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LTX Leitura e Produção Textual (REV 00120140731)

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EAD - NÚCLEO COMUM
LEITURA E PRODUÇÃO 
TEXTUAL
Vera Lúcia Massoni Xavier da Silva
Adeilde Vieira Menegazzo
Djalma Rebelatto de Gouveia
Apresentação da disciplina
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
O ensino da língua materna se modificou no decorrer dos anos, indo ao encontro das 
exigências do mundo moderno, que não admite mais o desrespeito às diferenças. É assim que a leitura e a 
produção textual não podem se limitar ao estudo da norma culta, visto que não há uma cultura melhor que 
outra e consequentemente uma língua superior.
Dessa forma nosso curso não vai se ater a regras grarmaticais mas sim á leitura que vai além da 
decodificação, atingindo as nuances e sutilezas do discurso nos mais variados gêneros textuais, sejam eles 
na linguagem verbal ou não verbal.
Entendemos sim que o registro padrão de uma sociedade se torna a norma culta e por isso o 
leitor e produtor de textos terá acesso a ela, mas não pela memorização de regras isoladas e sim pela 
prática da leitura, que inclusive respeita e valoriza todas as variantes linguísticas. 
É formando leitores proficientes que teremos consequentemente um produtor de texto 
dotado de clareza e correção, sem abrir mão da originalidade. Seja, portanto, bem-vindo ao nosso curso.
Leitura e Produção Textual
Programa da disciplina
Ementa
 Texto e discurso. Fundamentos de Análise 
do Discurso. Linguagem verbal e não verbal. A 
importância da leitura para entender o 
mundo.Intertextualidade. Argumentação e 
Linguagem. Tipos de Argumentação., Texto 
Narrativo e Descritivo, Figurativo e Temático, Os 
Elementos da Comunicação e as Funções da 
Linguagem, com abordagem mais aprofundada 
das funções poética e metalinguística, O Plano 
Sonoro do Texto, A Construção do Sentido: 
Pressupostos e Implícitos, Ambiguidade, Ironia
Objetivos
 Propiciar pressupostos teóricos para 
leitura e produção textual.
Estudar o texto e as diferentes vozes que o tecem.
Entender o texto e sua relação com contexto.
Ler e produzir textos.
Metodologia
 Adotamos para a disciplina Leitura e 
Produção Textual uma metodologia que alia a 
teoria à prática, propiciada por meio de 
atividades que permitam, a partir de exemplos, a 
reflexão sobre os mistérios do texto.
Critérios de Avaliação
No sistema EAD, a legislação estabelece a avaliação presencial, sem, no entanto, se definir como a única 
forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em 
horário e espaço predeterminados; diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as 
atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de 
prazos.
A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para 
a verificação da aprendizagem:
1) Trabalhos individuais ou a partir da interatividade com seus pares;
2) Provas bimestrais realizadas presencialmente;
3) Trabalhos de pesquisa.
Leitura e Produção Textual
As estratégias de recuperação incluirão:
1) Retomada dos conteúdos abordados nos módulos, quando não satisfatoriamente 
dominados pelo aluno;
Bibliografia Básica
BRANDÃO, H. N. Introdução à análise do discurso. SP: UNICAMP, 2004.
KOCH, L. V. Coerência Textual. S P: Contexto, 2007.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para leitura do mundo. SP: Ed. Ática, 2007.
Bibliografia Complementar
BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. SP: Nova Fronteira, 2009.
FIORIN, J.L. E SAVIOLI, F.P. Lições de texto: leitura e redação. SP: Ática,2002
INFANTE U. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação, SP: Scipione, 1997.
KLEIMAN, Â. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Ed. Pontes, 2004.
____________. Oficina de leitura, SP: Pontes,2011
Leitura e Produção Textual
Sumário
Unidade 01
O que é texto? 01
Unidade 11
O texto narrativo
35
04
Unidade 02 - Análise do discurso: um
dispositivo teórico para a leitura do texto 38
Unidade 12
Texto figurativo e texto temático
07
Unidade 03 - Diferentes Linguagens:
Verbal e Não-Verbal
41
Unidade 13
Os elementos da comunicação
10
Unidade 04
Fotografia e Produção de Sentido 44
Unidade 14
As funções da linguagem
12
Unidade 05
Intertextualidade
48
Unidade 15
A Metalinguagem
16
Unidade 06
O Texto e o Contexto
51
Unidade 16 - A função poética e o plano
sonoro do texto
19
Unidade 07
Argumentação 55
Unidade 17
Pressupostos e implícitos
23
Unidade 08
Tipos de Argumentação
58
Unidade 18
A descrição
27
Unidade 09
Produção Textual
61
Unidade 19
A ambiguidade
30
Unidade 10
Gêneros Textuais
64
Unidade 20
A ironia
Leitura e Produção Textual
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivos:
Explicitar o conceito de texto; Discutir os mistérios do texto.
Nessa unidade, enfocaremos o texto, seu conceito e seus mistérios. Nossa comunicação não se 
concretiza por palavras ou frases, mas, por textos e, saber lê-los é fundamental a qualquer indivíduo. 
Unidade 01
O que é texto?
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O que é texto?
Muito se tem dito sobre o texto e sobre a necessidade de enfocá-lo nos seus diferentes aspectos 
organizacionais e estruturais. Mas cabe indagar, em primeiro lugar, o que é um texto e o que faz com que 
um texto seja texto.
Um dos conceitos mais correntes afirma ser o texto um todo organizado de sentido, excluindo-se, dessa 
maneira, a ideia de que texto é um amontoado de frases e de parágrafos.
Texto é uma materialidade concreta, é a manifestação de um conteúdo, portanto, é um plano de 
expressão (veículo por onde se transmite uma informação). Dessa maneira, um mesmo conteúdo pode ser 
concretizado por planos de expressão diferentes, como, por exemplo, a fome pode ser materializada por 
uma pintura, por um gesto - linguagens não verbais - por um romance – linguagem verbal- ou por um filme 
- linguagem visual e verbal.
Enfocando-se a linguagem verbal, um conteúdo como a desobediência pode ser organizado de 
forma diferente. É o caso do relato bíblico sobre a expulsão de Adão e Eva do Paraíso e a história do 
Chapeuzinho Vermelho, em que se depreendem a desobediência e a punição, como conteúdos 
explorados.
Considerando-se a arquitetura, linguagem não verbal, observamos tratar-se de um texto, pois, em 
suas linhas, em seus traçados, estão revelados diferentes conteúdos. Vejamos dois exemplos.
Leitura e Produção Textual
01
Na arquitetura barroca, a expressão típica 
são as Igrejas, que se destacam pelo dinamismo e 
pela imponência, pelas colunas contorcidas e 
espirais, transmitindo impressão de poder e de 
movimento.
Na imagem acima, observamos essa 
riqueza dos detalhes, principalmente, do portal 
da igreja, que reflete o pensamento dominante na 
época de que quanto mais elaborada fosse a 
forma, mais valiosa seria a obra.
Diferentemente, na imagem acima, 
verificamos linhas retas, sem detalhes elaborados, 
levando-nos a ponderar que essa arquitetura 
coaduna-se aos princípios da modernidade, 
governada pela velocidade. O próprio lema da 
construção de Brasília corrobora essa afirmação: 
“Cinquenta anos em cinco”.
BUSCANDO CONHECIMENTO
O texto é um objeto simbólico, porque é 
produzido por um sujeito em um determinado 
tempo e espaço. O texto é a materialização do 
discurso, entendido como suporte abstrato que o 
sustenta. Nesse caso, ancorando os textos, há 
subjacentes os discursos.
Discurso é um suporte abstrato que 
sustenta os vários textos que circulam na 
sociedade. Entender um texto é detectar o(s) 
discurso(s) que o sustentam.
 Como observamos até aqui, os textos, 
sejam eles visuais ou verbais, materializam 
p o si c i o n a m e n t o s d o s s u j e i t o s s o b r e 
determinados fatos do mundo.
Eis, aí, os discursos. Vamos efetuar a leitura do 
texto abaixo e descobrir o que pensam os sujeitos 
que nele falam.
REI, O GALO DEMOCRATA
� -Pois é... Tive que resolver o que é que eu 
ia fazer da minha vida. Pensei pra burro. Acabei 
resolvendo que ia lutar pelas minhas ideias. Achei 
aquilo bacana! Na escola, quando a gente lê a 
vida de Tiradentes, e desse pessoal importante, 
vem sempre essa frase junto: “homens que 
lutaram pelas suas ideias”.
� - Que legal, Rei. E você lutou ?
 - Não. Foi só resolver lutar que eles me 
levaram de volta pro galinheiro. 
Leitura e Produção Textual
02
Então eu chamei as minhas galinhas e pedi, por 
favor, pra elas me ajudarem. Expliquei que vivia 
muito cansado de ter que mandar e desmandar 
nelas todas, noite e dia. Mas elas falaram: “Você é 
nosso dono. Você é que resolve tudo pra gente”. 
Sabe, Raquel, elas não botavam um ovo, não 
davam uma ciscadinha, não faziam coisa 
nenhuma, sem vir me perguntar: “Eu posso? Você 
deixa? E se eu respondia: “Ora minha filha, o ovo é 
seu, a vida é sua, resolva como você achar 
melhor”, elas desatavam a chorar, não queriam 
mais comer, emagreciam, até morriam. Elas 
achavam que era melhor ter um dono mandando 
o dia inteiro: “faz isso! faz aquilo! bota um ovo! 
pega um minhoca!” do que ter que resolver 
qualquer coisa. Diziam que pensar dá muito 
trabalho.
- Ué.
- Pois é.
- Quer dizer que elas não te ajudaram?
- Se ajudaram? Ah! Quando eu expliquei 
que desde pequeno eu sonhava com um 
galinheiro legal, todo mundo dando opiniões, 
resolvendo as coisas, achando furada essa 
história de um galo mandar e desmandar a vida 
toda sabe o que elas me fizeram? Chamaram o 
dono do galinheiro, e deram queixa de mim.
