Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Gestão da Sustentabilidade Aula 1: Aspectos Gerais do Meio Ambiente e Sustentabilidade Professor Dr. Rodrigo Silva Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial O meio ambiente vem sendo alvo de inúmeras discussões, sobretudo no que se refere ao impacto que nós, seres humanos, podemos causar nele através de nossas ações positivas ou negativas. No entanto, a interdependência entre o homem e a natureza deve ser observada e avaliada como ponto fundamental para compreendermos que o bem-estar humano depende, inevitavelmente, da mútua colaboração e respeito de um pelo outro. Neste tema, iremos discutir a relação do homem com o meio ambiente e seus recursos, enfatizando a história da humanidade e sua relação com o meio ambiente, visando ao desenvolvimento econômico e à preservação ambiental. Além disso, estudaremos um pouco do histórico, as teorias e os conceitos que estão atrelados à forma como a sociedade vêm gerindo a economia e os recursos naturais. Assim, a grande pergunta que irá nortear nossas discussões é: será que podemos aliar o crescimento econômico e sua busca desenfreada pelo lucro e a preservação dos recursos naturais do planeta? Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 Contextualizando Durante muitos anos foi difícil compreender a relação indissociável que existe entre o meio ambiente e o ser humano. Se formos buscar na história da humanidade e do pensamento ocidental, notaremos que essa consciência era implícita e que, portanto, fazia parte da (sobre)vivência do homem. Mas, parece que ao longo da “evolução” humana fomos perdendo essa capacidade de perceber tal interdependência e passamos a olhar o ambiente que nos cerca apenas como um fornecedor de matérias-primas, apresentando uma visão utilitarista e de supremacia. A consequência desse afastamento foi o grande pilar para a geração dos problemas ambientais que observamos na atualidade. Assim, é imperativo dizer que esse resgate cultural e natural às origens é fundamental para uma mudança de postura e paradigma, visando à garantia da qualidade de vida, assim como para evitar um próprio ecocídio, ou seja, sua própria extinção devido à escassez dos recursos naturais. Mas, será que isso é realmente possível de acontecer ou se trata somente de uma perspectiva alarmista e sem fundamentos sobre o destino dos 7 bilhões de pessoas que habitam o nosso planeta? Para responder a essa pergunta, eu vou te convidar a conhecer um pouco da história de um povo que viveu em local no Oceano Pacífico, distante alguns quilômetros da costa litorânea do Chile: o povo Rapa Nui, antigos habitantes da Ilha de Páscoa. Acredita-se que excessivo crescimento da população Rapa Nui – que vivia basicamente do cultivo da batata-doce e da criação de galinhas – associado ao intenso desmatamento da Ilha para obtenção de madeira utilizada na fabricação das moradias e canoas, e também para o transporte das gigantescas esculturas – os moais (Figura 01) –, bem como uma infestação gigantesca de roedores, tenham sido os principais fatores responsáveis pela extinção do povo Rapa Nui. Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 Figura 1: Os Moais. Fonte: <http://www.nvisible.com/nvisiblegraphics/ph/RapaNui-11.jpg>. Os Moais são esculturas gigantes feitas de rocha vulcânica e que representam a cultura Rapa Nui. A elas e ao excessivo crescimento populacional é atribuída a extinção de boa parte dos recursos naturais existentes na Ilha de Páscoa, o que levou a extinção de toda a população local. Após a leitura dessa breve história do povo Rapa Nui, você acredita que podemos fazer alguma alusão ou comparação à população que atualmente vive no planeta Terra? Não sabemos se é exatamente isso que acontecerá com os terráqueos, no entanto, notamos que o uso ineficiente dos recursos naturais da Ilha de Páscoa foi considerado o principal responsável pela extinção de toda uma civilização. Lembro a você, caro aluno, que isso não foi um privilégio do povo Rapa Nui, pois os povos Maias (México), os Khmer (Camboja) e os Moches ou Mochicas (Peru) também viveram o mesmo drama. Assim como nós, essas populações também eram conhecidas pela sua engenhosidade e pelo desenvolvimento da “tecnologia” da época, porém, não tinham tantas ferramentas como temos nos dias atuais. Por fim, vos deixo uma pergunta para reflexão: corremos o risco de a história se repetir mais uma vez, só que dessa vez em escala global? Será que entramos em um caminho de mais um processo de extinção em massa? Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Problematizando Os agrotóxicos (ou defensivos agrícolas) são considerados extremamente relevantes no modelo de desenvolvimento da agricultura no país. No entanto, a intoxicação de trabalhadores agrícolas (principalmente os pequenos produtores) com essas substâncias, é um fato é recorrente. Para se ter uma ideia, estima-se que grande da população brasileira esteja contaminada com esse tipo de substância. Além disso, aí vai mais um dado alarmante: o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo, segundo o próprio Ministério do Meio Ambiente (MMA: <http://www.mma.gov.br/seguranca- quimica/agrotoxicos>. Acesso em: 10 set. 2015.). Vale ressaltar que já é descrito pela literatura científica que essas substâncias são conhecidamente cancerígenas. Basicamente, os defensivos agrícolas são utilizados principalmente nas grandes commodities agrícolas (soja, milho, algodão, etc.), com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade, mas, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), outros alimentos consumidos em nosso dia a dia também estão contaminados com esses produtos (veja a figura a seguir). Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Adicionalmente, o lixo proveniente do extensivo uso dessas substâncias (embalagens de agrotóxicos) é, em sua maioria, descartado inadequadamente, contaminando diferentes locais dos ecossistemas (solo, ar e água), mas também é importante ressaltar que os custos dos danos ambientais causados pela contaminação do maio ambiente não são internalizados na produção, o que faz com que o poder público arque com o prejuízo e, este, por sua vez, repassa ao produtor, que repassa ao consumidor final, gerando assim um ciclo vicioso. No Brasil, alguns agrotóxicos são proibidos de serem utilizados e comercializados, como é o caso do DDT, entretanto, mesmo assim, esse é um produto extensivamente utilizado nas plantações. Portanto, a presença de defensivos agrícolas em alimentos, aliada à contaminação dos corpos hídricos (rios, lagos, açudes, etc.), gera alto risco para a população em geral, o que configura um grave problema de saúde pública. No entanto, vemos uma alta demanda pela produção de alimentos que se enquadra no modelo de produção dominante. Agora, imagine que você é um gestor de uma grande multinacional responsável pelos processos de exportação de defensivos agrícolas e suas commodities. Os trabalhadores da empresa, assim como os alimentos, têm apresentado elevadas taxas de agrotóxicos e, por isso, a empresa tem recebido inúmeras notificações por parte do Ministério Público Federal. Por você fazer parte do comitê responsável pela gestão ambiental da empresa, suas contribuições para a minimização deste problema são fundamentais. Pergunta-se: qual seria a melhor atitude que você, gestor, tomaria no que se refere à minimização desse problema socioambiental? Opção 1: o mais adequado seria extinguir totalmente o uso de agrotóxicos, evitando assim a contaminação tanto do meio ambiente quanto dos trabalhadores. A criação de uma cooperativa também seria interessante, pois auxiliaria no processo de produção de alimentose inserção do grupo no mercado de vendas. Assim, com a produção desses produtos orgânicos, o grupo de produtores lucraria mais, já que esse tipo de produto possui maior apelo comercial que os que utilizam agrotóxicos, onde poderiam ser vendidos em feiras específicas. O material restante da prática deveria ser enterrado ou incinerado longe das residências, para evitar contaminação das famílias dos trabalhadores. Opção 2: os trabalhadores rurais deveriam ser orientados quanto ao uso racional e adequado dos pesticidas, adotando políticas e normas que diminuam, consideravelmente, o impacto desse tipo de produção na saúde humana e no ambiente. Deveria ser criada uma cooperativa de produtores rurais, onde estes seriam fiscalizados em seu trabalho quanto ao uso de equipamentos de proteção adequados. Palestras sobre educação ambiental, Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 saúde do trabalhador, e um centro de vigilância toxicológica auxiliariam na minimização das contaminações pela exposição aos defensivos. Como forma de monitorar os danos ambientais, os córregos e rios devem ser analisados periodicamente para verificar o grau o seu de contaminação. Opção 3: deveria ser feita a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de última geração a todos os produtores do local. Criação de postos de saúde bem equipados com profissionais gabaritados para atender os pacientes, vítimas da exposição e da intoxicação. Os investimentos em pesquisas para a cura das doenças ligadas à contaminação por praguicidas, além da distribuição gratuita de medicamentos que aliviem os efeitos nocivos dos venenos. Deve haver incentivo dos governos para a compra de praguicidas diferentes, assim os trabalhadores não ficariam expostos ao mesmo veneno, evitando uma contaminação crônica. Comentário sobra as opções A opção 1 é uma resposta que, num primeiro momento, pode se apresentar como a melhor, mas avalie a situação: extinguir totalmente os defensivos traria grande prejuízo aos trabalhadores e à produção da empresa. Além disso, a produção de orgânicos é mais demorada, o que também traria grande prejuízo financeiro. Os produtos orgânicos têm um público muito restrito, sobretudo pelo fato de serem caros. A cooperativa seria uma alternativa interessante para gerenciar a produção e a venda, mas enterrar as embalagens não é a melhor opção, pois contaminaria o solo e a água. Nesse caso, uma lavagem adequada antes do descarte seria de grande valia. Sobre a opção 2, podemos considerá-la a melhor opção! Em um primeiro momento, a orientação aos trabalhadores os conscientizaria e os sensibilizaria a respeito dos efeitos nocivos dos agrotóxicos, tanto na sua saúde quanto na qualidade do ambiente em que vivem. A fiscalização desses trabalhadores auxiliaria no cumprimento das normas de utilização dos defensivos, bem como do uso dos equipamentos de proteção. O centro de vigilância seria de fundamental importância, pois nele o trabalhador poderia tirar suas dúvidas a respeito da sua saúde em relação à