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7 1. INTRODUÇÃO A conjuntura atual prova que cada vez mais precoce é a iniciação dos jovens no mundo da criminalidade, demonstrando que os contrastes deste contexto se agravam a partir da violência estrutural e de expressões da questão social explicadas pelo conflito entre capital e trabalho. Conflito este que se explica a partir da teoria social de Marx, tendo como objeto a sociedade burguesa e como objetivo a sua ultrapassagem revolucionária segundo NETTO (1985) É uma teoria da sociedade burguesa através da ótica do proletariado, buscando dar conta da dinâmica constitutiva do ser social, assentada na dominância do capital. Desta forma, a cidade em que a pesquisa se desvelará é Osório, no estado do Rio Grande do Sul, situada a aproximadamente 100km de distância da capital Porto Alegre. Uma cidade com 43.586 habitantes segundo dados do censo do IBGE no ano de 2010. De acordo com o mapa social do site do Ministério Público-RS, foi possível encontrar dados que caracterizam a cidade e podem ser determinantes no que se pretende alcançar com esta pesquisa. Sabe-se que menos da metade (42%) da população conseguiu concluir o ensino fundamental e no ano de 2015 houve 1315 registros de ocorrência, sendo sua maioria por furtos (quando o indivíduo é roubado sem que haja contato entre ele e o criminoso) e roubos (quando o indivíduo é colocado em situação de ameaça ou violência). Diante desse quadro de dados o que se pretende buscar são as especificidades destes quanto aos adolescentes em especial aqueles que se encontram em conflito com a lei dando atenção à aplicabilidade e cumprimento das medidas socioeducativas, suas dificuldades, conquistas e avanços no último ano. A obtenção de dados, conteúdos e vivências dar-se-á na ONG CATAVENTO que por meio de parcerias, foi se estruturando, e no ano de 2006 (dois mil e seis) firmou-se um convênio entre a ONG e o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul através do Juizado Regional da Infância e Juventude. Através do Programa Recriar, atua como vetor na garantia de direitos 8 fundamentais da criança e do adolescente, oferecendo acompanhamento terapêutico e social àqueles em situação de vulnerabilidade social, sendo este programa modelo para o atendimento das medidas socioeducativas. Identificar os fatores determinantes que induzem os jovens a cometer crimes, a influência escolar, familiar e da própria ONG no processo de cumprimento das medidas socioeducativas é fundamental no entendimento da historicidade dos fatos que: Segundo PRATES, 2003 é o reconhecimento da processualidade, do movimento e transformação do homem. Esta pesquisa é desafiadora e poderá ser usada como um meio de informação para a equipe da ONG Catavento que age na transformação social da vida dos jovens que cumprem medidas socioeducativas e almejam a sua transfiguração pessoal. 2. PROBLEMA Tendo em vista o grande interesse pelo tema, algumas problemáticas são desenvolvidas a partir do aprofundamento do mesmo. Na tentativa de realizar um projeto de pesquisa que possa acrescentar conhecimentos e informações para o município e para construir o saber profissional, tem-se como problema: De que modo a ONG CATAVENTO atua na aplicação de medidas socioeducativas e na afirmação da garantia de direitos dos adolescentes em conflito com a lei na cidade de Osório? 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Analisar o trabalho desenvolvido pela ONG CATAVENTO na garantia os direitos dos adolescentes em conflito com a lei. 9 3.2. Objetivos Específicos Identificar as ações realizadas pela ONG Catavento na rede de proteção ao adolescente; Conhecer programas da ONG Catavento vinculados à aplicação de medidas socioeducativas; Analisar a realidade atual e traçar um perfil dos adolescentes em conflito com a lei no município de Osório-RS dando ênfase ao trabalho realizado pela ONG Catavento. 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1. Legislação como mecanismo de proteção As leis existentes válidas no território nacional são de extrema necessidade para assegurar direitos inerentes às pessoas, é sabido que leis como a Constituição Federal e o Código Civil por exemplo são de extrema importância para a sociedade, no entanto para balizar este projeto de pesquisa entende-se como principais leis de garantias, cumprimentos de direitos e deveres dos adolescentes em conflito com a lei as leis: Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Lei nº 12.594 de 18 de janeiro de 2012 - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) 4.1.1 Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) No Brasil até a criação do Estatuto da criança e do adolescente, existia uma divisão entre crianças e adolescentes socialmente incluídos e filhos de pobres e excluídos, denominados de maneira genérica “menores”. A nomenclatura é importante na compreensão do tema, para evitar termos em 10 desuso e pejorativos referentes ao adolescente em conflito com a lei, buscando maiores esclarecimentos e informações sobre esse segmento da população. Segundo a Agência de Notícias dos Direitos da Infância – ANDI o termo “Menor” possui sentido vago utilizado para definir a pessoa com menos de 18 anos. Desde que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi promulgado, é considerado inapropriado para designar crianças e adolescentes pois entende-se que tem sentido pejorativo. Esse termo afirma de forma subjetiva discriminações e é de uma postura excludente no tocante ao reconhecimento social. A legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente é o Código de Menores, vinha de uma doutrina em que o modo de lidar com os adolescentes era assistencial e de segregação vendo-os como objetos tutelados pelo Estado através de alguma autoridade judicial. O código de menores foi criado em 1927, ano em que o Brasil passava por um processo de urbanização, principalmente no Rio de Janeiro, recebendo forte influência da França, entendia-se que os “menores” (como eram chamados) em situação de rua ou vulnerabilidade precisavam ser recolhidos, pois sua existência não era esteticamente adequada à cidade, porque retratava a miséria e pobreza. No final da década de 1970 este código foi alterado, porém não havia nele mudanças significativas, determinando crianças e adolescentes desprotegidos como ameaça à ordem social, tratando-os de maneira repressiva. Todos os jovens que estavam em situação de abandono, carência, apresentando conduta antissocial, deficiência e perambulantes podiam ser enviados por tais motivos às instituições de recolhimento como FEBEM, FUNABEM E FEEM. O código de menores traduzia em lei uma doutrina que concebia a sociedade sob uma perspectiva funcionalista, em que cada indivíduo ou instituição tem seu papel a desempenhar para assegurar o funcionalismo harmônico da sociedade.