- No duro?
- Fiquei danado. Subi ao poleiro e berrei: 
“Não quero mandar sozinho! Quero as galinhas 
mandando junto com os galos!”.
- Que legal!
� - Legal coisa nenhuma; levaram-me preso.
� - Mas por quê?
� - Pra eu aprender a não ser um galo 
diferente. (Lygia.B. Nunes).
O texto acima, embora envolva aves (galo 
e galinhas) não é um texto de bichos, mas de 
homens. Vários elementos presentes corroboram 
essa afirmação, tais como: pensar o que fazer da 
vida, lutar por ideias, aprender coisas na escola, 
galinha com nome (Raquel), entre outras 
passagens. Ora, esses exemplos evidenciam 
características de seres humanos.
� Em relação à forma de se abordar os temas 
no texto, observamos uma arena de conflitos, 
pois, de um lado, há a voz daqueles que querem a 
liberdade de escolha e de expressão das ideias 
(“desde pequeno eu sonhava com um galinheiro 
legal, todo mundo dando opiniões, resolvendo 
coisas, achando furada essa história de galo 
mandar e desmandar a vida toda”); de outro, a 
coerção, a punição, imposição pela força, como 
se pode depreender em “Legal coisa nenhuma; 
levaram-me preso”.
Ao lado dessas duas visões de mundo, há outra, 
ou seja, a das galinhas que se sujeitavam à 
submissão, não querendo tomar para si qualquer 
opção que não fosse o mando de seu senhor. Essa 
afirmação encontra-se explicitada em “Elas 
achavam melhor ter um dono mandando o dia 
inteiro (...) do que ter que resolver qualquer coisa. 
Diziam que pensar dá muito trabalho”.
Leitura e Produção Textual
03
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: 
Explicitar os pressupostos básicos para a leitura de um texto.
Entender a importância da Análise do Discurso para o estudo do texto.
A Análise do Discurso (doravante AD) não teria sentido, se não fosse para aprimorar o ensino de 
Língua Portuguesa. Os elementos com os quais essa teoria vai operar são, na verdade, as ferramentas 
necessárias ao estudo do texto e à formação de um leitor consciente e reflexivo acerca dos fatos do mundo 
e da própria língua.
Unidade 02 
Análise do discurso:
um dispositivo teórico para a leitura do texto
ESTUDANDO E REFLETINDO
A AD prevê que ler um texto é verificar como ele funciona, ou seja, deve-se buscar o que o texto 
diz como o texto diz o que diz e por que o texto diz o que diz.
Com esse pressuposto, há novo posicionamento em relação à leitura, que passa a ser entendida 
não como mera decodificação de palavras e de frases, mas como construção de sentido. Para isso, é 
necessário um aparato para se trabalhar toda a expressividade de um texto.
O primeiro passo para o entendimento de um texto é considerarmos que, na sociedade, os 
grupos sociais que a compõem se posicionam de modo distinto diante dos fatos do mundo. Isso é o que se 
pode chamar de ideologia. Bem, se esses grupos veem o mundo de forma diferente, é claro que, ao 
falarem, o farão de modo diferente também. Por exemplo, sobre o aborto, há posicionamentos favoráveis 
e contrários; o mesmo se pode dizer sobre a eutanásia, sobre a diminuição da maioridade penal, etc.
Dessa maneira, há vários dizeres sobre um mesmo tema, sobre um mesmo aspecto social. 
Então, entender um texto é detectar os diferentes posicionamentos que nele se manifestam.
Leitura e Produção Textual
04
BUSCANDO CONHECIMENTO
Vamos ler um texto e verificar como se 
apresentam, na superfície textual, as diferentes 
formas de ver e entender o mundo.
Compras de Natal 
A cidade deseja ser diferente, escapar 
às suas fatalidades. Enche-se de brilhos e cores; 
sinos que não tocam balões que não sobem anjos 
e santos que não se movem estrelas que jamais 
estiveram no céu.
As lojas querem ser diferente, fugir à 
realidade do ano inteiro: enfeitam-se com fitas e 
flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro e 
prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam 
representar beleza e excelência. Tudo isso para 
celebrar um Meninozinho envolto em pobres 
panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil 
anos, num abrigo de animais, em Belém.
Todos vamos comprar presentes para 
os amigos e parentes, grandes e pequenos, e 
gastaremos, nessa dedicação sublime, até o 
último centavo, o que hoje em dia quer dizer a 
última nota de cem cruzeiros, pois, na loucura do 
regozijo unânime, nem um prendedor de roupa 
na corda pode custar menos do que isso.
Grandes e pequenos, parentes e 
amigos são todos de gosto b izar ro e 
extremamente suscetíveis. Também eles 
conhecem todas as lojas e seus preços — e, 
nestes dias, a arte de comprar se reveste de 
exigências particularmente difíceis. Não 
poderemos adquirir a primeira coisa que se 
ofereça à nossa vista: seria uma vulgaridade. 
Teremos de descobr i r o imprev is to , o 
incognoscível, o transcendente. Não devemos 
também oferecer nada de essencialmente 
necessário ou útil, pois a graça destes presentes 
parece consistir na sua desnecessidade e 
inutilidade. Ninguém oferecerá, por exemplo, um 
quilo (ou mesmo um saco) de arroz ou feijão para 
a insidiosa fome que se alastra por estes nossos 
campos de batalha; ninguém ousará comprar 
uma boa caixa de sabonetes desodorantes para o 
suor da testa com que — especialmente neste 
verão — teremos de conquistar o pão de cada 
dia. Não: presente é presente, isto é, um objeto 
extremamente raro e caro, que não sirva a bem 
dizer para coisa alguma.
Por isso é que os lojistas, num louvável 
esforço de imaginação, organizam suas 
sugestões para os compradores, valendo-se de 
recursos que são a própria imagem da ilusão. 
Numa grande caixa de plástico transparente (que 
não serve para nada), repleta de fitas de papel 
celofane (que para nada servem), coloca-se um 
sabonete em forma de flor (que nem se possa 
guardar como flor nem usar como sabonete), e 
cobra-se pelo adorável conjunto o preço deuma 
cesta de rosas. Todos ficamos extremamente 
felizes!
Leitura e Produção Textual
05
São as cestinhas forradas de seda, as 
caixas transparentes os estojos, os papéis de 
embrulho com desenhos inesperados, os 
barbantes, gatilhos, fitas, o que na verdade 
oferecemos aos parentes e amigos. Pagamos por 
essa graça delicada da ilusão. E logo tudo se 
esvai, por entre sorrisos e alegrias. Durável — 
apenas o Meninozinho nas suas palhas, a olhar 
para este mundo.
Texto extraído do livro "Quatro 
Vozes", Editora Record - Rio de Janeiro, 1998, 
pág80.(Saiba tudo sobre a vida e a obra de Cecília 
Meireles visitando " ", ou visite o site Biografias
(http://baudashistoriasepoemas.blogspot.com.b
r/2010/07/cecilia-meireles.html).
 Cecília Meireles
Logo de início, já podemos observar o 
posicionamento do sujeito produtor, cuja 
intenção é opor a realidade à fantasia criada na 
época de Natal, como se observa em: cidade quer 
ser diferente, quer fugir das fatalidades.
As pessoas também participam desse 
clima ilusionista e saem em busca de presentes, 
mesmo que isso signifique gastar o último 
centavo. Chama-nos a atenção o posicionamento 
do produtor do texto, ao se referir à espécie de 
presentes que costumamos dar no Natal: 
sabonete em forma de flor quem nem é utilizada 
como flor, nem como sabonete. É justamente aí 
que verificamos o tema do texto: o consumismo.
Assim, é possível traçarmos um 
paralelo entre o que se pratica, consensualmente, 
no Natal, e entre o que deveria ser feito: dar 
comida a quem precisa; oferecer caixa de 
sabonete e desodorante àquele que trabalha 
arduamente sob o sol.
Leitura e Produção Textual
06
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos: 
Explicitar os pressupostos básicos para a leitura de um texto.
Entender a importância da Análise do Discurso para o estudo do texto.
A Análise do Discurso (doravante AD) não teria sentido, se não fosse para aprimorar o ensino de 
Língua Portuguesa. Os elementos com os quais essa teoria vai operar são, na verdade, as ferramentas 
necessárias ao estudo do texto e à formação de um leitor consciente e reflexivo acerca dos fatos do mundo 
e da própria língua.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Não importa o tipo de linguagem (verbal ou visual) empregada no texto, o que devemos 
considerar é que os textos sempre materializam posicionamentos do sujeito sobre o mundo.
Se atentarmos para o texto publicitário abaixo, veiculado na Revista Veja, observaremos certos 
valores sociais endossados. Em outras palavras, é consenso que a mulher, vamos dizer corpo de violão, é 
considerada bonita perfeita e de quem os homens mais gostam. Aproveitando-se desse discurso de 
“mulher boa”, as Havaianas transpuseram esse valor para as sandálias masculinas. Assim, essa sandália é 
tão boa e gostosa quanto às mulheres com curvas.
Leitura e Produção Textual
Unidade 03 
Diferentes linguagens: verbal e não-verbal
07
Observe agora o outdoor abaixo.
No texto acima, além da imagem há o 
emprego da linguagem verbal. Agora, é bom 
deixar claro que a leitura do texto não se faz, a 
partir de partes isoladas, mas há que se 
considerar o todo. Nessa totalidade, o sujeito 
produtor do texto, sem negar a necessidade de 
retirada dos outdoors das ruas de São Paulo, 
explicita que a prioridade é acabar com a miséria, 
propiciar condições de vida decentes aos 
cidadãos.
Vale dizer que a imagem das pessoas 
morando nas ruas é fundamental para que o 
produtor do texto corrobore sua intenção de 
expressar crítica à sociedade atual.
