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Contabilidade e Análise de Custos Marcelo dos Santos São Paulo Rede Internacional de Universidades Laureate 2015 Contabilidade e Análise de Custos Marcelo dos Santos São Paulo Rede Internacional de Universidades Laureate 2015 © Copyright 2015 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial, desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º, inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Sistema de Bibliotecas da UNIFACS Universidade Salvador - Laureate International Universities) C416s Santos dos, Marcelo Sistemas e Análises de Custos, Marcelo dos Santos Salvador: UNIFACS, 2015. 25 p. ISBN 1. Contabilidade, Marcelo dos Santos. II. Título. CDD: 326.3 CAPÍTULO 3 - Sistemas e Análises de Custos Introdução.................................................................................................................................09 3.1. Sistemas de Custos................................................................................................................09 3.2. Sistemas de Custeio...............................................................................................................10 3.2.1. Sistema de Custeio Baseado em Dados Reais........................................................................11 3.2.2. Sistema de Custeio Baseado em Dados Predeterminados........................................................11 3.3. Modalidade de Custeio..........................................................................................................12 3.4. Sistema Básico da Contabilidade de Custos.............................................................................14 3.5. Departamentalização.............................................................................................................18 Síntese.......................................................................................................................................24 Referências.................................................................................................................................25 Sumário 09 O gestor deve sempre planejar, executar, controlar e implementar correções, acompanhando estas rotinas devemos ter em mente a redução de custos como ferramenta de gestão, tentando equilibrar o movimento de cortes de custos e a perpetuação da empresa ao longo do tempo, mantendo o bom clima organizacional. Sistemas e análises de custos têm como objetivo maior, a instrumentalização da fase de levantamento de dados para a tomada de decisão, aliando um sistema de custos adequado à organização, bem como um sistema de custeio adequado ao processo produtivo da empresa. Precisamos então, adotar sistemas adequados ao perfil da organização para que a operação do sistema não seja encarada como um fardo para os gestores intermediários e para os demais colaboradores. Dividiremos esse tema em três partes: 1ª. Sistemas de custos e suas peculiaridades; 2ª. Sistemas de custeio; 3ª. Sistemas de rateio dos custos indiretos de fabricação. Trabalhando com tecnologia da informação (TI), podemos ter ótimos sistemas de custos, desde que sigamos três linhas básicas de coleta e tratamento de informações: • Sistema de Acumulação de Custos; • Sistema de Custeio; • Modalidade de Custeio. Primeiro a empresa deverá pensar em qual sistema de acumulação de custos adotará e como os custos estão ligados à área de produção, também deve identificar quais sistemas de produção merecem atenção por parte da Contabilidade de Custos, tendo o sistema de produção por Capítulo 3Sistemas e Análises de Custos Introdução Figura 1: Redução de Custos. Fonte: http://blogbrasil. comstor.com/bid/392054/Como-reduzir-custos-e-manter- a-competitividade, 2015 3.1 Sistemas de Custos 10 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos encomenda e o sistema de produção contínua. O sistema de produção por encomenda apresenta a fabricação de itens de forma não continuada e não padronizada, enquanto entende-se que o sistema de produção contínua leva a uma produção padronizada e em série. Temos, portanto dois sistemas de acumulação de custos ligados a estes métodos produtivos; o sistema de acumulação de custos por ordem e o sistema de acumulação de custos por processo. O sistema indicado para a empresa deverá estar ligado ao método produtivo da organização. O sistema de custo por ordem de produção é o sistema de custeamento no qual cada elemento do custo é acumulado separadamente, segundo ordens específicas de produção emitidas pelo Setor de Programação e Controle de Produção – PCP. As ordens de produção são emitidas para o início da execução do serviço e nenhum trabalho poderá ser iniciado sem que ele seja devidamente autorizado pela correspondente emissão de uma ordem de produção. Disponível em: < http://www.wwc.com.br/wwc/artigos/OsSistemasDeCustos. htm> acesso em: 23 jun 2015 Esse sistema serve