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CARTILHA SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO SÓCIO HISTÓRICO

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AT 1
O SERVIÇO SOCIAL 
NO CONTEXTO 
SÓCIO-JURÍDICO
2 32
S
U
M
Á
R
IO
3 UNIDADE 1 - Introdução
5 UNIDADE 2 - A performance do assistente social no âmbito sócio-jurídico
11 UNIDADE 3 - A atuação nas varas de família, infância e juventude 
11 3.1 A atuação do Assistente Social nos casos de adoção
13 3.2 A atuação no caso de Minas Gerais
15 UNIDADE 4 - Estudo, perícia social e afins
15 4.1 Conceitos básicos para o entendimento da atuação do Assistente Social no contexto sócio-jurídico
21 4.2 A utilização do estudo/perícia social 
26 UNIDADE 5 - Atuação junto ao idoso
33 5.1 A Política Nacional do Idoso
36 UNIDADE 6 - O contexto prisional
37 6.1 O Assistente Social e a Lei de Execuções Penais
44 REFERÊNCIAS 
2 33
UNIDADE 1 - Introdução
O caráter instrumental do Serviço Social 
vai além de utilizar técnicas e instrumen-
tos para seu fazer profissional, significa a 
razão de ser dessa categoria. Ele possibili-
ta, como diz Brandão (2006), a passagem 
das teorias às práticas de maneira reflexi-
va e crítica, principalmente sobre as ques-
tões que envolvem concepções e valores, 
uma vez que estes elementos constroem, 
delimitam e dão concretude à ação profis-
sional.
A intenção nesta apostila é justamente 
contribuir com reflexões sobre a dimen-
são técnico-operativa do Serviço social 
que passa pela ação interventiva, prin-
cipalmente no contexto sócio-jurídico. 
Antes de usar os instrumentos e técni-
cas disponibilizados para que efetive sua 
prática, ele deve refletir sobre os aportes 
teóricos que, diga-se de passagem, são 
muitos.
O assistente social é o trabalhador que 
vende sua força de trabalho. Ou seja, ele 
não detém os meios de produção de seu 
trabalho. Os objetivos, as diretrizes e 
princípios da instituição, os recursos ma-
teriais e humanos que lá existem são de 
propriedade de seu empregador. Por isso, 
é de fundamental importância que o as-
sistente social saiba reconhecer quais são 
os meios que possibilitam o seu trabalho 
e, principalmente, quais são as demandas 
apresentadas para o serviço social pelo 
seu empregador.
Ao Serviço Social, concretamente, vem 
sendo delegado o papel de realizar os es-
tudos sociais, que são reconhecidos como 
material que vai subsidiar as decisões dos 
juízes acerca da matéria de cada processo. 
Verifica-se que a inserção do assistente 
social no Poder Judiciário é datada da dé-
cada de 1940, prioritariamente nos Juiza-
dos da Infância e Juventude.
Segundo estudos de Barrison (2008), 
que foca o trabalho do Assistente So-
cial no Poder Judiciário, observa-se que o 
modo como o assistente social vem ocu-
pando este espaço sócio-ocupacional tem 
se alterado no decorrer da história: mu-
danças estas que acompanham a própria 
dinâmica da instituição e ainda a própria 
dinâmica da profissão.
E como bem diz Pontes (1997, p. 155):
O Serviço Social constitui-se numa 
profissão de natureza interventiva, 
cuja ação se coloca em face das de-
mandas sociais que substanciam a 
sua intervenção sócio-histórica na 
sociedade. [...] O Assistente Social 
realiza sua prática através da rede 
de mediações, que ontologicamente 
estrutura o tecido social.
Logo, o Assistente Social é um agente 
mediador, entre burguesia e proletariado, 
que intervém numa rede de relações so-
ciais, e esta ação é fruto de uma demanda, 
que procede da sociedade. Essa demanda 
é fruto do desenvolvimento histórico e 
social desta mesma sociedade: as neces-
sidades de hoje provém das necessidades 
surgidas e supridas (ou não) ontem (BAR-
RISON, 2008).
Deste modo, a prática do Assistente 
Social é um conjunto de ações, os serviços 
sociais visam sanar essa demanda social 
4 54
através de políticas que atendam o âmbito 
social. Essas políticas vão variar de acordo 
com o campo de trabalho do funcionário.
A prática profissional do Assistente So-
cial é entendida como conjunto de ações 
e práticas desenvolvido pelo Assistente 
Social, na administração e prestação de 
serviços sociais priorizados nas diretrizes 
das políticas sociais e assistenciais imple-
mentadas pela instituição da qual é fun-
cionário (GUEIROS, 1991, p. 15).
Neste momento do curso, nosso foco 
passa pela performance do Assistente 
Social no âmbito sócio-jurídico; falaremos 
do estudo e da perícia social; a dinâmica 
dos relatórios, laudos e pareceres; o aten-
dimento a famílias, infância e adolescên-
cia, bem como ao idoso e no contexto pri-
sional. 
Esperamos que apreciem o material e 
busquem nas referências anotadas ao fi-
nal da apostila subsídios para sanar pos-
síveis lacunas que venha surgir ao longo 
dos estudos.
Ressaltamos que embora a escrita aca-
dêmica tenha como premissa ser científi-
ca, baseada em normas e padrões da aca-
demia, fugiremos um pouco às regras para 
nos aproximarmos de vocês e para que os 
temas abordados cheguem de maneira 
clara e objetiva, mas não menos científi-
cos. Em segundo lugar, deixamos claro que 
este módulo é uma compilação das ideias 
de vários autores, incluindo aqueles que 
consideramos clássicos, não se tratando, 
portanto, de uma redação original. 
4 55
UNIDADE 2 - A performance do assistente 
social no âmbito sócio-jurídico
Estudos de Santos (2008) mostram 
que na área sócio-jurídica, o Assistente 
Social exerce um importante trabalho na 
intermediação entre o sistema judiciário e 
seus respectivos usuários. E como forma 
de trabalho, o profissional precisa lançar 
mão de diversos instrumentos, baseando-
-se, para isso, numa teoria profissional e 
de vida, que lhe dá o norte para direcionar 
suas decisões e ações. Esta teoria é que 
embasará sua prática profissional, assim 
como sua própria concepção de mundo. 
Contudo, nossas observações recaem so-
bre as condições teórico-metodológicas 
adotadas em consonância com o projeto 
ético-político-profissional e com o Código 
de Ética do Assistente Social (1993).
De acordo com Zanetti (2003), a magis-
tratura é um dos pontos mais sensíveis da 
instituição, pois detém o poder de decidir 
sobre o destino das pessoas, sendo que 
em torno desta categoria o Poder Judiciá-
rio se estrutura.
A instituição, de modo geral, tende a 
creditar numa efetiva resolução dos con-
flitos. Estes, porém, não são resolvidos 
na sua totalidade, normalmente, o que 
ocorre é apenas uma decisão sobre o lití-
gio. Nesse contexto, a forma como o pro-
fissional do Serviço Social se insere faz a 
diferença: pode ser considerado um tra-
balhador social, um assessor ou um perito 
social.
É certo afirmar que as atribuições do 
Assistente Social Judiciário são relativa-
mente atualizadas para um poder ainda 
distante da modernidade e das reais ne-
cessidades dos sujeitos envolvidos. Esta 
afirmação está embasada no princípio de 
que o litígio, propriamente dito, não é a 
problemática de que o sujeito atendido no 
Serviço Social necessita de auxílio imedia-
to; comumente sua questão emergencial 
é referente a alguma das necessidades 
básicas, as quais são indispensáveis à ma-
nutenção de vida digna.
Uma especialização é muito bem vinda 
para que se forme um corpo técnico que 
desenvolva habilidades e competências 
específicas para desenvolver a profissão 
no Poder Judiciário, muito embora a pro-
dução acadêmica de conhecimentos nes-
sa área não seja muito extensa. De todo 
modo, espera-se que o Assistente Social 
tenha claro em sua mente a importância 
dos elementos técnicos operativos que 
compõem sua intervenção.
Nesse sentido, elaborar relatórios, pa-
receres, realizar entrevistas, visitas do-
miciliares, investigação, planejamento 
com grupo e comunidades são elementos 
constitutivos do processo de trabalho. É 
preciso qualificar esse processo, dando 
consistência a esses instrumentos (ZA-
NETTI, 1992, s/p apud SANTOS, 2008, p. 
5).
O Código de Ética devepermear todo 
o trabalho do Assistente Social. Normas, 
regulamentos profissionais, concepções 
como cidadania, direitos humanos devem 
ser orientadores em toda a extensão da 
atuação, principalmente porque sabemos 
da complexidade da condição humana, 
demandando cuidados, ao mesmo tempo, 
individuais e coletivos. 
6 7
É fundamental que o assistente social 
faça com qualidade a construção do seu 
trabalho, obtenha conhecimento espe-
cífico, acrescentando uma visão crítica e 
analítica sobre as informações, ultrapas-
sando as limitações estritamente buro-
cráticas e formais, dadas pela instituição 
(SANTOS, 2008).
De acordo com Magalhães (2003), ao 
longo dos últimos anos, o Serviço Social 
veio configurando práticas profissionais 
que evidenciam o contraditório da to-
talidade social. Num Tribunal de Justiça, 
as contradições tornam-se mais eviden-
ciadas, em especial, nas formas como os 
atores sociais envolvidos se comunicam, 
revelando o contraditório da sociedade. 
Uma das atribuições do assistente social 
nessa área, por determinação do magis-
trado, num trabalho subordinado ao juiz, 
tem sido a de subsidiar a decisão judicial, 
embora desempenhe, também, funções 
de aconselhamento e acompanhamento 
dos casos.
No cotidiano das relações sócio-profis-
sionais entre juiz e técnico, a preponde-
rância da comunicação escrita, que ocorre 
sob a forma de laudos, retrata uma atua-
ção conjunta no processo decisório. Vale 
considerar que, a partir do momento em 
que o laudo é apensado (anexado) ao pro-
cesso, passa a fazer parte do sistema de 
comunicação do fórum como um todo, tra-
mitando em diversos setores e por vários 
profissionais.
Nessa trajetória, é importante assina-
lar o caráter avaliativo desenvolvido em 
um Tribunal de Justiça (TJ), uma vez que 
envolve a ação do assistente social, que 
investiga e julga para avaliar um caso, com 
o objetivo de subsidiar a decisão judicial.
