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Apostila de penal parte geral em PDF (1)

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Rua T-28, N. 1.443 Setor Bueno. Cep: 74.210-040 Goiânia-GO. Tel: 62-3956-6900E-mail: atendimento@redejuris.com site: 
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 DIREITO PENAL 
REDE JURIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profº. Geibson Rezende 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
1.1. Conceito de direito penal: É o ramo do direito público que define as infrações penais (crimes e contravencõ̧es 
penais), estabelecendo as sancõ̧es penais (penas e medidas de seguranca̧) aplicáveis aos infratores. 
1.2. Direito penal objetivo: É o conjunto de normas penais edi tadas pelo Estado definindo crimes e contravencõ̧es 
penais, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob ameaca̧ de sancã̧o ou medida de seguranca̧ , bem 
todas as outras que cuidem de questões de natureza penal , v.g., excluindo o crime, isentando de pena, explicando 
determinados tipos penais. 
1.3. Direito penal subjetivo: É o direito de punir que surge para o Estado com a prática de uma infração penal . É o 
próprio jus puniendi , que se classifica em positivo, compreendido como o poder que tem o Estado de criar tipos 
penais e executar suas decisões condenatórias e negativo consubstanciado na faculdade que tem este mesmo 
Estado de derrogar preceitos penais e também restringir o alcance das figuras delitivas . 
1.4. Legislação penal brasile ira: Código Penal e leis especiais (ex:LCP, Abuso de Autoridade , Lei de Tóxicos , 
Sonegação Fiscal, Porte de Arma, Crimes de Trânsito etc.). 
1.5. Finalidade do direito penal: É a “tutela jurídica”, ou seja, a protecã̧o aos bens jurid́icos. 
 
2. FONTES DO DIREITO PENAL 
 
2.1 Conceito. Fonte, no seu sentido mais amplo , quer dizer o lugar de procedência , de onde se origina alguma coisa . 
Fontes no direito como sistema são todas as formas pelas quais são criadas , modificadas ou extintas as normas de 
um determinado ordenamento jurid́ico . 
 
a) Fontes de producã̧o ou materiais . Sempre o Estado, através da união federal que tem competência privativa pra 
legislar em matéria penal (art. 22, I, CF). 
b) Fontes de conhecimento ou formais, subdivididas em diretas e indiretas. 
 
*Fonte direta do direito penal é somente a lei . 
 
*Fontes mediatas ou indiretas do direto penal são os costumes e os princiṕios gerais do direito . 
 
Os costumes subdividem-se em: 
 
a) Contra legem - Inaplicabilidade da norma jurid́ica pelo desuso , pela inobservância constante e uniforme da lei 
(jogo do bicho). Inaceitável, porquanto não pode revogar a lei (art. 2o, §1o, LICC – Decreto-lei no 4.657/42). 
b) Secundum legem - Orienta a aplicacã̧o da lei penal, sempre de acordo com o caso concreto. 
c) Praeter legem – Objetiva preencher as lacunas e especifica o conteúdo da norma (vg honra, dignidade, decoro – 
art. 140). 
 
3. DA NORMA PENAL 
 
3.1. Introdução. 
 
De acordo com o princiṕio da reserva legal, corolário do princípio da legalidade , em matéria penal , pelo fato de 
lidarmos com o direito de liberdade do cidadão , pode-se tudo aquilo que não esteja expressamente proibido em lei , 
uma vez que, segundo o inciso XXXIX, do artigo 5°, da Constituição Federal , e o artigo 1° do Código Penal , não há 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominacã̧o legal. 
 
 
3.2. Características: 
 
a) Exclusividade: Somente a norma penal define crimes e comina penas (princípio da legalidade); 
b) Imperatividade: A norma penal é imposta a todos, independentemente de sua vontade; 
c) Generalidade: A norma penal vale para todos (“erga omnes”);; 
d) Impessoalidade: A norma penal é abstrata, sendo elaborada para punir acontecimentos futuros e 
não para punir pessoa determinada. 
 
3.4. Classificação das normas penais: 
 
 
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3.4.1. Normas penais incriminadoras. São as normas para as quais são reservadas as funções de definir as infrações 
penais, proibindo ou impondo condutas , sob ameaca̧ de pena . São normas penais em sentido estrito, proibitivas ou 
mandamentais. 
 
Preceitos da norma penal incriminadora: 
 
a) Preceito primário (preceptum juris): É encarregado de fazer a descrição detalhada e perfeita da conduta que se 
procura proibir ou impor (art. 155 do CP: subtrair para si ou para outrem, coisa alheia móvel). 
b) Preceito secundário (sanctio juris): Encarregado de individualizar a pena, estipulando-a em abstrato (art. 155 do 
CP: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa) 
 
3.4.2. Normas penais não incriminadoras . São as normas penais para as quais foram atribuídas as finalidades de 
tornar lićitas determinadas condutas ; afastar a culpabilidade do agente ; esclarecer determinados conceitos ; e 
fornecer princiṕios gerais pra a aplicacã̧o da lei penal, subdivididas em: 
 
a) Permissivas justificantes, quando tem por finalidade afastar a ilicitude da conduta do agente (arts. 23, 24 e 25 do 
CP) 
b) Permissivas exculpantes, quando se destinam a eliminar a culpabilidade, isentando o agente de pena (ex., art. 26, 
caput, e 28 parágrafo 1°, do CP) 
c) Explicativas, são aquelas que visam esclarecer ou explicar conceitos (arts. 327, e 150, parágrafo 4°, do CP) 
d) Complementares, são as que fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal (art. 59 do CP) 
 
3.4.3. Norma penal em branco ou primariamente remetidas 
 
a) Conceito. São aquelas que , embora completo o preceito secundário , a descricã̧o da conduta é vaga , incompleta, 
necessitando, pois, de complementacã̧o de outra disposicã̧o legal ou regulamentar (lei, decreto, regulamento, 
portaria, etc). 
 
b) Classificação: 
 
Normas penais em branco em sentido amplo ou homogêneas : Quando o complemento é oriundo da mesma fonte 
legislativa que editou a norma que necessita deste complemento (art. 297 a 302, 304, CP). A norma complementar é 
também lei. 
Normas penais em branco em sentido estrito ou heterogêneas : Quando o complemento provém de fonte formal 
diversa (vg art. 32 da Lei n. 9.605/98). Neste caso, a norma complementar, integradora da norma penal em branco, é 
ato do poder público e não uma lei. 
 
3.4.4. Normas penais incompletas ou imperfeitas são aquelas que para saber a sanção imposta pela transgressão de 
seu preceito primário o legislador nos remete a outro texto de lei . Pela leitura do tipo penal incriminador , verifica-se 
o conteúdo da proibicã̧o ou do mandamento, mas para se saber a conseqüência jurid́ica é preciso se deslocar a outro 
tipo penal. (art. 304 do CP) 
Observação: anomia ocorre quando para determinada conduta não existe nenhuma norma legal que a proib́a , ou 
quando exista tal norma a sociedade não lhes dá o devido valor , desrespeitando-a; antinomia é a situacã̧o que se 
verifica entre duas normas incompatíveis , pertencentes ao mesmo ordenamento jurid́ico e tendo o mesmo âmbito 
de validade. 
 
4. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL 
 
Interpretar é buscar o efetivo alcance da norma . É procurar descobrir aquilo que ela tem a nos dizer com maior 
precisão possível. 
 
4.1. Espécies de interpretação. 
 
a) Quanto ao sujeito que interpreta a lei: 
 
Autêntica – É dada pela própria lei , a qual, em um dos seus dispositivos, esclarece determinado assunto. Subdivide-
se em contextual, que é realizada no mesmo momento em que é editado o diploma legal que se procura interpretar 
 
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(ex. artigo 327 do CP) e posterior, quando a interpretacã̧o é realizada pela lei depois da edicã̧o de um diploma legal 
anterior; 
Doutrinária – É feita pelos estudiosos , professores e autores de obras de direito , através de seus livros , artigos, 
conferências, palestras etc. 
Judicial – É feita pelos tribunais e juízes em seus julgamentos , realizada intra-autos, ou seja , sempre no bojo dos 
processos, nunca fora deles. Não vincula a decisão dos demais juízes e tribunais , devendo-se levar em consideracã̧o 
que a o artigo 103-A, acrescido pela EC n. 45 de 2004, concedeu efeito vinculante às súmulas editadas pelo Supremo 
Tribunal Federal, quando editadas com esta finalidade. 
 
b) Quanto ao modo: 
 
Gramatical – Leva em conta o sentido literal das palavras contidas na lei . Ex. o significado da expressão alguém no 
crime de homicid́io – art. 121 do CP; 
Teleológica – Busca descobrir o seu significado através de uma análise acerca dos fins a que ela se destina . Ex. art. 59 
do CP; 
Histórica – avalia os debates que envolveram sua aprovacã̧o e os motivos que levaram à apresentacã̧o do projeto de 
lei; 
Sistemática – Busca o significado da norma através de sua integracã̧o com os demais dispositivos de uma mesm a lei 
e com o sistema jurid́ico como um todo . Ex. o crime de latrocińio e a competência do juiźo singular para o processo e 
julgamento deste delito. 
 
c) Quanto ao resultado: 
 
Declarativa – Quando se conclui que a letra da lei corresponde exatamente àqu ilo que o legislador quis dizer. Ex. art. 
141, III do CP; 
Restritiva – Quando se conclui que o texto legal abrangeu mais do que queria o legislador (por isso a interpretacã̧ o 
irá restringir seu alcance). Ex. art. 28, II do CP; 
Extensiva – Quando se conclui que o texto da lei ficou aquém da intencã̧o do legislador (por isso a interpretacã̧o irá 
ampliar sua aplicacã̧o). Ex art. 235 do CP (bigamia), abrange obrigatoriamente a poligamia. 
 
d) Interpretação analógica (“intra legem”). 
 