exposição a essas substâncias. E, por fim, o constante monitoramento dos mananciais de água indicaria se a qualidade ambiental estaria sendo afetada pelos venenos. Quanto à opção número 3, veja que se trata de medidas paliativas. Os equipamentos de última geração não têm nenhuma importância se não houve conscientização dos usuários sobre a importância da sua utilização. O mesmo pode ser dito em relação aos postos de saúde bem equipados, estes são necessários, mas o importante é combater a fonte de contaminação, e não a doença já instalada. As pesquisas em cura das enfermidades decorrentes da exposição e os investimentos em novos defensivos não diminuiriam a Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 exposição desses indivíduos e, consequentemente, seus efeitos nocivos. Tema 01: Aspectos históricos da relação homem e o meio ambiente Há, basicamente, três teorias sobre a origem da vida no planeta Terra (Figura 02). A primeira diz respeito à teoria criacionista, que atribui a criação das espécies existentes no planeta a um Criador Divino (a exemplo de Adão, que foi criado a partir do barro, e Eva, criada a partir de uma costela de Adão). A segunda teoria, chamada de panspermia, diz que o planeta foi colonizado a partir de microrganismos trazidos por meteoros vindos do espaço sideral. A terceira teoria, e mais aceita pela comunidade científica atual, é chamada de evolucionista, e diz que as primeiras formas de vida teriam surgido há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando o planeta proporcionou condições ideias para o surgimento da vida como a conhecemos, após o grande evento do Big Bang (a grande explosão do universo). Vale ressaltar que trabalharemos a partir da perspectiva da última abordagem. Figura 02: Teorias sobre a origem da vida. Na primeira figura (superior esquerda), a pintura de Michellangelo “Criação Divina” (1511), simbolizando a criação do Homem a partir de um Criador - criacionismo. Na segunda figura (superior direita), a colonização do planeta a partir de microorganismos vindos de meteoros - panspermia. Na terceira figura (inferior), a teoria do Big Bang, onde o planeta surgiu a partir de uma grande explosão, e posteriormente, o surgimento da vida na forma de bactérias – Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 teoria evolutiva. Há aproximadamente 4 milhões de anos, acredita-se que tivessem surgido os primeiros hominídeos (Figura 03). O ser humano, na sua forma atual, apresenta-se como o produto de um longo processo evolutivo. Supõe-se, por achados arqueológicos, que os primeiros hominídeos teriam habitado a África. Mas, foi somente a espécie Homo sapiens que conseguiu atingir a capacidade cerebral de cognição e raciocínio lógico como conhecemos hoje (CURI, 2011). Figura 03: Linha do tempo da evolução humana até os dias atuais. Fonte: <http://www.coladaweb.com/biologia/evolucao/evolucao-humana>. Nota-se, na figura, que muitas espécies se desenvolveram quase ao mesmo tempo. O grande salto evolutivo do Homem pré-histórico em relação a sua estratégia de sobrevivência veio quando ele passou de um ser nômade (indivíduo migratório sem habitação fixa) quase individualista – coletor-caçador -, e passou a ser gregário (que vive em grupos e em lugar fixo). Basicamente, o que proporcionou essa mudança foi o domínio que o ser humano passou a ter sobre o fogo e as plantas (agricultura) e a fabricação de utensílios, aproximadamente 7.000 anos a.C. No entanto, a migração continuava a acontecer devido, principalmente, à perda da fertilidade da terra, o que os obrigava a migrar para outro local. Embora esse impacto existisse, sua escala era quase irrelevante, pois a natureza era capaz de se recompor em tempo suficiente. Porém, a postura de sobrevivente às intempéries da época se modificou. Agora, o homem passou a Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 ser um predador. Após longos períodos evolutivos, passando pela Idade Média (1000 anos d.C.), pelo período Renascentista – séculos XV e XVI – e pela Revolução Científica do século XVII, chegamos à segunda metade do século XVIII, época que foi marcada por um evento fundamental relacionado aos impactos que o ser humano pode causar no meio ambiente: a Revolução Industrial. Logicamente, a ideia aqui não é nos aprofundarmos nos aspectos históricos da Revolução Industrial, mas, sim, entender que ela foi um marco histórico no processo de superexploração dos recursos naturais (gerando impactos ambientais consideráveis, como poluição e desmatamento), visando ao bem- -estar social. Vale destacar que a sociedade também sofreu as consequências devastadoras da Revolução, devido à exploração da mão de obra em regimes de trabalho semiescravos (CASAGRANDE JR.; AGUDELO, 2012). Tema 02: Os conceitose princípios ambientais Até agora, falamos muito de meio ambiente, mas ainda não o definimos exatamente. O conceito de meio ambiente é bastante amplo e permite inúmeras interpretações e definições. De acordo com o professor José Carlos Barbieri (2007), a forma como nós definimos o meio ambiente também define a forma como interagimos com ele. No português, a palavra ambiente significa “ao redor”. Ainda, é interessante dizer que alguns autores acham redundante dizer “meio ambiente”, pois as duas palavras significam a mesma coisa. Em espanhol, inglês e francês, apenas uma palavra é utilizada. Um dos autores mais influentes da área ambiental, o professor Frijot Capra (2005), define meio ambiente como algo que está relacionado à ecologia (o estudo da “casa”) e que o planeta funciona como uma teia, isto é, está totalmente interligado. A legislação brasileira, com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981), define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). De acordo com o dicionário Aurélio1, meio ambiente é o “conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem”. 