[...] A existência de crianças desnutridas, abandonadas, maltratadas, vítimas de abuso, autoras de atos infracionais e outras violações eram atribuída à sua própria índole, enquadrando-se todas numa mesma categoria ambígua e vaga denominada situação irregular (VOLPI, 2001). 11 No entanto a repressão e o confinamento começaram a incomodar segmentos da sociedade não alienados, e iniciou-se uma pressão sobre o governo para que essas instituições fossem extintas e exigiu-se que houvesse a promoção dos direitos humanos, sociais e constituintes de crianças e adolescentes. O papel desempenhadopelos movimentos sociais organizados no Brasil, a partir de meados da década de 1970, foi essencial no sentido da luta pela redemocratização do país, que vivia os efeitos do Regime autocrático-burguês instalado a partir de 1964. Um dos setores da sociedade que emergiu naquele contexto, se fazendo ouvir por intermédio de contundentes denúncias e de um sem número de propostas, foi o da militância em prol de crianças e adolescentes. Reivindicava, principalmente, o status de sujeitos de direitos e, consequentemente, mudanças na concepção do atendimento a eles dirigido. (FRANCISCHINI, p 267, 2005) Criou-se então a lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA, que veio para tratar questões da infância de modo diferenciado, indo muito além da troca de termos como “menor” por criança e adolescente, tratando-os como cidadãos, garantindo-lhes a proteção integral a partir de direitos, deveres, atribuindo responsabilidade da família, Estado e sociedade na promoção de tais direitos. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito, e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. (Estatuto da criança e do adolescente-art. 15). Tendo como prioridade a preservação dos direitos de crianças e adolescentes os termos mais apropriados para se referir àqueles que cometem atos infracionais são segundo a ANDI Adolescente em conflito com a lei ou adolescente autor de ato infracional, ao invés de menor infrator, menor preso, delinquente juvenil, trombadinha, pivete, marginal etc. Seguindo esta mesma linha é preferível usar termos como: “adolescente que cumpre medida 12 socioeducativa”, “adolescente responsabilizado” ou “adolescente internado” no lugar de “punido” ou “preso”. O Estatuto regulou a política de atendimento à infância e juventude, a partir da articulação com a União, Estados, Municípios e organizações da sociedade civil, determinando alta prioridade às crianças e adolescentes, envolvendo políticas públicas direcionadas à prevenção, assistência e tratamento médico/psicológico. Segundo Craidy, Lazzarotto, Oliveira (2012) Esse estatuto é pioneiro no reconhecimento de direitos da criança e adolescente, mudanças foram realizadas para mudar paradigmas a fim de superar o período de modelo tutelar que já vigorou no país. 4.1.2. Lei nº 12.594 de 18 de janeiro de 2012 - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) Essa lei publicada no ano de 2012 vem para superar as velhas concepções autoritárias de defesa social, e passa a assumir a emancipação humana a partir da promoção de alternativas educativas e sociais como alternativa de superação à violência. Essa lei publicada no ano de 2012, vem para assumir a emancipação humana a partir de alternativas educativas sociais, como alternativa à superação da violência. Regulamenta a forma como o poder público através de seus órgãos e agentes prestará o atendimento especializado que os adolescentes em conflito com a lei têm direito. O objetivo do SINASE, enfim, é a efetiva implementação de uma política pública especificamente destinada ao atendimento de adolescentes autores de ato infracional e suas respectivas famílias, de cunho eminentemente Inter setorial, que ofereça alternativas de abordagem e atendimento junto aos mais diversos órgãos e "equipamentos" públicos. (DIGIÁCOMO, p 18 2016). 13 Neste contexto, a intervenção profissional do assistente social, no que tange à política de atendimento socioeducativo e à efetivação de um atendimento integral aos adolescentes em conflito com a lei, é desafiada a contribuir para a defesa e garantia de direitos humanos dos adolescentes e a materialização das políticas públicas e sociais destinadas a estes sujeitos. O SINASE regulamenta a execução das medidas destinadas ao adolescente que pratique ato infracional e entende-se por medidas socioeducativas as previstas a partir do art. 115 ao 121 da Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) sendo elas: Advertência (art. 115): uma repreensão verbal judicial, com o objetivo de sensibilizar e esclarecer o adolescente sobre seus atos. Obrigação de reparar o dano (art. 116):Se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano ou de alguma forma que compense o prejuízo da vítima. Prestação de serviços à comunidade (art. 117): realização de tarefas gratuitas e de interesse comunitário por parte do adolescente em conflito com a lei, durante período máximo de seis meses e oito horas semanais. Liberdade assistida (arts. 118 e 119):acompanhamento, auxílio e orientação do adolescente em conflito com a lei por equipes multidisciplinares, por período mínimo de seis meses, objetivando oferecer atendimento nas diversas áreas de políticas públicas, como saúde, educação, cultura, esporte, lazer e profissionalização, com vistas à sua promoção social e de sua família, bem como inserção no mercado de trabalho. Semiliberdade (art. 120): vinculação do adolescente a unidades especializadas, com restrição da sua liberdade, possibilitada a realização de atividades externas, sendo obrigatórias a escolarização e a profissionalização. O jovem poderá permanecer com a família aos finais de semana, desde que autorizado pela coordenação da Unidade de Semiliberdade. . Internação (arts. 121 a 125):medida socioeducativa privativa da liberdade, adotada pela autoridade judiciária quando o ato infracional praticado pelo adolescente se enquadrar nas situações previstas no art. 122. A internação pode ocorrer em caráter provisórioouestrito. 