Esse encaminhamento requer do assis-
tente social, atenção redobrada para não 
se deixar enredar pelas teias do cotidia-
no, em especial num TJ, onde são avalia-
das ações, comportamentos, modos de 
interagir na família e na sociedade, num 
processo de investigação e de julgamen-
to. Logo, é preciso que o Assistente So-
cial tenha presente os princípios e valores 
que orientam a ética profissional nas suas 
ações. Portanto, ter clareza sobre as ques-
tões que envolvem a instrumentalidade é 
de suma importância para o desempenho 
de seu papel no âmbito sócio-jurídico.
O assistente social utiliza-se dos ins-
trumentos de sua profissão para analisar 
um caso, sob a ótica de sua competência. 
Não pode usá-los como um fim, mas tam-
bém deles não pode prescindir, para que 
sua ação cotidiana não se transfigure na 
prática pela prática, burocratizando-se 
e perdendo-se no senso comum, princi-
palmente, na cotidianidade das relações 
sociopolíticas forenses notadamente hie-
rárquicas e nas quais a burocracia é parte 
integrante de sua rotina. Em acréscimo, a 
demanda é enorme, tornando o trabalho 
massificante (SANTOS, 2008).
Em meio à rotina estressante de um fó-
rum, o Assistente social tem que intervir, 
avaliar e elaborar um laudo. Geralmen-
te, são feitas entrevistas e visitas para 
a emissão do parecer social. Por vezes, a 
visita domiciliar adquire o caráter de um 
relatório avaliativo e, também, precisa ser 
registrada.
Como num TJ, todo o trabalho é direta-
mente subordinado ao juiz, faz-se neces-
sário o seu registro, já que vai ser lido e 
interpretado por diversos profissionais. 
Nesse cotidiano profissional, o contradi-
6 7
tório que caracteriza as relações sociais 
aparece ao vivo e em cores, reproduzin-
do o processo das relações existentes na 
totalidade social, na particularidade do 
fórum e na singularidade das relações só-
cio-profissionais que ali se efetuam.
Ao desprender-se da base histórica em 
que a profissão surge, o Serviço Social 
pode qualificar-se para novas competên-
cias, buscar novas legitimidades, tudo 
além da mera requisição instrumental-
-operativa do mercado de trabalho. Este 
enriquecimento da instrumentalidade do 
exercício profissional resulta num pro-
fissional que, sem prejuízo da sua instru-
mentalidade no atendimento das deman-
das, pode antecipá-las (...) reconhecendo 
a dimensão política da profissão (...) invis-
ta na construção de alternativas (...) à su-
peração da ordem social do capital (GUER-
RA, 2000, p. 62).
Não adianta escondermos, e vale res-
saltar que a maioria dos usuários do Servi-
ço Social pertence aos estratos mais pau-
perizados da população. No atendimento, 
embora o assistente social esteja ali para 
ouvi-lo, acolhê-lo e mais precisamente, 
para avaliá-lo, expõe sua vida. Além de 
intervir no caso sob a ótica profissional, 
intervém junto ao juiz, por meio de sua 
avaliação, que, mesmo isenta de precon-
ceitos ou de envolvimento pessoais, traz 
implícitos os seus juízos de valor, as suas 
visões de mundo e ideologias (SANTOS, 
2008).
Na visão de Iamamoto (2004), apesar 
do trabalho do assistente social na esfera 
sócio-jurídica ter adquirido pouca visibili-
dade na literatura especializada e no de-
bate profissional das últimas décadas, a 
atuação nessa área dispõe de larga tradi-
ção e representatividade no universo pro-
fissional, acompanhando o processo de 
institucionalização da profissão no Brasil.
O Poder Judiciário pode ser definido 
como uma instituição que tem como com-
petência, na divisão clássica dos poderes, 
a aplicação das leis e a distribuição da jus-
tiça, o que implica o ato de julgar – para o 
qual deve o Poder Judiciário ser autônomo 
e independente frente aos Poderes Exe-
cutivo e Legislativo (FÁVERO, 1999, p. 19).
Constituiu-se historicamente num es-
paço de relevante transcendência para a 
inserção ocupacional dos assistentes so-
ciais, visto que desde as origens da profis-
sionalização do Serviço Social, tem exis-
tido uma forte e notória participação de 
seus agentes neste âmbito, que tem se 
constituído, com o passar do tempo, em 
uma área dominante de intervenção pro-
fissional (MARTINS, 2008).
Da mesma forma que nos contextos 
norte-americano e europeu, o surgimen-
to da profissão no Brasil desenvolveu-se 
em um cenário de avanço do processo in-
dustrial e de constituição de uma classe 
operária organizada, a qual vivia as con-
sequências de uma sociedade capitalista 
excludente, fazendo com que o Estado 
brasileiro passasse a mobilizar a categoria 
profissional recém surgida de assistentes 
sociais “para auxiliar no enfrentamento 
do conjunto de manifestações decorren-
tes do sistema capitalista” (KOSMANN, 
2006, p. 53).
A regulação exercida pelo Estado sobre 
a sociedade através da legislação social e 
trabalhista e das políticas sociais tornou 
possível o trabalho do profissional de Ser-
viço Social, gerindo o confronto de forças 
8 9
e intervindo nas diferentes expressões da 
questão social. Portanto, as diversas con-
figurações da questão social, manifestas 
em face da não obtenção de acesso aos di-
reitos e garantias, passaram a agravar-se 
e serviram de espaço institucional para a 
inserção do assistente social também no 
espaço judiciário.
Como destaca Fávero (1999, p. 58), o 
Judiciário, como parte do Estado, é aciona-
do para agir frente a contradições ou des-
vios. Como instância normatizadora no dia 
a dia de indivíduos, grupos e classes so-
ciais buscam, pela lei, enquadrar determi-
nadas situações, visando à manutenção 
ou restabelecimento da ordem, aplicando 
seu poder de forma coercitiva ou repressi-
va, direcionando-o para o disciplinamento 
e normatização de condutas. Neste sen-
tido, os traços que marcaram a profissão 
emergente no Brasil são de um profissio-
nal técnico e intelectual, que, contudo, é 
um reprodutor da ideologia capitalista, 
pois suas ações objetivavamo disciplina-
mento e o controle.
A inserção do assistente social no âm-
bito da Justiça brasileira remonta aos anos 
de 1930, onde os profissionais atuavam 
como comissários de vigilância no Juiza-
do de Menores do Estado de São Paulo. 
A Constituição de 1937, em seu artigo 
127, previa como dever do Estado prover 
as condições para a preservação física e 
moral da infância e juventude, podendo 
pais em situação de miserabilidade pedir 
auxílio ao governo para a subsistência da 
prole.
De acordo com Pocay e Colman (2006), 
naquele mesmo momento histórico, em 
1936, surgia a primeira Escola de Serviço 
Social em São Paulo e, nos anos seguin-
tes, tem início as primeiras aproximações 
entre os profissionais e o Juizado de Me-
nores através do Comissariado de Meno-
res que integrava a Diretoria de Vigilância 
do Serviço Social de Menores (órgão esta-
dual que centralizava o “atendimento ao 
menor”).
Segundo Fávero (1999, p.37), os casos 
dos menores abandonados e infratores 
chegavam ao conhecimento do juiz atra-
vés dos comissários de vigilância que pas-
sou a ser integrado por assistentes sociais 
ou estagiários de serviço social, que viam 
na área de menores um campo privilegia-
do para a intervenção e adentraram neste 
espaço do Juizado, inicialmente, através 
do serviço voluntário.
A introdução de assistentes sociais no 
exercício dessa função buscava atenuar o 
seu caráter eminentemente policial, dan-
do-lhe uma conotação técnico-profissio-
nal e protetiva. Porém, o Juízo de Menores 
da Capital não partilhava dessa opinião, 
dando preferência à constituição de um 
corpo de comissários de sua confiança 
e sob sua subordinação (COLMAN, 2004 
apud FUZIWARA, 2006, p. 13).
Nesta época estava em vigência o pri-
meiro Código de Menores (Lei n° 17.943-A, 
de 12/10/1927) que previa o auxílio dos 
comissários de vigilância, os quais tinham, 
dentre suas atribuições, a responsabilida-
de de “proceder a todas as investigações 
relativas aos menores, seus pais, tutores 
ou encarregados de sua guarda, e cumprir 
as instruções que lhes forem dadas pelo 
juiz” (art. 152).
O inquérito desenvolveu-se como prin-
cipal instrumento de auxílio ao magistra-
do nas questões relativas à menoridade, 
8 9
“enquanto possibilitador da coleta de in-
formações com vistas ao restabelecimen-
to da verdade dos fatos, ou construção de 
provas a respeito da ação em litígio ou em 
exame, numa direção coercitiva e discipli-
nadora da ordem social” (FÁVERO, 2006, 
p. 19).
O serviço social, enquanto participante 
das práticas judiciárias, utiliza-se do in-
quérito e do exame para, no atendimento 
que realiza, pesquisar “a verdade”. O as-
sistente social é solicitado pelo Judiciário 
como sendo elemento neutro perante 
a ação judicial para trazer subsídios, co-
nhecimentos que sirvam de provas, de ra-
zões para determinados atos ou decisões 
a serem tomadas. Através de técnicas de 
entrevistas, visitas domiciliares, observa-
ções, registros, realiza o exame da pobre-
za e dá o seu parecer sobre a situação in-
vestigada e a medida mais adequada a ser 
aplicada, no caso do Juizado de Menores, 
ao menor ou à família. (FÁVERO, 1999, p. 
64).
Em suma, da performance dos Assis-
tentes sociais, por meio dos estudos so-
ciais por eles realizados, estes auxiliavam 
os juízes quanto à medida da internação, 
evitando que os jovens permanecessem 
em celas e presídios comuns, além do que 
agilizavam os atendimentos, propiciando 
condições ao Juízo para que tomasse pro-
vidências que iam do encaminhamento à 
família, à internação, e à liberdade vigia-
da, além de outros procedimentos atinen-
tes aos casos.
