Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS OCUPACIONAIS Prof. Dr. Fabrício A. Menegon Universidade Federal de Itajubá – campus de Itabira ESS006 – Princípios de Saúde e Segurança Conteúdo • 1. Aspectos históricos e sociais das doenças ocupacionaisdoenças ocupacionais • 2. Aspectos da legislação e políticas públicas em saúde do trabalhador 3. L.E.R/D.O.R.T• 3. L.E.R/D.O.R.T 2 PARTE 1 Aspectos Históricos e Sociais das Doenças Ocupacionais ...da medicina do trabalho à saúde ...da medicina do trabalho à saúde do trabalhador... 3 O adoecimento e o homem • O adoecimento sempre provocou sentimentos de aflição. • O homem sempre tentou compreender os sintomas. • As explicações para as epidemias eram relacionadas a iras dos deuses. • Quatro a cinco séculos antes de Cristo: primeiras • Quatro a cinco séculos antes de Cristo: primeiras teorias científicas e racionais a respeito das causas das doenças, relacionando-as com fatores do meio físico, ou sejam, as águas, os ares, o solo. • Século XIX: microorganismos foram descobertos. 4 Revolução Industrial • Europa, 1770 a 1850: mudanças no modo de viver e de trabalhar das modo de viver e de trabalhar das pessoas; • A introdução da mecanização no processo de produção viabilizou a produção durante o dia e a noite;produção durante o dia e a noite; • Homens, mulheres e crianças trabalhavam de 12 a 16 horas consecutivas. 5 Doenças dos que trabalham • Literatura grega: mineradores que • Literatura grega: mineradores que trabalhavam durante intermináveis horas dentro das galerias subterrâneas e que adoeciam dos pulmões. • Literatura romana: palidez dos mineiros buscadores de ouro, que mineiros buscadores de ouro, que tentavam se proteger intuitivamente, usando membranas de pele de bexiga como máscaras. 6 Doenças dos que trabalham • Séculos XV e XVI: grandes navegações e descobertas de novas terras e povos.descobertas de novas terras e povos. • Doença dos marinheiros: escorbuto. Os portugueses, franceses, holandeses e ingleses sabiam que sucos de limão e laranja frescos preveniam a doença. • 1795: a marinha britânica determinou que todos os seus marinheiros deveriam receber uma cota de suco de limão. 7 Doenças dos que trabalham • 1556: Georg Bauer – De Re Metallica – primeira obra dedicada exclusivamente às doenças dos mineradores e primeira obra dedicada exclusivamente às doenças dos mineradores e fundidores metalúrgicos na Alemanha. • 1700: Bernardino Ramazzini – As Doenças dos Trabalhadores – descreve as doenças dos douradores, as doenças dos douradores, mineradores, químicos, coveiros, parteiras, estanhadores, ferreiros, tipógrafos, escribas e notários, entre muitos outros. 8 Doenças dos que trabalham • Percival Pott (1713-1788): introduziu o histórico da vida profissional na o histórico da vida profissional na prática clínica (anamnese ocupacional). Discutiu a importância do tempo de latência das doenças. Ex: câncer de escroto em ex- limpadores de chaminés Ex: câncer de escroto em ex- limpadores de chaminés 9 Doenças dos que trabalham • Louis René Villermé (1782-1863): introduziu a descrição comparativa introduziu a descrição comparativa das similaridades e diferenças – trabalho de mesma atividade, mas realizado em locais diferentes; – Trabalhadores do mesmo estabelecimento mas em atividades estabelecimento mas em atividades diferentes. 10 Doenças dos que trabalham • William Farr (1807-1883): primeiro a acompanhar e registrar estatísticas acompanhar e registrar estatísticas de mortalidade entre trabalhadores de diferentes ocupações, permitindo o estabelecimento de taxas de mortalidade.mortalidade. 11 Modelos de Organização do Trabalho e da Produção • 1890 a 1900 - Taylorismo (Frederick Winslow Taylor) – Administração Científica da ProduçãoTaylor) – Administração Científica da Produção – Divisão entre os que organizam e os que realizam as tarefas; – Análise científica do trabalho – estabelecimento dos tempos e métodos; – Trabalhadores classificados de acordo com habilidades específicas (homem tipo bovino);específicas (homem tipo bovino); – Controle estrito sobre a produção e sobre os trabalhadores (treinamento); – Alienação e descaso com a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. 