BUSCANDO CONHECIMENTO
O primeiro passo para a leitura do 
texto publicitário é o conhecimento de que as 
coisas estão no mundo, por exemplo, carros, 
casas, homens, mulheres, animais, porém, no 
momento em que o homem as utiliza por meio da 
linguagem, elas deixam de ser objetos e passam a 
signos portadores de ideologia (visão de mundo 
de um grupo social). Assim, a pomba branca, 
antes de tudo é um pássaro, mas quando 
colocada em contextos sociais, como igrejas, 
palestras, em cenário de guerra, ou qualquer 
outro tipo de reunião ou solenidade pública, ela 
passa a ter uma outra dimensão, um outro 
sentido. Deixa de ser apenas um pássaro e passa a 
símbolo da paz. A pomba branca é um signo com 
dimensões ideológicas. Assim, muitos outros 
objetos passaram a funcionar como veículos de 
transmissão de ideologia, como o caso da 
balança, símbolo da justiça, a estrela vermelha, 
símbolo do PT, a cruz, símbolo do cristianismo.
O que acontece com o discurso da 
propaganda? Ele é eficaz na medida em que 
assume a linguagem da coletividade, seu 
universo ideológico e sua tradição cultural, pois 
se destina ao maior número possível de 
compradores em potencial. A propaganda 
consciente produz e reproduz cultura, contribui 
para grande repercussão, é uma publicidade 
verdadeiramente artística.
Conforme Vestergaard (1994), o papel 
da publicidade consiste em influenciar os 
consumidores no sentido de aquisição do 
produto; o publicitário não é capaz de criar novas 
necessidades, mas acelera ou retarda as 
tendências existentes. Portanto, a propaganda 
reflete muito de perto as tendências do momento 
e os sistemas de valores sociais da sociedade. 
Leitura e Produção Textual
08
Contudo, é de se esperar que o 
método de persuasão varie conforme o produto 
e conforme idade, sexo e classe social do provável 
comprador.
Como a propaganda está voltada para 
o futuro comprador, ela oferece-lhe uma imagem 
dele próprio que se torna fascinante graças ao 
produto ou opor tunidade que ela está 
procurando vender.
O objetivo básico da publicidade é 
preencher a carência de identidade de cada leitor, 
a necessidade que cada um tem de aderir a 
valores e estilos de vida que confirmem os seus 
próprios e lhe permitam compreender o mundo e 
seu lugar nele.
Abaixo, vamos mostrar um texto 
publicitário, com vistas a detectar os valores nele 
manifestados.
A imagem visual desse texto é 
bastante simples. À direita, observamos a garrafa 
da Smirnoff, estando o centro ótico bem claro. Há 
uma colher com um pepino sobre ela. Entretanto, 
esse pepino é introduzido na garrafa, como se 
fosse possível perfurar o vidro. Acontece que, 
dentro da garrafa, a imagem projetada não é 
mais a do pepino, mas a de caviar.
Bom, a primeira coisa a assinalar é que 
a bebida Smirnoff tem o poder de transformar 
pepino em caviar. Assim, pode-se beber Smirnoff, 
mesmo não tendo caviar, com pepino, que ela 
muda, ela transforma.
Agora, cabe-nos perguntar onde 
estão os valores sociais? É simples. O pepino, 
conforme saber de consenso, é barato, indigesto, 
apresentando até um uso conotativo: tudo o que 
é p rob lema , pa ra nós , é um pep ino . 
Diferentemente, o caviar é caro, é chic, 
consumido pelas classes sociais mais elevadas, é 
até tema de música de Zeca Pagodinho: “Você 
sabe o que é caviar? Nunca vi, nem comi, eu só 
ouço f a l a r ”. En t ão , a Sm i rnoff não é 
necessariamente uma bebida de milionários, 
mas, mesmo sem poder aquisitivo, você 
transforma, pelo poder da bebida, funcionando 
como a Lâmpada de Aladim, coisas ruins em 
coisas boas.
Leitura e Produção Textual
09
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos:
Vamos refletir um pouco sobre fotografias. Todos nós temos fotos de filhos, de pais, de pessoas 
de nossa família, de lugares que visitamos, porém alguma vez paramos e analisamos o que essas fotos 
expressam? Na verdade, a foto é um ícone, isto é, uma representação da realidade. 
Unidade 04 
Fotografia e produção de sentido
ESTUDANDO E REFLETINDO
Asfotos, na verdade, são documentos e, por meio delas, podemos resgatar hábitos, 
vestimentas e costumes de uma determinada época. (Só para brincarmos um pouco, examinem fotos 
antigas de casamento de vossos pais ou avós, por exemplo. Por meio delas, reconstruímos toda uma época 
em termos de moda, alimentação etc.).
Passemos agora à análise de uma foto, retirada da Internet.
Leitura e Produção Textual
10
A foto acima nos mostra uma reunião 
de pessoas dispostas em uma mesa. Pela 
imagem, observamos que, na refeição, é servido 
mais de um prato, pois abaixo do prato fundo, 
usado provavelmente para um caldo, há outros 
rasos.
A bebida mais frequente na mesa é o 
vinho e o sabemos pelas garrafas que se 
encontram expostas. Outras bebidas (água e 
refrigerante) podem ser visualizadas, porém em 
quantidade menor. Além disso, há frutas e pães 
sobre a mesa. Entretanto, o que mais deve atrair 
nossa atenção é o fato de as mulheres se 
encontrarem separadas dos homens. Em outras 
palavras, elas não se encontram no primeiro 
plano da imagem, mas bem ao fundo. Esse fato 
pode remeter-nos à situação de inferioridade da 
mulher, ou seja, ela não é para ser vista em 
grandes detalhes como os homens, mas deve 
ficar escondida.
Trata-se de um recorte da realidade 
em que o homem é o grande provedor e, como 
tal, merece ser exibido; às mulheres, a cozinha e o 
silêncio.
Atualmente, a mídia tem explorado 
sobremaneira o uso de fotos que acompanham 
as notícias dadas. Essas imagens devem ser lidas 
não como mera ilustração, mas para uma 
complementação da mensagem verbal. Vale 
ressaltar que, muitas vezes, a imagem diz mais do 
que as palavras; outras, elas discordam do texto 
escrito, permitindo-nos a compreensão das 
intenções do produtor do texto.
Selecionei uma imagem publicada na 
Folha de S. Paulo, no dia 13 de setembro de 2001, 
época do atentado às torres gêmeas nos Estados 
Unidos. 
Voltemos os olhos à foto.
Na foto acima, a primeira coisa que 
atrai nosso olhar é o ex-presidente dos Estados 
Unidos, Bill Clinton, pois ele é que está em 
destaque: é maior que os demais. Em seguida, em 
tamanho um pouco menor está o também ex-
presidente Bush, pai do presidente, que, por sinal, 
está à esquerda, em tamanho minúsculo.
Nada em um texto é colocado por 
acaso, mas tudo produz sentido e o fato de o 
presidente Bush (filho) estar projetado em 
tamanho pequeno, ao lado do pai, leva-nos à 
possibilidade de leitura de ele ser à sombra do 
pai.
Leitura e Produção Textual
11
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos:
Reconhecer e explicar as relações intertextuais apresentando as diferentes funções.
Unidade 05 
Intertextualidade
ESTUDANDO E REFLETINDO
O nome parece complicado, mas não é. Podemos definir intertextualidade como um diálogo, 
uma conversa, entre textos. 
Há três tipos de intertextualidade: citação, alusão e estilização. 
A citação consiste em trazer, literalmente, palavras e expressões de um texto a outro. É 
interessante ressaltar que esse mecanismo é comum até em nossa fala cotidiana. Por exemplo, quem 
nunca se ouviu dizendo: “Como dizia Vinícius de Moraes, a beleza é fundamental”. Na introdução de 
nossos encontros, eu fiz uma intertextualidade, pois citei a voz de Clarice Lispector. No texto “Sobre a morte 
e o morrer”, de Rubem Alves, há várias citações. Dê uma olhada. 
Outra forma de intertextualidade é a alusão, que consiste na tomada de alguns elementos de 
um texto, substituindo-os por outros, com vistas à alteração do sentido. Um bom exemplo de alusão é o 
programa de TV Casseta e Planeta. Em outras palavras, eles tomam personagens e fatos de novelas, 
trocam por outros, efetuando a alteração de sentido e, consequentemente, produzem o humor. 
A estilização consiste na retomada de certas características de um texto, como, por exemplo, a 
configuração gráfica (poesia ou prosa), certos estilos concernentes ao tipo de linguagem (culta ou 
popular); certas características temáticas. Vejamos os textos a seguir:
Leitura e Produção Textual
12
O escorpião e a rã
O fogo crepita feroz e avassalador. Na 
margem do largo rio que permeia a floresta, 
encontram-se dois inimigos figadais: a rã e o 
escorpião.
Lépida e faceira, a rã prepara-se para 
o salto nas águas salvadoras. O escorpião, que 
não sabe nadar, aterroriza-se ante a morte certa, 
estorricado pelas chamas ou impiedosamente 
tragado pelas águas revoltas.
Arguto e num esforço derradeiro, 
implora o escorpião:
— Bela rã, leva-me nas tuas costas na 
travessia do rio!
— Não confio em ti! Teu ferrão é 
inclemente e mortal — responde a rã.
— Jamais tamanha ingratidão. 
Ademais, se eu te picar, é morte certa para nós 
dois.
— É v e r d a d e — p e n s o u 
candidamente o bondoso batráquio. Então suba!
E lá se foram irmanados e felizes. No 
entanto, no meio da travessia, a rã é atingida no 
dorso por uma impiedosa ferroada. Entremeando 
dor e revolta, trava o derradeiro diálogo:
— Quanta maldade! — exclama a rã, 
contorcendo-se. Não vês que morreremos os 
dois?
— Sim, responde o escorpião, mas 
essa é a minha natureza!