O legislador, em determinadas passagens do Código penal , por não poder prever todas as situacõ̧es que poderiam 
ocorrer na vida em sociedade , e que seriam similares àquelas por ele já elencadas , permitiu,expressamente a 
utilização de um recurso , que também amplia o alcance da norma penal , conhecido como interpretacã̧o analógica . 
Este recurso é possiv́el quando , dentro do próprio texto legal , após uma seqüência casuística , o legislador se vale de 
uma fórmula genérica , que deve ser interpretada de acordo com os casos anteriores - ex.: o crime de “estelionato” , 
de acordo com a descricã̧o legal, pode ser cometido mediante artifício, ardil ou “qualquer outra fraude”;; o art. 28, II, 
estabelece que não exclui o crime a embriaguez por álcool ou por “substâncias de efeitos análogos”. 
 
e) Analogia. 
 
A analogia não é forma de interpretacã̧o da lei penal , mas um método de auto -integração da norma . Consiste em se 
aplicar a uma hipótese não regulada por lei , disposição relativa a um caso semelhante . Tem por fundamento ubi 
eadem ratio, ibi eadem jus (onde existe a mesma razão fundamental prevalece a mesma regra de direito ). Consiste 
em aplicar a uma hipótese não prevista em lei (lacuna da lei ) a disposicã̧o relativa a um caso semelhante - ex.: o 
legislador, através da lei A , regulou o fato B ; o julgador precisa decidir o fato C ; procura e não encontra no direito 
positivo uma lei adequada a este fato ; percebe, porém, que há pontos de semelhanca̧ entre o fato B (regulado) e o 
fato C (não regulado ); então, através da analogia , aplica ao fato C a lei A ; é forma de integração da lei penal e não 
forma de interpretacã̧o; em matéria penal, ela só pode ser aplicada em favor do réu (analogia “in bonam partem”), e 
ainda assim se ficar constatado que houve mera omissão involuntária (esquecimento do legislador ) - ex.: Aplicação 
do perdão judicial previsto no art. 121, § 5°, do CP, ao artigo 303 do Código de Trânsito Brasileiro (homicídio culposo). 
 
f) Distinção entre analogia e interpretação analógica 
 
Na analogia, omissa a lei , parte-se da solucã̧o nela prevista para certo caso , chegando-se à validade da norma para 
aquele caso análogo , mas sem previsão legal . Na interpretacã̧o analógica (permitida pela própria lei ) é o próprio 
dispositivo que determina que se aplique analogicamente preceito . Na primeira, não é vontade da lei abranger os 
 
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casos semelhantes; na segunda , a própria lei , após definir a fórmula casuística , menciona os casos que devem ser 
compreendidos por semelhanca̧ . A diferença está na vontade da lei . (vg: outro recurso análogo à traicã̧o , emboscada 
e dissimulacã̧o – art. 61, II, c). 
 
5. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL 
 
5.1. Princípio da intervenção mínima 
 
Segundo este princiṕio , o Direito Penal só deve preocupar -se com os bens mais importantes e necessários à vida em 
sociedade. Segundo este princiṕio o direito penal tem carat́er subsidiário , só podendo atuar quando os demais 
ramos do direito não forem suficientes para resolver o conflito de interesses. 
 
Deste princiṕio decorrem outros quatro , a saber: 
 
a) Princípio da lesividade .Segundo este princípio o direito penal não pode ser utilizado pelo Estado contra o agente 
quanto a conduta deste não ferir bem jurídico de terceiro. Este princípio proíbe a incriminação, por exemplo, das 
auto-lesões e da tentativa de suicício. 
 
São funcões deste princípio: 
 
 Proibir a incriminacã̧o de uma atitude interna; 
 Proibir a incriminacã̧o de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor; Proibir a incriminacã̧o 
de simples estados ou condicõ̧es existenciais; 
 Proibir a incriminacã̧o de condutas desviadas que não afete qualquer bem jurid́ico . 
 
b) Princípio da adequação social da conduta 
 
Segundo Hanz Welzel, citado por Luis Régis Prado , “a teoria da adequacã̧o social , significa que apesar de uma 
conduta se subsumir ao modelo legal (tipicidade formal ) não será considerada típica (tipicidade material ) se for 
socialmente adequada ou reconhecida , isto é , se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente 
condicionada.” 
 
Obs.: O Princiṕio da adequacã̧o social da conduta , assim como os costumes como fonte formal mediata do direito 
penal, não tem poderes para revogar tipos penais , em obediência ao principio constitucional da legalidade, em que 
pese posicionamento jurisprudencial e doutrinário em sentido contrário . 
 
c) Princípio da insignificância 
 
Este princiṕio é endereca̧do tanto ao legislador quando ao julgador . Fundamenta-se na determinacã̧o de qu e o 
Direito penal não deve se preocupar com bagatelas . Ao legislador na determinacã̧o de impedir a tutela de bens de 
ínfimo valor, ao juiz, para desconsiderar a tipicidade material de determinadas condutas. Assim, como nem sempre é 
possível à técnic a legislativa excluir dos tipos penais determinados bens , pela impossibilidade de graduacã̧o dentro 
do próprio tipo, cabe ao juiz, dentro de uma acurada técnica de hermenêutica , afastar do alcance do Direito Penal as 
condutas que violem bens dessa natureza. 
 
d) Princípio da fragmentariedade 
 
O carat́er fragmentário do Direito Penal significa que uma vez escolhidos os bens jurid́icos fundamentais tutelav́eis 
por este ramo do ordenamento jurid́ico , eles passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo 
Direito Penal. 
 
5.2. Princípio da individualização da pena . 
 
Art. 5°, XLVI, da Constituicã̧o Federal cuida do referidoprinciṕio, assim preconizando: 
“a lei regulará a individualizacã̧o da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
Privação ou restrição de liberdade; Perda de bens; 
Multa; 
Prestação de social alternativa; Suspensão ou interdição de direitos.” 
 
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Desta forma, podemos concluir que a individualizacã̧o da pena ocorre em dois momentos, a saber: 
 
a) Quando o legislador, para a conduta puniv́el , escolhe a pena necessária e suficiente pra reprovacã̧o e prevencã̧o 
da infracã̧o penal em abstrato, cominando pena mińima e max́imaem seu preceito secundário , que variam de acordo 
com a importância do bem a ser tutelado. É o momento político de individualização da pena. 
 
Ex. Art. 121. Matar algueḿ. 
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. 
 
b) Quando feito pelo julgadoré leva em consideracã̧o o fato concreto , obedecendo-se ao critério trifá sico do artigo 
68 do CP. 
 
5.3. Princípio da proporcionalidade 
 
Da mesma forma que o princiṕio da individualizacã̧o da pena , o princiṕio da proporcionalidade é dirigido tanto ao 
legislador quando ao juiz . Segundo este princiṕio , a pena aplicav́el ao c idadão deve ser , essencial, pública, pronta, 
necessária, suficiente, a menor das penas aplicav́eis nas circunstâncias referidas , proporcional ao delito e 
determinada por lei. 
Ao legislador cabe procurar alcanca̧r a proporcionalidade em abstrato , cominando penas semelhantes a fatos 
semelhantes e penas distintas a fatos igualmente distintos em gravidade. Ao julgador cabe velar pela 
proporcionalidade em concreto, nos moldes do artigo 68 do CP. Assim, por exemplo, se depois de analisar, 
isoladamente, as circunstâncias judiciais , o juiz concluir que todas são favorav́eis ao agente , jamais poderá 
determinar a pena-base na quantidade max́ima cominada ao delito por ele cometido , o que levaria, ao final de todas 
as três fases, a aplicar uma pena desproporcional ao fato praticado. 
 
5.4. Princípio da responsabilidade pessoal 
 
Previsto no inc. XLV do artigo 5°, da Constituicã̧o Federal, nos seguintes termos: 
“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigacã̧o de 
reparar o dano e a decretacã̧o do perdimento de bens ser , nos termos da lei , estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” 
 
Em virtude de tal princiṕio , também conhecido como princípio da pessoalidade ou da intranscendência da pena , 
somente o condenado é que terá de se submeter a sancã̧o que lhe foi imposta . Isto significa que em matéria penal , 
somente ele , e mais ninguém , poderá responder pela infração penal praticada . Qualquer que seja a natureza da 
penalidade aplicada (privativa de liberdade , restritiva de direitos ou multa ) somente o condenado é que poderá 
cumpri-la. 
O princiṕio da personalidade da pena, entretanto, possui uma exceção excecã̧o , pois a constituição permite que a 
pena de perda de valores ou bens possa ser executada contra os herdeiros do sentenciado , até o montante do 
patrimônio transferido. 
 