Assim, segundo Pocay e Colman (2006), 
os profissionais foram consolidando sua 
participação no Judiciário, uma vez que 
concretizavam as propostas formuladas 
nas Semanas de Estudos do Problema de 
Menores, quais sejam: auxiliar a Justiça de 
Menores nas ações pré-judiciárias (pre-
venção); judiciárias propriamente ditas e 
pós-judiciárias (acompanhamento dos ca-
sos).
Com a promulgação do segundo Código 
de Menores (Lei n° 6.697, de 10/10/1979), 
que dispunha sobre assistência, proteção 
e vigilância a menores (art. 1°), contendo 
orientação para a realização de estudos 
de caso, enquanto subsídio técnico ao 
juiz, o profissional de Serviço Social pas-
sou a ser integrado em maior número no 
interior do Judiciário, na medida em que, 
para a aplicação dessa lei, seriam leva-
dos em conta, dentre outros elementos, 
o contexto socioeconômico e cultural, em 
que se encontrem o menor e seus pais ou 
responsável, bem como o estudo de cada 
caso deveria ser realizado por equipe de 
que participe pessoal técnico, sempre que 
possível (art. 4°) (FÁVERO, 2006, p. 21).
Dentre as competências do assistente 
social destacava-se a realização do es-
tudo social, “valendo-se das técnicas de 
entrevistas, da visita domiciliar, da obser-
vação, da análise da documentação, de in-
formações e entendimentos com colate-
rais ou entidades de bem-estar social da 
comunidade” (ADDUCCI, 1982 apud FÁVE-
RO, 1999, p. 26).
O Estatuto da Criança e do Adolescen-
te ampliou as fronteiras do campo profis-
sional, impulsionando o reconhecimento 
institucional do papel do assistente social 
judiciário, não apenas como responsável 
pela elaboração do estudo social, mas 
também com aspectos de intervenção 
junto à família e à sociedade local (con-
selhos tutelares, instituições, entre ou-
tros) através de mediações, conciliações, 
10 1110
orientações e encaminhamentos (DAL PI-
ZZOL, 2001).
Gradativamente, os trabalhos dos as-
sistentes sociais foram ampliando-se e 
estes profissionais foram sendo chama-
dos a atuarem em processos sobre ques-
tões familiares diversas, não envolvendo 
somente crianças e adolescentes, esten-
dendo seu campo profissional para além 
da jurisdição das Varas de Infância e Ju-
ventude, como será analisado na próxima 
unidade. 
10 1111
UNIDADE 3 - A atuação nas varas de famí-
lia, infância e juventude 
Historicamente, a família sempre este-
ve inserida na área de atuação do Serviço 
Social, porém, na maioria dos serviços, 
ela vem sendo contemplada de maneira 
fragmentada, ou seja, cada integrante da 
unidade familiar é visto de forma indivi-
dualizada, descontextualizada e portador 
de um problema. Em vista disso, um dos 
desafios da profissão é a busca de meto-
dologias para trabalhar a família como um 
grupo com necessidades próprias e únicas 
(JESUS, ROSA, PRAZERES, 2004).
Antes da vigência do Estatuto da Crian-
ça e Adolescente (ECA), ocorriam alguns 
procedimentos denominados “sindicân-
cias” e realizavam-se avaliações intitula-
das como sociais. Estas possuíam aspec-
to de questionário e não fazia qualquer 
aprofundamento ou análise das questões 
levantadas. Eram efetivadas por leigos, 
oficiais de justiça e voluntários, denomi-
nados “comissários de menores”, os quais 
não dotavam de qualificação técnica, para 
o desenvolvimento de tal função.
Atualmente, a justiça da Infância e da 
Juventude apresenta uma avaliação mais 
adequada dos atores envolvidos com o 
processo e abarca todos os segmentos 
que atuam diretamente ao melhor alcan-
ce aos superiores interesses da criança e 
do adolescente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), na seção III – Dos Serviços Auxilia-
res (arts. 150 e 151), destaca a importân-
cia destes serviços, composto por equipe 
interprofissional, cujo objetivo primordial 
é assessorar a justiça da Infância e da Ju-
ventude.
No Poder Judiciário, o grande propulsor 
demandatário da atuação profissional, 
emana da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 
1990, o (ECA), que é o referencial para o 
serviço social judicial. 
3.1 A atuação do Assistente 
Social nos casos de adoção
No contexto da adoção, os profissionais 
de serviço social atuam como auxiliares,cuja função suprema está em assessorar 
os juízes de direito, subsidiando-o na ótica 
relativa aos fenômenos econômicos e so-
cioculturais que envolvem as relações do 
sujeito participante de litígio na socieda-
de e na família.
Atua com base na observância dos 
princípios fundamentais resguardados 
pela Lei nº 8.662/93 que regulamenta a 
profissão do disposto no Código de Ética 
do Assistente Social (Resolução CFESS nº 
273/93); e nos princípios resguardados no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. É 
por meio de relatório e laudos sociais que 
se compõem os autos.
O Conselho Federal de Serviço Social 
(2004, p. 44-45) esclarece que o relatório 
social, como documento específico elabo-
rado por assistente social (...) se dá com a 
finalidade de informar, esclarecer, subsi-
diar, documentar um auto processual re-
lacionando alguma medida protetiva ou 
sócio-educativa, prevista no Estatuto da 
Criança e do Adolescente.
O principal objetivo dos serviços au-
xiliares referidos no (ECA; art. 150) é o 
assessorar, mediante o fornecimento de 
subsídios por escrito, através de laudos 
12 13
ou parecer social, bem como desenvolver 
trabalhos de aconselhamento, orientação 
e encaminhamento. Instrumentos neces-
sários para o destino final do processo.
Vale ressalta, também, a relevância do 
Estudo Social e da Perícia Social no âm-
bito do judiciário. Por ser o primeiro um 
processo metodológico específico do ser-
viço social, especificamente nos aspectos 
socioeconômicos e culturais que pode ser 
utilizado nas diversificadas áreas da in-
tervenção do Serviço social como instru-
mento fundamental na atuação do profis-
sional no sistema judiciário.
Por meio de uma fundamentação rigo-
rosa, teórica, ética e técnica, pautada no 
projeto da profissão, fazem-se necessária 
a utilização do instrumento supra para a 
garantia e ampliação de direitos dos sujei-
tos usuários dos serviços e do sistema de 
justiça.
Enquanto que a Perícia Social no con-
texto desse sistema, refere-se a uma 
avaliação, exame ou vistoria, que depen-
dendo da solicitação e/ou determinação 
exige um parecer técnico ou científico de 
uma demarcada área do conhecimento e 
contribua com a convicção do juiz para a 
tomada de decisão. Quando solicitado a 
um profissional de Serviço Social, o ins-
trumento é denominado de perícia social. 
Por se tratar de estudo e parecer cuja fi-
nalidade é subsidiar uma decisão judicial, 
realizada por meio do estudo social, impli-
ca na elaboração de um laudo e emissão 
de um parecer.
O artigo 167 do Estatuto da Criança e 
do Adolescente explica que a autoridade 
judiciária, de ofício ou o requerimento das 
partes ou do Ministério Público, determi-
nará a realização de estudo social ou, se 
possível, perícia por equipe interprofis-
sional, decidindo sobre a concessão de 
guarda provisória, bem como, no caso de 
adoção, sobre o estágio de convivência.
Quanto aos recursos técnico-operati-
vos, de forma geral, além da observação 
direta, o profissional de serviço social re-
aliza também entrevista individual e/ou 
coletivas; visitas domiciliares e institucio-
nais, técnicas de apoio e reflexão conjun-
ta, dentre outros, nos quais, os usuários 
que são protagonistas das ações em pau-
ta estão inseridos. 
Nesse sentido, o Poder Judiciário como 
propulsor do processo de mudanças posi-
tivas da sociedade e na garantia de direi-
tos às crianças e adolescentes envolvidos 
no instituto da adoção, determina alguns 
procedimentos que compreende a impor-
tância do fazer profissional do assistente 
social nesse processo.
Junto às Varas da Infância e Juventude, 
a atuação do assistente social se dá com 
o objetivo de contextualizar e proceder 
à análise das condições vivenciadas por 
crianças e adolescentes em situação es-
pecial, com vistas a reintegrá-los, dentro 
do possível, ao contexto da cidadania.
A prática profissional do Assistente So-
cial judicial pode também ser baseada no 
Estudo de Caso e pressupõe a elaboração 
de Estudo Social, que envolve os procedi-
mentos técnicos abaixo relacionados. 
Sobre a análise dos autos para o conhe-
cimento dos fatos inerentes à problemá-
tica estudada/trabalhada e a determina-
ção judicial, pode-se estabelecer visitas 
domiciliares orientadas pelo problema em 
pauta e pelas hipóteses de trabalho, mo-
mento em que as pessoas são observadas 
12 13
em seus contextos familiares, quando o 
profissional privilegia a análise de com-
portamento, interações do local e de suas 
circunstâncias, além de observar as con-
dições de moradia e de acolhimento, es-
trutura e funcionamento doméstico. 
Entrevistas com as partes processuais 
e, quando se faz necessário, com colate-
rais, são aplicadas com a finalidade de se 
inteirar da verdade de cada um dos envol-
vidos e esclarecer outras questões per-
tinentes ao Serviço Social. Atendimento 
em grupo dos envolvidos, quando o caso 
demandar visitas institucionais, também 
são orientadas pelo problema em pauta 
e pelas hipóteses de trabalho, cujo obje-
tivo se condiciona ao objeto e à função 
da frente de atuação na qual o profissio-
nal está inserido, é mais um instrumento 
operativo.
A elaboração de relatório é a etapa fi-
nal do trabalho, onde o técnico, de acor-
do com o objetivo do estudo, expõe suas 
conclusões sobre a problemática analisa-
da, emitindo um parecer sob o prisma so-
cial, visando sempre ao melhor interesse 
das crianças e adolescentes nela envolvi-
dos e assegurando os direitos de adultos 
também envolvidos em ações de várias 
naturezas. 
Desse modo, o profissional de servi-
ço social transcende a mera constatação 
acerca do contexto familiar dos envolvi-
dos no processo de adoção. Ele considera 
as contradições do campo jurídico e a re-
gulação da vida social dos sujeitos e pela 
lei, o espaço de trabalho do profissional 
de serviço social, em esfera geral e, no 
contexto da adoção, torna-se gratifican-
te, tendo em vista que o ideário pessoal, 
aliado à formação acadêmica, os direciona 
a perseguir a justiça e a verdade, que são 
construídas pelos acontecimentos.
