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A posição assumida pelo sujeito-leitor
Entenda-se por Leitor Sujeito aquele que adota uma postura crítica e interativa com o texto e seu autor, com humildade e disciplina, compreendendo a mensagem, e, ao mesmo tempo, verificando se ela apresenta de forma coerente e coesa a realidade.
O Leitor Sujeito deve estar sempre atento para alguns pontos:
a) Buscar a compreensão, e nunca a memorização da mensagem, pois só assim poderá, ao final do processo, entrar no mérito do que o autor quis dizer e executar um processo integrado de conhecimentos.
b) Adotar uma postura avaliativa de tudo aquilo o que lê, julgando sempre a compatibilidade da expressão com a realidade apresentada pela fonte, já que, em muitas situações, julgamos de forma equivocada uma mensagem por não compreendermos a temática abordada.
c) Ter curiosidade, e, por conseqüência, uma atitude de constante questionamento, perguntando, buscando e dialogando com o autor do texto. Promover uma leitura processando aquilo que é relevante para o autor, e, ao mesmo tempo, compreender a sua mensagem global, sem, contudo, deixar de observar aquilo que é relevante para nós, leitores. Em algumas situações, aquilo que está nas entrelinhasé o que mais nos interessa; em outras, um comentário despretensioso, à parte. A partir do momento em que mantemos esse diálogo com o autor, passamos a compreender sua mensagem com maior clareza e confiança, fazendo uma avaliação, um questionamento, e, por fim, caminhando para a criação de novas interpretações acerca do que absorvemos da leitura.
O LEITOR SUJEITO:
O Leitor Sujeito, como pudemos verificar no capítulo “Um comentário acerca da postura do leitor no ato de ler e de escrever”, adota uma postura crítica na prática da leitura. Consulta as fontes relacionadas com o objeto de sua pesquisa, sendo crítico e especulativo. Nessa busca por algo novo, cruza as informações/fontes e interage com elas utilizando o senso investigativo que deve nortear toda a leitura e, consequentemente, a pesquisa acadêmica.
Faz-se mister que o leitor sujeito armazene suas informações em algum lugar para que, posteriormente, possa utilizá-las na composição de sua conclusão. Nesse caso, o local em questão é o repositório mnemônico.
O bom uso do repositório mnemônico é de fundamental importância para a organização das informações e sua seqüencial distribuição de forma linear, coerente e coesa, dentro de uma linha conclusiva de raciocínio.
Imaginemos a seguinte situação:
Um determinado professor pede aos alunos que pesquisem sobre a FOME.
Nessa pesquisa, o aluno que adota a postura de Leitor Sujeito se vê obrigado a apresentar uma solução para o problema apresentado pelo professor. A partir daí, a postura adotada inicia com a seleção prévia de algumas fontes, que, preferencialmente, abordem o referido assunto dentro de linhas diferentes de raciocínio.
A fonte “A”, no exemplo em questão, trata a fome a partir de um enfoque voltado para a questão fisiológica, ou seja, para o fato dela representar a necessidade que nosso organismo tem de repor nutrientes, sais minerais e outras fontes de subsistência;
A fonte “B”, por sua vez, apresenta a fome como sendo o grande problema para o desenvolvimento de uma sociedade justa e igualitária, a partir de uma problemática política-social;
Por sua vez, a fonte “C” apresenta o mesmo assunto como algo explorado pela maioria dos governantes que praticam, ainda hoje, o pensamento e o ideal maquiavélico.
A partir da leitura dessas três referências, o aluno é capaz de, cruzando as informações, interagindo e questionando-as, chegar ao que podemos chamar de produção “D”.
Essa tal produção “D” nada mais é do que a conclusão pessoal obtida pelo nosso leitor pesquisador através de uma leitura crítica e interessada.
Isso pode ser representado da seguinte maneira:
FOME
Fonte A Fonte B Fonte C
D
LEITOR SUJEITO
Como demonstrado na ilustração acima, o Leitor Sujeito freqüenta as fontes previamente selecionadas (A+B+C); em seguida cruza as informações entre elas (A+B+C/B+A+C/C+B+A), levando sempre em consideração as diferenças conceituais que são apresentadas por cada uma a partir da proposta apresentada pela sua fonte; dialoga com os autores de uma forma crítica ao mesmo tempo que interativa, porém, com humildade, já que não é o dono, mas o construtor de uma suposta verdade; e, ao final de seu trabalho, chega a uma conclusão individual, de sua lavra, apresentando um resultado que é fruto de toda a sua postura enquanto leitor-pesquisador (D).
O leitor sujeito, em hipótese alguma utiliza as informações contidas nas fontes de pesquisa - salvo algumas breves e necessárias citações - tais e quais foram apresentadas. Assim sendo, não será um reprodutor de idéias alheias, mas sim, um construtor de um novo conhecimento.
O LEITOR OBJETO:
O Leitor Objeto, por sua vez, até certo momento de sua “busca pela resolução do problema passado pelo mesmo professor”, adota os mesmos procedimentos do Leitor Sujeito, ou seja, consulta, no máximo, as três mesmas fontes freqüentadas e as mantém armazenadas em seu repositório mnemônico.
É a partir daí que a coisa começa a mudar, pois, embora deixe as informações captadas, no repositório mnemônico, como faz o Leitor Sujeito, não adota o mesmo critério na captação desses dados, já que não promove o cruzamento deles, nem a interação e tampouco o diálogo crítico com os autores. É uma vítima da educação bancária e do verbalismo.
Some-se a isso o fato de que o resultado de sua “pesquisa” nada mais é do que a repetição, na maioria das vezes, mal feita de tudo o que conseguiu decorar sobre as fontes buscadas.
O Leitor Objeto, na verdade, conforma-se somente com o fato de ler e buscar nessa leitura o máximo de informações que puder decorar para, quando for provocado a falar sobre, repetir da mesma forma que estava escrito nas fontes freqüentadas. Podemos dizer que o Leitor Objeto é um reprodutor de informações que não foram criadas como fruto de um processo de pesquisa crítica e em busca do fazer o conhecimento.
Esse tipo de comportamento é típico de estudantes do Ensino Fundamental e Médio da maioria das escolas, públicas ou privadas. Mas não é comum encontrarmos esse tipo de postura no Ensino Superior, também. O Leitor Objeto pode ser considerado como vítima do processo ao invés de ator do mesmo, já que, quando toma conhecimento da postura que adota e do quanto deixa de aprender por não ter olhos para outra coisa que não seja a mesmice da “decoreba”, passa a sentir-se na obrigação de comportar-se como Leitor Sujeito, passando a ter mais gosto, inclusive, pela leitura com qualidade.
Isso pode ser representado da seguinte forma:
FOME
Fonte A Fonte B Fonte C
A, B, C
LEITOR OBJETO
Como demonstrado na ilustração acima, o Leitor Objeto freqüenta as fontes previamente selecionadas (A+B+C); em seguida procura guardar o maior número de informações possíveis de cada uma delas no repositório mnemônico para depois, apresentá-las da mesma forma como cada autor a apresentou em sua obra (A+B+C).
O Leitor Objeto é facilmente desarmado e desmascarado quando a ele perguntamos POR QUÊ às suas colocações. Como a única coisa que ele sabe concluir é a repetição das idéias apresentadas pelos autores das fontes visitadas, não tem argumentação e nem capacidade persuasiva para ir além do seu repertório copiado.
Se no meio de uma argüição, por exemplo, for interrompido com algum questionamento acerca do que está falando, perde-se no seu raciocínio e falta-lhe conteúdo próprio para fazer qualquer tipo de observação. Na melhor das hipóteses, adota a linha de raciocínio de um certo autor e acaba por falar, pensar, comportar-se em suas atitudes e adotar sua postura como se fosse a única. É como se fosse um leitor fundamentalista, na real acepção da palavra.