5.5. Princípio da Limitação das Penas 
 
É a própria Constituição Federal que , visando impedir qualquer tentativa de retrocesso quanto à cominacã̧o das 
penas levadas a efeito pelo legislador e para atender a um dos fundamentos de nosso Estado Democrat́ico de Direito , 
previsto no inc. III, do artigo 1° (dignidade da pessoa humana), que preceitua no inc. XLVII do art. 5°: 
 
“Não haverá penas: 
De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do artigo 84, XIX; 
De caráter perpet́uo; 
De trabalhos forca̧dos; 
De banimento; 
Cruéis.” 
 
5.6. Princípio de humanidade 
 
 
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Por este princiṕio , o ser humano deve se constituir o centro das atencõ̧es no estudo das ciências penais . Não 
somente a vit́ima deve merecer a protecã̧o do Estado , mas também o réu , de modo que o tratamento a ele 
dispensado pelo poder público nunca poderá perder de vista os fins almejados pela pena . 
Por este motivo, o direito objetivo brasileiro cuidou de preservar e garantir ao agente do crime um processo justo e 
uma pena adequada, buscando afastar quaisquer violências contra o homem , pois o que deve ser execrado é o crime 
e não o criminoso. 
A Constituicã̧o Federal afasta , expressamente, qualquer pena ou método que possa infligir padecimento físico ou 
moral ao ser humano , tais como as galés , banimento, fogueira, tortura, esquartejamento etc. Apesar da realidade 
um pouco divorciada , a Carta Magna garante aos presos o respeito à integridade física e moral (art. 5o, XLIX), 
condições para que as presidiárias possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação (L), além 
de proibir as penas de carat́er perpétuo , de trabalhos forca̧dos, de banimento, cruéis, e de morte, salvo, nesta última, 
em caso de guerra declarada (XLVII). Afora essas garantias, instituiu tipos penais com penas graves aos autores de 
crime de tortura (Lei no 9455/97). 
Com efeito, por ocasião da aplicacã̧o da pena o juiz não pode desprez ar tais garantias, sob pena de violar o princiṕio 
expresso e desvirtuar a finalidade da pena, traduzindo-a em mera vinganca̧. 
 
5.7. Princípio da Culpabilidade 
 
A culpabilidade é o juiźo de censura , de reprovabilidade que se faz sobre a conduta típica e ilićita praticada pelo 
agente. Reprovável ou censurável é aquela conduta que levada a efeito pelo agente que , nas condicõ̧es em que se 
encontrava, podia agir de outro modo. É o juízo de uma reprovação jurídica que se apóia sobre a crença , fundada na 
experiência do dia-a-dia, de que ao homem é dada a possibilidade de, em certas circunstâncias, agir de outro modo. 
Não é um princípio constitucional expresso, podendo ser extraid́o do texto constitucional , principalmente, através do 
chamado princípio da dignidade da pessoa humana. 
Possui três sentidos fundamentais: 
a) Culpabilidade como elemento integrante do conceito analit́ico de crime . 
b) Culpabilidade como princiṕio medidor da pena 
c) Culpabilidade como princiṕio impedidor da responsabilidade penal objetiva 
5.8. Princípio do “in dubio pro reo” . Se persistir dúvida , após a utilização de todas as formas interpretativas , a 
questão deverá ser resolvida da maneira mais favorável ao réu. 
 
6. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 
 
6.1. Instantâneo. É aquele cuja consumação ocorre em um só instante , sem continuidade temporal . Tem momento 
consumativo definido. Instantâneo não significa praticado rapidamente , mas significa que uma vez realizados seus 
elementos constitutivos, nada mais se poderá fazer para impedir sua ocorrência. Ex.: “estupro”. 
6.2. Permanente – É aquele cujo momento consumativo se prolonga no tempo por vontade do agente , que poderá 
cessar quando este quiser. Ex.: “seqüestro”. 
6.3. Instantâneo de ef eitos permanentes – É aquele cuja consumação se dá em determinado instante , mas seus 
efeitos são irreversiv́eis - ex.: “homicid́io”. 
6.4. Comissivo – É aquele praticado através de uma ação positiva , visando um resultado tipicamente ilićito , ou seja, 
no fazer o que a lei proib́e . A maioria dos delitos previstos no Código Penal e na legislacã̧o extravagante é constituid́a 
pelos delitos de acã̧o, isto é, pelos delitos comissivos. 
6.5. Omissivo próprio – Consiste no fato de o agente deixar de realizar determinada conduta , tendo a obrigacã̧o 
jurídica de fazê -lo; configura-se com a simples abstencã̧o da conduta , quando podia e devia realizá-la, sem risco 
pessoal, independentemente da producã̧o do resultado . 
6.6. Omissivo impróprio (ou comissivos por omissão ) – Neste tipo de delito, a omissão é o meio pelo qual o agente 
produz o resultado , que tinha do dever jurid́ico de evitá -lo. Nestes crimes , o agente respondenão pela omissão 
simplesmente, mas pelo resultado desta decorrente, a que estava, juridicamente, obrigado a impedir (art. 13, 
parágrafo 2°, do C ). Ex.: a mãe , que tinha o dever jurid́ico de alimentar seu filho , deixa de fazê -lo, provocando a 
morte da crianca̧ (a simples conduta de deixar de alimentar não constitui crime , mas o resultado morte que dela 
decorre constitui infracã̧o penal). 
6.7. Material ou de resultado naturaliśtico – É o que descreve a conduta cujo resultado integra o próprio tipo penal , 
isto é, sendo indispensav́el para a sua consumacã̧o a producã̧o de um dano efetivo. O fato se constitui da conduta 
humana e da modificacã̧o do mundo exterior por ele operada . A não-ocorrência do resultado caracteriza tentativa . 
Nos crimes materiais a acã̧o e o resultado são , ou podem ser, cronologicamente distintos. Ex. Homicídio, furto, 
estelionato. 
 
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6.8. Formal – No crime formal o tipo penal também descreve o resultado , que, contudo, não precisa verificar-se para 
ocorrer à consumacã̧o . Basta a acã̧o do agente e a vontade de concretizá -lo. Consuma-se o crime no momento da 
ação, independentemente da producã̧o do resultado , sendo este , mero exaurimento do delito . Ex.: “extorsão 
mediante seqüestro”. 
6.9. De mera conduta - A lei descreve apenas uma conduta e , portanto, consuma-se no exato momento em que esta 
é praticada. Não há descrição de resultado pelo tipo penal. Ex.: “violacã̧o de domiciĺio”. 
6.9. Comuns – São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa - exs.: “furto”, “roubo”, “homicid́io”. 
6.10. Próprios ou especial – São os que só podem ser cometidos por determinada categoria de pessoas , por exigir o 
tipo penal certa qualidade ou caracteriśtica do sujeito ativo . Pode ser condicã̧o jurid́ica (acionista); profissional ou 
social (comerciante); natural (gestante, mãe); parentesco (descendente). Exs.: “infanticid́io”, “corrupcã̧o passiva”. 
6.11. De mão própria ou de atuacã̧o pessoal – São aqueles cuja conduta descrita no tipo penal só pode ser 
executada por um único individ́uo, não admitindo interposta pessoa e, por isso, não admitem co-autoria, mas apenas 
a participacã̧o. Ex.: “falso testemunho”. 
6.12. Principais – São aqueles que não dependem de qualquer outra infração penal para que se configurem - ex.: 
“homicid́io”, “furto”. 
6.13. Acessórios – São aqueles que pressupõem a ocorrência de um delito anterior - ex.: “receptacã̧o”. 
6.14. Simples – Protegem um único bem jurid́ico - ex.: “homicid́io” (visa-se à protecã̧o da vida), “furto” (protege-se o 
patrimônio). 
6.15. Complexos – Surgem quando há fusão de 2 ou mais tipos penais , ou quando um tipo penal funciona como 
qualificadora de outro; a norma penal tutela 2 ou mais bens jurid́icos - Exs.: “extorsão mediante seqüestro” (surge da 
fusão do “seqüestro” e da “extorsão” e , portanto, tutela o patrimônio e a liberdade individual ), “latrocińio” (é um 
roubo qualificado pela morte e, assim, atinge também 2 bens jurid́icos, o patrimônio e a vida). 
6.16. Progressivos – Ocorrem quando o sujeito , para alcanca̧r um resultado mais grave , passa por um crime menos 
grave - ex.: para causar a morte da vit́ima, o agente necessariamente tem de lesioná-la. 
6.18. Putativo – Dá-se quando o agente imagina que a conduta por ele praticada constitui crime, mas, em verdade, é 
um fato atípico. 
6.19. Falho (ou tentativa perfeita) – Ocorre quando o agente percorre todo o “iter criminis” , mas não consegue 
consumar o crime. 
6.20. Exaurido – Nos crimes formais, a lei descreve uma acã̧o e um resultado , mas dispensa a efetivacã̧o deste para 
que o crime se consume; assim, os crimes formais se consumam no momento da acã̧o ; o crime, entretanto, estará 
exaurido se , após a ação , efetivamente ocorrer o resultado - ex.: “extorsão mediante seqüestro” (consuma-se no 
momento do seqüestro , independentemente da obtencã̧ o do resgate ; entretanto, se os familiares da vit́ima 
efetivamente o pagarem, o crime estará exaurido). 
6.21. Vago – São os que têm como sujeito passivo entidades sem personalidade jurídica , como a famiĺia, a sociedade 
etc. 
6.22. Simples – É aquele em cuja redação o legislador enumera as elementares do crime em sua figura fundamental - 
ex.: “matar alguém” é a descricã̧o do crime de “homicid́io simples”. 
6.23. Privilegiado – Configura-se quando o legislador , após a descrição do deli to, estabelece circunstâncias com o 
condão de reduzir a pena - ex.: se o “homicid́io” for praticado por motivo de relevante valor social ou moral , a pena 
será reduzida de 1/6 a 1/3. 
6.24. Qualificado – É aquele ao qual a lei acrescenta circunstâncias que alteram a própria pena em abstrato para 
patamar mais elevado - ex.: a pena do “homicid́io simples” é de reclusão , de 6 a 20 anos; se o crime for praticado por 
motivo fútil, a qualificadora fará com que a pena passe a ser de reclusão, de 12 a 30 anos. 
6.25. De acã̧o múltipla (ou de conteúdo variado ) – São aqueles em relação aos quais a lei descreve várias condutas 
(possui vários verbos ) separadas pela conjuncã̧o alternativa “ou” ;; nesses casos, a prat́ica de mais de uma conduta , 
em relacã̧ o à mesma vit́ima , constitui crime único - ex.: “participacã̧o em suicid́io” (ocorre quando alguém induz , 
instiga ou auxilia outrem a cometer suicid́io). 
6.26. De acã̧o livre – É aquele que pode ser praticado por qualquer meio de execução , uma vez que a lei não exige 
comportamento especif́ico - ex.: o “homicid́io” pode ser cometido através de disparo de arma de fogo , golpe de faca, 
com emprego de fogo, veneno, explosão, asfixia etc. 
6.27. De acã̧o vinculada – São aqueles em relação aos qual a lei descreve o meio de execução de forma 
pormenorizada - ex.: “maus-tratos” (a lei descreve em que devem consistir os maus-tratos para que caracterizem o 
delito). 
6.28. Habitual – É aquele cuja caracterização pr essupõe uma reiteração de atos - ex.: “curandeirismo” (a prat́ica de 
um ato isolado é atípica). 
6.29. Quase-crime – Dá-se nas hipóteses de crime impossiv́el (art. 17) e participacã̧o impuniv́el (art. 31). 6.30. 
Unissubsistente – É aquele cuja ação é composta por um só ato e, por isso, não admitem a tentativa 
- ex.: “injúria verbal”. 
 
