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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Gestão da Sustentabilidade Aula 05 Prof. Dr. Rodrigo Silva Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial Há um grande número de questões ambientais que têm impacto sobre a produção de bens e produtos, por exemplo: Qual é o impacto da produção e do fornecimento de materiais e embalagem para o meio ambiente? Como utilizar o mínimo de embalagens e matérias-primas sem comprometer a qualidade do produto e, ainda, diminuir o impacto ambiental? Um maior foco nas questões ambientais de sustentabilidade tem contribuído significativamente para um aumento na demanda por produtos e serviços “amigos do meio ambiente”. Os holofotes sobre preservação ambiental criaram algumas terminologias muito utilizadas, tais como "pegada de carbono" e "compensação". Nesse sentido, muitas organizações adaptaram suas estratégias de marketing para capitalizar o apetite dos consumidores por produtos e serviços ambientalmente responsáveis. Portanto, o marketing ambiental leva em conta fatores adicionais que não são normalmente parte do marketing convencional. Tais fatores serão estudados na aula de hoje. Contextualizando Desligar a luz quando você sair de uma sala; reciclar, em vez de jogar fora; e refletir sobre as contribuições diárias que você pode fazer para reduzir a sua pegada de carbono e contribuir para um planeta melhor são, hoje, considerados amplamente como responsabilidade de todos para proteger o meio ambiente. Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 A responsabilidade social das empresas, também conhecido como cidadania corporativa ou o capitalismo consciente, é praticada por empresas dedicadas a produzir um impacto social ou ambiental positivo na sociedade. Cada vez mais, os consumidores esperam que as empresas de façam um ou o outro, se não ambos. Mas, será que os consumidores realmente se preocupam com o capitalismo consciente quando se trata de decisões de compra? Eles estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços que vêm de empresas que se envolvem em ações sociais positivas? É nesse contexto que entra o Marketing, que é um aspecto importante de qualquer empresa que garante que seus clientes estão cientes de seus produtos e serviços e sua marca. Comunicar eficazmente sua história é a chave para o marketing eficaz. Ainda, com a crescente preocupação em relação ao alcance da sustentabilidade, o principal desafio das empresas é comunicar os benefícios ambientais e sociais de suas ofertas através de uma comunicação honesta. Em face desta expectativa da sociedade deu-se o nascimento do “Marketing Verde” como uma ferramenta de realização de responsabilidade social corporativa. Problematizando O mercado cada vez mais competitivo, juntamente com a disponibilidade de recursos naturais em diminuição, tem forçado as empresas a conceber métodos de transcender seus negócios para além dos limites operacionais tradicionais, em direção a uma abordagem mais estruturada: a abordagem do Triple Bottom Line. Com ênfase nas pessoas, no meio ambiente e no lucro, as empresas que seguem uma abordagem Responsabilidade Social Empresarial (RSE) são Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 capazes de administrar com eficácia um sistema que atenda às necessidades das partes interessadas internas e externas (stakeholders). Assim, as mudanças ocorridas no atual modelo de Gestão devem inserir em seu contexto os três aspectos da sustentabilidade: econômico, social e o ambiental. Imagine-se gestor de uma corporação que se sustenta nos padrões antigos de produção e serviços. Há necessidade imediata de mudanças, ou seja, adoção de uma nova postura de gestão. Elas já começaram pela melhoria no processo produtivo com a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, o que gerou maior visibilidade (visibilidade positiva) pelos órgãos ambientais e ONGs relacionadas ao tema. No entanto, ainda há grandes dificuldades em implementar um projeto de responsabilidade social corporativa dentro da empresa. Assim, seu papel é iniciar esse processo para que a empresa possa ser bem aceita no mercado consumidor. Para isso, três opções foram dadas: I. Você, como responsável pelo plano de SRE, o faz com base em seus estudos e o implanta tão logo seja finalizado: “pedido feito, pedido atendido”. Prefere a centralização para agilizar todo o processo. II. A melhor forma é buscar ONGs e projetos que apoiem as questões socioambientais, pois a experiência deles no assunto pode favorecer a empresa. Assim, o apoio financeiro à essas instituições é a melhor forma de terceirizar o processo. III. Cria uma comissão (grupo de trabalho) para discutir as estratégias do plano. Farão parte do GT: diretoria e colaboradores visando uma gestão participativa. Após a leitura das opções, você deverá optar por aquela que melhor se enquadra em um plano de implementação de um projeto de RSE. Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Comentário sobra as opções Devemos fazer a seguinte consideração: no passado, os detalhes das ações de uma empresa eram restritos à alguns jornais da área corporativa ou entre discussões acadêmicas nas salas de aula das escolas de negócios. Entretanto, nos dias de hoje, qualquer empresa que tiver algum tipo de ação socialmente irresponsável pode aparecer em diferentes mídias, principalmente as redes sociais. Hoje, mais do que nunca, as empresas estão sob o olhar atento de seus stakeholders. Assim, planos de implantação de RSE devem levar em consideração uma série de aspectos. Nas opções avaliadas apenas uma estava correta. Vejamos! I. ERRADO. Um dos principais erros ao implementar um projeto de RSE é estabelecer uma única pessoa como responsável por isso. É necessário que se formalize um grupo de trabalho (comissão) de maneira a descentralizar o processo; II. ERRADO. Deve-se ter o máximo de cuidado com esse tipo de ação, pois algumas podem arruinar todo o projeto. Por exemplo, ao apoiar projetos ambientais (ou mesmo alguma instituição), deve-se ter um sistema de monitoramento do impacto dessas atividades no meio ambiente. Talvez, as ações sejam tão malfeitas que não vale a pena apoiar. III. CORRETO. As empresas não devem impor seus programas de cima para baixo, sem o envolvimento de funcionários e colaboradores no processo. Um dos piores efeitos da gestão não participativa é que ela afasta o compromisso, desperdiça a potencial energia de colaboração e desestimula a circulação de ideias necessárias para criar cultura interna de sustentabilidade. Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Pesquise Quais principais estratégias de marketing ambiental estão sendo utilizadas pelas grandes empresas? Essas propagandas/informações são realmente verdadeiras? Para conferir, você deverá acessar o site de duas empresas nacionais (Boticário; Natura). Após, verifique quais estratégias de marketing envolvendo projetos socioambientais estão sendo utilizados por estas empresas. Em uma pesquisa mais aprofundada em outros websites, tente descobrir se há alguma inverdade nas informações passadas no website das empresas. Tema 01: O que é marketing verde? Com a cobrança do novo mercado consumidor, que exige a fabricação de produtos ou serviços que tragam algum apelo relacionado à proteção ambiental, muitas empresas modificaram suas estratégias de marketing e passaram a utilizar o marketing verde como elemento norteador dos seus processos. Nos Estados Unidos, comissões e associações como a Federal Trade Commission (FTC) e a National Associationof Attorneys-General analisam as questões do marketing ambiental através de documentos e protocolos desenvolvidos especificamente para esse campo de atuação (U.S. DoJ e FTC, 1991). No Brasil, esse ainda é um assunto muito incipiente e que não tem legislações ou documentos que apresentem requisitos para a prática. Para os autores Pride & Ferrel (2000), marketing verde se refere, especificamente, ao desenvolvimento, aperfeiçoamento, à promoção e distribuição de produtos que não agridem o ambiente natural. Complementando a ideia apresentada, Xavier e Chiconatto (2014) afirmam que o conceito de marketing verde não está tão somente relacionado aos produtos que tenham alguma alusão à proteção ambiental, mas, adicionalmente, deve estar atrelado Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 aos processos de produção, bens de consumo e bens de serviços. Entretanto, Johr (1994) salienta que: “Incorporar a mentalidade ambientalista ao seu negócio não se limita, porém, a uma estratégia de marketing que tinja um pouco mais de verde seus produtos e operações. Tomar em consideração as demandas ambientalistas (...) significa compreender o quanto as questões ecológicas envolvem seus negócios e podem colaborar com seus lucros. Significa, também, (...) administrar uma complexa cadeia de fatos inter- relacionados, que envolvem inúmeras etapas, desde a fabricação de produtos de sua empresa até seus fornecedores, clientes, empregados, a mídia e a comunidade onde se está inserido, de modo a obter uma sinergia nos resultados (JÖHR, 1994).” Nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento (como é o caso do Brasil), a mudança de pensamento e atitudes tornou expressa a preocupação ambiental. Assim, os mercados consumidores passaram a adquirir mais produtos ambientalmente