também decidirá 
quais setores serão mais beneficiados e como seus 
membros participarão da distribuição dos resultados da 
sua produção.
3. Divisão do Estudo Econômico
Você já deve ter percebido que o estudo da Economia é 
bastante complexo. Porém, para facilitar esse estudo, os economistas 
costumam dividi-lo em quatro grandes áreas de especialização:
• Microeconomia: Estuda os fundamentos das escolhas 
dos agentes econômicos, ou seja, indivíduos e firmas, e 
suas interações nos mercados específicos, considerando os 
18 | Economia
recursos escassos de que dispõem, por meio da Teoria do 
Consumidor e da Teoria da Firma. Usando a análise da 
oferta e da demanda por bens e serviços, a Microeconomia 
descreve como o mercado pode atingir um equilíbrio em 
relação aos preços e às quantidades demandadas pelos 
consumidores e ofertadas pelas firmas, tal como você viu 
no diagrama do fluxo circular da renda. A Microeconomia 
também estuda as estruturas de mercado em função do 
grau de concorrência entre as empresas e as implicações 
disso para a eficiência econômica.
• Macroeconomia: Estuda a Economia como um todo, 
incluindo as causas e os mecanismos corretivos das 
grandes flutuações das variáveis conjunturais. Importa a 
determinação e o comportamento dos grandes agregados 
nacionais, proporcionados em parte pela reunião dos dados 
setoriais da Microeconomia. Sua estrutura é composta 
por 5 mercados: Bens de serviços, Mercado de trabalho, 
Mercado monetário (juros), Mercado de títulos (déficit e 
superávit) e Mercado de divisas (câmbio, dólar).
Os preços
Relação entre oferta
e procura
Consumidor, empresa
e produção.
3 elementos
Relação entre empresas
e consumidores
MICROECONOMIA
Define-se pela:
Da qual advém: Que são:
O que define:
Apresenta:
Economia | 19
Figura 2: Elementos da Microeconomia e Macroeconomia.
• Economia Internacional: Estuda as relações de troca 
entre um país e o resto do mundo por meio da balança 
comercial (exportação e importação de bens e serviços) e 
as relações comerciais e financeiras entre os residentes e os 
não residentes do país. Contempla as relações econômicas, 
como transações de bens e serviços e transações 
financeiras e, também, as relações internacionais do país. 
Isso se faz necessário porque não há um único país sequer 
no mundo que não precise efetuar trocas internacionais de 
bens e serviços.
Renda, emprego, juros
câmbio, títulos etc...
Agregados econômicos
Mercado de divisas: câmbio, dolar
Mercado de títulos: défict e 
superávit
Bens de serviços
Mercado de trabalho
Mercado monetário (juros)
MACROECONOMIA
5 mercados
Que são:
Tem foco nos:
Que são
Cuja estrutura é composta de:
20 | Economia
• Desenvolvimento Econômico: Apesar de possuir um 
caráter macroeconômico, o desenvolvimento econômico 
trata de questões de longo prazo, em busca de maneiras 
para melhorar o padrão da vida da população. Isso 
quer dizer a melhoria dos indicadores qualitativos da 
economia. Preocupa-se com o crescimento populacional 
(taxas de natalidade, de mortalidade, de analfabetismo, 
de esperança de vida ao nascer etc.), visando ao aumento 
do bem-estar da sociedade, ao progresso tecnológico e às 
estratégias de crescimento.
Entenda melhor sobre Economia Internacional e Desenvolvimento 
Econômico, por meio da Figura 3:
ECONOMIA INTERNACIONAL
Relações de troca
Por meio
O que contempla?
Se faz necessário
Entre um país e
o resto do mundo
Relações econômicas: transações de bens e serviços e transações 
financeiras e as relações internacionais do país.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Caráter
Macroeconômico, questões
de longo prazo
Não há um único país sequer
que não precise efetuar trocas
internacionais de bens e serviços
Da balança comercial e
das relações comerciais e 
financeiras
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Figura 3: Economia Internacional e Desenvolvimento Econômico.
4. Os Dez Princípios Básicos da Economia
Logo no primeiro capítulo de seu livro Princípios de 
Microeconomia, o economista americano N. Gregory Mankiw 
relacionou os dez princípios da Economia, sendo quatro os que regem 
as tomadas de decisão individuais, mais três princípios que dizem 
respeito a como as pessoas interagem entre si e, por fim, três princípios 
relacionados ao funcionamento da Economia. Vamos a eles!
