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Relatorio de pesquisa (Carolina Gomes) (1) (1)

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7 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A conjuntura atual prova que cada vez mais precoce é a iniciação dos 
jovens no mundo da criminalidade, demonstrando que os contrastes deste 
contexto se agravam a partir da violência estrutural e de expressões da 
questão social explicadas pelo conflito entre capital e trabalho. Conflito este 
que se explica a partir da teoria social de Marx, tendo como objeto a sociedade 
burguesa e como objetivo a sua ultrapassagem revolucionária segundo NETTO 
(1985) É uma teoria da sociedade burguesa através da ótica do proletariado, 
buscando dar conta da dinâmica constitutiva do ser social, assentada na 
dominância do capital. 
Desta forma, a cidade em que a pesquisa se desvelará é Osório, no 
estado do Rio Grande do Sul, situada a aproximadamente 100km de distância 
da capital Porto Alegre. Uma cidade com 43.586 habitantes segundo dados do 
censo do IBGE no ano de 2010. 
De acordo com o mapa social do site do Ministério Público-RS, foi 
possível encontrar dados que caracterizam a cidade e podem ser 
determinantes no que se pretende alcançar com esta pesquisa. Sabe-se que 
menos da metade (42%) da população conseguiu concluir o ensino 
fundamental e no ano de 2015 houve 1315 registros de ocorrência, sendo sua 
maioria por furtos (quando o indivíduo é roubado sem que haja contato entre 
ele e o criminoso) e roubos (quando o indivíduo é colocado em situação de 
ameaça ou violência). 
Diante desse quadro de dados o que se pretende buscar são as 
especificidades destes quanto aos adolescentes em especial aqueles que se 
encontram em conflito com a lei dando atenção à aplicabilidade e cumprimento 
das medidas socioeducativas, suas dificuldades, conquistas e avanços no 
último ano. 
A obtenção de dados, conteúdos e vivências dar-se-á na ONG 
CATAVENTO que por meio de parcerias, foi se estruturando, e no ano de 2006 
(dois mil e seis) firmou-se um convênio entre a ONG e o Poder Judiciário do 
Rio Grande do Sul através do Juizado Regional da Infância e Juventude. 
Através do Programa Recriar, atua como vetor na garantia de direitos 
8 
 
 
 
fundamentais da criança e do adolescente, oferecendo acompanhamento 
terapêutico e social àqueles em situação de vulnerabilidade social, sendo este 
programa modelo para o atendimento das medidas socioeducativas. 
Identificar os fatores determinantes que induzem os jovens a cometer 
crimes, a influência escolar, familiar e da própria ONG no processo de 
cumprimento das medidas socioeducativas é fundamental no entendimento da 
historicidade dos fatos que: Segundo PRATES, 2003 é o reconhecimento da 
processualidade, do movimento e transformação do homem. 
Esta pesquisa é desafiadora e poderá ser usada como um meio de 
informação para a equipe da ONG Catavento que age na transformação social 
da vida dos jovens que cumprem medidas socioeducativas e almejam a sua 
transfiguração pessoal. 
 
2. PROBLEMA 
Tendo em vista o grande interesse pelo tema, algumas problemáticas 
são desenvolvidas a partir do aprofundamento do mesmo. Na tentativa de 
realizar um projeto de pesquisa que possa acrescentar conhecimentos e 
informações para o município e para construir o saber profissional, tem-se 
como problema: 
De que modo a ONG CATAVENTO atua na aplicação de medidas 
socioeducativas e na afirmação da garantia de direitos dos adolescentes em 
conflito com a lei na cidade de Osório? 
 
 
3. OBJETIVOS 
3.1. Objetivo Geral 
 
Analisar o trabalho desenvolvido pela ONG CATAVENTO na garantia os 
direitos dos adolescentes em conflito com a lei. 
 
 
9 
 
 
 
 
3.2. Objetivos Específicos 
 
 Identificar as ações realizadas pela ONG Catavento na rede de proteção 
ao adolescente; 
 Conhecer programas da ONG Catavento vinculados à aplicação de 
medidas socioeducativas; 
 Analisar a realidade atual e traçar um perfil dos adolescentes em conflito 
com a lei no município de Osório-RS dando ênfase ao trabalho realizado 
pela ONG Catavento. 
 
 
4. REFERENCIAL TEÓRICO 
4.1. Legislação como mecanismo de proteção 
 
As leis existentes válidas no território nacional são de extrema 
necessidade para assegurar direitos inerentes às pessoas, é sabido que leis 
como a Constituição Federal e o Código Civil por exemplo são de extrema 
importância para a sociedade, no entanto para balizar este projeto de pesquisa 
entende-se como principais leis de garantias, cumprimentos de direitos e 
deveres dos adolescentes em conflito com a lei as leis: Lei nº 8.069 de 13 de 
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Lei nº 12.594 de 
18 de janeiro de 2012 - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo 
(SINASE) 
 
 
4.1.1 Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA) 
 
No Brasil até a criação do Estatuto da criança e do adolescente, existia 
uma divisão entre crianças e adolescentes socialmente incluídos e filhos de 
pobres e excluídos, denominados de maneira genérica “menores”. A 
nomenclatura é importante na compreensão do tema, para evitar termos em 
10 
 
 
 
desuso e pejorativos referentes ao adolescente em conflito com a lei, buscando 
maiores esclarecimentos e informações sobre esse segmento da população. 
Segundo a Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI o termo 
“Menor” possui sentido vago utilizado para definir a pessoa com menos de 18 
anos. Desde que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi 
promulgado, é considerado inapropriado para designar crianças e adolescentes 
pois entende-se que tem sentido pejorativo. 
Esse termo afirma de forma subjetiva discriminações e é de uma postura 
excludente no tocante ao reconhecimento social. 
A legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente é o Código 
de Menores, vinha de uma doutrina em que o modo de lidar com os 
adolescentes era assistencial e de segregação vendo-os como objetos 
tutelados pelo Estado através de alguma autoridade judicial. 
O código de menores foi criado em 1927, ano em que o Brasil passava 
por um processo de urbanização, principalmente no Rio de Janeiro, recebendo 
forte influência da França, entendia-se que os “menores” (como eram 
chamados) em situação de rua ou vulnerabilidade precisavam ser recolhidos, 
pois sua existência não era esteticamente adequada à cidade, porque retratava 
a miséria e pobreza. No final da década de 1970 este código foi alterado, 
porém não havia nele mudanças significativas, determinando crianças e 
adolescentes desprotegidos como ameaça à ordem social, tratando-os de 
maneira repressiva. Todos os jovens que estavam em situação de abandono, 
carência, apresentando conduta antissocial, deficiência e perambulantes 
podiam ser enviados por tais motivos às instituições de recolhimento como 
FEBEM, FUNABEM E FEEM. 
 
O código de menores traduzia em lei uma doutrina que concebia a 
sociedade sob uma perspectiva funcionalista, em que cada indivíduo 
ou instituição tem seu papel a desempenhar para assegurar o 
funcionalismo harmônico da sociedade.[...] A existência de crianças 
desnutridas, abandonadas, maltratadas, vítimas de abuso, autoras de 
atos infracionais e outras violações eram atribuída à sua própria 
índole, enquadrando-se todas numa mesma categoria ambígua e 
vaga denominada situação irregular (VOLPI, 2001). 
 