O escorpião e o sapo
Era uma vez um escorpião que estava 
na beira de um rio, quando a vegetação da 
margem começou a queimar. E le ficou 
desesperado, pois, se pulasse na água, morreria 
afogado e, se permanecesse onde estava, 
morreria queimado. Nisso, viu um sapo que 
estava preparando-se para saltar no rio e, assim, 
livrar-se do fogo. Pediu-lhe, então, que o 
transportasse nas costas para o outro lado. O 
sapo respondeu-lhe que não faria de jeito 
nenhum o que ele estava solicitando, porque ele 
poderia dar-lhe uma ferroada, levando-o à morte 
por envenenamento. O escorpião retrucou que o 
sapo precisaria guiar-se pela lógica; ele não 
poderia dar-lhe uma ferroada, pois, se o sapo 
morresse, ele também morreria, porque se 
afogaria. O sapo disse que o escorpião estava 
certo e concordou em levá-lo até a outra 
margem. No meio do rio, o escorpião pica o sapo. 
Este, sentindo a ação do veneno, vira-se para 
aquele e diz que só gostaria de entender os 
motivos que fizeram que ele o picasse, já que o 
ato era prejudicial também para o escorpião. Este, 
então, responde que simplesmente não podia 
negar a sua natureza.
Leitura e Produção Textual
13
Você deve ter percebido que os dois 
textos abordam a mesma coisa, ou seja, a 
natureza dos seres. É uma narração de um 
acontecimento passado, portanto, é uma 
estilização. Cabe, entretanto, uma ressalva: os 
textos acima são fábulas, isto é, história sobre 
bichos. Mas, será que elas só podem ser lidas 
assim? É claro que não; na verdade, os textos 
acima reproduzem comportamentos humanos; 
são, portanto, histórias de gente, ou seja, cedo ou 
tarde o homem mostra a sua verdadeira natureza.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Para entender o que é o conceito de 
"intertextualidade", um exemplo divertido. O 
jogo do "não confunda":
Não confunda "bife à milanesa" com 
"bife ali na mesa",
Não confunda "conhaque de alcatrão" 
com "catraca de canhão",
Não confunda "força da opinião 
pública" com "opinião da força pública".
Como se vê, é possível elaborar um 
texto novo a partir de um texto já existente. É 
assim que os textos "conversam" entre si. É 
comum encontrar ecos ou referências de um 
texto em outro. A essa relação se dá o nome de 
intertextualidade.
Para entender melhor a palavra, pense 
em sua estrutura. O sufixo inter, de origem latina, 
se refere à noção de relação (entre). Logo, 
intertextualidade é a propriedade de textos se 
relacionarem.
Leitura e Produção Textual
14Intertextualidade na poesia
Veja como Chico Buarque de Holanda, um dos mais importantes compositores brasileiros, 
utiliza a intertextualidade em uma canção sua. Em "Bom Conselho", ele faz referências a provérbios 
populares.
Chico Buarque inverte os provérbios, questionando-os e olhando-os sob outro ângulo, 
atribuindo-lhes novos sentidos. (http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/intertextualidade-textos-conversam-entre-
si.htm)
Provérbios populares Canção de Chico Buarque 
“Uma boa noite de sono combate os males” 
 “Quem espera sempre alcança” 
 “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço" 
“Pense, antes de agir” 
“Devagar se vai longe” 
“Quem semeia vento, colhe tempestade” 
Bom Conselho 
Ouça um bom conselho 
Que eu lhe dou de graça 
Inútil dormir que a dor não passa 
Espere sentado 
Ou você se cansa 
Está provado, quem espera nunca alcança 
Venha, meu amigo 
Deixe esse regaço 
Brinque com meu fogo 
Venha se queimar 
Faça como eu digo 
Faça como eu faço 
Aja duas vezes antes de pensar 
Corro atrás do tempo 
Vim de não sei onde 
Devagar é que não se vai longe 
Eu semeio vento na minha cidade 
Vou pra rua e bebo a tempestade 
 (Chico Buarque, 1972). 
 
Leitura e Produção Textual
15
16
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos:
Explicitar as relações entre o texto e o momento histórico em que foi produzido. Nenhum texto 
é produzido do nada, mas todo texto tem ligação direta com o momento histórico social em que foi 
produzido.
Unidade 06
O Texto e o Contexto
ESTUDANDO E REFLETINDO
Todo texto é resultante de condições de produção, ou seja, tem relação direta com o momento 
em que foi criado e com quem o produziu. Se observarmos, por exemplo, os textos publicitários com 
mulheres, observamos que, antigamente, eles apresentavam mulheres donas de casa, mulheres mães e 
esposas. Diferentemente, nas propagandas atuais, já visualizamos uma nova mulher: a empresária, a que 
ocupa um espaço externo tal quais os homens. Acontece que os tempos são outros, a mulher é outra e esse 
novo discurso das e sobre as mulheres manifesta-se nos textos. Não só nos textos publicitários é possível a 
constatação dessa relação; nas canções populares isso também é frequente. Basta que citemos a Amélia e a 
comparemos com Banho de Espuma, de Rita Lee. A mulher Amélia era submissa, contentava-se com tudo, 
não reclamava de nada; diferentemente, mulher de Rita Lee é sexuada, é dona de seus desejos, enfim, é a 
nova mulher.
De acordo com essas considerações, é lícito afirmar que a leitura de um texto, além de nossa 
memória, depende do momento histórico em que foi produzido. Muitas vezes, se não conhecermos essas 
condições, deixamos de produzir todos os sentidos possíveis manifestados na superfície textual.
Na imagem abaixo, publicada no dia 2 de junho de 2002, um dia antes do início da Copa do 
Mundo, é possível recuperar a memória que subjaz a ela e, ao mesmo tempo, ligá-la à história.
Leitura e Produção Textual
17
O primeiro olhar, na imagem, dirige-
nos para Ronaldinho, que está em primeiro plano, 
tendo ao fundo a imagem de Ronaldinho 
Gaúcho.
Ao determos o olhar em Ronaldinho, 
imediatamente, nos vem à mente a imagem de 
um feto dentro do útero. É como se esse feto 
estivesse forçando as paredes uterinas para 
nascer. Trata-se do saber que temos sobre fetos 
projetados em ultrassom, que é ativado para a 
leitura do texto. Entretanto, essa não é a única 
memória que se pode observar nessa foto, mas 
recuperamos, também, outros fatos que foram 
importantes na vida do jogador. Assim, é lícito 
questionar renascer para o quê? Em primeiro 
lugar renascer para a vida profissional, uma vez 
ter sido o jogador vítima de vários problemas 
físicos no joelho, sendo considerado, pelos 
maiores especialistas do mundo, como acabado 
para o futebol. Mas ele renasceu. Além disso, o 
jogador deveria renascer como ídolo para o povo 
brasileiro, que tem na memória a final da Copa do 
Mundo de 1998, quando Ronaldinho fora 
acometido de um mal súbito, até hoje pouco 
explicado, mas muito comentado, sendo-lhe 
quase impossível participar da partida. Apesar 
disso, jogou os noventa minutos, pois se sabe que 
o craque tinha um contrato com a Nike, que o 
obrigava a atuar os noventa minutos de jogo. Isso 
realmente aconteceu, porém o jogador se 
arrastava em campo.
BUSCANDO CONHECIMENTO
Charges e o momento histórico 
Já mencionamos que todo texto tem 
ligação direta com o momento histórico e social 
em que foi produzido. Então, a leitura do texto 
pode implicar a reconstrução de um determinado 
momento. Vale dizer que a charge, para ser lida e 
para a produção de sentido, depende do 
momento, do fato social que a motivou.
Você sabe o que é Charge? Vamos 
defini-la.
O termo charge é proveniente do 
francês “charger” (carregar, exagerar). É uma 
espécie de crônica humorística, tem o caráter de 
crítica, provocando o hilário, cujo efeito é 
conseguido por meio do exagero. Ela se 
caracteriza por ser um texto visual humorístico e 
opinativo, que critica um personagem ou fato 
específico. 
Leitura e Produção Textual
18
As charges são muito usadas para se 
efetuarem críticas sociais.
Na charge acima, há uma crítica 
ferrenha aos políticos brasileiros, já que vivemos 
uma época permeada de escândalos. É 
interessante observar que a primeira criança 
vangloria-se de possuir pai bandido. O que é 
valor negativo, passa a positivo aos olhos dessa 
criança. No entanto, esses valores (ser bandido, 
traficante, etc.) são negados pela segunda 
criança, pois emprega a expressão “grande coisa”. 
Porém, ao afirmar que o pai foi deputado, 
prefeito, governador e, considerando-se o 
momento de corrupção, desvios de dinheiro 
público por parte dos políticos, equiparam-se 
políticos e bandidos.
Sugestões de alguns sites:
- O que é o contexto?
http://pt.wikipedia.org/wiki/Contexto
 - O texto e o contexto.
http://www.brasilescola.com/redacao/o-texto-contexto.htm
- Aspecto necessário para compreender e 
interpretar bem um texto.
http://infolaboratorio.blogspot.com.br/2012/03/contexto-e-
intertextualidade.html
- Contexto
http://www.infoescola.com/redacao/contexto/
Leitura e Produção Textual
19
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos:
Conceituar argumentação, diferenciar convencimento e persuasão. Todo nosso ato de fala está 
comprometido, pois só falamos para interagir com o outro, levar o outro a crer no que eu digo. Nesse 
sentido, todo texto que produzo está dotado de uma intenção: convencer ou persuadir o outro. Nesta 
unidade, percorremos os caminhos da argumentação. 
Unidade 07
Argumentação
ESTUDANDO E REFLETINDO
Linguagem é interação social por meio da língua, embasada na argumentação. Mas o que é 
argumentar? Argumentar á a arte de convencer ou persuadir alguém. Como e por que isso ocorre é o que 
vamos estudar.
Para Koch (2002) argumentar é orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões. 
Ora, orientar o discurso a favor de determinadas conclusões requer que o falante convença ou persuada o 
outro.
Convencer é fazer com que o outro creia no que eu digo, provando, demonstrando a partir de 
fatos e dados. Trata-se de se recorrer à razão e à lógica para fornecer dados, fatos que comprovam minha 
opinião e, dessa maneira, agir sobre o outro. Vamos ver um exemplo de argumentação, baseada na razão e 
da lógica.