12 Modelos de Organização do Trabalho e da Produção • 1900 - Fordismo (Henry Ford) – Produção em MassaMassa – Implantação da linha de produção; – Divisão do trabalho em postos de trabalho; – Massificação da produção. “É preciso acumular para depois vender”; – Os trabalhadores eram organizados ao longo de uma linha de produção e executavam tarefas simples, linha de produção e executavam tarefas simples, fragmentadas. Não havia mobilização entre os postos (ex.: filme Tempos Modernos, Charles Chaplin, 1936); – Trabalho com pouca demanda cognitiva e alienado. 13 Modelos de Organização do Trabalho e da Produção • 1950 - Modelo Japonês ou Toyotismo (Taiichi Ohno) – Produção flexívelOhno) – Produção flexível – Produzir somente o necessário (produção flexível); – Multifuncionalização da mão-de-obra; – Implantação do sistema de controle de qualidade total; – Adoção do sistema Just in Time;– Adoção do sistema Just in Time; – Personalização de produtos; – Controle visual da produção. Existe sempre um supervisor para inspecionar cada etapa da produção; 14 Doenças dos que trabalham Mudanças do trabalho • Do trabalho pesado --> à • Do trabalho pesado --> à mecanização --> à automatização -- > à rapidez “on line”. • Da escravidão --> às relações • Da escravidão --> às relações informais --> às relações formais = direitos --> à flexibilização das relações. 15 Relação trabalho-saúde Causas de adoecimento e morte Trabalho: mudanças da Antigüidade até hoje Mudança do perfil de mortalidade e adoecimento 16 Organização do trabalho • Ritmo de trabalho intenso• Ritmo de trabalho intenso • Aumento da quantidade de trabalho • Pressão para produtividade • Ausência de pausas Atividades operacionais • Atividades operacionais repetitivas • Padronização dos procedimentos 17 Organização do trabalho • Jornadas prolongadas • Pressão de chefias • Desvalorização do trabalhador • Mobiliário e instrumentos instrumentos inadequados • Falta de flexibilidade e autonomia 18 O sistema músculo-esquelético e a mente entram em fadiga no trabalho 19 Processo de adoecimento De que as pessoas adoecem e morrem? Depende: • Do gênero • Da idade • Da família • Dos hábitos • Do local de moradia• Do local de moradia • Do trabalho • Da classe social 20 Então ... o adoecimento é o produto deproduto de Fatores individuais <---> Fatores sociais 21 E atualmente as pessoas adoecem e morrem de que? • Das doenças infecto-contagiosas às:• Das doenças infecto-contagiosas às: doenças cardiovasculares, neoplasias, danos decorrentes da violência e do trabalho • Dos microorganismos aos: fatores sociais, econômicos e culturais 22 Situação 1 (causa�efeito) Manganês ---> intoxicação com Manganês ---> intoxicação com repercussões neuropsíquicas Mercúrio ---> intoxicação com repercussões neuropsíquicasrepercussões neuropsíquicas 23 Situação 2 (causas�efeitos) • Causas ---> efeitos Vida corridaVida corrida Má alimentação Pressão para produção no trabalho Medo de demissão Competitividade no trabalho Movimentos repetitivos no trabalho Posturas fixas por tempo prolongado no trabalho Novos métodos de gestão nas empresas Desvalorização do trabalhador gastrite/ tensão/ ansiedade/ insegurança/ sofrimento/ stress/ sintomas músculo-esqueléticos24 Classificação das Patologias Relacionadas ao Trabalho (Mendes & Dias, 1999) • Grupo I: doenças diretamente causadas pela “nocividade da matéria manipulada”. Doenças profissionais, doenças específicas ou tecnopatias. Ex: silicose, asbestose, etc;ou tecnopatias. Ex: silicose, asbestose, etc; • Grupo II: doenças produzidas pelas condições de trabalho. Doenças inespecíficas ou mesopatias. São doenças que existem na população geral, mas que podem ser produzidos pelo trabalho. Ex: tendinites. É necessário demonstrar em que condições o trabalho era realizado para se admitir que a doença foi causada pelo mesmo; • Grupo III: doenças relacionadas ao trabalho. Distúrbios comportamentais e doenças psicossomáticas, hipertensão arterial sistêmica, doenças respiratórias crônicas, etc. São desencadeadas por conta do trabalho. Ex: asma pré-existente, pré-disposição a depressão. Ou seja, se a pessoa não trabalhasse ali, a doença não se manifestaria. 