14 Reconhecer que as medidas socioeducativas constituem um território compartilhado de saberes e fazeres, onde se encontram e se estranham juristas, pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, entre outros profissionais, e reconhecer esse território como um plano de aproximação e responsabilização do adolescente, dando prioridade à qualidade da atenção ao adolescente através de políticas sociais, proteção e garantia dos direitos humanos funciona como um escape da doutrina punitiva e assistencialista ainda existente na contemporaneidade As leis vêm para regulamentar e garantir direitos dos jovens, no entanto aquilo que o jovem manifesta, o que pensa e quais as suas percepções sobre sua situação devem ser levados em conta no período de acompanhamento. Visto que os crimes por diversas vezes são cometidos em legítima defesa ou em resposta a condições em que se encontram, como violência, fome, exploração etc. Volpi (2001) diz que em vez de corrigir a conduta dos infratores, ou propor-lhes um novo projeto de vida, deveríamos corrigir o meio social e exigir a reparação dos direitos violados antes de submetê-los a qualquer tipo de sanção ou pena. 4.2. A Questão Social A questão social surge a partir do conflito entre capital e trabalho, onde uma pequena parcela da sociedade detém muito capital e o restante se subdivide em classes mazeladas por tal conflito gerador de expressões da questão social. Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a contradição fundamental do modo capitalista de produção, relacionada à produção de riqueza gerada pelos trabalhadores e apropriada pelos capitalistas. Neste cenário, os assistentes sociais vêm para intervir nas relações sociais do cotidiano, almejando assim, uma capacidade de mobilização da populaçãoem exigir seus direitos civis, sociais e políticos diante do governo, 15 consolidando a garantia de cidadania para a população em situação de vulnerabilidade social. Segundo Iamamoto a Questão Social.... […] “diz respeito ao conjunto de expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto a apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho-, das condições necessárias a sua realização, assim como de sus frutos”. (IAMAMOTO, 2001) Neste trabalho, têm-se os atos infracionais cometidos por jovens como uma expressão da questão social, principalmente porque, há uma injusta distribuição de renda, da miséria e da falência das políticas sociais básicas resultantes de todo processo capitalista. Os adolescentes em conflito com a lei são sujeitos que vivenciam de uma forma particular e universal as expressões da questão social. Compreender as dimensões de suas vidas na ótica da questão social é não fragmentar a sua existência social. Porque “[...] as situações singulares vivenciadas pelos indivíduos são portadoras de dimensões universais e particulares das expressões da questão social, condensadas na história de vida de cada um deles” (IAMAMOTO, 2004, p. 272). Os adolescentes em conflito com a lei não são todos pertencentes à classe social mais empobrecida. Há adolescentes das classes média e alta que se envolvem em práticas ilícitas, no entanto, o que se verifica é que os adolescentes que estão cumprindo medidas sócioeducativas, sobretudo de internação, em sua maioria vivenciam realidades nas quais se presenciam o corte de desigualdade social, de exclusão, de privação de bens e de consumo, de oportunidades de estudo e profissionalização. Vivenciam uma pobreza real, concreta, uma segregação da escola, da comunidade, da sociedade, e por vezes, da família. É indiscutível a necessidade da intervenção do Serviço Social no âmbito das desigualdades sociais. Considerando a concepção da Questão Social e desta forma adquirindo-se sua singularidade que demonstra as especificidades da profissão, ao longo dos anos. 16 4.3. Intervenção do Assistente Social Os desafios do profissional assistente social na implementação dos princípios e diretrizes previstos no SINASE, alinham-se e delineiam-se aos princípios estabelecidos no Código de Ética do Serviço Social, uma vez que afirmando a defesa dos direitos humanos, a liberdade, a emancipação e autonomia dos sujeitos, a ampliação e consolidação da cidadania, a eliminação de todas as formas de preconceito, além da equidade e justiça social, compromete-se com a transformação da realidade social, considerando a produção e reprodução da vida social, a totalidade social (CFESS, 2005). Sendo assim, o profissional deve manter seu olhar atento e em atividade, ou seja em movimento dialético, preservando sua inquietude e problematizando as questões que envolvem este processo contraditório gerado pela realidade social, na tentativa de romper com as práticas sociais e históricas de repressão e punição no atendimento desses usuários. Podendo por meio de sua ação profissional promover o empoderamento destes adolescentes, desenvolvendo a resistência e o embate com o sistema de forças dominadoras da sociedade que visam a exclusão e culpabilização. O assistente social intervém junto às famílias e aos adolescentes em cumprimento de medida sócio-educativa, na busca pela restituição do convívio familiar saudável buscando sempre sua ressocialização. A partir deste trabalho os adolescentes e a família podem trilhar um caminho diferente e o papel do assistente social corrobora para esta direção. Neste sentido, relatam-se aqui algumas competências funcionais do assistente social nos centros de socioeducação segundo o Caderno do IASP/2006 (Instituto de Ação Social do Paraná): Organizar a recepção e acolhida dos adolescentes na unidade; Elaborar os estudos de caso e relatórios técnicos dos adolescentes; Realizar atendimentos individuais e de grupo com os adolescentes; Prestar atendimento às famílias dos adolescentes, colhendo informações, orientando e propondo formas de manejo das situações sociais; Manter contatos com entidades, órgãos governamentais e não-governamentais para obter informações sobre a vida pregressa dos adolescentes; Realizar a inclusão dos adolescentes em programas da comunidade, escola, trabalho, profissionalização, programas 17 sociais, atividades esportivas e recreativas; Coordenar e orientar a visitação dos familiares aos adolescentes. Tais atividades são válidas por todo território nacional, sendo importantes no sentido de orientar profissionais na busca da garantia de direitos desta população. 5. METODOLOGIA 5.1. Tipo de pesquisa Gil (2010) diz que a tendência à classificação é uma característica da racionalidade humana, ela possibilita a organização dos fatos e consequentemente seu entendimento, então classificar as pesquisas torna-se uma atividade importante. Esta pesquisa será realizada a partir da pesquisa documental, sendo este tipo usado em praticamente todas as áreas das ciências sociais. Utilizando dados e documentos que já existem, produzidos pela ONG Catavento já citada, nos quais serão feitas as análises necessárias a partir da análise qualitativa. A pesquisa qualitativa leva em conta aspectos da realidade que não podem ser quantificados, tendo sua perspectiva central voltada à compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. 5.2. Amostra Foram realizadas visitas periódicas para aproximação com os profissionais da ONG Catavento e seus usuários, para compreender toda realidade que faz parte do contexto dos adolescentes em conflito com a lei. 18 A análise de documentos foi elaborada a partir dos prontuários com prévia autorização do local (ONG Catavento). O material de análise se constituiu nos 20 prontuários mais completos dos anos de 2016 e 2017, em relação ao instrumento de coleta de dados. 