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6.31. Plurissubsistente – É aquele cuja ação é representada por vários atos, formando um processo 
executivo que pode ser fracionado e, assim, admite a tentativa - exs.: “homicid́io”, “furto” etc. 
6.32. Monossubjetivos – São aqueles que podem ser cometidos por uma só pessoa - ex.: “homicid́io”. 
6.33. Plurissubjetivos – São aquele que só podem ser praticados por duas ou mais pessoas ; são crimes de concurso 
necessário - ex.: “quadrilha”, “rixa”, “bigamia”. 
6.34. Doloso – O agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. 
6.35. Culposo – Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
6.36. Preterdoloso – Há dolo no antecedente (na figura fundamental ) e culpa no conseqüente (no resultado mais 
grave). O agente quer um minus e produz um majus 
6.37. Consumado – Quando nele se reúnem todos os elementos de sua definicã̧o legal . 
6.38. Tentado – Quando, iniciada a execução, não se consumapor circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
6.39. Impossível – Por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto. 
 
7. DA APLICACÃ̧O DA LEI PENAL 
 
7.1. Princípio da legalidade 
 
a) Conceito: art. 1o, CP e 5°, XXXIX, CF – “Não há crime sem lei anterior que o defina . Não há pena sem prévia 
cominação legal”. 
 
A doutrina subdivide o princiṕio da legalidade em: 
 
 Princípio da anterioridade - Uma pessoa só pode ser punida se, à época do fato por ela praticado, já estava 
em vigor a lei que descrevia o delito ; assim consagra-se a irretroatividade da norma penal , salvo a excecã̧o 
do art. 2°; 
 Princípio da reserva legal - Apenas a lei em sentido formal pode descrever condutas criminosas; é proibido 
ao legislador utilizar -se de decretos , medidas provisórias ou outras formas legislativas para incriminar 
condutas. 
 
Princípio da Taxatividade, segundo o qual o legislador ao descrever a contuda criminosa deve ser claro, preciso e 
objetivo. Este princípio proíbe a descrição vaga ou lacunosa da infração penal. 
 
b) Funções do princípio da legalidade : 
 
 Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen sine lege praevia); 
 Proibir a criacã̧o de crimes e penas pelos costumes (nulla poena sine lege scripta); 
 Proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla 
poena sine lege stricta); 
 Proibir incriminacõ̧es vagas e indeterminadas (nullun crimen nulla poena sine lege certa) 
 
Legalidade formal e legalidade material 
 
Legalidade formal é a obediência aos trâmites procedimentais previstos pela Constituição para que determinado 
diploma legal possa vir a fazer parte de nosso ordenamento jurid́ico . Aqui estamos diante da mera legalidade 
Legalidade material é a obediência ao conteúdo da norma , respeitando-se suas proibicõ̧es e imposicõ̧es para a 
garantia de nossos direitos fundamentais por ela previstos. Aqui nos defrontamos com a estrita legalidade. 
 
Obs. 1: Por forca̧ do artigo art . 62, parágrafo 1°, alínea b , da Constituicã̧o Federal , está vedada a possibilidade de 
edição de medida provisória versando sobre matéria penal. 
 
Obs. 2: Medida de Seguranca̧ e anterioridade da lei . A atual Constituição Federal , ao contrário das anteriores , veda 
expressamente a retroatividade da lei penal , salvo para beneficiar o réu (art. 5o, inc. XL). Essa proibicã̧o alcanca̧ as 
medidas de seguranca̧, pois são elas reguladas por leis penais. 
 
7.2. Princípio da Extra-Atividade da Lei Penal – Lei penal no tempo 
 
 
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Art. 2o - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime , cessando 
em virtude dela a execucã̧o e os efeitos penais da sentenca̧ condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente , aplica- se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentenca̧ condenatória transitada em julgado. 
 
Art. 5°, XL, CF – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o reú. 
 
7.2.1. Princípios aplicáveis ao conflito intertemporal de normas penais . 
 
a) Tempus regit actum. A norma, via de regra , aplica-se aos fatos praticados durante sua vigência , não alcançando 
fatos ocorridos fora deu prazo de validade. 
 
Retroatividade é a possibilidade qu e tem a lei de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos 
anteriormente a sua entrada em vigor. 
 
b) Novatio legis incriminadora. Quando lei nova considera crime fato que anteriormente era tido como indiferente 
penal, neste caso a lei não retroage, pois não é benéfica ao réu. 
c) Abolitio criminis. Ocorre quando o legislador, atento às mutacõ̧es sociais , resolve não mais continuar a incriminar 
determinadas condutas , retirando do ordenamento jurid́ico -penal a infracã̧o que a previa , pois que passou a 
entender que o Direito Penal não mais se fazia necessário à protecã̧o de determinado bem . Está prevista no artigo 2° 
do Código penal. São efeitos da Abolitio criminis: 
 
 A extincã̧o da punibilidade; 
 Cessação de todos os efeitos penais da sentença penal condenatória ; 
 Permanência dos efeitos civis da sentença penal condenatória, com trânsito emjulgado. 
 
d) Novatio legis in pejus. Quando lei nova contiver dispositivos que , de qualquer modo , torne mais severa a lei 
anterior, prejudicando o réu. Neste caso ela não poderá alcanca̧r os fatos anteriores , que continuarão a ser regulados 
pela lei da época da prat́ica da conduta. Não retroagindo, portanto. 
e) Novatio legis in mellius. Quando a lei nova contiver dispositivos que , de qualquer modo beneficie o réu . Neste 
caso, retroagirá sempre para beneficiá-lo. 
 
LEIS TEMPORÁRIAS E LEIS EXCEPCIONAIS 
 
Art. 3°. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o periódo de sua duracã̧o ou cessadas 
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigen̂cia. 
 
7.3. Sucessão de leis no tempo. 
 
a) Lei intermediária . Acontece na hipótese d e que a lei a ser aplicada não seja nem aquela da vigente à época dos 
fatos, tampouco aquela em vigor quando da prolacã̧o da sentenca̧ . Neste caso , a regra da ultratividade e da 
retroatividade são absolutas no sentido de que , sempre, ser aplicada ao agente a lei que mais lhe favoreca̧ , não 
importando, na verdade, o momento de sua vigência, isto é, se na data do fato, na data da sentenca̧ ou mesmo entre 
esses dois marcos. Resumindo: em havendo conflito intertemporal entre três leis , sempre se aplica a mais benéfica; 
b) Sucessão de leis temporárias ou excepcionais . Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado tempo , 
estabelecido previamente na própria lei . Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas especiais , como 
guerra, calamidade etc. (é aprovada para vigorar enquanto perdurar o período excepcional ). 
 
7.4. Conjugação de leis . Diante do caso concreto é possiv́el o confronto entre duas leis regendo a mesma situacã̧o . 
Neste caso , segundo orientacã̧o majoritária da doutrina , é permitido ao defensor do réu ou condenado escolher , 
entre duas leis, suas partes mais benignas (Frederico Marques). 
 
7.5. Irretroatividade da lei penal. Desses princiṕios decorre o da irretroatividade da norma penal , o qual se 
manifesta pela impossibilidade de lei nova alcanca̧r fatos pretéritos para prejudicar o agente . Ou seja , a lei penal 
pode retroagir, mas somente quando beneficiar o sujeito, nos termos do art. 5o, XL, da Constituicã̧o Federal. 
 