principalmente para empresas que limitam sua produção através da encomenda do cliente, o sistema apresenta alguns pontos fracos: • Custo administrativo elevado: é um sistema que consome muita energia, pois dentro da produção temos controles que são meramente administrativos e burocráticos, com minucioso preenchimento de documentos para a ordem de produção. • Controles permanentes: é necessário um controle ostensivo e contínuo para garantir o lançamento correto na ordem de produção da matéria- prima e mão de obra. • Determinação do custo da mercadoria vendida: quando existe a liberação de parte do lote que está sendo produzido por encomenda, temos que estimar a apropriação dos custos por esta parte do lote, o que pode levar a erros de estimativa, comprometendo o custo da mercadoria vendida. Uma vez que a organização define o sistema de acumulação de custos mais adequado para sua produção, ela então precisa escolher o sistema de custeio. O sistema de custeio depende muito mais das informações gerenciais que queremos extrair, do que do sistema de produção da empresa. Observe que temos dois tipos de sistema de custeio: sistema de custeio baseado em dados reais e sistema de custeio baseado em dados predeterminados. NÃO DEIXE DE VER... O famoso personagem de Chales Chaplin, “O Vagabundo” (The Tramp) tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado. O filme Tempos Modernos (1936) é considerado uma forte crítica ao capitalismo, stalinismo, nazifascismo, fordismo e ao imperialismo, bem como uma crítica aos maus tratos que os empregados passaram a receber durante a Revolução Industrial. Chaplin mostra as agruras de um trabalhador na época da transição entre a produção artesanal e a produção industrial. Filme muito bom e atemporal. Veja o trailer em: https://www.youtube.com/watch?v=FNv7M-UPNuY e aproveite para ver o filme. 3.2 Sistemas de Custeio 11 O sistema com base em dados reais registram os custos e como os mesmos ocorrem, somente determinamos esses custos, após o final da produção. Esse tipo de sistema normalmente verifica o valor da mão de obra e matéria prima e os atualiza constantemente em seu preço por homem para a mão de obra ou por unidade de matéria prima (tonelada, quilograma, litro, metro quadrado, metro cúbico) e através de uma estimativa, também atualiza os Custos Indiretos de Fabricação (CIF). O sistema de custeio baseado em dados reais apresenta algumas limitações: • Tempo para obtenção, levantamento e controle dos dados, o que torna o sistema pouco eficaz; • Não fornece um indicador de comparação para decisão imediata em relação ao resultado; • Algumas partes do custo real podem ser interpretadas comocustos acidentais e não normais. Temos também o sistema de custeio predeterminado, onde podemos verificar com dada antecedência os valores unitários de custos para as operações da produção, aqui temos que contabilizar os valores com base em quantidades e preços previstos. Nestas operações podemos observar valores reais diferentes dos predeterminados, portanto existe a necessidade de criação de uma conta para contabilizar as diferenças entre o predeterminado e o real ocorrido. Esses valores predeterminados quando apoiados em um detalhado trabalho entre a área financeira e a área de produção, também podem ser chamados de custos padronizados ou custo padrão. Esse sistema apresenta muitas vantagens e algumas desvantagens, veja a seguir: 3.2.1 Sistema de Custeio Baseado em Dados Reais A Contabilidade de Custos se constitui em um importante e eficiente instrumento auxiliar da administração. As informações relativas aos custos, determinante para a competitividade organizacional, são utilizadas como ferramenta gerencial nas resoluções de várias questões tais como produzir ou comprar matérias-primas, determinação do preço e negociação no mercado. Para saber mais, leia o artigo: “Custos como determinante para a competitividade do setor avícola; um estudo no município de São Bento do Una- PE”, de autoria de Reginaldo José Carlini Junior e Alexandre Barros Fonseca” disponível no link: http://www.custoseagronegocioonline.com.br/numero1v2/custos%20e%20 competitividade.pdf NÃO DEIXE DE LER... 3.2.2 Sistema de Custeio Baseado em Dados Predeterminados 12 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos • O gestor centra esforços em diferenças significativas entre o real e o predeterminado; • Os colaboradores contam com um pa- drão de medida para o seu desempenho e da empresa; • A precificação de produtos ocorre de maneira mais clara e objetiva; • O gestor consegue mensurar com maior clareza a eficiência e ineficiência das operações • Se gasta muito tempo na elaboração de padrões e na manutenção de sistemas para que as quantidades e valores este- jam sempre atualizados. São duas as principais modalidades de custeio, o Custeio por Absorção ou Integral e o Custeio Variável ou Direto, existem outras modalidades com as suas peculiaridades