TÉCNICAS DE LEITURA
Atualmente, percebe-se que a maioria dos jovens universitários não costuma ter o hábito sadio da leitura, talvez por falta de interesse, por falta de recursos para a aquisição de material de leitura, ou até mesmo porachar que isso não irá contribuir efetivamente para sua formação.
Ouvimos muito, por parte dos alunos; principalmente, que não conseguem chegar ao final de uma leitura, na maioria das vezes, por não entenderem o que é lido.
Em sala de aula, costumamos sugerir ao discente que faça a eleição de palavras-chave, através da separação de estruturas que causem estranheza. Em seguida, orientamos o desvendamento desses pontos tidos como complicadores dentro do processo de compreensão, e consequentemente, de leitura, através de um dicionário.
Ora! Como podemos esperar compreender um texto, por mais simples que pareça, sem estarmos contextualizados com o assunto principal a que ele se refere? Como podemos nos sentir atraídos para dentro da proposta contida na produção textual se não estivermos, em primeiro lugar, com o mínimo necessário de predisposição para digeri-lo?
Muitas das vezes, o que ocorre é que, em algumas palavras está o fulcro do assunto a que se refere o texto. E isso só poderá ser descoberto através da humildade que cada leitor deverá ter diante do mesmo.
Dessa forma, o segredo para obtermos sucesso na leitura, essencial para o desenvolvimento acadêmico, é desvendarmos o que até então parece ser o complicador no texto, ou seja, as estruturas desconhecidas.
ESTRANHEZA NAS ESTRUTURAS
Ao nos depararmos com um texto, normalmente encontramos palavras ou frases que nos causam muita estranheza; ou porque não as conhecemos ou pelo simples fato de não termos uma visão de fora para dentro quanto ao seu significado. Isso implica em uma imediata repulsa para com a leitura que sabemos ser fundamental no sucesso da defesa de um seminário, em um trabalho escrito ou em uma avaliação formal.
Para vencermos essa grande barreira existente entre a dificuldade de compreender e a vontade de ler associada à necessidade de ter sucesso ao final do texto, temos que, primeiramente, superar as palavras até então difíceis de serem decifradas. Isso só poderá ser feito com o auxilio de um dicionário, um pouco de humildade e disposição para, tranquilamente, captar e organizar nossas idéias, armazená-las em nosso repositório mnemônico, e, em seguida, distribuí-las coerentemente e de forma coesa em um outro texto sintetizado a partir do que lemos e com tudo o que compreendemos a partir do que nos serviu de referência. Tudo isso deve se dar de maneira simples e organizada.
DESVENDANDO O DESCONHECIDO
A primeira leitura deverá ser prazerosa, à procura de algo diferente ao nosso repertório vocabular e, conseqüentemente, ao semântico. Nessa leitura é que perceberemos as dificuldades aparecerem de modo natural e seqüencial. Mas isso não deve nos causar temor, visto que, teremos outros estágios nesse processo, que irão aclarar as idéias contidas no texto.
Em primeiro lugar, sublinhamos as tais palavras estranhas. Em seguida, desvendamo-las com o auxílio de um dicionário.
Imediatamente após o descobrimento do significado do que era estranho, teremos um horizonte amplo de imagem e conceituação do que será sequencialmente relacionado de forma direta com o todo textual.
Descobrir o significado de uma palavra-chave em um texto “difícil” é como ter o aparecimento do sol às nove horas da noite, abruptamente. É como se descobríssemos que tudo aquilo que está ali escrito já é do nosso conhecimento há muito tempo, mas que, só pôde ser reconhecido como tal a partir de um processo seqüencial de desprendimento da vaidade e da prática da humildade em busca do novo.
A VISÃO DE UM NOVO MUNDO
Logo que temos desvendadas as estruturas estranhas, passamos a perceber que a compreensão do texto passa a ficar bem mais acessível, já que, a partir de agora, usaremos as palavras que antes eram desconhecidas, como palavras-chave, dentro do novo universo que construiremos a partir da mesma produção textual de referência.
Quando elencamos palavras que outrora eram desconhecidas e as transformamos em palavras fulcrais dentro de um sistema redacional, passamos a vê-las não mais como empecilho, mas sim como estruturas fundamentais dentro de um processo de desvendamento do desconhecido.
O próximo passo é utilizar as palavras-chave como fragmentos carregados de significado que, interligados semanticamente, formarão um todo contextual.
Embora pareça um pouco confuso, este método trabalha de forma seqüencial e lógica, já que faz uso de estruturas previamente detectadas, desvendadas e internalizadas, que nos chamaram a atenção desde o primeiro contato visual. Trabalharemos, na verdade, com o consciente e o subconsciente.
Se partirmos do princípio de que cada estrutura, frase ou palavra nova representa um universo de significado, e que esse significado nos remete a um novo todo contextual, poderemos utilizar esses fragmentos como mecanismos de compreensão através da interligação semântica e compreensão do texto.
Como exemplo, analisemos o texto abaixo baseando-nos na seleção de palavras-chave carregadas de significado e na interligação semântica proporcionada a partir das mesmas (de tais palavras).
TEXTO I
A ILUSÃO DA NEUTRALIDADE DA CIÊNCIA
Como a ciência se caracteriza pela separação e pela distinção entre o sujeito do conhecimento e o objeto; como a ciência se caracteriza por retirar dos objetos do conhecimento os elementos subjetivos; como os procedimentos científicos de observação, experimentação e interpretação procuram alcançar o objeto real ou o objeto construído como modelo aproximado do real; e, enfim, como os resultados obtidos por uma ciência não dependem da boa ou má vontade do cientista nem de suas paixões, estamos convencidos de que a ciência é neutra ou imparcial. Diz à razão o que as coisas são em si mesmas. Desinteressadamente.
Essa imagem da neutralidade científica é ilusória.
Quando o cientista escolhe uma certa definição de seu objeto, decide usar um determinado método e espera obter certos resultados, sua atividade não é neutra nem imparcial, mas feita por escolhas precisas. (...)
O racismo (por exemplo) não é apenas uma ideologia social e política. É também uma teoria que se pretende científica, apoiada em observações, dados e leis conseguidos com a biologia, a psicologia, a sociologia. É uma certa maneira de construir tais dados, de sorte a transformar diferenças étnicas e culturais em diferenças biológicas naturais imutáveis e separar os seres humanos em superiores e inferiores, dando aos primeiros justificativas para explorar, dominar e mesmo exterminar os segundos.
(Adaptado de CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Rio de Janeiro: Ática, 1995.)
PROCEDIMENTOS DE LEITURA:
A primeira coisa a ser observada, e devidamente selecionada, é o assunto que será abordado no texto. Em nosso caso,A ILUSÃO DA NEUTRALIDADE DA CIÊNCIA.
É necessário que tenhamos um pouco de curiosidade e raciocínio lógico para iniciarmos nosso trabalho de leitura. No exemplo acima, percebemos tratar-se de um texto que se propõe a falar sobre o fato da ciência não ser tão neutra quanto aparenta.
A partir dessa premissa, deveremos nos ater não só ao desvendamento das palavras de difícil compreensão, mas também às que têm estreita relação com o assunto proposto no caput do texto.
Em um texto que fale sobre alimentos, por exemplo, palavras como sábado, João,futebol, entre outras diferentes do contexto, não têm o mesmo grau de importância que têm arroz, feijão e panelas.