 
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7.6. Irretroatividade da Lex Gravior e Medida de Seguranca̧ . Em virtude do princiṕio constitucional 
dairretroatividade in pejus, mesmo em se tratando de medida de seguranca̧ não se pode falar em irretroatividade da 
lei penal mais grave por estrita obediência ao dispositivo constitucional supra mencionado. 
 
Obs.1: Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal: "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessacã̧o da continuidade ou da permanência". 
 
Obs. 2: Competência para aplicação da lei mais benéfica . Conforme pacificado pela súmula 611 do STF , a 
competência para a aplicação da lei mais benéfica é sempre do juízo da execução , desde que já transitada em 
julgado a sentenca̧ penal condenatória. 
 
7.8. Retroatividade da Lei penal em Branco. A revogacã̧o da norma complementar (decreto, portaria, regulamento, 
etc) não faz desaparecer o crime, mesmo porque a lei (figuraabstrata que prevê o delito) não foi revogada (Soler). Se 
a norma penal em branco tem carat́er excepcional ou temporário, aplica-se o artigo 3° do CP, ou seja, ela é ultrativa, 
mas, ao contrário, não tendo aquela característica, aplica-se o artigo 2° (abolitio criminis). 
 
7.9. Retroatividade da lei processual penal. De regra , a legislacã̧o pr ocessual penal aplica -se de imediato , salvo 
disposição em contrário , podendo restringir direitos formais do réu , relativamente a fato pretérito . Entretanto, se a 
lei processual veicular direito material aplica-se as regras do Código Penal. 
 
7.10. Tempo do crime 
 
Art. 4o - Considera-se praticado o crime no momento da acã̧o ou omissão , ainda que outro seja o 
momento do resultado. 
 
O CP adotou a teoria da atividade , pois é neste momento que o individ́uo exterioriza a sua vontade violando o 
preceito proibitivo. Isso evita o absurdo de uma conduta , praticada licitamente sob o império de uma lei , poder ser 
considerado crime, em razão de o resultado vir a produzir -se sob o império de uma outra lei incriminadora . Por esta 
razão, não se deve confundir t empo do crime com momento consumativo , que, nos termos do art . 14, I, ocorre 
quando se reúnem todos os elementos de sua definicã̧o legal ; a importância da definicã̧o do tempo do crime tem a 
ver, por ex., com a definicã̧o da norma penal a ser aplicada, no reconhecimento ou não da menoridade do réu etc . 
A definicã̧o do tempo do crime resolve questões importantes , tais como : qual lei aplicav́el , inimputabilidade do 
agente, alcance da anistia concedida até determinada data, prescrição, etc. 
 
8. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE – LEI PENAL NO ESPACO̧ 
 
Art. 5o - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuiźo de convencõ̧es, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1o - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcacõ̧es 
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a servico̧ do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcacõ̧es brasileiras , mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaco̧ aeŕeo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2o - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada , achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaco̧ aeŕeo correspondente , e estas em porto ou mar territorial do 
Brasil. 
 
8.1. Princípios dominantes : 
 
a) Princípio da territorialidade . Pelo princiṕio da territorialidade , aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puniv́eis 
praticados no território nacional , independentemente da nacionalidade do agente , da vit́ima ou do bem jurid́ico 
lesado. A lei brasileira adota essa diretriz como regra geral, com algumas excecõ̧es (art. 5°, caput, do CP): convenções, 
tratados e regras de direito internacional. 
b) Princípio real , de defesa ou de protecã̧o . Esse princiṕio permite a extensão da jurisdicã̧o penal do Estado titular 
do bem jurid́ic o lesado , para além dos seus limites territoriais , fundamentado na nacionalidade do bem jurid́ico 
lesado (art. 7°, I do CP), independentemente do local em que o crime foi praticado ou da nacionalidade do agente 
infrator. Protege-se assim, determinados bens jurid́icos que o Estado considera fundamentais. 
 
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c) Princípio da nacionalidade ou da personalidade . Por esse princiṕio , aplica-se a lei penal da nacionalidade do 
agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado. O Estado tem o direito de exigir que o seu nacional 
no estrangeiro tenha determinado comportamento. Apresenta-se sob duas formas: 1) personalidade ativa, onde se 
considera apenas a nacionalidade do autor do delito (art. 7°, II, b, do CP); 2) personalidade passiva, que considera 
somente a personalidade da vit́ima do delito (art. 7°, parágrafo 3°, do CP). Este princiṕio tem por objetivo impedir a 
impunidade de nacionais por crimes praticados em outros paiśes , que não sejam abrangidos pelo critério da 
territorialidade. 
d) Princípio da universalidade ou cosmopolita. Por este princiṕio , as leis penais devem ser aplicadas a todos os 
homens onde quer que se encontrem. É característico da cooperação penal internacional , porque permite a punicã̧o , 
por todos os Estados, de todos os crimes que forem objeto de tratados e de convencõ̧es internacionais . Aplica-se a 
lei nacional a todos os fatos puniv́eis , sem levar em consideracã̧o o lugar do delito , a nacionalidade do agente ou do 
bem jurid́ico lesado (art. 7°, II, a, do CP). A competência é firmada pelo critério da prevencã̧o. 
e) Princípio da representação ou da bandeira . Trata-se de princiṕio subsidiário , e, quando houver deficiência 
legislativa ou desinteresse de quem deveria reprimir, aplica-se a lei do Estado em que esta registrada a embarcacã̧o 
ou aeronave ou cuja bandeira ostenta aos delitos praticados em seu interior (art. 7°, II, c, do CP). 
 
Obs.: O Código Penal brasileiro adotou como regra o princiṕio da territorialidade e , como excecõ̧es os princiṕios : a) 
real ou de protecã̧o; b) universal ou cosmopolita; c) nacionalidade ativa; d) nacionalidade passiva; e) representação. 
 
8.2. Conceito de território nacional. 
 
O conceito de território nacional em sentido jurid́ico deve ser entendido como âmbito espacial su jeito ao poder 
soberano do Estado . Em sentido efetivo ou real compreende o espaco̧ terrestre , fluvial, marítimo e aéreo , onde o 
Brasil exerce soberania . Os limites do mar territorial são aqueles fixados pela lei no 8.617/93 – doze (12) milhas 
marítimas, a partir da baixa -maré. O espaco̧ aéreo compreende todo aquele sobrejacente ao território brasileiro , 
incluindo o mar territorial (art. 2o). 
 
8.2.1. Território Nacional por extensão : Embarcações e aeronaves: a) públicas: são as de guerra, a serviço militar, ou 
em missão oficial ; b) privadas: são aquelas de propriedade particular ou mercantes . As embarcacõ̧es e aeronaves 
públicas, onde quer que se encontrem , bem como as particulares , quando em alto mar ou no espaco̧ aéreo 
brasileiro, são considerados extensão do território nacional (§1o , art. 5o). 
 
Obs.: Aos crimes praticados a bordo de embarcacõ̧es e aeronaves estrangeiras somente se aplica a lei brasileira 
quando elas forem de propriedade particular e se acharem em porto ou mar territorial brasileiro (se embarcacõ̧es), 
ou em vôo no espaco̧ aéreo nacional ou aterrissadas em nosso território (se aeronaves). 
 
8.3. Lugar do crime 
 
Art. 6o - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a acã̧o ou omissão , no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Segundo disposto no artigo 6° do CP, acima mencionado, a lei penal pat́ria adotou, quando ao lugar do crime a teoria 
da ubiqüidade , segundo a qual o lugar do crime é tanto o da conduta quant o o do resultado ; o CPP, ao contrário , 
adotou como regra para a fixacã̧o da competência a que estabelece ser competente o foro (comarca) no qual o crime 
se consumou (art. 70) - teoria do resultado. 
 
9. EXTRATERRITORIALIDADE 
 
Art. 7o - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fe ́pública da União , do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista , autarquia ou fundacã̧o instituid́a 
pelo Poder Público; 
c) contra a administracã̧o pública, por quem está a seu servico̧;d) de genocid́io, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (Lei no 2.889/56); 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convencã̧o, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 
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b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcacõ̧es brasileiras , mercantes ou de propriedade privada , 
quando em território estrangeiro e ai ́não sejam julgados. 
§ 1o - Nos casos do inciso I , o agente e ́punido segundo a lei brasileira , ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2o - Nos casos do inciso II , a aplicacã̧o da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato puniv́el tambeḿ no paiś em que foi praticado; 
c) estar o crime incluid́o entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradicã̧o; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou , por outro motivo , não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3o - A lei brasileira aplica -se tambeḿ ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condicõ̧es previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisicã̧o do Ministro da Justica̧. 
 