5.3. Cuidados Éticos A entidade foi informada de todos os procedimentos éticos tomados pela pesquisadora, conforme resguardo das informações contidas no Apêndice B. A coleta e análise de dados foi completamente sigilosa, respeitando os dados dos adolescentes e da ONG Catavento, sendo estes dados usados para fins de estudo, da mesma forma se dará a divulgação destes. 5.4. Detalhamento Da Pesquisa A pesquisa se deu na ONG CATAVENTO (Associação Comunitária de Ação Social, Cultural e Ambiental Catavento) como citado acima, situada no endereço: Rua João Sarmento, número 1030, na cidade de Osório-RS. Possui como universo 20 casos de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em meio aberto e fechado. A coleta de dados foi realizada no mês de maio, por meio de visitas no campo pesquisado sempre orientadas pela Psicóloga Técnica da ONG Catavento, a coleta de dados se deu a partir do instrumento previamente elaborado, presente no "apêndice A" desta pesquisa. A análise dos dados e produção dos achados foi realizada posteriormente à coleta de dados, buscou-se a partir da análise novas bibliografias que referenciassem as descobertas que surgiram durante o processo de pesquisa.Inicialmente os achados se mostravam um tanto disfarçados, entretanto, após leituras e orientações acadêmicas foi possível desvelar diversos dados tanto quantitativos como qualitativos. Para a elaboração deste relatório foi necessário aprofundar os conhecimentos referentes ao tema de pesquisa, além de apreender conhecimentos referentes às normas técnicas de elaboração de pesquisa, formatação de texto, entre outros. 19 5.5. Análise de conteúdo Um método muito utilizado na análise de dados qualitativos é o de análise de conteúdo, compreendida como um conjunto de técnicas de pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento. Com base em Minayo (1992),pode-se apontar três finalidades para essa etapa: compreender os dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder às questões formuladas, e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural da qual faz parte. Além de referenciar a análise de dados através da autora citada acima, serão utilizados também os métodos de Bardin que define análise de dados como: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (Bardin, 2011, p. 47). Bardin (2011) indica que a utilização da análise de conteúdo prevê três fases fundamentais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados e interpretação dos resultados. É importante que os resultados da análise de conteúdo devam refletir os objetivos da pesquisa e ter como apoio indícios manifestos no conteúdo das comunicações. 5.7. Categorias Neste percurso entre os objetivos do trabalho, teorias e intuições da pesquisadora, emergiram as unidades de análise que foram categorizadas. O processo de categorização pode ser definido como uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento. 20 Desta forma, pode-se caracterizar as categorias como grandes enunciados que abarcam um número variável de temas, segundo seu grau de intimidade ou proximidade, e que possam através de sua análise, exprimir significados e elaborações importantes que atendam aos objetivos de estudo e criem novos conhecimentos, proporcionando uma visão diferenciada sobre os temas propostos. A pesquisa está embasada no método dialético crítico. Parte, assim, de um fato concreto, considerando o mesmo dentro de uma totalidade em constante movimento dadas as contradições que necessitam ser desvendadas para que se possa contribuir para uma ação prática em tal situação. Segue abaixo o quadro das categorias que emergiram após os estudos desta pesquisa: CATEGORIAS INICIAIS CATEGORIAS INTERMEDIÁRIAS CATEGORIAS FINAIS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS P.1: “O adolescente fala que após cumprir medida tem pleno saber de suas responsabilidades” síntese informativa sobre o adolescente P.4: “É um tempo dentro do sistema” (sic) P.5: “Ser observados pela lei do juiz” (sic) P.10: “A medida vai me ajudar a não fazer coisas ruins que eu faço” (sic) P.18: “Demonstrou desconhecimento sobre a medida.” síntese Responsabilização do adolescente A partir dos relatos registrados nos prontuários pôde-se perceber o impacto do ato infracional que cometeram e da medida que estavam cumprindo. Mudanças importantes são observadas na vida dos adolescentes após o cometimento dos atos infracionais e o início do cumprimento da medida socioeducativa. A ONG Catavento enquanto instituição de cumprimento 21 informativa do adolescente. P.15: “Abre novas portas né?! Antes eu não tinha responsabilidade com nada” (sic) de medida socioeducativa tem um papel essencial para que os adolescentes adquiram e retornem as responsabilidades da vida. Costa e Assis (2006) apontam o fortalecimento de vínculos como um fato de proteção importante a ser estimulado durante o processo de cumprimento de medida socioeducativa. A partir desses vínculos o adolescente tem prazer em frequentar o estabelecimento onde cumpre a medida e consequentemente consegue aproveitar positivamente o tempo que permanece na instituição USO DE DROGAS P.4: “Os adolescentes em sua maioria não usam crack nem cocaína” síntese informativa do adolescente. P.7: “Não considera maconha como droga, busca por tranquilidade” síntese informativa do adolescente. P.15: “O jovem afirma Alívio de tensões O uso de maconha pode ter sido motivado pelo fato desta ser a droga ilícita que causa “alívio” imediato, proporcionando ao adolescente uma pausa em seus problemas e tensionamentos familiares afetivos. Os adolescentes estabelecem relação entre 22 que busca nas drogas alívio para suas tensões” Síntese informativa do adolescente P.16: “Relata que é usuário de drogas (maconha)” Síntese informativa do adolescente P.17: “Eu gostava de ficar na rua, gostava de ficar bagunçando, incomodando, às vezes usava drogas “maconha” (sic) o uso de drogas e o ato infracional, tendo em vista que muitos cumprem medidas socioeducativas por uso, porte ou tráfico de substâncias ilícitas. Pereira (2008) diz que a droga possui o que chamam de fase de encantamento, que atrai o usuário tanto pelo prazer que o uso provoca, como por facilitar suas relações em novos grupos sociais. Em um segundo momento, a droga revela suas consequências negativas, quando o adolescente passa do uso ocasional ao uso mais frequente, modificando assim sua relação com o entorpecente. ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL P.1: “A articulação em rede e visitas domiciliares proporcionam vínculo e comprometimento dos familiares” Síntese informativa do adolescente P.4: “Nosso acompanhamento tem Ressignificação de vida O acompanhamento possibilita uma ressignificação dos moldes de socialização, de modo que sejam apresentadas outras condições de vida que primem pela consideração da integridade da vida e da 23 como desafios: estimular a sua permanência na escola” Síntese informativa do adolescente P.10: “A gente entra na linha” (sic) P.12: “O trabalho é necessário, é difícil, mas tem que encarar.” (sic) P.16: “pensar melhor nos erros que eu fiz.” (sic) P.19: “eu acho que eu vou ter um bom futuro” (sic) preservação do patrimônio. Tomar as representações sociais como via analítica, requer adentrar no contexto social no qual foram gestadas, porquanto é na tessitura das relações e das trocas sociais, mediadas por instituições políticas e sociais, que vem se constituindo o pensamento social sobre a criança e o adolescente. (PINHEIRO, 2004) 24 35% 5% 60% 10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Negros/as Pretos/as Brancos/as Meninos Meninas 6. ANÁLISE DE DADOS 6.1. Sistematização de dados A partir de um questionáriorespondido através da análise dos prontuários na ONG Catavento foram obtidos dados que agora se apresentam de forma interligada nos gráficos apresentados e descritos abaixo: Gráfico 1: Relação entre etnia e gênero Fonte: Elaborado pela autora Conforme aponta o gráfico, 60% dos adolescentes meninos são autodeclarados brancos, 35% negros e 5% pretos. Observa-se que apenas 10% são meninas e brancas. A partir da análise deste gráfico percebe-se a predominância do gênero masculino autodeclarado branco em cumprimento de medidas socioeducativas, confrontando com dados de pesquisas de nível nacional que apontam adolescentes negros como maioria dos jovens que cometem crimes. Isso se justifica pela população da cidade de Osório ser predominantemente branca (82,12%), segundo estimativas do IBGE a partir do censo de 2010. 25 25% 5% 15% 5% 5% 10% 25% 5% 5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% Fundamental Incompleto Médio incompleto Matriculado mas não frequenta Não matriculado na escola 14 a 15 anos 16 a 17 anos 18 anos Gráfico 2: Idade e escolaridade Fonte: Elaborado pela autora Esse gráfico traz dados bastante importantes a respeito da idade e escolaridade dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, observando que dos adolescentes na faixa etária de 14 a 15 anos 25% estão com o ensino fundamental em curso, 5% cursam o ensino médio e 15% estão matriculados, mas não frequentam a escola. Dos adolescentes na faixa etária de 16 a 17 anos 5% cursam o ensino fundamental, 5% estão no ensino médio, 10% estão matriculados mas não frequentam a escola e 25% não estão matriculados na escola. Dos jovens com idade de 18 anos, 5% estão no ensino médio e 5% estão matriculados mas não frequentam a escola. A partir destes dados, observa-se que os jovens de 16 a 17 anos que não estão matriculados na escola ou estão matriculados, mas não frequentam a escola somam 35% dos adolescentes, isso pode ser explicado pela distorção entre série e idade, onde as dificuldades escolares aumentam e os jovens não conseguem acompanhar as aulas devido às dificuldades encontradas ao longo de suas vidas, ocasionando o que se identifica como evasão escolar. 26 Gráfico 3: Tempo de cumprimento e medida socioeducativa Fonte: Elaborado pela autora Neste gráfico é possível observar que a medida socioeducativa de advertência não é frequente, apresentando 7% como dado, em seguida, com também 7% apresenta-se a medida de liberdade assistida aplicada de 4 a 6 meses. A medida socioeducativa de obrigação de reparar danos, é dada como 7% no período de 1 a 3 meses e 4% no período de 4 a 6 meses. A internação tem dados diferentes em determinados períodos como: de 6 meses a 1 ano 11%, de 1 ano a 1 ano e meio 4% e de 2 a 3 anos 4%, somando entre esses dados referentes à internação 19%. E como predominante surge nesse gráfico a medida socioeducativa de prestação de serviço à comunidade, sendo 18% no período de cumprimento de 4 a 6 meses e 36% no período de 1 a 3 meses. Isso significa dizer que 54% das medidas socioeducativas executadas pelos jovens a partir da ONG Catavento é de prestação de serviço à comunidade. 7%7% 4% 36% 18% 7% 4% 11% 4% 4% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 1 a 3 meses 4 a 6 meses 6 meses a 1 ano 1 ano a 1ano e meio 2 a 3 anos Advertência Obrigação de reparar dano Prestação de serviço à comunidade Liberdade assistida Internação 27 Gráfico 4: Ano de maior incidência de atos infracionais Fonte: Elaborado pela autora Dos prontuários analisados verifica-se através deste gráfico que 25% dos crimes foram cometidos em 2015 e no ano de 2016 foram 75%, observando um crescimento triplicado de um ano para o outro. Com a crise do sistema capitalista, na conjuntura ficam expressas diversas consequências esse demasiado crescimento possivelmente está atrelado à tal crise que implica na incidência de atos infracionais ano a ano. Gráfico 5: Participação em grupos e oficinas na ONG Catavento Fonte: Elaborado pela autora 25% 75% 2015 2016 20% 10% 40% 10% 20% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% Nenhum Mecânica e serviços Artes Costura e culinária Imagens Não participa Participa 28 Na ONG Catavento há 4 oficinas das quais os adolescentes em conflito com a lei estão inseridos sendo elas: Artes(40%), Imagens (20%), Costura e culinária(10%), Mecânica e serviços(10%). Ainda é possível observar que 20% destes adolescente não participam de nenhuma oficina. A partir destes dados é possível observar que a ONG Catavento preocupa-se com a ocupação e o desenvolvimento psicossocial dos adolescentes que atendem. Os jovens que não fazem parte de nenhuma oficina provavelmente são os que trabalham em período integral e não têm disponibilidade de horário. Gráfico 6: Ato infracional e gênero Fonte: Elaborado pela autora Este gráfico mostra os atos infracionais cometidos pelos/as adolescentes e o gênero. Os dados na cor vermelha representam meninos e na cor roxa representam meninas sendo: 11% receptação dolosa especial, 7% homicídio, 7% falta de habilitação. 4% lesão corporal, 14% furto/roubo, 11% crime contra 29% 4% 7% 11% 14% 4% 7% 7% 11% 7% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Menino Menina 29 meio ambiente ou patrimônio público, 7% posse de drogas, 4% tentativa de homicídio e 29% tráfico, todos meninos. Das meninas 7% cometeram roubo. Gráfico 7: Reincidência e uso de drogas Fonte: Elaborado pela autora Observa-se a partir deste gráfico que 30% dos adolescentes que não reincidiram em ato infracional não usam drogas, outros 40% dos não reincidentes são usuários. Observa-se também que todos os jovens reincidentes (30%) são usuários de drogas. Com isso é possível identificar que 70% dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa são usuários de drogas. Sendo este um dado bastante importante e potencialmente revelador no tocante a alcançar os objetivos específicos desta pesquisa. 