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Psicologia Cognitiva – NP2 Terapia cognitiva construtivista -O nosso processo de construção de significado é realizado numa interface entre cognição, emoção e experiência, a partir da participação ativa do indivíduo. -Isso forma um conjunto de crenças que sustenta o processo de julgamento, tomada de decisões e ações do ser humano. As ações, os julgamentos e as decisões passam pelas crenças, geradas a partir do que sentiu, pensou e experienciou. -Um dos três pilares tem uma força maior: emoção. É uma teoria emocional. -As concepções construtivistas pressupõem que o ofício da significação se encontra subordinado à influência de emoções, e não dialética razão. -Ou seja, é através dos elementos proprioceptivos (sensações) e das estruturas vivenciais (que interpretam os estímulos da experiência) que ocorrerá o processo de atribuição de significados. -Em uma experiência nova, o significado é mais baseado no que sente (biológico, visceral, emocional, sentimental). Sente antes e pensa depois (milésimo de segundos). -O funcionamento cognitivo se caracterizará pelo mundo exterior e sua transposição, atribuindo significados que, muitas vezes, não são originários do estímulo em si. O significado transpõe a realidade, o significado do mundo não é só o significado do objeto, mas sim a transposição dele. -Assim, a realidade interna da pessoa é vista como derivada do modo como o indivíduo sente emocionalmente o mundo, e não só a maneira racional. -O conhecimento é o fruto de uma organização pessoal, arquitetada e organizada por cada pessoa. -Existem dois tipos globais e complexos de atribuição de sentidos. Retratando a maneira como nosso organismo organiza-se em suas trocas com o mundo. 1- Processamento conceitual: percebido através da nossa razão e raciocínio lógico. 2- Processamento vivencial: significados gerados advém de uma percepção e leitura dos conteúdos corpóreos, estando em uma condição quase total de pré-conceitualidade e inconsciência. -Trocamos informações com o mundo através desses dois processamentos. -Teorias construtivistas em psicoterapia divididas em duas variantes, diferentes conceitos do significado realidade: 1. Construtivismo radical: posição idealista, como filosofia, afirmando não há realidade além da experiência pessoal. Exemplo: “não sou o que penso de mim, mas o que experienciam de mim”. -Sente, e essa é a realidade, não existe uma externa. -Conhecimento refletido pela expectativa tal qual construímos. -Maturana e Varela utilizam conceito autopoiese (sistema de auto organiza constantemente). -Só admite experiências pessoais, não a realidade externa em si. 2. Construtivismo crítico: não nega a existência de mundo real, mesmo que não possamos conhecer diretamente. Não lê a realidade pura, porque não se desvencilha da sua percepção, não entra em contato direto, passa pelas emoções e significados da pessoa. Passa por viés emocional que é próprio da pessoa. Realidade sentida de maneira pessoal. -O indivíduo é co-criador da sua realidade pessoal. Realidade externa existe objetivamente, porém o conhecimento desta jamais será objetivo, e sim as próprias percepções e experiências. -Destaque: Vittorio Guidano e Óscar Gonçalves. -É indicada quando o objetivo é compreender a “construção de significados” que o indivíduo realizou ao longo da vida e provavelmente causando sofrimento. -Foco sobre esquemas emocionais orientam tal “construção” e as narrativas que o paciente faz sobre sua história de vida e experiências atuais. -“A prioridade é o indivíduo e sua história, não a observação externa, o diagnóstico ou a aplicação da técnica na realização de uma psicoterapia científica” (ABREU, C. 2003). -Diagnóstico, generalização de dados e técnicas, importantes, mas não o foco. -Psicoterapia construtivista é recente no Brasil. -Visão piagetiana: desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório-motor até o operatório abstrato. Propondo através que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo descoberta e construções de conhecimento. -Para construir conhecimento, concepções combinam-se informações de meio, conhecimento não descoberto espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica, meio externo ou adultos. -Conhecimento resultado de interação, sujeito sempre elemento ativo, procurando ativamente compreender o mundo, buscando resolver as interrogações que o mundo provoca. -É aquele que aprende basicamente através das próprias ações sobre objetos do mundo, constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo em que organiza seu mundo. -Não é o sujeito que espera alguém que possui conhecimento, transmita em ato de bondade. Terapia cognitiva construtivista -Para construir conhecimento concepções combinam-se informações meio, conhecimento não descoberto espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica meio exterior ou adultos. -Conhecimento resultado de interação. Sujeito procurando ativamente as concepções do mundo. -Não é um sujeito que espera alguém que possui conhecimento que transmita em um ato de bondade. -Nasce contra visão mecanicista e ordenada, cognoscível, cujas formas/funções podem ser refletidas sobre mente humana e seus produtos. -Em psicoterapia, interessados em eximir julgamentos de realidade pessoal do cliente por critérios externos de racionalidade/objetividade. -O referencial não é externo, é construído