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AULA DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO - AULA 01
1) Noções Gerais de Direito Administrativo
É ramo do direito público.
1.1) Origem do Direito Administrativo
Com o surgimento do Estado de Direito, fruto do pensamento filosófico e político identificado como iluminismo, é que podemos considerar formado o Direito Administrativo.
O surgimento do Estado de Direito, ou seja, do Estado que se submete às suas próprias leis, é uma conquista tanto das ideias de um conjunto de pensadores políticos, dos iluministas do século XVII (SPINOZA, LOCKE, BAYLE e NEWTON) ao século XVIII, em especial franceses (DIDEROT, D’ALEMBERT, VOLTAIRE e MONTESQUIEU) e norte-americanos (BENJAMIN FLANKLIN e THOMAS JEFFERSON), como também das mudanças econômicas (aparecimento do liberalismo e da Revolução Industrial)), que possibilitaram o aparecimento das condições materiais para implementação das mudanças políticas, com o imprescindível apoio das classes economicamente dominantes (burguesia) em substituição ao poder então exercido pela nobreza e pelo clero.
As revoltas políticas do séc. XVIII, em especial a Revolução Francesa (1789) e o movimento de independência norte-americano (1776), possibilitaram a implementação, na prática, do ideário iluminista, assim como das doutrinas jurídicas e políticas dele derivadas, como o constitucionalismo e o contratualismo.
Dessas revoltas políticas, originaram-se importantes documentos jurídicos, como Constituição norte-americana (1787) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), pedras fundamentais do Estado de Direito.
Será na FRANÇA, durante o período revolucionário, que será editada a legislação que é considerada por muitos como o atestado de nascimento do Direito Administrativo, a Lei de 28 pluvioso do ano VIII, responsável pela organização jurídica da administração pública francesa.
1.2) Objeto e conceito
O Estado possui três “poderes” (também chamados de funções), que são harmônicos e independentes entre si, tendo sua previsão normativa, no ordenamento jurídico brasileiro vigente, no art. 2º da CF/88.
“Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
É importante ficar claro que os “PODERES DO ESTADO” nada mais são do que órgãos públicos, porém de uma categoria especial, denominados “independentes”.
Dentro da ideia de separação de poderes mitigada, cada “Poder” exerce uma função principal, chamada também de típica ou precípua, que é aquela para a qual foi fundamentalmente criado, e outras atípicas ou não precípuas, que, apesar de não serem as funções predominantes, são necessárias, seja para fins de controle (sistema de freios e contrapesos), seja para viabilizar a gestão administrativa de suas estruturas.
Todos os poderes exercem função administrativa, porém o Executivo a desenvolve de forma típica, tendo atuação bem mais abrangente do que a desenvolvida pelos Poderes Legislativo e Judiciário. O exercício de tal função nestes dois poderes está mais ligado à gestão interna de suas estruturas, ao passo que o Executivo, além da administração de sua estrutura interna, infinitamente maior, também realiza a gestão de atividades externas, como prestação de serviços públicos, exercício do poder de polícia etc.
O Direito Administrativo tem como objeto de estudo justamente a função administrativa, o que evidencia que ele não é o ramo do direito que disciplina apenas as atividades do Poder Executivo.
Em todos os “Poderes”, existe a função administrativa, ora de forma principal, como é o caso do Poder Executivo, ora de forma atípica, como sucede nos Poderes Legislativo e Judiciário.
Podemos conceituar Direito Administrativo como o ramo do direito que se preocupa em estudar as relações jurídicas da Administração Pública para com os administrados, as prerrogativas daquela em vista da supremacia do interesse público, mas, também, os direitos destes últimos em vista dos princípios que informam a primeira, como a legalidade, a impessoalidade e a moralidade.
Também estuda o regime jurídico dos bens públicos, dos agentes públicos, das contratações feitas pelo poder público e dos serviços prestados pela Administração Pública, diretamente ou por meio de terceiros.
1.3) Fontes do Direito Administrativo
Consideram-se fontes de uma determinada disciplina aquelas regras ou comportamentos que provocam o surgimento de uma norma posta.
1.3.1) Lei
Continua sendo a fonte primária e principal do Direito Administrativo, estando reconhecida constitucionalmente a importância do princípio da legalidade (art. 5º, inciso II, da CF/88), inclusive como princípio orientador da própria Administração Pública (art. 37, caput, da CF/88).
“Art, 5º, inciso II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”
O direito estatal, no entanto, não se resume à lei, em seu sentido formal, sendo esta complementada por inúmeros atos regulamentares, como decretos, portarias, resoluções e instruções normativas, sendo cada vez mais frequente o fenômeno denominado deslegalização, pelo qual o próprio legislador deixa grandes lacunas sobre a disciplina de temas de alta tecnicidade para serem preenchidas em atos regulamentares.