1 <http://www.dicionariodoaurelio.com/meio>. Acesso em: 07 set. 2015. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Já o ecólogo norte americano Robert Ricklefs, em seu livro A economia da natureza, conceitua meio ambiente como “o que contorna um ser; esse envoltório abrange plantas e animais” (RICKLEFS, 2003). Para Babieri (2007), há três tipos de meio ambiente: 1. Ambiente natural – matas virgens e outros ambientes ainda inexplorados pelo homem; 2. Ambiente domesticado – áreas de reflorestamento, açudes e lagos artificiais; 3. Ambiente fabricado – centros urbanos, estradas e tudo o que foi construído pelo ser humano. Já para a Constituição Federal Brasileira (1998), essa divisão é ainda mais abrangente. Veja no quadro a seguir. Quadro 1: Os diferentes tipos de ambiente, de acordo com a Constituição Federal Brasileira (1998). Físico Cultural Artificial Trabalho - Flora - Fauna - Solo - Água - Atmosfera - Ecossistema - Patrimônios a. Cultural b. Artístico c. Arqueológico d. Paisagístico - Manifestações culturais e populares - Conjunto de edificações particulares ou públicas, principalmente urbanas - Conjunto de condições existentes no local de trabalho relativo a qualidade de vida do trabalhador Fonte: elaborado com base em Brasil (1998 apud ALENCASTRO, 2013). Analisando estas definições, é possível observar que determinadas vertentes assumem que meio ambiente engloba aspectos naturais e biológicos, ao passo que outras vertentes vão além, incluindo aspectos relacionados a cultura, economia e sociedade. Nesta disciplina, vamos abordar o conceito mais holístico possível, com a finalidade de ampliar nossas possibilidades de discussões sobre a gestão desse tema. É de senso comum que há grande necessidade de preservar o meio ambiente e, para isso, foram criados princípios, leis e outros instrumentos legais que auxiliam neste processo. Um desses princípios – e que cabe muito bem neste Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 tema – denomina-se Princípio da Precaução. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), este princípio estabelece que deva haver uma relação respeitosa entre homem e natureza e, ainda, que esta relação deva ser substancialmente funcional. Este princípio também trata de ações de antecipação do risco, com o intuito de se preservar a saúde humana e ambiental. Vale destacar que, inicialmente, este princípio foi elaborado em resposta à poluição ambiental na Europa, na década de 1970, mas foi estendido, inclusive, às questões econômicas que, de alguma forma, podem interferir na saúde do homem e do meio ambiente. Outro princípio fundamental é o do Poluidor-pagador (que está baseado no artigo 225 da Constituição Federal). Este princípio estabelece que aquele que polui deve, de alguma forma, pagar pelo dano ambiental, com a finalidade de repará-lo. No entanto, a esse princípio cabem inúmeras discussões, pois alguns autores alegam que isso dá o “direito de poluir”. Por outro lado, outros autores afirmam que pode ser considerado um mecanismo punitivo daquele que promove a degradação ambiental. A seguir, note uma tabela com outros princípios fundamentais do direito ambiental (Quadro 2). Vale ressaltar que este é um assunto que discutiremos mais profundamente em outro momento da nossa disciplina, e, ainda, que tal divisão varia de acordo com o autor. Nesse caso, utilizaremos as definições de Farias (2006). Quadro 02: Princípios do Direito Ambiental. Princípios Definições Da Prevenção “É aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos recursos ambientais como forma de cautela em relação à degradação ambiental”. Da Responsabilidade “O princípio da responsabilidade faz com que os responsáveis pela degradação ao meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da reparação ou da compensação pelo dano causado”. Do Limite De acordo com este princípio, é dever do Estado “fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros, visando sempre promover o desenvolvimento sustentável”. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Da Gestão Democrática De acordo com este princípio, a gestão democrática deve “assegurar ao cidadão o direito à informação e a participação na elaboração das políticas públicas ambientais, de modo que a ele deve ser assegurado os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos que efetivam o princípio. Esse princípio da gestão democrática diz respeito não apenas ao meio ambiente, mas a tudo o que for de interesse público”. Fonte: elaborado e adaptado pelo autor, com base em Farias (2006). Tema 03: Meio Ambiente: antecedentes históricos Nesse momento da nossa aula, você deve estar se perguntando: efetivamente, quando começou a preocupação com a degradação ambiental? Na verdade, essa pergunta não é nada simples de ser respondida, mas podemos citar alguns eventos ou algumas épocas muito importantes para a preservação ambiental. Apesar de parecer, a preocupação com a preservação ambiental não é tão recente. Na Grécia antiga, Platão (428 a.C.