30% 40% 30% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% Reincidente Não reincidente Usuário de drogas Não usuário de drogas 30 Gráfico 8: Filhos Fonte: Elaborado pela autora É possível compreender a partir deste gráfico que 80% dos jovens não possuem filhos, e aqueles que possuem, estão em configurações familiares distintas sendo elas: 5% dos/as filhos/as moram com a avó materna; 5% têm uma parceira gestante; 5% dos/as filhos/as moram com o/a adolescente; 5% dos/as filhos/as estão em acolhimento institucional. Gráfico 9: Membros do núcleo familiar Fonte: Elaborado pela autora 5% 5% 5% 5% 80% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Não possui filhos/as Filho/a mora com avó materna Perceira gestante Filho/a mora com o/a adolescente Acolhimento institucional O/a Jovem possui filho/a O/a Jovem não possui filho/a 40% 20% 15% 5% 20% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% Pai e mãe Apenas mãe Apenas pai Tios Outros (Mãe e avó, mãe e padrasto, acolhimento institucional) Pai e mãe Apenas mãe Apenas pai Tios Outros (Mãe e avó, mãe e padrasto, acolhimento institucional) 31 A partir deste gráfico observa-se que os núcleos familiares dos adolescentes em conflitocom a lei no município de Osório são diversos, sendo 40% núcleo composto pelo pai e pela mãe, 20% têm como núcleo apenas a mãe, 15% apenas o pai, 5% vivem com os tios e 20% possuem outras configurações familiares, possuindo como núcleo a mãe e a avó, ou mãe e padrasto, ou até mesmo estão em acolhimento institucional. Essa identificação de dados confronta pesquisas de nível nacional que mostram a prevalência de adolescentes que possuem configurações familiares compostas apenas por suas mães. Gráfico 10: Antecedentes criminais na família Fonte: Elaborado pela autora Este gráfico representa a quantidade de jovens que possuem alguém da família em situação de privação de liberdade, ou que já estiveram no sistema prisional. Constata-se por meio deste que 65% dos adolescentes não possuem nenhuma pessoa na família com antecedentes criminais enquanto 35% possuem. 35% 65% sim não 32 5% 5% 20% 20% 10% 5% 5% 5% 10% 15% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 3 pessoas 4 pessoas 5 pessoas 6 pessoas 7 pessoas 11 pessoas 1 salário ou menos 1 a 2 salários 3 a 4 salários 30% 5% 10% 10% 20% 10% 10% 5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% Medianeira Glória Sulbrasileiro Atlântida Sul Albatroz Caravágio Porto Lacustre Maquiné Zona Urbana Zona Rural Gráfico 11: Localidade de moradia Fonte: Elaborado pela autora Neste gráfico observa-se que em cor azul estão as localidades de moradia da zona urbana, totalizando 95% distribuídos em diversos bairros como: 30% no medianeira, 5% no glória, 10% no sulbrasileiro, 10% em atlântida sul, 20% no albatroz, 10% no caravágio e 10% no porto lacustre. Em cor vermelha tem- se 5% que residem na zona rural de um município limítrofe (Maquiné). Conclui- se a partir desta análise que a maior incidência de adolescentes que cometem atos infracionais está localizada nas regiões periféricas da cidade. No mapa da cidade de Osório em anexo, a visualização destes bairros se torna mais clara. Gráfico 12: Renda e pessoas que residem com o adolescente Fonte: Elaborado pela autora 33 A partir deste gráfico vê-se que 65% dos adolescentes independente de sua composição familiar, vivem com renda de 1 a 2 salários mínimos, 10% vivem com 1 salário ou menos e 25% vivem com renda de 3 a 4 salários. As composições familiares são variadas, no entanto, é possível observar que 35% das famílias são compostas por 3 pessoas, 20% compostas por 4 pessoas, 25% compostas por 5 pessoas, 5% compostas por 6 pessoas, 10% compostas por 7 pessoas e 5% compostas por 11 pessoas. Gráfico 13: Escolaridade e Ocupação Fonte: Elaborado pela autora O gráfico acima corresponde à escolaridade e ocupação dos adolescentes em conflito com a lei, sendo que: 20% dos jovens que possuem ensino fundamental incompleto não possuem ocupação, dos jovens que possuem ensino médio incompleto 5% trabalham como auxiliar de construção, 10% trabalham como ajudantes e 5% são atendentes. Dos jovens que estão matriculados na escola, mas não frequentam (situação de evasão escolar), 20% não possuem ocupação e 10% são auxiliares de construção. E dos adolescentes não matriculados na escola 5% trabalha como atendente, 10% não possui ocupação, 5% trabalham no setor de limpeza e 10% trabalham com pintura. Observa-se que de modo geral as ocupações daqueles adolescentes que possuem, é inserida no setor primário. Após esta descrição é possível identificar que a cor de maior destaque é a verde, correspondente a não 5%5% 10% 20% 20% 10%10% 5% 5% 10% Fundamental Incompleto Fundamental Completo Médio Incompleto Matriculado mas não frequenta Não matriculado Auxiliar de produção Auxiliar de construção Não possui Ajudante Atendente limpeza pintura 34 possuir ocupação, isso pode se justificar pela pouca oferta de empregos da cidade. Ou também a possibilidade de haver uma população dos chamados "nem nem', jovens que não trabalham nem estudam, formando o que Karl Marx chamou de exército de reserva, sendo este um conceito desenvolvido em crítica da economia política, e refere-se ao desemprego estrutural das economias capitalistas. 6.2. Ressalvas É importante ressaltar que o item “deficiência” consta no instrumento de coleta de dados, no entanto foi desconsiderado, tendo em vista que o problema e objetivos da pesquisa são independentes de ser alcançados a partir deste, e também por entender que esse item não possui uma correlação com os outros itens, no momento da elaboração de tal instrumento uma questão relativa ao “acesso aos serviços da rede pública de saúde” sendo esta uma questão de maior abrangência. 