11 
 
 
 
No entanto a repressão e o confinamento começaram a incomodar 
segmentos da sociedade não alienados, e iniciou-se uma pressão sobre o 
governo para que essas instituições fossem extintas e exigiu-se que houvesse 
a promoção dos direitos humanos, sociais e constituintes de crianças e 
adolescentes. 
 
O papel desempenhadopelos movimentos sociais organizados no 
Brasil, a partir de meados da década de 1970, foi essencial no 
sentido da luta pela redemocratização do país, que vivia os efeitos do 
Regime autocrático-burguês instalado a partir de 1964. Um dos 
setores da sociedade que emergiu naquele contexto, se fazendo ouvir 
por intermédio de contundentes denúncias e de um sem número de 
propostas, foi o da militância em prol de crianças e adolescentes. 
Reivindicava, principalmente, o status de sujeitos de direitos e, 
consequentemente, mudanças na concepção do atendimento a eles 
dirigido. (FRANCISCHINI, p 267, 2005) 
 
Criou-se então a lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente- 
ECA, que veio para tratar questões da infância de modo diferenciado, indo 
muito além da troca de termos como “menor” por criança e adolescente, 
tratando-os como cidadãos, garantindo-lhes a proteção integral a partir de 
direitos, deveres, atribuindo responsabilidade da família, Estado e sociedade 
na promoção de tais direitos. 
 
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito, e à 
dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento 
e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais, garantidos na 
Constituição e nas leis. (Estatuto da criança e do adolescente-art. 15). 
 
Tendo como prioridade a preservação dos direitos de crianças e 
adolescentes os termos mais apropriados para se referir àqueles que cometem 
atos infracionais são segundo a ANDI Adolescente em conflito com a lei ou 
adolescente autor de ato infracional, ao invés de menor infrator, menor preso, 
delinquente juvenil, trombadinha, pivete, marginal etc. Seguindo esta mesma 
linha é preferível usar termos como: “adolescente que cumpre medida 
12 
 
 
 
socioeducativa”, “adolescente responsabilizado” ou “adolescente internado” no 
lugar de “punido” ou “preso”. 
O Estatuto regulou a política de atendimento à infância e juventude, a 
partir da articulação com a União, Estados, Municípios e organizações da 
sociedade civil, determinando alta prioridade às crianças e adolescentes, 
envolvendo políticas públicas direcionadas à prevenção, assistência e 
tratamento médico/psicológico. 
Segundo Craidy, Lazzarotto, Oliveira (2012) Esse estatuto é pioneiro no 
reconhecimento de direitos da criança e adolescente, mudanças foram 
realizadas para mudar paradigmas a fim de superar o período de modelo 
tutelar que já vigorou no país. 
 
 
4.1.2. Lei nº 12.594 de 18 de janeiro de 2012 - Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo (SINASE) 
 
Essa lei publicada no ano de 2012 vem para superar as velhas 
concepções autoritárias de defesa social, e passa a assumir a emancipação 
humana a partir da promoção de alternativas educativas e sociais como 
alternativa de superação à violência. 
Essa lei publicada no ano de 2012, vem para assumir a emancipação 
humana a partir de alternativas educativas sociais, como alternativa à 
superação da violência. Regulamenta a forma como o poder público através de 
seus órgãos e agentes prestará o atendimento especializado que os 
adolescentes em conflito com a lei têm direito. 
 
O objetivo do SINASE, enfim, é a efetiva implementação de uma 
política pública especificamente destinada ao atendimento de 
adolescentes autores de ato infracional e suas respectivas famílias, 
de cunho eminentemente Inter setorial, que ofereça alternativas de 
abordagem e atendimento junto aos mais diversos órgãos e 
"equipamentos" públicos. (DIGIÁCOMO, p 18 2016). 
 
13 
 
 
 
Neste contexto, a intervenção profissional do assistente social, no que 
tange à política de atendimento socioeducativo e à efetivação de um 
atendimento integral aos adolescentes em conflito com a lei, é desafiada a 
contribuir para a defesa e garantia de direitos humanos dos adolescentes e a 
materialização das políticas públicas e sociais destinadas a estes sujeitos. 
O SINASE regulamenta a execução das medidas destinadas ao 
adolescente que pratique ato infracional e entende-se por medidas 
socioeducativas as previstas a partir do art. 115 ao 121 da Lei nº 8069 de 13 de 
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) sendo elas: 
Advertência (art. 115): uma repreensão verbal judicial, com o objetivo de 
sensibilizar e esclarecer o adolescente sobre seus atos. 
Obrigação de reparar o dano (art. 116):Se tratando de ato infracional 
com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar se for o caso, que o 
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano ou de alguma 
forma que compense o prejuízo da vítima. 
Prestação de serviços à comunidade (art. 117): realização de tarefas 
gratuitas e de interesse comunitário por parte do adolescente em conflito com a 
lei, durante período máximo de seis meses e oito horas semanais. 
Liberdade assistida (arts. 118 e 119):acompanhamento, auxílio e 
orientação do adolescente em conflito com a lei por equipes multidisciplinares, 
por período mínimo de seis meses, objetivando oferecer atendimento nas 
diversas áreas de políticas públicas, como saúde, educação, cultura, esporte, 
lazer e profissionalização, com vistas à sua promoção social e de sua família, 
bem como inserção no mercado de trabalho. 
Semiliberdade (art. 120): vinculação do adolescente a unidades 
especializadas, com restrição da sua liberdade, possibilitada a realização de 
atividades externas, sendo obrigatórias a escolarização e a profissionalização. 
O jovem poderá permanecer com a família aos finais de semana, desde que 
autorizado pela coordenação da Unidade de Semiliberdade. . 
Internação (arts. 121 a 125):medida socioeducativa privativa da 
liberdade, adotada pela autoridade judiciária quando o ato infracional praticado 
pelo adolescente se enquadrar nas situações previstas no art. 122. A 
internação pode ocorrer em caráter provisórioouestrito. 
14 
 
 
 
Reconhecer que as medidas socioeducativas constituem um território 
compartilhado de saberes e fazeres, onde se encontram e se estranham 
juristas, pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, entre outros profissionais, 
e reconhecer esse território como um plano de aproximação e 
responsabilização do adolescente, dando prioridade à qualidade da atenção ao 
adolescente através de políticas sociais, proteção e garantia dos direitos 
humanos funciona como um escape da doutrina punitiva e assistencialista 
ainda existente na contemporaneidade 
As leis vêm para regulamentar e garantir direitos dos jovens, no entanto 
aquilo que o jovem manifesta, o que pensa e quais as suas percepções sobre 
sua situação devem ser levados em conta no período de acompanhamento. 
Visto que os crimes por diversas vezes são cometidos em legítima defesa ou 
em resposta a condições em que se encontram, como violência, fome, 
exploração etc. 
Volpi (2001) diz que em vez de corrigir a conduta dos infratores, ou 
propor-lhes um novo projeto de vida, deveríamos corrigir o meio social e exigir 
a reparação dos direitos violados antes de submetê-los a qualquer tipo de 
sanção ou pena. 
 