–348 a.C.) já mencionava preocupação com a devastação das paisagens da sua terra. Seu ex-discípulo, Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.), dizia que o homem faz parte da natureza e quem ambos têm as suas finalidades (CARVALHO; GRUN; TRAJBER, 2006). No entanto, foi somente a partir da década de 1950 que a população mundial passou a notar que algo estava errado. Acidentes ambientais em diferentes partes do mundo estavam acontecendo e todos eles estavam associados com ações antrópicas. Citaremos, a seguir, três casos que levantaram esse alerta. 1. No Japão, por muitos anos, uma indústria química causou um intenso vazamento de mercúrio na baía de Minamata. Esse componente químico, extremamente neurotóxico, causou uma série de doenças neurológicas nas famílias locais e nos animais, que passaram a consumir o peixe que estava contaminado pelo mercúrio. A doença ficou conhecida como “A doença de Minamata”. 2. O caso da grande fumaça que atingiu Londres, na Inglaterra, ficou conhecido como “o grande smog de 1952”. Esse fenômeno foi causado pela enorme queima de carvão e combustíveis utilizados para alimentar as fábricas do local. Na época, mais de 4 mil pessoas morreram em decorrência daexposição à fumaça, no entanto, estima-se que foram mais de 7 mil óbitos. Também, mais de 15 mil pessoas foram internadas devido a problemas respiratórios. Foi a Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 partir desse episódio que as autoridades inglesas passaram a adotar medida de controle em relação à emissão de fumaça, no país (KATSOYIANNIS e BOGDAL, 2012). Figura 03: O Grande smog de 1952 em Londres/Inglaterra. Fonte: <http://edgblogs.s3.amazonaws.com/planeta/files/2013/01/london-smog.jpg>. 3. A explosão de um navio carregado de nitrato de amônio (muito utilizado na fabricação de fertilizantes) explodiu no Texas/EUA. Nesse episódio mais de 500 pessoas morreram. Estes três eventos, de fato, contribuíram bastante para alertar sobre os riscos ambientais que o planeta e seus habitantes estavam correndo, em função das ações humanas. Porém, nenhum deles se compara ao alerta emitido por uma bióloga norte-americana que denunciou os efeitos nefastos de um defensivo agrícola (produto utilizado nas lavouras para evitar pragas e outros males). Rachel Carson (1907–1964) publicou o livro Primavera Silenciosa (do inglês Silent Spring), em 1962. Na obra, a autora descrevia uma enorme mortandade de pássaros devido à exposição ao DDT, defensivo utilizado nas lavouras da época e que, posteriormente, seria banido de muitos países, inclusive no Brasil (STADLER; MAIOLI, 2011). Depois desse evento, a comunidade cientifica mundial juntou seu grito de alerta aos da bióloga. Assim, em 1968, um encontro reunindo alguns cientistas, políticos e alguns intelectuais de renome mundial (incluindo o ex-presidente da república, Dr. Fernando Henrique Cardoso), fundaram o Clube de Roma, que tinha por objetivo discutir e propor soluções a problemas que assolavam o Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 planeta, inclusive os problemas ambientais. Na ocasião, o Clube solicitou ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, um estudo sobre o futuro da humanidade, caso continuassem a degradação ambiental, daquela forma, e com aquela velocidade. O documento gerado ficou conhecido como Os limites do crescimento (do inglês, The limits of growth) ou Relatório de Meadows, em homenagem aos seus dois principais autores: Donnela Meadows e Dennis Meadows. A ideia central dos resultados se baseava em conceitos já pré-concebidos pelo economista Inglês Thomas Malthus (1766–1834) e sua teoria Malthusiana, em que o autor mencionava que, se a população continuasse a crescer em progressão geométrica (0, 2, 4, 8, 16, 32...) e a produção de alimento continuasse seu crescimento em progressão aritmética (0, 2, 4, 6, 8, 10...), os habitantes do planeta entrariam em colapso (Figura 04). O gráfico indica que o crescimento populacional (linha vermelha) é muito mais acelerado que a produção de alimento (linha azul). Figura 04: Gráfico representativo da Teoria Malthus. Alguns anos mais tarde, em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi realizada outra importante conferência para tratar da problemática ambiental. No entanto, agora, a discussão inclui os aspectos político-econômicos e suas consequências. A reunião ficou conhecida como Conferência de Estocolmo. Um importante documento produzido após a reunião foi a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, que trazia um plano de ação com uma série de diretrizes e recomendações visando à preservação ambiental em nível mundial. Além disso, foi durante esta conferência que se ouviu uma das frases mais Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 marcantes em relação às causas socioambientais. A então primeira Ministra da Índia, Indira Gandhi, filha de Mahatma Gandhi, disse: “a miséria é a maior de todas as poluições” (ALENCASTRO, 2013). Um importante legado deixado pela Conferência de Estocolmo foi a criação de um organismo internacional responsável pelas discussões sobre meio ambiente – o Programa das Nações Unidades para o Meio Ambiente (PNUMA). Alguns anos mais tarde, em 1983, com