seguros. Com isso, observou-se um crescimento e desenvolvimento de rótulos ambientais que têm por finalidade informar justamente sobre tais práticas ambientalmente responsáveis atreladas à fabricação ou até mesmo àquele produto em si. Em resumo, podemos definir marketing ambiental (ou marketing verde) como uma prática empresarial que leva em conta as preocupações dos consumidores sobre a promoção preservação e conservação do meio ambiente. As campanhas de marketing verde destacam-se por ter características de proteção ambiental diferentes dos produtos convencionais como, por exemplo: Redução do desperdício na embalagem; Aumento da eficiência energética do produto em uso; Redução do uso de produtos químicos; Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Diminuição das emissões de gases tóxicos e outros poluentes durante o processo produtivo. Portanto, os clientes estão à procura de produtos mais ecológicos, impulsionados pela perspectiva de alternativas mais saudáveis com maior qualidade aliado à preservação o meio ambiente e economizando tempo e dinheiro. Tema 02: O marketing verde e as empresas greenwashing Muito embora o marketing ambiental seja uma ferramenta muito importante para impulsionar o consumo de produtos ecologicamente corretos, há várias empresas que praticam o greenwasing, cuja tradução direta poderia ser “lavagem verde”. De acordo com Tavares e Ferreira (2012), a denominação greenwashing remete ao fato de que as empresas vinculam informações ecológicas vantajosas em seus serviços e produtos de modo a distorcer a realidade. Já para Leeuwen (2008), o greenwashing é uma informação enganosa vinculada por uma empresa buscando apresentar uma imagem cidadã. Assim, a construção de uma imagem ambientalmente responsável por parte das empresas é o principal foco do greenwashing, muito embora a maioria das informações vinculadas sejam falsas. Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 A representação do greenwashing. Empresas maquiam seus verdadeiros produtos e serviços com uma imagem ambientalmente responsável. No Brasil, a regulamentação das ações publicitárias deve seguir as especificações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que estabeleceu 8 princípios que devem ser seguidos visando “refletir a responsabilidade do anunciante para com o meio ambiente e a sustentabilidade” (CONAR, 2016). Confira a seguir! Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Mas, como identificar uma empresa ou propaganda greenwashing? O site americano GREENWASHING INDEX dá algumas dicas importantes: Buscar no website da empresa os reais projetos socioambientais em que ela está engajada e se realmente eles acontecem ou são apenas fachada; Tente fazer uma busca geral no Google para verificar se a imagem da empresa está vinculada a algum tipo de escândalo ou caso que envolva impacto socioambiental. Desconfie e, em caso de comprovação do greenwashing, denuncie ao Conar. Em face das informações, fica clara a diferença entre marketing verde e greenwashing. Uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa Market Analysis, em 20141, destacou alguns pontos importantes em relação aos resultados encontrados. São eles: Cresce 4 vezes o número de produtos “verdes” de limpeza, cosméticos e higiene pessoal disponíveis ao consumidor; Somente 5% dos apelos correspondem a selos ou certificações de terceira parte, ou seja, a rotulagem ambiental ainda é fundamentalmente baseada em autodeclarações; Há uma proporção menor de greenwashing. Porém, há um número muito maior de produtos cometendo algum dos tipos de maquiagem verde; 1 Texto retirado na íntegra de: <http://marketanalysis.com.br/wp- content/uploads/2014/09/Greenwashing_2014_MarketAnalysis.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 As marcas pecam mais pela incerteza e por apresentar símbolos que transmite a ideia de certificações que, na prática, não existem; Produtos de limpeza cometem uma variedade maior de pecados do greenwashing. Cosméticos e produtos de higiene pessoal apresentam muitas mensagens vagas ou vazias ao consumidor. Tema 03: O Ecoeficiência e a Produção Mais Limpa (P+L) A Produção Mais Limpa (P+L) foi definida inicialmente em 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA ou UNEP, em Inglês) como sendo "a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada a processos, produtos e serviços para aumentar a eficiência e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente". No entanto, a confluência de crise econômica e ambiental global que tem ocorrido nos últimos anos consolidou a compreensão da interdependência entre os nossos sistemas económicos e ambientais e forneceu um novo impulso