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Sustentabilidade como Ferramenta Competitiva

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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão da Sustentabilidade 
 
Aula 06 
 
 
Prof. Dr. Rodrigo Silva 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa inicial 
A Sustentabilidade é baseada em um princípio simples: tudo o que precisamos 
para a nossa sobrevivência e bem-estar depende, direta ou indiretamente, do 
nosso ambiente natural – do meio ambiente. Para buscar a sustentabilidade, é 
necessário criar e manter as condições para que os seres humanos e a 
natureza possam existir em harmonia produtiva para apoiar as gerações 
presentes e futuras. 
Em nossa aula de hoje, estudaremos sobre a sustentabilidade como uma 
ferramenta competitiva de mercado, assim como outras estratégias 
relacionadas a ela e que são (ou serão) empregadas pelas organizações que 
desejam ser competitivas em seus negócios. 
 
 
Contextualizando 
Ouvimos a palavra “sustentável” ou "sustentabilidade" quase todos os dias. 
Mas, o que isso significa, exatamente? É sobre pessoas e cultura, o nosso 
ambiente, ou empregos e dinheiro? É sobre cidades ou sobre o país? É sobre 
você e eu, ou é algo para outras pessoas se preocuparem? A sustentabilidade 
é sobre todas essas coisas, além de outras. 
A palavra sustentabilidade passou a fazer parte do nosso vocabulário cotidiano 
a partir de 1987, com a publicação do documento O Nosso Futuro Comum, 
elaborado pela Comissão Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (também conhecida como Comissão Brundtland). Esse 
relatório definiu desenvolvimento sustentável como "o desenvolvimento que 
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as 
gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
Mas, note que esta definição não aborda, em nenhum momento, questões 
relacionadas ao meio ambiente. Inicialmente, a ideia de sustentabilidade era 
relacionada à seguinte questão: como os países pobres chegariam (ou 
poderiam chegar) aos padrões de vida dos países ricos? Essa meta significava 
dar aos países desfavorecidos melhor acesso aos recursos naturais, incluindo 
água, energia e alimentos, os quais vêm de uma forma ou de outra, a partir do 
meio ambiente. Por isso, a forte relação entre os dois: meio ambiente e 
sustentabilidade. 
Na esfera corporativa, podemos definir sustentabilidade como um conjunto de 
políticas e estratégias utilizadas pelas empresas para minimizar o seu impacto 
ambiental sobre as gerações futuras. Atualmente, as empresas que não 
empregam estratégias voltadas para a sustentabilidade em seus processos de 
gestão estão fadadas a sair do mercado. 
 
 
Problematizando 
Veja esta notícia vinculada ao site do Sebrae: 
“O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção de calçados e 
possui mercado interno respeitável e alvo de interesse de indústrias calçadistas 
estrangeiras. Em 2010, foram fabricados 693 milhões de pares de calçados no 
país, que movimentaram 12,3 bilhões de dólares, segundo dados da 
Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados). 780 milhões 
de pares foram consumidos pelo mercado interno, significando consumo médio 
per capta de 4,1 calçados/pessoa. Os índices de produção e consumo per 
capta apontam crescimento de 13,1%, entre 2008 e 2010. Existem mais de 8 
mil empresas calçadistas espalhadas no país, sendo que a maioria está 
localizada nas regiões sul e sudeste. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
Nesse contexto, a busca por diferencial competitivo é enorme e os calçados 
ecológicos representam possibilidade de se destacar e agradar consumidores 
ligados à causa da sustentabilidade, como também o mundo da moda, sempre 
atento às novidades comportamentais e criativas. Calçados não são apenas 
peças de proteção para os pés, mas objetos do desejo de mulheres, homens, 
jovens e crianças. Hoje em dia, eles revelam o perfil ideológico das pessoas.” 
Após a leitura da notícia, você, que possui uma pequena fábrica de calçados, 
decide investir na fabricação de calçados ecológicos com estratégias voltadas 
à sustentabilidade. Para isso, decide (re)elaborar seu plano de negócios. 
Dentre as estratégias competitivas para ingressar com pé direito no mercado, 
por qual você e a diretoria da sua empresa devem investir? 
a) Investir em inovação, ecodesign e processos de produção mais limpa (P+L). 
b) Investir em mão de obra barata e em uma nova localização para instalar as 
novas máquinas. 
c) Investir na compra de matérias-primas mais baratas, e trazer novos 
funcionários de outras filiais e treiná-los para exercer as novas funções. 
d) Diversificar os locais de venda dos produtos que serão fabricados e baixar 
os preços. 
 