35 7. RESULTADOS Analisando os dados da presente pesquisa identificou-se que a prática de atos infracionais é significativamente recorrente com adolescentes do gênero masculino de cor autodeclarada branca. Revelando uma questão de gênero vivida pela sociedade patriarcal que trata meninas e meninos desde o seu nascimento de maneira diferente, reproduzindo e cultuando determinados comportamentos para cada gênero. No que diz respeito à cor da pele, a justificativa para tal é que a população da cidade de Osório segundo o IBGE (censo 2010), aproximadamente 87% da população é autodeclarada branca. Foi notório que, no que tange à escolarização, muitas vezes vem por encaminhamento do/a juiz/a ou promotor/a que o adolescente seja incluso na rede escolar de ensino. Nesse sentido, um dos direitos fundamentais como a educação, passa a ter um caráter de dever, e não um direito, no entanto há fragilidades no percurso, tendo em vista que a sociedade de modo geral estabelece preconceitos com relação a estes adolescentes. A escola Milton Pacheco é a única que disponibiliza vagas aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa, no entanto neste ambiente escolar existem conflitos de grupos rivais que por diversas vezes acabam aproximando o jovem de um novo ato infracional. Para Arroyo (2007), a escola tradicionalmente funciona com parâmetros classificatórios dos educandos e a rotulação dos alunos não apresenta impactos somente nos processos de socialização, na criação de vínculos, na avaliação e no percurso individual de ensino e aprendizagem, mas reverberam também no desenvolvimento humano, ético, identitário das pessoas rotuladas. Outro fato que também se comporta como um limitador da permanência do adolescente na escola é a defasagem escolar, isto é, a grande diferença entre a idade do jovem e a idade escolar, causando assim a evasão escolar que ocorre quando o mesmo está matriculado, mas não frequenta as aulas. Para que haja permanência do adolescente na escola, é necessário que a escola como um todo desde a sua composição, esteja preparada para receber o adolescente, com o propósito de ensinar, não de julgá-lo por seus atos. 36 Considerando que a escola desempenha um papel central no desenvolvimento e na formação da criança e do adolescente, essa dificuldade de acesso e permanência no sistema de educação formal, apresentada pelos dados de pesquisas, pode significar limitar o desenvolvimento do indivíduo, impedindo-o de construir novas significações sociais e de adquirir consciência de sua situação por meio da vivência escolar. Os dados apresentados tornam-se mais alarmantes se considerarmos que a educação permite ao ser humano escrever a própria vida, existenciar-se e que “alfabetizar é conscientizar” (FREIRE, 2009, p. 9). Foi possívelidentificar todos os tipos de cumprimento de medidas socioeducativa na análise de dados, no entanto, a que prevaleceu mais foi a de Prestação de Serviços à Comunidade, sendo esta desenvolvida na Ong Catavento através da oficina de Artes ministrada por um artista plástico, tendo em vista que outros serviços do município não demonstram interesse em disponibilizar espaços e ocupações de modo a contribuir com a execução das medidas socioeducativas dos adolescentes. Para LIBERATI (2003)quando há um acompanhamento adequado ao adolescente pela entidade há mais efetividade na medida. Ressalta também que quando a PSC e LA são realizadas no contexto familiar e comunitário, possibilitam “reexaminar sua conduta, avaliar as consequências delas derivadas e propor uma mudança de comportamento, com indicação de que não mais irá praticar atos ilícitos”. Observou-se que do ano de 2016 para 2017 houve um crescimento importante no tocante à prática de atos infracionais, identificou-se que de um ano para o outro os dados triplicaram, provavelmente a partir da crise instaurada no pais. A tipificação de atos infracionais mais cometidos são: tráfico/uso de drogas e roubo/furto, observando um aumento na prática de homicídios. “Mais do que opções por carreiras criminais determinadas, estudos têm apontado que os jovens inclinam-se ao trânsito entre o articulado tráfico de drogas e o avulso roubo, recusando via de regra, um percurso único no mundo do crime.” (TEIXEIRA, 2012) 37 Atrelado ao tipo de ato infracional que o adolescente pratica, está a reincidência e o uso de drogas, identificou-se que 30% dos adolescentes são reincidentes e que este número vem diminuindo com o passar dos anos. No entanto todos os reincidentes são usuários de drogas e além disso, dos não reincidentes 40% também é usuário de drogas. É importante destacar nesta pesquisa que há uma manipulação midiática referente ao adolescente, prática de atos infracionais e uso de drogas, provocando discussões a partir de uma única perspectiva sobre a questão da redução da maioridade penal, naturalizando o adolescente em vulnerabilidade social como “infrator”, incentivando o combate ao usuário, ao adolescente e às drogas, sejam elas quais forem, fortalecendo preconceitos enraizados na sociedade. A maior parte dos adolescentes em conflito com a lei desta pesquisa possuem renda de 1 a 2 salários mínimos, mostrando que a maioria dos adolescentes vivencia uma realidade marcada pela desigualdade social. As circunstâncias de vida destes sujeitos sociais configuram-se como a expressão das múltiplas manifestações de exclusão/inclusão. Exclusão principalmente dos espaços de cidadania onde deveriam prevalecer os direitos sociais, como educação, cultura e lazer e, inclusão num sistema de privação de direitos, de criminalização, de violência, de privação de liberdade, por vezes, sem as garantias educativas e sem devido acompanhamento para a inserção social. Outro dado importante é que os adolescentes em questão não possuem ocupação/trabalho e quando possuem são posições no setor primário, isso porque segundo (POCHMANN, 2000)as transformações no mundo do trabalho atingiram diretamente o modo de condição de vida das classes trabalhadoras que passaram a vivenciar o desemprego estrutural somado às condições e relações de trabalho precárias. A possibilidade de inserção se torna ainda mais difícil nesta conjuntura quando em condição de adolescente em conflito com a lei, encontrando piores condições do que os adultos, já que existe uma menor experiência e menos qualificação. Ao longo das análises de dados, em discussões com a equipe técnica da ONG Catavento observou-se uma certa fragilidade e limitações na micro rede de atenção aos adolescentes em conflito com a lei no município de Osório. Identificou-se instituições de referência além da ONG Catavento como: ESF 38 dos bairros, CAPS Casa Aberta, Escola Estadual Milton Pacheco, CRAS Glória, Ministério Público, TJ-RS Juizado da Infância e Juventude. A pesar de haver tais serviços de referência, a comunicação e articulação entre estes não é efetiva, prejudicando o processo de cumprimento de medida socioeducativa. Na ausência de qualquer rede de proteção social, é certo que a juventude dos bairros populares esmagados pelo peso do desemprego e do subemprego crônico continuará a buscar no “capitalismo de pilhagem” da rua os meios de sobreviver e realizar os valores do código de honra masculino, já que não consegue escapar da miséria do cotidiano. (WACQUANT,2001) A ONG Catavento é o espaço existente (na ausência da existência de um CREAS) no município para o cumprimento de medidas socioeducativas, executando-as a partir do programa RECRIAR com o objetivo de atuar como vetor na garantia dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, oferecendo acompanhamento terapêutico e social àqueles em situação de vulnerabilidade social, buscando um desenvolvimento psicossocial satisfatório e uma inserção social efetiva e cidadã. Existe neste espaço a construção de um trabalho que rompe com o estigma criado em relação aos adolescentes, bem como um atendimento, de fato, pensado para o adolescente, de forma que ele seja protegido e não controlado, tão pouco que seja controlado para que a sociedade seja protegida deste Compreender o trabalho realizado pela ONG Catavento e a maneira como se organiza a rede socioassistencial do município foi fundamental para a construção desta pesquisa e é também importante para compreender a situação do adolescente, permitindo a identificação de quais elementos da rede são pertinentes e devem ser envolvidos no processo de socioeducação. . 