aos esforços internacionais para promover a transição para sistemas industriais mais sustentáveis e indústria sustentável. Isso tem exigido a ampliação da definição de produção mais limpa para incluir a eficiência dos recursos, que é um elemento-chave das transições para a indústria verde e Economia Verde. Segundo Fernandes (2001), a empresa que quer adotar a P+L em seus produtos e processos deve seguir quatro atitudes básicas: Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Entre os principais benefícios da P+L, podemos citar: Diminuição da produção de resíduos; Recuperação de subprodutos valiosos; Melhor desempenho ambiental; Aumento da produtividade dos recursos; Maior eficiência com menor consumo de energia; Redução geral dos custos. Associada à prática da P+L está a ecoeficiência, que se baseia no conceito de criação de mais produtose serviços ao mesmo tempo, utilizando menos recursos e criando menos desperdício e poluição (ALENCASTRO, 2013). O conceito de ecoeficiência foi cunhado em 1992 pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD) no seu relatório Changing course (Mudando o Rumo – tradução livre). Os principais aspectos da ecoeficiência são: Redução de energia e água; Redução dos níveis de resíduos e poluição; Extensão da função e, portanto, da vida útil do produto; Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 Incorporação dos princípios do ciclo de vida de produto2; Consideração da reutilização e reciclagem dos produtos/serviços no final da sua vida útil. Assim, a redução do impacto ecológico se traduz em um aumento da produtividade dos recursos, que, por sua vez, pode criar vantagem competitiva para a organização. Algumas empresas passaram a adotar a ferramenta análise da ecoeficiência (EEA - do Inglês eco-efficiency analysis), que serve para medir mais plenamente a pegada de seus produtos ou processos. Esta análise avalia os impactos econômicos e ambientais de um produto ou de um processo através do seu ciclo de vida (ISO 14045/2012). Assim, a partir desse contexto, podemos concluir que assim como a P+L, a ecoeficiência liga as metas de excelência empresarial e preservação ambiental, fazendo uma ponte através do qual o comportamento da organização pode apoiar o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade, integrando crescimento econômico e a melhoria ambiental. Tema 04: ISO 26.000 – Responsabilidade Social Corporativa (RSC) Ser socialmente responsável significa que as pessoas e as organizações devem ter um comportamento ético e com sensibilidade para as questões sociais, culturais, econômicas e ambientais. A responsabilidade social auxilia indivíduos, organizações e governos a terem impacto positivo no desenvolvimento, negócios 2 De acordo com a Associação Brasileira de Embalagens, a avaliação (ou análise) de Ciclo de Vida (ACV) de um produto consiste no estudo completo dos impactos gerados em todo o ciclo de vida de um produto (desde a produção até o descarte final); uma medição de sua ´pegada ambiental´. Texto retirado na íntegra de: <http://www.abre.org.br/setor/apresentacao-do-setor/a- embalagem/analise-do-ciclo-de-vida/>. Acesso em: 23 mar. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 e na sociedade, contribuindo positivamente para os resultados financeiros da organização. Para Enrique Leff (2001), a ética é um sistema de valores que deve orientar as atitudes humanas. Sendo um dos três pilares da sustentabilidade (economia, sociedade e meio ambiente), a responsabilidade social tem sido considerado fator crucial para o sucesso das empresas, já que há muito se discute não somente o papel econômico das organizações, mas, também, seu papel social (socioambiental) (ALENCASTRO, 2013). A Agenda 213, em seu capítulo 30, ressalta a importância de se incorporar as políticas e estratégias de melhoramento socioambiental, não somente como ferramenta competitiva. Entretanto, essa estratégia já é utilizada há bastante tempo. Documentos históricos abordam essa prática desde 1899, onde algumas organizações se utilizavam dos princípios da caridade e custódia (filantropia) para auxiliar seus funcionários menos abastados (ALENCASTRO, 2013). Os movimentos histórico-sociais e culturais dos Estados Unidos e Europa nas décadas de 1950 e 1960 foram molas propulsoras para que as empresas passassem a atuar como agentes de responsabilidade social corporativa (TENÓRIO, 2006). O conceito de RSC está subjacente à ideia de que as empresas não podem mais agir apenas como entidades econômicas isoladamente. Nesse sentido, as visões tradicionais sobre a competitividade, sobrevivência e rentabilidade estão sendo eliminadas ou redefinidas quase diariamente. 