Figura 4: Os princípios da Economia.
Os 10 princípios da Economia
Princípios
1, 2, 3 e 4
Tomadas de 
decisão
individuais
Princípios
8, 9, e 10
Funcionamento
da Economia
Princípios
5, 6, e 7
Interações
entre pessoas
Preocupação
Objetivo
Crescimento
populacional
Aumentar o bem-estar da sociedade,
o progresso tecnológico e as
estratégias de crescimento
Natalidade Analfabetismo
Esperança de vidaMortalidade
22 | Economia
Princípios Relacionados à Tomada de Decisão Individual
Princípio nº 1 - As pessoas enfrentam trade-offs.
Você já deve ter ouvido a frase “Não existe almoço grátis”! E não 
existe mesmo, pois até mesmo quando vamos a um almoço do tipo “boca 
livre”, incorremos em um custo de oportunidade, pois sacrificamos uma 
alternativa ou outra atividade qualquer que poderíamos estar executando. 
Porém, a tomada de decisão nos levou a escolher a opção de ir a esse 
almoço, em detrimento de alguma outra atividade concorrente.
Vejamos mais um exemplo:
Podemos ter um meio ambiente mais limpo, menos poluído, 
mais sustentável. Mas, para isso, temos que reduzir as atividades 
industriais poluidoras. Isso pode gerar o desemprego, o que é 
indesejável. Este é o trade-off: menos poluição, mais desemprego.
Como alternativa, o governo poderia obrigar as empresas 
a instalarem mecanismos de controle da poluição. Só que isso vai 
encarecer o preço dos produtos, ou seja, vai gerar inflação.
Percebe por que não existe almoço grátis?
Como agentes econômicos, estamos constantemente às voltas 
com decisões e escolhas mutuamente excludentes e, por isso, se faz 
necessário reconhecer e avaliar os trade-offs em nossa vida, porque 
somente podemos tomar boas decisões se compreendermos muito 
bem as opções que estão disponíveis.
Princípio Nº 2 - O custo de alguma coisa é aquilo de que você 
desiste para obtê-la.
Como os agentes econômicos enfrentam trade-offs, a tomada 
de decisão entre as diversas alternativas existentes exige a comparação 
dos custos com os benefícios em cada uma das alternativas. Em muitos 
casos, porém, a identificação dos custos pode não estar assim tão clara 
como você gostaria que estivesse. Considere a seguinte hipótese: você 
Economia | 23
trabalha para uma empresa, é um assalariado, e ganha R$ 2.000 por 
mês. Em dado momento de sua vida, você decideter o seu próprio 
negócio, uma pet shop, por exemplo. Você monta um plano de 
negócios para avaliar o empreendimento e, nele, você indica todas as 
entradas de receita e todos os seus custos fixos e variáveis. E chega à 
conclusão de que vale a pena fazer o investimento, que vai lhe garantir 
retiradas mensais em valores iguais ou até superiores ao salário que você 
ganhava como assalariado.
Um pequeno detalhe pode ter escapado ao seu controle: em 
seus cálculos, você considerou como perda o salário mensal de R$ 2.000 
que você ganhava como assalariado?
Se a sua resposta a essa pergunta for “não”, será necessário 
rever os cálculos, e a razão é simples: ao optar pelo seu próprio negócio, 
você está abrindo mão de seu status atual. Em outras palavras, e 
traduzindo em valores, você está sacrificando a alternativa de continuar 
como assalariado, o que tem um custo mensal de R$ 2.000. Isto nos 
remete ao conceito de custo de oportunidade, que nada mais é que o 
valor da alternativa que foi sacrificada. Neste exemplo, o seu custo de 
oportunidade é de R$ 2.000, equivalente ao salário mensal a que você 
renunciou.
Ele também é chamado de custo alternativo ou custo 
implícito, pois não envolve desembolso monetário. 
Princípio 3 – As pessoas racionais pensam na margem.
Você conhece expressões do tipo “Comigo é tudo ou nada” ou 
ainda, “Ou vai ou racha”? Elas pressupõem decisões extremas, radicais, 
mas você sabe que na vida as coisas não são bem assim. Em Economia, 
você aprende que as melhores decisões são tomadas “na margem”, ou 
seja, próximas dos extremos, daquilo que você está fazendo.