1.3.2) Doutrina
Se constitui do conjunto de pareceres e de considerações dos operadores do direito acerca do alcance e a interpretação da lei.
1.3.3) Costumes
Também se revela fonte do direito, na medida em que as práticas reiteradas e constantes de atos jurídicos, seguindo certos modelos padronizados de comportamento, servem de parâmetro para que o legislador eleve a prática à categoria de norma jurídica escrita e para que o intérprete complemente o vazio legal e/ou interprete a lei conforme o costume.
Não se admite que o costume seja frontalmente contrário à lei. Neste caso, não é ele dotado de juridicidade.
1.3.4) Jurisprudência
Aqui entendida como a reiteração de decisões de um tribunal ou de vários tribunais sobre um mesmo tema de direito, também pode servir de fonte do direito. Pouco importa se a jurisprudência esteja sumulada ou não, basta que seja reiterada para que sirva como fonte. Nosso sistema está cada vez mais valorizando a jurisprudência como fonte do direito, talvez já tendo suplantado em importância a doutrina.
Observe-se que a súmula vinculante, em razão de disposição constitucional (art. 103-A, incluído pela EC 45/04), tem a mesma força cogente da lei. Se considerarmos que ela possa advir de uma interpretação direta do texto constitucional, como parece ter feito o STF no caso do nepotismo, ela passa a constituir, também, fonte primária.
No entanto, toas essas fontes (doutrina, costume e jurisprudência, assim como as normas infralegais) são fontes secundárias do Direito, pois delas não podem decorrer obrigações ou direitos novos. Elas apenas complementam os conceitos primários da lei.
1.4) Sistemas de Direito e sistemas de jurisdição
O direito brasileiro compõe o grupo genericamente denominado civil law, que conta como fonte histórica o direito romano e, posteriormente, este último aliado aos direitos canônico e bárbaro-germânico, tendo se espraiado de forma predominante pela Europa continental, incluindo Alemanha, Áustria, França, Bélgica, Suíça, Itália, Rússia, Espanha e Portugal, ramificando-se, a partir daí, para os países colonizados pelos países ibéricos, com destaque para a América Latina (México, Costa Rica, Brasil, Peru, Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai etc.).
Esse grande sistema jurídico tem como característica principal a “codificação”, ou seja, a compilação dos blocos ou ramos do direito em leis que procuram disciplinar todos os aspectos e institutos de cada matéria, o que constituiherança do direito francês, notadamente do período napoleônico.
Ainda que não haja códigos sobre um ramo do direito, haverá leis escritas sobre ele, embora esparsas e assistemáticas.
É um sistema, portanto, que tem como fonte principal o direito a leu e, apenas secundariamente, outros meios jurídicos.
Diversamente, os países que seguem o chamado common law, derivado do direito anglo-saxão, com destaque para a Inglaterra, espraiando-se, a partir daí, para os países por ela colonizados (EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia dentre outros), tiveram seu desenvolvimento predominantemente a partir de decisões judiciais, interpretando, inicialmente, o direito costumeiro ou consuetudinário e, Posteriormente, as próprias leis esparsamente editadas.
Dentro destes sistemas de direito, desenvolveram-se sistemas de jurisdição voltados para a correção dos atos administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo Poder Público. Os principais são os seguintes:
 a) SISTEMA INGLÊS, também chamado de sistema judiciário ou sistema de jurisdição única.
Neste sistema, quem decide em última instância é o Poder Judiciário. Neste caso, a administração também julga, mas não é a Administração que decide em última instância. O julgado da Administração, assim, pode ser revisto pelo Poder Judiciário.
É O REGIME ADOTADO NO BRASIL.
Observe-se, no entanto, que isto não significa que não possa haver aqui Tribunais e Cortes Administrativas. A realidade é que, neste sistema, estas não têm o poder de julgar as demandas de interesse da Administração Pública com ares de definitividade, ou seja, a coisa julgada, em relação às decisões desses tribunais, só ocorre na esfera administrativa, podendo elas serem contestadas ou impugnadas na esfera judicial.
Órgãos como o Conselho de Recursos da Previdência social – CRPS, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, o Conselho de Recursos do sistema Financeiro Nacional, O tribunal marítimo e os próprios Tribunais de Contas não constituem, propriamente, uma jurisdição administrativa, no sentido aqui tratado, pois suas decisões podem ser revistas pelo Poder Judiciário.
b) SISTEMA FRANCÊS, também chamado de sistema do contencioso administrativo.