Comentário sobre as opções 
As estratégias de gestão e negócios voltados à sustentabilidade devem ser 
direcionadas à inovação. Duas estratégias de inovação discutidas em aulas 
anteriores são o ecodesign e a produção mais limpa, o que configura a 
resposta correta. 
O investimento em mão de obra barata e uma localização para uma nova 
fábrica não são estratégias de sustentabilidade. O primeiro porque configura 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
5 
uma exploração do trabalho, e o segundo porque seria mais um local para 
emissão e produção de resíduos. Matérias primas baratas podem implicar em 
produtos de baixa qualidade, atingindo negativamente os clientes. Ainda, a 
contratação de mais mão de obra não é a melhor opção, que tal treinar e 
capacitar a mão de obra já existente? Ou ainda, apostar na mão de obra local? 
A diversificação de locais de venda e baixar os preços não podem ser 
consideradas estratégias de sustentabilidade, pois não atingem o tripé: 
economia, sociedade e meio ambiente. 
 
 
Pesquise 
Quais são as estratégias votadas para a sustentabilidade das grandes 
empresas? Pesquise no site de Nestlé, Unilever, Pepsico as estratégias de 
sustentabilidade que cada uma divulga em suas páginas e compare-as. Faça 
uma pequena tabela com diferenças e semelhanças. 
 
 
Tema 01: Sustentabilidade como Estratégia competitiva 
O mundo enfrenta, atualmente, a maior crise ambiental dos últimos tempos: 
como sustentar mais de 7 bilhões de pessoas, mantendo um ambiente 
habitável? Assim, há uma necessidade de gerenciar o ambiente global de uma 
forma mais sustentável. A gestão ambiental e a sustentabilidade ambiental são 
um campo multidisciplinar, que se concentra em encontrar soluções para os 
problemas ambientais mais urgentes do mundo. 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
6 
A sustentabilidade é baseada em um princípio muito simples: tudo o que 
precisamos para a nossa sobrevivência e bem-estar depende, direta ou 
indiretamente, do nosso ambiente natural. Para buscar a sustentabilidade, é 
necessário criar e manter as condições em que os seres humanos e a natureza 
podem existir em harmonia (coexistir), com o objetivo de que as gerações 
futuras também possam usufruir do que temos hoje. 
Atribui-se fortemente ao capitalismo a grave crise socioambiental vivenciada 
pela humanidade, visto que esta forma de pensar prega o acúmulo de riquezas, 
o consumo e a exploração exacerbada dos recursos naturais (MAIA e PIRES, 
2011). Assim, para Checkland (2000), citado em Maia e Pires (2011), “A 
tomada de decisões direcionadas à sustentabilidade exige do decisor a 
capacidade de lidar com múltiplas variáveis e dimensões de forma simultânea, 
juntamente com os problemas desestruturados de difícil definição”. 
Para Sachs (2008), em sua obra A riqueza de todos, quatro são os desafios 
para alcançar a sustentabilidade (Figura 1) e quatro são as causas da crise 
socioambientalmundial (Figura 2). 
 
