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ARTRITE REUMATÓIDE E EXERCÍCIOS FÍSICOS

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ARTRITE REUMATÓIDE E EXERCÍCIOS FÍSICOS 
Dr. Rafael Silvestre Knack 
Médico do Esporte - Endocrinologia - Nutrologia 
 
 
A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune e etiologia 
desconhecida. Apesar de a doença acometer indivíduos de todas as faixas etárias, as mulheres estão 
três a quatro vezes mais propensas a serem acometidas pela AR do que os homens. Assim como na 
maior parte dos problemas reumatológicos, a AR se caracteriza por uma série de eventos que se 
combinam um com os outros, entre eles a rigidez articular, dor, inchaço, deformidade articular, 
atrofia muscular, descondicionamento físico generalizado e a diminuição da função. Grande parte 
dos pacientes com doença articular inflamatória ou não inflamatória sofre com diminuição da força 
muscular e atrofia em torno da articulação envolvida. Esta perda de força pode resultar da 
inatividade e do próprio quadro inflamatório. Por exemplo, pacientes com AR exibem atrofia das 
fibras musculares do tipo I e II, fato que pode estar relacionado com alterações patológicas dentro 
do tecido ou ao desuso. 
 O paciente com AR necessita de tratamento fisioterápico e farmacológico, mas fortes evidências 
apontam, também, benefícios no uso de exercícios físicos na sua terapêutica. Apesar de ainda não 
existir um consenso quanto ao melhor tipo, intensidade, frequência e duração do exercício, 
evidências apontam que a prática regular de atividade física exerce papel fundamental no 
tratamento da doença. Por este motivo, exercícios físicos regulares podem e devem ser incluídos na 
rotina da vida diária do paciente o que, em conjunto com a terapia farmacológica, pode 
proporcionar maior independência e qualidade de vida aos portadores de AR, sem contar que o 
exercício também pode auxiliar a reduzir a dor articular. Foi durante as duas últimas décadas que os 
pesquisadores intensificaram os estudos sobre a eficácia dos exercícios de força e aeróbicos no 
paciente da artrite. Os dados resultantes destas pesquisas mostram claramente que o exercício 
maximiza a amplitude de movimento, além de melhorar a força muscular, resistência, alinhamento 
adequado das articulações, função e a densidade óssea. Após a liberação do médico para esta 
prática esportiva, o profissional que acompanhar o portador de AR durante seu programa de 
exercícios deve considerar a extensão e o estágio do comprometimento articular, bem como os 
fatores que podem afetar a motivação e a obediência do paciente, pois é natural que a pessoa com 
quadro de inflamação articular tenha receio de praticar exercícios resistidos. Os parâmetros para o 
tipo e a quantidade de exercícios a serem prescritos serão determinados pelo grau de sinovite do 
paciente, levando em consideração se há ou não destruição e deformidade articular, bem como 
deverá ser avaliada a tolerância do paciente à dor. Quando o portador de doença crônica não é 
cuidadoso e apresenta um quadro agudo, o mesmo deverá ser incentivado a fazer exercícios de 
fortalecimento estático, além de exercícios suaves de amplitude de movimento. Os protetores 
articulares podem ser úteis para evitar traumas às articulações inflamadas. A intensidade do 
programa de exercícios deve ser determinada pelo próprio paciente, para que não seja feito esforço 
articular além da conta. Alguns detalhes devem ser atentamente observados, por exemplo, a dor 
aguda durante o exercício indica a necessidade de modificar o programa; a dor vaga difusa, que se 
resolve em menos de duas horas, não indica a necessidade de modificação do programa. Quanto aos 
tipos de programas de exercícios mais indicados, os de fortalecimento aumentam a força muscular e 
a contratilidade, melhorando a capacidade do paciente de realizar suas atividades diárias. Evidências 
indicam que os pacientes com AR são mais fracos do que pessoas saudáveis e que aquel es com AR 
grave chegam a ter de 33-55% menos força nesta mesma comparação. A amplitude do exercício 
deve ser realizada fora da faixa de dor do paciente, ou seja, seve ser realizado dentro do limite, sem 
que a articulação seja demasiadamente forçada. No entanto, com a melhora do quadro doloroso, as 
amplitudes articulares podem ser suavemente forçadas, para que haja ganho de amplitude 
respeitando o processo patológico primário. 
Os programas de fortalecimento muscular para o portador de AR podem ser tanto estáticos, quanto 
dinâmicos, ou até mesmo uma combinação de ambos. Nos exercícios estáticos, mais conhecidos por 
isométricos, o indivíduo gera tensão muscular sem que tenha que alterar o comprimento do 
músculo e mover a linha articular. Este tipo de exercício é muito recomendado, pois é muito bem 
tolerado mesmo durante os períodos de inflamação articular aguda, ajuda a prevenir a atrofia 
muscular, produz menos inflamação e com menor alteração na pressão intra-articular. No entanto, 
em determinados pacientes com quadros exacerbados, os exercícios estáticos são contraindicados, 
pois exercem uma grande demanda sobre a função cardíaca. Outra opção são os exercícios 
dinâmicos, que tem a característica de alongar e encurtar a fibra muscular durante sua execução, o 
que permite que a articulação se movimente por meio de amplitude completa ou limitada e produza 
força. Este tipo de exercício é recomendado em períodos em que a inflamação articular se encontra 
controlada.Sendo assim o paciente com AR pode se beneficiar de ambos os tipos de treinamento, 
sendo um mais apropriado para os momentos de inflamação articular e o outro para os momentos 
fora da crise. Tanto um quanto o outro programa de treinamento levam à hipertrofia muscular e 
podem melhorar a força e as funções motoras do paciente. Após inúmeras pesquisas envolvendo 
pacientes com AR e exercícios resistidos, pode-se afirmar que o exercício é um método comprovado 
de melhorar a função, a resistência e o humor de pacientes com artrite reumatoide. Os programas 
de curta duração de exercícios estáticos e dinâmicos mostraram melhora na força muscular que 
variou entre 27 a 57% para mais, com pouco efeito sobre a dor e derrames articulares. Acredita-se 
que a prática de exercícios é capaz até de reduzir a sinovite articular, mas para tanto é necessário 
que o médico Reumatologista avalie o quadro do paciente para verificar se não há nenhuma 
contraindicação. 
 
 
Referências: 
1. Myasoedova E, Davis JM 3rd, Crowson CS, Gabriel SE. Epidemiology of rheumatoid arthritis: 
rheumatoid arthritis and mortality. Curr Rheumatol Rep 2010; 12(5):379–85 
2. Alamanos Y, Voulgari PV, Drosos AA. Incidence and prevalence of rheumatoid arthritis, based on 
the 1987 American College of Rheumatology criteria: a systematic review. Semin Arthritis Rheum 
2006; 36(3):182–8. 
3. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, Franklin BA, Lamonte MJ, Lee IM et al. American College of 
Sports Medicine. American College of Sports Medicine position stand. Quantity and quality of 
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in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc 2011; 
43(7):1334–59.

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