Extraterritorialidade é a possibilidade de aplicacã̧o da lei penal brasileira a fatos criminosos ocorridos no exterior. As 
hipóteses são as seguintes: 
 
a) Extraterritorialidade incondicionada. Aplica-se a lei brasileira sem qualquer condicionante , na hipótese de crimes 
praticados fora do território nacional , ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro , com fundamento nos 
princípios de defesa e da universalidade , nas seguintes hipóteses : a) contra a vida ou liberdade do Presidente da 
República; b) contra o patrimônio ou fé pública da União , do Distrito Federal, de Estado, Território ou município , 
empresa pública , sociedade de economia mista , autarquia ou fundacã̧o instituid́a pelo poder público ; c) conta a 
administração pública , por quem esta a seu servico̧ ; de genocid́io , quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil; 
b) Extraterritorialidade condicionada. Aplica-se a lei brasileira quando satisfeitos certos requisitos , com base nos 
princípios da universalidade , da personalidade , da bandeira e da defesa , aos crimes : a) que, por tratado ou 
convenção, o Brasil obrigou -se a reprimir ; b) praticados por brasileiros ; praticados em aeronaves ou embarcacõ̧es 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada , quando em território estrangeiro e ai ́não sejam julgados ; 
praticados por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, desde que: 1) entre o agente no território nacional ; 2) seja 
o fato puniv́el tem no paiś em que foi praticado o delito ; 3) estar o crime incluid́o entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradicã̧o; 4) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou ter ai cumprido pena ; 5) não ter 
sido o agente perdoado no estrangeiro ou , por outro motivo , não estar extinta a punibilidade , segundo a lei mais 
favorável; 
 
Obs. 1: Além das condições acima , para a aplicacã̧o de lei penal brasileira a estrangeiro que tenha praticado crime 
contra brasileiro no exterior , é necessário que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição e que haja 
requisição do Ministro da Justiça (art. 7°, parágrafo 3°, do CP). 
 
Obs. 2: Por forca̧ da Emenda Constitucional 45/2004, compete aos Juiźes Federais processar e julgar as causas 
relativas aos direitos humanos. 
 
10. CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
10.1. Conceito. Fala-se em conflito ou concurso aparente de normas quando , para um mesmo fato, aparentemente, 
existem duas ou mais normas que poderão sobre ele incidir . Este conflito, porque aparente, deverá ser resolvido com 
a análise dos seguintes princiṕios: 
 
10.2. Princípio da especialidade . A norma especial afasta a aplicacã̧o da norma geral (lex specialis derrogat generali). 
Exemplo: homicídio/infanticídio. 
 
10.3. Princípio da subsidiariedade . A norma subsidiária é considerada , na expressão de Hungria , como um “soldado 
de reserva”. Há relação de primariedade e subsidiariedade entre normas quando elas descrevem graus de violação 
do mesmo bem jurid́ico , de forma que a infracã̧o definida pela subsidiária , de menor gravidade que a da principal , é 
absorvida por esta. Divide-se em: 
 
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a) Subsidiariedade expressa ou explićita : Quando a própria lei subordina sua aplicacã̧o quando não for o caso de 
aplicação de outra lei que prevê conduta mais grave (art. 132); 
b) Subsidiariedade implićita ou tácita : Quando uma figura típica funciona como elementar ou circunstância legal 
específica de outra , de maior gravidade punitiva , porém a lei não determina sua aplicação à não ocorrência da 
infração principal (arts. 163/155, §4o, I). 
 
10.3. Princípio da consuncã̧o. Ocorre quando um fato definido pela norma penal incriminadora é meio necessária ou 
normal fase de preparacã̧o ou execucã̧o de outro crime , ou quando constitui conduta anterior ou posterior do 
agente, cometida com a mesma finalidade prá tica relativa àquele crime . Assim, pode-se falar em consuncã̧o nas 
seguintes hipóteses: 
 
a) Quando um crime é meio necessário ou normal fase de preparacã̧o ou de execucã̧o de outro crime (crime tentado, 
em relacã̧o ao crime consumado, lesões corporais em relacã̧o ao crime de homicid́io) 
b) Nos casos de antefato e pós-fato impuniv́eis (Súmula 17 do Superior Tribunal de Justica̧: “Quando o falso se exaure 
no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”.) 
 
Outros exemplos deste princiṕio: 
 
 O crime de dano absorve o de perigo (crime progressivo). 
 O crime de “seqüestro” é absorvido pela “reducã̧o de alguém a situacã̧o análoga à de escravo” (crime 
progressivo). 
 “A” arromba uma casa desabitada; lá penetra e leva consigo móveis de alto valor; A responderá apenas por 
“furto qualificado” e não também pelo crime de “dano” nem o de “violacã̧o de domiciĺio” (crime 
progressivo). 
 O agente inicialmente quer apenas lesionar a vit́ima e , durante a execucã̧o do crime d e “lesões corporais” , 
altera o seu dolo e resolve matá -la, responderá apenas pelo “homicídio doloso” (progressão criminosa em 
sentido estrito). 
 Subtrair uma folha de cheque em branco para preenchê -lo e , com ele , cometer um “estelionato” 
(progressão criminosa - “antefactum” impuniv́el). 
 O sujeito subtrai uma bicicleta e depois a destrói ;; a prat́ica posterior de crime de “dano” fica absorvida 
pelo crime de “furto” (progressão criminosa - “postfactum” impuniv́el). 
 O crime de “latrocińio” que surge d a fusão dos crimes de “roubo” e “homicid́io” ;; o crime de “extorsão 
mediante seqüestro” , que aparece com a fusão dos crimes de “seqüestro” e “extorsão” ;; o crime de “lesão 
corporal seguida de morte” , conseqüência da junção dos crimes de “lesões corporais” e “homicid́io 
culposo” (crimes complexos). 
 
11.4. Princípio da alternatividade . Só há punição do agente , nos crimes de acã̧o múltipla , por uma das condutas ali 
previstas, mesmo que tenha praticado duas ou mais. 
 
11. DISPOSIÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
11.1. Crimes à distância . Se da quando a conduta do agente ocorre em um paiś e o resultado se deflagra em outro . 
Temos como exemplo o caso do agente que da Argentina encaminhauma carta bomba para o Brasil e aqui ocorre a 
explosão. É aplicável a lei brasileira porque o resultado ocorreu aqui. 
 
11.2. Tentativa nos crimes à distância . É possível a aplicação da lei brasileira nas hipóteses de crime à distância 
tentado, desde que a acã̧o ou omissão tenha se dado no te rritório nacional ou, se ocorrida no estrangeiro, devesse o 
resultado produzir-se aqui. 
1.1. Pena cumprida no estrangeiro. Segundo disposto no artigo 8°, do Código Penal, a pena cumprida no estrangeiro 
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
12.4. Eficácia de sentença estrangeira 
 
Art. 9o - A sentenca̧ estrangeira , quando a aplicacã̧o da lei brasileira produz na espećie as 
mesmas conseqüen̂cias, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparacã̧o do dano, a restituicõ̧es e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a 
medida de seguranca̧. 
Parágrafo único - A homologacã̧o depende: 
 
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a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos , da existen̂cia de tratado de extradicã̧o com o paiś de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisicã̧o do Ministro da Justica̧. 
 
12.4.1. Efeitos no Brasil. Independentemente de homologacã̧ o no Brasil , a sentenca̧ estrangeira pode aqui surtir 
efeitos para fins de reincidência , detração penal etc ., entretanto, para fins de obrigar o condenado a reparar o dano 
ou restituir a coisa , a sentenca̧ deve ser homologada no Brasil ; também é neces sária a homologação quando o 
sentenciado sujeitar -se à medida de seguranca̧ ; a homologacã̧o de sentenca̧ estrangeira é feita pelo Superior 
Tribunal de Justica̧ (art. 105, I, i, CF). 
 
13. CONTAGEM DE PRAZO 
 
Art. 10 - O dia do comeco̧ inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os 
anos pelo calendário comum. 
 
No Direito Penal o dia do comeco̧ inclui -se no cômputo do prazo , assim, se uma pena comeca̧ a ser cumprida às 
23:30h, os 30 minutos restantes serão contados como sendo o 1° dia; o prazo penal distingue- se do processual, pois, 
neste, exclui-se o 1° dia da contagem , assim, se o réu é intimado da sentenca̧ no dia 10.04, o prazo para recorrer 
começa a fluir apenas no dia 11.04 (se for dia útil ); os prazos penais são improrrog áveis, assim, se o prazo termina 
em um sábado, domingo ou feriado, estará ele encerrado , ao contrário, os prazos processuais prorrogam-se até o 1° 
dia útil subseqüente ; se o CP e o CPP tratarem da mesma matéria (ex.: decadência), conta-se pelo modo mais 
favorável ao réu, ou seja, incluindo o dia do comeco̧. 
 
14. LEGISLAÇÃO ESPECIAL 
 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se 
esta não dispuser de modo diverso. 
 
 
15. TEORIA DO DELITO 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existen̂cia do crime , somente e ́imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a acã̧o ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
Superveniência de causa independente 
§ 1o - A supervenien̂cia de causa re lativamente independente exclui a imputacã̧o quando , por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam- se a quem os praticou. 
Relevância da omissão 
§ 2o - A omissão e ́penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigacã̧o de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorren̂cia do resultado. 
 