 
4.2. A Questão Social 
 
 A questão social surge a partir do conflito entre capital e trabalho, onde 
uma pequena parcela da sociedade detém muito capital e o restante se 
subdivide em classes mazeladas por tal conflito gerador de expressões da 
questão social. Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a 
contradição fundamental do modo capitalista de produção, relacionada à 
produção de riqueza gerada pelos trabalhadores e apropriada pelos 
capitalistas. 
Neste cenário, os assistentes sociais vêm para intervir nas relações 
sociais do cotidiano, almejando assim, uma capacidade de mobilização da 
populaçãoem exigir seus direitos civis, sociais e políticos diante do governo, 
15 
 
 
 
consolidando a garantia de cidadania para a população em situação de 
vulnerabilidade social. Segundo Iamamoto a Questão Social.... 
[…] “diz respeito ao conjunto de expressões das desigualdades 
sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis 
sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo 
da produção, contraposto a apropriação privada da própria atividade 
humana – o trabalho-, das condições necessárias a sua realização, 
assim como de sus frutos”. (IAMAMOTO, 2001) 
Neste trabalho, têm-se os atos infracionais cometidos por jovens como 
uma expressão da questão social, principalmente porque, há uma injusta 
distribuição de renda, da miséria e da falência das políticas sociais básicas 
resultantes de todo processo capitalista. 
Os adolescentes em conflito com a lei são sujeitos que vivenciam de 
uma forma particular e universal as expressões da questão social. 
Compreender as dimensões de suas vidas na ótica da questão social é não 
fragmentar a sua existência social. Porque “[...] as situações singulares 
vivenciadas pelos indivíduos são portadoras de dimensões universais e 
particulares das expressões da questão social, condensadas na história de vida 
de cada um deles” (IAMAMOTO, 2004, p. 272). 
Os adolescentes em conflito com a lei não são todos pertencentes à 
classe social mais empobrecida. Há adolescentes das classes média e alta que 
se envolvem em práticas ilícitas, no entanto, o que se verifica é que os 
adolescentes que estão cumprindo medidas sócioeducativas, sobretudo de 
internação, em sua maioria vivenciam realidades nas quais se presenciam o 
corte de desigualdade social, de exclusão, de privação de bens e de consumo, 
de oportunidades de estudo e profissionalização. Vivenciam uma pobreza real, 
concreta, uma segregação da escola, da comunidade, da sociedade, e por 
vezes, da família. 
 É indiscutível a necessidade da intervenção do Serviço Social no âmbito 
das desigualdades sociais. Considerando a concepção da Questão Social e 
desta forma adquirindo-se sua singularidade que demonstra as especificidades 
da profissão, ao longo dos anos. 
 
 
16 
 
 
 
4.3. Intervenção do Assistente Social 
 
Os desafios do profissional assistente social na implementação dos 
princípios e diretrizes previstos no SINASE, alinham-se e delineiam-se aos 
princípios estabelecidos no Código de Ética do Serviço Social, uma vez que 
afirmando a defesa dos direitos humanos, a liberdade, a emancipação e 
autonomia dos sujeitos, a ampliação e consolidação da cidadania, a eliminação 
de todas as formas de preconceito, além da equidade e justiça social, 
compromete-se com a transformação da realidade social, considerando a 
produção e reprodução da vida social, a totalidade social (CFESS, 2005). 
Sendo assim, o profissional deve manter seu olhar atento e em atividade, 
ou seja em movimento dialético, preservando sua inquietude e problematizando 
as questões que envolvem este processo contraditório gerado pela realidade 
social, na tentativa de romper com as práticas sociais e históricas de repressão 
e punição no atendimento desses usuários. Podendo por meio de sua ação 
profissional promover o empoderamento destes adolescentes, desenvolvendo 
a resistência e o embate com o sistema de forças dominadoras da sociedade 
que visam a exclusão e culpabilização. 
O assistente social intervém junto às famílias e aos adolescentes em 
cumprimento de medida sócio-educativa, na busca pela restituição do convívio 
familiar saudável buscando sempre sua ressocialização. A partir deste trabalho 
os adolescentes e a família podem trilhar um caminho diferente e o papel do 
assistente social corrobora para esta direção. 
Neste sentido, relatam-se aqui algumas competências funcionais do 
assistente social nos centros de socioeducação segundo o Caderno do 
IASP/2006 (Instituto de Ação Social do Paraná): 
Organizar a recepção e acolhida dos adolescentes na unidade; Elaborar 
os estudos de caso e relatórios técnicos dos adolescentes; Realizar 
atendimentos individuais e de grupo com os adolescentes; Prestar atendimento 
às famílias dos adolescentes, colhendo informações, orientando e propondo 
formas de manejo das situações sociais; Manter contatos com entidades, 
órgãos governamentais e não-governamentais para obter informações sobre a 
vida pregressa dos adolescentes; Realizar a inclusão dos adolescentes em 
programas da comunidade, escola, trabalho, profissionalização, programas 
17 
 
 
 
sociais, atividades esportivas e recreativas; Coordenar e orientar a visitação 
dos familiares aos adolescentes. 
Tais atividades são válidas por todo território nacional, sendo importantes 
no sentido de orientar profissionais na busca da garantia de direitos desta 
população. 
 
 
5. METODOLOGIA 
5.1. Tipo de pesquisa 
Gil (2010) diz que a tendência à classificação é uma característica da 
racionalidade humana, ela possibilita a organização dos fatos e 
consequentemente seu entendimento, então classificar as pesquisas torna-se 
uma atividade importante. 
Esta pesquisa será realizada a partir da pesquisa documental, sendo 
este tipo usado em praticamente todas as áreas das ciências sociais. Utilizando 
dados e documentos que já existem, produzidos pela ONG Catavento já citada, 
nos quais serão feitas as análises necessárias a partir da análise qualitativa. 
A pesquisa qualitativa leva em conta aspectos da realidade que não 
podem ser quantificados, tendo sua perspectiva central voltada à compreensão 
e explicação da dinâmica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa 
qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, 
crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das 
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à 
operacionalização de variáveis. 
 
5.2. Amostra 
Foram realizadas visitas periódicas para aproximação com os 
profissionais da ONG Catavento e seus usuários, para compreender toda 
realidade que faz parte do contexto dos adolescentes em conflito com a lei. 
18 
 
 
 
A análise de documentos foi elaborada a partir dos prontuários com 
prévia autorização do local (ONG Catavento). O material de análise se 
constituiu nos 20 prontuários mais completos dos anos de 2016 e 2017, em 
relação ao instrumento de coleta de dados. 
 
5.3. Cuidados Éticos 
 
A entidade foi informada de todos os procedimentos éticos tomados pela 
pesquisadora, conforme resguardo das informações contidas no Apêndice B. 
A coleta e análise de dados foi completamente sigilosa, respeitando os 
dados dos adolescentes e da ONG Catavento, sendo estes dados usados para 
fins de estudo, da mesma forma se dará a divulgação destes. 
 