que serão citadas ao longo de nosso estudo. No Custeio por Absorção ou integral além de apropriarmos a cada produto os seus custos variáveis (matéria-prima, mão de obra e custos indiretos de fabricação), também atribuímos a esses produtos os gastos fixos. Quando apropriamos os gastos fixos ao produto, temos que fazer um rateio ou divisão através de um critério, e por mais objetivo que seja esse critério, nos leva a alguns erros como o gasto com aluguel. Atribuir esse gasto fixo a cada produto, simplesmente dividindo pelo número de produtos fabricados, não nos parece ser muito correto. Existe uma distorção do que seria a normalidade dentro da apuração de custos para alguns critérios de rateio que não são devidamente tratados dentro da modalidade de custeio por absorção. Essa modalidade é obrigatória na apuração do imposto de renda pessoa jurídica, para efeito de fiscalização e utilização da Contabilidade com fins tributários, portanto não podemos deixar de utilizar este sistema, mas o mesmo não nos apresenta as melhores informações gerenciais. Ao contrário do Custeio por Absorção, o Custeio Variável ou Direto faz-se necessário a utilização apenas dos custos e gastos variáveis, então não precisamos nos preocupar com o rateio dos gastos fixos. Veja que o método de Custeio Variável ou Direto às vezes também chamado de marginal fornece melhores informações gerenciais, embora não seja aceito pelo fisco para efeito de 3.3 Modalidades de custeio 13 imposto de renda pessoa jurídica, levando a empresa a ter dois sistemas de controle distintos e complementares. Dentro da Contabilidade de Custos, os sistemas de custeio indicam como os custos são registrados e significa a base de tudo, pois decide como os custos devem ser apurados em cada produto, o método de custeio é uma ferramenta para extrairmos informação, medir custos e decidirmos a respeito de preço de vendas de produtos, bem como a continuidade de uma linha de produtos ou serviços. A obtenção de receita pela empresa está intimamente ligada ao preço do produto, que somente poderá ser mensurado corretamente com o devido processo de apropriação de custos, podemos citar diversos outros métodos de custeio que gerencialmente podem auxiliar a precificação correta do produto, mas não são aceitos pelo fisco, como: • Custeio Padrão: Custo elaborado com base cientifica, normalmente calculado por engenheiros de produção e colaboradores ligados a Contabilidade e Finanças dentro da organização ou até mesmo consultores externos. Os custos indiretos de fabricação são apropriados aos produtos com base em índices predeterminados. • Custeio Marginal: Este método é idêntico ao método do custeio direto e auxilia a indicação, praticamente de forma instantânea, da margem de contribuição de cada produto, que significa quanto cada produto contribui no lucro da organização. • Custeio Baseado em Atividades: Conhecido como custeio ABC (Activity Base Costing), é um sistema que aloca os custos do produto a cada atividade em que o mesmo é submetido (solda, pintura, polimento, serralheria, tornearia, colagem...), essa ferramenta é muito utilizada para a tomada de decisão, este tipo de método de custeio auxilia a mensuração das atividades e a busca da melhoria continua através de Benchmarking com os concorrentes, como o Custeio RKW aloca todos os custos, independente de sua natureza. • Custeio RKW: É o precursor do Custeio ABC, a sigla em alemão RKW significa “Reischskuratorium fur Wirtschaftlichkeit”, utiliza o rateio de todos os custos da empresa, inclusive as despesas financeiras apropriam ao produto todos os custos incorridos independente de sua natureza. Veja a seguir figura 3, sobre custeio baseado em atividades. Você sabia que atualmente, as empresas vêm passando por grandes alterações em seu ambiente competitivo? A utilização de diversas tecnologias e ferramentas faz com que as empresas arquem com cada vez mais custos indiretos relativamente aos custos diretos. O Acitivity Based Costing (ABC) surgiu como alternativa aos meios convencionais de custeio numa tentativa de solucionar ou, pelo menos, minimizar o problema de atribuição dos custos indiretos. Para saber mais leia o artigo: “Teoria e prática na implementação do método de custeio ABC na produção: um estudo de caso em uma grande empresa metalúrgica de Minas Gerais”, de autoria de Márcio Augusto Gonçalves (UFMG), Paulo Vinícius de Carvalho (UFMG) e Bruna Mendes Rezende (UFMG) disponível em: http:// www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/580.pdf NÃO DEIXE DE LER... 14 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos Observe a seguinte situação. Uma empresa fabrica os produtos A, B e C e apresenta os valores discriminados abaixo, conforme levantamentos efetuados: O primeiro passo é separarmos o que é custo, do que é despesa: Figura 3: Custeio Baseado em Atividades. Fonte: http://www.ecrbrasil.com.br/ecrbrasil/page/custeio_atividades.asp 3.4 Sistema Básico da Contabilidade de Custos Tabela 1: Produtos. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 2: Custos x Despesas. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. 15 O segundo passo é a apropriação de custos diretos: Salientando que os percentuais de matéria-prima são hipotéticos e deveriam ser levantados na linha de produção, termos o percentual de 21,43% inserido ao produto A, de 31,57% ao produto B e 40% ao produto C. Continuando o segundo passo, fazendo a apropriação de custos diretos, temos: Hipoteticamente distribuímosos valores de mão de obra, apurados na linha de produção da empresa, descobrimos que a mão de obra indireta (está na fábrica, mas não está diretamente ligada a produção, como, por exemplo, salário do supervisor de produção), tem um total de 25%, enquanto que o produto A tem 18,3 % do total e produto B está com 39,2%, o produto C engloba 17,5% do total. Dando continuidade ao processo de levantamento e apropriação de custos diretos, temos: Conforme levantamento, pode-se constatar os percentuais de 47,1% para Energia Elétrica Indireta (que não é possível de mensurar ou alocar facilmente a cada produto), enquanto o produto A encerra 21,2% do total de custos diretos com energia elétrica, o produto B 23,5% e o produto C 8,2% do total. Tabela 3: Matéria-Prima Consumida. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 4: Apropriação de Custos Diretos (Mão de Obra). Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 5: Apropriação de Custos Diretos (Energia Elétrica). Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. 16 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos Quadro Resumo O terceiro passo é a apropriação de custos indiretos, temos um total de custos diretos no valor de R$ 485.000, um dos critérios de rateio utilizados, pode ser alocar os custos indiretos através do percentual de custos diretos. Para encontrarmos o percentual equivalente aos custos diretos, bastas fazermos uma conta baseada em regra de 3 (três). Lembre-se! 485.000 = 100 % 115.000 = X Percentual equivalente de custos diretos inseridos em cada produto. Aplicando este critério de rateio, empregamos aos custos indiretos os percentuais dos custos diretos em equivalência para o produto A, produto B e produto C, chegando ao quadro a seguir de mão de obra indireta. Quadro resumo de alocação de mão de obra indireta. Tabela 6: Quadro Resumo. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 7: % Equivalente de Custos Diretos por Produto. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 8: Alocação de Mão de Obra Indireta: Elaborada pelo auto, 2015. 17 Efetuando o mesmo procedimento para a energia elétrica indireta chega-se ao quadro abaixo. Quadro resumo de rateio de energia elétrica indireta Para melhor visualização dos totais de custos indiretos de fabricação, elaboramos um novo quadro contendo somente essas informações, totalizando-as em cada produto. Quadro totalizador dos custos indiretos de fabricação Para finalizarmos o processo de levantamento de custos, falta verificar qual o total de custos para cada produto, com os levantamentos prontos devemos somente demonstrar em um quadro os totalizadores. Totalizador de custos por produtos Enfim o custo é definido como a expressão monetária dos recursos utilizados para a produção de certo produto. Dentre outras, os sistemas de custeio tem como finalidade saber exatamente qual é o valor de custo para o produto gerado. Perceba que o rateio de custos indiretos, que são aqueles de difícil alocação em cada produto, como o salário do supervisor da produção, que é impossível verificar quanto do salário deste colaborador foi utilizado em cada produto , bem como a energia elétrica da fábrica , que é Tabela 9: Rateio de Energia Elétrica Indireta: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 10: Totalizador dos Custos Indiretos de Fabricação: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 11: Totalizador de Custos por Produtos: Elaborada pelo auto, 2015. 18 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos consumida com iluminação, produção e nas demais dependências da linha de produção, fica muito difícil de se alocar a cada produto. Nem sempre utilizam-se critérios justos para sua divisão, pois existe um grau de subjetividade em sua escolha, mas lembre-se, que qualquer critério é melhor que nenhum. A Contabilidade de custo nada mais é do que uma subdivisão da Contabilidade Geral de uma empresa. É a parte da Contabilidade que se dedica ao estudo racional dos gastos feitos, para que se consiga um bem de vendas ou de consumo, quer seja um produto, uma mercadoria ou um serviço. Disponível em: < http://www3.eco.unicamp. br/neit/images/stories/CTAE_CD2/introducao_a_Contabilidade_de_custos_em_plano_ de_contas.pdf> acesso 23 jun 2015 Ao longo do tempo o termo departamentalização vem se perpetuando para Contabilidade de Custos. Nas décadas