a criação da Comissão Mundial para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente (CMDMA), propuseram uma série de medidas visando à preservação ambiental. Seu principal fruto foi a publicação de um dos mais importantes documentos relacionados ao assunto, o Relatório de Brundtland ou O nosso futuro comum (1987). As ideias desse documento são utilizadas até hoje, sobretudo aquela que está relacionada ao desenvolvimento sustentável (BRUNDTLAND, 1987). Esse conceito traz à tona a maneira como devemos seguir com o desenvolvimento das nações. Esse assunto será discutido mais profundamente nas próximas seções, assim como as conferências internacionais que aconteceram no Brasil: a Eco 92 e a Rio +20. A seguir, uma linha do tempo com resumo dos principais eventos históricos relacionados à preservação ambiental (Figura 05). Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 Figura 05: Linha do tempo com os principais eventos históricos relacionados com as questões ambientais. Fonte: o autor (2016). Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Tema 04: Conferências internacionais no Brasil: Eco 92 e Rio +20. Após tantas reuniões e debates relacionados aos problemas ambientais, como saber se, de fato, a sociedade contribuiu significativamente para a preservação dos recursos naturais? Difícil de saber. Com o objetivo de verificar a situação ambiental mundial desde a conferência da Estocolmo, representantes de mais de 179 países de reuniram no Estado do Rio de Janeiro para discutir sobre o assunto. Isso só foi possível porque vários fatores favoreceram tal encontro. De acordo com Curi (2011), os dois principais fatores foram: Fim da Guerra-fria entre os EUA e a antiga União Soviética; Primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) que dissertava sobre os efeitos dos gases tóxicos para atmosfera, principalmente para o agravamento do efeito estufa. Em 1992, os países presentes na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como ECO-92 ou Rio-92, retomaram o assunto sobre o desenvolvimento sustentável e, ainda, debateram e elaboraram propostas e documentos, visando solucionar os problemas relacionados a superexploração dos recursos naturais. De acordo com Curi (2011), essa conferência teve uma conotação política e social muito mais relevante que a Conferência de Estocolmo. Ainda, como mencionado anteriormente, uma série de tratados, convenções e acordos foram estabelecidas durante a reunião. Podemos citar: Declaração de princípios sobre florestas Convenção sobre as mudanças climáticas Convenção da biodiversidade Agenda 21 Carta da Terra Dentre os documentos citados, talvez o mais importante, e o que daremos mais enfoque, é a Agenda 21, que, como o próprio nome dá a entender, se trata de uma série de compromissos e metas estabelecidos e acordados pelos 179 países presentes durante a Rio-92. Esse plano de ação de desenvolvimento e foi elaborado para ser aplicado nas diferentes escalas das nações: escala global, nacional e local. Isso tanto é verdade que o slogan do documento é “Pense globalmente e haja localmente”. Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 Além disso, os atores participantes dessas ações pertencem às diferentes esferas da sociedade. São os governos, as organizações não governamentais do terceiro setor (ONGs), a sociedade civil, entre outros. O documento foi elaborado com 40 capítulos e suas subdivisões. Para facilitar o entendimento e aplicação de cada item, subdividiu-se em 4 seções: Dimensões Sociais e Econômicas; Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento; Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos; Meios de Implantação. Para Alencastro (2013), a Agenda 21 “é a mais completatentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, presente em todas as ações propostas”. Outra proposta bastante importante da Agenda 21 são os oito desafios do milênio (Figura 06). Figura 06: Os oito desafios do milênio propostos pela Assembleia geral das Nações Unidas até o ano de 2015. Fonte: ONU. Dez anos após a Rio-92, aconteceu a Rio+10, em Joanesburgo (África do Sul), também conhecida como Conferência de Joanesburgo. Essa reunião teve por meta avaliar os avanços e as dificuldades da implementação da Agenda 21. Especificamente durante essa reunião, alguns documentos foram propostos por alguns chefes de Estado conclamando o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e o aumento da ajuda financeira para os países pobres, Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 acreditando ser fatores cruciais para o desenvolvimento sustentável. A conclusão foi que os objetivos estabelecidos durante a Rio-92 não foram alcançados. Ainda, três objetivos foram estabelecidos para os próximos anos: Erradicação da pobreza; Mudanças dos padrões de produção e consumo; Proteção dos recursos naturais (Ribeiro, 2002). Enfim, 20 anos após a Rio-92, na mesma cidade, aconteceu a tão esperada Rio+20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável). O principal objetivo da reunião foi reafirmar o pacto estabelecido há 20 anos, e firmar outros tão importantes quanto. Para Alencastro (2013), o pano de fundo da referida conferência era: “a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável e a construção de uma economia verde (grifo nosso) capaz de interromper a degradação do meio ambiente combater a pobreza