39 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho de pesquisa iniciou-se a partir de percepções e curiosidades, o cumprimento de medidas socioeducativas como um todo era um fator que gerava inquietude na pesquisadora e poder desvelar como se dá este processo no município de Osório/RS foi uma oportunidade para fazer aproximações com o sistema. Durante o processo de construção do projeto e relatório de pesquisa, houve algumas mudanças pontuais, como objetivos e problemas, isso se deu porque inicialmente a pesquisa seria voltada para a prática do assistente social no campo de medidas socioeducativas, no entanto isso se tornou inviável e optou- se por analisar o trabalho da ONG Catavento como executora de medidas socioeducativas. Ao realizar aproximações com o tema e o espaço de trabalho, foram necessárias transformações de pensamento, rompimento de paradigmas vivenciados e estigmatizados pelo senso comum, de modo a compreender através de uma leitura de realidade diferenciada (com base no projeto ético- político da profissão, condicionada aos princípios éticos que constroem o agir profissional) como se dá o processo de execução de medidas socioeducativas, compreendendo a existência de meios legais que dão conta da mesma. Não coube nesta pesquisa um julgamento de valor, nem com o adolescente, tampouco com os profissionais que realizam o atendimento direto com eles. Nesse sentido, cabe pensar no papel da ONG Catavento, não apenas como uma entidade executora de medidas, mas como um espaço profissional para pensar e construir saberes voltados para o segmento populacional que atende. Esta pesquisa foi fundamental para o crescimento pessoal e profissional da pesquisadora, mesmo que no início tenham surgido algumas frustrações e desencontros, após a organização e entendimento do que se pretendia alcançar, juntamente com orientações acadêmicas, foi possível chegarao que se pretendia. Por fim, esse trabalho buscou pensar a realidade social, que quando devidamente problematizada, permite reconhecer elementos constitutivos das relações sociais que nem sempre aparentes, mas que se devidamente articulados, permite melhor enfrentamento da questão social. 40 9. REFERÊNCIAS ARROYO, M. 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APÊNDICES APÊNDICE A Termo de Cessão de Informações Como representante legal da ONG CATAVENTO, autorizo a cessão de informações relativas à pesquisa documental intitulada, ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI- ATUAÇÃO DA ONG CATAVENTO FRENTE ÀS MEDIAS SÓCIOEDUCATIVAS, ser executada pela acadêmica Carolina de Souza Gomes sob orientação da Prof. Maria Aparecida Marques da Rocha, do Curso de Serviço Social da Unisinos. Estou ciente que esses dados serão de uso exclusivo acadêmico e subsidiarão a pesquisa que pretende contribuir para a identificação do perfil e dos aspectos determinantes que levam adolescentes a cometerem atos infracionais na cidade de Osório. Foram esclarecidos termos sobre os procedimentos éticos que envolvem a coleta de dados, sob responsabilidade do/a pesquisador/a, no trato confidencial de quaisquer informações que possam expor individualmente as fontes de pesquisa. De acordo com o que foi anteriormente exposto, eu _____________________________________em nome da instituição, declaro estar de acordo em autorizar a realização desta pesquisa, assinando este termo em duas vias, ficando com a posse de uma delas. Local______________________________________________ ______________________________________________ Assinatura do representante da instituição __________________________________ Carolina Gomes 44 APÊNDICE B Instrumento de registro - Dados do usuário 1. Como identifica seu Gênero/ Sexo: ( )Feminino ( ) Masculino 2. Como identifica sua Cor/ Raça/ Etnia: ( ) negra ( ) preta ( ) parda ( ) branca ( ) indígena ( ) amarela ( ) outra?_______________________ 3. Qual sua Faixa Etária/ Idade: ( ) 12 a 13 anos ( ) 14 a 15 anos ( ) 16 a 17 anos ( ) 18 anos 4. Qual sua Escolaridade/ Formação Acadêmica: ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio ( ) Matriculado mas não frequenta a escola ( ) Não matriculado na escola 5. Estado Civil: ( ) solteira/o ( ) casada/o ( ) separada/o Tem parceiro(a)? ( ) sim ( ) não 6. Deficiência: Possui alguma deficiência? ( ) não ( ) sim: Qual? _____________________ 7. É usuário de drogas/substâncias psicoativas? ( ) sim ( ) não 8. Ato(s) infracional(is) cometido(s): _______________________________________________________________ 9. Ano em que o ato infracional foi cometido: ( ) 2015 ( ) 2016 10. Medidas socioeducativas já aplicadas: ( ) Advertência ( ) Obrigação de reparar dano ( ) Prestação de serviços à comunidade ( ) Liberdade assistida ( ) Semiliberdade ( ) Internação 11.Tempo de cumprimento de medida: ( ) 1 a 3 meses ( ) 4 a 6 meses ( ) 6 meses a um ano ( ) um ano e seis meses ( ) dois anos ( ) dois anos e meio ( ) três anos 12. Participa de algum grupona ONG? ( ) sim ( ) não Qual/?_____________________ Situação familiar 1. Membros do núcleo familiar ( ) Pai e Mãe ( ) Apenas mãe ( )Apenas pai ( ) Avós ( ) Tios ( )Outros__________________ 2. Irmãos: ( ) 1 irmão ( ) 2 irmãos ( ) 3 irmãos ( ) 4 ou mais 3. Há antecedentes criminais na família? ( ) Sim ( ) Não 4. Alguém ainda cumpre pena? ( ) Sim ( ) Não 5. Renda total familiar (Salário Regional do estado do Rio Grande do Sul adotado: 1.103,66) ( ) 1 salário mínimo ou menos ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) 5 ou mais salários mínimos 6. Membros da família/ Filhos: Número de membros no núcleo familiar: Possui filhos? ( )sim ( )não Com quem moram os filhos?_______________________________________ 7. Moradia: ( ) área urbana ( ) área rural Bairro em que reside:______________________________________________ 8. Condições habitacionais: ( ) casa própria ( ) alugada ( ) cedida ( ) outras_____________________ 9. Inclusão da família em políticas públicas ( ) programa assistencial ( ) programa de saúde ( ) outros APÊNDICE C Mapeamento das localidades onde residem os adolescentes em conflito com a lei:
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