de 80 e 90 surgiu o termo departamento para discriminar setores/unidades dentro de uma organização, como departamento de finanças, de produção, de contabilidade, etc., hoje muitas empresas chamam seus departamentos de áreas ou células. Reconhecemos como departamento uma unidade mínima dentro de uma organização representada por homens e máquinas, entre outros itens da estrutura, mas quando abordamos custos através de um prisma industrial, levamos em consideração homens e máquinas para representar o departamento. Dentro da área de produção podemos ter o departamento de corte, o departamento de solda, o departamento de pintura, o departamento de montagem, o departamento de acabamento, entre tantos outros que possam existir com nomenclaturas semelhantes ou diferentes, em cada um desses departamentos haverá uma pessoa responsável e teremos assim, o início da departamentalização atribuindo responsabilidade sobre o gerenciamento do custo para este gestor. Os departamentos que atuam diretamente sobre a confecção do produto e interação com o mesmo, chamam-se departamentos de produção e os outros departamentos que não trabalham diretamente com o produto, chamamos de departamentos de serviços. Mas como o departamento de Contabilidade de Custos se relaciona com os demais departamentos de uma organização? O relacionamento depende muito do tipo de organização. Nas empresas complexas, que se dedicam a manufatura de muitos produtos, a Contabilidade de Custo funciona como instrumento imprescindível ao controle. Para cada departamento denominaremos um centro de custo e assim poderemos acompanhar os custos por departamentos, ficando mais apropriado a alocação de custos por departamentos e não de forma rateada através de um critério chave como horas máquina ou outro qualquer. Esses critérios de rateio fixos têm o poder de mascarar problemas de produtos e muitas vezes tomar parte da rentabilidade de um produto ou determinada linha de produtos, passando a sua ineficiência e levando a apresentar sustentabilidade, portanto não se pode dizer que produto deveria continuar a ser fabricado pela empresa devido ao alto custo e precificação errada. Para melhor entendimento, ilustraremos um estudo de caso calculando os custos de produtos através de um rateio para custos indiretos da forma convencional e outro utilizando a departamentalização como forma de apurar os custos indiretos de maneira mais equitativa e correta. 3.5 Departamentalização 19 Uma empresa pode efetuar o rateio dos custos indiretos utilizando diversos critérios, por exemplo, utilizando o critério de horas máquina. Como todo critério de rateio tem alguma incerteza, devemos sempre ficar atentos aos critérios a serem utilizados, visando não cometer nenhum erro grave e precificar o produto de forma incorreta, tendo em vista a imputação de custos que não pertenciam aquele produto. Caso isto ocorra, temos o risco de precificar um produto muito barato e vendermos todo o estoque, e encalharmos o outro produto por estar mais caro devido ao erro na precificação. Um produto roubou desempenho do outro. A linha de três produtos Alfa, Beta e Gama apresentam os custos diretos indicados a seguir: Custos Diretos Levantamos da linha de produção os custos indiretos que farão parte da composição do preço dos produtos, conforme descrito: Custos Indiretos Um dos critérios adotado pela empresa é o rateio através do total de horas máquina consumido em cada produto. Verificados atravésda tabela 14 – Rateio Horas Máquina: Rateio Horas Máquina Tabela 12: Custos Diretos. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 13: Custos Indiretos. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. 20 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos Para chegarmos aos percentuais de rateio para cada produto, dividimos cada total de horas máquina utilizado por cada produto pelo total (1.000 hs. / máq.) e depois multiplicamos por 100 para chegarmos ao percentual. Produto Alfa = 4 0 0 x 100 = 40% 1.000 Produto Beta = 2 0 0 x 100 = 20% 1.000 Produto Gama = 4 0 0 x 100 = 40% 1.000 Devemos agora verificar qual é o custo indireto médio por hora máquina, para tanto dividimos o total do custo indireto $ 1.150.000 pelo total de horas máquina 1.000. Custo Indireto Médio por Hora Máquina = 1.150.000 = 1.150 1.000 Média por Hora Máquina Calculamos o custo total dos produtos pela soma dos custos indiretos e custos diretos. Chegamos ao custo total para cada produto, mas antes temos que calcular qual o custo indireto de cada produto, se efetuarmos o rateio através do percentual de horas máquina para cada produto, teremos que multiplicar o valor total dos custos indiretos pelo percentual de horas máquina gastos no processo de fabricação de cada produto. Alfa = 1.150.000 x 40% = 460.000 Beta = 1.150.000 x 20% = 230.000 Gama = 1.150.000 x 40% = 460.000 Tabela 14: Rateio Horas Máquina. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 15: Média por Hora Máquina. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. 21 Custo Total dos produtos Para sabermos o custo total: apontado na Tabela 16 – Custo Total dos Produtos devemos utilizar a equação: CT = CI + CD Onde: CT = Custo Total CI = Custo Indireto CD = Custo Direto Temos então: Alfa = 460.000 + 500.000 = 960.000 Alfa = 230.000 + 300.000 = 530.000 Alfa = 460.000 + 450.000 = 910.000 Supomos que alguns produtos não passam por determinados departamentos, colocamos na alocação definida anteriormente para o custo total dos produtos, o custo indireto e efetuamos o rateio com base no total de horas máquina gastos, utilizando como valor base a média por hora máquina. Portanto, incorremos em um erro ao alocarmos custos de um departamento a um produto que não passou por ele, hipoteticamente dividimos os produtos e as passagens através dos departamentos, conforme segue na Tabela 17 – Separação por Departamentos. Separação por Departamentos Tabela 16: Custo Total dos Produtos. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. Tabela 17: Separação por Departamentos. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015 22 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos Perceba que o produto Alfa passa por todos os departamentos, o produto Beta não passa pela Montagem e Acabamento, provavelmente sendo peças que servirão para montagem de outros produtos dentro da indústria e não precisaria de acabamento ou embalagem e o produto Gama não passa pelo departamento de Corte. Efetuou-se o levantamento dos custos indiretos por departamento chegando-se a tabela abaixo, cabe salientar que os valores foram levantados na linha de produção por conta da potência de cada máquina e detalhamento quanto à energia, depreciação, manutenção supervisão de cada departamento. Custo Médio por Departamento é hipotético, somente de cunho pedagógico para ilustração de nosso exemplo. Custo Médio por Departamento Chegamos à um valor médio por hora máquina no departamento de corte de $1.500 por hora máquina, no departamento de Montagem $500 por hora máquina e no departamento de Acabamento $1.375 por hora máquina, conforme ilustrado nos cálculos do campo Custo Médio por Hora Máquina da Tabela 19 - Custo Médio por Departamento. Custo por Produto x Departamento Calculamos neste momento o valor total de cada produto de acordo com a multiplicação do custo médio (valor) pela quantidade de horas, e somente obtendo valores para os departamentos onde os produtos realmente passam e onde se insere custo nos produtos. Podemos comparar os dois cálculos efetuados, o primeiro através do rateio dos custos indiretos pelo critério de rateio através do percentual de horas máquina de cada produto, com o calculado pelo critério da departamentalização. Verifica-se que o produto Gama está sendo prejudicado pelo produto Beta e Alfa, uma vez que os custos imputados para Alfa e Beta não eram reais, bem abaixo do que deveriam, e para Gama estavam acima da realidade gerando discrepâncias no processo de precificação dos produtos. Tabela 18: Custo Médio por Departamento. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. TTabela 19: Custo por Produto x Departamento. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. 23 Custo Total dos produtos Mesmo com a departamentalização utilizamos os critérios de rateio, mas para uma melhor alocação de valores, quando o produto não passa por um determinado departamento, não colocamos o custo daquele processo no seu preço. Tabela 20: Custo Total dos Produtos. Fonte: Elaborada pelo auto, 2015. 24 Laureate- International Universities Ebook - Contabilidade e Análise de Custos O controle de custos na linha de produção proporciona uma melhor precificação, portanto a escolha do sistema de acumulação de custos e o método de custeio mais apropriado, faz com que a organização adicione vantagem competitiva ao seu negócio. Observe que o problema do rateio dos custos indiretos de fabricação deve ser enfrentado visando coibir métodos sem critérios lógicos, tentando fazer com que os critérios de rateio fiquem mais objetivos, utilizando métodos matemáticos e científicos para a alocação desses custos ao produto. Uma análise de custos bem detalhada, faz com que percebamos qual linha de produto é promissora e qual precisa ser cortada, mas somente conseguiremos adotar tais procedimentos, caso soubermos classificar corretamente custos e despesas, bem como lidar com os relatórios visando a extração destes dados e transformando estes mesmos dados em informações. SínteseSíntese 25 IUDÍCIBUS, S.; Marion,J. Curso de Contabilidade para não contadores. 4ª ed. Atlas, 2007 IUDÍCIBUS, S. Contabilidade introdutória. 9ª ed. Atlas, 1998 MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 9ª ed.Atlas, 2003 RIBEIRO, O.M. Contabilidade Geral fácil. 4ª ed. 5ª tiragem. Saraiva, 2006 ReferênciasBibliográficas
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