5.4. Detalhamento Da Pesquisa 
 
A pesquisa se deu na ONG CATAVENTO (Associação Comunitária de 
Ação Social, Cultural e Ambiental Catavento) como citado acima, situada no 
endereço: Rua João Sarmento, número 1030, na cidade de Osório-RS. Possui 
como universo 20 casos de adolescentes que cumprem medidas 
socioeducativas em meio aberto e fechado. 
A coleta de dados foi realizada no mês de maio, por meio de visitas no 
campo pesquisado sempre orientadas pela Psicóloga Técnica da ONG 
Catavento, a coleta de dados se deu a partir do instrumento previamente 
elaborado, presente no "apêndice A" desta pesquisa. 
A análise dos dados e produção dos achados foi realizada 
posteriormente à coleta de dados, buscou-se a partir da análise novas 
bibliografias que referenciassem as descobertas que surgiram durante o 
processo de pesquisa.Inicialmente os achados se mostravam um tanto 
disfarçados, entretanto, após leituras e orientações acadêmicas foi possível 
desvelar diversos dados tanto quantitativos como qualitativos. 
Para a elaboração deste relatório foi necessário aprofundar os 
conhecimentos referentes ao tema de pesquisa, além de apreender 
conhecimentos referentes às normas técnicas de elaboração de pesquisa, 
formatação de texto, entre outros. 
19 
 
 
 
 
5.5. Análise de conteúdo 
 
Um método muito utilizado na análise de dados qualitativos é o de 
análise de conteúdo, compreendida como um conjunto de técnicas de pesquisa 
cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento. 
Com base em Minayo (1992),pode-se apontar três finalidades para essa 
etapa: compreender os dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da 
pesquisa e/ou responder às questões formuladas, e ampliar o conhecimento 
sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural da qual faz 
parte. 
Além de referenciar a análise de dados através da autora citada acima, 
serão utilizados também os métodos de Bardin que define análise de dados 
como: 
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando 
a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de 
descrição do conteúdo das mensagens, indicadores 
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de 
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção 
(variáveis inferidas) destas mensagens (Bardin, 2011, p. 47). 
 
Bardin (2011) indica que a utilização da análise de conteúdo prevê três 
fases fundamentais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos 
resultados e interpretação dos resultados. É importante que os resultados da 
análise de conteúdo devam refletir os objetivos da pesquisa e ter como apoio 
indícios manifestos no conteúdo das comunicações. 
 
 
5.7. Categorias 
 
Neste percurso entre os objetivos do trabalho, teorias e intuições da 
pesquisadora, emergiram as unidades de análise que foram categorizadas. O 
processo de categorização pode ser definido como uma operação de 
classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, 
seguidamente, por reagrupamento. 
20 
 
 
 
Desta forma, pode-se caracterizar as categorias como grandes 
enunciados que abarcam um número variável de temas, segundo seu grau de 
intimidade ou proximidade, e que possam através de sua análise, exprimir 
significados e elaborações importantes que atendam aos objetivos de estudo e 
criem novos conhecimentos, proporcionando uma visão diferenciada sobre os 
temas propostos. 
A pesquisa está embasada no método dialético crítico. Parte, assim, de 
um fato concreto, considerando o mesmo dentro de uma totalidade em 
constante movimento dadas as contradições que necessitam ser desvendadas 
para que se possa contribuir para uma ação prática em tal situação. 
Segue abaixo o quadro das categorias que emergiram após os estudos 
desta pesquisa: 
 
CATEGORIAS 
INICIAIS 
CATEGORIAS 
INTERMEDIÁRIAS 
CATEGORIAS FINAIS 
MEDIDAS 
SOCIOEDUCATIVAS 
P.1: “O adolescente fala 
que após cumprir 
medida tem pleno saber 
de suas 
responsabilidades” 
síntese informativa 
sobre o adolescente 
P.4: “É um tempo 
dentro do sistema” (sic) 
P.5: “Ser observados 
pela lei do juiz” (sic) 
P.10: “A medida vai me 
ajudar a não fazer 
coisas ruins que eu 
faço” (sic) 
P.18: “Demonstrou 
desconhecimento sobre 
a medida.” síntese 
Responsabilização do 
adolescente 
 
A partir dos relatos 
registrados nos prontuários 
pôde-se perceber o 
impacto do ato infracional 
que cometeram e da 
medida que estavam 
cumprindo. Mudanças 
importantes são 
observadas na vida dos 
adolescentes após o 
cometimento dos atos 
infracionais e o início do 
cumprimento da medida 
socioeducativa. A ONG 
Catavento enquanto 
instituição de cumprimento 
21 
 
 
 
informativa do 
adolescente. 
P.15: “Abre novas 
portas né?! Antes eu 
não tinha 
responsabilidade com 
nada” (sic) 
de medida socioeducativa 
tem um papel essencial 
para que os adolescentes 
adquiram e retornem as 
responsabilidades da vida. 
Costa e Assis (2006) 
apontam o fortalecimento 
de vínculos como um fato 
de proteção importante a 
ser estimulado durante o 
processo de cumprimento 
de medida socioeducativa. 
A partir desses vínculos o 
adolescente tem prazer em 
frequentar o 
estabelecimento onde 
cumpre a medida e 
consequentemente 
consegue aproveitar 
positivamente o tempo que 
permanece na instituição 
USO DE DROGAS P.4: “Os adolescentes 
em sua maioria não 
usam crack nem 
cocaína” síntese 
informativa do 
adolescente. 
P.7: “Não considera 
maconha como droga, 
busca por tranquilidade” 
síntese informativa do 
adolescente. 
P.15: “O jovem afirma 
Alívio de tensões 
 
O uso de maconha pode 
ter sido motivado pelo fato 
desta ser a droga ilícita 
que causa “alívio” 
imediato, proporcionando 
ao adolescente uma pausa 
em seus problemas e 
tensionamentos familiares 
afetivos. 
Os adolescentes 
estabelecem relação entre 
22 
 
 
 
que busca nas drogas 
alívio para suas 
tensões” Síntese 
informativa do 
adolescente 
P.16: “Relata que é 
usuário de drogas 
(maconha)” Síntese 
informativa do 
adolescente 
P.17: “Eu gostava de 
ficar na rua, gostava de 
ficar bagunçando, 
incomodando, às vezes 
usava drogas 
“maconha” (sic) 
o uso de drogas e o ato 
infracional, tendo em vista 
que muitos cumprem 
medidas socioeducativas 
por uso, porte ou tráfico de 
substâncias ilícitas. 
Pereira (2008) diz que a 
droga possui o que 
chamam de fase de 
encantamento, que atrai o 
usuário tanto pelo prazer 
que o uso provoca, como 
por facilitar suas relações 
em novos grupos sociais. 
Em um segundo momento, 
a droga revela suas 
consequências negativas, 
quando o adolescente 
passa do uso ocasional ao 
uso mais frequente, 
modificando assim sua 
relação com o 
entorpecente. 
ACOMPANHAMENTO 
PSICOSSOCIAL 
P.1: “A articulação em 
rede e visitas 
domiciliares 
proporcionam vínculo e 
comprometimento dos 
familiares” Síntese 
informativa do 
adolescente 
P.4: “Nosso 
acompanhamento tem 
Ressignificação de vida 
O acompanhamento 
possibilita uma 
ressignificação dos moldes 
de socialização, de modo 
que sejam apresentadas 
outras condições de vida 
que primem pela 
consideração da 
integridade da vida e da 
23 
 