25 Classificação das doenças segundo sua relação com o trabalho (Schilling, 1984) I – Trabalho como causa necessária • Intoxicação por chumbo • Silicosenecessária II – Trabalho como fator contributivo, mas não necessário • Silicose • Doença coronariana • Doenças do aparelho locomotor • Varizes de MMII Bronquite crônica III – Trabalho como provocador de distúrbio latente ou agravador • Bronquite crônica • Doenças mentais • Dermatite de contato alérgica 26 Perfil de morbi-mortalidade ocupacional • (acidentes e doenças relacionadas ao trabalho) P.E.A - Brasil = 82.902.480 pessoas. 22.903.311 são formalmente registrados pela Previdência Social – trabalhadores com carteira assinada e que são cobertos pelo Seguro de Acidente do Trabalho – SAT. POPULAÇÃO SEGURADA Brasil – Coeficiente médio de mortalidade = 14,84/100.000 Brasil – Coeficiente médio de morbidade = 1.370/100.000 27 Brasil: Incidência de Doenças Profissionais Registradas por 10.000 segurados - 1980 a 2000 Aumento do registro e crescente dificuldade em caracterizar a natureza "ocupacional" (ou do trabalho) de agravos à saúde Perfil de morbi-mortalidade ocupacional segurados - 1980 a 2000 8 10 12 14 16 18 I n c i d ê n c i a p o r 1 0 . 0 0 0 s e g u r a d o s 36.648 * Fonte: Anuário Estatístico da Previdência Social, 2000. * Em números absolutos 0 2 4 6 1980 1990 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 I n c i d ê n c i a p o r 1 0 . 0 0 0 s e g u r a d o s 3.713 * 28 Brasil. Seguro de Acidentes do Trabalho. Evolução dos Acidentes fatais nos últimos 30 anos - 1970 a 2000 350 306 258 230 113 100 150 200 250 300 350 Coeficiente de Óbitos por 1 milhão de segurados 0 50 1970 1980 1990 2000 Fonte: BEAT, INSS. A partir de 1996, os dados foram extraídos da CAT e SUB, desenvolvidos pela DATAPREV, que processa as informações provenientes dos postos de benefícios. AEPS 2000. A Previdência enfatiza que os dados são parciais, estando sujeito a correções. 29 Coeficiente de Acidentes Fatais, para grupos de 1 milhão de segurados, segundo países selecionados 113120 5 10 50 40 60 80 100 120 Coeficiente de Óbitos por 1 milhão de segurados 5 10 0 20 EUA * REINO UNIDO* AUSTRÁLIA** BRASIL*** Fonte: Yearbook of Labour Statistics, OIT, 1999; AEPS - 2000 * 1997, ** 1996, *** 2000 30 71,6 Insuficiente cobertura (quantitativa) do Seguro contra Acidentes do Trabalho 71,6 31,0 24,7 20 30 40 50 60 70 80 PEA * RGPS Segurados ** SAT ** 0 10 20 COBERTURA Fonte: * População ocupada - PNAD, 1999 ** AEPS - 1999 31 Insuficiente coordenação e articulação governamental (MTE, MS/SUS, MPAS/INSS) Insuficiente participação dos principais Atores Sociais: Trabalhadores e Empresários Elevada Litigiosidade Elevados custos: Custo Brasil devido a Acidentes de Trabalho 2,2 % do PIB brasileiro * * Fonte: Informe da Previdência Social, abril de 2001, vol. 13, nº 4 32 Mercado e Economia Complexos • Poucos postos de trabalho de alta tecnologia. A maioria é de trabalho repetitivo, pesado, penoso ... E cada vez mais trabalho para menos gente.... E cada vez mais trabalho para menos gente. • Indústria / serviços/ comércio ... • Trabalho de rua: motoboys, vendedores, feirantes, ambulantes, camelôs, pesquisadores, guardas, ... Trabalho domiciliar e fatores de risco para as • Trabalho domiciliar e fatores de risco para as famílias, inclusive crianças. • Trabalho rural em condições precárias. 33 SITUAÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR • Contra-hegemonia das idéias: • Contra-hegemonia das idéias: Trabalhar sim adoecer não. • Adoecer e morrer no trabalho não é natural. • Enfoque no processo de trabalho e em toda a sua complexidade. e em toda a sua complexidade. Não sobre o adoecimento estabelecido. 