Figura 1. Os quatro desafios para alcançar a sustentabilidade, segundo Sachs (2008). 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
 
Figura 2. As quatro causas da crise socioambiental mundial, segundo Sachas (2008). 
Atualmente, a sustentabilidade deve ser encarada como elemento-chave nos 
processos de tomada de decisão, garantindo, por exemplo, que sua cadeia de 
fornecimento e de outros parceiros também tenham práticas fortes de 
sustentabilidade. Assim, podemos dizer que a sustentabilidade não é apenas 
responsabilidade ambiental. Investidores sugerem que a sustentabilidade inclui 
fatores ambientais, políticos, culturais, éticos, sociais e de governança, como 
local de trabalho e relações com a comunidade. 
Estudos1 mostram que as organizações com boas práticas de sustentabilidade 
tendem a ter melhor desempenho e são capazes de acessar melhores taxas de 
financiamento. O forte desempenho de sustentabilidade por si só não é 
suficiente para alcançar esses benefícios. No entanto, as organizações 
precisam comunicar tais informações para as partes interessadas através dos 
seus relatórios de sustentabilidade. 
Assim, concluímos que a sustentabilidade é um fator importante no sentido de 
ajudar as empresas a atingir – e manter – suas estratégias competitivas. 
 
1Sustainable Investing: Establishing long-term financial performance, DB Climate Change 
Advisors, Deutsche Bank Group, June 2012. Beiting Cheng, IoannisIoannou, and George 
Serafeim, Corporate social responsibility and access to finance, Harvard Business School, 
working paper 11-130, May 2012. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
Tema 02: A importância dos Relatórios de Sustentabilidade 
A grade dificuldade que as empresas encontram em relação à sua 
sustentabilidade está relacionada a: como medi-la? Ou mesmo: como usar e 
quais indicadores usar para medi-la? Nesse contexto, os relatórios de 
sustentabilidade têm exercido importante papel na divulgação desses possíveis 
indicadores. 
De acordo com a GRI (Global Reporting Initiative)2, uma das mais renomadas 
organizações do mundo no assunto, o relatório de sustentabilidade (RS) é um 
relatório publicado por uma empresa ou organização sobre os impactos 
econômicos, ambientais e sociais causados pelas suas atividades diárias. Além 
disso, um relatório de sustentabilidade também deve apresentar um modelo de 
valores e governança da organização, além de demonstrar a ligação entre a 
sua estratégia e seu compromisso para uma economia global sustentável (GRI, 
2016). 
Vale destacar que os RS podem ajudar fortemente as organizações a medir, 
compreender e comunicar o seu desempenho econômico, ambiental, social e 
de governança e, em seguida, definir metas e gerir a mudança de forma mais 
eficaz (GRI, 2016). Os relatórios de sustentabilidade surgiram como uma 
prática comum de negócios neste século. Assim, o foco na sustentabilidade 
ajuda as organizações a gerenciar seus impactos sociais e ambientais e 
melhorar a eficiência operacional e gestão de recursos naturais. 
É importante mencionar que o processo de adesão a estes relatórios é 
totalmente voluntário e, segundo Bassetto (2010), tem por objetivos: 
 Apoiar e facilitar a gestão das questões de sustentabilidade das 
empresas de maneira sistemática; 
 
2 GRI é uma organização internacional independente e sem fins lucrativos que ajuda as 
empresas, governos e outras organizações a compreender e comunicar o impacto da empresa 
sobre questões críticas de sustentabilidade, tais como as alterações climáticas, direitos 
humanos, corrupção e muitos outros. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
 Divulgar os riscos e oportunidades; 
 Construir uma reputação corporativa mais transparente. 
Apesar do caráter voluntário, estes documentos (que devem ficar à disposição 
para consulta) são resultados das pressões da sociedade e dos stakeholders, 
no sentido de desejarem por explicações das ações de responsabilidade 
socioambiental das organizações. Ainda, vale destacar que os acionistas e 
investidores se utilizam destes documentos para suas tomadas de decisões em 
relação à compra de ativos destas empresas (BASSETTO, 2010). 
No Brasil, o pioneirismo dessa divulgação se deu através da produtora de 
cosméticos Natura, ainda nos anos 2000. Atualmente, de modo geral, as 
grandes empresas optam por relatórios cujos indicadores tenham grande 
adesão aos seus projetos de sustentabilidade. Podemos citar como indicadores 
de sustentabilidade nos relatórios: 
 Produto interno bruto (PIB); 
 Índice de desenvolvimento humano (IDH); 
 Índice de sustentabilidade ambiental (ISA); 
 Índice de Gini. 
A seguir, uma figura (Figura 3) com os principais benéficos dos relatórios de 
sustentabilidade, segundo a GRI (2016): 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
 