 
 
como desafios: 
estimular a sua 
permanência na escola” 
Síntese informativa do 
adolescente 
P.10: “A gente entra na 
linha” (sic) 
P.12: “O trabalho é 
necessário, é difícil, 
mas tem que encarar.” 
(sic) 
P.16: “pensar melhor 
nos erros que eu fiz.” 
(sic) 
P.19: “eu acho que eu 
vou ter um bom futuro” 
(sic) 
preservação do patrimônio. 
Tomar as representações 
sociais como via analítica, 
requer adentrar no 
contexto social no qual 
foram gestadas, porquanto 
é na tessitura das relações 
e das trocas sociais, 
mediadas por instituições 
políticas e sociais, que 
vem se constituindo o 
pensamento social sobre a 
criança e o adolescente. 
(PINHEIRO, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
35%
5%
60%
10%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Negros/as Pretos/as Brancos/as
Meninos Meninas
6. ANÁLISE DE DADOS 
6.1. Sistematização de dados 
 
A partir de um questionáriorespondido através da análise dos prontuários 
na ONG Catavento foram obtidos dados que agora se apresentam de forma 
interligada nos gráficos apresentados e descritos abaixo: 
 
Gráfico 1: Relação entre etnia e gênero 
Fonte: Elaborado pela autora 
Conforme aponta o gráfico, 60% dos adolescentes meninos são 
autodeclarados brancos, 35% negros e 5% pretos. Observa-se que apenas 
10% são meninas e brancas. A partir da análise deste gráfico percebe-se a 
predominância do gênero masculino autodeclarado branco em cumprimento de 
medidas socioeducativas, confrontando com dados de pesquisas de nível 
nacional que apontam adolescentes negros como maioria dos jovens que 
cometem crimes. Isso se justifica pela população da cidade de Osório ser 
predominantemente branca (82,12%), segundo estimativas do IBGE a partir do 
censo de 2010. 
 
25 
 
 
 
25%
5%
15%
5% 5%
10%
25%
5% 5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Fundamental Incompleto Médio incompleto Matriculado mas não
frequenta
Não matriculado na
escola
14 a 15 anos 16 a 17 anos 18 anos
Gráfico 2: Idade e escolaridade 
Fonte: Elaborado pela autora 
Esse gráfico traz dados bastante importantes a respeito da idade e 
escolaridade dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, 
observando que dos adolescentes na faixa etária de 14 a 15 anos 25% estão 
com o ensino fundamental em curso, 5% cursam o ensino médio e 15% estão 
matriculados, mas não frequentam a escola. Dos adolescentes na faixa etária 
de 16 a 17 anos 5% cursam o ensino fundamental, 5% estão no ensino médio, 
10% estão matriculados mas não frequentam a escola e 25% não estão 
matriculados na escola. Dos jovens com idade de 18 anos, 5% estão no ensino 
médio e 5% estão matriculados mas não frequentam a escola. 
A partir destes dados, observa-se que os jovens de 16 a 17 anos que 
não estão matriculados na escola ou estão matriculados, mas não frequentam 
a escola somam 35% dos adolescentes, isso pode ser explicado pela distorção 
entre série e idade, onde as dificuldades escolares aumentam e os jovens não 
conseguem acompanhar as aulas devido às dificuldades encontradas ao longo 
de suas vidas, ocasionando o que se identifica como evasão escolar. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
Gráfico 3: Tempo de cumprimento e medida socioeducativa 
Fonte: Elaborado pela autora 
 Neste gráfico é possível observar que a medida socioeducativa de 
advertência não é frequente, apresentando 7% como dado, em seguida, com 
também 7% apresenta-se a medida de liberdade assistida aplicada de 4 a 6 
meses. A medida socioeducativa de obrigação de reparar danos, é dada como 
7% no período de 1 a 3 meses e 4% no período de 4 a 6 meses. A internação 
tem dados diferentes em determinados períodos como: de 6 meses a 1 ano 
11%, de 1 ano a 1 ano e meio 4% e de 2 a 3 anos 4%, somando entre esses 
dados referentes à internação 19%. E como predominante surge nesse gráfico 
a medida socioeducativa de prestação de serviço à comunidade, sendo 18% no 
período de cumprimento de 4 a 6 meses e 36% no período de 1 a 3 meses. 
Isso significa dizer que 54% das medidas socioeducativas executadas pelos 
jovens a partir da ONG Catavento é de prestação de serviço à comunidade. 
 
 
 
 
 
 
7%7%
4%
36%
18%
7%
4%
11%
4% 4%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1 a 3 meses 4 a 6 meses 6 meses a 1 ano 1 ano a 1ano e meio 2 a 3 anos
Advertência Obrigação de reparar dano
Prestação de serviço à comunidade Liberdade assistida
Internação
27 
 
 
 
Gráfico 4: Ano de maior incidência de atos infracionais 
Fonte: Elaborado pela autora 
 Dos prontuários analisados verifica-se através deste gráfico que 25% 
dos crimes foram cometidos em 2015 e no ano de 2016 foram 75%, 
observando um crescimento triplicado de um ano para o outro. Com a crise do 
sistema capitalista, na conjuntura ficam expressas diversas consequências 
esse demasiado crescimento possivelmente está atrelado à tal crise que 
implica na incidência de atos infracionais ano a ano. 
 
Gráfico 5: Participação em grupos e oficinas na ONG Catavento 
Fonte: Elaborado pela autora 
25%
75%
2015 2016
20%
10%
40%
10%
20%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Nenhum Mecânica e
serviços
Artes Costura e
culinária
Imagens
Não participa
Participa
28 
 
 
 
Na ONG Catavento há 4 oficinas das quais os adolescentes em conflito 
com a lei estão inseridos sendo elas: Artes(40%), Imagens (20%), Costura e 
culinária(10%), Mecânica e serviços(10%). Ainda é possível observar que 20% 
destes adolescente não participam de nenhuma oficina. 
A partir destes dados é possível observar que a ONG Catavento 
preocupa-se com a ocupação e o desenvolvimento psicossocial dos 
adolescentes que atendem. Os jovens que não fazem parte de nenhuma 
oficina provavelmente são os que trabalham em período integral e não têm 
disponibilidade de horário. 
 
Gráfico 6: Ato infracional e gênero 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
Este gráfico mostra os atos infracionais cometidos pelos/as adolescentes 
e o gênero. Os dados na cor vermelha representam meninos e na cor roxa 
representam meninas sendo: 11% receptação dolosa especial, 7% homicídio, 
7% falta de habilitação. 4% lesão corporal, 14% furto/roubo, 11% crime contra 
29%
4%
7%
11%
14%
4%
7% 7%
11%
7%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Menino Menina
29 
 
 
 
meio ambiente ou patrimônio público, 7% posse de drogas, 4% tentativa de 
homicídio e 29% tráfico, todos meninos. Das meninas 7% cometeram roubo. 
 
Gráfico 7: Reincidência e uso de drogas 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
 Observa-se a partir deste gráfico que 30% dos adolescentes que não 
reincidiram em ato infracional não usam drogas, outros 40% dos não 
reincidentes são usuários. Observa-se também que todos os jovens 
reincidentes (30%) são usuários de drogas. Com isso é possível identificar que 
70% dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa são 
usuários de drogas. Sendo este um dado bastante importante e potencialmente 
revelador no tocante a alcançar os objetivos específicos desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30%
40%
30%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Reincidente Não reincidente
Usuário de drogas Não usuário de drogas
30 
 
 
 
Gráfico 8: Filhos 
Fonte: Elaborado pela autora 
É possível compreender a partir deste gráfico que 80% dos jovens não 
possuem filhos, e aqueles que possuem, estão em configurações familiares 
distintas sendo elas: 5% dos/as filhos/as moram com a avó materna; 5% têm 
uma parceira gestante; 5% dos/as filhos/as moram com o/a adolescente; 5% 
dos/as filhos/as estão em acolhimento institucional. 
 