15.1. Conceito de crime ou delito. 
 
a) Conceito formal de crime. Sob o aspecto formal, crime é toda conduta que atenta , colide frontalmente com a lei 
penal editada pelo Estado. É a simples contradição do fato com a norma. 
b) Conceito material de crime. Sob o ponto de vista material é toda conduta humana que viola os bens jurid́icos 
mais relevantes para o conviv́io social . É a analise voltada para a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado pelo Estado, 
com a análise da conduta e sua consequente danosidade social. 
c) Conceito analit́ico ou estratificado de delito . É o conceito que analisa as características ou elementos que 
compõem o delito. Sob o ponto de vista analit́ico a corrente doutrinária dominante , incluindo-se ai Hans Welzel, tem 
o crime como fato típico , ilícito e culpável , entretanto, alguns autores, à exemplo de Damásio retiram do conceito 
analítico de crime a culpabilidade e outros , como Basileu Garcia, além da culpabilidade, acrescentam ao conceito de 
delito a punibilidade. É certo que a culpabilidade , desde a escola clássica , jamais deixou de compor o delito , e por 
este motivo o conceito analit́ico de delito composto pelo fato típico , ilícito e culpável é o mais aceito na doutrina 
contemporânea. Desta forma, assim se apresenta o delito sob este prisma : O fato deve ser típico (conduta / 
resultado / nexo causal / tipicidade) e antijurid́ico (contrário ao direito); para a aplicacã̧o da pena é necessário que o 
 
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fato, além de típico e antijurídico , seja também culpável , ou seja , reprovável (culpabilidade - imputabilidade / 
exigibilidade de conduta diversa / potencial consciência da ilicitude). 
 
 
16. FATO TIṔICO 
 
Fato típico, ou ação típica, ou conduta típica, segundo uma visão finalista, é composto dos seguintes elementos: 
a) Conduta: É o comportamento humano (há divergência doutrinária ), voluntário e consciente (doloso ou culposo) 
dirigido a uma finalidade. 
b) Resultado: É a conseqüência da conduta humana , ou seja, aquilo produzido por uma conduta dolosa ou culposa 
do homem. 
c) Nexo causal ou nexo de causalidade: É a relação de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o 
resultado dela decorrente. 
d) Tipicidade (formal e conglobante) 
 
Preferimos a terminolia fato típico, uma vez que o fato típico é mas abrangente, visto que é formado, de tipicidade, 
nexo causal e resultado e não só pela contuta (ação ou omissão) e muito menos somente pela ação que nada mais é 
que uma das espécies de contuda. 
 
Obs.: Entre os elementos constitutivos do fato típico Damásio inclui a imputacã̧o objetiva. 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
16. 1. DA CONDUTA 
 
A conduta, sob o ponto de vista jurídico penal, é sinônimo de comportamemento humano, que pode ser positivo ou 
negativo, isto é, ação ou omissão. Neste sentido, deve ser concebida como um ato de vontade, um querer interno, 
sempre destinado a uma finalidade e sempre revestida de comportamento anímico, deve, portanto, sempre ser 
dolosa ou culposa. Caso contrário não terá qualquer relevância para o direito penal. 
 
a) Conceito causal de conduta (ação). Segundo a concepcã̧o causal , devemos analisar o conceito de acã̧o em dois 
momentos distintos. O primeiro, proposto pela teoria clássica, dentro do sistema causal naturalista criado por Liszt e 
Beling, que têm a ação como movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo exterior . O 
segundo, sob o prisma da teoria neoclássica , a acã̧o deixa de ser absolutamente natural para estar inspirada de um 
certo sentido normativo que permite a compreensão tanto da ação como da omissão , sendo definida como o 
comportamento humano voluntário manifestado no mundo exterior . 
b) Conceito final de conduta (ação). Com o finalismo de Welzel , a acã̧o passaa ser concebida como o exercićio de 
uma atividade final . É a ação , portanto, um comportamento humano (?) voluntário, dirigido a uma finalidade 
qualquer. Segundo este conceito, o homem, quando atua, seja fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a que 
estava obrigado, dirige sua conduta sempre a determinada finalidade, que pode ser ilićita (quando atua com dolo ) 
ou lićita (quando não quer cometer delito algum , mas que , por negligência , imprudência ou imperícia , causa um 
resultado lesivo, previsto pela lei penal). 
c) Conceito social de acã̧o . É toda atividade humana social e juridicamente relevante , segundo os padrões 
axiológicos de uma determinada época, dominada ou dominav́el pela vontade humana. 
 
ESPÉCIES DE CONTUDA 
 
16.1.2. Condutas dolosas e culposas 
 
a) Conduta dolosa. Fala-se em conduta dolosa quando o agente quer diretamente ou assume o risco na producã̧o do 
resultado. 
b) Conduta culposa. Quando o agente produz o resultado ilícito (pratica o crime , por exemplo ) por negligência , 
imprudência ou imperícia. 
 
Obs. 1: A regra para o nosso Código Penal é de que todo crime seja doloso , somente sendo punida a conduta culposa 
quando houver expressado previsão legal nesse sentido (art. 18, parágrafo único do CP). 
 
Obs. 2: Em razão da relevância do tema condutas dolosas e culposas serão analisadas mais detidamente à frente. 
 
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16.1.3. Condutas omissivas e comissivas: 
 
a) comissivas: aqui o agente desenvolve um comportamento positivo para a prática da atividade criminosa . Ele age. 
Falamos em conduta comissiva, por exemplo, quando no furto ele atua com a finalidade de subtrair os bens móveis 
pertencentes à vit́ima, ou no delito de homicídio, com a finalidade de ceifar-lhe a vida. 
b) omissivas: Nesta modalidade de conduta há uma omissão do agente , ou seja, uma abstenção. Ele nada faz . Sua 
conduta é negativa. Na verdade há uma abstencã̧o de um comportamento que é imposto pela lei ao agente. Exemplo 
clássico é o crime de omissão de socorro, previsto no artigo 135 do CP. 
 
HIPÓTESES DE AUSÊNCIA DE CONDUTA 
 
Para podermos falar em conduta penalmente relevante ela deverá estar revestida dos elementos consciência e 
vontade, de sorte que na ausências que qualquer destas características há que se falar em conduta. Da mesma 
forma não haverá conduta se ele atua sem dolo ou sem culpa. Assim podemos afirmar que atos involuntários ou 
inconscientes são penalmente irrelevantes. Hipóteses de ausência de conduta, portanto, ocorrem quando o sujeito 
atua impelido por força irresistível, por movimentos reflexos ou em estados de inconsciência. Assim, são hipóteses 
de ausência de conduta: 
 
a) EXCLUDENTES DE VOLUNTARIEDADE 
 
1) fortuito. É a forca̧ que se mostra imprevisiv́el . No caso fortuito existe uma conduta, mas ela não será atribuid́a ao 
agente por ausência de dolo ou culpa (Ex.: atropelamento de pedestre por automóvel , por defeito mecânico 
imprevisível); 
2) Força maior . É uma forca̧ que opera sobre o homem de tal proporcã̧o que o faz intervir como uma mera massa 
mecânica. Pode ocorrer por fatos da natureza (correnteza que leva o indivídio e faz com que ele lesione um terceiro) 
ou por intervenção de terceiro. Ex. A domina B, coloca um revolver em sua mão, pressiona o gatilho para que suas 
digitais permaneçam na arma e o incrimine. Pode advir ainda, do próprio indivíduo nos casos de movimentos 
reflexos. 
 
Obs. 1 enquanto a coação física irresistível exclui a própria conduta por ausência de voluntariedade, tornando o fato 
atípico, a coação moral irresistível exclui a culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. Nesta hipótese o 
agente pratica uma conduta voluntária, entretanto, a culpabilidade é excluída 
 
Obs. 2 Há entendimento doutrinário no sentido de que o fortuito não é excludente da conduta, mas sim da 
culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa, entretanto a corrente majoritária é no sentido de que o 
fortuito exclui a conduta. 
 
b) EXCLUDENTES DE CONSCIÊNCIA. 
 
A falta de consciência, de capacidade psíquica também faz desaparecer a conduta. A ausência de consciência não 
deve ser confundida com as hipóteses de consciência perturbada (pag. 93), pois neste caso existe a conduta (ex. 
crime praticado por doente metal - art. 26). Na consciência perturbada há conduta (ato de vontade), ao passo que a 
ausência de consciência (incosciência) não há vontade e, assim, desaparece a conduta típica. Sao hipóteses de 
ausência de consciência: sonambulismo, hipnose, desmaio, estado de coma, crise epileptica*, etc. 
 
Obs.: A crise epiléptica para parte da doutrina, não é excludente da conduta mas sim da culpabilidade, uma vez que 
a epilepsia é considerada doença mental. 
 
SUJEITOS DA CONDUTA 
 
a) Sujeito Ativo. É quem pratica o fato descrito como infração na norma penal incriminadora . Para ser considerado 
sujeito ativo de um crime é preciso executar total ou parcialmente a figura descritiva no verbo contido na norma . Em 
que pese a maioria dos crimes só poder ter como sujeito ativo a pessoa humana , a Lei n .o 9.605/98 acresceu a 
possibilidade da pessoa jurid́ica figurar como sujeito ativo do delito , desde que se trata de crimes praticados contra 
o meio ambiente. 
 
 
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b) Sujeito Passivo. É o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa. Assim, o sujeito passivo pode ser a 
pessoa humana (ex. crimes contra a pessoa); o Estado (ex. crimes contra a administracã̧o pública ); a coletividade (ex. 
crimes contra a saúde pública); e a pessoa jurid́ica (ex. nos crimes contra o patrimônio e contra a honra). Em todos os 
crimes o Estado sempre figura como sujeito passivo mediato ou formal, onde não for o sujeito passivo principal. 
 