Figura 3. Um ciclo de relatórios de sustentabilidade eficaz, que inclui um programa 
regular de coleta de dados, comunicação e respostas, deverá beneficiar todas as 
organizações relatoras, tanto interna como externamente. 
 
Para ser útil, um relatório precisa ter um padrão unificado que permite que eles 
sejam rapidamente avaliados, julgados e comparados. Como grande parte das 
organizações multinacionais em todo o mundo adotou os relatórios de 
sustentabilidade, destacamos que o mais amplamente adotado tem sido os 
Relatórios de Sustentabilidade da Global Reporting Initiative (GRI). 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
11 
Tema 03: Inovação em Sustentabilidade 
A Comissão Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em 1987, 
publicou o documento Nosso Futuro Comum, e observou que a 
sustentabilidade pode ser enquadrada como uma troca entre as empresas e a 
sociedade. A busca pela sustentabilidade já está começando a transformar o 
cenário competitivo, o que irá forçar as empresas a mudar a maneira como elas 
pensam sobre produtos, tecnologias, processos e modelos de negócios. 
A chave para o progresso, especialmente em tempos de crise econômica, é a 
inovação, e superar estes desafios e capacitar a sociedade a prosperar em um 
planeta com recursos cada vez mais limitados são uma necessidade 
imperativa. Para isso, um processo de inovação significativa, chamada de 
sustentabilidade orientada para a inovação (SOI), é importante 
(NIDOMOLU, PRAHALAD, RANGASWAMI, 2009). O manual de Oslo define 
inovação como 
“(...) a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou 
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método 
de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de 
negócios, nas organizações do local de trabalho ou nas relações 
externas” (OECD, 1997, p. 55). 
Ligando esta definição ao aspecto da sustentabilidade, Kemp e Pearson (2008) 
criaram o conceito de eco inovação como: 
“(...) a produção, assimilação ou exploração de um produto, processo 
de produção, serviço ou método de gestão ou de negócio que é novo 
para a organização (desenvolvendo ou adotando-a) e que resulta, ao 
longo do seu ciclo de vida, em reduções de riscos ambientais, 
poluição e outros impactos negativos do uso de recursos, inclusive 
energia, comparado com alternativas pertinentes” (KEMP; 
PEARSON, 2008, p. 7;). 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
Portanto, ao tratar a sustentabilidade como uma meta atual, as empresas 
devem desenvolver competências as quais os concorrentes serão 
pressionados a corresponder. Assim, as iniciativas de sustentabilidade 
impulsionarão o valor de negócios de várias maneiras através de aumento da 
receita, redução de custos e gestãode riscos. Destacamos que a inovação em 
sustentabilidade é diferente da inovação em si, pois exige certa flexibilidade por 
parte da organização como, por exemplo: pensar em resultados a longo prazo 
(IONESCU-SOMERS E SZEKELY, 2013). 
Ainda para Ionescu-Somers e Szekely (2013), há três tipos de inovação 
possíveis, quando se fala em sustentabilidade: 
1. Inovação incremental – é aquela que acontece paulatinamente, evitando 
ao máximo os riscos (conservadora); 
2. Inovação radical – embora dentro de um modelo de negócios tradicional, 
há inovação e criação de novos modelos de negócios; 
3. Transformação sistêmica – reinvenção de modelos de negócios 
insustentáveis. 
Ainda, os mesmos autores abordam que há três tipos de incertezas que 
podem, de alguma maneira, afetar a inovação voltada para a sustentabilidade: 
 Ambiental – relacionada aos recursos naturais/matérias-primas; 
 Política – relacionada, principalmente, aos aspectos legais; 
 Comportamental – relacionada à aceitação das novas tendências, tanto 
por parte dos consumidores como dos diretores da organização. 
Para José Carlos Barbieri (2010), uma organização inovadora sustentável é 
aquela que, em seus produtos, processos e serviços, se utiliza de 
características de inovar se voltando para a sustentabilidade. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
Ainda para o mesmo autor (citado em GOMES et al, 2016) a inovação 
sustentável: 
“compreende a introdução (produção, assimilação ou exploração) de 
produtos, processos produtivos, métodos de gestão ou negócios, 
novos ou significativamente melhorados para a organização e que 
traz benefícios econômicos, sociais e ambientais, comparados com 
alternativas pertinentes" (BARBIERI, 2010 citado em GOMES et al, 
2016). 
Schaltegger e Wagner (2011) destacam três aspectos positivos para se inovar 
em sustentabilidade (Figura 4). São eles: 
 