Neste sistema, a revisão dos atos administrativos é feita pela própria administração, admitindo-se a intervenção do Poder Judiciário de maneira excepcional (Ex: nas atividades praticadas pelo Estado que seguem o regime privado – como em contrato de locação; na propriedade privada; na repressão penal).
1.5) Regime Jurídico Administrativo
A atividade administrativa é voltada, direta ou indiretamente, à busca do interesse público. Essa expressão é chave no Direito Administrativo e, por conta dela, desse fim a ser alcançado, ao Estado foi conferido um regime jurídico diferenciado que o possibilita alcançar sua meta de maneira mais eficiente.
Esse regime jurídico administrativo ou público, como é conhecido, é composto por um conjunto de normas que irão nortear as atividades estatais, ou de seus delegados, na busca do interesse público. São normas distintas daquelas que orientam as relações existentes entre os particulares.
Existem dois princípios fundamentais que compões a ALMA DO DIREITO ADMNISTRATIVO:
1 – princípio da supremacia do interesse público sobre o particular;
2 – princípio da indisponibilidade do interesse público.
Tais princípios são fundamentais a ponto de o mestre Celso Antônio Bandeira de Mello, com razão, afirmar que “todo o sistema de Direito Administrativo, a nosso ver, se constrói sobre os mencionados princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e indisponibilidade do interesse público pela Administração.”
1.5.1) Princípio da Supremacia do Interesse Público
Por este princípio, percebe-se que o ordenamento jurídico conferiu um tratamento diferenciado ao Estado, o qual é possuidor de uma série de prerrogativas e poderes diferenciados. Tudo isso, repita-se, como meio de alcançar, satisfazer, zelar pelo interesse público de forma mais eficaz.
Pode-se demonstrar essa supremacia sob três planos diferentes: material, processual e contratual.
No PLANO MATERIAL, verifica-se uma série de atributos que os atos praticados pelos agentes públicos possuem, como, por exemplo:
a) presunção de legitimidade do ato;
b) presunção de veracidade do ato;
c) imperatividade do ato;
d) autoexecutoriedade.
etc.
No PLANO PROCESSUAL, percebe-se que, quando a Fazenda Pública está em juízo, goza de uma série de prerrogativas, tais como:
a) prazo em dobro para se manifestar (art. 183 do CPC);
b) intimação pessoal dos seus procuradores no processo (art. 183, § 1º, do CPC) e desnecessidade de apresentação de instrumento de mandato para que aqueles atuem (art. 9º da Lei 9.469/97);
c) impenhorabilidade de seus bens;
d) pagamento de suas dívidas, quando decorrentes de condenação judicial, quitadas pela sistemática de precatório (art. 100 da CF/88).
etc.
Por fim, até sob análise do PLANO CONTRATUAL, percebe-se uma série de prerrogativas que o Poder Público possui quando firma contratos administrativos, cujas cláusulas neles inseridas comportam a possibilidade de:
a) alteração unilateral;
b) rescisão unilateral; 
c) poder de fiscalização;
d) poder de aplicar penalidades motivadas ao contratado;
e) aplicação mitigada do princípio da exceção do contrato não cumprido;
etc.
1.5.2) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público
O Estado Brasileiro adotou a forma republicana de governo. República significa “coisa pública”, coisa de todos nós. Inclusive o parágrafo único do art. 1º de nossa Carta Magna prescreve que “todo poder emana do povo”.
“Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
Ocorre que o povo, verdadeiro titular do poder, dono da “coisa pública”, não tem como administrá-la, razão pela qual o ordenamento jurídico criou toda uma estrutura organizacional para geri-la. É a chamada “Administração Pública” em sentido amplo.
Essa ampla estrutura administrativa, formada pela União, Estados, Municípios, seus órgãos, sua Administração Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, Sociedades de Economia Mista), é dirigida por um contingente humano que são os “agentes públicos”.
Esses agentes estão administrando algo que não é deles e é por essa razão que não podem gerir os interesses públicos como o fazem na gestão de seus interesses privados.
Daí se extrai o princípio da indisponibilidade do interesse público.
OBS: INTERESSE PÚBLICO PRIMÁRIO X INTERESSE PÚBLICO SECUNDÁRIO.
TREDESTINAÇÃO = DESVIO DE FINALIDADE.
Ao conjunto de regras que incide sobre a Administração envolvendo prerrogativas e obrigações, dá-se o nome de REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO/REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO.
1.6) Princípios Expressos (CF/88) da Administração Pública
Localização dos princípios expresso na Carta Magna de 1988: art. 37 da CF/88 (Regras Mínimas para preservarem o interesse público).