34 Quem pode dar conta? Saúde Previdência Social Assistência socialAssistência social Trabalho Meio ambiente Ciência e tecnologia Agricultura Desenvolvimento e economia Participação popular Sociedade Órgãos de defesa do consumidor ONG Partidos/ legislativo MPE e MPT 35 Saúde do trabalhador não é assunto só do setor Saúde. Deve ser objeto de política de Estado Planejamento Transporte Proteção ao Recursos energéticos Reforma agrária Trânsito Planejamento econômico Educação Lazer Transporte Previdência Social Segurança Proteção à infância e à terceira idade Proteção à mulher Proteção ao trabalhador Controle agrotóxicos Recursos energéticos Saúde do trabalhador Meio Ambiente Assistência social Trabalho terceira idade Comunicação Controle de produtos químicos Agricultura Cultura 36 PARTE 2PARTE 2 Aspectos da Legislação e Políticas Públicas em Saúde do TrabalhadorSaúde do Trabalhador Diretrizes Básicas Lei nº 6.259 de 30 de outubro de 1975 Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças.doenças. Constituição da República Federativa do Brasil Art. 200 - Ao Sistema Único de Saúde, compete, além de outras atribuições, nos termos da lei... II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; ... VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. 38 Diretrizes Básicas Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 Dispõe sobre a legislação específica sobre os acidentes de trabalho. Acidente tipo (típico), acidente de trajeto, doença do trabalho.Acidente tipo (típico), acidente de trajeto, doença do trabalho. Lei nº 8.689 de 27 de julho de 1993 Dispõe sobre a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). Portaria nº 3.908/GM, de 30 de outubro de 1998 Estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS). Portaria Interministerial nº 800 de 3 de maio de 2005 Publica o texto-base da minuta de PolíticaNacional de Segurança e Saúde do Trabalho. 39 Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador • Art. 1º Estabelecer que toda política de saúde do trabalhador para o SUS tenha por propósito a promoção da saúde e a redução da morbimortalidade dos trabalhadores, mediante ações integradas, intra e intersetorialmente, de forma contínua, sobre os determinantes dos agravos decorrentes dos modelos de agravos decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processos produtivos, com a participação de todos os sujeitos sociais envolvidos. 40 Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador • Art 2º Estabelecer que as ações em saúde do trabalhador desenvolvidas pelo SUS sejam organizadas em todos seus níveis de atenção, a partir das seguintes diretrizes:de atenção, a partir das seguintes diretrizes: • I - atenção integral da saúde dos trabalhadores, envolvendo a promoção de ambientes e processos de trabalho saudáveis, o fortalecimento da vigilância de ambientes, os processos e agravos relacionados ao trabalho, a assistência integral à saúde dos trabalhadores e a adequação e ampliação da capacidade institucional; • II - Articulação Intra e Intersetorial; III - Estruturação de Rede de Informações em Saúde do • III - Estruturação de Rede de Informações em Saúde do Trabalhador; • IV - Apoio ao Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas em Saúde do Trabalhador; • V - Desenvolvimento e Capacitação de Recursos Humanos; e • VI - Participação da Comunidade na Gestão das Ações em Saúde do Trabalhador. 41 Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador - RENAST • Criada pela Portaria n.º 1679/2002 do Ministério da Saúdeda Saúde • Art. 1º Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde, a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST, a ser desenvolvida de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. • Parágrafo único - Deverá ser constituída, no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Implantação e de Acompanhamento da RENAST, composta por integrantes das Assessorias Técnicas de Saúde do Trabalhador, da Secretaria de Assistência à Saúde e Secretaria de Políticas de Saúde e órgãos vinculados ao Ministério da Saúde. de Saúde e órgãos vinculados ao Ministério da Saúde. • Art.3° Definir que, para a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador, serão organizadas e implantadas: • I. Ações na rede de Atenção Básica e no Programa de Saúde da Família (PSF). • II. Rede de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) • III. Ações na rede assistencial de média e alta complexidade do SUS. 42 Normas Regulamentadoras • As Normas Regulamentadoras determinam a adoção de medidas de segurança e de medicina adoção de medidas de segurança