Figura 4. As três razões fundamentais para a inovação sustentável, segundo Schaltegger 
e Wagner (2011). 
 
 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
14 
Tema 04: A Criação (ou geração) de Valor Compartilhado 
Ainda seguindo a linha de inovação em sustentabilidade, abordaremos a 
questão da criação de valor compartilhado (CVC) nas empresas. Do inglês 
Creating Shared Value (CVS), a CVC é um conceito estabelecido por Porter e 
Kramer, em 2011 – Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça) – como um 
modelo de gestão inovador. Para os autores, os fatores competitivos 
determinantes de uma dada organização e o bem-estar das comunidades que 
estão à volta dela são reciprocamente dependentes. Nesse sentido, a 
redefinição do capitalismo deve-se partir do reconhecimento sobre tais 
conexões entre o progresso social e econômico (PORTER e KRAMER, 2011). 
Existe uma marcante diferença entre a Responsabilidade Social Corporativa – 
RSC (assunto abordado na aula 5) e a CVC. Para Porter (2011), a RSC traduz 
apenas a lucratividade de uma empresa enquanto de sua atuação nas 
questões sociais. Já a CVC, se traduz como uma nova abordagem de 
relacionamento entre as empresas e a sociedade. Ainda, para os mesmos 
autores, eles mencionam que as empresas ignoram completamente qualquer 
efeito adverso, na sociedade e ao meio ambiente, das suas atividades e 
serviços, promovendo escassez de recursos e redução de salários da mão de 
obra, tornando-se insustentáveis no cerne do conceito (PORTER e KRAMER, 
2011). 
Também, “as necessidades sociais, e não apenas as necessidades 
econômicas convencionais definem mercados, assim como danos sociais 
podem criar custos internos para as firmas” (PORTER & KRAMER, 2011, p. 5). 
Os criadores desse conceito afirmam que a CVC é uma excelente estratégia de 
inovação para a sustentabilidade, pois, além de trazer crescimento aos 
negócios, tem o reconhecimento moral da sociedade que está à sua volta. 
A CVC prega que o capitalismo tenha viés social (porém, não filantrópico), 
contrapondo às ideias do economista inglês Milton Friedman (prêmio Nobel de 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
15 
economia, em 1976), que mencionava que o único papel da empresa é gerar 
lucro (HOFFMAN, 2000). Tal inovação e colaboração devem acontecer através 
de diferentes atores da sociedade como, por exemplo, ONGs, a sociedade civil, 
o governo e, é claro, as empresas (Figura 5). 
É preciso pontuar também que os interesses do negócio devem estar em 
consonância (e não opostamente) aos interesses da sociedade, e não ao 
contrário, já que, para que as empresas possam oferecer tais benefícios 
sociais, ela deve estar bem financeiramente – este fato é o que Hart e Prahalad 
(2002) denominaram de capitalismo inclusivo. Para os mesmos autores, dois 
são os desafios das grandes empresas para a população menos abastada: 
 Produção e distribuição de produtos e serviços sensíveis a sua cultura; 
 Que sejam ambientalmente sustentáveis e economicamente lucrativos. 
 