16. 2. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
CONCEITO. É o elo necessário que une a conduta praticada pelo agente ao resultado por ela produzido . O Código 
Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non ), onde atribui relevância 
causal a todos os antecedentes do resultado, considerando que nenhum elemento, de que depende a sua producã̧o , 
pode ser excluid́o da linha de desdobramento causal . Causa é toda acã̧o ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido, como ocorreu (art. 13, caput, 2a parte) (Ex. morte por hemorragia provocada em hemofílico ; morte 
decorrente de broncopneumonia advinda de ferimentos provocados pelo agente). 
 
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES - CONTITIO SINE QUA NON 
 
Quando nos referimos a nexo causal, percebemos que o artigo 13 do Código Penal expressamente adota a teoria da 
equivalência das condições. Segundo esta teoria, qualquer condição que contribua para a produção do resultado 
ilícito deve ser considerado causa. Esta teoria é bastante ampla considerando como causa do resultado, por exemplo, 
a venda da arma de forma lícita para o autor do crime de homicídio, pois, segundo o procedimento hipotético de 
eliminação de Thyrén, "causa é todo antecedente que, suprimido mentalmente, impediria a produção do resultado", 
nas condições que ocorreu. No exemplo dado, a vítima não teria morrido com um tiro disparado pela arma vendida 
licitamente, caso a venda não tivesse sido concretizada. 
 
 
RELEVÂNCIA NA OMISSÃO 
 
Do ponto de vista da relevância jurídica a omissão apresenta-se sob duas formas: 
 
a) Omissão própria ou pura . É aquela que objetivamente está descrita no tipo penal como uma conduta negativa de 
não fazer o que a lei determina , consistindo a omissão na transgressão da norma jurid́ica enão sendo necessário 
qualquer resultado naturalístico; 
b) Omissão imprópria (crimes comissivos por omissão ). É aquela em que somente as pessoas referidas no parágrafo 
2° do art. 13 do CP podem praticar , uma vez que para elas existe um dever especial de protecã̧o . Aqui, é necessário 
que a omissão dê causa a produção de um resultado naturalístico para que o delito se consume . É o caso da mãe 
(detentora do dever legal de protecã̧o e vigilância ) que deixa de alimentar seu filho objetivando a sua morte, o que 
vem de fato a ocorrer. Responde por homicid́io doloso . Na omissão imprópria encontramos mais uma espécie de 
adequação típica de subordinação indireta, ante a necessidade de utilização da norma de extensão para o devido 
complemento do juízo de tipicidade. Deixando para analise posterior o tipo omissivo próprio, passemos a analise da 
figura da omissão imprópria e sua relevância penal. 
 
São pressupostos fundamentais para a existência do crime omissivo impróprio : 
 
a) Poder agir. Assim como nos crimes comissivos, nos crimes comissivos por omissão o agente , diante da situacã̧o 
concreta, deve ter poder físico de agir para impedir o resultado . Caso ele não tenha esta possibilidade o resultado 
não lhe pode ser atribuído , mesmo que presentes os requisitos do artigo 13, parágrafo 2°, do CP. É insuficiente, pois, 
o dever de agir. 
 
b) Evitabilidade do resultado. Além de poder e dever agir é necessário , para a caracterizacã̧o do crime omissivo 
impróprio, saber se mesmo tendo agido, o resultado ocorreria ou não. Se chegar-se à conclusão de que a atuação do 
agente não impediria a producã̧o do resultado , deve-se concluir que não foi ele quem deu causa ao resultado , não 
podendo o resultado lhe ser atribuid́o . 
 
c) Dever de impedir o resultado. Além de poder agir e que o resultado seja evitav́el, para a configuracã̧o do crime 
omissivo impróprio , é necessário que o agente tenha o dever especial de agir , nos termos previstos no artigo 13, 
parágrafo 2°, do CP. Nos seguintes termos: 
 
 
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1) Tenha por lei obrigacã̧o de cuidado , proteção ou vigilância - Dever de protecã̧o e assistência para com os filhos 
(obrigação resultante da lei civil - CC e ECA ) - ex.: pai que intencionalmente deixa de alimentar seu filho recém -
nascido, causando sua morte, responde por “homicid́io doloso”;; 
2) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado - Pode resultar de relacã̧o contratual , 
profissão ou quando , por qualquer outra forma , assumiu a pessoa a posicã̧o de garantidora de que o resultado não 
ocorreria; o dever jurid́ico não decorre da lei , mas de uma situacã̧o fat́ica ou contratual - ex.: salva-vidas que zela 
pela seguranca̧ dos banhistas de um clube; 
3) Com seu comportamento anterior , criou risco da ocorrência do resultado - ex.: aquele que, por brincadeira, joga 
uma pessoa na piscina e , posteriormente, percebe que esta não sabe nadar , tem o dever de salvá -la; se não o fizer , 
responde pelo crime. 
 
Importante ressaltar que o nexo de causalidade nos crimes omissivos, sejam eles próprios ou impróprios, não é 
natural uma vez que da omissão nada surge. O nexo causal aqui é presumido ou normativo. Há uma presunção de 
que o agente causa ao resultado por sua omissão. Na omissão, assim como na comissão (ação), a voluntariedade e 
consciência também são características exigidas para que a conduta seja penalmente válida. 
 
Nos crimes omissivos, sejam eles próprios ou impróprio o nexo causal não existe; não há ligação natural entre o 
comportamento omissivo do agente e o resultado produzido. Este nexo é presumido pela lei, por isso normativo. 
Assim, nos crime omissivos, o Código Penal não adotou a teoria da conditio sine qua non e sim uma teoria normativa. 
 
16.2.4. Crimes que ocorrem o nexo causal: 
 
a) Materiais. O tipo penal exige , para a sua caracterizacã̧o , a producã̧o de um resultado que cause a modificacã̧o no 
mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Exemplos: Homicídio (art. 121); furto (art. 155); e dano (art. 163); 
b) Omissivos impróprios . O artigo 13, parágrafo 2°, do CP exige a producã̧o de um resultado naturaliśtico para que o 
agente possa ser responsabilizado . Ex. o salva-vidas que , de forma negligente , permite que o banhista se afogue , 
comete o crime de homicid́io culposo (art. 121, parágrafo 3°, do CP); 
 
16.2.5. Crimes em que não ocorre o nexo causal: 
 
a) Formais. Delitos em que o legislador resolveu antecipar a sua consumacã̧o antes mesmo da ocorrência do 
resultado naturaliśtico , considerando-se este último , caso venha a acontecer, como mero exaurimento. Ex. extorsão 
mediante seqüestro. 
b) De mera conduta. Delitos em que o legislador não prevê a ocorrência de qualquer resultado naturaliśtico para a 
sua consumacã̧o. Ex. invasão de domicílio (art. 150 do CP); 
c) Omissivos puros ou próprios . Aqueles em que , para a sua caracterizacã̧o , basta a inacã̧o do agente , mesmo que 
em virtude disso não advenha qualquer resultado naturaliśtico . Ex. omissão de socorro (art. 135 do CP). 
 
CAUSAS QUE CONCORREM PARA O RESULTADO (CONCAUSAS) 
 
As causas , assim consideradas aquelas que interfiram na producã̧o do resultado , podem ser absoluta ou 
relativamente independentes. Das primeiras cuida o caput do artigo 13 do CP. O artigo 1°, deste mesmo dispositivo 
legal, cuida das causas supervenientes relativamente independentes, não tendo o código cuidado de forma expressa 
das causas preexistentes e concomitantes, relativamente independentes, que ficou a cargo da doutrina. Desta forma, 
assim classifica a doutrina pat́ria as concausas: 
 
ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
 
São as que têm origem totalmente diversa da conduta ; a causa provocativa do resultado não se originou na conduta 
do agente; em todas as hipóteses rompe -se o nexo causal , já que o resultado decorre dessa causa independente e 
não da conduta do agente. Elas podem ser: 
 
a) Preexistentes – Quando anteriores à conduta - ex.: “A” quer matar “B” e o esfaqueia ; acontece que , 
anteriormente, “C” já tinha envenenado “B” , que morre em razão do envenenamento ; “A” responde apenas por 
“tentativa de homicid́io” e “C” por “homicid́io consumado” . Pergunta-se, qual a causa da morte da vítima, o 
ferimento ou o veneno? se foi o veneno a não responde pelo resultado, uma vez que não o produziu, em que pense 
a intenção de produzi-lo. Está rompido o nexo causal e por isso ele só responde por tentativa. O mesmo ocorre com 
as demais concausas absolutamente independentes. 
 
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b) Concomitantes – Quando a concausa se verifica ao mesmo tempo em que a conduta do agente - ex.: uma pessoa 
está envenenando a vítima, quando entram bandidos no local e matam esta com disparos de arma de fogo ; o agente 
responde por “tentativa de homicid́io”. 
 
c) Supervenientes – Quando posteriores à conduta - ex.: após o envenenamento , cai um lustre na cabeca̧ da vit́ima , 
que morre por traumatismo craniano; o agente responde por “tentativa de homicid́io” . 
 
RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
 
Diz-se relativamente independente a causa que somente tem possibilidade de produzir o resultado se for conjugada 
com a conduta do agente. Existe uma relação de dependência entre a conduta do agente e a causa que também 
influencia na producã̧o do resultado. A ausência de qualquer delas, faz com que o resultado seja modificado. 
 
a) Preexistentes – quando anteriores à conduta ; o agente responde pelo crime, pois não se rompe o nexo causal - 
ex.: “A”

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