e de medicina do trabalho. • Estipuladas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, devem ser cumpridas por empresas privadas, públicas e órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 43 Normas Regulamentadoras • No total, são 34 NR´s • Destaque para:• Destaque para: – NR 4: Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho – NR 5: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA – NR 7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – NR 9: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – NR 15: Atividades e Operações Insalubres – NR 16: Atividades e Operações Perigosas – NR 17: Ergonomia 44 Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) • Criado pelo IBGE por meio do Decreto nº 3.500 de 9 de junho de 2000 e revisado entre 2004 e de 9 de junho de 2000 e revisado entre 2004 e 2006; • Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP): na perícia do INSS, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e o CNAE, estabelece-se o NTEP. Ex: CID M-72 x CNAE = doença do trabalho Transtornos Fibroblásticos Ex: inflamações das fáscias e tecidos moles das mãos 45 Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) • Para cada CNAE se verifica a taxa de incidência de doenças e a gravidade relacionada a atividade de trabalho para se estabelecer o percentual a ser pago para o SAT – Seguro de estabelecer o percentual a ser pago para o SAT – Seguro de Acidentes do Trabalho – que pode ser 1%, 2% ou 3% do total da folha de pagamento da empresa; • À partir de 2010, entrou em vigor o FAP – Fator Acidentário Previdenciário. Com isso, o percentual pago pelas empresas com relação ao SAT poderá cair em 50%, ou dobrar, caso a empresa comprove ou não que faz investimentos na área empresa comprove ou não que faz investimentos na área de saúde do trabalhador e demonstre resultados positivos. 46 Papéis e Responsabilidades Prevenção: Ministério do Trabalho e Emprego; Breve Evolução histórica - Legislação sobre Acidentes do Trabalho Prevenção: Ministério do Trabalho e Emprego; Fiscalização das normas de segurança: Lei 6514/ 77 e Portaria n.º 3214/ 78 Estudo da Epidemiologia Ocupacional. Saúde: Ministério da Saúde/Sistema Único de Saúde; Assistência Médica ao Trabalhador Acidentado Vigilância em saúde do trabalhador Portaria n.º 3.120 de 1º de julho de 1998. Utilização de indicadores. Dados Epidemiológicos Ocupacionais.indicadores. Dados Epidemiológicos Ocupacionais. Benefícios, Reabilitação Profissional e Serviço Social: Ministério da Previdência e Assistência Social/Instituto Nacional do Seguro Social. Estudo da Epidemiologia Ocupacional e Levantamento/ estudo de CAT Fiscalização: registro de CAT ações regressivas. 47 Papéis e Responsabilidades Vigilância Sanitária: secretaria ligada ao Ministério da Saúde; Breve Evolução histórica - Legislação sobre Acidentes do Trabalho Vigilância Sanitária: secretaria ligada ao Ministério da Saúde; Fiscalização os bens de consumo e a prestação de serviços em saúde. Vigilância Epidemiológica: secretaria ligada ao Ministério da Saúde. Compõe o Sistema Único de Saúde; Monitora e estuda os eventos relacionados à saúde das populações. Depende da ocorrência de um evento sentinela (desencadeador) para se monitorar a repercussão do evento.monitorar a repercussão do evento. Vigilância em Saúde do Trabalhador: Designada pela Portaria MS nº 3.120/98. Setor ligado à Coordenadoria de Saúde do Trabalhador Busca conhecer os fatores associados ao adoecimento no trabalho, propor melhorias, políticas, etc., para melhorar a saúde dos trabalhadores. 48 Papéis e Responsabilidades (cont.) Breve Evolução histórica - Legislação sobre Acidentes do Trabalho Papéis e Responsabilidades (cont.) A responsabilidade civil do empregador. A empresa é responsável pela adoção e uso de medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. Constitui contravenção penal, punível com multa, o descumprimento por parte das empresas das normas de segurança e de higiene do trabalho. 