Desta forma, no texto em questão, teremos que sublinhar as palavras ou estruturas que dizem respeito a essa pseudo-neutralidade da ciência (apresentados no primeiro parágrafo) e aos dados que se contrapõem a essa tese (apresentados no terceiro e quarto parágrafos da produção textual). Assim sendo, percebemos que se trata de um texto dividido em duas linhas de raciocínio, separadas por uma afirmação contida em um parágrafo que diz nas entrelinhas: “A partir daqui, o texto muda de linha argumentativa”, que é o segundo.
Quando elencamos palavras que têm relação com a proposta apresentada pela idéia central do texto, criamos uma idéia fragmentada, no primeiro momento, dos pontos relevantesa serem abordados durante sua apresentação e defesa, através de argumentos previamente escolhidos pelo autor. Em outras palavras, recortamos o texto macro em estruturas micro, não menos carregadas de informação e significado, que ficarão armazenadas em nosso subliminar como se fossem reservatórios de informações, prontos para serem explorados em um momento de leitura em que o leitor não dispõe de muito tempo, mas precisa do máximo de compreensão possível acerca do que leu.
Voltando ao nosso texto-exemplo, encontraremos algumas palavras-chave que deverão ser previamente sublinhadas e que servirão como estruturas carregadas de significado.
Quando relacionamos as estruturas destacadas entre si e atribuímos a elas valor semântico ligado ao todo textual, percebemos que, a partir de uma segunda leitura, as veremos como pontos de ligação dentro do parágrafo, dando sentido rápido e imediato ao significado macro, ou seja: não precisamos ler todo o parágrafo para sabermos do que ele fala, e, tampouco, temos que nos preocupar em decorar tudo para, em seguida, reproduzi-lo da mesma forma que está escrito, repetindo a idéia do autor, sem apresentar algo novo, baseado em nossa conclusão pessoal. A postura a ser adotada a partir de agora nos levará a um resgate subliminar dos conteúdos semânticos previamente eleitos, fazendo com que suas relações criem imagens e conceitos interpretativos do parágrafo e, progressivamente, do texto como um todo. A partir de agora, seremos capazes de, em um menor espaço de tempo, desvendarmos passo a passo, um texto antes tido como complexo, a partir de nossas conclusões pessoais, dando uma nova interpretação ao pensamento do autor.
Em nosso texto de exemplo, embora pequeno, pudemos praticar essa forma de leitura a partir de fragmentos carregados de significado, que, após inter-relacionados, nos levaram a uma compreensão mais rápida e mais eficiente do todo textual.
LINGUAGEM
A linguagem é a base da comunicação humana, que representa o pensamento através de sinais. Através dela podemos nos relacionar em sociedade.
A linguagem é o que diferencia o homem dos outros animais. Embora seja comum ouvirmos falar em comunicação através de algum tipo de linguagem entre os animais irracionais e insetos, como por exemplo a que existe entre as abelhas, cupins entre outros, percebemos que se trata tão somente de uma forma de comunicação instintiva, ou seja, que não tem uma referência convencionada para que os resultados sejam alcançados.
Sabe-se que se uma abelha desgarrada for abatida por um chinelo de borracha ou outro qualquer material contundente, dela será emitida uma quantidade de feromônio suficiente para que as que estiverem a um raio de pelo menos, um quilômetro, voem em direção àquele[a] sinal/mensagem emitido[a] pelo inseto. Isso, em momento algum, caracteriza algum tipo de linguagem convencionada, mas sim, um instinto inerente aos animais e insetos.
Da mesma forma, diferente dos humanos, um cão identifica em períodos determinados, quando uma fêmea de sua espécie está receptiva para o acasalamento, já que ocorre nesse caso a emissão de odores característicos daquela situação.
Em momento algum poderíamos associar essas ocorrências como algum tipo de comunicação baseada em linguagem, já que em nenhum momento houve vontade voluntária através do pensamento consciente, por parte da abelha e da cadela, para que os resultados ocorressem, de fato.
Segundo Ernani Terra, dá-se o nome de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação.
Com base nessa afirmação, lembramos das inúmeras formas de linguagem, como por exemplo, a dos sinais de trânsito, dos profissionais da comunicação, a dos médicos, entre outras.
A linguagem pode ser dividida, a partir do sistema de sinais que utilizar, em:
MODALIDADES:
Linguagem oral e Linguagem escrita:
Há algumas diferenças entre a Linguagem oral e a Linguagem escrita que são bem acentuadas. Para termos noção dessas diferenças basta lembrarmos que uma mesma história pode ser contada tanto oralmente como de forma escrita.
Através da Linguagem Escrita podemos perceber que alguns reforços de expressão visual deixam de ser apresentados, já que é impossível transmitirmos com a mesma emoção alguns aspectos físicos existentes no que se pretende contar e na forma como se conta. Só podemos contar com a capacidade de, através de figuras de linguagem e outros recursos que envolvem a arte do bem escrever, tentar da melhor forma possível, passar emoções, sentimentos, gestos e comportamentos. Uma alternativa utilizada para compensar a ausência desses recursos é a ilustração através de figuras, a título de reforço, do texto que narra a história.
Já com a linguagem oral, a mesma história passa a ganhar alguns recursos áudio-visuais proporcionados pelas expressões corporais, faciais e inflexões de voz, além de outros proporcionados pela habilidade que o homem tem de se comunicar e transmitir seus pensamentos. Isso faz com que a história contada tenha a possibilidade de levar a pessoa que a escuta a reações bem mais próximas das pretendidas pelo narrador.
Apresentamos abaixo algumas características de cada uma das Linguagens Oral e Escrita:
	Língua falada
	Língua Escrita
	* A mensagem é transmitida imediatamente em uma situação de comunicação.
	* A mensagem não é transmitida imediatamente, em uma situação de comunicação.
	* Normalmente, o conhecimento entre o emissor e o receptor quanto a situação e as circunstâncias deve existir. Quando isso não ocorre, estará havendo problemas na comunicação ou, então, não há mensagem.
	* Não há necessidade de o receptor conhecer de forma direta, a situação do emissor e nem o contexto da mensagem.
	* A brevidade na transmissão da mensagem costuma ser feita com o objetivo de se economizar palavras.
* Com a possibilidade de surgir um interlocutor que pode interromper a qualquer momento a conversa, costuma-se empregar construções mais simples, frases incompletas, enfatizando orações coordenadas.
	* Construções mais complexas e mais planejadas são empregadas, já que subentende-se que o emissor dispôs de mais tempo para elaborar a mensagem, repassando-a e modificando-a. O uso de orações mais complexas, subordinadas, que exigem mais esforço de memória ou de raciocínio é mais comum.
	* Há elementos prosódicos, tais como entonação, pausa, ritmo e gestos, que têm como objetivo enfatizar o significado dos vocábulos e das frases.
	Já que não é possível o uso de elementos prosódicos da língua falada, o uso de sinais de pontuação tenta reconstituir alguns desses elementos.
Linguagem verbal
É aquela que usa as palavras como sinais para atos de comunicação. Esse tipo de linguagem é característico dos humanos, já que é o único que consegue, em circunstâncias normais, articular os sons, quando fala, de forma compreensível e convencionada e, ao mesmo tempo, codificar e decodificar o pensamento através da escrita.
Quando procuramos manter comunicação através da língua falada, estamos utilizando a linguagem verbal.
Verbal vem de verbale, que deriva de verbu, termo latino que significa palavra.
Como exemplos de linguagem verbal podemos dar uma carta, um discurso político, entre outras formas de expressar nossas idéias através da verbalização.