Gráfico 9: Membros do núcleo familiar 
 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
5% 5% 5% 5%
80%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Não possui
filhos/as
Filho/a mora
com avó
materna
Perceira
gestante
Filho/a mora
com o/a
adolescente
Acolhimento
institucional
O/a Jovem possui filho/a O/a Jovem não possui filho/a
40%
20%
15%
5%
20%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Pai e mãe Apenas mãe Apenas pai Tios Outros (Mãe
e avó, mãe e
padrasto,
acolhimento
institucional)
Pai e mãe
Apenas mãe
Apenas pai
Tios
Outros (Mãe e avó, mãe e
padrasto, acolhimento
institucional)
31 
 
 
 
A partir deste gráfico observa-se que os núcleos familiares dos 
adolescentes em conflitocom a lei no município de Osório são diversos, 
sendo 40% núcleo composto pelo pai e pela mãe, 20% têm como núcleo 
apenas a mãe, 15% apenas o pai, 5% vivem com os tios e 20% possuem 
outras configurações familiares, possuindo como núcleo a mãe e a avó, ou 
mãe e padrasto, ou até mesmo estão em acolhimento institucional. Essa 
identificação de dados confronta pesquisas de nível nacional que mostram a 
prevalência de adolescentes que possuem configurações familiares 
compostas apenas por suas mães. 
 
Gráfico 10: Antecedentes criminais na família 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
Este gráfico representa a quantidade de jovens que possuem alguém da 
família em situação de privação de liberdade, ou que já estiveram no sistema 
prisional. Constata-se por meio deste que 65% dos adolescentes não 
possuem nenhuma pessoa na família com antecedentes criminais enquanto 
35% possuem. 
 
35%
65%
sim não
32 
 
 
 
5% 5%
20% 20%
10%
5% 5% 5%
10%
15%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
3 pessoas 4 pessoas 5 pessoas 6 pessoas 7 pessoas 11 pessoas
1 salário ou menos 1 a 2 salários 3 a 4 salários
30%
5%
10% 10%
20%
10% 10%
5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Medianeira Glória Sulbrasileiro Atlântida Sul Albatroz Caravágio Porto
Lacustre
Maquiné
Zona Urbana Zona Rural
Gráfico 11: Localidade de moradia 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
Neste gráfico observa-se que em cor azul estão as localidades de moradia 
da zona urbana, totalizando 95% distribuídos em diversos bairros como: 30% 
no medianeira, 5% no glória, 10% no sulbrasileiro, 10% em atlântida sul, 20% 
no albatroz, 10% no caravágio e 10% no porto lacustre. Em cor vermelha tem-
se 5% que residem na zona rural de um município limítrofe (Maquiné). Conclui-
se a partir desta análise que a maior incidência de adolescentes que cometem 
atos infracionais está localizada nas regiões periféricas da cidade. No mapa da 
cidade de Osório em anexo, a visualização destes bairros se torna mais clara. 
 
Gráfico 12: Renda e pessoas que residem com o adolescente 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
33 
 
 
 
A partir deste gráfico vê-se que 65% dos adolescentes independente de 
sua composição familiar, vivem com renda de 1 a 2 salários mínimos, 10% 
vivem com 1 salário ou menos e 25% vivem com renda de 3 a 4 salários. As 
composições familiares são variadas, no entanto, é possível observar que 
35% das famílias são compostas por 3 pessoas, 20% compostas por 4 
pessoas, 25% compostas por 5 pessoas, 5% compostas por 6 pessoas, 10% 
compostas por 7 pessoas e 5% compostas por 11 pessoas. 
 
Gráfico 13: Escolaridade e Ocupação 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
 O gráfico acima corresponde à escolaridade e ocupação dos 
adolescentes em conflito com a lei, sendo que: 20% dos jovens que possuem 
ensino fundamental incompleto não possuem ocupação, dos jovens que 
possuem ensino médio incompleto 5% trabalham como auxiliar de construção, 
10% trabalham como ajudantes e 5% são atendentes. Dos jovens que estão 
matriculados na escola, mas não frequentam (situação de evasão escolar), 
20% não possuem ocupação e 10% são auxiliares de construção. E dos 
adolescentes não matriculados na escola 5% trabalha como atendente, 10% 
não possui ocupação, 5% trabalham no setor de limpeza e 10% trabalham com 
pintura. Observa-se que de modo geral as ocupações daqueles adolescentes 
que possuem, é inserida no setor primário. Após esta descrição é possível 
identificar que a cor de maior destaque é a verde, correspondente a não 
5%5%
10%
20% 20%
10%10%
5% 5%
10%
Fundamental
Incompleto
Fundamental
Completo
Médio Incompleto Matriculado mas não
frequenta
Não matriculado
Auxiliar de produção Auxiliar de construção Não possui Ajudante
Atendente limpeza pintura
34 
 
 
 
possuir ocupação, isso pode se justificar pela pouca oferta de empregos da 
cidade. Ou também a possibilidade de haver uma população dos chamados 
"nem nem', jovens que não trabalham nem estudam, formando o que Karl Marx 
chamou de exército de reserva, sendo este um conceito desenvolvido em 
crítica da economia política, e refere-se ao desemprego estrutural das 
economias capitalistas. 
 
6.2. Ressalvas 
 
É importante ressaltar que o item “deficiência” consta no instrumento de 
coleta de dados, no entanto foi desconsiderado, tendo em vista que o problema 
e objetivos da pesquisa são independentes de ser alcançados a partir deste, e 
também por entender que esse item não possui uma correlação com os outros 
itens, no momento da elaboração de tal instrumento uma questão relativa ao 
“acesso aos serviços da rede pública de saúde” sendo esta uma questão de 
maior abrangência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
7. RESULTADOS 
 
 
Analisando os dados da presente pesquisa identificou-se que a prática de 
atos infracionais é significativamente recorrente com adolescentes do gênero 
masculino de cor autodeclarada branca. Revelando uma questão de gênero 
vivida pela sociedade patriarcal que trata meninas e meninos desde o seu 
nascimento de maneira diferente, reproduzindo e cultuando determinados 
comportamentos para cada gênero. No que diz respeito à cor da pele, a 
justificativa para tal é que a população da cidade de Osório segundo o IBGE 
(censo 2010), aproximadamente 87% da população é autodeclarada branca. 
Foi notório que, no que tange à escolarização, muitas vezes vem por 
encaminhamento do/a juiz/a ou promotor/a que o adolescente seja incluso na 
rede escolar de ensino. Nesse sentido, um dos direitos fundamentais como a 
educação, passa a ter um caráter de dever, e não um direito, no entanto há 
fragilidades no percurso, tendo em vista que a sociedade de modo geral 
estabelece preconceitos com relação a estes adolescentes. 
A escola Milton Pacheco é a única que disponibiliza vagas aos 
adolescentes que cumprem medida socioeducativa, no entanto neste ambiente 
escolar existem conflitos de grupos rivais que por diversas vezes acabam 
aproximando o jovem de um novo ato infracional. 
Para Arroyo (2007), a escola tradicionalmente funciona com parâmetros 
classificatórios dos educandos e a rotulação dos alunos não apresenta 
impactos somente nos processos de socialização, na criação de vínculos, na 
avaliação e no percurso individual de ensino e aprendizagem, mas reverberam 
também no desenvolvimento humano, ético, identitário das pessoas rotuladas. 
Outro fato que também se comporta como um limitador da permanência do 
adolescente na escola é a defasagem escolar, isto é, a grande diferença entre 
a idade do jovem e a idade escolar, causando assim a evasão escolar que 
ocorre quando o mesmo está matriculado, mas não frequenta as aulas. Para 
que haja permanência do adolescente na escola, é necessário que a escola 
como um todo desde a sua composição, esteja preparada para receber o 
adolescente, com o propósito de ensinar, não de julgá-lo por seus atos. 
36 
 