Leitura e Produção Textual
20
São muitos os males que 
o causa no organismo cigarro
do usuário, é interessante 
ressaltar que até as pessoas 
que convivem com fumantes 
( ) podem fumantes passivos
d es e n v o l v e r d o e n ç a s 
relacionadas ao fumo. 
O cigarro é feito de 
tabaco, erva da família das 
s o l a n á c e a s , c u j o n o m e 
científico é Nicotiana tabacum. 
Sabe-se, hoje, que o cigarro 
c o n t é m m a i s d e 4 5 0 0 
substâncias tóxicas como 
alcatrão, polônio 210 e urânio
(sendo que os dois últimos são 
radioativos), dentre as quais 43 
c o m p r o v a d a m e n t e 
cancerígenas.
Devemos lembrar que, 
embora o Estado permita sua 
fabricação e comercialização 
( g r a ç a s a o s i m p o s t o s 
arrecadados) , a , n icot ina
presente no cigarro, é uma 
droga extremamente viciante, 
e causa dependência física e 
psicológica. No Brasi l , o 
tabagismo é responsável por 
mais de 120.000 mortes ao ano.
http://www.infoescola.com/dr
ogas/os-males-do-cigarro/
No início do texto, o seu produtor 
assinala seu ponto de vista, emite sua opinião: são 
muitos os males que o cigarro causa. No entanto, 
quando a opinião não está alicerçada em dados, 
em fatos, ela pode ser derrubada. Assim, para 
comprovar sua opinião, podemos elencar os 
seguintes argumentos: 
- O cigarro contém mais de 4500 
substâncias tóxicas como alcatrão, polônio 210 e 
urânio (sendo que os dois últ imos são 
r a d i o a t i v o s ) , d e n t r e a s q u a i s 4 3 
comprovadamente cancerígenas.
- A , presente no cigarro, é nicotina
uma droga extremamente viciante, e causa 
dependência física e psicológica. No Brasil, o 
tabagismo é responsável por mais de 120.000 
mortes ao ano.
Os argumentos empregados pelo 
produtor do texto embasam-se em dados 
concretos, dados numéricos. Eis o ato de 
convencer.
Persuadir é levar o outro a crer no que 
eu digo, embasando-me na emoção. Neste caso, 
o ato de persuasão trabalha a emoção, a vontade 
do outro. Neste caso, a publicidade, por exemplo, 
emprega a persuasão, pois nos sensibiliza de tal 
forma, que chega a criar certas carências em 
nossa vida.
Vejamos o texto abaixo, extraído do 
site(ptBR&tbm=isch&sa=X&ei=yan_TeTKH4ycg
Qfw1JzeCw&ved=0CDYQvwUoAQ&)
Leitura e Produção Textual
Assim que lançamos olhar para a 
imagem, imediatamente, observamos que a 
sandália Havaiana encontra-se coberta de flores. 
Ora, o sentido que se depreende daí é que pisar 
em havaianas é tão macio, quanto pisar em flores. 
Aí está nossa emoção, de repente, queremos uma 
sandália que nos seja confortável, macia, além, 
evidentemente, de bela como um canteiro 
florido.
BUSCANDO CONHECIMENTO
A arte de argumentar teve início na 
Grécia antiga, aproximadamente, em 427 a. C. 
Nesta época, iniciava-se a primeira experiência 
democrática. Para combate ao autoritarismo, 
exigia-se que os atenienses dominassem a arte 
de falar bem. Para tanto, alguns mestres, cuja 
autodenominação era sofista, se dirigiram a 
Atenas. Dado o fato de serem mestres itinerantes, 
eram dotados de vasto conhecimento, 
sobretudo, de usos e costumes de diferentes 
partes da Grécia. Seus ensinamentos pautaram-
se pela possibilidade de defesa de diferentes 
pontos de vista sobre determinada questão. Essa 
visão foi adotada por Sócrates e Platão.
Já abordamos anteriormente que 
vivemos imersos em discursos: científico, jurídico, 
político, religioso, senso comum. Se, por 
exemplo, um guarda rodoviário estende o braço 
para nós em uma estrada, imediatamente, 
estacionamos o carro e o fazemos, porque há um 
discurso das leis do trânsito.
Vale dizer, no entanto, que de todos 
os discursos que circulam na sociedade o mais 
significativo é o do senso comum.
Segundo Abreu (2002), o discurso do 
senso comum permeia todas as classes sociais, 
formando a opinião pública. Dessa maneira, 
dizer, por exemplo, que as instituições do poder 
brasileiro, na atualidade, é corrupto, é opinião de 
pessoas cultas e não-cultas, universitárias, dentre 
outras.
Você sabe de onde vêm os ditados 
populares? Não? É simples, eles surgem do senso 
comum. Tomemos o ditado “Na briga do mar 
com o rochedo, quem leva a pior é o caranguejo”. 
Nele observamos uma verdade comum: na briga 
entre os grandes, quem sai perdendo são os 
pequenos. Vamos transportar isso para a cena 
política. Assim, teríamos que os partidos políticos 
digladiam-se entre si, mas o povo sai sempre 
perdendo, pois, no final, há sempre acertos e 
acordos entre eles que, vale dizer, nunca 
privilegiam os mais necessitados.
Podemos d izer 
que o momento das grandes 
descober tas , das grandes 
invenções, foram também 
momentos em que as pessoas 
foram capazes de opor-se ao 
discurso do senso comum. 
Geralmente, essas pessoas, em 
um primeiro instante, se tornam 
alvo da incompreensão da 
massa que defende o senso 
comum. 
Leitura e Produção Textual
21
22
Foi o que aconteceu com 
a chamada Revolta da Vacina, 
uma rebelião popular ocorrida 
no Rio de Janeiro, de 12 a 15 de 
novembro de 1904, quando 
Oswaldo Cruz, diretor-geral da 
Saúde Pública do governo de 
Rodrigues Alves, quis vacinar a 
população da cidade contra 
febre Amarela. A opinião geral 
era de que se tratava de inocular 
a doença nas pessoas. Dizem 
que até mesmo Rui Barbosa 
posicionou-se contra a medida, 
alegando constrangimento das 
senhoras em expor o braço nu 
para tomar vacina. Os cariocas, 
i n fl a m a d o s , l e v a n t a r a m 
b a r r i c a d a s , q u e b r a r a m 
lampiões de iluminação pública 
e incendiaram alguns bondes 
da cidade.
ABREU, 2002, p. 31.
Os sofistas, para levar o povo a se opor 
contra o discurso do senso comum utilizava-se 
de paradoxos, isto é, opiniões contrárias ao senso 
comum, com v i s t a s a conduz i - lo s ao 
estranhamento, isto é, tornar novo o que era 
habitual.
Chico Buarque, em sua música Bom 
Conselho, pode ser um bom exemplo de 
estranhamento, pois, a partir do senso comum, 
lança novos saberes. Assim em “Ouça um bom 
conselho, que lhe dou de graça”, opõe-se ao 
saber de consenso “se conselho fosse bom, seria 
vendido não dado”; em “Devagar é que não se vai 
longe” instaura um novo saber, oposto ao dito 
popular: “Devagar se vai ao longe”.
Leitura e Produção Textual
23
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos:
Explicitar os tipos de Argumentação. Argumentar é convencer ou persuadir o outro por meio 
de procedimento linguístico, com vistas a levar o receptor do texto a não apenas receber e compreender a 
mensagem, mas, principalmente, que o aceite, que creia nela.
Os argumentos não precisam ser construídos apenas com base no raciocínio lógico, na razão, 
mas podem, também, ser plausíveis.
Nesta unidade, vamos tratar dos tipos de argumentos possíveis para que o texto seja 
consistente.
Unidade 08
Tipos de argumentação
ESTUDANDO E REFLETINDO
Dos vários tipos de argumentos, Fiorin e Saviolli (1996) destacam: argumento de autoridade; 
argumento baseado no consenso; argumento baseado em provas concretas; argumento baseado no 
raciocínio lógico; argumento da competência linguística.
Por Argumento de Autoridade, compreende-se a citação de autores, notadamente, 
reconhecidos numa certa área do saber. Na verdade, o argumento de autoridade auxilia-nos a comprovar 
nosso ponto de vista, além de criar a imagem de que somos leitores.
No texto da unidade anterior, Rubem Alves escreve:
Diz Alberto Caeiro que o mundo é para ser visto, e não para pensarmos nele. Nos poemas 
bíblicos da criação está relatado que Deus, ao fim de cada dia de trabalho, sorria ao contemplar o 
mundo que estava criando: tudo era muito bonito. Os olhos são a porta pela qual a beleza entra na 
alma.
Leitura e Produção Textual24
No fragmento acima, para corroborar 
seu ponto de vista de que os olhos são a porta 
pela qual a beleza entra, Rubem Alves recorre a 
duas citações. A primeira diz respeito ao 
heterônimo de Fernando pessoa, Alberto Caeiro 
“mundo é para ser visto, e não para pensarmos 
nele”; a segunda refere-se aos poemas bíblicos 
“Nos poemas bíblicos da criação está relatado 
que Deus, ao fim de cada dia de trabalho, sorria 
ao contemplar o mundo que estava criando: tudo 
era muito bonito”. Ora, os dois argumentos 
empregados por Rubem Alves conduz-nos a crer 
que os olhos são a porta por onde entra a beleza. 
O argumento de autoridade pode ser forte para a 
comprovação de uma ideia, no entanto, é preciso 
tomar cuidado para não se fazer citação errada 
ou incompatível com aquilo que se quer fazer 
crer.
Argumento com base no consenso diz 
respeito a certas ciências cujas proposições são 
evidentes e indemonstráveis, como por exemplo, 
quando afirmamos que duas metades formam 
um inteiro e que este é maior que as partes, 
estamos nos referindo a um axioma matemático. 