Dentro desses parâmetros, é pertinen-
te considerar que o papel do assistente 
social no âmbito judiciário, especialmente 
no contexto da adoção, ocupa um espaço 
peculiar e significativo, haja vista ser esse 
profissional na sua ação propositiva, um 
agente multiplicador de ideias.
No sistema judiciário, além de ser um 
dos responsáveis pela desmistificação 
dos reais pilares da adoção e do desen-
cadeamento do processo em questão, 
oriundo da questão social, realiza também 
a execução e implementação de projetos 
pertinentes ao atendimento das deman-
das, com vistas à garantia de direito e qua-
lidade de vida, tanto do adotando quanto 
do adotante.
O Serviço Social na dinâmica da adoção, 
não está unicamente restrito aos inte-
resses superiores da criança e do adoles-
cente. É um gesto sublime que alcança as 
partes envolvidas nos aspectos centrais 
dos sujeitos, inclusive na sua subjetivi-
dade. Para muitos significa realização de 
sonhos, mas para outros pode ser a for-
mação ou continuação de um crescimento 
familiar. 
Diante disso, enquanto operadores do 
sistema jurisdicional que compõe a rede 
de proteção à criança e ao adolescente, 
o papel do assistente social é subsidiar 
as decisões judiciais no tocante à adoção 
(SOUSA, 2008).
3.2 A atuação no caso de Mi-
nas Gerais
Segundo Bertelli (2003 apud FERNAN-
DES, 2003), o Estatuto da Criança e do 
14 15
Adolescente (ECA) não faz menção nomi-
nal ao profissional de Serviço Social, mas 
exerceu grande influência para que se 
ampliasse o quadro de Assistentes Sociais 
no Tribunal de Justiça do Estado de Minas 
Gerais, através de concurso público, em 
1993.
À equipe interdisciplinar compete, “[...] 
fornecer subsídios por escrito, median-
telaudos, ou verbalmente, na audiência, 
e bem assim desenvolver trabalhos de 
aconselhamento, orientação, encaminha-
mento, prevenção e outros, tudo sob a 
imediata subordinação à autoridade judi-
ciária, assegurada a livre manifestação do 
ponto de vista técnico” (art. 151 do ECA).
Os(as) Assistentes Sociais no Judiciário 
mineiro atuavam antes da vigência do ECA 
nos Juizados de Menores e em algumas Va-
ras de Família. Atualmente estão atuando 
nos Juizados da Infância e Juventude, nas 
Varas de Família, nas Varas de Execução 
Criminal e nos Juizados Especiais (JAR-
DIM, 2003). Suas atribuições estão des-
critas no Plano de Carreiras (Resolução nº 
367/2001) do Tribunal de Justiça de 1ª Ins-
tância do Estado Minas Gerais, sendo elas: 
Assessorar o magistrado no aten-
dimento às partes, quando solicita-
do, nas questões relativas aos fenô-
menos socioculturais, econômicos e 
familiares; realizar estudos sobre os 
elementos componentes da dinâmi-
ca familiar, as relações interpessoais 
e intragrupais e as condições eco-
nômicas das partes para possibilitar 
a compreensão dos processos inte-
rativos detectados nos ambientes 
em que vivem; planejar, executar 
e avaliar projetos que possam con-
tribuir para a operacionalização de 
atividades inerentes às atividades 
do Serviço Social; contribuir para a 
criação de mecanismos que venham 
a agilizar e melhorar a prestação do 
Serviço Social; conhecer e relacionar 
a rede de recursos sociais existentes 
para orientar indivíduos e grupos a 
identificar e a fazer uso dos mesmos 
no atendimento de seus interesses 
e objetivos; acompanhar, orientar e 
encaminhar indivíduos e/ou famílias, 
quando necessário, por determina-
ção da autoridade judicial; realizar 
visitas domiciliares e/ou institucio-
nais; realizar estudos sociais e apre-
sentar laudo técnico, nos casos a ele 
submetidos; assessorar autoridades 
judiciais na realização de exame cri-
minológico previsto na Lei de Execu-
ção Penal; executar atividades afins 
identificadas pelo superior imediato.
Atuam ainda baseados nos princípios 
fundamentais resguardados pela lei que 
Regulamenta a Profissão (lei nº 8662/93); 
pelo disposto no Código de Ética do Assis-
tente Social (Resolução CFESS nº 273/93); 
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente 
(lei nº 8.069/90); pelo Estatuto do Idoso 
(lei nº 10.741/03); pela lei de Execução Pe-
nal (lei nº 7.210/84) e pelo disposto no Có-
digo de Processo Civil sobre os Auxiliares 
da Justiça (lei nº 5.869/73). 
 
14
14 1515
UNIDADE 4 - Estudo, perícia social e afins
4.1 Conceitos básicos para 
o entendimento da atuação 
do Assistente Social no con-
texto sócio-jurídico
O Poder Judiciário, o Poder Legislativo 
e o Poder Executivo, segundo a Consti-
tuição da República Federativa do Brasil 
(CF) de 1988, formam os três poderes da 
União, e todos devem manter autonomia 
e independência.
Em seu artigo 5°, XXXV, a CF estabele-
ce que “a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direi-
to”; e segundo o Código de Processo Civil 
(CPC) o juiz é a autoridade que representa 
o Poder Judiciário, encarregado de prestar 
a jurisdição (dizer o direito), independen-
te da instância em que atua. Para auxiliar 
o juiz em seu trabalho, elenca o Código de 
Processo Civil, em seu artigo 139, uma sé-
rie de profissionais designados auxiliares 
da justiça, entre eles o escrivão, o oficial 
de justiça e o perito.
O Fórum representa a estrutura de pri-
meiro grau do Poder Judiciário, sendo uma 
instituição de caráter público, subordi-
nado ao Tribunal de Justiça que é o órgão 
máximo do Poder Judiciário no Estado. 
Tem como responsabilidade a administra-
ção da justiça onde está localizado, com o 
julgamento das ações, como previsto em 
lei, zelando pelo seu fiel cumprimento. 
Tem como missão humanizar a Justiça, as-
segurando que todos lhe tenham acesso, 
garantindo a efetivação dos direitos e da 
cidadania, com eficiência na prestação ju-
risdicional.
Para o julgamento dos litígios, o juiz 
aprecia provas, ora apresentadas pelas 
partes, ora requeridas por elas ou pelo 
representante do Ministério Público. 
Quando considera necessário o magistra-
do pode ordenar a produção de provas, e 
dentre as possíveis de serem produzidas 
estão a prova documental (art. 364 e se-
guintes do CPC), a prova testemunhal (art. 
400 e seguintes do CPC) e a prova pericial 
(art. 420 e seguintes do CPC).
A prova pericial é definida por Robles 
(2004, p. 55 apud MARTINS, 2008) como 
“a opinião fundamentada de uma pessoa 
especializada ou informada em ramos de 
conhecimento que o juiz não está obriga-
do a dominar. A pessoa dotada de tais co-
nhecimentos é o perito, e sua opinião fun-
damentada, o laudo.” Este tipo de prova 
deve ser elaborada por profissional espe-
cialista em alguma área do conhecimento 
humano, cujo objetivo é o assessoramen-
to do juiz no esclarecimento da questão 
em litígio.
Entre os profissionais do conhecimen-
to científico, está o assistente social, cuja 
profissão, devidamente reconhecida e re-
gulamentada, há muito vem contribuindo 
com a Justiça, desenvolvendo uma série 
de trabalhos, entre eles o de perícia social 
judiciária (PIZZOL, 2005, p. 23).
O perito é o auxiliar do juiz que, dota-
do de conhecimentos especializados que 
o juiz não está obrigado a ter, é chamado 
por este em um processo para dar sua opi-
nião fundamentada, quando a apreciação 
dos feitos controvertidos requer conheci-
mentos especializados em alguma ciência 
16 17
(ROBLES, 2004 apud MARTINS, 2008).
A perícia pode ser traduzida como vis-
toria de caráter técnico e especializado, 
cujo objetivo é elucidar situações, fazer 
averiguações, esclarecendo sobre diver-
sas circunstâncias e tendo como fim a 
constituição de um documento capaz de 
embasar decisões.
No âmbito do judiciário, a perícia diz 
respeito a uma avaliação, exame ou vis-
toria, “solicitada ou determinada sempre 
que a situação exigir um parecer técnico 
ou científico de uma determinada área do 
conhecimento, que contribua para o juiz 
formar a sua convicção para a tomada de 
decisão” (FÁVERO, 2006, p. 43).
O laudo, por sua vez, “registra por es-
crito, e de maneira fundamentada, os es-
tudos e conclusões da perícia” (FÁVERO, 
2006, p. 29).
Nesta direção têm-se o conceito de pe-
rícia judicial que é a atividade técnica e 
processual que se materializa no processo 
através de laudo ou de qualquer outra for-
ma legalmente prevista, na condição de 
instrumento. Perícia judicial é atividade, é 
trabalho técnico desenvolvido em proces-
so judicial dentro das normas aplicáveis 
(ROSA, 1999 apud PIZZOL, 2005, p. 30).
O assistente social no âmbito do Poder 
Judiciário não pode perder de vista que a 
tarefa pericial, “enquadrada em um dos 
poderes do Estado, requer uma inserção 
crítica e comprometida, que supere a prá-
tica instrumental e possibilite o desenvol-
vimento de uma prática reflexiva e trans-
formadora” (ROBLES, 2004, p. 21 apud 
MARTINS, 2008).
A Lei nº 8662/93 elucida que dentre as 
competências do assistente social está 
a de “realizar estudos socioeconômicos 
com os usuários para fins de benefícios e 
serviços sociais junto a órgãos da adminis-
tração pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades”, e dentre as 
atribuições privativas “realizar vistorias, 
perícias técnicas, laudos periciais, infor-
mações e pareceres sobre a matéria de 
Serviço Social”.
De acordo com Pizzol (2005), o tema 
perícia social vem sendo estudado gra-
dativamente por assistentes sociais que 
se deparam com determinações da auto-
ridade judicial, a fim de emitirem parecer 
sobre uma questão de cunho social. O es-
tudo social tem sido, no decorrer da ativi-
dade profissional, o documento pelo qual 
o assistente social manifesta seu trabalho 
técnico e científico,frente a uma realida-
de específica.