Figura 5. Fatores que englobam o processo de concepção do CVC para a base da 
pirâmide, de acordo com Porter e Kramer (2011). 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
16 
Ainda sobre a Figura 5, os autores afirmam que no item 1 é preciso utilizar as 
carências da sociedade (saúde, moradia, danos ambientais, entre outros) como 
uma oportunidade de inovar em seus processos, ou seja, como um mercado 
ainda a ser explorado. Já no item 2, nota-se que a cadeia de valores de uma 
organização (uso de água, matérias-primas – recursos naturais, mão de obra) 
afeta a produtividade da empresa, e vice-versa, assim, investimento nas 
questões socioambientais, diminuiriam os gastos da própria organização com 
esses aspectos, em caso de problemas. Por fim, no item 3, os autores 
estabelecem que o cluster3 de empresas é uma alternativa viável para uma 
determinada comunidade. 
 
 
Tema 05: Sustentabilidade e Governança Corporativa 
Governança corporativa e sustentabilidade estão entre os temas mais 
debatidos pelo mundo corporativo, nos dias atuais. Ambos os conceitos estão 
alinhados e devem estar em perfeita harmonia com as ações das empresas do 
século 21. A sustentabilidade, em seu papel, visa garantir a perduração dos 
recursos naturais e dos aspectos sociais da comunidade mundial, através das 
ações das empresas visando ao desenvolvimento sustentável, ao passo que a 
governança corporativa visa garantir o sucesso longevo da organização. 
De acordo com Carlsson (2001), governança corporativa consiste nas regras 
de gestão que visem minimizar ao máximo os possíveis conflitos de interesses 
entre diferentes partes da organização. 
 
3 Cluster é um grupo geograficamente concentrado de empresas interligadas e instituições 
associadas em um campo particular, ligadas por aspectos comuns e por complementaridades 
(NETO et al, 2012). 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
17 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, as boas 
práticas de governança estão pautadas em 4 princípios (MALACRIDA e 
YAMAMOTO, 2006): 
 Transparência; 
 Equidade; 
 Prestação responsável de contas, 
 Responsabilidade corporativa. 
Assim, notamos que governança corporativa não diz respeito apenas a 
questões financeiras, mas também envolvem aspectos socioambientais e, por 
sua vez, a sustentabilidade (NUNES et al, 2010). O alinhamento das práticas 
de governança corporativa e de sustentabilidade vem sendo comunicado pelas 
empresas através dos seus relatórios de sustentabilidade. 
Ainda, para Lopes (2003), alguns aspectos fundamentais devem ser levados 
em conta quando se dialoga sobre a governança: 
 
Figura 6. Aspectos da governança corporativa, segundo Lopes (2003). 
 
Pró-reitoriade EaD e CCDD 
 
18 
De acordo com Kean Ow-Yong (2006), há uma forte tendência mundial em 
concentrar os investimentos em negócios sustentáveis (sociaoambiental) e 
rentáveis e, nesse contexto, a Bovespa lançou, em 2005, o Índice de 
Sustentabilidade Empresarial (ISE), que está baseado na transparência das 
empresas em relação à comunicação de seus aspectos de eficiência 
econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa, já que 
a confiança do mercado (para investimento) está diretamente relacionada a 
esses índices (CORREIA; AMARAL; LOUVET, 2011). 
Assim, a governança corporativa é cada vez mais aplicada a uma forma 
estendida de monitorar atividades corporativas, que incluem o impacto na 
sociedade e no ambiente natural. Portanto, as práticas relativas às ações de 
responsabilidade socioambiental implementadas pelas empresas podem (e 
devem) ser observadas como uma extensão da governança corporativa, que 
abarca meios para comprovar para o seu público-alvo (stakeholders), que se 
preocupa com o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da comunidade. 
 