A CF/88 foi a primeira constituição, entre todas, a reservar um capítulo para tratar do disciplinamento da Administração Pública.
O art. 37 da CF/88 possui natureza exemplificativa, ou seja, comporta ampliação.
Para preservar o interesse público o administrador deve observar pelo menos, no mínimo, esses cinco princípios expressos no art. 37 da CF/88.
LIMPE = LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA.
Destinatários: Administração Direta e Indireta (art. 37 da CF/88).
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”
1.6.1) Princípio da Legalidade
Trata-se de princípio constitucional expresso.
Como é cediço,o Brasil adotou a forma republicana de governo. República vem de res publica, o que significa coisa pública, coisa de todos, de todo o povo. Por isso o parágrafo único do art. 1º da CF/88 enuncia que o poder emana do povo.
Ocorre que não tem como o povo, verdadeiro titular do poder, administrar essa “coisa pública”, razão pela qual o ordenamento jurídico criou toda uma complexa estrutura com o objetivo de gerir e administrar todo esse aparato. Trata-se da Administração Pública, matéria afeta à temática da “organização administrativa”.
Assim, existe um conjunto de entes, entidades, órgãos e agentes que serão responsáveis pela gestão da coisa pública. Ocorre que, da mesma forma que se passa no direito privado, para que uma pessoa represente outra é necessário que aquela esteja munida de poderes para tanto, o que, no direito privado, se concretiza por instrumento de mandato, uma procuração. Via de regra, apenas nesses termos teria uma pessoa legitimidade para representar outra.
Acontece que não seria viável que cada um do povo, verdadeiro titular do poder, tivesse que outorgar uma procuração a cada agente público para que este agisse em seu nome na busca dos interesses da coletividade. Seria necessário algo como uma “procuração geral”, em que todos, de uma só vez, atribuíssem legitimidade para os agentes públicos. Daí a criação de nosso sistema representativo, em que o povo elege seus representantes que irão legislar em prol da sociedade. Eis a “procuração geral” atribuindo legitimidade aos agentes públicos.
Por isso que a Administração Pública só pode agir se houver lei autorizando ou determinando a conduta. Poe outras palavras: o desenvolvimento das atividades administrativas está subordinado à lei, o que significa que a Administração apenas pode agir se houver legitimidade – leia-se lei.
Como assevera Celso Antônio Bandeira de Mello, a atividade administrativa deve não apenas ser exercida sem contraste com a lei, mas, inclusive, só pode ser exercida nos termos de autorização contida no sistema legal. Por isso, acertada é a conclusão do saudoso Seabra Fagundes quando afirma que “administrar é aplicar a lei de ofício”.
Conclui-se que a ausência de lei (omissão legislativa) significa que o administrador não pode agir, mesmo que tal conduta não seja proibida. Em resumo: a atividade só poder ser realizada se expressamente prevista em lei como permitida ou obrigatória.
E nesse ponto é que difere o princípio da legalidade para a Administração e o particular, pois a este tudo é permitido, desde que não haja proibição legal em sentido contrário, ou seja, em caso de omissão, o particular poderá agir, uma vez que o art. 5º, inciso II, da CF/88 enuncia que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, comando que desponta como uma garantia constitucional do cidadão.
1.6.2) Princípio da Impessoalidade
Trata-se de princípio constitucional expresso.
Como sabido, a Administração deve atuar voltada para alcançar o interesse público, sendo essa a única razão pela qual possui uma série de prerrogativas e poderes diferenciados.
Note-se que a Administração é impessoal. Quando o agente está em ação, em verdade, quem está agindo é o Estado, que possui como contingente humano seus agentes. Porém, pela Teoria do Órgão – que é baseada na imputação -, a conduta praticada pelo agente é imputada ao Estado.
Assim, quem está fazendo obras não é o gestor, é a Administração, que naquele momento está sendo gerida por aquele agente público. Quem faz apreensão de drogas não é o policial, mas sim a polícia civil, órgão desconcentrado do Estado.
É por conta disso que o princípio em tela veda a promoção pessoal do agente à custa da Administração, sendo, portanto, proibida a vinculação de símbolos e imagens de agentes à gestão para que não haja confusão, pois os feitos são da Administração e não do agente.
Inclusive, o art. 37, § 1º, da CF/88, é claro ao enunciar que:
‘“§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”
O agente, quando está atuando, o faz na condição de Estado e é por isso que a responsabilidade civil é imputada a ele (Estado) e, assim, a vítima deve demandar contra a pessoa jurídica estatal à qual o agente público pertence. Exemplificando, em caso de dano causado pela Polícia Militar, a vítima deve propor demanda contra o Estado da Federação a que o órgão da Polícia Militar pertence (ENTENDIMENTO DO STF).