49 Doenças Relacionadas ao Trabalho - Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde • Capítulo 10: Transtornos mentais relacionados ao trabalhotrabalho • Capítulo 18: Doenças do sistema ósteomuscular e do tecido conjuntivo relacionadas ao trabalho Portaria 1339/99 Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/popup/02_0388.htm Portaria 1339/99 Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho Ministério da Saúde 50 PARTE 3PARTE 3 L.E.R / D.O.R.T • As L.E.R. são Lesões por Esforços Repetitivos (definição mais antiga) • A D.O.R.T. (conhecidas como doenças ósteomuscularesrelacionados ao trabalho) são responsáveis pela alteração das responsáveis pela alteração das estruturas ósteomusculares – tendões, articulações, ossos, músculos e nervos. 52 D.O.R.T Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao TrabalhoRelacionados ao Trabalho • Uma “síndrome clínica” caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não por alterações objetivas e que se manifesta principalmente no pescoço, cintura escapular e/ou pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho. • INSS/1998 53 L.E.R / D.O.R.T • Resultado dos desequilíbrios entre as • Resultado dos desequilíbrios entre as exigências das tarefas por parte da organização e as capacidades motoras do trabalhador dentro das suas possibilidadessuas possibilidades 54 55 Exemplos: no micro ... torção dorsal abdução extensão 56 no micro ... extensão do pescoço Tensão nos ombros punho extendido monitor muito baixo e próximo flexão acentuada 57 L.E.R / D.O.R.T tendinite, tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite, dedo em peritendinite, epicondilite, dedo em gatilho, cistos, síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, outras síndromes músculo- esqueléticas, cervicalgia, síndrome miofascial, síndrome simpático esqueléticas, cervicalgia, síndrome miofascial, síndrome simpático reflexa, lombalgia e outros 58 Siglas Utilizadas • LER – Lesões por Esforços Repetitivos • DORT – Distúrbios Osteomusculares • DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho • CTD – Cumulative Trauma Disorders • MSTD – Musculoskeletal Trauma Disorders • LTC – Lesões por Traumas Cumulativos • DCO – Doença Cervicobraquial Ocupacional • SSO – Síndrome da Sobrecarga Ocupacional 59 Histórico das LER/DORT • 1700 - Ramazzini - "doença dos escribas e notários“; • 1920 - Doença das tecelãs; • 1960 – Primeira epidemia de LER/DORT do mundo: Japão. • 1960 – Primeira epidemia de LER/DORT do mundo: Japão. Causada pela intensificação do trabalho provocada pelo Modelo Japonês de Produção. Manifestou-se inicialmente em caixas de supermercado e digitadores; • Em 1964 o governo japonês aprovou uma lei que determinava um máximo de 40.000 toques em uma jornada de 5 horas de trabalho de digitação (entrada de dados). A Austrália, na década de 1970, estabeleceu 10.000 toques/hora, com o máximo de 4 horas/dia de trabalho. • Década de 80 – Universalização do problema – Várias profissões • Histórico das Epidemias de LER/DORT no mundo: Japão (1960), Austrália (1970), EUA (1990), Brasil (1992); • Movimentos repetitivos ou grande imobilização postural - Fenômeno Mundial 60 Fonte: MAENO et al. (2006) 61 Fonte: relatório do NUSAT/INSS – MG, 1996 In: SALIM, C. A. Doenças do Trabalho: exclusão, segregação e relações de gênero. São Paulo Perspec. 17(1): 11-24, 2003. 62 Fonte: relatório do NUSAT/INSS – MG, 1991 – 1998. In: SALIM, C. A. Doenças do Trabalho: exclusão, segregação e relações de gênero. São Paulo Perspec. 17(1): 11-24, 2003. 63 Fonte: relatório do NUSAT/INSS – MG, 1994 – 1998. In: SALIM, C. A. Doenças do Trabalho: exclusão, segregação e relações de gênero. São Paulo Perspec. 17(1): 11-24, 2003. 64 Diagnóstico de LER/DORT • Quem faz o diagnóstico?• Quem faz o diagnóstico? –O médico assistente; –O médico perito da Previdência Social (INSS); –O médico perito da justiça;–O médico perito da justiça; –O médico de empresa. 65 Diagnóstico de LER/DORT • O diagnóstico de LER/DORT é importante pois, por definição, importante pois, por definição, evidencia-se sua etiologia. • O diagnóstico bem feito é condição para condutas corretas: terapêuticas, preventivas e terapêuticas, preventivas e demais encaminhamentos. 