Por exemplo, se você acabou de saborear um sorvete do tipo 
“banana split”, sua próxima decisão poderá ser a de aceitar (ou não) 
uma colher a mais de sorvete (na margem), mas não a de tomar outra 
taça de sorvete.
24 | Economia
Veja o que acontece numa companhia aérea, citada por 
Mankiw em seu livro: se um avião tem 130 lugares, e a passagem custa 
US$ 500, você venderia uma passagem por menos de US$ 500? A 
resposta é “não”! Imagine que este avião está prestes a decolar e que há 
10 assentos vagos. Se aparece um passageiro disposto a pagar US$ 300 
pela passagem, a empresa deve recusar? Claro que não, uma vez que os 
US$ 300 cobrem, com margem folgada, os custos adicionais (custos 
marginais) para ter um passageiro a mais na aeronave.
Figura 5: Decisões de estoque, custo, logística, produto e local de desembaraço.
Princípio nº 4 – As pessoas reagem a incentivos.
Os agentes econômicos tomam decisões por meio de 
comparações entre custos e benefícios e, se houver alguma alteração 
nessas variáveis, o comportamento dos agentes pode mudar. Vejamos 
este exemplo: imagine que você está empenhado em uma campanha 
antitabaco. Você acha que um imposto de R$ 3 por cada maço de 
cigarros vendido é um forte incentivo econômico contra a venda de 
cigarros? Ou você acha que a proibição do fumo em restaurantes e bares 
é um poderoso incentivo social, mais importante que o imposto? Ou 
você implementaria as duas medidas simultaneamente? Pense nisso, 
mas aqui vai uma dica: se olharmos para a indústria automobilística, 
existem estudos contundentes que indicam que o número de acidentes 
e de vítimas fatais aumentou muito após a adoção de mecanismos de 
segurança, como os freios ABS e os airbags instalados nos automóveis. 
Decisões de Estoque
Decisões de Custo
Decisões de Logística
Decisões de Produto
Decisões de Local de Desembaraço
Economia | 25
Por quê? Simples! Com esses mecanismos, os maus motoristas se 
sentem mais seguros para dirigir de forma imprudente, na certeza de 
que os mecanismos vão preservar a sua vida.
Sobre o Princípio nº 4, veja um belo exemplo de mudança de 
comportamento em função da mudança nos incentivos: no ano 
de 2013, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro começou a 
aplicar multas às pessoas que jogam lixo nas ruas. É a campanha 
“Lixo Zero”. As ações da Prefeitura tiveram ampla divulgação 
em rádios e TV´s, e os resultados apareceram rapidamente: 
segundo a COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza 
Urbana) o lixo descartado irregularmente no chão teve uma 
redução de 50%.
E você? Após conhecer o conteúdo destas duas matérias, se 
sente motivado a modificar sua atitude diante do problema? Na sua 
visão, o lixo jogado na rua diminuiu porque as pessoas rapidamente 
se conscientizaram sobre o seu papel frente ao meio ambiente ou foi 
simplesmente porque esse gesto pode doer no bolso?
Princípios Relacionados à Interação Entre os Agentes Econômicos
Princípio nº 5 – O comércio pode ser bom para todos.
Você já pensou em confeccionar em casa as suas próprias 
roupas? Fabricar o seu próprio sapato? Montar a sua própria 
bicicleta? Cortar, você mesmo, o seu cabelo? Certamente não, pois, 
agindo assim, você estaria gastando muito mais dinheiro e tempo, 
ou seja, dois dos recursos mais escassos da humanidade, para 
produzir esses bens e serviços, e com grande risco de produzir tudo 
isso em qualidade muito inferior aos existentes no mercado. Há 
milhares de empresas especializadas em confecções, centenas de lojas 
e fabricantes de sapatos, montadores de bicicleta e, talvez, um salão 
de beleza em cada rua! Por isso, o comércio racionaliza os recursos, 
gerando benefícios para todos!
Saiba mais
26 | Economia
Princípio nº 6 - Os mercados são, geralmente, uma boa 
maneira de organizar a atividade econômica.