A linguagem verbal pode ser expressa de forma oral ou escrita. Apesar de sabermos que a linguagem oral é muito mais utilizada que a escrita, o aspecto mais permanente existente na linguagem escrita, segundo estudiosos gramaticais, é o que serve como base para suas teorias de estudo.
A linguagem oral difere da escrita, entre outras coisas, pelo fato de ser normalmente informal, enquanto a escrita prende-se às normas cultas da língua, dependendo da situação.
Ao analisarmos alguns aspectos referentes à norma, percebemos que, embora sejamos frenados, de certa forma, pela Gramática Normativa, visto que ela nos dá uma referência do que é certo e errado, na Língua Portuguesa, não temos os mesmos cuidados e critérios quando falamos, ou seja,não escrevemos da mesma forma que falamos.
Se considerarmos que a Gramática Normativa nos apresenta a maneira como deveríamos falar e escrever sem, contudo, lembrarmos que não falamos e nem escrevemos, cotidianamente, da forma com que ela determina, estaríamos desprezando a comunicação como um todo, já que, atualmente e felizmente, somos amparados pela linha gramatical que privilegia as variações lingüísticas e a comunicação, no real sentido da palavra.
Um orador, ao proferir seu discurso, centra-se em alguns aspectos essenciais para o entendimento do que será tratado, como por exemplo, a compreensão do que pretende que seja assimilado pelo seu público. Para tanto, deverá se preocupar com aspectos relacionados com a comunicação, ou seja, que a mensagem enviada chegue ao receptor sem distorções e com a integralidade e fidelidade com que ele a enviou. Nesse caso, não haverá necessidade de que seu discurso seja formal, considerando principalmente o fato de que a informalidade é marca registrada na comunicação oral e que, o objetivo maior nesse caso, é manter a comunicação.
Quando redigimos uma carta, devemos ter a preocupação de que a mensagem contida naquele documento chegue ao seu destinatário de uma forma compreensível e bem clara. Para tanto, devemos nos ater a algumas observações, como por exemplo, escrever de forma objetiva e obedecendo, preferencialmente, as regras gramaticais. Trata-se de codificar a mensagem que pretendemos transmitir através daquele veículo, em um nível de compreensão comum a quem emite e a quem recebe a mensagem. No caso em questão, a quem envia e a quem recebe a correspondência.
Linguagem não-verbal
É a que utiliza quaisquer outros meios, diferentes das palavras, objetivando a comunicação.
Como linguagem não-verbal, podemos citar a linguagem dos surdos-mudos, a utilizada no trânsito, a dos árbitros de futebol, entre inúmeras outras que se prevalecem de recursos diferentes das palavras para promoverem a comunicação.
A linguagem não-verbal é rica de significados, já que dispõe de recursos diversos cuja finalidade é gerar um significado para o receptor, com a finalidade de efetivar o ato da comunicação.
Em qualquer lugar do mundo, os signos/ícones que representam banheiro masculino e feminino são os mesmos. Da mesma forma, podemos identificar com muita facilidade a existência de um restaurante nas proximidades se encontrarmos uma placa contendo um talher. Uma cadeira de rodas representa portador de necessidades especiais; uma placa com a inscrição de 80 km/h, em uma estrada, nos diz qual a velocidade máxima permitida naquele trecho.
No Brasil, a Libras (Linguagem brasileira de sinais) é usada pelos surdos-mudos para que os mesmos possam manter comunicação e viver socialmente, pelo menos em seu grupo.
Língua
Partindo do pensamento de Ferdinand Saussure, quando nos referimos à parte social da linguagem, que é exterior ao indivíduo e que não pode ser criada e nem modificada por ele, estamos falando da língua. É uma concepção abstrata, que só se realiza quando é empregada de forma concreta em um momento de comunicação, através da fala. É linguagem que utiliza a palavra como sinal de comunicação.
Quando nascemos, já nos deparamos com a língua formada e em funcionamento, o que demonstra seu caráter social. Ela independe de nós para existir, pois, mesmo depois de morrermos ela ainda continuará.
A língua funciona como um código, um grupo de elementos e de regras que possibilita a permuta de informações. Ela é conhecida e, consequentemente, utilizada, por um grupo social. Mesmo constituindo um sistema fechado, permite a transmissão de mensagens. Seu emprego é limitado.
Deve-se evitar qualquer confusão entre língua e escrita, já que tratam-se de sistemas distintos. Antes de aprendermos a escrever, aprendemos a utilizar a língua. Os analfabetos, por exemplo, utilizam a língua sem saber representar seu pensamento através da escrita. Existem aproximadamente 3 mil línguas no mundo, das quais somente 110 têm sua representação feita por alguma forma de escrita. Quando uma língua não tem representação escrita, dá-se a ela o nome de ágrafa.
Embora saibamos que a linguagem falada é infinitamente mais utilizada que a escrita, as teorias gramaticais tradicionais baseiam seus estudos nesta, dado seu aspecto mais permanente que aquela.
Fala
Quando ocorre a realização concreta de uma língua, feita por um indivíduo de uma comunidade em um determinado ato de comunicação, temos a fala. É a forma pessoal que cada indivíduo faz da língua, de forma exclusiva. Ela se modifica de acordo com a vontade pessoal residente em cada falante, que cria um estilo próprio de se expressar.
Níveis da fala:
Existem vários falares dentro de uma língua, já que, por exemplo, no Brasil, percebemos variações lingüísticas das mais diversas, que tornam-se únicas de acordo com a região, a comunidade, a classe social, entre outras particularidades.
De acordo com o meio sociocultural em que vive o indivíduo e os modos variados com que utiliza a língua, podemos perceber os níveis da fala.
Os falantes utilizam uma mesma língua de formas variadas. Isso ocorre em função de alguns fatores, entre os quais, destacam-se:
a) fatores regionais: quando observamos uma pessoa que nasceu e reside no Rio de Janeiro conversar com outra que nasceu e reside em São Paulo, por exemplo, percebemos o quão diferente são as expressões usadas por cada um, bem como a forma como algumas palavras são pronunciadas. O carioca tende a uvular o fonema /r/ da palavra PORTA, com mais intensidade que qualquer outro falante do português falado no Brasil. De forma diferente, o paulista pronunciando a mesma palavra, tende a usar o fonema /r/ de modo vibrante. Outras variações podem ser percebidas também, quando ouvimos o falar de uma pessoa que vive na capital e o de outra que vive na área rural.
b) fatores culturais: outro fator que também influencia as variações na forma de falar diz respeito ao grau de escolarização e a formação cultural do falante. Existe muita diferença entre o modo de falar existente entre uma pessoa culta e escolarizada e outra inculta, com baixo grau de escolarização.
c) fatores contextuais: dependendo da situação em que se encontra, um falante poderá alterar sua fala. Não é comum encontrarmos em uma mesa de bar, por exemplo, falantes utilizarem a língua com a mesma formalidade com que a usariam em uma situação formal.
d) fatores naturais: o falante também sofre influência de fatores naturais relacionados a idade e sexo. A linguagem infantil não pode ser comparada a de um adulto, por isso a chamamos de linguagem infantil, diferente da linguagem adulta. Há diferenças também entre o falar das mulheres e o dos homens, já que, por tabus morais, o falar das mulheres inclui menos palavrões que o dos homens. Existe também a diferença entre a forma como se fala e a forma como se escreve, pois não escrevemos da mesmo jeito como falamos. A linguagem oral conta com elementos que contribuem para reforçar o pensamento e os objetivos dentro do processo da comunicação, como por exemplo, expressão facial, gestos de reforço, inflexão de voz, entre outros. Os mesmos não estão presentes na linguagem escrita.