Outro enfoque dado ao princípio sob análise liga-se ao fato de que está vedada qualquer conduta do gestor voltada para outro fim que não a satisfação do interesse coletivo, sob pena de desvio de poder e ilegalidade da conduta. Isso porque as prerrogativas que foram conferidas aos gestores lhes foram dadas para que estes atuassem focados no objetivo de alcançar e satisfazer o interesse público.
Por fim, entendemos oportuno registrar aqui importante valorização do princípio em comento com a edição da Súmula Vinculante nº 13, que veda o nepotismo.
“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” 
Contudo, é necessário advertir que o STF, no julgamento do AgRg-MC-RCL 6.650-9, entendeu que a proibição contida na referida súmula não alcança o provimento de cargos políticos.
1.6.3) Princípio da Moralidade
Trata-se de princípio constitucional expresso.
O administrador deve agir com honestidade, lealdade e boa-fé. Muitas vezes o ato aparenta ser legal, porém é feito com desonestidade, em meio a conluios, o que nulifica a conduta.
É importante registrar que o fato de o administrador seguir a lei não significa necessariamente, que agiu com moralidade.
A importância dada ao princípio é tão grande que os atos que atentem contra os deveres de honestidade e lealdade são tipificados como atos de improbidade, sujeitando o seu infrator às penas da Lei 8.429/92, tais como: suspensão dos direitos políticos, perda do cargo ou função etc.
Como se isso tudo não bastasse, a Carta Magna reservou um instrumento a mais de controle da observância desse princípio. É o caso da ação popular, remédio constitucional cabível contra ato lesivo ao princípio da moralidade administrativa, conforme prescreve o art. 5º, inciso LXXIII, da CF/88, cuja legitimidade ativa é de todo e qualquer cidadão.
1.6.4) Princípio da Publicidade
Trata-se de princípio constitucional expresso.
Publicidade significa conhecimento, ciência, divulgação pública ao titular do direito (povo), possibilitando o controle e a fiscalização das atividades administrativas. A publicidade é condição de eficácia (início de produção de efeitos) dos atos administrativos.
A ausência de publicidade e a promoção por meio da publicidade, no âmbito da Administração Pública, constituem improbidade administrativa (art. 11 da Lei 8.429/92).
Na licitação, na modalidade convite, há PUBLICIDADE, não havendo, contudo, publicação de edital na imprensa oficial. Assim, publicidade não é sinônimo de publicação. Esta é uma forma de fazer publicidade.
Exceções ao princípio:
a) intimidade: art. 5º, inciso X, CF/88: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”	  
b) segurançada sociedade e do Estado: art. 5º, inciso XXXIII, CF/88: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;”
c) atos processuais judiciais e administrativos sigilosos: art. 5º, inciso LX, CF/88: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;”
1.6.5) Princípio da Eficiência
Trata-se de princípio constitucional expresso.
É de grande importância e foi inserido expressamente ao texto constitucional por meio da Emenda Constitucional 19/98.
Pelo princípio da eficiência, busca-se do agente o seu maior rendimento funcional possível, seja na função que for. Assim, por exemplo, em um setor de contratações, o princípio será homenageado quando:
a) for feita uma boa especificação do objeto que se pretende contratar;
b) se descreve produtos com qualidade;
c) não são exigidos requisitos impertinentes e desarrazoados a título de habilitação, o que pode induzir a uma pequena competitividade na licitação e, por consequência, uma contratação não tão vantajosa.
Em matéria de seleção de pessoal, o princípio é utilizado quando se faz um concurso compromissado, em que efetivamente se avalie o potencial dos candidatos de forma que se possa ter uma presunção de que os aprovados possam contribuir no desempenho das atividades administrativas.
Em matéria de responsabilidade civil, o princípio orienta o agente a agir com cautela, e técnica, para que o Estado não seja alvo de ações indenizatórias com o objetivo de reparar economicamente os danos decorrentes de condutas dolosas ou culposas de seus agentes etc.
A atuação com eficiência não autoriza a atuação em desconformidade com a lei, mesmo que se comprove o alcance da finalidade e da eficácia do serviço público prestado.
O princípio da eficiência é intimamente relacionado com a “ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GERENCIAL”, concepção de acordo com a qual é necessária a redução de custos estatais, priorizando-se o resultado a ser atingido (ao contrário da ADMINISTRAÇÃO BUROCRÁTICA, que prioriza a forma”.
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