 
 
Considerando que a escola desempenha um papel central no 
desenvolvimento e na formação da criança e do adolescente, essa 
dificuldade de acesso e permanência no sistema de educação formal, 
apresentada pelos dados de pesquisas, pode significar limitar o 
desenvolvimento do indivíduo, impedindo-o de construir novas 
significações sociais e de adquirir consciência de sua situação por 
meio da vivência escolar. Os dados apresentados tornam-se mais 
alarmantes se considerarmos que a educação permite ao ser humano 
escrever a própria vida, existenciar-se e que “alfabetizar é 
conscientizar” (FREIRE, 2009, p. 9). 
 
Foi possívelidentificar todos os tipos de cumprimento de medidas 
socioeducativa na análise de dados, no entanto, a que prevaleceu mais foi a de 
Prestação de Serviços à Comunidade, sendo esta desenvolvida na Ong 
Catavento através da oficina de Artes ministrada por um artista plástico, tendo 
em vista que outros serviços do município não demonstram interesse em 
disponibilizar espaços e ocupações de modo a contribuir com a execução das 
medidas socioeducativas dos adolescentes. 
Para LIBERATI (2003)quando há um acompanhamento adequado ao 
adolescente pela entidade há mais efetividade na medida. Ressalta também 
que quando a PSC e LA são realizadas no contexto familiar e comunitário, 
possibilitam “reexaminar sua conduta, avaliar as consequências delas 
derivadas e propor uma mudança de comportamento, com indicação de que 
não mais irá praticar atos ilícitos”. 
Observou-se que do ano de 2016 para 2017 houve um crescimento 
importante no tocante à prática de atos infracionais, identificou-se que de um 
ano para o outro os dados triplicaram, provavelmente a partir da crise 
instaurada no pais. A tipificação de atos infracionais mais cometidos são: 
tráfico/uso de drogas e roubo/furto, observando um aumento na prática de 
homicídios. 
“Mais do que opções por carreiras criminais determinadas, 
estudos têm apontado que os jovens inclinam-se ao trânsito entre o 
articulado tráfico de drogas e o avulso roubo, recusando via de regra, 
um percurso único no mundo do crime.” (TEIXEIRA, 2012) 
 
37 
 
 
 
Atrelado ao tipo de ato infracional que o adolescente pratica, está a 
reincidência e o uso de drogas, identificou-se que 30% dos adolescentes são 
reincidentes e que este número vem diminuindo com o passar dos anos. No 
entanto todos os reincidentes são usuários de drogas e além disso, dos não 
reincidentes 40% também é usuário de drogas. 
É importante destacar nesta pesquisa que há uma manipulação midiática 
referente ao adolescente, prática de atos infracionais e uso de drogas, 
provocando discussões a partir de uma única perspectiva sobre a questão da 
redução da maioridade penal, naturalizando o adolescente em vulnerabilidade 
social como “infrator”, incentivando o combate ao usuário, ao adolescente e às 
drogas, sejam elas quais forem, fortalecendo preconceitos enraizados na 
sociedade. 
A maior parte dos adolescentes em conflito com a lei desta pesquisa 
possuem renda de 1 a 2 salários mínimos, mostrando que a maioria dos 
adolescentes vivencia uma realidade marcada pela desigualdade social. As 
circunstâncias de vida destes sujeitos sociais configuram-se como a expressão 
das múltiplas manifestações de exclusão/inclusão. Exclusão principalmente dos 
espaços de cidadania onde deveriam prevalecer os direitos sociais, como 
educação, cultura e lazer e, inclusão num sistema de privação de direitos, de 
criminalização, de violência, de privação de liberdade, por vezes, sem as 
garantias educativas e sem devido acompanhamento para a inserção social. 
Outro dado importante é que os adolescentes em questão não possuem 
ocupação/trabalho e quando possuem são posições no setor primário, isso 
porque segundo (POCHMANN, 2000)as transformações no mundo do trabalho 
atingiram diretamente o modo de condição de vida das classes trabalhadoras 
que passaram a vivenciar o desemprego estrutural somado às condições e 
relações de trabalho precárias. A possibilidade de inserção se torna ainda mais 
difícil nesta conjuntura quando em condição de adolescente em conflito com a 
lei, encontrando piores condições do que os adultos, já que existe uma menor 
experiência e menos qualificação. 
Ao longo das análises de dados, em discussões com a equipe técnica da 
ONG Catavento observou-se uma certa fragilidade e limitações na micro rede 
de atenção aos adolescentes em conflito com a lei no município de Osório. 
Identificou-se instituições de referência além da ONG Catavento como: ESF 
38 
 
 
 
dos bairros, CAPS Casa Aberta, Escola Estadual Milton Pacheco, CRAS 
Glória, Ministério Público, TJ-RS Juizado da Infância e Juventude. A pesar de 
haver tais serviços de referência, a comunicação e articulação entre estes não 
é efetiva, prejudicando o processo de cumprimento de medida socioeducativa. 
 
Na ausência de qualquer rede de proteção social, é certo que a 
juventude dos bairros populares esmagados pelo peso do 
desemprego e do subemprego crônico continuará a buscar no 
“capitalismo de pilhagem” da rua os meios de sobreviver e realizar os 
valores do código de honra masculino, já que não consegue escapar 
da miséria do cotidiano. (WACQUANT,2001) 
 