e reduzir a desigualdade (...), ela foi palco de importantes discussões envolvendo temas como a segurança alimentar, cidades sustentáveis, erradicação da pobreza, inovação e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, recursos hídricos, florestas e energia” (ALENCASTRO, 2013). O importante documento elaborado durante a reunião, intitulado O futuro que queremos, foi muito criticado por diferentes vertentes da sociedade. Muitos estudiosos do assunto afirmam que, ao invés de avanço nas discussões, houve retrocesso! Tema 05: Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável Como pudemos notar, durante muitos anos, a exploração dos recursos naturais ocorreu de forma natural, com o intuito de sustentar a população humana. Devido a sua abundância, criou-se uma ideia de que estes recursos eram infinitos e, por isso, poderiam ser explorados sem nenhum tipo de cuidado ou manejo2. Hoje, sabemos que se trata de uma ideia totalmente equivocada e que a finitude desses recursos está bem mais próxima do fim do que podíamos imaginar. Foi a partir desta ideia que surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável. 2 Manejo é o planejamento do uso de forma racional de qualquer recurso a fim de evitar sua degradação ou escassez. Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 A expressão desenvolvimento sustentável surgiu de forma embrionária na década de 1970, durante a Conferência de Estocolmo. Porém, somente em 1987 este termo foi, de fato, consagrado. Através da publicação do Relatório de Brundtland, conhecido também como O Nosso Futuro Comum (Our Common Future), definiu-se desenvolvimento sustentável como "aquele desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades" (do Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”, 1987). Assim, sustentabilidade é uma ação em busca do desenvolvimento sustentável. É importante ressaltar que para ser sustentável, uma sociedade deve levar em consideração não somente as questões ligadas ao meio ambiente, mas, também, aquelas ligadas aos aspectos sociais, econômicos e culturais. A sustentabilidade agrega valor e é peça fundamental na busca de novos mercados, isto é, ela se torna uma ferramenta competitiva para garantia de ingresso em mercados muito exigentes. Nesse sentido, muitas empresas têm incorporados em seus planos de negócios diferentes estratégias e ações sustentáveis em seus serviços e produtos para alcançar consumidores muito mais preocupados com a preservação ambiental (SILVA, 2012). Logo, para ser sustentável, uma organização deve fornecer produtos de qualidade, respeitando os recursos ambientais e remunerando as cadeias de produção de forma satisfatória. É comum a todos que estudam e pesquisam nesta área que, para alcançar a sustentabilidade, devemos seguir a tríade apresentada a seguir, O Triple Bottom Line, mostrando que nada será sustentável se não tiver a integração destes três quesitos (Figura 7). Figura 07: A tríade da sustentabilidade – Triple Bottom Line. Fonte: o autor. Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 Mas, apesar do grande esforço de muitas nações, fica uma pergunta crucial: a Sustentabilidade ainda é possível? Para Yamaki (2012), o conceito de sustentabilidade é bastante simples: diz respeito a um direcionamento visando alcançar o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Ainda, para a mesma autora (2012), a sustentabilidade total é uma utopia, pois sempre haverá impacto através das atividades humanas. A palavra sustentabilidade e suas derivações tornaram-se um jargão modal muito utilizado nos dias atuais. No entanto, muitas ações relacionadas a essa prática têm muito pouco ou não são nada sustentáveis, apesar de levarem essa classificação. Há muitas fórmulas, ideias e sugestões de como construir uma sociedade sustentável, mas grande parte delas esbarra na questão do consumismo desenfreado. O relatório Estado do Mundo 2014 – como governar em nome da sustentabilidade, da ONG Worldwatch Institute Brasil (WWI), traz uma coletânea de artigo sugerindo que a sustentabilidade, em seu estado da arte, não condiz com o que realmente é feito. Ainda, o uso excessivo do termo faz com que ele perca a força original e passe a ser usado como um marketing pessoal ou empresarial (greenwashing3). Sendo assim, levanto outra questão para que você reflita e discuta com seus colegas: é possível desvincular o crescimento econômico da exploração dos recursos naturais? Nunca se discutiu tanto sobre este assunto, mas, ao mesmo tempo, nunca se avançou tão pouco. A humanidade vem retirando mais recursos do que o planeta pode fornecer. Dados fornecidos no ano de 2015 mostraram que no dia 13 de agosto, a humanidade já havia consumidos todos os recursos naturais disponíveis para um ano inteiro. Este dia fica conhecido como O Dia da Sobrecarga da Terra (do inglês Earth Overshoot Day). É como se o seu salário tivesse terminado no dia 18 e ainda faltam 12 dias para você receber novamente. Assim, você (e o planeta) passa a operar no vermelho. Estes dados foram divulgados pela ONG Global Footprint Network, em parceira com a ONG WWF. A tabela a seguir mostra a evolução (ou involução) do dia da sobrecarga da Terra ao longo dos anos. Note que cada vez mais estamos adiantando essa data (Tabela 01). O resultado mostra que estamos utilizando cada vez mais rápido os recursos naturais disponíveis no planeta. 