Há outras ciências, cujas proposições são 
máximas, aceitas como verdadeiras em 
determinada época. 
É preciso não confundir consenso 
c o m f r a s e p r o n t a , c l i c h ê o u f r a s e s 
preconceituosas do tipo: Só é pobre quem não 
trabalha.
Quando exteriorizamos um ponto de 
vista, um julgamento sobre algum fato, faz-se 
necessário comprová-lo com fatos pertinentes e 
adequados. Nesse caso, estamos empregando 
Argumento baseado em provas concretas. Se 
dissermos, por exemplo, que não vai chover e não 
comprovarmos com fatos, tais como, não há 
nuvens no céu, o sol brilha intensamente, nossa 
afirmação será contestada, pois alguém poderá 
dizer:,”Vai, sim, olha a nuvem que está se 
formando ali”.
O argumento com base em provas 
concretas requer cuidado com generalizações. Se 
alguém diz “Todos os políticos são desonestos”, 
embora a mídia tenha explorado isso, basta 
alguém citar um honesto, para que a afirmação 
seja contestada.
Argumento baseado no raciocínio 
lógico diz respeito às relações estabelecidas entre 
as proposições. No exemplo abaixo, é possível 
verificar relações lógicas entre as proposições.
Nokia, o mundo todo só fala nele.
Vamos iniciar a discussão do exemplo 
acima, a partir da ambiguidade do termo “fala”. 
Assim, podemos entender que todo mundo usa o 
Nokia para se comunicar (fala nele), mas pode-se 
depreender, também, que todo mundo fala nele, 
no sentido de elogiar suas qualidades. Bom, você 
poderia me questionar onde está o raciocínio 
lógico entre as proposições. É simples: todo 
mundo fala nele, porque ele é melhor ; 
estabelecendo-se, portanto, uma relação de 
causa e consequência.
Leitura e Produção Textual
25
Esse tipo de argumento 
pode ser compromet ido , 
quando se foge do tema, como 
podemos verificar no exemplo 
abaixo. No quarto bloco do 
penúltimo debate entre os 
candidatos à prefeitura de São 
Paulo no primeiro turno, Paulo 
M a l u f ( P P ) a t a c o u o s 
concorrentes e foi alvo de várias 
c r í t i c a s p o r p a r t e d o s 
adversários. Soninha Francine 
(PPS) lembrou que o candidato 
do PP disse que se Pitta não 
fosse um bom prefeito, as 
pessoas não deveriam mais 
votar nele. "É difícil seguir os 
seus conselhos?", perguntou a 
candidata. 
Maluf disse que há 41 
anos está no mesmo partido. "A 
Soninha saiu do PT e foi para o 
PPS". O ex-prefeito respondeu 
que não fica em cima do muro e 
que quando Soninha anda de 
bicicleta pela cidade, passa por 
obras de sua administração. O 
candidato ainda citou uma 
matéria jornalística na qual 
Soninha teria dito que fuma 
maconha. Logo depois, Maluf 
foi advertido por ter infringido 
as regras do debate levando 
material de fora. 
http://noticias.terra.com.br
/eleicoes/2008/interna/0,,OI3217
7 9 5 - E I 1 1 8 7 9 , 0 0 -
Maluf+ataca+e+vira+alvo+em+d
ebate+em+SP.html
No texto acima, observamos que 
Maluf fugiu ao tema, pois não respondeu, 
devidamente, à questão que lhe fora dirigida. 
Outro problema decorrente do mau 
uso do argumento baseado no raciocínio lógico é 
a tautologia, isto é, tentar comprovar uma tese, 
repetindo-a com palavras diferentes. Um 
exemplo bem comum é João é gordo, porque 
não é magro.
Já abordamos que o uso da língua 
deve ser adequado à situação comunicativa em 
que se encontra o falante. Podemos até fazer 
entre o uso da língua e as roupas com que nos 
vestimos. Assim, ninguém vai a uma praia e fica de 
8:00 h às 12:00 h, debaixo de um sol quente com 
um vestido longo ou com terno a rigor. O mesmo 
ocorre com a língua, dependendo da situação 
formal ou informal e do tipo de receptor, nós 
empregamos um determinado padrão 
linguístico. Nessa perspectiva, ninguém diz para 
o outro: “Por obséquio, queira ir para o inferno”. 
Sabe por quê? Porque “por obséquio” é formal, 
imperativo polido e “ir para o inferno” é informal.
Em se tratando de argumentação, o 
modo como dizemos é fundamental para 
expressar confiabilidade no que falamos. Um 
médico, por exemplo, deve empregar termos 
próprios de sua profissão, para comunicar suas 
experiências; um advogado deverá recorrer à 
linguagem jurídica para fazer uma petição ou 
montar um processo. A esse emprego da língua 
em conformidade com a situação comunicativa 
em que nos encontramos dá-se o nome de 
Argumento da competência linguística.
Leitura e Produção Textual
BUSCANDO CONHECIMENTO
Sites para consulta.
- Tipos de Argumentação.
http://www.brasilescola.com/redacao/a-argumentacao.htm
- Dissertação e Narração: Tipos de Argumentos.
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/portugues/redacao/dissertacao_e_narracao/argumentos
- Principais Tipos de Argumentos.
http://afilosofia.no.sapo.pt/11Tiposargum.htm
- A Argumentação. Os diferentes tipos de Argumentação
http://www.brasilescola.com/redacao/a-argumentacao.htm
Leitura e Produção Textual
26
27
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivo:
Reconhecer que a competência textual se desenvolve a partir da leitura e da observação de textos, 
aprimorando sua produção textual.
Unidade 09
Produção Textual
ESTUDANDO E REFLETINDO
Redigir um texto para muitos pode parecer um procedimento muito difícil. Caso esta habilidade não 
seja aprimorada, acaba se tornando um estigma. Para que essa habilidade seja aprimorada é preciso 
desenvolver o hábito da leitura o que proporciona um acervo linguístico mais elaborado, mas que não é 
suficiente para a elaboração de textos. Existem dois outros fatores que são importantes, o conhecimento 
linguístico (gramatical) e o próprio conhecimento de mundo.
Um texto é construído a partir da combinação perfeita entre as palavras, a disposição das frases e 
períodos, parágrafos formados por um todo coeso, claro e coerente. Outro aspecto importante é o fato de 
que constantemente o emissor precisa fazer uma releitura de sua produção, pois, no momento em que 
está redigindo não se atém para possíveis falhas que podem incidir diretamente na qualidade da 
mensagem. Ao realizar a releitura, o emissor poderá acrescentar e/ou retirar elementos, que contribuem 
para o aprimoramento da habilidade discursiva.
A produção de textos em sala de aula ganhou papel importante, a redação foi substituída pela 
produção de textos realizada pelo aluno. Essa troca, aliada a interações e propostas pedagógicas 
diferentes dentro do conteúdo linguístico, ganha considerável importância devido à necessidade de tornar 
o aluno leitor-produtor. 
Visto a importância de leitura e escritaem sala de aula, professor e aluno precisam entender que um texto 
nasce de outro texto, ou seja, de leituras anteriores e a escola entra nesse contexto como participante desse 
processo. 
Leitura e Produção Textual
28
Provocar esse contato é importante, pois 
reconhece que é a partir da leitura que se 
aprende e se constrói culturalmente, e dentro de 
uma concepção de aluno leitor - produtor e numa 
perspectiva da linguagem como uma atividade 
interindividual. 
Para produzir um texto é necessário que 
alguns aspectos sejam revistos:
O tema geral: é o assunto a ser tratado que 
normalmente abre espaço a outras vertentes;
O tema específico: não é fornecido. Trata-
se da delimitação do assunto proposto. Quanto 
mais o escritor especificar o tema geral, mais 
focado em um objetivo estará e, portanto, mais 
seguro;
 Ambiente: se puder escolher, vá para o 
lugar da casa ou da escola onde você possa se 
desligar do mundo exterior, para se aprofundar 
no que irá escrever. Se não puder, busque na sala 
de aula esse lugar de conforto, de quietude. 
Além disso, o ambiente deve estar bastante 
iluminado e arejado;
 Estrutura: Faça uma introdução de no 
máximo cinco linhas e aponte nesse momento o 
assunto a ser tratado, além de levantar seu ponto 
de vista. No caso da narração, introduza a 
personagem e o conflito a ser solucionado. No 
desenvolvimento, esclareça seus argumentos, 
coloque exemplos, assinale fatos que estejam de 
acordo com seu ponto de vista sobre o tema. Se 
for uma narrativa, é o momento de expor os 
acontecimentos, as ações das personagens. Faça 
uma conclusão, também em poucas linhas, que 
reforce ainda mais sua visão sobre o assunto 
específico e mais ainda, dê uma sugestão, uma 
resolução. Na narrativa, exponha a solução do 
conflito;
 Rascunho: Use o rascunho para que não 
rasure, para que tenha certeza do que irá 
escrever, para evitar erros de grafia, pontuação e 
concordância, pois é uma chance para rever o 
que escreveu.
 Uma dica importante é se colocar no 
papel de leitor, imaginando que aquele texto está 
em um jornal, revista ou em um livro. Dessa 
forma, você terá uma visão crítica a respeito de si 
mesmo enquanto escritor. 
Ler e Escrever na Escola:
o Real, o Possível e o Necessário,
Délia Lerner
Leitura e Produção Textual
29
“Os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos - e não tarefas, como se poderia 
acreditar - porque são aspectos do que se espera que os alunos aprendam, porque se fazem presentes na 
sala de aula precisamente para que os alunos se apropriem deles e possam pô-los em ação no futuro, 
como praticantes da leitura e da escrita.” 
Trechos do livro Ler e Escrever na Escola: o Real, o Possível e o Necessário, Délia Lerner, 128 págs., Ed. 