66 O que se considera para o diagnóstico? – História clínica da doença atual, detalhada;detalhada; – Pesquisa sobre os demais aparelhos; – Comportamentos a hábitos relevantes; – Antecedentes pessoais e familiares; – História ocupacional; – Exame físico detalhado; – Exames complementares, se necessários 67 Concepção dos equipamentos Organização da produção DETERMINANTES Ambiente físico Sensibilidade individual Fatores psicossociais insatisfação percepção negativa do trabalho Fatores biomecânicos esforço posturas gestos repetitividade FATORES DE RISCO Organização do trabalho Concepção das ferramentas 68 Músculo-tendinoso Funcional Osteo-articular Compressão Cervicalgias Artroses Síndrome do desfiladeiro torácico Principais localizações das Lesões por Esforços Repetitivos Tendinites Artrose Síndrome do Túnel do cárpio Síndrome de Guyon Músculos Ligamentos Tendões Discos, articulações Tenossinovites Epicondilite Tendinites Nervo ciático Meniscos Higromas Adaptado de Meyer & Dyevre In: Assunção, A.A. (1998) 69 LER / DORT • Não resultam de lesões súbitas; • Resultam de traumatismos de fraca intensidade e • Resultam de traumatismos de fraca intensidade e repetidos durante longos períodos sobre as estruturas musculoesqueléticas normais ou alteradas; • Os sinais clínicos são variáveis. Em geral: dor associada de maneira mais ou menos pronunciada a um desconforto no curso da pronunciada a um desconforto no curso da atividade profissional; • Os gestos e movimentos causadores de lesão podem ser de atividades extra-profissionais. 70 contrações estáticas trabalho repetitivoposturas esforços musculares intensos Trabalho atrito do tendão dilacerações na inserção músculo-tendão compressão do nervo isquemia tissular acúmulo de fadiga recuperação insuficiente das contrações musculares degeneração das fibras musculares inflamação dos tecidos músculo-esqueléticos diminuição da condução nervosa inserção músculo-tendão aumento da pressão intramuscular aumento produção de métabolitos tóxicos diminuição dos nutirentes das contrações musculares Tecido músculo-esquelético (Assunção, 1998) •limitação da amplitude do movimento •perda da força muscular •perturbações da percepção sensorial dor fadiga muscular edema parestesiasLER 71 Contração muscular • aumento da pressão intra-muscular levando a • aumento da pressão intra-muscular levando a compressão dos vasos sangüíneos intramusculares; • nutrição dos músculos ativos pode ser temporariamente perturbada; • principalmente quando o nível de força é elevado. 72 Contração muscular Condições estáticasCondições estáticas • déficit de oxigênio • o músculo funciona em condições anaeróbias • a fadiga pode surgir • esta fadiga está condicionada pelo repouso • cuja duração deverá ser proporcional às pressões • cuja duração deverá ser proporcional às pressões sofridas 73 Modificações bioquímicas do músculo hipersolicitado • Acúmulo de lactato; • Insuficiência de glicogênio;• Insuficiência de glicogênio; • Modificações das concentrações iônicas intra e extra-celulares. 74 As principais pressões que afetam o tendão • Força de tração exercida pelo músculo;• Força de tração exercida pelo músculo; • Atrito; • Compressão contra os tecidos adjacentes durante a passagem ao nível • Compressão contra os tecidos adjacentes durante a passagem ao nível das articulações. 75 Pressões sobre os tendões • Esforço de cisalhamento - O tendão pode ser submetido a esforços de compressão que agem compressão que agem perpendicularmente ao eixo de fibras; • Isquemia - durante a compressão dos tendões pode haver lesão dos vasos tendões pode haver lesão dos vasos situados na região adjacente. 76 • Uma abdução de 30 graus do ombro provoca uma isquemiaparcial nos vasos situados anteriormente, os quais irrigam, entre outros, os tendões; • A insuficiência de líquido sinovial pode ser devido à sua diminuição pelas bainhas ou à qualidade nutritiva desse líquido, como conseqüência dos processos inflamatórios; • Quando as perturbações perduram, as arteríolas e as vênulas se hipertrofiam, o número dos fibrócitos aumenta e o tecido conjuntivo prolifera. 