Por conta desses fatores observamos diversos níveis da fala, conhecidos também como níveis de linguagem:
a) nível coloquial-popular: usado no dia-a-dia pela maioria das pessoas, em situações informais, é bastante espontâneo. Não são observados os preceitos da Gramática Normativa, do certo e do errado, já que o pretendido é que seja estabelecida a comunicação entre os falantes que compõem um diálogo.
O nível coloquial-popular é normalmente usado por adolescentes e por pessoas que, naturalmente, expressam seus pensamentos de forma despreocupada e informal. O uso do sentido conotativo é bastante percebido, levando a carga de significados a uma amplitude tamanha, que seus efeitos podem ser os mais variados possíveis dentro do discurso.
Podemos perceber, a partir do diálogo seguinte, como nível coloquial-popular é empregado:
Fala,garoto!
Diz aí, meu irmão.
Tá ligado naquela mina? Ela é maneira, né?
Só!
Vô ver se dá pra chegar junto.
Cuidado! O cara dela é cruel.
Tem nada não! Qualquer coisa eu dou um sacode nele.
Demorô!
b) nível formal-culto: é usado em situações formais, por pessoas escolarizadas. Tem como base a Gramática Normativa e exige um cuidado maior com o vocabulário, que deve ser ampliado e melhorado.
Seu uso é verificado em redações oficiais, ofícios, memorandos, entre outros; através dos órgãos de comunicação escrita, como jornais e revistas.
No exemplo abaixo temos o caso clássico de um ofício, obedecendo aos padrões formais e cultos da língua:
OFÍCIO Nº 001/2007-Uninorte/CED
Manaus, 08 de janeiro de 2007
Senhor Presidente,
Apresentando-lhe cordiais cumprimentos, dirijo-me a Vossa Senhoria para solicitar a sua prestimosa colaboração no sentido de ceder a Sede Social desse Clube, em função do Baile de Formatura dos alunos desta Instituição, que ocorrerá no dia 24 de março de 2007.
Certo da costumeira atenção de Vossa Senhoria, antecipo os agradecimentos com protestos de elevado apreço.
Atenciosamente,
CRISTÓVÃO COLOMBO DE JESUS
Diretor de Marketing
Ao Senhor
Dr. PEDRO ÁLVARES CABRAL
Presidente do Olímpia Futebol Clube
c) nível técnico ou profissional: trata-se da linguagem específica de alguns grupos profissionais, também chamada de jargão.
Serve, de uma certa maneira, para encurtar o raio de compreensão dentro de um determinado grupo, fazendo com que o entendimento seja às vezes involuntariamente, restrito aos que fazem parte daquela comunidade. É o caso da linguagem usada por profissionais de determinadas áreas, como os economistas, os médicos, os advogados, os profissionais da informática, entre outros.
Um comentário econômico, comum em noticiários televisivos, em jornais e outros periódicos escritos, não é compreendido pela maioria dos espectadores e leitores se os mesmos não tiverem uma certa intimidade com a área em questão ou não forem economistas, já que a linguagem usada é carregada de termos técnicos específicos. Por isso é que a maioria da população brasileira, por exemplo, não sabe muito bem o que querem dizer os termos juros altos,inflação, custo de vida, PIB, Risco Brasil, etc.
Preste atenção a esse fragmento de um comentário econômico e certifique-se do que estamos nos referindo:
Executivos brasileiros são os mais bem pagos da América Latina, indica pesquisa.
Da Redação
Em São Paulo
Os executivos brasileiros são os mais bem-pagos dentre os latino-americanos, segundo mostra pesquisa envolvendo cerca de 600 empresas nacionais e estrangeiras, presentes em 18 países da região. De acordo com o levantamento, feito pela consultoria Watson Wyatt, as disparidades dos vencimentos recebidos pelos executivos da região são marcantes.Por exemplo, levando-se em consideração o salário fixo, a parte variável e os benefícios pagos a estes profissionais, as empresas do Brasil chegam a desembolsar, em média, o dobro do que ocorre na Argentina, 64% a mais do que na Venezuela e 24% além dos vencimentos do México -país que até o ano passado era tido como o melhor pagador da América Latina. Dois países da América Central se destacam logo a seguir do Brasil: as empresas da Costa Rica são as que ocupam o segundo lugar no ranking das que melhor pagam seus executivos; seguidas pelas companhias de Honduras, no terceiro posto.A consultoria alerta, no entanto, que a diferença de vencimentos não significa, necessariamente, que os executivos brasileiros tenham um maior poder de compra em relação aos demais, já que os valores estão atrelados ao custo de vida local.
Site: http://www.uol.com.br/economia
gíria: Quando a língua padrão varia de modo proposital, em função da utilização de certos grupos sociais, em contextos especiais, temos a gíria. Cada grupo que pretende se distinguir dos demais tende a se fechar social e culturalmente através da forma de expressar seus pensamento, criando sua própria gíria. Isso explica sua variedade: a dos presidiários, a dos jovens, a dos esqueitistas, a dos pichadores, entre outras diversas tribos.
A gíria pode se expandir para outros grupos ou para a linguagem coloquial de todas as camadas sociais através do processo de transferência*.
*Transferência= ocorre quando se transfere uma variante social para outra. Ex: a palavra avião, que, usada por muitos jovens, designa uma mulher bonita e de formas avantajadas, originalmente é uma gíria usada por delinqüentes para designar as pessoas que levam e comercializam drogas em determinados locais, sem serem, porém, os verdadeiros traficantes. Percebe-se nesse caso, que ocorreu a transferência da gíria dos delinqüentes para a linguagem dos jovens.
A gíria nada mais é do que uma variante da língua, portanto, sofre evolução de acordo com o contexto e a necessidade em que é usada. Novas gírias surgem diariamente, da mesma forma com que outras somem, deixando de ter sua razão de existir.
Outrora, para dizermos que uma jovem mulher era muito bonita, usávamos a expressão “esse broto é demais”. Atualmente, se usássemos essa mesma expressão, fatalmente estaríamos pagando um grande mico.
Reflexão:
A constante evolução dos processos de linguagem, língua e fala torna a intrigante arte da comunicação algo envolvente e passível de estudos muito mais aprofundados dos que são atualmente desenvolvidos.
Os jovens de hoje, se pudessem voltar no tempo não mais que vinte anos, com a mesma idade que têm, certamente teriam a impressão de estarem em um outro país, ou quem sabe em outro planeta, dadas as diferenças entre os processos lingüísticos que integram a comunicação. Achariam, no mínimo, muito engraçadas as variações na expressão de um mesmo pensamento, que não mudou a sua essência denotativa, mas que adquiriu, a partir de novos contextos e necessidades, significados tão diferentes, que nem parecem representar o mesmo pensamento.
Enquanto a língua continuar evoluindo - e observemos que só as línguas mortas não evoluem -, continuaremos a fazer parte desse grande laboratório lingüístico que é a procura constante por um melhor expressar e comunicar nossos pensamentos, sentimentos e emoções. Nossa juventude estranhará o linguajar dos jovens de aqui a dois anos, embora a proximidade temporal seja muito pequena.
A importância do sujeito-leitor durante o ato de ler.