3 Maquiar a realidade sob o falso conceito de "empresa verde" é a principal característica do greenwashing. Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 Tabela 01: Datas evolutivas do Dia da Sobrecarga da Terra desde o ano 2000. Fonte: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/overshootday/. Acesso em: 10 set. 2015. Na Prática Os problemas ambientaisfazem parte da História da Humanidade. A problemática ambiental tem sido motivo de preocupações desde a Antiguidade. Isso pode ser muito bem observado em manuscritos, publicações e arquivos históricos. A ampla falta de perspectiva histórica sobre a história ambiental tem suas origens na negligência e desinformação. Como resultado, as questões ambientais contemporâneas, muitas vezes, surgem nos meios de comunicação de massa, sem contexto e, em seguida, desaparecem, sem sabermos exatamente qual é o fim da história. Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 Assim, a proposta dessa atividade é bastante simples: construir uma linha do tempo (timeline) com os principais acidentes ambientais que aconteceram no mundo. Para isso, as regras são bem simples: a) Desde a década de 1950, cada década deve ter, pelo menos, dois acidentes importantes. b) Ainda, cada acidente deve ser explicado brevemente: local, componente químico (se for o caso), óbitos (se houver) e os desdobramentos. c) A linha do tempo deve ser construída em ferramenta própria disponível na web. Mãos à obra! Protocolo de Resolução da Situação Proposta 1. Primeiramente, você deve fazer um levantamento dos principais acidentes ambientais da história (não se esqueça dos requisitos que não podem faltar) 2. Após a coleta das informações, você deve construir a linha do tempo. 3. Na web, você encontrará uma série de sites que mencionam os acidentes ambientais mais importantes da história. 4. Se achar necessário, leia o livro Empresa, Meio Ambiente e Sociedade, do professor Mário Alencastro (disponível na sua Biblioteca Virtual), onde há vários exemplos de acidentes ambientais. Resolução do Caso Ver PPT com resolução do caso. Síntese Neste encontro, fizemos um resgate de vários momentos históricos que marcaram a evolução do pensamento ecológico. Vimos que as décadas de 1970 e 1980 foram muito importantes para o desenvolvimento de um pensamento ambientalista, que estava preocupado com a evolução (negativa) do uso dos recursos naturais do planeta. Porém, não devemos esquecer dos precedentes desse tempo, sobretudo os fatos relacionados aos acidentes Pró-reitoria de EaD e CCDD 25 ambientais nos EUA, Inglaterra e Japão. Posteriormente a esses eventos, a bióloga Rachel Carson publica uma das mais importantes obras do ambientalismo moderno – Primavera Silenciosa – em que denuncia os efeitos nefastos do uso de uma pesticida, o DDT. As diversas reuniões e conferências pós-Rachel Carson foram fundamentais para o estabelecimento de políticas e acordos internacionais, visando conter a exploração desenfreada dos recursos naturais. Mereceram destaque O Clube de Roma (1968), Conferência de Estocolmo (1972), Rio 92 (1992) e Rio +20 (2012). Também abordamos os conceitos básicos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Vimos também que o segundo é a ferramenta para alcançar o primeiro. E, por fim, percebemos o quanto os nossos atos consumistas causam sobrecarga de uso dos recursos naturais presentes no planeta. O dia da sobrecarga da terra mostra que estamos usando mais do que o planeta pode nos oferecer. Assim, as ferramentas aprendidas nesta aula serão utilizadas nas próximas. Não hesite em recorrer a esse material sempre que precisar. Bons estudos e até a próxima! Referências ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2012. 125 pg. BARBIERI, JOSÉ CARLOS. Gestão Ambiental Empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1981. BRUNDTLAND, G. H. (Org.) Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1987. CAPRA, FRITJOF. Conexões Ocultas: Ciência para uma Vida Sustentável. 4 ed. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Pensamento-Cultrix Ltda, 2005. CARVALHO, I. C. M.; GRUN, M.; TRAJBER, R. (Orgs.) Pensar o Ambiente: Pró-reitoria de EaD e CCDD 26 bases filosóficas para a Educação Ambiental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, UNESCO, 2006. CASAGRANDE JUNIOR, Eloy F.; AGUDELO, Libia P. P. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Curitiba: Livro Técnico, 2012. CURI, D. Gestão Ambiental. 1 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. 154 pg. FARIAS, TALDEN QUEIROZ. Princípios gerais do direito ambiental. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, IX, n. 35, dez 2006. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1543>. Acesso em: set. 2015. KATSOYIANNIS, A., BOGDAL, C. Interactions between indoor and outdoor air pollution – Trends and scientific challenges. Environ. Pollut. 2012, 169, 150-151. RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogam, 2003. SILVA, Devanildo Braz da. Sustentabilidade no Agronegócio: dimensões econômica, social e ambiental. Comunicação & Mercado/UNIGRAN - Dourados - MS, vol. 01, n. 03, p. 23-34, jul-dez 2012 STADLER, A. MAIOLI, M. R. Organizações e Desenvolvimento Sustentável. Curitiba: Ibpex. 2011. (Coleção Gestão Empresarial). YAMAWAKI, Y. Introdução à gestão do meio urbano. Curitiba: Ibpex, 2011. 229 pg.
Compartilhar