3 “A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica”. Ela foi concebida durante a Rio 92, a conferência das nações unidas para o meio ambiente e desenvolvimento (CNUMAD). Definição retirada na íntegra do website do Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global>. Acesso em: 27 mar. 2016. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 Assim, para orientar as empresas sobre como implantar a responsabilidade em seus negócios, a International Organization for Standardization (ISO) publicou a norma ISO 26.000. Para a norma, a responsabilidade social é o papel das decisões e atividades de uma empresa em relação à sociedade e ao meio ambiente, e que deve ser exercido através de um comportamento transparente e ético, levando em consideração os seguintes aspectos: Contribuição para o desenvolvimento sustentável, incluindo a saúde e o bem-estar da sociedade; Levando em consideração as expectativas das partes interessadas (stakeholders); Deve estar em conformidade com as leis aplicáveis e de acordo com normas internacionais de comportamento; Deve estar integrada em toda a organização e sendo praticada em suas relações. A Norma ISO 26.000, define stakeholders (partes interessadas) como um "indivíduo ou grupo de indivíduos que tem um interesse em qualquer decisão ou atividade de uma organização." As partes interessadas podem incluir fornecedores, pessoal interno (empregados, trabalhadores), membros, clientes (acionistas, investidores, consumidores), reguladores, e as comunidades locais e regionais. Além disso, as partes interessadas podem incluir compradores, clientes, proprietários e ONGs (organizações não governamentais). Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 A norma ISO 26.000 identifica sete temas centrais de responsabilidade social: Fonte: elaborado pelo autor (2016). Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Além dos temas centrais, ISO 26000 também define sete princípios fundamentais de comportamento socialmente responsável: Fonte: elaborado pelo autor (2016). Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 Tema 05: Estudo de caso de Marketing e Responsabilidade Social – Projeto Fazendo Renda (IBGPEX/UNINTER) O Instituto Brasileiro de Graduação, Pós-Graduação e Extensão (IBGPEX), entidade declarada de utilidade pública pelo município de Curitiba-PR, constituído na forma de Associação Civil sem fins econômicos, possui caráter social, cultural, educacional, universalista, socioambientalista, técnico-científico, assistencial e filantrópico, sem fins lucrativos. O Instituto implementa ações em conjunto com a sociedade civil, com os grupos sociais e as lideranças comunitárias, no sentido de contribuir para o desenvolvimento socioeducacional do país. De acordo com o próprio website da instituição: “o Instituto IBGPEX atua na garantia de direitos, que, com sua missão voltada à inclusão social através da educação, busca a promoção individualizada e construção de autonomias. Cada projeto desenvolvido está voltado a atender pessoas em situação de vulnerabilidade social buscando ampliar seu universo informacional, proporcionando novas vivencias e estimulando o enfrentamento da situação atual para uma nova realidade social. Fundamentada na cultura do diálogo, os projetos sociais do Instituto, buscam desenvolver posturas que venham de encontro ao combatea todas as formas de violência, preconceito, discriminação e estigmatização das relações. Reforça a formação cidadã pautada na solidariedade, nos valores universais da ética respeitando a heterogeneidade, crenças e identidades” (IBGPEX, 2016). Um dos mais belos trabalhos de responsabilidade social do referido instituto é o projeto “Fazendo Renda”, que tem como principal função a capacitação e qualificação de mulheres em estado de vulnerabilidade social, visando à ampliação da geração de renda por meio de artesanato, utilizando retalhos de tecidos e materiais recicláveis. As mulheres recebem aulas sobre, gestão, economia financeira, empreendedorismo, costura, entre outros. Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 A partir dessa informação, e dos outros temas já estudados, notamos que o projeto fazendo renda se enquadra perfeitamente nos quesitos da responsabilidade social (Triple Bottom line), segundo a norma ISO 26.000. Fonte: elaborado pelo autor (2016). Ações relacionadas ao projeto “Fazendo Renda” do Instituto IBGPEX. Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 Ações relacionadas ao projeto “Fazendo Renda” do Instituto IBGPEX. Trocando ideias Quais são as estratégias de “marketing verde” mais utilizadas pelas empresas? Há menção sobre projetos de responsabilidade social? O que eles abordam? Busque essas informações em sites de três grandes empresas na internet (empresas a sua escolha) e discutam sobre o que foi encontrado. Na Prática A Produção Mais Limpa (P+L) é uma estratégia corporativa que proporciona inúmeros benefícios para o meio ambiente, além de ganhos econômicos para a empresa, contribuindo para a economia de recursos naturais, a melhoria da imagem e o aumento de competitividade. Assim, as empresas notaram que, mesmo aquelas que possuem algum tipo de certificação ambiental, necessitavam reduzir consideravelmente a geração de seus resíduos e acabar Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 com a ideia de que para crescer era necessário aumentar a produção, gerando mais resíduos e, com isso, gastar mais para tratá-los ou dispô-los adequadamente. Mas como fazer isso? É possível produzir mais, gerando menos resíduos? Com a aplicação prática do conceito de P+L, sim! Quer ver um exemplo de como os resíduos podem impactar diretamente nos custos da produção? Grãos com impurezas: as impurezas têm preço de grãos, pois esses são comprados por peso. A partir dessas informações, a tarefa que você tem é elaborar um plano de P+L (de maneira bastante resumida) para a sua empresa. Se você ainda não atua na área, vamos te dar uma opção: que tal reduzir a quantidade de resíduos (lixo) e de energia na sua residência? Um Plano de P+L vai te ajudar a exercitar o que você aprendeu na teoria, além de diminuir os seus custos mensais. Mãos à obra! Protocolo de Resolução da situação proposta 1. Verifique os passos para se elaborar um plano de P+L. 2. Colete todos os dados necessários para elaborar seus cálculos e indicadores 3. Elabore (de maneira bem simples) o seu P+L. Síntese No encontro de hoje, estudamos as estratégias de marketing relacionadas aos apelos socioambientais das empresas. Aprendemos um pouco sobre o conceito de marketing verde e suas derivações, além de estudarmos as estratégias falsas, o greenwashing. Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 Duas ferramentas, a ecoeficiência e a P+L, foram abordadas de maneira a exemplificar como as empresas podem utilizá-las como estratégias competitivas. Falamos sobre a responsabilidade social e a normativa ISO 26.000 (de caráter voluntário), que aborda as principais estratégias para implantação da Responsabilidade Social Corporativa. Por fim, falamos da aplicação desses conceitos em um estudo de caso – o Projeto Fazendo Renda, que insere os três pilares da sustentabilidade em suas ações: economia, sociedade e meio ambiente. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 19011. Diretrizes para auditorias de Sistema de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental. Rio de Janeiro: 2002, 25p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 26000. Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: 2010. 110 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14045. Descreve os princípios, requisitos e orientações para a avaliação da ecoeficiência de sistemas de produto. Rio de Janeiro: 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001. Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientação para uso. 2 ed. Rio de Janeiro: 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14004. Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro: 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001. Sistemas de Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro, 2001. CERQUEIRA J. P. Sistemas de gestão integrados: Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 FERNANDES, J. V. G et al. Introduzindo práticas de produção mais limpa em sistemas de gestão ambiental certificáveis: uma proposta prática. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 06, n. 03, jul/dez. Rio de Janeiro, 2001. p. 157-164. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA. INMTERO. Portaria n. 51, de 28 de janeiro de 2014. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO. Environmental management - the ISO 14000 family of international standards. 2002. LEEUWEN, T. V. Discourse and practice: new tools for critical discourse analysis. Nova Iorque: Oxford University Press, 2008. LEFF, E. Saber Ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2004. SA 8000. Social Accountability International - Responsabilidade social 8000. Nova Iorque: 2001. TAVARES, F.; FERREIRA, G. G. T. Marketing Verde: um olhar sobre as tensões entre greenwashing e ecopropaganda na construção do apelo ecológico na comunicação publicitária. Revista Espaço Acadêmico, 138, 23-31. 2012. TENÓRIO, F. G. Responsabilidade social empresarial: teoria e prática. 2 ed. Rio de Janeiro. FGV, 2006.
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