O estudo social é um processo meto-
dológico específico do Serviço Social, que 
tem por finalidade conhecer com profun-
didade, e de forma crítica, uma determi-
nada situação ou expressão da questão 
social, objeto de intervenção profissional 
– especialmente nos seus aspectos socio-
econômicos e culturais (FÁVERO, 2006, p. 
42).
Segundo Mioto (2001), o estudo social 
no âmbito do Serviço Social é um instru-
mento vastamente utilizado nas diferen-
tes áreas e modalidades de intervenção, 
cuja finalidade é a orientação do processo 
de trabalho do próprio assistente social, 
sendo empregado para conhecer e ana-
lisar a situação, vivida por determinados 
sujeitos ou grupo de sujeitos sociais, so-
bre o qual o assistente social foi chama-
do a opinar. Ele consiste numa utilização 
articulada de vários outros instrumentos 
16 17
– entrevistas individuais ou conjuntas, 
observação, visita domiciliar e análise de 
documentos – que permitem ao assisten-
te social a abordagem dos sujeitos envol-
vidos na situação.
O assistente social utiliza o estudo so-
cial para orientar o seu trabalho, tanto na 
fase de planejamento de certas interven-
ções, como para demonstrar a situação 
sobre a realidade investigada.
Mioto (2001, p. 157) esclarece que a 
distinção estabelecida baseia-se na ob-
servação que a realização de uma perícia 
social implica na realização do estudo so-
cial, porém o estudo social não é em prin-
cípio uma perícia. Isto porque a perícia tem 
uma finalidade precípua, que é a emissão 
de um parecer para subsidiar a decisão de 
outrem (muito frequentemente o juiz) so-
bre uma determinada situação.
Neste sentido “(...) a perícia social, en-
quanto expressão judicial do estudo so-
cial, visa esclarecer situações considera-
das problemáticas e/ou conflituosas no 
plano dos litígios legais” (ARAÚJO, KRÜGER 
e BRUNO, 1994, p. 21). Quando realizada 
uma perícia, o laudo deverá ser o instru-
mento de manifestação, evidenciando-se 
“que a utilização do referido termo para 
expressar um serviço há de deixar suben-
tendido ser este o instrumento adequado 
para demonstração de um trabalho peri-
cial” (PIZZOL, 2005, p. 36).
É de se notar que o Código de Processo 
Civil não menciona o termo estudo social. 
O artigo 145 do Código de Processo Civil é 
genérico e assim estabelece: “Quando a 
prova do fato depender de conhecimento 
técnico ou científico, o juiz será assisti-
do por perito, segundo o disposto no art. 
421.”
Em regra, são processos em que o juiz 
necessita respaldar-se em provas convin-
centes, a fim de proferir sua decisão de 
maneira mais acertada; por vezes, com o 
objetivo de certificar-se sobre as provas 
já produzidas pela partes; em outras cir-
cunstâncias, para verificar in loco ques-
tões de que deva saber. Quando não, como 
é o caso da maioria das vezes, para que o 
especialista em serviço social verifique, 
observe e emita sugestão técnica para 
melhor solução da situação sócio-jurídica 
apresentada (PIZZOL, 2005, p. 48).
No entanto, há de se considerar que ao 
realizar um estudo social, o assistente so-
cial não se utiliza das regras que norteiam 
a perícia judicial, e por isso não está res-
trito às questões do impedimento e da 
suspeição, de compreender a figura do 
assistente técnico, de responder quesi-
tos ou de ser penalizado por agir com dolo 
ou culpa em desfavor de uma das partes 
(MARTINS, 2008).
Dell’Aglio (2004 apud MARTINS, 2008) 
faz uma reflexão para chamar a atenção 
a respeito de alguns que opinam que o 
perito “é o olho do juiz”, ressaltando que 
isso tem um forte estigma jurídico e legal, 
posto que o controle, a vigilância e o dis-
ciplinamento têm um destaque justifica-
tivo nesta frase, suscitando conotações 
que se relacionam com a investidura do 
magistrado e com tudo que sua figura re-
presenta,
[...] o perito social não é o olho do 
juiz, porque tem seu próprio olho, que 
é o que o permite ver o social, desde 
o cotidiano e seu acontecer histórico, 
social e político. Tudo isso se refletirá 
no parecer ao juiz, que deixará de ser 
um mero relato descritivo e assumi-
18 19
rá sua função: dar elementos ao juiz 
e colaborar com que se faça justiça 
(DELL’AGLIO, 2004, p. 24 apud MAR-
TINS, 2008, p. 24).
Para a realização de uma perícia social, 
o assistente social utilizar-se-á de todo o 
instrumental técnico-operativo utilizado 
para a elaboração de um estudo social, 
pois ambos fazem parte de uma metodo-
logia de trabalho de domínio específico do 
profissional de Serviço Social.
Os instrumentais a serem utilizados fi-
carão a critério do assistente social, haja 
vista sua autonomia técnica garantida 
legalmente e devem atender o fim dese-
jado, consubstanciados por preceitos de 
natureza ética e legal que norteiam o fa-
zer profissional. A metodologia utilizada 
para a realização do estudo social ou de 
perícia social consiste tanto na aplicação 
de instrumentos de coletas de dados e no 
uso de técnicas de apoio, compreensão e 
orientação, os quais compõem a metodo-
logia específica do Serviço Social, quanto 
na adoção de conceitos e pressupostos 
teóricos das áreas sociais e do comporta-
mento.
Araújo, Bruno e Kruger (1994, p. 22) 
ressaltam que durante a fase de coleta 
de dados, o assistente social utiliza-se 
também de técnicas de atendimento do 
Serviço Social que possam possibilitar aos 
litigantes o desenvolvimento de maior 
consciência sobre sua situação de conflito 
e, a partir dessa clarificação, autocapaci-
tarem-se para resolvê-la.
Os principais instrumentais técnico-
-operativos utilizados no Judiciário são a 
entrevista, a visita domiciliar, a análise de 
documentos e a observação.
Em Serviço Social, é por meio da en-
trevista que se estabelecerá um vínculo 
entre duas ou mais pessoas. Os objetivos 
a serem buscados por quem a aplica e os 
fundamentos da profissão é que definem 
e diferenciam seu uso.
A coleta de informações, por meio de 
técnicas de entrevista, além de conhe-
cimento e compreensão das situações, 
possibilita a construção de alternativas 
de intervenções, devendo, para tal, par-
tir do manifesto pelos sujeitos e/ou situ-
ação que provocou a ação, em direção à 
construção sócio-histórico-cultural, da-
quilo que se busca apreender. O diálogo 
é o elemento fundamental da entrevista, 
exigindo dos profissionais a qualificação 
necessária para desenvolvê-lo com base 
em princípios éticos, teóricos e metodo-
lógicos, na direção da garantia de direitos 
(FÁVERO, MELÃO, JORGE, 2005, p. 121).
O Serviço Social é uma das profissões 
que tem no relacionamento interpesso-
al o seu maior instrumento de interven-
ção (SILVA, 2001, p. 24). Devido a isso, 
o assistente social deve compreender a 
entrevista “em termos de intervenção 
profissional com um cidadão sujeito de 
direitos que expressa de forma individual 
um problema social ou uma consequência 
do mesmo” (DELL’AGLIO, 2004, p. 70 apud 
MARTINS, 2008).
Toda entrevista tem uma finalidade, 
uma intenção e uma direção, “de tal ma-
neira que, se não se colocam em comum 
os interesses e objetivos, não será fácil 
trabalhar em uma relação que implique 
diálogo, confiança e busca de soluções” 
(DELL’AGLIO, 2004, p. 73 apud MARTINS, 
2008). Para que haja uma aproximação 
com o sujeito que permita uma comuni-
18 19
cação mais fluente, baseada em laços de 
confiança e respeito mútuo, “é necessá-
rio reforçar a ideia de pessoa sujeito de 
direitos, porque cada área onde inter-
vém o assistente social refere-se a um 
direito social enraizado na constituição” 
(DELL’AGLIO, 2004, p. 38 apud MARTINS, 
2008).
Segundo Silva (2001 apud MARTINS, 
2008), conforme se der a acolhida pelo 
entrevistador, ambos conseguirão ou não 
atingir seus objetivos: o usuário, de rece-
ber a informação correta e os encaminha-
mentosnecessários, ou subjetivamente, 
de receber a especial atenção sobre sua 
situação; o entrevistador, de ter conse-
guido usar a entrevista como forma de 
ajudar efetivamente a pessoa.
O usuário precisa sentir que pode com-
partilhar com o profissional suas dúvidas, 
incertezas, questionamentos e que está 
diante de alguém que, naquele momento, 
só se ocupa dele e se empenha na com-
preensão de suas dificuldades; “alguém 
disposto a ajudá-lo na reflexão necessária 
para o encaminhamento prático daquilo 
que deseja resolver” (SILVA, 2001, p. 27 
apud MARTINS, 2008).
Na construção do estudo social, o pro-
fissional não pode perder de vista a di-
mensão social do usuário, considerando-o 
como indivíduo social dentro de uma rea-
lidade social que condicionou a sua histó-
ria. As particularidades sociais, econômi-
cas e culturais devem ser trazidas à tona, 
sem deixar de, obviamente, construir in-
terpretações e estabelecer relações com 
as questões estruturais, nacionais e mun-
diais que interferem e determinam o dia-
-a-dia dos sujeitos. Portanto, o estudo so-
cial envolve uma dimensão de totalidade 
que deve ser expressa nos registros que 
o expõem ao conhecimento do outro [...] 
(FÁVERO, 2006, p. 37).
Relembrando, a visita domiciliar obje-
tiva esclarecer condições socioeconômi-
cas e familiares em que vivem os sujeitos, 
permitindo a leitura da realidade cotidia-
na em seus aspectos sociais e culturais, 
olhando a família como sujeito político 
dentro de um contexto que a influencia 
econômica, social, política e culturalmen-
te. Por meio do contato com as pessoas 
em seu ambiente familiar, o assistente 
social aproximar-se-á do cotidiano da fa-
mília, tendo acesso à intimidade da mes-
ma, observando as interações familiares, 
a vizinhança, a rede social, a distribuição 
dos espaços, enfim, na visita domiciliar há 
a possibilidade de utilização de outros ins-
trumentais em conjunto, como a própria 
entrevista e a observação, na tentativa 
do desvelamento do não dito e do real que 
se apresenta (KOSMANN, 2006, p. 89).