Adam Smith, um dos “pais” da Economia, em seu livro 
A Riqueza das Nações, indicou que as famílias e as empresas, ao 
interagirem nos mercados, agem como se fossem guiadas por uma 
“mão invisível” que as leva a resultados de mercados desejáveis, 
muito embora, individualmente, cada agente esteja defendendo seus 
próprios interesses.
A isso chamamos de economia de mercado, na qual milhões 
de empresas decidem quem contratar e o que produzir. Milhões de 
famílias decidem em que empresas irão trabalhar e o que comprar 
com seus rendimentos. Os preços são o instrumento pelo qual a mão 
invisível conduz a atividade econômica, o que será aprofundado na 
segunda unidade deste curso. Os preços refletem tanto o valor de um 
bem para a sociedade quanto o custo social de produzi-lo. Como as 
famílias e as empresas observam os preços para decidir o que comprar e 
o que vender, elas levam em consideração, involuntariamente, os custos 
e benefícios sociais de suas ações.
Princípio nº 7 - Às vezes os governos podem melhorar os 
resultados dos mercados.
Os mercados só funcionam bem quando os direitos de 
propriedade são garantidos, assim como os demais direitos e marcos 
regulatórios, visando promover a eficiência e a equidade. Se você fosse 
um fazendeiro, só cultivaria os alimentos se tivesse a certeza de que suas 
colheitas não seriam roubadas. Se você fosse dono de um restaurante, 
só serviria as refeições se tivesse a garantia de que todos os clientes 
pagariam as contas antes de ir embora. Todos nós confiamos no governo 
para providenciar a segurança e a justiça e fazer valer nossos direitos 
sobre aquilo que produzimos. No caso dos consumidores, ainda temos 
a proteção legal , por meio do Código de Defesa do Consumidor – Lei 
no 8.078 de 11 de setembro de 1990.
Economia | 27
Figura 6: Ação do Estado x Consumidor.
Em relação ao Princípio nº 7, a Sadia e a Perdigão eram 
duas grandes companhias brasileiras na área de alimentos 
processados e carnes. Em 2009, na esteira da crise 
internacional de 2008, as duas empresas anunciaram uma 
fusão e a criação de uma nova empresa, a BRF – Brasil Foods. 
Visando evitar a concentração do mercado nas mãos da nova 
empresa, que poderia resultar em eventuais prejuízos aos 
consumidores, o governo, por meio do CADE – Conselho 
Administrativo de Defesa Econômica, estabeleceu um 
conjunto de restrições à fusão.
Princípios Relacionados ao Funcionamento da Economiaem um País
Princípio nº 8 - O padrão de vida de um país depende de sua 
capacidade de produzir bens e serviços. 
De acordo com dados do FMI – Fundo Monetário 
Internacional, a renda per capita dos países, no ano de 2011, assumiu 
os seguintes valores, para os países citados:
Ação do Estado Consumidor/Cliente
Política de defesa
da concorrência
Concorrência
Eficiência 
econômica
Preços mais baixos
Maior escolha
Melhor qualidade
Inovação
Saiba mais
28 | Economia
Países Em Dólares Em Reais
Luxemburgo 113500 244025
Estados Unidos 48000 103200
Coreia do Sul 22000 47300
Brasil 12800 27520
China 5400 11610
Bolívia 2300 4945
Paquistão 1200 2580
Afeganistão 600 1290
Congo 200 430
Figura 7: Renda per capita de alguns países. Fonte: FMI – Renda per 
capita anual – Base 2011.
É fácil observar que as diferenças de padrão de vida somente 
nesse conjunto de países são assustadoras. A renda per capita se reflete 
em diversos outros indicadores de qualidade de vida. Os cidadãos de 
países de renda elevada têm mais escolaridade, mais televisores e carros, 
melhor nutrição, melhores moradias, melhor assistência médica e uma 
expectativa de vida mais longa do que os cidadãos dos países de baixa 
renda. Quase todas as variações de padrão de vida podem ser atribuídas 
a diferenças de produtividade entre países, ou seja, à quantidade de 
bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho. Em países onde 
os trabalhadores podem produzir uma grande quantidade de bens 
e serviços por unidade de tempo, a maioria das pessoas desfruta de 
padrões de vida elevados; em nações onde os trabalhadores são menos 
produtivos, a maioria das pessoas precisa enfrentar uma existência com 
maior escassez e, portanto, menos confortável.