Entende-se a leitura como um processo interativo, porque se acionam e interagem os diversos conhecimentos do leitor a todo o momento para chegar-se a compreensão do que se lê. Além disso, quando o leitor chega ao estágio mais elevado de compreensão leitora, a interatividade ocorre plenamente, ou seja, a cada nova leitura o aluno consegue processar os outros textos do mesmo assunto. Ocorrendo o diálogo entre os textos e as experiências do leitor. A interatividade é o leitor saber associar diferentes textos, conhecimentos e imagens, compreendê-lo 
Leitura como prática social: uma porta aberta na formação do cidadão 
O conceito de leitura enquanto prática social vai muito além da simples decodificação da linguagem verbal escrita, pois nele está inserido a idéia de que ler é atribuir sentido ao texto, relacionando-o com o contexto e com as experiências prévias do sujeito leitor. Nesse sentido cabe afirmar que esse tipo de leitura sempre será precedida de uma finalidade concreta, que atenderá a um objetivo presente no contexto real em que o leitor está inserido. A leitura como prática social é um meio que poderá conduz o leitor a resolver um problema prático, responder a um objetivo concreto ou a uma necessidade pessoal. 
Pensar em leitura enquanto prática social pressupõe pensar nas múltiplas relações que o sujeito-leitor exerce na interação com o universo sócio-cultural a sua volta; é pensar em um leitor apto a usar a leitura como fonte de informação e disseminação de cultura, pois, Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir umaresposta que integra parte das novas informações ao que já se é. (FOUCAMBERT, 1994, p.5). 
 Portanto, para que o sujeito leitor possa fazer o uso social da leitura não bastará apenas que ele seja alfabetizado, no sentido de apenas ter adquirido as habilidades necessárias para saber decodificar a linguagem escrita, porém se faz necessário que além de ser alfabetizado ele seja também letrado.
Segundo Soares (1999), passamos a enfrentar uma nova realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever é preciso também fazer uso do ler e do escrever, para saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente, daí surge o termo letramento, ressignificando a idéia principal que se tinha do saber ler e escrever, buscando definir um novo padrão de usuário da língua que se mostre apto a atender às demandas da sociedade contemporânea. Quando afirmamos que um individuo além de alfabetizado precisa ser letrado estamos incorporando a ele valores que definem a maneira que esse individuo interage com a complexidade lingüística e cultural do mundo a sua volta, pois dessa forma ele passará de um mero decodificador da língua escrita a um usuário ativo da mesma. 
 Segundo Kleiman (1998), ao lermos um texto, qualquer texto, colocamos em ação todo o nosso sistema de valores, crenças e atitudes que refletem o grupo social em que se deu nossa sociabilização primária, isto é, o grupo social em que nascemos e fomos educados. Por isso, podemos afirmar que a leitura enquanto prática social é algo bastante complexo, pois está intimamente ligado às nossas raízes sócio-culturais e conseqüentemente à formação da nossa cidadania. 
 Nesse sentido é importante fazermos algumas definições acerca da palavra cidadania. A palavra cidadania deriva-se da palavra cidadão. No sentido etimológico a palavra cidadão deriva-se de civitas, que em latim significa cidade.
Basta o sentido dicionarizado para se entender o significado da palavra leitura? Para se compreender, de fato, o fenômeno leitura, como ela ocorre, quais as conseqüências de ser leitor, é necessário percorrer algumas áreas do conhecimento. Consideraremos as teorias da Psicologia, da Cognição e da Estética da Recepção explorada na literatura para discorrer a respeito do assunto. 
Leitura: Uma perspectiva psicológica 
De acordo com a perspectiva psicológica, Silva afirma que o ato de ler ocorre, de fato, quando acontece a abertura da consciência para aquilo que se deseja ler, não necessariamente texto verbal, escrito. A seguir, acontecem a constatação do sentido e o cotejamento com outras leituras, com o intuito de transformar e atribuir significados. Toda leitura é única, em decorrência da atribuição de significado que ocorre de acordo com o horizonte de experiência e expectativa de cada um e, no momento em que acontece o posicionamento do ser perante o mundo, existe um leitor efetivo, capaz de pensar a realidade e recriá-la a partir do lido. Então, conclui-se que se é leitor desde o nascimento. Ainda criança, apesar de não ser alfabetizado, existe a possibilidade de um leitor sagaz, que busca compreender situações e atuar para modificá-las, ou até mesmo criá-las, operando junto com o outro, numa construção dialógica de significados. Há nessa análise de Silva uma referência a Paulo Freire que diz: “a leitura de mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.
Leitura: Uma perspectiva cognitiva 
De acordo com a perspectiva cognitiva, a leitura é um processamento de informações. Essa visão revela um caráter, fundamentalmente, mecânico do ato de ler. Faz-se essa descrição porque é importante compreender a leitura como atividade mental, ou seja, intelectual. Essa perspectiva teórica também considera o processo de leitura por etapas. Observa-se que, para ler o mundo e as palavras, o leitor o faz a partir de seus órgãos sensoriais: audição, paladar, olfato, tato e, sobretudo, visão. Etapa determinada como momento da percepção da palavra, do objeto, dos fatos lidos. O ato de ler, neste momento, ainda não é completo. 
Segue-se a segunda etapa que compreende o processo de levar as informações apreendidas para a memória intermediária, onde elas serão organizadas em unidades significativas. Durante o ato de leitura, automaticamente a memória de trabalho aciona os conhecimentos que já estão sedimentados em grupos maiores e envia para junto destes as informações lidas, que têm relação com a experiência e com a necessidade do leitor, ou seja, são significativas. O conhecimento adquirido segue para a memória profunda ou memória semântica. E a intermediária fica pronta novamente para receber outras informações, num processo contínuo. A esse processo de seleção do conhecimento para registro na memória profunda, Kleiman chama fatiamento. Outra forma de esvaziar a memória intermediária é o descarte das informações que o leitor julga desnecessárias; o leitor reage dessa maneira em relação às informações que julga insignificantes. 
Compreende-se como a terceira etapa a recepção do conhecimento pela memória profunda, momento em que há a compreensão real e a re-elaboração do objeto, texto lido por parte do sujeito. 
 Percebe-se que a memória intermediária é a que trabalha ininterruptamente em um processo de esvaziamento e escolha para armazenamento de informações lidas. Logo, se o sujeito, no momento de leitura, não consegue agir de forma seletiva para armazenar informações, significa que ele descartará todas as informações lidas ou que as novas informações não fazem sentido para ele e por isso mesmo ele não conseguirá estabelecer um nexo com as unidades significativas maiores já sedimentadas. Percebe-se que a leitura é “atividade cognitiva por excelência pelo fato de envolver todos os processos mentais” (KLEIMAN e MORAES, 2003: p. 126). 
Compreender o mundo ou textos é questão relativa e depende das concepções do leitor e dos estímulos aos quais ele estará sujeito. Não se pode afirmar que o sujeito inábil para compreender um texto científico não seja capaz de compreender um texto literário, que o sujeito inábil para compreender um texto literário, não seja capaz de compreender uma anedota, ou um texto informativo. Tudo é uma questão de experiência e expectativa. A leitura se efetiva quando aquilo que se lê significa para o sujeito leitor.
Leitura: Uma perspectiva literária 
Para a Estética da Recepção, o sujeito deve ser munido inicialmente de textos que atendam ao seu horizonte de expectativas. A ele deve ser dado o direito de ler aquilo que lhe faça sentido, mesmo que sejam textos simples. Na seqüência, devem-se incluir textos que quebrem os paradigmas desse leitor, para que ela possa desconstruir os conceitos sedimentados e dessa forma romper com o horizonte de expectativa. A partir desse contexto, o professor poderá oferecer textos que o ajudem a reconstruir seus horizontes agora de forma mais ampla. A leitura é um ato que, à primeira vista, parece individual. Contudo, observa-se o contrário; a leitura é um ato construído socialmente, que se desencadeia e se amplia no convívio com os outros e com o mundo. A leitura de mundo se faz de acordo com as experiências sociais do sujeito leitor. Mas, considerando que a leitura é subjetiva, ela não seria um ato individual? Sim, somos únicos na pluralidade. Como afirma Bakhtin: o eu do sujeito é nada sem o outro. Na relação dialógica e dialética, o eu-sujeito se constrói e se molda, é no encontro com o outro que o sujeito experimenta práticas sociais e essas experiências edificam o ser. O sujeito é a sua experiência social.