Sarmento (1994, p. 44) aponta que a 
visita domiciliar deve ser compreendida 
como um instrumento que potencializa as 
possibilidades de conhecimento da reali-
dade, na medida em que permite conhe-
cer com o cliente as suas dificuldades, e, 
que tem como ponto de referência, a ga-
rantia de direitos onde se exerce um pa-
pel educativo, colocando o saber técnico à 
disposição da reflexão sobre a qualidade 
de vida.
No entanto, o assistente social deve 
avaliar criteriosamente o uso e a aborda-
gem da visita domiciliar como instrumen-
tal de sua prática, pois a mesma requer 
sensibilidade aos anseios e reações da 
família. É importante que a família com-
preenda que a equipe realmente quer co-
20 21
nhecê-la melhor, conhecer outros mem-
bros da família e compreender a natureza 
e o ambiente da vida cotidiana. As famílias 
sentem-se frequentemente importantes 
por se reunirem em sua própria casa, mas 
são sensíveis à intrusão e à crítica ao seu 
estilo de vida. Nem é preciso dizer que o 
profissional deve entrar com respeito e 
que o propósito da visita deve ser o con-
tato e a comunicação (SILVA, 2001, p. 32 
apud MARTINS, 2008).
Vale ressaltar que a visita domiciliar é 
um importante instrumento na perspecti-
va de respeito ao usuário, para que no seu 
próprio espaço possa se expressar. As-
sim, é antes a possibilidade de conhecer 
melhor este sujeito, seu percurso, suas 
conquistas, dificuldades e as respostas 
que elabora diante das suas vivências. É 
mais uma possibilidade de permitir voz e 
vez. Ainda que não se possam igualar os 
lugares que cada um ocupa nessa rela-
ção criada por um conflito judicial, é uma 
estratégia para o profissional identificar 
outros elementos que fogem à artificia-
lidade imposta pelas instituições. Fun-
damentalmente, pode ser uma ação que 
permita empatia e alteridade. Por meio da 
visita é possível verificar as relações sócio 
familiares, muito mais a partir da lógica do 
pertencimento dos usuários em seus ter-
ritórios e dos seus laços de sociabilidade. 
Para tanto, é preciso se despir de precon-
ceitos e estar aberto a ouvir e ver a reali-
dade (FUZIWARA, 2006, p. 55).
Quanto à observação, Sarmento (1994, 
p. 23) afirma que a mesma deve ter como 
foco a realidade, no entanto, tendo como 
ângulo o da constatação técnica e neutra, 
para ser o mais completa e exata possível. 
Entretanto, o mesmo autor destaca que o 
profissional deve tomar cuidado para ser 
o mais objetivo possível, não se deixando 
levar pelas disposições do momento.
A visita institucional também é um ins-
trumento técnico-operativo largamente 
utilizado pelos assistentes sociais do Po-
der Judiciário, constituindo-se numa das 
etapas da realização de um estudo social 
no meio institucional. Assim, o Assistente 
Social, por iniciativa própria ou por solici-
tação da autoridade desloca-se até uma 
instituição para, através da observação, 
coleta de dados, entrevistas, análises 
de documentos, conhecer a realidade de 
atendimento e prestação de serviços a 
um dado segmento da população-alvo de 
uma política pública: idoso, criança, ado-
lescente, pessoas em conflito com a lei, 
portadores de deficiência, desprovidos de 
renda, entre outros (GOMES E PEREIRA, 
2005, p.03).
Além dos registros realizados nas en-
trevistas e visitas domiciliares, o assisten-
te social pode utilizar-se de informações 
constantes no processo, as quais servirão 
como instrumentos de análise para for-
mação da opinião profissional no parecer 
social.
Como falado inicialmente, dentre as 
formas de registro passíveis de serem 
elaboradas pelo assistente social estão o 
relatório social, o laudo social e parecer 
social, as quais serão utilizadas de acordo 
com o objetivo almejado pelo profissional.
O relatório social é um documento es-
pecífico elaborado pelo assistente social, 
podendo ser utilizado em diversos espa-
ços ocupacionais e visa descrever e inter-
pretar uma determinada situação. Quando 
utilizado no Judiciário tem por objetivo [...] 
informar, esclarecer, subsidiar, documen-
tar um auto processual (...) ou enquanto 
20 21
parte de registros a serem utilizados para 
a elaboração de um laudo ou parecer (FÁ-
VERO, 2006, p. 45).
Conforme destacado por Fávero (2006, 
p. 45), o laudo social é utilizado como ele-
mento de prova no processo, com a fina-
lidade de dar suporte à decisão judicial, a 
partir de uma determinada área do conhe-
cimento, no caso, o Serviço Social. Contri-
bui para a formação de um juízo por parte 
do magistrado, para que ele tenha ele-
mentos que possibilitem o exercício da fa-
culdade de julgar e oferece elementos de 
base social para a tomada de decisão que 
envolve direitos fundamentais e sociais.
Quanto aos objetivos do parecer social, 
Fávero (2006, p. 47) informa que trata-se 
de exposição de manifestação sucinta, 
enfocando-se objetivamente a questão 
ou situação social analisada, e os objeti-
vos do trabalho solicitado e apresentado; 
a análise da situação, referenciada em 
fundamentos teóricos, éticos e técnicos, 
inerentes ao Serviço Social – portanto, 
com base em um estudo rigoroso e fun-
damentado – uma finalização, de caráter 
conclusivo ou indicativo.
Não há dúvidas que o Assistente Social 
precisa ter um olhar crítico e expansivo, 
ou seja, deve conhecer a conjuntura na 
qual se desenvolve o processo judicial e o 
papel de cada um dos atores intervenien-
tes (a família, a criança ou adolescente, os 
advogados, outros peritos, o promotor de 
justiça, o ambiente social em que vive o 
sujeito, parte interessada do processo).
4.2 A utilização do estudo/
perícia social 
O estudo/perícia social apresenta-se 
como suporte para aplicação de medidas 
judiciais dispostas no ECA e na legislação 
civil referente à família. Para desenvolvereste trabalho, o assistente social estuda a 
situação, realiza uma avaliação, emite um 
parecer, por meio do qual pode apontar 
medidas sociais e legais que poderão ser 
tomadas. “Na realização deste estudo, o 
profissional pauta-se pelo que é expres-
so verbalmente e pelo que não é falado, 
mas que se apresenta aos olhos como in-
tegrante do contexto em foco” (FÁVERO, 
2006, p. 27). Ele dialoga, observa, anali-
sa e registra acontecimentos e situações 
que levaram a uma determinada situação 
vivida pelo sujeito objeto da ação judicial.
Através do domínio dos meios a serem 
utilizados, o profissional constrói o es-
tudo social, “ou seja, constrói um saber a 
respeito da população usuária dos servi-
ços judiciários” (FÀVERO, 2006, p. 28). Um 
saber que pode se constituir numa ver-
dade, pois é uma ação operacionalizada a 
partir de uma posição de poder a qual ocu-
pa o assistente social.
Por isso, relembrando as dimensões da 
instrumentalidade do Serviço Social, o 
profissional deve trabalhar norteado pelo 
projeto ético-político e teórico-metodoló-
gico da profissão, tendo em vista que do-
minar os meios implica no domínio de um 
poder. Poder dado pelo saber profissional 
que no caso de Judiciário, soma-se ao po-
der inerente à natureza institucional, que 
é um poder de julgamento, de decisão a 
respeito da vida dos sujeitos. Pode-se in-
dagar, então, qual é a real finalidade do 
estudo social nesse campo de interven-
ção, e como planejar o trabalho, de manei-
ra que a finalidade se articule ao domínio 
dos meios pra chegar até ela.
Dessa forma, Martins (2008) analisa 
22 23
que uma das primeiras perguntas fren-
te à demanda do estudo social seria para 
quê? Para subsidiar a decisão judicial: E 
pergunta-se também quais as implicações 
na vida do sujeito essa decisão trará? Que 
responsabilidade tem o profissional do 
Serviço Social, nessa decisão?
Levando em conta que o Judiciário bus-
ca a “verdade” dos acontecimentos ou da 
situação para julgar com justiça, indaga-
mos qual a sua participação na construção 
dessa verdade. Ele tem clareza de que a 
“verdade” é histórica, construída social-
mente? (FÀVERO, 2006, p. 35)
Dado que o assistente social é um dos 
poucos profissionais que têm acesso à vida 
cotidiana das pessoas, resulta desafiador 
envolver a tarefa pericial no contexto das 
novas questões sociais, que exigem res-
postas diferentes às do século passado. 
Repensar o laudo social faz parte desse 
processo; revisar sua elaboração em ter-
mos éticos significa romper com velhos 
modelos “que pelo uso costumeiro nos im-
pedem de sair de uma alienação rotineira, 
onde então o laudo social se converte em 
um relato descritivo de feitos isolados da 
vida de uma pessoa” (DELL’AGLIO, 2004, p. 
47 apud MARTINS, 2008). Este é um ins-
trumento de poder com o qual o profis-
sional pode decidir sobre o futuro e a vida 
das pessoas e das famílias.
A intervenção dos assistentes sociais 
no espaço familiar pode ser vista por 
dois aspectos: por um lado constituiu-se 
na apropriação da privacidade dos sujei-
tos que vivem situações de conflitos, em 
nome de um poder institucionalizado e, 
por outro, as questões e conflitos familia-
res de ordem privada invadem o campo ju-
rídico, isto é, os sujeitos deixam nas mãos 
dos profissionais do judiciário a resolução 
de problemas de ordem privada (SILVA, 
2005, p. 57/58 apud MARTINS, 2008).
Fávero (1999) ressalta que o servi-
ço social tem na instituição judiciária sua 
prática perpassada cotidianamente por 
relações de poder. O seu saber transfor-
mado em ações avaliativas e diagnósticas 
“está em relação intrínseca com o poder e, 
direciona seu parecer, influindo de forma 
determinante sobre a decisão a ser toma-
da com relação à trajetória, ao destino da 
criança ou adolescente sujeito – ou objeto 
– da investigação” (FÁVERO, 1999, p. 11).