Artmed
BUSCANDO CONHECIMENTO
h�p://www.portugues.com.br/redacao/a-producao-textual---uma-analise-discursiva-.html
h�p://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/grama�ca-ortografia/32/producao-de-texto--235983-1.asp
h�p://www.brasilescola.com/redacao/producao-texto.htm
Leitura e Produção Textual
30
Unidade 10
Gêneros Textuais
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivo:
Mostrar as diferentes formas de linguagens e que cada gênero textual tem seu próprio estilo 
diferenciando um do outro através de suas características.
ESTUDANDO E REFLETINDO
Os textos, embora diferentes entre si façam parte do nosso dia a dia, pois para pedir um café, 
solicitar o cancelamento do cartão de crédito, convidar um amigo para sair no final de semana, revindicar 
melhorias para o seu bairro, utilizamos o texto seja ele oral ou escrito. Embora diferentes entre si, os textos 
possuem pontos em comum, pois podem se repetir no conteúdo, no tipo de linguagem, na estrutura. 
Apresentando um conjunto de características semelhantes, seja na estrutura, conteúdo ou tipo de 
linguagem, configura-se o gênero textual. 
Os gêneros textuais são estruturas linguísticas concretas definidas por propriedades 
sociocomunicativas, ou seja, dentro de um contexto cultural e com função comunicativa. Essa estrutura 
abrange um conjunto praticamente ilimitado de características determinadas pelo estilo do autor, 
conteúdo, composição e função, e podem ser orais ou escritas como descrito pela tabela a seguir:
Leitura e Produção Textual
31
Gêneros orais e escritos 
Domínios 
sociais de
comunicação 
Aspectos 
tipológicos 
Capacidade de 
linguagem 
dominante 
Exemplo de gêneros orais e escritos 
Cultura 
Literária 
Ficcional 
Narrar 
Detalhes de ação 
através da criação 
da intriga no 
domínio do
verossímil 
Conto de Fadas, fábula, lenda, 
narrativa de aventura, narrativa de 
ficção cientifica, narrativa de enigma, 
narrativa mítica, história engraçada, 
biografia romanceada, romance, 
romance histórico, novela fantástica, 
conto, crônica literária, adivinha, 
piada 
 
Documentação e 
memorização das 
ações humanas 
Relatar 
Representação pelo 
discurso de
experiências vividas, 
situadas no tempo. 
Relato de experiência vivida, relato 
de viagem, diário íntimo, 
testemunho, anedota ou caso, 
autobiografia, curriculum vitae, 
notícia, reportagem, crônica social, 
crônica esportiva, histórico, relato 
histórico, ensaio ou perfil biográfico, 
biografia. 
 
Leitura e Produção Textual
32
Discussão de 
problemas 
sociais 
controversos 
Argumentar 
Sustentação, 
refutação e
negociação de
tomadas de
posição. 
Textos de opinião, diálogo 
argumentativo, carta de leitor, 
carta de solicitação, deliberação 
informal, debate regrado, 
assembleia, discurso de defesa 
(advocacia), discurso de acusação 
(advocacia), resenha crítica, 
artigos de opinião ou assinados, 
editorial, ensaio. 
Transmissão e 
construção de 
saberes 
Expor 
Apresentação 
textual de diferentes 
formas dos saberes 
Texto expositivo, exposição oral, 
seminário, conferência, 
comunicação oral, palestra, 
entrevista de especialista, verbete, 
artigo enciclopédico, texto 
explicativo, tomada de notas, 
resumo de textos expositivos e 
explicativos, resenha, relatório 
científico, relatório oral de 
experiência. 
Instruções e 
prescrições 
Descrever 
ações 
Regulação mútua 
de comportamentos 
Instruções de montagem, receita, 
regulamento, regras de jogo, 
instruções de uso, comandos 
diversos, textos prescritivos. 
Tabela 1 - Gêneros orais e escritos. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAneros_de_textos 
Leitura e Produção Textual
33
Cada gênero possui sua característica, não 
sendo possível definir a quantidade de gêneros 
textuais existentes. Eles são criados com o 
objet ivo de sat i s fazer a determinadas 
necessidades de comunicação, podendo 
aparecer e desaparecer de acordo com a época. 
Por isso, podemos afirmar que o gênero textual é 
uma questão de uso. Entretanto, é importante 
destacar que não existe um texto que seja, por 
exemplo, exclusivamente argumentativo. Ao 
afirmar que o texto é argumentativo, as 
características dominantes são levadas em 
consideração para identificar e diferenciar dos 
demais gêneros textuais. 
 Exemplo:
 Carta: quando se trata de "carta aberta" 
ou "carta ao leitor", tende a ser do tipo 
dissertativo-argumentativo com uma linguagem 
formal, em que se escreve à sociedade ou a 
leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a 
presença de aspectos narrativos ou descritivos e 
uma linguagem pessoal é mais comum.
 Propaganda: é um gênero textual 
dissertativo-expositivo onde há a o intuito de 
propagar informações sobre algo, buscandosempre atingir e influenciar o leitor apresentando, 
na maioria das vezes, mensagens que despertam 
as emoções e a sensibilidade do mesmo.
 Bula de remédio: é um gênero textual 
descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo que 
tem por obrigação fornecer as informações 
necessárias para o correto uso do medicamento.
 Receita: é um gênero textual descritivo e 
injuntivo que tem por objetivo informar a fórmula 
para preparar tal comida, descrevendo os 
ingredientes e o preparo destes, além disso, com 
verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, 
para que o leitor siga corretamente as instruções.
 Tutorial: é um gênero injuntivo que 
consiste num guia que tem por finalidade explicar 
ao leitor, passo a passo e de maneira simplificada, 
como fazer algo.
 Editorial: é um gênero textual dissertativo-
argumentativo que expressa o posicionamento 
da empresa sobre determinado assunto, sem a 
obrigação da presença da objetividade.
 Not í c ia : podemos per fe i tamente 
identificar características narrativas, o fato 
ocorrido que se deu em um determinado 
momento e em um determinado lugar, 
envolvendo determinadas personagens. 
Características do lugar, bem como dos 
personagens envolvidos são, muitas vezes, 
minuciosamente descritos.
Leitura e Produção Textual
34
 Reportagem: é um gênero textual 
jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A 
reportagem tem, por objetivo, informar e levar os 
fatos ao leitor de uma maneira clara, com 
linguagem direta.
 En t rev i s ta : é um gênero tex tua l 
fundamentalmente dialogal, representado pela 
conversação de duas ou mais pessoas, o 
entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter 
informações sobre ou do entrevistado, ou de 
algum outro assunto. Geralmente envolve 
também aspectos dissertativo-expositivos, 
especialmente quando se trata de entrevista a 
imprensa ou entrevista jornalística. Mas pode 
também envolver aspectos narrativos, como na 
entrevista de emprego, ou aspectos descritivos, 
como na entrevista médica.
 História em quadrinhos: é um gênero 
narrativo que consiste em enredos contados em 
pequenos quadros através de diálogos diretos 
entre seus personagens, gerando uma espécie de 
conversação.
 Charge: é um gênero textual narrativo 
onde se faz uma espécie de ilustração cômica, 
através de caricaturas, com o objetivo de realizar 
uma sátira, crítica ou comentário sobre algum 
acontecimento atual, em sua grande maioria.
 Poema: trabalho elaborado e estruturado 
em versos. Além dos versos, pode ser estruturado 
em estrofes. Rimas e métrica também podem 
fazer parte de sua composição. Pode ou não ser 
poético. Dependendo de sua estrutura, pode 
receber classificações específicas, como haicai, 
soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc. 
Em geral, a presença de aspectos narrativos e 
descritivos é mais frequente neste gênero.
 Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir 
emoções por meio de uma linguagem, ou seja, 
tudo o que toca e comove pode ser considerado 
como poético (até mesmo uma peça ou um filme 
podem ser assim considerados). Um subgênero é 
a prosa poética, marcada pela tipologia dialogal. 
Figura 1 - Exemplos de gêneros textuais. Disponível em : 
http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/tipologia-textual-
tipos-generos.html
 
 Para facilitar a aprendizagem, entenda 
que o gênero textual é a parte concreta, prática, 
enquanto a tipologia textual integra um campo 
mais teórico, mais formal.
BUSCANDO CONHECIMENTO
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Leitura e Produção Textual
35
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivo:
Estudar as especificidades do texto narrativo, levando em conta que não existe texto em estado 
puro e que a classificação em dissertação, narração e descrição é meramente didática. 
Unidade 11
O texto narrativo
ESTUDANDO E REFLETINDO
Enquanto a descrição consiste na 
exposição de características num tempo fixo, o 
texto narrativo apresenta uma passagem de 
tempo , po r me io de uma re l a ção de 
anter ior idade ou de poster idade , que 
necessariamente, não precisa vir nesta ordem 
linear. No entanto não se deve confundir 
descrição dinâmica com narração. A descrição 
dinâmica consiste numa caracterização, em um 
tempo fixo, mas com verbos de movimento. 
Vejamos o exemplo:
A Bailarina
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
(Cecília Meireles 
pensador.uol.com.br/frase/NjA4NzQy/)
Leitura e Produção Textual
36
 Observe no texto acima que até a penúltima 
estrofe, por não haver a passagem do tempo, não 
ocor re nar ração . Ver i fica-se apenas a 
caracterização dos gestos da menina em um 
tempo fixo. Todavia essa caracterização é feita por 
meio de formas verba is que denotam 
movimento: “inclina”, “roda”, “fecha os olhos”, 
“sorri”. Portanto, até a penúltima estrofe, o texto 
é estruturado numa descrição dinâmica.
 Já, na última estrofe, na conclusão do texto, 
manifesta-se, a narração por meio do advérbio 
de tempo “depois”, imprimindo uma relação de 
posteridade. Logo o poema é 
predominantemente descritivo, mas com o 
fecho narrativo.
BUSCANDO CONHECIMENTO
 Passaremos agora a estudar os principais 
elementos da narrativa, ou seja, os aspectos que 
compõem uma narração e que devem ser 
levados em conta por um leitor proficiente.