junto, contínuo e ativo por parte do sujeito e mundo. -Rejeita o DSM-IV pela aplicação excessiva de níveis rejeitam/subordinam maneiras alternativas de compreender o cliente. O foco é nos esquemas estruturais emocionais (como emocionalmente construiu). -Colocando-se no mesmo nível, como modelos de funcionamento psicológico alternativos e viáveis. Terapia cognitiva narrativa -GONÇALVES, O. PSICOTERAPIA COGNITIVA NARRATIVA: MANUAL DE TERAPIA BREVE. CAMPINAS: EDITORIAL PSY, 1998. -Ao procurar apresentar-se alternativa modelos racionalistas/mecanicistas dominantes na Psicologia, a psicologia narrativa obriga redefinição de grande parte dos seus pressupostos epistemológicos. -Essa epistemologia se sustenta em 4 pilares: 1. Existência como conhecimento: indissociação entre conhecimento e experiência. -Revolução cognitiva em 1950: estruturas, processos e conteúdos envolvidos na construção do conhecimento. -Temática de processos por intermédio por quais seres vivos constroem e transformam conhecimento, assimilação passiva e pró-ação ativa. -Tem qualquer ser vivo, a existência não pode ser dissociada do conhecimento (por existir, já conhece – não é algo que vem de fora). -Todos os seres vivos conhecem, reconhecem, transformam e transformam-se no decurso da sua existência. -Trata-se da passagem da visão estritamente epistemológica (cognitivismo) para a visão existencial. -Procura organização hierárquica de elementos fundamentais (esquemas cognitivos, pressupostos filosóficos, estruturas cognitivas, mecanismos tácitos, constructos pessoais da psicologia) e dá lugar a apreciação da matriz relacional da experiência como elemento indissociável do conhecimento. -Nega o cognitivismo. 2. Conhecimento como hermenêutica -Ideia que todo conhecimento (e por implicação, toda existência) tem natureza inerentemente hermenêutica. A hermenêutica é a arte ou o método interpretativo que procura compreender um determinado texto. -O processo de substituição de modelos retroativos sensorialistas por modelos ativos motores acentuou a ideia de que o sujeito constrói a realidade por processo de codificação ativa. Interpreta e tira significado daquilo, num processo ativo. -A construção simbólica da realidade corresponde ao processo de significação que opera através da imposição de processos hermenêuticos. -O fenômeno psicológico situa-se no nível de construção ativa de significado e do processo por intermédio do qual esse significado constitui a realidade psicológica dos indivíduos. -Compreender o comportamento humano é essencialmente compreender os sistemas interpretativos utilizados pelos sujeitos no sentidode expandir, dar significado a experiência. -Mas aqui a proposta hermenêutica surge com significado diferente da procura / encontro de significados. Não vem só com significado de procurar significado, vem como resposta conjunta de buscar significado. -Hermenêutica nasce com a interpretação de textos sagrados, mais tarde, textos legais. -Só recentemente, no final do século passado, se liga a interpretação do discurso individual (psicanálise). -Cada um destes casos, a hermenêutica procura interpretar ou levar o indivíduo a interpretar com base em pressupostos existencialistas construídos aprioristicamente. -A multiplicidade de existência nas suas diversas vertentes remete a miríade de significados, desdobramentos complexos / múltiplo de conhecimento. -Segundo Shotter (1995), vivemos num mundo vago, parcialmente especificado, instável e em desenvolvimento. -Esta dimensão de inespecificidade dá espaço para dimensão criativa e hermenêutica do conhecimento humano. -Por mais paradoxal que pareça, a realidade especifica-se e adquire dimensões maiores de estabilidade, não por referência ao mundo externo, mas pela subjetividade hermenêutica individual. -Impõe coerência interpretativa do caos multi-potencial do mundo. Sentido subjetivo cria estabilidade. -A ordem/regularidade corresponde sobretudo a necessidade psicológica de dar ordem, sentido de coerência existencial. -Onde não compreendemos, nos angustiamos. -A definição do mundo único estável através da sacralização de uma pretensa hiper-realidade, é negação profunda de multirrealidade. 4. Fundamentos para psicologia narrativa -O discurso feito no contato interpessoal está situado em uma cultura. O significado só pode ser entendido porque tem um significado mais amplo (contexto). O lugar que está que determina o significado. -Então narrativas são formas de significação que operam num contexto, no espaço de interindividualidade. -As narrativas que dão sentido a existência, tornando comum a cultura, o diálogo. Fundamentos de uma psicoterapia narrativa -No contato com o terapeuta, cria uma comunidade conversacional (troca de diálogos) para ampliar significados, através de múltiplas vivências, onde os discursos se encontram. Não é corrigir ou adaptar, é ampliar/maximizar significados através do discurso. -Todas as angústias e vivências são colocadas no discurso, onde serão ampliados os significados e criadas novas possibilidades de pensar amplamente. -A Terapia Cognitiva Narrativa tem o objetivo de levar o cliente a construir na interação com o terapeuta, uma comunidade conversacional, realidade múltipla de experiências sensoriais, emocionais, cognitivas e de significação. -A ideia é capacitar o cliente a construir um discurso narrativo rico em termos de multiplicidade, complexidade, coerência, adaptativo