77 lesão Trauma agudo Uso repetitivo resposta inflamatória fraqueza, atividade dor repouso rigidez Gross, Fetto & Rosen; 2000 78 Exigências mecânicas Mudança dos modos operatórios Estratégias individuais Estratégias coletivas Fracionamento das operações Deformações das operações Fadiga MicrotraumasDeformações tissulares Microtraumas Rupturas Alterações isquêmicas Compressões (Assunção, 1998) 79 Questão Por que as alterações do humor no curso Hipóteses • a dor da perda da saúdehumor no curso das DORT? • a dor da perda da saúde • a dor da decepção ao ser excluída do ambiente de trabalho • a dor do não reconhecimento • a dor da humilhação no lócus da perícia médica - precisa da perícia médica - precisa provar aquilo que aflige • doí porque dói e dói porque tem que provar que dói 80 Causas das D.O.R.T • Diminuição do aporte sanguíneo à região • Repetitividade e/ou força dos • Repetitividade e/ou força dos movimentos quanto na atividade estática das estruturas envolvidas • Trauma ou microtrauma - formação de processos inflamatórios locaisprocessos inflamatórios locais • A LER/DORT se manifesta clinicamente por um sintoma subjetivo e peculiar a cada indivíduo que é a DOR 81 Sintomas da D.O.R.T • Desconforto, tensão, rigidez ou dor nas mãos, dedos, antebraços e cotovelos • Mãos frias, dormência ou formigamento • Redução da habilidade (destreza manual) • Perda de força ou coordenação nas mãos • Dor capaz de interromper o movimento 82 Fatores agravantes • Falta de apoio de níveis superiores para uma atuação adequadauma atuação adequada • Diagnóstico impreciso e acompanhamento inadequado durante o tratamento médico • Readaptação ao trabalho deficiente • Posto de trabalho inadequado 83 Prevenção D.O.R.T • Organização do trabalho (ritmos, pausas, rodízios, divisão de tarefas, trabalho em rodízios, divisão de tarefas, trabalho em grupo, etc) • Ergonomia • Suporte social no trabalho • Programas internos de saúde e bem-estar Monitoramento adequado dos indicadores • Monitoramento adequado dos indicadores de saúde e adoecimento • Equipe de saúde atuante no contexto do trabalho 84 Ações para D.O.R.T • Incentivar o trabalhador a prestar atenção • Incentivar o trabalhador a prestar atenção em sintomas e limitações, mesmo que pequenas, e orientá-lo a procurar logo o auxílio • Propiciar aos médicos que atendem aos trabalhadores um diálogo com a empresa trabalhadores um diálogo com a empresa nos casos que houver necessidade de mudar as características do posto de trabalho 85 Ações para D.O.R.T • Treinamento da equipe de saúde –• Treinamento da equipe de saúde – Atendimento adequado ao trabalhador • Amparo ao trabalhador com D.O.R.T – tratamento e reabilitação – tratamento e reabilitação • Política de prevenção - Evitar o adoecimento dos trabalhadores 86 Bibliografia ASSUNÇÃO, A.A. De la déficience à la gestion collective du travail: les troubles musculo- squelettiques dans la restauration collective. Paris: École Pratique des Hautes Études, 1998. (Thèse de Doctorat d'Ergonomie). GROSS, J; FETTO, J.; ROSEN, E. Exame musculoesquelético. Porto Alegre, Artmed Editora, 2000. INTERNATIONAL LABOUR OFFICE. Yearbook of Labour Statistics. ILO, 1999. MENDES, R. Patologia Do Trabalho. 2 ed. São Paulo, Editora Atheneu, 2002. MAENO, M.; SALERNO, V.; ROSSI, D. A. G.; FULLER, R. (Org.) Lesões por esforços repetitivos, distúrbios ósteomusculares relacionados ao trabalho, dor relacionada ao trabalho. Protocolos de atenção integral à saúde do trabalhador de complexidade diferenciada. Brasília, Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Ações Programáticas Estratégicas/Área Técnica de Saúde do Trabalhador. 2006, 49p. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Estatístico da Previdência Social. 1999. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Estatístico da Previdência Social. 2000.MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Anuário Estatístico da Previdência Social. 2000. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Informe da Previdência Social. Abril de 2001, vol. 13, nº 4. SALIM, C. A. Doenças do Trabalho: exclusão, segregação e relações de gênero. São Paulo Perspec. 17(1): 11-24, 2003. RAMAZINNI, B. As doenças dos trabalhadores. 2 ed. São Paulo: Fundacentro, 1999. ZILBOVICIUS, M. Modelos para a produção. Produção de modelos. São Paulo: Anna/Blume FAPESP, 1999. 87
Compartilhar