Essa noção de poder advém da institu-
cionalização do Serviço Social no Poder Ju-
diciário, um Poder de Estado que, enquan-
to responsável pela aplicação das leis e 
distribuição da justiça, tem sido visto, 
tradicionalmente, como se estivesse num 
patamar superior ou à parte dos demais 
poderes, o que via de regra, se reproduz 
em diversas instâncias de ações em seu 
interior (FÁVERO, 1999, p. 11).
Inserido no espaço jurídico, o assisten-
te social lida com questões que envolvem 
a vida de sujeitos, tendo como desafio 
fundamental a garantia de direitos em 
contraposição à violação de direitos. Nes-
se sentido, a palavra do profissional pode 
ter papel fundamental, pois ele é deten-
tor de um saber/poder e assume um lugar 
importante na vida dos sujeitos e na dinâ-
mica das famílias (MARTINS, 2008).
O Serviço Social, independentemente 
de sua natureza interventiva, foi-se adap-
tando ao longo de sua história de inserção 
no Poder Judiciário, para dar respostas às 
necessidades da instituição. Os profissio-
nais foram se tornando indispensáveis na 
seleção dos problemas que o Judiciário 
22 23
pode solucionar, interpretando e anali-
sando as situações trazidas pela popula-
ção carente, decodificando-as para o Juiz 
e a instituição judiciária (COLMAN, 2004 
apud POCAY; COLMAN, 2006).
Através do trabalho desenvolvido in 
loco pelo assistente social, este terá a 
oportunidade de inteirar-se largamente 
sobre a situação investigada, “proceder 
encaminhamentos, promover entendi-
mentos, articular conjuntamente com as 
pessoas envolvidas as soluções para seus 
problemas” (PIZZOL, 2005, p. 149).
O profissional terá condições de perce-
ber as demandas e causas geradoras de 
conflitos, podendo promover articulações 
com outras instituições, para que a situa-
ção seja resolvida da forma mais adequa-
da, pois o trabalho em rede com outras 
instituições, profissionais, vizinhos, ami-
gos e familiares é de suma importância, 
já que contribuirá com conhecimentos 
e elementos que permitirão abordar de 
modo integral o trabalho com famílias, so-
bretudo, para colaborar com a resolução 
do conflito (DELL’AGLIO, 2004, p. 66 apud 
MARTINS, 2008).
Pizzol (2005, p. 150) destaca que nas 
questões de família e, principalmente, da 
infância e juventude, os profissionais que 
compõem o sistema de justiça infanto-ju-
venil devem atuar de forma integrada e 
com recursos suficientes que venham a 
garantir a eficácia de uma sentença judi-
cial, visando o efetivo exercício da cidada-
nia.
A efetivação de direitos se dá a partir 
de uma estreita articulação e integração 
com as instituições e serviços, os quais 
se constituem em rede de apoio frente 
às demandas postas no espaço sócio-o-
cupacional para o profissional de Serviço 
Social.
Vale lembrar que tais demandas não 
se configuram como demandas isoladas 
e tampouco desvinculadas dos processos 
sócio-históricos, estão sim, articuladas 
entre o universal, o particular e o singular, 
e relacionadas dialeticamente à dimensão 
macrossocietária, a qual, sob a égide do 
neoliberalismo, tece a realidade nos mol-
des do desmonte dos direitos conquista-
dos historicamente (MIOTO, 2001).
O assistente social que atua no Poder 
Judiciário, para efetivar o projeto ético-
-político da profissão, comprometido com 
o aprofundamento da democracia como 
socialização das riquezas socialmente 
produzidas e com a construção de uma 
nova ordem societária, necessita estar 
atento às múltiplas expressões da ques-
tão social e suas diversas manifestações.
Sua ação deve identificar não apenas as 
desigualdades, mas as possibilidades de 
enfrentamento. Conhecer a complexida-
de da realidade é necessário para a inter-
venção profissional que não culpabilize o 
usuário, mas o compreenda enquanto su-
jeito social que sofre determinações que 
incidem sobre a sua existência material e 
subjetiva (FUZIWARA, 2006, p. 34).
Enfim, é necessário que o profissional 
contextualize os conflitosnuma perspec-
tiva macrossocietária, considerando as di-
mensões políticas, econômicas, sociais e 
culturais dentro de um processo histórico, 
para que assim possa articular as condi-
ções socioeconômicas e subjetivas viven-
ciadas pelos sujeitos.
O assistente social tem o desafio de via-
bilizar o acesso aos direitos dos cidadãos 
24 25
com os quais atua, portanto, se por um 
lado, atuam cientes de que muitas vezes 
realizam ações que afetam o emergencial, 
o imediato e o superficial, por outro, há 
uma série de mediações que se realizam 
nesse fazer profissional comprometido 
com a emancipação dos sujeitos (FUZIWA-
RA, 2006, p. 82).
A prática do assistente social deve con-
siderar a construção histórica da realida-
de e suas mediações, mas, sobretudo, ter 
um horizonte delineado pelo projeto éti-
co-político profissional. A percepção de 
que a questão social permeia o cotidiano 
dos sujeitos atendidos, e tendo a ação 
profissional embasada nos fundamentos 
que dão direção ao projeto profissional, 
o assistente social poderá propor ações 
inovadoras que venham a contribuir para 
alterações na realidade social (MARTINS, 
2008).
A título de enriquecimento, temos nos quadros a seguir alguns referen-
ciais teóricos para Estudo, Perícia, Parecer, Laudo e Relatório Social.
Fonte: FREITAS (2005)
24 2525
A título de enriquecimento, temos nos quadros a seguir alguns referen-
ciais teóricos para Estudo, Perícia, Parecer, Laudo e Relatório Social.
Fonte: FREITAS (2005)
26 2726
UNIDADE 5 - Atuação junto ao idoso
Observamos no cenário internacional 
e nacional, no decorrer dos últimos anos, 
um aumento significativo no número de 
idosos, modificando a pirâmide etária 
mundial e brasileira, com uma base larga 
de idosos e uma base afunilada de jovens. 
Mas ao que creditar tal inversão? Aos 
grandes avanços tecnológicos e científi-
cos experimentados nas últimas décadas, 
além do crescente processo de urbaniza-
ção e, nesse novo contexto, as causas de 
morte também mudaram. Antes repre-
sentadas por doenças infectocontagio-
sas, agora são apresentadas por doenças 
crônico-degenerativas.
A composição etária de um país – o nú-
mero proporcional de crianças, jovens, 
adultos e idosos – é um elemento impor-
tante a ser considerado pelos governan-
tes. O envelhecimento de uma população 
relaciona-se a uma redução no número de 
crianças e jovens e a um aumento na pro-
porção de pessoas com 60 anos ou mais. À 
medida que as populações envelhecem, a 
pirâmide populacional triangular, confor-
me gráfico abaixo (de 2002), será substi-
tuída por uma estrutura mais cilíndrica em 
2025 (BRASIL, 2005).
Pirâmide da População Mundial 
em 2002 e 2025
Fonte: Nações Unidas (2001 apud BRASIL, 2005, p. 9).
26 2727
Em 2006, a Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílio (PNAD) apontava 
para um total de 8,5 milhões de pessoas 
na faixa etária de 70 anos ou mais (4,6% 
da população total) enquanto a projeção 
da população sinaliza um efetivo de 34,3 
milhões de idosos em 2050, ou 13,2% da 
população total, conforme aponta a tabe-
la abaixo.
Projeção da população total, abso-
luta e relativa, 
segundo os grupos de idade - Brasil 
- 2010/2050
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, 
Coordenação de População e Indicadores 
Sociais, Projeção da População do Brasil 
por Sexo e Idade para o Período 1980-
2050 – Revisão 2004.
28 29
Os dados quanto ao envelhecimento 
não mentem! Entretanto, a velhice não é 
doença. 
Concordando com Ferrari (1975), a ve-
lhice é uma etapa da vida com caracterís-
ticas e valores próprios, em que ocorrem 
modificações no indivíduo, tanto na es-
trutura orgânica, como no metabolismo, 
no equilíbrio bioquímico, na imunidade, na 
nutrição, nos mecanismos funcionais, nas 
características intelectuais e emocionais.
São estas modificações que dificultam 
a adaptação do indivíduo no seu meio, 
exatamente pela falta de condições que 
favoreçam o envelhecimento bio-psico-
-social.
Segundo Camarano (2002), o envelhe-
cimento é um processo de perdas bioló-
gicas e sociais, que traz vulnerabilidades 
que são diferenciadas por gênero, idade, 
grupo social, raças e regiões geográficas, 
entre outros. É diferenciado também o 
momento (a idade) em que elas se ini-
ciam. Tais vulnerabilidades são afetadas 
pelas capacidades básicas (com as quais o 
indivíduo nasceu), pelas capacidades ad-
quiridas ao longo da vida e pelo contexto 
social em que os indivíduos encontram na 
sua fase de vulnerabilidades. Dessa for-
ma, políticas públicas podem ter um papel 
fundamental na redução do seu impacto 
sobre o indivíduo e a sociedade e eis que 
aqui começamos a vislumbrar o papel do 
Assistente Social.
Em outras palavras, o envelhecimento 
populacional é uma resposta à mudança 
de alguns indicadores de saúde, espe-
cialmente a queda da fecundidade e da 
mortalidade e o aumento da esperança 
de vida. Não é homogêneo para todos os 
seres humanos, sofrendo influência dos 
processos de discriminação e exclusão as-
sociados ao gênero, à etnia, ao racismo, às 
condições sociais e econômicas, à região 
geográfica de origem e à localização de 
moradia.
A Organização Pan-Americana de Saú-
de (OPAS) define envelhecimento como 
“um processo sequencial, individual, acu-
mulativo, irreversível, universal, não pa-
tológico, de deterioração de um organis-
mo maduro, próprio a todos os membros 
de uma espécie, de maneira que o tempo 
o torne menos capaz de fazer frente ao 
estresse do meio-ambiente e, portanto, 
aumente sua possibilidade de morte”.
Estudos de Veras (1994) têm chamado 
atenção para o rápido processo de enve-
lhecimento da população brasileira verifi-
cado desde a década de 1960. Na década 
de 1980, ocupávamos o décimo lugar den-
tre os países mais velhos do mundo. Além 
disso, temos a estimativa de ser, até o ano 
de 2025, o sexto país em população ido-
sa, com aproximadamente 32 milhões de 
idosos.