O Foco Narrativo: é a voz que faz o relato, é o 
narrador, que pode ser em 1ª pessoa (narrador-
personagem, participa da história) ou 3ª pessoa 
(não participa da história), que geralmente é 
onisciente (relata ao leitor o íntimo das 
personagens). Vale ressaltar que todo 
relato é parcial, visto que o narrador manipula o 
leitor a ficar favorável à ideia defendida por ele. É 
o caso do narrador Bentinho, protagonista de 
Dom Casmurro de Machado de Assis, que, sem 
ter provas, acusa sua esposa Capitu de ter dado à 
luz um filho que não é dele, conduzindo o leitor a 
acreditar neste seu ponto de vista.
 Já o narrador onisciente é percebido através 
de verbos que denotam interioridade como 
“pensar”, “imaginar”, “sonhar”, “desconfiar”, etc. 
Veja o exemplo abaixo:
“Fabiano roncava de papo para cima... Sonhava 
agoniado... Fabiano se agitava. soprando. Muitos 
soldados amarelos tinham aparecido, pisavam-
lhe os pés com enormes retinas e ameaçavam-no 
c o m f a c õ e s t e r r í ve i s . " ( G r a c i l i a n o R a m o s 
www.passeiweb.com/estudos/livros/vidas_secas ) 
As Personagens: são classificadas como 
protagonistas (personagens principais) e 
secundárias. 
O Tempo: pode ser Cronológico ou Psicológico. 
O tempo cronológico é marcado pelo transcorrer 
natural das horas, dias, meses e anos. Já o tempo 
psicológico é o que transcorre no íntimo de cada 
personagem (ou de cada ser humano), numa 
ordem determinada pelo seu desejo ou 
imaginação. É o tempo interior que se alarga ou 
se encurta conforme o estado de espírito da 
personagem. Para exemplificar, observe esta 
passagem do conto Missa do Galo (Machado de 
Assis), em que o narrador-personagem espera a 
meia-noite da véspera de Natal: 
Leitura e Produção Textual
37
 “Os minutos voavam, aocontrário do que 
costumam fazer, quando são de espera; ouvi 
bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um 
acaso”. 
 Observe como o tempo para o narrador o 
tempo passa rápido, pois, era esta a sensação que 
ele, tinha naquele momento..
Espaço: trata-se do local onde se desenvolve o 
enredo, podendo ser interno (interior de um 
estabelecimento, de um meio de transporte) ou 
externo (ao ar livre). Em algumas narrativas, o 
espaço é tão importante que chega a ser o título 
da obra, como é o caso de O Cortiço de Aluísio 
Azevedo, A Cidade e as Serras de Eça de Queirós, 
Estação Carandiru de Dráuzio Varela, etc.
Enredo: também denominado trama ou intriga é 
o desenrolar dos acontecimentos, que 
estruturam a ação de um texto narrativo.
O enredo pode ser organizado de várias formas. 
A mais comum é a narrativa linear, que se 
desenvolve da seguinte maneira:
1) Apresentação: das personagens, do espaço e 
das referências temporais.
2) Complicação: surgimento de um conflito ou de 
conflitos, que conduzem a narrativa a um ponto 
de tensão.
3) Clímax: é o ponto máximo de tensão.
4) Desfecho ou desenlace: resolução do conflito 
com o equilíbrio que se restabelece depois do 
clímax.
Exemplo:
 Numa tarde ensolarada do verão carioca, 
Hélio e seu amigo Duda caminhavam pelo 
calçadão de Copacabana, quando foram 
abordados por um homem estranho. Pararam, 
receosos, pensando se tratar de um assalto. 
Grande foi o alívio, quando reconheceram ser 
apenas um bêbado que tentava retornar para a 
sua casa.
 Concluímos, portanto, que a narração de um 
episódio impl ica , a lém do narrador, a 
interferência dos seguintes elementos: 
enredo – o quê?
personagem – quem?
espaço – onde?
tempo – quando? 
Leitura e Produção Textual
38
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE
Objetivos:
Estudar as especificidades e distinções entre os textos figurativo e temático. Tornar o texto poético 
familiar ao aluno. 
Unidade 12
Texto figurativo e texto temático
ESTUDANDO E REFLETINDO
 
Observe os seguintes enunciados: “Água 
mole em pedra dura tanto bate até que fura” e 
“com muita persistência, atinge-se o objetivo.” 
Ambos querem dizer a mesma coisa, ou seja, 
apresentam o mesmo conteúdo, porém expresso 
de formas diferentes.
O primeiro enunciado é um texto 
figurativo, pois expõe o conteúdo com termos 
predominantemente concretos, denominados 
figuras: “água”, “pedra”. Já o segundo enunciado 
transmite o conteúdo por meio de palavras 
abstratas, denominadas temas: persistência e 
objetivo, sendo, portanto um texto temático.
É importante frisar que um texto figurativo 
pode apresentar temas e o temático, figuras, no 
entanto deve-se verificar o que é predominante.
Enquanto os textos temáticos são mais 
objetivos, centrados na função informativa ou 
referencial da linguagem, os textos figurativos são 
mais subjetivos, abertos a mais de uma 
interpretação, centrados, portanto, na função 
poética da linguagem; é o caso dos provérbios, 
fábulas, poemas e prosas poéticas.
Vale ressaltar que pode haver textos 
temáticos sem figuras, porém todo texto 
figurativo sempre vai pressupor um tema sob a 
figura. A compreensão de um texto figurativo, 
portanto, requer do leitor abstrair o tema que 
está subjacente à figura.
Vejamos o exemplo:
Infância
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
(Guilherme de Almeida -
www.jornaldepoesia.jor.br/gu1.html)
Leitura e Produção Textual
39
Acima temos um haicai, poema de origem 
japonesa e de forma fixa, pois sempre se estrutura 
em três versos, sendo que o primeiro e o último 
verso são sempre escritos em cinco sílabas 
poéticas (redondilha menor) e o segundo verso 
sempre em sete sílabas (redondilha maior). 
Como consequência, obtém-se a concisão.
Estamos diante de um texto figurativo, em 
que predominam substantivos concretos, as 
figuras “amora” e “sol”, que subentendem 
respectivamente doçura e claridade, termos que 
nos remetem ao tema da felicidade, substantivo 
abstrato. Logo a infância para o poeta é uma 
época de felicidade.
Ao afirmar que “o tempo chamava-se 
agora”, o eu lírico pressupõe, pela forma verbal 
“chamava” no pretérito, que o tempo, no 
momento que ele cria o poema, não é mais a 
infância e nem se vive mais o agora, o momento 
presente.
Todo texto sugere uma oposição e no 
poema de Guilherme de Almeida esta oposição 
se manifesta, contrapondo passado (infância, 
com valor positivo: felicidade) e presente 
(momento de criação do poema, com valor 
negativo: perda da capacidade de aproveitar o 
momento presente).
BUSCANDO CONHECIMENTO
O texto figurativo é composto pela 
linguagem figurada, também denominada 
cono ta t i va , cu j a abo rdagem ex ige o 
conhecimento de pr incipais figuras de 
linguagem expostas a seguir:
- Símile: é uma comparação entre 
elementos de universos semânticos (de sentido) 
diferentes, com o emprego dos termos 
comparativos (como, mais que, menos que, etc.).
- Metáfora: é a figura em que um termo 
substitui outro numa relação de semelhança ou 
similaridade entre elementos de universos 
semânticos diferentes, sendo também uma 
comparação abreviada, em que o termo 
comparativo e até mesmo a qualidade comum 
não estão expressos, mas subentendidos.
Observe:
Esta criança é forte como um touro. 
(símile) x Esta criança é um touro. (metáfora); 
“lábios de mel” (metáfora) x lábios doces como o 
mel (símile).
Perceba que, embora “criança” seja do 
universo humano e “touro” do universo animal, 
há algo similar entre eles, à força. Temos, 
portanto, uma relação metafórica, porém a 
presença do conectivo “como” faz com que o 
primeiro enunciado se denomine símile. O 
mesmo se dá com a expressão “lábios de mel”, 
pois “lábios” se inserem no universo humano e 
“mel” no universo animal, por ser produto da 
abelha.
Leitura e Produção Textual
40
- Metonímia ou Sinédoque: substituição 
de uma palavra por outra de universo semântico 
próximo, sendo, portanto, mais objetiva que a 
metáfora:
Gosto de ler Machado de Assis (livros);
“O bonde vai cheio de pernas” (pessoas)
Ao contrário da relação metafórica, 
“livros” tem estreita relação com Machado de 
Assis, que é escritor, bem como é normal que 
pessoas tenham pernas. Logo estamos diante de 
relações metonímicas.
- Antítese: emprego de termos de 
significado diferente, sem gerar uma ideia 
absurda, por não haver simultaneidade:
Ontem acordei contente e fui dormir 
descontente.
O enunciado acima não traz nenhuma 
informação absurda, embora apresente palavras 
de sentidos opostos. Isso porque as ações não 
são simultâneas, ocorreram ao logo do tempo.
- Pa r a d o x o : i d e i a s c o n t r á r i a s , 
a pa re n t e m e n t e a b s u rd a s , p o r h a v e r 
simultaneidade. “(Amor) É um contentamento 
descontente.”
Ao contrário da antítese, acima há 
s imu l t ane idade , que ge ra uma ide i a 
aparentemente absurda, pois como pode o 
amor ser, ao mesmo tempo, contente e 
descontente? Estamos diante de um paradoxo, 
por meio do qual o poeta quer dizer que o amor 
é um sentimento contraditório, pois é 
contentamento porque estamos envolvidos com 
alguém que nos preenche, mas, ao mesmo 
tempo, é descontente, pois nos deixa inseguros, 
com medo de perder este sentimento que nos 
faz tão bem.
Vejamos outros exemplos de paradoxo: 
“museu de grandes novidades”; “mentiras 
sinceras”; “No meu céu a estrela-guia se perdeu”.
- Ironia: querer dizer o contrário do que se 
afirma, visando a critica:
“Marcela amou-me durante quinze

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