A ONG Catavento é o espaço existente (na ausência da existência de um 
CREAS) no município para o cumprimento de medidas socioeducativas, 
executando-as a partir do programa RECRIAR com o objetivo de atuar como 
vetor na garantia dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, 
oferecendo acompanhamento terapêutico e social àqueles em situação de 
vulnerabilidade social, buscando um desenvolvimento psicossocial satisfatório 
e uma inserção social efetiva e cidadã. Existe neste espaço a construção de 
um trabalho que rompe com o estigma criado em relação aos adolescentes, 
bem como um atendimento, de fato, pensado para o adolescente, de forma que 
ele seja protegido e não controlado, tão pouco que seja controlado para que a 
sociedade seja protegida deste 
Compreender o trabalho realizado pela ONG Catavento e a maneira como 
se organiza a rede socioassistencial do município foi fundamental para a 
construção desta pesquisa e é também importante para compreender a 
situação do adolescente, permitindo a identificação de quais elementos da rede 
são pertinentes e devem ser envolvidos no processo de socioeducação. 
. 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este trabalho de pesquisa iniciou-se a partir de percepções e curiosidades, o 
cumprimento de medidas socioeducativas como um todo era um fator que 
gerava inquietude na pesquisadora e poder desvelar como se dá este processo 
no município de Osório/RS foi uma oportunidade para fazer aproximações com 
o sistema. 
Durante o processo de construção do projeto e relatório de pesquisa, houve 
algumas mudanças pontuais, como objetivos e problemas, isso se deu porque 
inicialmente a pesquisa seria voltada para a prática do assistente social no 
campo de medidas socioeducativas, no entanto isso se tornou inviável e optou-
se por analisar o trabalho da ONG Catavento como executora de medidas 
socioeducativas. 
Ao realizar aproximações com o tema e o espaço de trabalho, foram 
necessárias transformações de pensamento, rompimento de paradigmas 
vivenciados e estigmatizados pelo senso comum, de modo a compreender 
através de uma leitura de realidade diferenciada (com base no projeto ético-
político da profissão, condicionada aos princípios éticos que constroem o agir 
profissional) como se dá o processo de execução de medidas socioeducativas, 
compreendendo a existência de meios legais que dão conta da mesma. 
Não coube nesta pesquisa um julgamento de valor, nem com o adolescente, 
tampouco com os profissionais que realizam o atendimento direto com eles. 
Nesse sentido, cabe pensar no papel da ONG Catavento, não apenas como 
uma entidade executora de medidas, mas como um espaço profissional para 
pensar e construir saberes voltados para o segmento populacional que atende. 
Esta pesquisa foi fundamental para o crescimento pessoal e profissional da 
pesquisadora, mesmo que no início tenham surgido algumas frustrações e 
desencontros, após a organização e entendimento do que se pretendia 
alcançar, juntamente com orientações acadêmicas, foi possível chegarao que 
se pretendia. 
Por fim, esse trabalho buscou pensar a realidade social, que quando 
devidamente problematizada, permite reconhecer elementos constitutivos das 
relações sociais que nem sempre aparentes, mas que se devidamente 
articulados, permite melhor enfrentamento da questão social. 
40 
 
 
 
9. REFERÊNCIAS 
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p.28-44, Cortez, 2001. 
 
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situação atual do jovem no mercado de trabalho brasileiro. São Paulo: 
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0conflito%20com%20a%20lei_0.pdf Acesso em 15 de maio de 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
10. APÊNDICES 
APÊNDICE A 
Termo de Cessão de Informações 
 
Como representante legal da ONG CATAVENTO, autorizo a cessão de 
informações relativas à pesquisa documental intitulada, ADOLESCENTE EM 
CONFLITO COM A LEI- ATUAÇÃO DA ONG CATAVENTO FRENTE ÀS 
MEDIAS SÓCIOEDUCATIVAS, ser executada pela acadêmica Carolina de 
Souza Gomes sob orientação da Prof. Maria Aparecida Marques da Rocha, do 
Curso de Serviço Social da Unisinos. 
Estou ciente que esses dados serão de uso exclusivo acadêmico e 
subsidiarão a pesquisa que pretende contribuir para a identificação do perfil e 
dos aspectos determinantes que levam adolescentes a cometerem atos 
infracionais na cidade de Osório. 
Foram esclarecidos termos sobre os procedimentos éticos que envolvem 
a coleta de dados, sob responsabilidade do/a pesquisador/a, no trato 
confidencial de quaisquer informações que possam expor individualmente as 
fontes de pesquisa. 
De acordo com o que foi anteriormente exposto, eu 
_____________________________________em nome da instituição, declaro 
estar de acordo em autorizar a realização desta pesquisa, assinando este 
termo em duas vias, ficando com a posse de uma delas. 
Local______________________________________________ 
 
______________________________________________ 
Assinatura do representante da instituição 
 
 
__________________________________ 
Carolina Gomes 
44 
 
 
 
 
APÊNDICE B 
 
 Instrumento de registro - Dados do usuário 
 
1. Como identifica seu Gênero/ Sexo: 
( )Feminino ( ) Masculino 
 
2. Como identifica sua Cor/ Raça/ Etnia: 
( ) negra 
( ) preta 
( ) parda 
( ) branca 
( ) indígena 
( ) amarela 
( ) outra?_______________________
 
3. Qual sua Faixa Etária/ Idade: 
( ) 12 a 13 anos 
( ) 14 a 15 anos 
( ) 16 a 17 anos 
( ) 18 anos 
 
4. Qual sua Escolaridade/ Formação Acadêmica: 
( ) Ensino fundamental incompleto 
( ) Ensino fundamental completo 
( ) Ensino médio incompleto 
( ) Ensino médio 
( ) Matriculado mas não frequenta a escola 
( ) Não matriculado na escola 
 
5. Estado Civil: 
( ) solteira/o 
( ) casada/o 
( ) separada/o Tem parceiro(a)? ( ) sim ( ) não 
 
6. Deficiência: 
Possui alguma deficiência? 
( ) não ( ) sim: Qual? _____________________ 
 
7. É usuário de drogas/substâncias psicoativas? 
( ) sim ( ) não 
 
8. Ato(s) infracional(is) cometido(s): 
_______________________________________________________________ 
 
9. Ano em que o ato infracional foi cometido: 
( ) 2015 ( ) 2016 
 
 
 
 
10. Medidas socioeducativas já aplicadas: 
( ) Advertência 
( ) Obrigação de reparar dano 
( ) Prestação de serviços à 
comunidade 
( ) Liberdade assistida 
( ) Semiliberdade 
( ) Internação
 
11.Tempo de cumprimento de medida: 
( ) 1 a 3 meses 
( ) 4 a 6 meses 
( ) 6 meses a um ano 
( ) um ano e seis meses 
( ) dois anos 
( ) dois anos e meio 
( ) três anos 
 
12. Participa de algum grupona ONG? 
( ) sim ( ) não Qual/?_____________________ 
 
 
 Situação familiar 
1. Membros do núcleo familiar
( ) Pai e Mãe 
( ) Apenas mãe 
( )Apenas pai 
( ) Avós 
( ) Tios 
( )Outros__________________
 
2. Irmãos: 
( ) 1 irmão 
( ) 2 irmãos 
( ) 3 irmãos 
( ) 4 ou mais 
 
3. Há antecedentes criminais na família? 
( ) Sim ( ) Não 
4. Alguém ainda cumpre pena? 
( ) Sim ( ) Não 
 
5. Renda total familiar (Salário Regional do estado do Rio Grande do Sul 
adotado: 1.103,66) 
( ) 1 salário mínimo ou menos ( ) 1 a 2 salários mínimos 
( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) 5 ou mais salários mínimos 
 
6. Membros da família/ Filhos: 
Número de membros no núcleo familiar: 
Possui filhos? ( )sim ( )não 
Com quem moram os filhos?_______________________________________ 
 
7. Moradia: 
( ) área urbana ( ) área rural 
Bairro em que reside:______________________________________________ 
 
8. Condições habitacionais: 
( ) casa própria 
( ) alugada 
( ) cedida 
( ) outras_____________________ 
 
 
9. Inclusão da família em políticas públicas 
( ) programa assistencial 
( ) programa de saúde 
( ) outros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APÊNDICE C 
 
 Mapeamento das localidades onde residem os adolescentes em conflito 
com a lei:

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