a exigências impostas pela sociedade complexa e multi. -Últimos anos psicoterapias cognitivas testemunhado considerável evolução. -Desenvolvimentos mais recentes, destaque ao papel atribuído narrativa como elemento central construção conhecimento e implicações clínicas. -Perturbação psicológica provocada pela incapacidade de dar conta da diversidade/potencialidade da experiência através da organização de um discurso narrativo diversificado, complexo e coerente. Se o mundo é muito complexo, se não damos conta da diversidade e potencialidade de experiências que o mundo oferece, se não conseguimos criar um discurso lógico para a experiência, teremos uma perturbação psicológica. -Cliente assume a existência de uma realidade externa/interna absolutas, insubstituíveis. Aí está o erro, pois não consegue perceber mudanças. -“Assume” que não tem saída. Os significados são sempre múltiplos, o limite do conhecimento se dá a existência. Existir é conhecer. Não pode ser encaixado no DSM-IV, pois não pode ser limitado a isso. -O terapeuta é um facilitador, guia de novos contextos e narrativas. -A perturbação vem da dificuldade de organização de uma experiência numa narrativa coerente. -Ao invés de ver a realidade como processo de negociação interpessoal de possibilidades múltiplas, assume a responsabilidade de único construtor desta realidade. -Resultando em desânimo e singularidade: -Desânimo por incapacidade de poder prever múltiplas possibilidades de negociação para experiência sensorial, emocional, cognitiva e significações. Não perceber que existem outras formas, além da parte limitada. -Singularidade pela estranheza em ver-se diferente dos outros nessa construção de experiência. -A psicoterapia narrativa procura responder estes problemas através da facilitação da construção narrativa. O terapeuta não é um corretor, é um facilitador para a estimulação da criação de novas narrativas por parte do cliente. -Proporciona uma elaboração narrativa múltipla de conteúdo, processualmente mais complexa e estruturalmente mais coerente, num contexto de elaboração discursiva e conversacional com terapeuta/comunidade linguística do cliente. Novas possibilidades de experiências, vivências, narrativas serão criadas de forma que faça sentido para ele. Terapeuta cria espaço para isso, mas não conduz. A recordação -Não há narrativa sem recordação. Não há como narrar sem se lembrar. -Memória semântica (significado das coisas), memória episódica (momentos/episódios da vida). -Capacidade de singularizar episódios significativos da vida que faz cada indivíduo autor própria narrativa. -Ter uma existência narrativa é ser capaz de recordar, sincrônica/diacronicamente (saber que o outro também influenciou), múltiplos episódios da vida. -Recordar é sinônimo de construção de sentido de coerência através da diversidade de experiência. -Em suma, através da recordação, procura capacitar o cliente a abertura à experiência e para o desenvolvimento inicial com maior sentido de coerência na elaboração narrativa. A objetivação -Cliente é levado a experienciar a multiplicidade de realidades externas através de toda dinâmica disponibilizada por capacidades sensoriais. Através da capacidade de sentir, vai ser levado na terapia a várias formas de sentir o que acontece lá fora. Criar novas realidades possíveis. Recordar situações e levar o cliente a sentir de outras formas, objetivar a situação. -Realidade constitui um incomensurável menu que o cliente em perturbação raramente desfruta. -Terapeuta encoraja o cliente para a objetivação de cada recordação episódica diária, para perceber a complexidade das experiências. Desde do momento que acordou, cada detalhe, todas as sensações (físicas e psicológicas). -Cliente vai progressivamente se dando conta de que a realidade é um contexto possibilitador de uma grande diversidade de experiências. -Dimensão da complexidade sensorial da experiência, permitindo a emergência de uma consciência progressiva de narrativas diárias, podendo ser vista como ricos menus diversificados para a elaboração narrativa. A metaforização -Condensadores de significado. -Através dela damos sentido recordações sensoriais, emocionais e cognitivamente. -Capacitar cliente produzir múltiplos significados p/ cada memória episódica. A subjetivação -Trabalho de construção múltipla prossegue. -Aqui é variedade de experiências emocionais/cognitivas que se procura. -Mostrar possibilidade de diversidade de experiências emocionais do passado, presente e da procura ativa no futuro. -Através exercícios ativação emocional, realizados sessão e exercícios diários, procura-se alargar leque experiências emocional, p/ ser capaz elaborar em cada situação matizes diferenciados de ressonância emocional. A projeção -Remete ideia indivíduo constante movimento espaço/tempo. -Capacidade de internacionalizar de modo narrativo as experiências do futuro. -Cliente constrói e descontrói-se todo momento, intencionalizando experiências que geram novas possibilidades de intencionalização da experiência. -Orientar cliente construir uma metáfora alternativa à metáfora raiz que tem orientado seus sistemas conversacionais e de significação. -Depois clienteparte para nova revisão da história vida e de modo a encontrar/fundamentar, no passado histórico, episódios caracterizadores desta nova forma de significação.
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