Esses dados nos levam a pensar na ne-
cessidade de garantir condições dignas de 
vida para os idosos que em nosso país vi-
venciam velhices diferenciadas. Estudos 
de Sant’anna (1997, p. 75) afirmam que a 
velhice é uma experiência que tem sido vi-
venciada “de forma não homogênea, e di-
versificada, em função de gênero, classe, 
etnia, religião”.
Os idosos que chegam aos centros de 
convivência, clubes de terceira idade ou 
universidades de terceira idade, estando 
na condição de aposentados, pensionis-
tas ou donas-de-casa, e gozando de boa 
28 29
saúde, querem uma velhice ativa, o que 
lhes confere o título de representantes da 
terceira idade no Brasil.
O conceito de “terceira idade” surgiu 
na França na década de 1960 buscando 
dar significado mais positivo à velhice, 
que associada a um novo tempo de lazer 
e não mais associada à miséria, doença e 
decadência, é vivenciada após a aposen-
tadoria. Percebemos que a expressão ter-
ceira idade vem dar um novo significado à 
velhice, uma outra imagem que simboliza 
um tempo de liberdade, ou mesmo de ser 
jovem, independentemente da idade.
Estando os idosos libertos das respon-
sabilidades profissionais e familiares, po-
dem retomar projetos deixados ao longo 
da vida dando um novo sentido ao tempo 
livre. Portanto, são com esses idosos, que 
cada vez mais vem se ocupando os espa-
ços públicos e, com disponibilidade para 
desenvolver atividades que lhes permi-
tam uma participação ativa, através da 
associação em grupos que lhes proporcio-
nam não só o desenvolvimento da sociabi-
lidade, como também o acesso a informa-
ções que lhes deixem sintonizados com as 
questões relevantes de seu tempo.
Na medida em que tal população requer 
atenção nas inúmeras áreas de atuação 
profissional, destacamos, a seguir, algu-
mas possibilidades no campo do Serviço 
Social, lembrando que as demandas são 
historicamentedeterminadas e requerem 
respostas de políticas sociais adequadas.
O atendimento à população idosa teve 
relevância desde os primórdios do Serviço 
Social. O caráter caritativo e assistencia-
lista, de proteção aos idosos fragilizados, 
quer seja por questões socioeconômicas, 
quer seja por abandono dos familiares, foi 
se modificando, no decorrer de sua histó-
ria. Os assistentes sociais comprometidos 
com as causas sociais, se assumem como 
agentes políticos de transformação so-
cial, ultrapassam a mera execução das po-
líticas sociais e aliam-se aos movimentos 
sociais dos usuários na construção de um 
projeto que lhes garanta o usufruto da ci-
dadania. A participação de assistentes so-
ciais foi efetiva nos espaços de luta pela 
cidadania dos idosos e pela aprovação do 
Estatuto do Idoso, um avanço em termos 
legais, mas que ainda podemos considerar 
distante do ideal (GOLDMAN, 2005).
Cabe registrar que os assistentes so-
ciais devem ser solidários na luta, sem se-
rem os protagonistas das lutas dos idosos, 
evitando a tutela e a ocupação do espaço 
político dos sujeitos idosos.
O assistente social deve atuar, sempre 
que possível, com os demais profissionais, 
numa ação interdisciplinar que congre-
gue esforços no seu fazer cotidiano e na 
aliança de parceiros para a consolidação 
dos direitos dos idosos, principalmente 
os da seguridade social: saúde, previdên-
cia e assistência social. São importantes 
também ações profissionais na esfera da 
educação, não só para os idosos, mas para 
todas as gerações, para que aprendam a 
conhecer e a respeitar os idosos, para que 
estabeleçam laços sociais de intercâmbio 
intergeracionais e para que se preparem 
para a velhice.
O campo profissional de atendimento 
à população idosa é bastante amplo com 
tendências de ascensão a curto, médio e 
longo prazos, devido ao aumento demo-
gráfico e às demandas crescentes de pro-
dutos e de serviços, havendo muitas áre-
30 31
as é subáreas emergindo, mas aqui cabe 
falar na área da Assistência Social que 
pode acontecer nas repartições públicas 
de todos as esferas, nas instituições es-
tatais, nas organizações sociais privadas, 
nas comunidades, em todos os espaços 
que congregam idosos e seus familiares 
para orientação, prestação de serviços 
e, especificamente sobre o Benefício da 
Prestação Continuada (BPC). Participar 
da formulação de políticas da área, da 
assessoria, consultoria e orientação aos 
movimentos dos usuários da Assistência 
Social, dos Conselhos da Assistência em 
todos os âmbitos, além de outras ativida-
des (GOLDMAN, 2005).
Segundo Motta (1989), o envelheci-
mento social é um processo frequente-
mente lento que leva à progressiva per-
da de contatos sociais gratificantes. É um 
processo que se inicia em algum momento 
da vida de um dado ser humano, acentua-
-se em diferentes ocasiões e, através de 
avanços e recuos, nem sempre muito pre-
cisos, pode levar à chamada “morte social.
São indicadores ou sintomas do en-
velhecimento social:
 Progressiva diminuição dos conta-
tos sociais;
 Distanciamento social;
 Progressiva perda do poder de de-
cisão; 
 Progressivo esvaziamento dos pa-
péis sociais;
 Gradativa perda da autonomia e in-
dependência;
 Alterações nos processos de comu-
nicação;
 Crescente importância do passado.
Causas que podem acelerar o pro-
cesso:
 A fragilidade do próprio idoso;
 Perda do poder econômico do ido-
so;
 Perda da autoridade (XAVIER, 
2004).
Dentre os fatores que contribuem para 
o envelhecimento social, convém desta-
car o meio ambiente e as degenerescên-
cias físicas, lembrando que em qualquer 
idade, o ambiente exerce influência sobre 
os seus habitantes.
O modo pelo qual cada indivíduo 
se sente em relação ao mesmo está 
diretamente relacionado aos seguin-
tes aspectos:
 A composição demográfica do meio 
ambiente;
 Expectativas da sociedade;
 Equipamentos sociais;
 Condições de moradia
Infelizmente é fato que mudanças 
como o “enfeamento”, processo lento e 
sutil; as perdas sensoriais (diminuição da 
visão, audição, etc.) e o declínio da memó-
ria afastam o idoso dos membros da famí-
lia, portanto, um trabalho de conscienti-
zação ajudaria sobremaneira o resgate da 
autoestima e dignidade dos mesmos.
De acordo com o artigo primeiro da Lei 
Orgânica de Assistência Social (LOAS) nº 
8.742/93, que regulamenta a Constitui-
ção de 88 (artigos 203 e 204). A Assis-
tência Social, direito do cidadão e dever 
30 31
do Estado, é política de Seguridade Social 
não contributiva, que provê os mínimos 
sociais, realizada através de um conjunto 
integrado de ações, de iniciativa pública e 
da sociedade, para garantir o atendimen-
to às necessidades básicas.
Nessa perspectiva, o Assistente Social 
é aquele profissional que atua na elabora-
ção, junto ao paciente e seu entorno so-
cial, de estratégias de inclusão destes no 
usufruto de seus direitos e de mobilização 
para seu protagonismo e empoderamen-
to.
A intervenção do assistente social se dá 
a partir do conhecimento aprofundado do 
contexto socioeconômico, cultural e fami-
liar do cliente/família com a finalidade de 
possibilitar a elaboração do diagnóstico 
social, tendo em vista um plano de ação. 
Essa intervenção remete a reflexões e 
tomadas de decisão sobre os diversos as-
pectos que envolvem a saúde do idoso, 
acesso ao tratamento e garantia de seus 
direitos na participação desse processo. 
São objetivos da Intervenção: prestar as-
sistência às situações problema, mas tam-
bém promover a prevenção de problemas 
sociais, a reabilitação e a reinserção social 
de pessoas, grupos ou comunidades.
Segundo Queiróz e Lemos (2002), o 
meio rural ou urbano, a classe social (o po-
der econômico e político), o grupo profis-
sional, a cultura e a ideologia dominante 
são algumas das variáveis mais relevantes 
a respeito da realidade do idoso que deve 
permear o trabalho do Assistente Social.
Como procedimentos metodológi-
cos – instrumentais – para o agir do 
profissional temos:
 Entrevistas de avaliação e orienta-
ção com a pessoa idosa e familiares/re-
presentantes legais;
 Acompanhamento e estudo inter-
disciplinar de caso;
 Encaminhamentos – inserção na 
rede de suporte social;
 Visita técnicas domiciliares e insti-
tucionais;
 Trabalho com grupos: pessoas ido-
sas, familiares, cuidadores;
 Avaliação sócio-familiar
O Protocolo de Avaliação Sócio-familiar 
é um instrumental que possibilita ao pro-
fissional, dimensionar a demanda, a reali-
dade e os recursos e estratégias já exis-
tentes. Na avaliação para intervenção 
sócio-familiar são considerados os 
seguintes aspectos sobre a realidade 
do paciente:
 Dados de identificação pessoal da 
pessoa idosa;
 Quadro clínico e história de vida;
 Identificação da demanda e solici-
tante;
 Ambiente físico/situação habita-
cional;
 Composição e dinâmica familiar;
 Situação financeira, previdenciária 
e assistencial do paciente e da família (re-
sidente e não residente);
 Nível de autonomia e independên-
cia da pessoa idosa;
 Necessidades e recursos para as-
sistência à pessoa idosa;
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 Dados sobre o cuidador;
 Riscos sociais;
 Identificação do técnico, local e 
data da entrevista, observações gerais 
sobre o processo da entrevista;
 Parecer técnico.
De acordo com Souza (2003), o desa-
fio do serviço social, diante da questão 
do idoso, que vive momentos de exclusão 
social, é propender o diálogo entre as di-
ferentes faixas etárias a fim de despertar 
a sensibilidade por todas as pessoas que 
sofrem diversas formas de discriminação, 
além de potencializar a pessoa idosa a 
acreditar em si, como pessoa de direitos, 
isso os levará a redescobrir sua verdadei-
ra identidade, assumir-se como pessoa 
imprescindível a sua produtividade social.

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