Princípio nº 9 - Os preços sobem quando o governo emite 
moeda demais.
Economia | 29
O que causa a inflação? Em quase todos os casos de inflação 
elevada ou persistente, o culpado é o mesmo: um aumento na 
quantidade de moeda. Quando um governo gasta mais do que arrecada 
em tributos, precisa emitir grandes quantidades de moeda e, assim, o 
valor da moeda diminui. A moeda se desvaloriza, e precisamos de mais 
moeda para comprar a mesma quantidade de alimentos, por exemplo. 
O Brasil passou por grandes surtos inflacionários nas décadas de 1980 
e 1990, que somente foram debelados após a adoção do Real como 
moeda, em 1994, além de um conjunto de medidas saneadoras.
Princípio nº 10 - A sociedade enfrenta um trade-off de curto 
prazo entre inflação e desemprego.
Quando a taxa de desemprego está baixa, significa que a 
maior parte dos trabalhadores está empregada, recebendo salários que 
serão gastos na compra de bens e serviços, conforme vimos no fluxo 
circular da renda, no início desta unidade. Se muitas famílias vão às 
compras, demandando bens, pode ser que os comerciantes percebam 
esse movimento, e aumentem os preços para aproveitar a “maré de 
sorte” e também para se precaver na renovação dos estoques. Se falta 
produto no mercado, os preços sobem, e isso gera um aumento de 
preços, que é a inflação. Logo, teremos desemprego em baixa, mas 
com inflação elevada. Se o governo adota medidas fiscais e monetárias 
para conter a inflação (medidas restritivas) , ocorre o inverso: o crédito 
fica mais caro, a sociedade paga mais tributos, as intenções de compra 
se congelam, reduz-se a produção de bens, e as fábricas e o comércio 
demitem trabalhadores. Menos trabalhadores com renda, menores as 
vendas, surgindo a necessidade de ajustar os estoques, por meio da 
baixa de preços, o que vai reduzir a inflação. Agora, então, teremos 
inflação baixa, sob controle, mas com elevado desemprego. 
Exemplo:
Ponto A: Para uma taxa de inflação baixa, de apenas 
2%, a taxa de desemprego é alta = 5%. 
Ponto B: Para uma taxa de inflação alta, de 6%, a taxa 
30 | Economia
de desemprego se reduz para 3%.
Inflação
(%)
6%
2%
3% 5% Desemprego
%
B
A
Figura 8: Ambiente inflacionário e a curva de Philips.
Economia | 31
Síntese
O fluxo circular da renda nos ajuda a ter uma ideia sobre o 
funcionamento básico da economia, onde as famílias e as empresas 
interagem nos mercados de fatores de produção e de bens e serviços. 
As trocas no mercado de bens e serviços representam despesas para as 
famílias e, simultaneamente, receitas para as empresas.
Os fatores de produção são a terra, o trabalho, o capital, a 
tecnologia e a capacidade empresarial. São eles que ajudam a resolver 
os problemas fundamentais da Economia: o que produzir, quando 
produzir, como produzir e para quem produzir.
O estudo econômico se divide em quatro grandes áreas: a 
Microeconomia, a Macroeconomia; a Economia Internacional e o 
Desenvolvimento Econômico.
Os princípios econômicos mostram que os agentes econômicos 
reagem a incentivos e enfrentam trade-offs em suas decisões, incorrendo 
em custos de oportunidade, mesmo quando tomam decisões na 
margem. Eles também mostram que o comércio pode ser bom para 
todos e que os mercados podem ser uma boa maneira de organizar 
a atividade econômica, mas a intervenção governamental pode ser 
necessária para melhorar os resultados do mercado.
Os princípios econômicos evidenciam que o padrão de vida 
de um país depende de sua capacidade em produzir bens e serviços 
de forma eficiente e competitiva. Se o governo se mostra ineficiente 
na condução de seus gastos, ele pode precisar emitir moeda, gerando 
inflação, que pode afetar diretamente o mercado de trabalho.
Economia | 33
Leitura Complementar
A fim de complementar os conhecimentos adquiridos nesta 
unidade de aprendizagem, faça a leitura das as seguintes sugestões:
JORNALISMO TV CULTURA. Cade aprova fusão. 
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Skyaroo_oO0. 
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Economia | 35
Referências Bibliográficas
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