 
Trocando ideias 
Quais são as estratégias de sustentabilidade mais utilizadas pelas empresas? 
Busque essas informações nos relatórios de sustentabilidade de grandes 
empresas na internet (empresas à sua escolha) e discutam sobre o que foi 
encontrado. 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
19 
Na Prática 
Criação de Valor Compartilhado (CVC) 
Valor compartilhado é uma estratégia de gestão voltada para empresas que 
criam valor de negócio mensurável através da identificação e resolução dos 
problemas sociais que se cruzam com os seus negócios. O conceito foi 
definido pelo professor Michael Porter e Mark Kramer. Assim, a CVC define um 
novo papel para empresas na sociedade, que vai além dos modelos 
tradicionais de responsabilidade social corporativa. Em vez de focar em mitigar 
danos nas operações existentes da empresa, as estratégias de valor 
compartilhado envolvem em escala e inovação das empresas para promover o 
progresso social. 
A tarefa de hoje é elaborar um projeto de CVC para uma indústria de alimentos. 
Para isso, o seu projeto deve levar em consideração as seis áreas de atuação 
dentro da empresa e, para cada uma dela, você e sua equipe de gestores 
devem desenvolver uma estratégia de valor compartilhado. As áreas são: 
1. Nutrição 
2. Água 
3. Desenvolvimento local 
4. Fornecimento responsável 
5. Meio Ambiente 
6. Direito Humanos 
 
Seja breve e objetivo em cada um dos itens. Lembre-se: cada CVC deve 
beneficiar a comunidade como um todo. Mãos à obra! 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
20 
Protocolo de Resolução da situação proposta 
1. Defina um prazo para que todas as estratégias planejadas estejam 
cumpridas ou implementadas. Vamos pensar em daqui a cinco anos. 
2. Reúna a equipe para conhecer os pontos a serem trabalhados. Deve-se 
conhecer cada item com relação a consumidores, público de interesse, 
fornecedores, local e tipo de matéria-prima adquirida, os impactos ambientais, 
direitos dos trabalhadores e benefícios, entre outros. 
3. A partir desse diagnóstico, as equipes serão separadas de acordo com 
as afinidades de cada área. Assim, as ideias serão colocadas no papel mais 
rapidamente. 
4. Após a elaboração de estratégias para cada área, todas as equipes se 
reúnem para verificar a consonância entre as estratégias. É a hora de alinhar 
os objetivos! 
5. Os resultados são apresentados para a alta diretoria da empresa e para 
alguns stakeholders (selecionados pelas equipes). 
6. Por fim, com a aprovação da alta gestão, colocam-se em prática as 
estratégias! 
O trabalho foi baseado no CVC da Nestlé. Para verificar o resultado, acesse 
seu site, clique em cada um dos itens e veja quais foram as estratégias 
utilizadas para cada área. Bons estudos! 
 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
21 
Síntese 
Na aula de hoje, abordamos diversos aspectos relacionados à sustentabilidade 
como uma ferramenta competitiva de mercado. Os aspectos relacionados à 
esse tema são bastante amplos, mas todos ligados às questões 
socioambientais as quais as empresas passaram a incorporar em suas 
estratégias de gestão e negócios. 
Inovação, relatórios de sustentabilidade, Responsabilidade socioambiental e 
criação de valor compartilhado foram alguns dos temas discutidos aliado à 
sustentabilidade corporativa. Por fim, abordamos alguns conceitos de 
governança aplicada à sustentabilidade, tema que tem sido muito discutido nas 
esferas corporativas atuais em todo o mundo. 
 
 
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