1.2 A importância da leitura dentro da sociedade e como ela é formada.
A leitura é algo muito amplo, não pode apenas ser considerada como uma interpretação dos signos do alfabeto. Produz sentido, ou seja, surge da vivência de cada um, é posta como prática na compreensão do mundo na qual o sujeito está inserido.Tal aprendizagem está ligada ao processo de formação geral de um indivíduo e sua capacitação dentro da sociedade, como por exemplo:a atuação política, econômica e cultural, o convívio com a sociedade, seja dentro da família ou no trabalho. 
Para os gregos, a leitura é a idéia simples, baseada na decifração dos códigos lingüísticos, sendo o bastante para modificar a estrutura de uma sociedade, o que não corresponde com a realidade. O indivíduo modifica sua visão de mundo através da leitura, não pela sua forma.
Iremos nos basear em duas diferentes formas e níveis de leitura: a leitura sendo apenas uma decodificação mecânica dos signos lingüísticos, abordada pela pedagogia, onde a prática é formal e está apenas ligada às atividades geralmente desenvolvida pelas escolas; e a leitura como um processo de compreensão, que abrange os componentes sociológicos, estudando os aspectos sociais da vida humana, que terá seu foco na transmissão do gosto pela leitura no ambiente familiar.
Há três níveis de leitura: o sensorial emocional e o racional, que estão inter-relacionados, trazendo uma enorme riqueza ao texto. O nível sensorial é diretamente ligado aos sentidos; o emocional lida com as emoções de cada indivíduo e o racional concentra-se na parte intelectual, dinâmica e questionadora. Segundo Vieira15, o nível sensorial é muito rico podendo ser amplamente explorado no âmbito familiar. Desde a gestação do bebê, a mãe ao embalar a criança com a canção de ninar, já estimula o interesse de ler. Sendo assim, a leitura não é somente o impresso, mas a música, os desenhos, enfim, todos são modos de leitura que podem ser trabalhados em família no aconchego do lar. 
O ato da leitura é muito mais do que simplesmente ler um artigo de revista, um livro, um jornal. Ler se tornou uma necessidade, é participar ativamente de uma sociedade, desenvolver a capacidade verbal, descobrir o universo através das palavras, além do fato que ao final de cada leitura nos enriquecemos com novas idéias, experiências. 
Através de um livro, milhares de crianças podem descobrir um universo de aventuras, um mundo só seu, repleto de magia que é concedido nas páginas de um livro. A leitura é uma atividade prazerosa e poderosa, pois desenvolve uma enorme capacidade de criar, traz conhecimentos, promovendo uma nova visão do mundo. O leitor estabelece uma relação dinâmica entre a fantasia, encontrada nos universos dos livros e a realidade encontrada em seu meio social. A criatividade, a imaginação o raciocínio se sobrepõem diante deste magnífico cenário, criando um palco de possibilidades.
Cada leitor ao fazer uma leitura, trava um contato direto com o texto, trazendo para o seu objeto de leitura as suas experiências pessoais, suas ideologias, seus conceitos, é isto que faz o ato de ler tão importante. O leitor se tornará um co-autor do texto, deixando suas características e impressões, segundo Josef Soares 16 , “cada leitura é uma nova escritura de um texto. O ato de criação não estaria, assim, na escrita, mas na leitura, o verdadeiro produtor não seria o autor, mas o leitor”. Ler não é descobrir o que o autor quis nos dizer, “[...] ao ler, o leitor trabalha produzindo significações e nesse trabalho que ele se constrói leitor. Suas leituras prévias, suas histórias como leitor, estão presentes como condição de seu trabalho de leitura e esse trabalho o constitui como leitor e assim sucessivamente”17. 
Passamos a reconstruir, por exemplo, quadros complexos, envolvendo personagens, ações, fatos, criamos situações, mundos diversos e particulares, onde cada indivíduo passa ser o mentor da sua própria imaginação. São várias as qualidades despertadas pelo hábito da leitura nas crianças, como por exemplo, a criatividade à medida que lhe proporciona oportunidades de conhecer alternativas para questões reais e cotidianas. A visão de mundo, o conhecimento de culturas, situações, pessoas e idéias diferentes, tais conceitos nos auxiliariam, por exemplo, no combate ao preconceito, abrindo assim a mente para o diferente. 
O vocabulário de uma pessoa que tem o hábito de ler é amplo, pois a aptidão para ler com proficiência é o mais significativo indicador de bom desempenho lingüístico, permitindo ao leitor ter uma quantidade de informações sobre quase todos os domínios do conhecimento, sabendo hierarquizá-las, estabelecendo as devidas correlações entre elas e discernindo as que se implicam das que se excluem, utilizando-as apropriadamente como recursos argumentativos para sustentar suas idéias.
A capacidade de compreensão adquirida pela interpretação é fundamental. No Brasil, o número de analfabetos funcional é alarmante, trata-se daquelas pessoas que sabem ler e escrever, mas que não compreendem o que estão lendo. O hábito de leitura neste ponto é primordial, pois quanto mais se lê, mais aumenta a capacidade de compreensão do mundo de cada indivíduo, lembrando que isso vale para qualquer tipo de leitura, desde os célebres e clássicos romances como a leitura diária de uma crônica num jornal.
IV) O ato de ler e os sentidos, as emoções e a razão
A leitura se apresenta em três níveis básicos, a citar: o sensorial, o emocional e o racional. Às vezes na leitura são usados os três simultaneamente, dependendo das circunstâncias do texto, e, como já foi dito anteriormente, á vários tipos de leitura.
Leitura sensorial
É a primeira leitura que fazemos do mundo, a mais básica, se dá através dos nossos sentidos. Mas uma reflexão da autora chama a atenção, já que ler o mundo assim através dos sentidos parece algo muito natural e inerente, como ler assim um livro?
Pois bem, é certo que começamos a ler um livro pela capa, e pelo tato, o apalpamos, e mente aquele que diz que não é uma sensação no mínimo agradável a de folhear as páginas de um livro, principalmente se ele for novo, a de sentir seu cheiro etc. E o mesmo vale para os outros tipos de leitura, o modo como lemos uma situação depende muito do nosso sensorial.
Palavras-chaves: sentidos, base.
Leitura emocional
Sob o ponto de vista da cultura letrada, assim como a leitura sensorial que parece ser superficial em sua própria natureza, a leitura emocional tem seu teor de inferioridade por se tratar de uma leitura que por se tratar de uma leitura no campo das emoções, lidando assim com sentimentos, o que provocaria uma falta de objetividade, seria subjetivo. Sem falar que essa leitura é mais comum de quem diz gostar de ler, mas é pouco valorizada e não é mostrada.
A leitura, seja ela feita de concepções de mundo, conversas causais, relatos, imagens tem o poder de liberar emoções, podendo trazer um misto de sentimentos como, por exemplo, ao fazermos uma leitura poderemos sentir satisfação como também poderemos sentir profunda tristeza e quando percebemos que estamos sendo controlados por nossas emoções naquele instante, tentamos refreá-las naquele momento, porque assim com a livre expressividade, nos tornamos o quanto vulneráveis. Percebemos aí, o poder que a leitura e de que como ela transforma nosso interior. O fato de ela trazer consigo uma sobrecarga de emoções, não implicaria sermos ridicularizados, como muitas vezes os indivíduos são quando lêem algum texto ou assistem a alguma cena de filme ou telenovela e na mesma hora há uma explosão de sentimentos como alegria ao ler/ver algo cômico, amor, tristeza, choro, etc.
Isso implicaria um questionamento: por que privar a livre expressão de sentimentos quando estes tomam de conta de nossos sentidos quando vemos/lemos algo relevante? Isso não seria reações comuns aos seres humanos? Sim, isso é tão comum, mas às vezes em pessoas falta sensibilidade para a situação descrita, mas nem por isso dever-se-ia menosprezar tais sentimentos.
Muitas vezes descobrimos, registrada na nossa memória, cenas e situações encontradas quando fazemos a leitura de um romance ou filme, e sentimos que elas, se tornaram um referencial em um período em nossa vida. É incrível como isso é transformador, retomamos a momentos únicos de nossas vidas, acarretam também muitas lembranças triste e desagradáveis. Segundo a autora do livro, a leitura emocional nos emerge a empatia, por nós nos sentirmostambém envolvidos no outro, isto é, na pele de outra pessoa, objeto, personagem, etc. Conceituado pois, de um processo de participação efetiva numa realidade alheia, que não é sua, virtual , criada no campo da mente isso implica uma disponibilidade para aquilo que vem do mundo exterior. Na leitura emocional consiste também a provocação de um texto sobre nós, o que ele faz. Às vezes achamos certos assuntos chatos e medíocres, sem interesse, mas com o passar do texto corrido ou descrito, algo nos prende aquele tema, e poderá acontecer o inverso também.
Essas aparentes predileções ou rejeições são explicadas pelo universo social e individual de cada um. Há também os aspectos projetivos. O leitor sente-se atraído pelo objeto lido por se assemelhar à imagem que o leitor faz de si, ou o contrário, quando sente-se atraído pelo oposto.
Mesmo quando começa a ter uma leitura consciente, em alguns momentos, há recaídas. Isto se explica por causa da criança que ainda está dentro de nós, ela se emerge e possibilita essa nostalgia.
Este nível de leitura é bastante interessante do ponto de vista investigativo, porque possibilita a identificação do universo social e do inconsciente individual.
Também se trata de uma leitura de passatempo, já que representa uma leitura de evasão. Onde o leitor permite-se desligar das circunstâncias concretas e imediatas.
Leitura racional
A leitura é coisa séria, dizem os intelectuais. Para muitos, relacionar a leitura às nossas experiências sensoriais e emocionais é reduzir a leitura, revela ignorância. Essa é a postura dominante e intelectualizada mantida por uma elite. Obviamente, faz-se necessário distinguir essa idéia de intelectuais que estamos avaliando neste livro. Entre outras coisas, esse tipo de intelectualismo limita a leitura à noção do texto escrito, pressupondo educação formal e certo grau de cultura e erudição do leitor. Nós estamos vendo a leitura como um processo de compreensão abrangente, no qual o leitor interage com toda a sua capacidade a fim de apreender as mais diversas formas de expressão.
A leitura de um texto nos aproxima de hábitos, costumes, conceitos e ponto de vistas e culturas diferentes. Envolve também a busca do significado de um texto e se processa na medida em que o leitor consiga interagir com ele. Sabe-se, no entanto, que essa intenção é diferenciada para cada leitor e depende dos seus conhecimentos sobre o assunto e de seus interesses e objetivos na compreensão das idéias que se dará a parte escrita pelos autores. Também não estamos restringindo a leitura a atos de caráter científico, artístico, enfim, eruditos. Então, a leitura racional é intelectual quando elaborada por nosso intelecto – estamos falando de um processo eminentemente reflexivo, dialético. Isso implica dizer que os demais níveis de leitura são válidos. Entretanto, a leitura racional acrescenta o fato de estabelecer uma ponte entre o leitor e o conhecimento.
V) A interação dos níveis de leitura
Não há uma hierarquia entre os níveis de leitura. Entretanto, a tendência é de que a leitura sensorial anteceda a emocional e tenhamos, por fim, a leitura racional. Também não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis. Interessante é que mesmo que o leitor esteja se propondo uma leitura a um certo nível, é a interação de sua relação com o texto que vai determinar o nível preponderante. Ressaltamos que, há tantas leituras quantos são os leitores – há também uma nova leitura a cada aproximação do leitor com um mesmo texto, há uma abertura de novos horizontes criando possibilidades para reflexões e recriações correspondentes ao processo dessa apreensão da realidade que cerca o indivíduo. Essa realidade se manifesta ao leitor de várias linguagens. O que se observa na prática, é que a escola tem se preocupado nesse processo, mas ainda está restrito esse conhecimento sendo a função básica da escola ensinar a ler e escrever.
VI) A leitura ao jeito de cada leitor
Para se efetivar, a leitura precisa preencher uma lacuna em nossa vida, vir ao encontro de uma necessidade (vontade de conhecer mais). A isso se acrescentam os estímulos e os percalços do mundo exterior, suas exigências e recompensas. A leitura constitui um fator decisivo de estudo, pois proporciona a ampliação de conhecimento, a obtenção de informações básicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e a melhoria dos conteúdos e obras literárias.O fascínio é tão grande, que há quem consiga ler um livro em lugares que não é muito recomendável para uma boa leitura. Enfim, cada um precisa buscar seu jeito de ler e aprimorá-lo para a leitura se tornar cada vez mais gratificante.
Não basta ler uma, duas, ou até três vezes o mesmo texto. É preciso parar para analisá-lo, criticá-lo, discuti-lo, questiona-lo, anota-lo, sublinha-lo, retê-lo, refraseá-lo mentalmente e, quando necessário, em resumos escritos; é preciso captar com discernimento, analisar, associar, assimilar e reter com tenacidade, crescer através do desenvolvimento interno e não por agregação ou amontoamento desordenado de informações superficiais e assistemáticas. Concluindo, a leitura mais cedo ou mais tarde sempre acontece, desde que se queira realmente ler.
CONCLUSÃO
A leitura com finalidade de aprender pressupõe uma prática reflexiva. Isso significa que o indivíduo deve ler atentamente, refletindo então sobre o assunto lido, procurando discuti-lo, compreendê-lo muito bem e criticá-lo. O bom leitor é capaz de ajustar a sua velocidade de leitura à natureza do texto e ao objetivo de sua atividade. Nesta perspectiva é importante que o leitor promova atividades que envolvam essa diversidade textual, com fins didáticos e seus usos na sociedade. A leitura também como instrumento de ensino-aprendizagem se preocupa em formar leitores críticos, sendo capazes de analisarem, suas próprias atitudes, seus comportamentos como também os pontos favoráveis que a leitura requer.
Tipos de Resenha
Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados são suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.
Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais conhecida delas é a resenha acadêmica, que apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também se subdivide em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.
Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma produção completa:
Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai resenhar;
Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser resenhado;
Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto resenhado;
Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião. Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu senso crítico.
Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou pedagógicos, baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do escritor ou pesquisador.
Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo como “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”
Na resenhaacadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista.
Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto (tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:
Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e o motivo por você ter escolhido esse assunto;
Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor e explique o que ele diz sobre aquele assunto;
Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar chegar a uma conclusão sobre o tema tratado;
Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos que você usou;
Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.
Conclusão
Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas devemos tomar muito cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.
As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar quantidades enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.
Agora é questão de colocar a mão na massa e começar a produzir suas próprias resenhas! E para você que quer aprender ainda mais e melhorar sua escrita, indico o Curso de Escrita e Redação que fiz no site Cursos 24h. Nele você aprenderá técnicas avançadas para produzir textos atraentes e profissionais.

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